Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
06/10/2016 1 DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS E DE SUA PROVA FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO • Conceito: é o conjunto de solenidades que devem ser observadas para que a declaração da vontade tenha eficácia jurídica • A forma pertence à estrutura do negócio; • As formalidades são actos ou procedimentos exteriores ▫ Anteriores à declaração � Processo preliminar de publicações no casamento ▫ Contemporâneas da declaração � Solenidades da escritura ▫ Posteriores � Registo público 06/10/2016 2 FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO • Classificação: A. Forma livre ou geral: é qualquer meio de exteriorização da vontade no negócios jurídicos B. Forma especial ou solene: são solenidades que a lei estabelece como requisito para a validade de determinado negócio jurídico � Forma única: aquela que, por lei, não pode ser preterida por outra � Forma plural: quando a norma permite a formalização do negócio por vários modos FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO C. Classificação ▫ Forma genérica: implica uma solenidade mais geral, imposta pela norma jurídica ▫ Forma contratual: quando eleita pelas partes do contrato, ou seja, os contratantes influenciam diretamente no contrato 4 06/10/2016 3 FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO • Nos termos do artigo 107 do Código Civil, aos contratos vigora o princípio da liberdade da forma nos negócios em geral. • Porém, há situações em que o direito exige determinada forma para efeito de prova. Neste caso, fala-se que o contrato tem forma ad probationem. (art. 227) • Ocorre a forma ad solemnitatem nas situações em que o direito brasileiro exige determinada forma sob pena de nulidade. (art. 108) PROVA DO ATO NEGOCIAL • O QUE É PROVA? É o meio pelo qual se procura demonstrar que certos fatos, expostos no processo, ocorreram conforme o descrito. • CONCEITO GERAL: é a soma de fatores produtores da convicção do juiz e apurados no processo; • CONCEITO OBJETIVO: é o instrumento hábil à demonstração de um fato; • CONCEITO SUBJETIVO: é a certeza quanto à existência de um fato. • MEIO DE PROVA: forma pela qual a parte pode demonstrar que determinado fato ocorreu. 06/10/2016 4 PROVA DO ATO NEGOCIAL • Conceito: é o conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de negócios jurídicos • A prova deve ser: ▫ Admissível: não proibida por lei, sendo aplicável ao caso em questão ▫ Pertinente: idônea para demonstrar os fatos relacionados com a questão discutida ▫ Concludente: apta a esclarecer pontos controversos ou confirmar alegações feitas PROVA DO ATO NEGOCIAL • Princípios: ▫ O ônus da prova cabe a quem alega o fato e não a quem contesta ▫ Se o autor nada provar o réu será absolvido ▫ O juiz deve julgar pelo alegado e provado ▫ Independem de prova os fatos notórios ▫ Devem ser considerados verídicos os fatos incontroversos ▫ O juiz poderá apreciar livremente a prova, atendendo os fatos constante nos autos 06/10/2016 5 PROVA DO ATO NEGOCIAL • DESTINATÁRIO DA PROVA ▫ A prova se destina ao juiz, a quem compete deferi-la ou não. • FINALIDADE DA PROVA: ▫ A finalidade da prova é o convencimento do juiz. • OBJETIVOS DA PROVA ▫ A BUSCA DA VERDADE REAL; ▫ FATOS QUE INFLUENCIARÃO NA SENTENÇA FINAL; ▫ FATO CONTROVERTIDO, OU AQUELE QUE AINDA NÃO FOI ESCLARECIDO E CONTIDO EM DETERMINADO PROCESSO. FATOS QUE NÃO DEPENDEM DE PROVA (374, CPC) 1) FATOS INCONTROVERSOS: aceitos expressa ou tacitamente pela parte contrária, conforme art. 341/CPC; 2) FATOS NOTÓRIOS: de conhecimento geral, podendo esse conhecimento ser local, regional, do pessoal do foro ou do tribunal; 3) FATOS QUE POSSUAM PRESUNÇÃO LEGAL DE EXISTÊNCIA OU VERACIDADE: a lei garante presunção de legalidade ou veracidade, sendo ex. instrumento público que traz prescrição de existência ou veracidade. 4) FATOS AFIRMADOS POR UMA PARTE E CONFESSADOS PELA OUTRA PARTE. 06/10/2016 6 Sistemas de avaliação/valoração das provas • Sistema da prova legal: há uma hierarquia entre as provas. A prova é tarifada, tendo valor específico. Ex. confissão (+ valor) e testemunhal (- valor); • Sistema do livre convencimento: não há hierarquia de provas e o juiz não precisa motivar sua sentença, sendo livre para decidir como quiser. Sistemas de avaliação/valoração das provas • O Sistema da persuasão racional ou livre convencimento motivado, • Adotado no CPC/73, ▫ Significa que o juiz não está vinculado a nenhuma hierarquia de provas, estando livre para apreciar o conjunto probatório. ▫ Deve fundamentar a sua sentença com as provas existentes nos autos. 06/10/2016 7 Sistemas de avaliação/valoração das provas • Resquícios do sistema da prova legal: ▫ 108, CC: questão da escritura pública para validade de negócios jurídicos acima de 30 SM. ▫ 401, CPC/73 e 227CC: Questão da limitação da prova exclusivamente testemunhal, em contratos acima de 10 SM; (sem correspondente no CPC/15) ▫ Código Civil, art. 232 e Súmula 301 do STJ: perícia médica em plano superior aos meios de prova. ▫ Súmula 301 do STJ: A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade ruricola, para efeito da obtenção de beneficio previdenciário. Ônus da prova • Conceito: “é o encargo atribuído pela lei a cada uma das partes de demonstrar a ocorrência dos fatos de seu próprio interesse para as decisões a serem proferidas no processo”. (Dinamarco) 06/10/2016 8 Ônus da prova • Art. 373. O ônus da prova incumbe: ▫ I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; ▫ II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. ▫ Regra de julgamento: � Não sendo o caso dos §§ 1º a 4º, o ônus da prova é um indicativo para o juiz; ▫ Ônus da prova objetivo: � É o risco da parte pela não realização da prova. � A parte quem suporta o risco/consequências da não produção, não significando que a mesma tem que produzir, mas sofre as consequências pela não produção. Ônus da prova • Poderes instrutórios do juiz ▫ Artigo 370 do CPC; ▫ A atuação ex officio do magistrado “deve ser entendida em conformidade com as regras sobre o ônus de sua produção” (Bedaque); ▫ Eventual omissão de uma das partes no que tange à produção da prova de sua atribuição, solução outra não há que proferir um julgamento desfavorável; 06/10/2016 9 Ônus da prova • Carga dinâmica do ônus da prova ▫ § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. ▫ § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. Ônus da prova • Convenção sobre o ônus da prova ▫ § 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: ▫ I – recair sobre direito indisponível da parte; ▫ II – tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. ▫ § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo. 06/10/2016 10 Ônus da prova • Art. 6º, VIII do CDC : permite a inversão do ônus da prova em benefício do consumidor “quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente segundo as regras ordinárias da experiência”. • Onerosidade do encargo: Neste caso, a inversão do ônus da prova caberá à parte contrária, caso essa tenha mais facilidade para provar ou repudiar determinada alegação. Ônus da prova• Prova diabólica ▫ Segundo a doutrina é prova impossível ou excessivamente difícil de ser produzida ▫ Ex: doenças pré-existentes; prova de não contratação de algo; contrato não entregue pelo banco, operadora de celular, etc. • Prova Negativa ▫ Fato negativo definido: � Locatário não desocupa imóvel; basta provar que ele ainda se encontra lá (Wambier); ▫ Fato negativo indefinido: � Não se prova o indefinido; 06/10/2016 11 PROVA DO ATO NEGOCIAL • Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: ▫ Confissão; ▫ Documento; ▫ Testemunha; ▫ Presunção; ▫ Perícia. CONFISSÃO • Reconhecimento do fato por uma das partes. ▫ É irrevogável, salvo se decorreu de erro ou coação. ▫ Só pode ser feita por quem tem poderes para dispor do ato. ▫ Tem natureza de negócio unilateral, não receptício, processual ou não, conforme seja realizada fora do processo ou não (Nery Jr.) • Elementos da confissão ▫ Elemento objetivo (fatos desfavoráveis ao confitente e favoráveis ao adversário); ▫ Elemento subjetivo (requer possuir capacidade e legitimação); ▫ Elemento intencional (a confissão pressupõe a vontade de o confitente reconhecer como verdadeiros os fatos contrários ao seu interesse e favoráveis ao adversário). 06/10/2016 12 CONFISSÃO • Confissão judicial ▫ A confissão judicial (obtida dentro do processo, como meio de prova) pode ser real ou ficta. • Confissão judicial real ▫ A confissão real é aquela surgida por manifestação da vontade do confitente. Ela subdivide-se em : � Espontânea � Provocada • Confissão judicial ficta ▫ Recusa da parte cujo depoimento foi requerido, a comparecer ou a depor. Consiste numa consequência jurídica de ônus processual não cumprido � Ausência injustificada da parte à audiência em que deveria prestar depoimento pessoal; � Recusa, sem justificativa legal, em responder às perguntas que lhe são formuladas; � Fazer uso de desculpas ardilosas, ao responder às perguntas. Documento • Conceito de Documento e de Instrumento ▫ Documento: é resultado de uma obra humana que tenha por objetivo a fixação ou retratação material de algum acontecimento” ▫ Instrumento: é todo o documento criado para servir de prova de um determinado ato jurídico no momento de sua celebração. É uma prova pré- constituída. 06/10/2016 13 Documento • Tipos ou Classificação • Públicos ou privados: ▫ Os primeiros são produzidos por entidades públicas � Os documentos públicos podem ser: judicial, extrajudicial e administrativo. ▫ Os segundos por entidades particulares. • Originais ou Cópias. ▫ Os originais são os que foram feitos primeiramente e ligam-se diretamente ao autor ▫ As cópias são reproduções dos originais. • Autógrafos ou Heterógrafos: ▫ Os primeiros são feitos pelo próprio autor ▫ Os segundos, por terceiros. Documento • Documentos Públicos ▫ Autenticidade ▫ Documentos Públicos que são da substância do ato jurídico: � Constituição e transferência de direitos reais relativos a imóveis; � Prova legal única admissível; � Detém presunção de autoria e dos atos praticados em presença do oficial, do tabelião ou do funcionário. 06/10/2016 14 Documento • Documentos Públicos regulares ▫ Detém presunção de autoria e dos atos praticados em presença do oficial, do tabelião ou do funcionário (artigo 364 do CPC) ▫ Documentos Públicos irregulares (são os praticados por oficial, tabelião incompetentes ou com inobservância das formalidades ilegais - artigo 367 do CPC) ▫ A autoria é apenas presumida em caso de não haver impugnação da parte contra qual o argumento é produzido (artigo 372 do CPC). ▫ Veracidade do Conteúdo- Presume-se verdadeiro o documento público autêntico não impugnado (artigo 387 do CPC). ▫ Reprodução –artigo 365 do CPC Documento • Documentos Particulares • Autoria ▫ Documentos Particulares assinados � Reputa-se autor aquele que os firmou, mesmo que redigidos por outrem; ▫ Documentos que, conforme a experiência comum, não se costumam assinar como os assentos domésticos � Reputa-se autor quem os mandou compor. 06/10/2016 15 Documento • Presunção de Autenticidade ▫ Documentos Particulares com firma reconhecida em presença do subscritor � Detém presunção da autoria. ▫ Documentos Particulares � A autoria é apenas presumida em caso de não haver impugnação da parte contra qual o argumento é produzido Documento • Documentos Especiais ▫ Telegramas e Radiogramas ▫ Cartas ▫ Assentos Domésticos ▫ Livros Comerciais ▫ Notas feitas em documentos representativos de crédito ▫ Documentos eletrônicos � todo registro que tem como meio físico um suporte eletrônico. (art. 225) 06/10/2016 16 Testemunha • Prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do salário mínimo. ▫ Revogado pelo art. 1.072, II, CPC • Proibidos de depor: ▫ Incapazes, surdos mudos, interesse no litígio, cônjuge e parentes até o 3o. grau. ▫ Podem ser ouvidos de só eles conhecem o fato. Presunção • É admitida como prova a presunção legal. • Presunção comum só é admitida quando for possível a prova testemunhal. 06/10/2016 17 Presunção • PRESUNÇÃO RELATIVA ▫ É a chamada presunção “juris tantum”, ou seja, aquela que podem ser desfeitas pela prova em contrário (admitem prova em contrário), admitem contra-prova. ▫ Assim, o interessado no reconhecimento do fato tem o ônus de provar o indício, ou seja, possui o encargo de provar o fato contrário ao presumido. Presunção • PRESUNÇÃO ABSOLUTA ▫ É a chamada presunção “juris et de jure”, quando o juiz aceita o fato presumido, desconsiderando qualquer prova em contrário. Assim, o fato não é objeto de prova. ▫ A presunção absoluta é uma ficção legal. 06/10/2016 18 Presunção • PRESUNÇÃO LEGAL ▫ É aquela que vem determinada de forma expressa pelo próprio texto normativo. • PRESUNÇÃO “HOMINUS” ▫ É a presunção que parte de um raciocínio humano, ou seja, parte de um indício e chega a um fato relevante. ▫ É necessária a existência de prova técnica quando o fato depender de conhecimentos específicos ou especializados. Perícia • Exames e vistorias em coisas ou pessoas ou avaliação. • Recusa em submeter-se a exame médico terá a prova do fato em seu desfavor. 06/10/2016 19 Da prova emprestada • Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. ▫ É aquela produzida num processo e trasladada para outro, no qual se quer provar determinado fato e pode referir-se a documentos, testemunhos, perícias ou qualquer outra prova.
Compartilhar