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Resumo: Sobre a morte e o morrer

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SOBRE A MORTE E O MORRER
Sobre o temor da morte
Em nosso inconsciente, a morte nunca é possível quando se trata de nós mesmos. Em nosso inconsciente só podemos ser mortos; é inconcebível morrer de causa natural ou de idade avançada.
A criança que, de raiva, deseja que a mãe morra porque esta não satisfez seus desejos ficará muito traumatizada caso isso venha acontecer, mesmo que não haja ligação alguma no tempo com seus desejos de destruição.
Se alguém se aflige, bate no peito, arranca os cabelos ou se recusa a comer é uma tentativa de autopunição para evitar ou reduzir o esperado castigo pela culpa assumida da morte do ente querido.
A morte constitui ainda um acontecimento medonho, o que mudou foi nosso modo de conviver e lidar com a morte, com o morrer e com os pacientes moribundos.
Findar os seus dias em casa é um costume já superado.
Morrer é triste em vários aspectos, sobretudo é muito solitário, muito mecânico e desumano.
Quando um paciente está gravemente enfermo, em geral é tratado como alguém sem direito a opinar. Pouco a pouco, e inevitavelmente, começa a ser tratado como um objeto. Deixou de ser uma pessoa.
O paciente está sofrendo mais, talvez não fisicamente, mas emocionalmente. Suas necessidades não mudaram através dos séculos, mudou apenas nossa aptidão em satisfazê-las.
Atitudes diante da morte e do morrer
Em que a sociedade contribui para a defensiva
Quais os fatores que contribuem para a crescente ansiedade diante da morte?
Com o avanço rápido da técnica e a novas conquistas cientificas, os homens tornaram-se capazes de desenvolver qualidades novas e novas armas de destruição de massa que aumentam o temor de uma morte violenta e catastrófica. 
Sob o ponto de vista psicológico, o homem tem que se defender de vários modos contra o medo crescente da morte e contra a crescente incapacidade de prevê-la, e precaver-se contra ela.
As guerras, os tumultos, o aumento do índice de criminalidade podem ser sintomas da decrescente incapacidade de enfrentar a morte com resignação e dignidade.
Antigamente, havia maior número de pessoas que acreditava incondicionalmente em Deus, inclusive numa vida futura, onde as pessoas seriam aliviadas de dores e sofrimentos.
O sofrimento perdeu sua razão de ser.
Há menos pessoas que acreditam na vida após a morte, o que talvez seja por si só uma negação de nossa mortalidade.
Uma sociedade em que as pessoas são cada vez mais “mantidas vivas”, tanto com máquinas que substituem órgãos vitais, como com computadores que as controlam para ver se alguma função fisiológica merece ser substituída por equipamentos eletrônicos. 
O que nos ensinam os moribundos
A pergunta formulada não deveria ser “conto ao paciente?”, mas sim, “como partilhar o que sei com o paciente?”.
O médico deveria antes examinar sua atitude pessoal frente à doença maligna e à morte, de modo a ser capaz de falar sobre assuntos tão graves sem excessiva ansiedade.
Deveria prestar atenção nas “dicas” que lhe dá o paciente, possibilitando extrair dele boa disposição para enfrentar a realidade.
Primeiro estágio: negação e isolamento
A negação é usada por quase todos os paciente, ou nos primeiros estágios da doença ou logo após a constatação, ou, às vezes, numa fase posterior.
A negação funciona como uma para-choque depois de notícias inesperadas e chocantes, deixando que o paciente se recupere com o tempo, mobilizando outras medidas menos radicais.
Isso não significa que o mesmo paciente não queira ou não se sinta feliz e aliviado em poder sentar-se mais tarde e conversar com alguém sobre a sua morte próxima.
P. 62

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