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ZÉTETICA E DOGMATICA 
Por uma questão de método é possível falar de dois mdos de estudar o direito, 
comumente denominado de enfoque zetético e enfoque dogmático, porém, tratando 
sempre domesmo fenômeno, vale dizer do mesmo objeto, diferenciando-se pela 
delimitação da extensão atribuída ao objeto em exame. 
A expresão "zetética" possui sua origem no grego zetein que significa perquirir 
procurar, o a palavra foi cunhada por Theodor Viehweg 1(1907-1988), Na zetética 
jurídica as premissas básicas do sistema, seus enunciados e seus elementos 
fundadores permanecem abertos à dúvida. Dessa forma, temos um enfoque do direito 
enquanto investigação de um problema baseado no caráter problemático 
(questionamento) da própria formulação da pergunta. 
Já a palavra “Dogmática” tem sua origem na palavra grega dokein que significa 
doutrinar, ensinar. Na dogmática jurídica temos um não questionamento das 
premissas contidas na abordagem do direito, na medida em que tais premissas são 
presentes no ordenamento jurídico, mais precisamente na lei. Dessa forma, tomando 
tais premissas como inquestionáveis, temos um enfoque do direito enquanto 
investigação de um problema baseado na resposta, na solução, na decisão. 
 
Em oposição à Dogmática, a Zetética coloca o questionamento como posição 
fundamental, isso significa que qualquer paradigma pode ser investigado e indagado. 
Qualquer premissa tida como certa pela dogmática pode ser reavaliada, alterada e até 
desconstituída pelo ponto de vista zetético. 
Podemos comparar a zetética à dogmática para perceber a diferença. 
A dogmática é estritamente disciplinar e jamais interdisciplinar : ela nada tem a ver 
com a busca da verdade ou da falsidade, mas se qualifica como boa ou má, elegante 
ou tola, admitida ou vetada. “Ela assegura a eficácia quando se trata de estabelecer 
em todo caso um sentido. Por tal motivo, aqui nunca existe um „non liquet‟, a 
impossibilidade de estabelecer um sentido, sem o que o texto dogmático cairá em 
desuso. As regras e os cânones dogmáticos são específicos segundo a disciplina da 
qual dependem. Mas em conjunto eles aspiram garantir o estabelecimento de um 
sentido capaz de solucionar ao problema dado. Para tal fim, oferecem comumente 
alternativas ou uma grande quantidade de possibilidades para a construção do 
sentido. 
O que faz o cético, seguindo o veto platônico de confiar nas palavras, sobretudo as 
escritas? Ele suspende o juízo para investigar a coisa. Ele procura, sendo assim um 
zetetes, integrando o número dos quaesitores. Os céticos seguram a pena e a lingua 
antes de enunciar razões sobre as coisas e as pessoas. E se limitam a dizer "que a 
verdade ainda não foi achada, não dizem que ela é inacessível. E não desesperam de 
achá-la um dia e a buscam. Eles são zetéticos". 
Quando se evoca em filosofia a atitude zetética, as ressonâncias não trazem apenas a 
idéia de busca, de pesquisa, mas de juízo crítico, pesagem das teses e antíteses, 
decisão de jamais "resolver" aporias2 da mente e da ética. Note-se, pois, que aparece 
algum ruído quando, ao comparar a dogmática à zetética, se indica que nesta última 
 
1
 nasceu na Alemanha e estudou direito e filosofia, e exerceu a profissão de juiz 
2
 aporia - o termo significa dificuldade de ir além, ultrapassar uma porta (poros), não resolver de 
imediato dificuldades epistêmicas ou éticas. Em termos simples: trata-se de um assunto para o qual as 
saídas foram fechadas. 
 
temos as ciências (exatas ou humanas) e na primeira as ordens legais indiscutíveis. 
Nullius addictus jurare in verba magistri. (ninguém é obrigado a acreditar na palavra do 
mestre) 
 
A pesquisa (zetesis) 
Tudo pode ser motivo de busca, zetesis, mas sempre num mar revolto que, ele, campo 
do fenômeno, não pode ser procurado porque se oferece de imediato para todos os 
que pensam. 
Não podemos dizer como as coisas são "realmente" por detrás de sua aparência, o 
ser em si das coisas é algo "azetetos". 
“O importante aqui é a ideia de que uma investigação zetética tem como ponto de 
partida uma evidência, que pode ser frágil ou plena. E nisso ela se distingue de uma 
investigação dogmática. Em ambas, alguma coisa tem de ser subtraída à dúvida, para 
que a investigação se proceda. Enquanto, porém, a zetética deixa de questionar certos 
enunciados porque os admite como verificáveis e comprováveis, a dogmática não 
questiona suas premissas, porque elas foram estabelecidas (por um arbítrio, por um 
ato de vontade ou de poder) como inquestionáveis. Nesse sentido, a zetética parte de 
evidências, a dogmática parte de dogmas. Propomos, pois, que uma premissa é 
evidente quando está relacionada a uma verdade; é dogmática, quando relacionada a 
uma dúvida que, não podendo ser substituída por uma evidência, exige uma decisão. 
A primeira não se questiona, porque admitimos sua verdade, ainda que precariamente, 
embora sujeita a verificações. A segunda, porque, diante de uma dúvida, seríamos 
levados à paralisia da ação: de um dogma não se questiona não porque ele veicula 
uma verdade, mas porque ele impõe uma certeza sobre algo que continua duvidoso. 
(FERRAZ JR. 2008, p. 20). 
 
QUADRO COMPARATIVO 
De certa forma, para o estudo do Direito, a Zetética seria o oposto da Dogmática. 
"Contraponto" seria uma definição mais exata. O Direito posto, positivado, sob o qual 
estamos, aceita muitas afirmações que não são questionadas, ou não podem ser (não 
há interesse em se questionar...). Dogmas imperativos tem a seu lado os instrumentos 
de coerção. Dependendo de quem realiza, ou como se realiza a dissidência ou 
insurgência, a resposta pode ser lacônica e dogmática: "está na lei" (e suas infinitas 
variações). 
O quadro comparativo abaixo se visualiza a distinção sobre o enfoque especulativo 
que se faz sobre no estudo do direito, segundo sua finalidade, ontológico ou finalístico. 
 
ZETÉTICO DOGMÁTICO 
 Perquirir, indagar 
 Acentua o enfoque pergunta 
 Conceitos em aberto 
 Princípios expostos à dúvida 
 
 
 Pode desprezar a lei vigente, parte de 
outras pressupostos 
 Linguagem meramente informativa 
 Ontológica (Ser) 
 Função especulativa infinita (conhecer a 
coisa) 
 Não tem compromisso com a ação 
 
 Indagação 
 Ensinar, doutrinar 
 Acentua o enfoque resposta 
 Parte de conceitos definidos 
 Não indaga sobre suas premissas 
porque foram definidas por ato de 
arbítrio/poder 
 Esta adstrito ao ordenamento jurídico 
 Linguagem tem função informativa e 
diretiva (Comando) 
 Função diretiva explícita(orientar a ação) 
 Busca de decisão (dever ser) 
 Voltada para orientação da ação 
 Doutrinação 
 
O fenômeno jurídico comporta tanto o enfoque zetético como o enfoque dogmático, na 
sua investigação. As várias ciências que o toma por objeto vai enfatizar ora o aspecto 
dogmático ora o zetético. 
 
 
Divisões da Zetética Jurídica 
 
A zetética jurídica aparece em diversas ciências em que tendo por objeto não apenas 
o fenômeno jurídico dele vai se ocupar como um dos seus objetivos precípuos. 
 
Neste sentido a zétetica jurídica pode se dividir conforme abaixo 
I – Zetética empírica (estudo do direito nos limites da experiência) 
a) Zetética Empírica Pura – o teórico se ocupa do direito como regularidade de 
comportamento efetivo, enquanto atitudes e expectativas generalizadas que 
permitem explicar os diferentes fenômenos sociais. Ex. sociologia do direito, 
antropologia jurídica, história do direito, economia política. 
b) Zetética empírica aplicada - o teórico se ocupa do direito enquanto 
instrumento que atua socialmente dentro de certas condições sociais. Ex. 
política legislativa, medicina legal, psicologia forense, criminologia. 
c) Zetética analítica (ultrapassa o nível da experiência)II – Zetética analítica pura – o teórico se ocupa com os pressupostos últimos e 
condicionantes bem como com ao crítica dos fundamentos formais e materiais do 
fenômeno jurídico e do seu conhecimento Ex. filosofia do direito. 
III Zetética analítica aplicada - o teórico se ocupa com a instrumentalidade dos 
pressupostos últimos e condicionantes do fenômeno jurídico e seu conhecimento, quer 
nos aspectos formais quer nos materiais. Ex. lógica dos sistemas normativos, teoria 
geral do direito. 
a) Sociologia jurídica 
É a ciencia que, por meio de técnicas de pesquisa empririca, visa estudar relações 
recíprocas existientes entre a realidadade social e o direito, abrangendo a ação da 
sociedade sobre o direito e do direito sobre a sociedade. 
b) História do direito 
Estuda, cronolgicamento, o dirieto dcomo fato empírico e social, salentando seus 
caracteres peculiares, as causas de suas mutações, procurando individualizar os fatos 
e integrá-los num sentido geral, mostrando sua projeção no tempo. 
c) Política Jurídica 
É a ciência da organização do Estado que procura estudar as relações entre 
autoridade e cidadãos e as formas e meios jurídicos adequados à consecução dos fins 
da comunidade por meio de uma ação estatal. 
d) Psicologia forense 
Estuda a natureza do comportamto humano, os fenômenos mentais e os princíoos de 
onde procedem, facilitando o trabalho do jurista, do legislador que dita normas sobre a 
conduta humana e do magistrado, que as aplica ao pronunciar-se sobre a conduta 
humana. 
e) Cibernética Jurídica 
Coloca a disposição do jurista e do aplicador do direito os recursos dos computadores 
na produção e publicização do direito.

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