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Prova Documental

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Prova Documental
É uma coisa capaz de registrar algum acontecimento, não sendo, em sentido lato, necessariamente algo escrito, mas qualquer coisa de física que transmite algo diretamente a respeito de algum fato, como os desenhos, as fotografias, as gravações sonoras, filmes cinematográficos etc.
Entretanto, em sentido estrito, quando se trata de prova documental, fala-se dos documentos escritos, em que o fato vem registrado pela palavra escrita.
Podem esses documentos ser classificados em públicos e particulares.
Costuma-se distinguir entre documento e instrumento. Documento é o termo dado a todos os registros materiais de fatos jurídicos, enquanto que instrumento é o documento preparado pelas partes, com a finalidade de produzir prova futura. 
Assim, a escritura pública é instrumento do contrato de compra e venda de imóveis e o recibo de pagamento dos aluguéis é instrumento da quitação. Mas uma carta, que um contraente dirigisse ao outro, tratando de questões pertinentes ao cumprimento de um contrato anteriormente firmado entre eles, seria um documento, mas nunca um instrumento. 
Quando o documento é autêntico possui enorme prestígio, apenas se submetendo ao livre convencimento do juiz, já que no sistema processual brasileiro não há hierarquia de provas. 
Podem, assim, a confissão, a prova pericial e até mesmo a testemunhal terem mais eficácia, num caso concreto, a prova documental.
Para que o documento seja meio de prova, é indispensável que seja subscrito por seu autor e que seja autêntico.
O documento público exigido por lei para sua validade assume supremacia sobre qualquer outra prova, e não pode ser substituído por nenhum outro meio de convicção, pois é nele em que o escrivão, o chefe da secretaria, o tabelião ou o servidor declararam o que ocorreu em sua presença.
Esses documentos contêm afirmações que se referem: 
Às circunstâncias de formação do ato, como data, local, nome e qualificação das partes etc; 
Às declarações de vontade que o oficial ouvir das partes.
Existe ainda a presunção da veracidade destes documentos, que só abrange os elementos de formação do ato e a autoria das declarações das partes. O conteúdo declarado fica a encargo das partes.
Os documentos públicos podem ser: 
Judiciais, quando elaborados por escrivão, com base em atos processuais ou peças dos autos; 
Notariais, quando provenientes de tabeliães ou oficiais de Registros Públicos, e extraídos de seus livros e assentamentos; 
Administrativos, quando oriundos de outras repartições públicas.
Documentos estrangeiros só poderão se juntar ao processo quando estiverem acompanhados de versão em língua portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.
É insuprível por qualquer outro meio de prova o instrumento público, quando for exigido pela lei, como da substância do ato, como nos atos de transmissão inter vivos de bens imóveis, por mais especial que seja.
Já o documento particular, mesmo se a lei exigir a prova escrita, o depoimento pessoal, confessando o contrato, suprirá a falta do instrumento.
Os documentos particulares podem ser reproduzidos de duas formas: 
Por meios mecânicos, como a fotografia, a xerox etc;
Por simples traslado.
As reproduções dos documentos particulares obtidas por fotografias ou por outros processos de repetição valem como certidões sempre que o escrivão ou chefe de secretaria certificar sua conformidade com o original, mediante prévia intimação das partes, proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e o original.
O instrumento público, para ser hábil a produzir os efeitos de direito, deve ser feito por tabelião ou oficial público com competência para o ato, no local de sua lavratura, e com observância das formalidades prescritas em lei.
Mas o documento público, quando elaborado por oficial incompetente, ou sem as formalidades legais, embora perca a força própria dos instrumentos oficiais, ainda terá a mesma eficácia probatória do documento particular, se estiver subscrito pelas partes.
É indiferente que a redação do texto tenha sido manuscrita, datilografada ou impressa. A autenticidade e a força probante variam conforme o tipo do documento particular. A presunção é iuris tantum. A mesma presunção ocorre quando, embora não reconhecida a firma, ou reconhecida sem a solenidade, a parte contrária não contestar a autenticidade do documento após sua juntada aos autos.
A força probante varia conforme o conteúdo do documento particular. 
A eficácia do instrumento particular só se inicia a partir de sua transcrição no Registro Público.
Quanto aos telegramas, cartas e registros domésticos, a autenticidade das declarações de vontade manifesta por estes ou outro meio similar de transmissão é dada pela assinatura do remetente no original constante da estação expedidora a qual poderá ser reconhecida por tabelião.
Segundo o art. 415, as cartas e os registros domésticos, provam contra quem os escreveu quando: 
Enunciam o recebimento de um crédito; 
Contêm anotação que visa a suprir a falta de título em favor de quem é apontado como credor 
Expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada prova.
Embora não assinados, esses documentos presumem-se ter sido escritos pela própria pessoa contra quem se pretende opô-los quando as anotações são favoráveis ao devedor. 
Os livros empresariais fazem prova contra o seu autor. Entretanto, se o litígio se estabeleceu entre dois comerciantes, “os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor do seu autor” (art. 418).
Em ambos os casos, porém, é lícito à parte “demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos” (art. 417). 
Na apreciação dos livros mercantis prevalece a regra da indivisibilidade da escrituração. “Se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em conjunto como unidade” (art. 419). Esta regra é válida apenas se não houver outro meio de prova.
Apenas será pesquisado o que for estritamente necessário para a apuração do fato em jogo no processo. A recusa à ordem legal de exibição dos livros contábeis acarreta a sua apreensão judicial e autoriza, conforme o caso, a presunção de veracidade do fato que a parte contrária desejava provar pelos assentos contábeis (Código Civil, art. 1.192, caput). Trata-se, porém, de presunção juris tantum, já que se permite elidi-la por prova documental em contrário (parágrafo único do mesmo artigo).
Quanto as fotografias digitais e extraídas da rede mundial de computadores sendo impugnada a sua autenticidade, deverá ser apresentada a respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realizada perícia.
Se a prova for uma fotografia publicada em jornal ou revista, será exigido um exemplar original do periódico.
Quando o documento contiver, em ponto substancial e sem ressalva, entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento, o juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva merecer como meio de prova.
Observe-se que apenas o defeito “em ponto substancial” é que vicia o documento.
A fé do documento particular cessa a partir do momento em que “lhe for impugnada a autenticidade”, e, por isso, a sua eficácia probatória não se manifestará “enquanto não se lhe comprovar a veracidade” (NCPC, art. 428, I).
Deixando de lado a questão da assinatura, o documento pode ser falso em dois sentidos: 
Quando a declaração intrinsecamente se refere a um fato não verdadeiro; 
Quando há vício na forma e nos aspectos exteriores da formação do documento. 
Quando a declaração, consciente ou inconscientemente, revela um fato inverídico, ocorre a falsidade ideológica.
Nas hipóteses em que o vício se manifestou na elaboração física do documento, e não na vontade declarada, o defeito chama-se falsidade material (instrumental). 
Pondo fim à controvérsia que existia em torno do ônus da prova em questões pertinentes à falsidadedocumental, dispõe o art. 429 do NCPC que incumbe o ônus da prova quando: 
Se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte que a arguir (inciso I);
Se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento (inciso II).
A arguição da falsidade é admissível na contestação, na réplica ou no prazo de quinze dias, contado a partir da intimação da juntada aos autos do documento (NCPC, art. 430) e pode referir-se tanto aos documentos públicos como aos particulares. 
Podemos esquematizar o procedimento do incidente de falsidade da seguinte forma:
Deve ser provocado por petição da parte endereçada ao juiz da causa expondo os motivos em que se funda a sua pretensão e indicando os meios com que provará o alegado. Quando a parte suscitar o incidente na contestação ou na réplica, não haverá necessidade de elaborar petição separada;
Admitido o incidente, o juiz mandará intimar a parte que produziu o documento a responder no prazo de quinze dias;
Pode o intimado responder ou silenciar, caso em que se presume que está insistindo na validade do documento. Pode, também, requerer a retirada do documento do processo;
Se a parte não responder ou se afirmar a improcedência da arguição, o juiz mandará realizar prova pericial, que é necessária, mas não exclui a admissibilidade de outros meios de convencimento pertinentes a cada caso;
O incidente será encerrado na sentença, pouco importando tenha sido feita a arguição de falsidade como questão incidental ou como questão principal.
O novo Código especifica os momentos adequados para a produção dessa prova, dispondo que os documentos destinados à prova dos fatos alegados devem ser apresentados em juízo com a petição inicial (art. 320) ou com a resposta (art. 335). Boa parte da doutrina e jurisprudência, ao tempo do Código anterior, entendia que, quanto aos documentos “não indispensáveis”, não estariam as partes impedidas de produzi-los em outras fases posteriores àquelas aludidas pelo art. 344.

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