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Noções Gerais sobre Prova e Produção Antecipada

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PROVAS
1. NOÇÕES GERAIS SOBRE PROVA
A prova possui um papel fundamental no processo civil brasileiro, seja por ratificar um direito alegado, ou até por acelerar a prestação jurisdicional de acordo com a qualidade da prova produzida. Com isso, toda prova possui como características o objeto (os fatos que desejam certificar), a finalidade (convicção sobre determinada alegação), o destinatário (magistrado que julgará a causa) e os meios (espécies de provas para constatar o fato).
Cita-se que o magistrado deverá, para o justo julgamento do mérito, adequar os fatos a alguma situação amparada pela lei, mediante seu conhecimento, sua experiência, sua interpretação e suas convicções. Nesse sentido, a convicção judicial é formulada por meio do exame das provas apresentadas em juízo. Assim sendo, a prova no processo civil brasileiro é de grande importância, pois busca trazer autenticidade aos fatos que estão sob julgamento.
Diante do exposto, o CPC prevê, no seu artigo 373, que o ônus da prova em regra é estático, isto é, cabe ao autor comprovar o fato constitutivo do seu direito, e cabe ao réu demonstrar a existência de fato que impeça, modifique ou extingue o direito do autor. Entretanto, cabe pontuar que a lei 13.105/2015 possibilita que o magistrado atribua o ônus da prova de modo dinâmico, de acordo com as peculiaridades da causa, desde que fique demonstrado: a) a excessiva dificuldade da parte em cumprir o encargo a ela imputado; b) quando houver maior facilidade da outra parte obter a prova do fato contrário.
2. PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA
Mormente, a ação de produção antecipada de prova é a demanda pela qual se afirma o direito à produção de uma determinada prova e se pede que essa prova seja produzida antes da fase instrutória do processo para o qual ela serviria. Portanto, é uma ação em que se busca o reconhecimento do direito autônomo à prova, que se realiza com a coleta da prova em típico procedimento de jurisdição voluntária. Nesse sentido, frisa-se que pode-se requerer a antecipação da produção de qualquer prova, com ressalvas a prova documental, cuja produção antecipada se pede através de ação de exibição.
A produção antecipada de prova pode ser requerida como um incidente processual, no bojo de um processo já em curso. Nesse sentido, os artigos 381-384 do Código de Processo Civil regulam a ação autônoma de produção antecipada de prova. Vale ressaltar que é possível, principalmente em situações de urgência, requerer a produção antecipada de prova incidentalmente, valendo o regramento da produção antecipada autônoma como modelo.
Natureza Jurídica
O processo autônomo de produção antecipada de prova é de jurisdição voluntária, pois não há necessidade de afirmação do conflito em torno da produção da prova. Nessa vertente, a autonomia do processo de produção antecipada de prova dispensa a propositura de futura demanda com base na prova que se produziu. A produção de prova pode servir, inclusive, como contra-estímulo ao ajuizamento de outra ação.
Fundamentos do pedido de produção antecipada de prova e petição inicial
Na petição inicial, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova, devendo também indicar, com precisão, os fatos sobre os quais a prova há de recair (art. 382, caput, CPC). Diante disso, o artigo 381 traz as situações que justificam o pedido de produção antecipada de prova da seguinte forma:
I – haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;
II – a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito;
III – o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
Além dessas, o § 1° do mesmo artigo prevê uma quarta hipótese de produção antecipada de prova: o arrolamento de bens com finalidade exclusivamente probatória, sem qualquer conotação constritiva.
O processo de justificação
A justificação é a coleta e registro escrito de prova testemunhal, seja para servir como simples documento, sem natureza contenciosa, seja para servir de prova em processo regular, até mesmo de natureza administrativa. Nesse diapasão, seu objetivo principal é justificar um fato ou relação jurídica que devem ser expressamente identificados na petição inicial. A ação de justificação encontra-se prevista no § 5°, do artigo 381 do CPC.
Competência
Sobre isso, o § 2° do art. 381 cria hipótese de foros concorrentes para a produção antecipada da prova: do juízo do foro onde esta deve ser produzida ou do juízo do foro de domicílio do réu. Assim sendo, por se tratar de regra de competência territorial, e não haver qualquer ressalva legal, o caso é de competência relativa. Além disso, o CPC dispõe que a produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta. Dessa forma, a ação posterior seguirá as regras gerais sobre competência.
Tutela provisória liminar do direito à produção da prova
A liminar, nessa ocasião, se justificaria quando fosse tamanha a urgência, a ponto de não haver tempo para citação do requerido. Seria, portanto, uma espécie de tutela provisória fundada exclusivamente na urgência. Também se admite essa medida liminar quando o réu, uma vez citado, pudesse frustrar a medida em sua utilidade, justificando-se a postergação do contraditório para o momento seguinte ao da realização da diligência.
Citação dos interessados
Como em qualquer procedimento de jurisdição voluntária, os interessados devem ser citados. Neste caso, os interessados na produção da prova devem ser citados para acompanhá-la (art. 382, § 1°, CPC). De forma peculiar, neste procedimento, o juiz determinará, até mesmo de ofício, a citação dos interessados na produção da prova, sendo uma hipótese típica de intervenção iussu iudicis. 
Nesse ínterim, pode haver produção antecipada de prova unilateral, na qual o requerente quer a prova apenas para formar o seu convencimento, a princípio sem finalidade contenciosa, sendo possível quando o fato diz respeito exclusivamente à pessoa do requerente.
Despacho inicial e esboço do procedimento
Ao receber a petição inicial, o juiz procederá ao juízo de admissibilidade. Em seguida, determinará a citação dos interessados e, após isso, o órgão jurisdicional, mantido o juízo de admissibilidade positivo do processo: a) designará audiência de instrução e julgamento e fixará prazo para apresentação de rol de testemunhas, caso seja determinada prova oral; b) nomeará perito, formulará quesitos, fixará os honorários periciais e o prazo para a entrega do laudo, determinando que as partes indiquem seu assistente e formulem seus quesitos, caso seja determinada prova pericial; c) designará dia e hora da realização de inspeção judicial, se for o caso.
Defesa e recursos
O § 4° do art. 382 do CPC dispõe que, no procedimento da produção antecipada de prova, não se admitirão defesa e recurso, salvo contra a decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário. Nessa vertente, cabe destacar que não há prazo legal de oferecimento da contestação, cabendo ao juiz fixá-lo, levando em consideração a complexidade do ato a ser praticado. E em relação ao recurso, se a decisão rejeitar totalmente a produção da prova, cabe-se sentença de apelação, mas se tratando de não admissão da produção de apenas uma prova, cabe agravo de instrumento.
Sentença e entrega dos autos
Tendo sido encerrada a produção da prova, será proferida sentença constitutiva e homologatória da prova. Nesse caso, o juiz não valorará a prova nem se debruçará sobre eventual direito material correspondente à alegação de fato que se buscava provar (art. 382, § 2°, CPC). Contudo, a valoração da prova poderá ser feita, se for o caso, na decisão que examinar o direito que se funda nos fatos cuja prova se pretendeu produzir na ação probatória autônoma.
Além disso, a sentença deverá conter um capítulo condenatório relativo às despesas processuais que, a princípio,correm por conta do requerente da medida. Por fim, publicada a sentença, ficarão os autos em cartório por um mês, para extração de cópias ou de certidões pelos interessados, sendo, ao fim, entregues ao requerente da medida (art. 383, CPC).
3. ESPÉCIES DE PROVA PREVISTAS NO CPC
DEPOIMENTO PESSOAL
O depoimento pessoal ou depoimento da parte é o conjunto de comunicações da parte, autor ou réu, para dizer o que se sabe a respeito do pedido ou da defesa, ou das provas produzidas ou a serem produzidas, bem como esclarecimentos de que se sirva o juiz para o seu convencimento. Trata-se, portanto, de meio de prova que se vale da parte como fonte de prova. Em relação a isso, salienta-se que o comparecimento da parte para depor é um dever que decorre do art. 379, I, CPC.
Depoimento por provocação e o interrogatório
O depoimento da parte por provocação é requerido pela parte adversária, realizado na audiência de instrução e julgamento e determinado sob pena de confissão ficta, caso a parte se recuse ou não compareça para depor (art. 385, § 1°, CPC). A confissão ficta, nesse caso, embora tenha natureza jurídica de sanção, será valorada pelo magistrado como se confissão real fosse.
Há, contudo, o interrogatório, determinado ex officio pelo juiz, em qualquer estágio do processo, inclusive em instância recursal, não sendo possível, nesta ocasião, cominar a pena de confissão ficta para o caso de não-comparecimento ou recusa (art. 385, caput, combinada com o art. 139, VIII, CPC). Sobre isso, vale destacar que admite-se mais de uma convocação da parte ao interrogatório, bem como por não visar a confissão, se permite a convocação de incapaz para depor.
Depoimento do presentante e do representante
Em primeiro lugar, frisa-se que não é possível o depoimento pessoal do representante do incapaz, que, se depuser, o fará na condição de testemunha. Nesse diapasão, o presentante é a pessoa jurídica que, sendo convocada a depor pessoalmente, será presentada por ele. Entretanto, o presentante age de acordo com os limites do ato constitutivo da pessoa jurídica, e não se concebe preveja o ato constitutivo de empresa poderes ao presentante legal para depor sobre tais ou quais fatos. Assim, não tem o presentante legal da pessoa jurídica poderes de presentação dela, no que diz respeito à declaração sobre fatos por ele observados.
Já o depoimento da pessoa jurídica pelo seu representante, embora não se configure efetivamente um depoimento da pessoa jurídica, vem sendo aceito pela jurisprudência, como uma forma de permitir a ocorrência da confissão provocada, desde que o representante tenha poder especial para confessar.
Recusa de depor
A recusa de depor tanto pode caracterizar-se pela negativa direta e frontal, como pela simples omissão em responder ou pelo recurso a evasivas (art. 386, CPC). Nestes casos, cabe ao órgão julgador verificar se a atitude da parte há de ser considerada como recusa, devendo esclarecer na sentença as suas razões e, assim, aplicar a sanção da confissão ficta. Há, porém, duas hipóteses em que se admite a escusa de depor: há uma regra geral de atipicidade da escusa de depor (art. 386), exigindo como pressuposto apenas a justiça do motivo, e há situações específicas, já qualificadas pelo legislador como justas para autorizar o silêncio (art. 388, CPC). Dessa forma, cabe ao magistrado o controle da licitude da recusa, analisando o preenchimento dos pressupostos legais que a autorizam.
Cita-se, ainda, que o direito ao silêncio é, em alguns casos, um dever: nas hipóteses em que o direito ao silêncio decorre da proteção constitucional e penal ao sigilo profissional. Ademais, nos casos envolvendo relações de família e amizade, o depoente pode abrir mão do seu direito de escusa.
Além disso, a parte não é obrigada a depor: a) sobre fatos criminosos ou torpes que lhe forem imputados; b) a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo; c) que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível; d) sobre fatos que coloquem em perigo a vida do depoente ou de seu cônjuge, companheiro ou parente em grau sucessível (art. 388, CPC).
Procedimento do depoimento
Em primeiro lugar, destaca-se que o advogado do depoente não pode formular perguntar, cabendo apenas fiscalizar a inquirição, bem como o litisconsorte unitário não pode formular perguntas ao seu litisconsorte-depoente. Os §§ 2° e 3° do art. 385 do CPC trazem duas importantes regras, autoexplicativas, sobre o procedimento do depoimento da parte:
“§ 2° É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte”;
“§ 3° O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento”.
Por fim, o art. 387 do CPC dispõe que “a parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos”.
CONFISSÃO
A confissão acontece quando alguém reconhece a existência de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao do seu adversário (art. 389, CPC). Trata-se de uma declaração voluntária de ciência de fato, não de declaração de vontade para a produção de determinado efeito jurídico. A partir disso, é possível extrair os elementos da confissão: a) sujeito declarante; b) vontade para declarar um fato; c) fato contrário ao confitente.
Nesse contexto, o sujeito declarante é a parte, contudo, a confissão da parte pode ser trazida ao processo por um procurador com poderes especiais. Além disso, cita-se que não é qualquer fato que pode ser objeto de confissão, pois é necessário que se trate de fato desfavorável ao confitente e favorável ao adversário, bem como pressuposto da confissão que o fato seja próprio e pessoal do confitente, e não de terceiro.
Espécies de confissão
A confissão pode ser judicial ou extrajudicial, conforme tenha sido produzida em juízo, de acordo com os modos admitidos em lei, ou fora dele. A confissão pode ser espontânea, que é aquela que surge por iniciativo do próprio confitente, pessoalmente ou por representante, mas também pode ser provocada. Divide-se em real, que é aquela efetivamente feita pelo confitente, oralmente ou por escrito, ou ficta, que é a que se reputa ocorrida, embora se saiba que de fato não ocorreu, em razão do não comparecimento ao depoimento pessoal ou da recusa a depor em caso de a parte, intimada, ter comparecido à audiência.
A confissão pode ser oral, tendo eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal (art. 394, CPC). Além disso, divide-se em simples, quando se restringe à declaração de ciência do fato contrário ao confitente, e qualificada, quando o confitente nega os efeitos jurídicos que a parte adversária pretende obter do fato confessado. Por fim, quando o confitente trouxer ao processo novos fatos, a confissão é chamada de complexa.
Eficácia da confissão
A confissão implica perda do direito de a parte produzir prova sobre o fato confessado. Além disso, a parte adversária ao confitente fica liberada do ônus da prova dos fatos que afirmou, por força do art. 374, II, do CPC. A confissão, contudo, não vincula o magistrado, que a examinará como qualquer outro meio de prova, dando-lhe o valor que, no caso, entender adequado (art. 371, CPC).
Ineficácia da confissão de quem não pode dispor dos direitos relacionados aos fatos confessados
A lei tratou expressamente da eficácia da confissão feita por quem não poderia dispor dos direitos relacionados aos fatos confessados, isto é, confissão feita por incapaz. Nesse caso, não se invalida a confissão por incapacidade, só se retira desta declaração a eficácia da confissão. Um bom exemplo disso é quando se trata de cônjuge, em relação a fatos que dizemrespeito a direitos reais imobiliários, que somente pode produzir efeitos com o consentimento do outro, salvo se o regime do casamento for o da separação absoluta (art. 391, par. ún., CPC).
Irrevogabilidade da confissão
A confissão é irrevogável (art. 214, CC e art. 393, CPC). A confissão é irrevogável exatamente pela sua natureza não negociável. A limitação da retratabilidade é elemento conceptual da confissão: não seria meio de prova se fosse sempre possível a retratação. Contudo, a confissão pode ser invalidade em razão de erro de fato ou de coação (art. 214 CC; art. 393, CPC). 
Nesse diapasão, se ainda não houver o trânsito em julgado da decisão judicial que nela baseia, é possível ajuizar ação anulatória da confissão, lembrando que apenas o confitente tem legitimidade para propor essa ação e, caso faleça, após a propositura, o espólio ou os herdeiros poderão prosseguir com o processo. Havendo coisa julgada, o caso deverá subsumir-se a alguma das hipóteses de ação rescisória, instrumento típico para desfazimento da coisa julgada.
Indivisibilidade da confissão
A confissão é indivisível, assim dispõe a primeira parte do art. 395, do CPC: “A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável”. No depoimento confessório há dois atos jurídicos: a confissão e uma alegação. Cindir o depoimento confessório é, na verdade, separar a confissão da alegação, atos jurídicos distintos que se misturaram em uma mesma declaração.
DOCUMENTO E PROVA DOCUMENTAL
Documento é a fonte da prova; é de onde se pode extrair a informação acerca do fato ou do ato nele representado. Já a prova documental é o veículo por meio do qual essa fonte vai ser levada ao processo para análise judicial. Ressalta-se que nem todo documento pode ser inserido no processo por meio de prova documental, visto que, às vezes, o documento é fonte de prova, mas o fato nele representado chega à mente do juiz por outra via, distinta da prova documental.
Assim sendo, se a coisa é um documento e deve ser apreciada diretamente pelo juiz, ingressará nos autos como prova documental, sujeitando-se ao seu modo de produção. Nos casos, porém, em que essa coisa representa um fato, mas não se insere no conceito de documento ou mesmo sendo um documento, não é possível o seu ingresso nos autos, ou ainda sendo documento e sendo possível o seu ingresso nos autos, isso é feito indiretamente, no curso de outro meio de prova, devendo se adotar outro procedimento de colheita de prova.
Elementos do documento
Em relação a autoria do documento, autor de um documento é a pessoa a quem se atribui a sua formação. A autoria é um pressuposto de existência do documento, porque é da sua essência que derive um ato humano. Sempre que a autoria material e intelectual se funde numa só pessoa, diz-se que o documento formado é autógrafo; se distintos os autores material e intelectual, tem-se um documento heterógrafo.
A depender de quem seja o autor do documento, ele pode ser público ou particular. Será particular quando o seu autor imediato for agente investido de função pública, e quando a formação do documento se der no exercício desta função. Será, ao contrário, particular o documento quando sua autoria imediata se dê por ação de um particular ou mesmo de um funcionário público.
Nesse ínterim, a autoria é elemento de formação do documento. Ela, contudo, precisa ser demonstrada e provada. O legislador quem indica a forma pela qual se deve demonstrar e comprovar a autoria. O meio mais comum para tanto é a chamada subscrição, que nada mais é que a oposição de um sinal exclusivo que identifica o autor do documento. Demonstrada a autoria, cumpre investigar se essa demonstração realmente aponta para o efetivo autor do documento. Surge, então, o problema da sua autenticidade. Nesse aspecto, é autêntico o documento quando a autoria aparente corresponde á autoria real, isto é, quando ele efetivamente provém do autor nele indicado.
Considerando que o documento é coisa representativa, o seu conteúdo é composto exatamente pela representação de um fato ou de uma manifestação do pensamento. Tendo em vista a diversidade dos fatos da vida que se podem fazer representar num documento, é inútil tentar classificá-los. A única distinção a estabelecer diz respeito ao critério de se o fato documentado é ou não uma declaração do homem. Os documentos que contêm uma declaração humana podem ser classificados em documentos dispositivo e documentos testemunhais.
Além disso, vale lembrar que há duas espécies de documento (sentido amplo): o instrumento e o documento em sentido estrito. Instrumento, nesse caso, é o documento escrito adrede preparado, com a finalidade específica de produzir prova futura do ocorrido. Já o documento em sentido estrito é aquele formado sem que se tenha o objetivo específico de utilizá-lo no futuro como prova do fato nele representado.
Em relação a data do documento, a princípio, presume-se que o documento se formou na data nele lançada e que os fatos nele narrados se passaram na data afirmada. Nesse sentido, o art. 409, em relação a terceiros, considera-se datado o documento particular: a) no dia em que foi registrado; b) desde a morte de algum dos signatários; c) a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer dos signatários; d) da sua apresentação em repartição pública ou em juízo; e) do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do documento.
O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença (art. 405, CPC). A presunção de autenticidade e de veracidade do conteúdo do documento público decorre da fé pública que lhe é reconhecida. Nisso, as declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário (art. 408, caput, CPC, c/c art. 219, CC), se não houver dúvida da sua autenticidade (art. 412, CPC).
ATA NOTARIAL
Em relação a isso, qualquer pessoa interessada na documentação de determinado fato pode solicitar que um tabelião assim o faça, narrando por escrito aquilo de que tomou ciência ou que ocorreu em sua presença. Existem, dentre tantas outras, as atas de notoriedade, cujo objeto é a comprovação e fixação de fatos notórios. Diante disso, o art. 384 do CPC estabelece que “a existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião”.
Uma vez lavrada a ata, ela constitui tipicamente um documento e como tal pode ser inserida no processo. Trata-se, portanto, de documento público, de conteúdo narrativo ou testemunhal. Destaca-se que, por se tratar de documento público, a ata notarial faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o tabelião declarar que ocorreram em sua presença (art. 405, CPC).
Em relação aos vícios do documento, são classificados em extrínsecos e intrínsecos. Os extrínsecos são aqueles que dizem respeito à sua forma, como, por exemplo, a inobservância de formalidades legais ou dos critérios de competência para a formação de um documento público (art. 407, CPC), a existência de entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento em ponto substancial do documento e sem qualquer ressalva (art. 426, CPC). Já os intrínsecos são aqueles inerentes ao seu conteúdo, ou seja, à essência do documento ou à substância do ato ou fato nele representado.
DOCUMENTO ELETRÔNICO
Para que se possa atribuir valor probatório aos documentos eletrônicos, é fundamental avaliar o grau de segurança e de certeza que se pode ter, sobretudo quanto à sua autenticidade, que permite identificar a sua autoria, e à sua integridade, que permite garantir a inalterabilidade do seu conteúdo. Em regra, os momentos de proposição e de produção da prova documental são absolutamente os mesmos. Nesse sentido, ao requerer a produção da prova documental,a parte já produz. Assim, cabe, entretanto, ao magistrado requerer de ofício ou a requerimento, proceder a um juízo de admissibilidade quanto a essa proposição.
De acordo com o art. 434 do CPC, incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar-lhe as alegações. De forma suscinta, tem-se que a petição inicial deve estar acompanhada, com pena de invalidade, dos chamados documentos indispensáveis (art.320, CPC), que podem ser classificados em substanciais e fundamentais. 
Nesse diapasão, faltando um desses documentos à petição inicial, cabe ao juiz intimar o autor para emendá-la, na forma do art. 321 do CPC. Se isso não for feito, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito. Essas noções se aplicam, no que couber, à contestação. Embora não o diga expressamente, também nos casos em que um documento indispensável deixar de ser juntado à contestação, deverá o réu ser intimado a apresentá-lo em prazo razoável, sob pena de, não o fazendo, operar-se a revelia, em razão da invalidade da contestação por ele apresentada.
Nesse ínterim, uma vez juntado o documento aos autos, a parte contrária deverá manifestar-se sobre ele na contestação, se os documentos foram anexados à inicial (art.437, caput, CPC); na réplica, se os documentos foram anexados à contestação (art. 437, caput, CPC); em 15 dias, nas demais hipóteses. Diante disso, o prazo para manifestação pode ser dilatado, a requerimento da parte, a depender da quantidade e complexidade da documentação. 
No que se refere à arguição de falsidade, a falsidade de um determinado documento pode ser arguida a qualquer tempo e grau de jurisdição, incumbindo à parte, contra quem ele foi produzido, suscitá-lo: na contestação, se o documento reputado falso foi juntado à inicial; na réplica, se o documento impugnado foi juntado à contestação; ou, nas demais situações, em quinze dias, contados da intimação acerca da juntada do documento (art. 430, CPC).
Nessa vertente, o não-oferecimento da arguição no prazo legal implicará, no particular, a presunção de autenticidade do documento (art. 411, III, CPC), salvo se essa admissão decorreu, como vimos, de erro de fato ou de coação. O juiz, porém, duvidando da sua autenticidade, poderá negar-lhe eficácia probatória, motivando específica e adequadamente o seu convencimento. Para além disso, a presunção de autenticidade decorrente da admissão expressa ou tácita não impede o ajuizamento de ação autônoma visando à declaração da falsidade daquele mesmo documento. 
PROVA TESTEMUNHAL
Mormente, referente à prova testemunhal, a pessoa é, como visto, fonte de prova. Nisso, quando esse sujeito é uma das partes do processo, no meio de prova é o depoimento pessoal, quando se trata de um terceiro surge aprova testemunhal. Testemunha é uma pessoa, distinta de um dos sujeitos processuais, que é chama a juízo para dizer o que sabe sobre o fato probando. Nesse contexto, o testemunho contém o relato daquilo que foi percebido pela testemunha por meio de qualquer um dos seus sentidos; visão, olfato, paladar, audição e tato. Dito isso, não cabe à testemunha fazer juízos de valor sobre os fatos, muito menos enquadrá-los juridicamente. A testemunha pode ser:
A) Presencial: a que pessoalmente presenciou o fato probando;
B) De referência: a que soube do fato probando por meio de terceira pessoa;
C) Referida: aquela cuja existência foi apurada por meio de outro depoimento; 
D) Judiciária: a que relata em juízo o seu conhecimento a respeito do fato;
E) Instrumentária: a que presenciou a assinatura do instrumento do ato jurídico e o firmou.
No que diz respeito à admissibilidade, a regra é a seguinte: a prova testemunhal é sempre admissível. Mas a lei pode dispor em sentido contrário, não admitindo em certos casos. Veda-se a prova testemunhal, por exemplo, para a comprovação de fatos já provados por documento ou confissão da parte (art. 443, I, CPC) ou que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados (art. 443, II, CPC).
Capacidade para testemunhar
Em se tratando da capacidade para testemunhar, em regra, todas as pessoas podem depor como testemunha, mas há limitações legais à capacidade de testemunhar. Desse modo, são incapazes de depor como testemunhar (art. 447, § 1°, CPC): o interdito por enfermidade ou deficiência intelectual; o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções; aquele que tenha menos de dezesseis anos; o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam.
Além disso, são impedidos de testemunhar (art. 447, § 2°, CPC): o cônjuge, o companheiro, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; o que é parte na causa; o que intervém em nome de uma parte. Por fim, são suspeitos para prestar o depoimento como testemunha: o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo; o que tiver interesse no litígio.
Local e tempo do testemunho
A prova testemunhal deverá ser produzida perante o juiz da causa, durante a audiência de instrução e julgamento (art. 453, caput, CPC). Trata-se de ato processual interno, que deve ser realizado na sede do juízo (art. 449, caput, CPC). No entanto, é possível a colheita da prova testemunhal antes da audiência de instrução e julgamento, no caso de produção antecipada de prova. Pode, ainda, a testemunha ser ouvida por outro juiz, que não o responsável pela causa, se o testemunho for objeto de carta (art. 453, II, CPC) arbitral, precatória ou de ordem.
Outrossim, há possibilidade de a prova testemunhal produzir-se fora da sede do juízo, nos casos em que a testemunha esteja impossibilidade de deslocar-se e comparecer em juízo, seja por doença, seja por qualquer outro motivo relevante, mas não esteja impossibilitada de prestar depoimento. Por fim, há pessoas consideradas egrégias, que têm o direito de ser ouvidas em sua residência ou onde trabalham.
Juntada do rol e intimação da testemunha:
Em relação a isso, é imposta às partes o ônus de juntar o rol de testemunhas no prazo comum, não superior a quinze dias, fixado pelo juízo na decisão de saneamento e organização do processo (art. 357, § 4°, CPC). Deverá a parte que arrolar a testemunha precisar-lhe o nome, profissão, estado civil, idade, número de inscrição no Cadastro de Pessoa Física e do registro de identidade e o endereço completo da residência e do local de trabalho (art. 450, CPC).
Nesse contexto, vale destacar que é lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez testemunhas, sendo três, no máximo, para aprova de cada fato (art. 357, § 6°, CPC), mas o juiz pode limitar ainda mais o número de testemunhas levando em consideração a complexidade da causa. Nesse estado, a testemunha que for intimada pelo advogado da parte que a arrolou ou pela via judicial e deixar de comparecer à sessão designada sem motivo justificado, será conduzida coercitivamente e responderá pelas despesas do adiamento (art. 455, § 5°, CPC).
Substituição da testemunha
Apresentado o rol de testemunhas (art. 357, §§ 4° e 5°, CPC), a parte só pode substituir a testemunha que: falecer, por enfermidade, não estiver em condições de depor; tendo mudado de residência ou de local de trabalho, não for encontrada (art. 451, CPC).
Documentação do testemunho
O depoimento da testemunha deverá ser documentado. Dessa forma, o artigo 460 do CPC dá certo privilégio a documentação por meio de gravação. Contudo, se a documentação se dá pela sua transcrição em ata digitada, datilografada, ou por outra forma idônea de registro, como o exemplo da taquigrafia ou estenotipia, deverá o documento ser assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos procuradores (art. 460, § 1°, CPC).
PROVA PERICIALEm algumas situações, a investigação dos fatos envolvidos na causa exige conhecimentos técnicos especializados que um juiz não possui. Diante disso, o órgão jurisdicional deve valer-se da chamada prova pericial, na qual a elucidação de um fato se dá com o auxílio de um perito, especialista em determinado campo do saber, que deve registrar sua opinião técnica e científica no chamado laudo pericial.
Fontes da prova pericial
Na prova pericial, pessoas ou coisas são as fontes de prova, pois podem ser objeto do exame. Nesse sentido, os fenômenos também podem ser fonte da prova pericial. No que diz respeito às pessoas, não existem restrições no ordenamento jurídico, podendo ser inspecionadas pessoas vivas ou mortas. Deve-se, no entanto, preservar os direitos fundamentais da pessoa a ser examinada, considerando-se ilegítimas, por exemplo, perícias realizadas contra sua vontade (art. 5°, LVI, CF)
Outrossim, a princípio, não há limites jurídicos para a perícia sobre coisas. Uma das dificuldades, porém, que podem surgir, é do acesso à coisa, pois muitas vezes ela está em poder de uma das partes, de uma repartição pública ou de um terceiro.
Espécies de perícia
O exame e a vistoria são atividades praticamente iguais. Ambas consistem no ato de inspeção, observação, e distinguem-se, tão somente, pelo seu objeto. Nesse caso, o exame é ato de inspeção de pessoas e bens móveis ou semoventes, e a vistoria é ato de inspeção de bens imóveis. Há também a avaliação, também chamada de arbitramento, que é a atividade de fixação do valor de coisas e direitos.
Requisitos para a escolha do perito
O artigo 156, § 1° do CPC inova ao simplesmente estabelecer que o perito seja escolhido dentre aqueles devidamente inscritos em cadastro formado pelo tribunal ao qual se vincula o juiz. Em relação a isso, a criação dessa listagem de peritos considerados tecnicamente aptos pelo tribunal deverá ser providenciada pelo órgão da Corte.
Nomeação de mais de um perito
Há perícias que abrangem mais de um conhecimento especializado (art. 475, CPC). É aquela cuja análise da coisa ou pessoa dependa de conhecimentos pertencentes a áreas diversas. Nesse caso, quando a perícia for complexa, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico (art. 475, CPC; art. 159, § 7°, CPP).
Escusa e recusa do perito
O perito pode escusar-se de atuar na causa, alegando motivos justos e legítimos, dentre eles seu impedimento ou suspeição (art. 148, II, 157 e 467, CPC). Caso o juiz entenda que o motivo apresentado não é legítimo, pode impor que o perito realize a prova, sob pena de cominação da sanção do art. 77, IV e § 2°, CPC. 
Diante disso, o perito pode ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 148, II, c/c art. 467, CPC) ou por ser inabilitado para atuar na causa. Ressalta-se que se aplicam ao perito, as mesmas causas de impedimento ou suspeição previstas para o juiz. Quando o perito não possuir conhecimentos técnicos ou científicos suficientes para trazer os esclarecimentos necessários ou quando sem justo motivo não apresentar o laudo no prazo fixado pelo juiz, poderá ser substituído (art. 468, CPC). Essa substituição também ocorre quando a escusa do perito é aceita, ou quando este é impedido, suspeito ou inabilitado.
Assistente técnico e suas funções
O assistente técnico é um auxiliar da parte, estando excluído do rol de sujeitos submetidos às hipóteses de impedimento e suspeição. Cabe a ele registrar seu juízo técnico ou científico no chamado parecer técnico, quando pode manifestar a concordância com o laudo pericial, ratificando-o e subscrevendo-o, ou discordância, quando deverá elaborar outro com críticas, raciocínios e conclusões diversas. Caso o juiz nomeie mais de um perito, as partes terão o direito de indicar mais de um assistente técnico (art. 475).
Escolha consensual do perito
O art. 471 do CPC autoriza a celebração de um negócio processual probatório: a escolha consensual do perito. Essa convenção deve observar os mesmos dois pressupostos gerais previstos para a negociação processual atípica do art. 190: a) a capacidade das partes; b) a causa admitir solução por autocomposição (art. 471, I e II, CPC). Nesse caso, o perito não precisa ser um daqueles cadastrados no tribunal, regra que somente se aplica à escolha do perito feita pelo órgão julgador.
Despesas
O art. 95, CPC estipula que cada parte deverá arcar com a remuneração do assistente técnico que assisti-la, bem como a parte que requerer a perícia deverá antecipar os honorários do perito. Além disso, as partes deverão ratear antecipadamente os honorários do perito, quando a perícia for requerida por ambas ou determinada de ofício pelo juiz. Frisa-se que a parte beneficiária da justiça gratuita está isenta de custas e despesas processuais, inclusive as despesas relacionadas à perícia (art. 98, § 1°, V, VI e VII).
INSPEÇÃO JUDICIAL
A inspeção judicial, conhecida como inspeção ocular, exame judicial ou reconhecimento judicial, é meio de prova que se concretiza com o ato de percepção pessoal do juiz, com um ou alguns de seus sentidos, das propriedades e circunstâncias relativas à pessoa ou coisa. Seu objetivo consiste em esclarecer o juiz sobre fato que interesse à decisão da causa (art. 481). Assim, a inspeção deve ter por objeto necessário e exclusivo a elucidação de ponto de fato controvertido. Além disso, seu objeto deve ser precisamente definido, não podendo ser genérico e indeterminado.
Postulação e admissão
A inspeção judicial pode ser determinada de ofício ou a requerimento da parte. Pode ser determinada e ocorrer em qualquer fase do processo, como evidencia o art. 481, CPC, inclusive em instância recursal. Além disso, é importante deixar claro que a inspeção não se trata de diligência instrutória ulterior ou secundária, podendo ser utilizada como prova principal e única, se for o caso. 
Inspeção da pessoa
A pessoa inspecionada pode ser uma parte ou um terceiro. Nessa vertente, a parte tem o dever de colaborar com o juízo na realização da inspeção (art. 379, II, CPC). Há quem reconheça à parte, porém, o direito de não ser inspecionada nos casos do art. 388 do CPC, que a escusam de depor pessoalmente. Caso a parte se recuse sem justo motivo à inspeção, esse comportamento pode configurar resistência injustificada ao andamento do processo (art. 80, IV, CPC), além de poder ser considerado um indício que fundamente a presunção judicial do fato que se queria provar.
Local da inspeção
Pode realizar-se na sede do juízo ou fora dela, mas dentro da competência territorial do juiz. Vale enfatizar que o magistrado irá ao local onde se encontra a pessoa ou coisa, ou onde esteja acontecendo o fenômeno, a ser inspecionada quando (art. 483, CPC): julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar; a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; determinar a reconstituição dos fatos.
Conclusão e documentação da inspeção
Segundo o art. 484, “concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa”. Nesse sentido, há precedente do STJ colocando que, não havendo auto, a inspeção não tem valor de prova (STJ, 1ª Turma, Ag n. 14646-AgRg, Rel. Min. Garcia Vieira). 
Manifestação sobre o resultado da prova
Em que pese o silêncio da lei, lavrado o auto ou termo de inspeção, o juiz deve ter o cuidado de, em nome do contraditório, assegurar à parte o direito de manifestar-se sobre o resultado da prova. Dessa forma, cabe ao juiz intimar as partes, conferindo-lhe prazo para falar sobre a inspeção, sobretudo se já tiver passado o momento das razões finais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Congresso Nacional. Código de Processo Civil, de 15 de março de 2015. Diário Oficial da União, Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 1 ago. 2022.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativado Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Ag n. 14646-AgRg. Agravo Regimental. Relator: Garcia Vieira. Corte ou Tribunal, 05 de abril de 1993.
DIDIER JÚNIOR, Fredie Souza. Curso de Direito Processual Civil. 10 ed. Juspodivm, Salvador-BA, v. 2, 2015.

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