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Forma e Prova em Negócios Jurídicos

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DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS E 
DE SUA PROVA
FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO
• Conceito: é o conjunto de solenidades que devem
ser observadas para que a declaração da vontade
tenha eficácia jurídica
• A forma pertence à estrutura do negócio;
• As formalidades são actos ou procedimentos 
exteriores
▫ Anteriores à declaração
� Processo preliminar de publicações no 
casamento
▫ Contemporâneas da declaração
� Solenidades da escritura
▫ Posteriores
� Registo público 
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FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO
• Classificação:
A. Forma livre ou geral: é qualquer meio de
exteriorização da vontade no negócios
jurídicos
B. Forma especial ou solene: são solenidades
que a lei estabelece como requisito para a
validade de determinado negócio jurídico
� Forma única: aquela que, por lei, não pode ser
preterida por outra
� Forma plural: quando a norma permite a
formalização do negócio por vários modos
FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO
C. Classificação
▫ Forma genérica: implica uma solenidade mais
geral, imposta pela norma jurídica
▫ Forma contratual: quando eleita pelas partes do
contrato, ou seja, os contratantes influenciam
diretamente no contrato
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FORMA DO NEGÓCIO JURÍDICO
• Nos termos do artigo 107 do Código Civil, aos
contratos vigora o princípio da liberdade da
forma nos negócios em geral.
• Porém, há situações em que o direito exige
determinada forma para efeito de prova. Neste caso,
fala-se que o contrato tem forma ad
probationem. (art. 227)
• Ocorre a forma ad solemnitatem nas situações
em que o direito brasileiro exige determinada forma
sob pena de nulidade. (art. 108)
PROVA DO ATO NEGOCIAL
• O QUE É PROVA? É o meio pelo qual se procura
demonstrar que certos fatos, expostos no processo,
ocorreram conforme o descrito.
• CONCEITO GERAL: é a soma de fatores
produtores da convicção do juiz e apurados no
processo;
• CONCEITO OBJETIVO: é o instrumento hábil à
demonstração de um fato;
• CONCEITO SUBJETIVO: é a certeza quanto à
existência de um fato.
• MEIO DE PROVA: forma pela qual a parte pode
demonstrar que determinado fato ocorreu.
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PROVA DO ATO NEGOCIAL
• Conceito: é o conjunto de meios empregados
para demonstrar, legalmente, a existência de
negócios jurídicos
• A prova deve ser:
▫ Admissível: não proibida por lei, sendo
aplicável ao caso em questão
▫ Pertinente: idônea para demonstrar os fatos
relacionados com a questão discutida
▫ Concludente: apta a esclarecer pontos
controversos ou confirmar alegações feitas
PROVA DO ATO NEGOCIAL
• Princípios:
▫ O ônus da prova cabe a quem alega o fato e não
a quem contesta
▫ Se o autor nada provar o réu será absolvido
▫ O juiz deve julgar pelo alegado e provado
▫ Independem de prova os fatos notórios
▫ Devem ser considerados verídicos os fatos
incontroversos
▫ O juiz poderá apreciar livremente a prova,
atendendo os fatos constante nos autos
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PROVA DO ATO NEGOCIAL
• DESTINATÁRIO DA PROVA
▫ A prova se destina ao juiz, a quem compete deferi-la ou não.
• FINALIDADE DA PROVA:
▫ A finalidade da prova é o convencimento do juiz.
• OBJETIVOS DA PROVA
▫ A BUSCA DA VERDADE REAL;
▫ FATOS QUE INFLUENCIARÃO NA SENTENÇA FINAL;
▫ FATO CONTROVERTIDO, OU AQUELE QUE AINDA NÃO
FOI ESCLARECIDO E CONTIDO EM DETERMINADO
PROCESSO.
FATOS QUE NÃO DEPENDEM DE PROVA 
(374, CPC)
1) FATOS INCONTROVERSOS: aceitos expressa ou
tacitamente pela parte contrária, conforme art.
341/CPC;
2) FATOS NOTÓRIOS: de conhecimento geral, podendo
esse conhecimento ser local, regional, do pessoal do
foro ou do tribunal;
3) FATOS QUE POSSUAM PRESUNÇÃO LEGAL
DE EXISTÊNCIA OU VERACIDADE: a lei garante
presunção de legalidade ou veracidade, sendo ex.
instrumento público que traz prescrição de existência
ou veracidade.
4) FATOS AFIRMADOS POR UMA PARTE E
CONFESSADOS PELA OUTRA PARTE.
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Sistemas de avaliação/valoração das provas
• Sistema da prova legal: há uma hierarquia entre
as provas. A prova é tarifada, tendo valor
específico. Ex. confissão (+ valor) e testemunhal
(- valor);
• Sistema do livre convencimento: não há
hierarquia de provas e o juiz não precisa motivar
sua sentença, sendo livre para decidir como
quiser.
Sistemas de avaliação/valoração das provas
• O Sistema da persuasão racional ou livre
convencimento motivado,
• Adotado no CPC/73,
▫ Significa que o juiz não está vinculado a nenhuma
hierarquia de provas, estando livre para apreciar o
conjunto probatório.
▫ Deve fundamentar a sua sentença com as provas
existentes nos autos.
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Sistemas de avaliação/valoração das provas
• Resquícios do sistema da prova legal:
▫ 108, CC: questão da escritura pública para validade de
negócios jurídicos acima de 30 SM.
▫ 401, CPC/73 e 227CC: Questão da limitação da prova
exclusivamente testemunhal, em contratos acima de
10 SM; (sem correspondente no CPC/15)
▫ Código Civil, art. 232 e Súmula 301 do STJ: perícia
médica em plano superior aos meios de prova.
▫ Súmula 301 do STJ: A prova exclusivamente
testemunhal não basta a comprovação da atividade
ruricola, para efeito da obtenção de beneficio
previdenciário.
Ônus da prova
• Conceito: “é o encargo atribuído pela lei a cada
uma das partes de demonstrar a ocorrência dos
fatos de seu próprio interesse para as decisões a
serem proferidas no processo”. (Dinamarco)
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Ônus da prova
• Art. 373. O ônus da prova incumbe:
▫ I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
▫ II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.
▫ Regra de julgamento:
� Não sendo o caso dos §§ 1º a 4º, o ônus da prova é um
indicativo para o juiz;
▫ Ônus da prova objetivo:
� É o risco da parte pela não realização da prova.
� A parte quem suporta o risco/consequências da não
produção, não significando que a mesma tem que
produzir, mas sofre as consequências pela não produção.
Ônus da prova
• Poderes instrutórios do juiz
▫ Artigo 370 do CPC;
▫ A atuação ex officio do magistrado “deve ser
entendida em conformidade com as regras sobre o
ônus de sua produção” (Bedaque);
▫ Eventual omissão de uma das partes no que tange
à produção da prova de sua atribuição, solução
outra não há que proferir um julgamento
desfavorável;
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Ônus da prova
• Carga dinâmica do ônus da prova
▫ § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades
da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário,
poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso,
desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que
deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do
ônus que lhe foi atribuído.
▫ § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar
situação em que a desincumbência do encargo pela parte
seja impossível ou excessivamente difícil.
Ônus da prova
• Convenção sobre o ônus da prova
▫ § 3º A distribuição diversa do ônus da prova
também pode ocorrer por convenção das partes,
salvo quando:
▫ I – recair sobre direito indisponível da parte;
▫ II – tornar excessivamente difícil a uma parte o
exercício do direito.
▫ § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser
celebrada antes ou durante o processo.
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Ônus da prova
• Art. 6º, VIII do CDC : permite a inversão do ônus
da prova em benefício do consumidor “quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente segundo as regras
ordinárias da experiência”.
• Onerosidade do encargo: Neste caso, a inversão
do ônus da prova caberá à parte contrária, caso essa
tenha mais facilidade para provar ou repudiar
determinada alegação.
Ônus da prova• Prova diabólica
▫ Segundo a doutrina é prova impossível ou
excessivamente difícil de ser produzida
▫ Ex: doenças pré-existentes; prova de não contratação
de algo; contrato não entregue pelo banco, operadora
de celular, etc.
• Prova Negativa
▫ Fato negativo definido:
� Locatário não desocupa imóvel; basta provar que ele
ainda se encontra lá (Wambier);
▫ Fato negativo indefinido:
� Não se prova o indefinido;
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PROVA DO ATO NEGOCIAL
• Art. 212. Salvo o negócio a que se
impõe forma especial, o fato jurídico
pode ser provado mediante:
▫ Confissão;
▫ Documento;
▫ Testemunha;
▫ Presunção;
▫ Perícia.
CONFISSÃO
• Reconhecimento do fato por uma das partes.
▫ É irrevogável, salvo se decorreu de erro ou coação.
▫ Só pode ser feita por quem tem poderes para dispor do
ato.
▫ Tem natureza de negócio unilateral, não receptício,
processual ou não, conforme seja realizada fora do
processo ou não (Nery Jr.)
• Elementos da confissão
▫ Elemento objetivo (fatos desfavoráveis ao confitente e
favoráveis ao adversário);
▫ Elemento subjetivo (requer possuir capacidade e
legitimação);
▫ Elemento intencional (a confissão pressupõe a vontade
de o confitente reconhecer como verdadeiros os fatos
contrários ao seu interesse e favoráveis ao adversário).
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CONFISSÃO
• Confissão judicial
▫ A confissão judicial (obtida dentro do processo, como meio de prova)
pode ser real ou ficta.
• Confissão judicial real
▫ A confissão real é aquela surgida por manifestação da vontade do
confitente. Ela subdivide-se em :
� Espontânea
� Provocada
• Confissão judicial ficta
▫ Recusa da parte cujo depoimento foi requerido, a comparecer ou a
depor. Consiste numa consequência jurídica de ônus processual não
cumprido
� Ausência injustificada da parte à audiência em que deveria prestar
depoimento pessoal;
� Recusa, sem justificativa legal, em responder às perguntas que lhe
são formuladas;
� Fazer uso de desculpas ardilosas, ao responder às perguntas.
Documento
• Conceito de Documento e de Instrumento
▫ Documento: é resultado de uma obra humana que
tenha por objetivo a fixação ou retratação material
de algum acontecimento”
▫ Instrumento: é todo o documento criado para
servir de prova de um determinado ato jurídico no
momento de sua celebração. É uma prova pré-
constituída.
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Documento
• Tipos ou Classificação
• Públicos ou privados:
▫ Os primeiros são produzidos por entidades
públicas
� Os documentos públicos podem ser: judicial,
extrajudicial e administrativo.
▫ Os segundos por entidades particulares.
• Originais ou Cópias.
▫ Os originais são os que foram feitos
primeiramente e ligam-se diretamente ao autor
▫ As cópias são reproduções dos originais.
• Autógrafos ou Heterógrafos:
▫ Os primeiros são feitos pelo próprio autor
▫ Os segundos, por terceiros.
Documento
• Documentos Públicos
▫ Autenticidade
▫ Documentos Públicos que são da substância do
ato jurídico:
� Constituição e transferência de direitos reais
relativos a imóveis;
� Prova legal única admissível;
� Detém presunção de autoria e dos atos praticados
em presença do oficial, do tabelião ou do
funcionário.
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Documento
• Documentos Públicos regulares
▫ Detém presunção de autoria e dos atos praticados em presença do
oficial, do tabelião ou do funcionário (artigo 364 do CPC)
▫ Documentos Públicos irregulares (são os praticados por oficial,
tabelião incompetentes ou com inobservância das formalidades
ilegais - artigo 367 do CPC)
▫ A autoria é apenas presumida em caso de não haver impugnação
da parte contra qual o argumento é produzido (artigo 372 do
CPC).
▫ Veracidade do Conteúdo- Presume-se verdadeiro o documento
público autêntico não impugnado (artigo 387 do CPC).
▫ Reprodução –artigo 365 do CPC
Documento
• Documentos Particulares
• Autoria
▫ Documentos Particulares assinados
� Reputa-se autor aquele que os firmou, mesmo que
redigidos por outrem;
▫ Documentos que, conforme a experiência comum,
não se costumam assinar como os assentos
domésticos
� Reputa-se autor quem os mandou compor.
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Documento
• Presunção de Autenticidade
▫ Documentos Particulares com firma reconhecida
em presença do subscritor
� Detém presunção da autoria.
▫ Documentos Particulares
� A autoria é apenas presumida em caso de não haver
impugnação da parte contra qual o argumento é
produzido
Documento
• Documentos Especiais
▫ Telegramas e Radiogramas
▫ Cartas
▫ Assentos Domésticos
▫ Livros Comerciais
▫ Notas feitas em documentos representativos de
crédito
▫ Documentos eletrônicos
� todo registro que tem como meio físico um suporte
eletrônico. (art. 225)
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Testemunha
• Prova exclusivamente testemunhal só se admite nos
negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo
do salário mínimo.
▫ Revogado pelo art. 1.072, II, CPC
• Proibidos de depor:
▫ Incapazes, surdos mudos, interesse no litígio, cônjuge
e parentes até o 3o. grau.
▫ Podem ser ouvidos de só eles conhecem o fato.
Presunção
• É admitida como prova a presunção legal.
• Presunção comum só é admitida quando for
possível a prova testemunhal.
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Presunção
• PRESUNÇÃO RELATIVA
▫ É a chamada presunção “juris tantum”, ou seja, aquela
que podem ser desfeitas pela prova em contrário
(admitem prova em contrário), admitem contra-prova.
▫ Assim, o interessado no reconhecimento do fato tem o
ônus de provar o indício, ou seja, possui o encargo de
provar o fato contrário ao presumido.
Presunção
• PRESUNÇÃO ABSOLUTA
▫ É a chamada presunção “juris et de jure”, quando
o juiz aceita o fato presumido, desconsiderando
qualquer prova em contrário. Assim, o fato não é
objeto de prova.
▫ A presunção absoluta é uma ficção legal.
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Presunção
• PRESUNÇÃO LEGAL
▫ É aquela que vem determinada de forma expressa
pelo próprio texto normativo.
• PRESUNÇÃO “HOMINUS”
▫ É a presunção que parte de um raciocínio
humano, ou seja, parte de um indício e chega a um
fato relevante.
▫ É necessária a existência de prova técnica quando
o fato depender de conhecimentos específicos ou
especializados.
Perícia
• Exames e vistorias em coisas ou pessoas ou
avaliação.
• Recusa em submeter-se a exame médico terá a
prova do fato em seu desfavor.
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Da prova emprestada
• Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova
produzida em outro processo, atribuindo-lhe o
valor que considerar adequado, observado o
contraditório.
▫ É aquela produzida num processo e trasladada para
outro, no qual se quer provar determinado fato e pode
referir-se a documentos, testemunhos, perícias ou
qualquer outra prova.

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