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1 DIABETES MELLITUS TIPO 1 E 2 DEFINIÇÃO DE DM – OMS - Doença crônica que ocorre tanto quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não consegue utilizar de forma eficiente a insulina que produz - Hiperglicemia: efeito comum do diabetes mellitus não controlado Com o tempo leva a sérias lesões em muitos sistemas do organismo, especialmente os nervos e vasos sanguíneos. Doença metabólica crônica, caracterizada por índices elevados de glicose, que com o tempo leva a sérias lesões, no coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos. EPIDEMIOLOGIA A prevalência de DM vem aumentando em todas as faixas de renda, mas pp. nas faixas de poder aquisitivo, desde a década de 80 até agora. A prevalência média é em torno de 4%; acompanhando um aumento da prevalência de obesidade no mundo, houve um aumento do diabetes também. DIAGNÓSTICO Como muitos pacientes são assintomáticos (nem sempre ele vai ter sintomas de DM); então muitas vezes o diagnóstico é apenas laboratorial. A glicemia de jejum normal é menor que 100 mg/dl. A glicemia normal após sobrecarga de glicose de 75g é menor que 140. A hemoglobina glicada normal por esse método (NGSP - padronizada) é menor que 5,7. As vezes vcs vão pegar analises de Hb glicada feita por outros métodos, que, por mais que possam ser utilizados, para diagnóstico, não são aceitos (Hb glicada por HPLC). Se a pessoa tiver esses 3 critérios, em jejum, todos normais ela não tem diabetes. Embora, não seja preciso fazer os três exames. Pode-se fazer apenas um deles. É necessário fazer outro exame quando há algum alterado, para confirmação. Os critérios para afirmar que o paciente tem DM é se a glicemia de jejum for maior que 126, em pelo menos duas ocasiões. Segundo o guideline americano, pode até mesmo ser na mesma amostra, porém, normalmente, utiliza-se a amostra de dias diferentes. *Prof recomenda que seja feito em dias separados. O diagnóstico é confirmado, p.ex., se o pct tiver duas glicemias de jejum >126. Ou ainda, se o pct tiver no TOTG (teste oral de tolerância a glicose) maior ou igual a 200 após 2h de consumo de glicose. Funciona da seguinte maneira: a primeira glicemia é coletada assim que o pct chega ao laboratório (glicemia em jejum), depois ela ingere Glicose anidra (xarope de gicose – 75g para o adulto ou 1,75g por kg se criança) e depois Duas medidas alteradas - pelo mesmo método ou não. 2 de 2h, ele faz novamente a glicemia. Se após essa carga de glicose, a glicemia estiver maior ou igual a 200 pode-se confirmar que a doença, se confirmado em outra ocasião (porque sempre precisa repetir o exame). A outra maneira é através da Hb glicada, através do método de HPLC, se maior ou igual a 6,5. Em duas amostras. Não é necessário que seja o mesmo método. P.ex: pode-se ter uma glicemia >126 e uma Hb glicada >6,5 e já se pode confirmar que tem Diabetes. Ou ainda, ter TOTG >200 e Hb glicada >6,5. Se o critério estiver no nível intermediário é considerado pré-diabetes. A glicemia de jejum entre 100 e 125; TOTG de 149 a 199 e Hb glicada de 5,7 a 6,4. A importância do pré-diabético é que, além de ter maior risco de evolução para DM, esse grupo de pessoas está associado a maior risco cardiovascular. Os hábitos de vida ou a genética da pessoa predispõe a riscos cardiosvasculares – não somente relacionado ao diabetes, até mesmo porque alguns ficam durante anos nessa fase e não evoluem para a doença. O fato de estar nessa categoria não necessariamente significa que vai ter DM. CASO 1 Um paciente assintomático traz uma glicemia de 115mg/dl (faixa de normalidade). A Hb glicada é de 6,6 (faixa de diabetes). Como os dados são conflitantes, não se pode confirmar o diagnóstico de diabetes, é necessário solicitar um terceiro exame para definir. Pode ser qualquer um dos três anteriormente mencionados. Se, pe., for 120, é pré diabetes, o que não prova que tem diabetes, é apenas PRÉ-diabetes. CASO 2 Um paciente assintomático traz seu exame de rastreamento pré-operatório, no qual a glicemia é de 130mg/dl (não pode dizer que tem diabetes, pede-se um novo exame). A outra glicemia que ela traz é de 129, p.e., aí já se pode confimar que ela tem diabetes. Porque são duas glicemias. ATENÇÃO: Em que situação você pode confirmar o diagnóstico com apenas um exame? Quando o pct tiver sintomas inequívocos da doença – os sintomas clássicos (4p’s: poliuria, polidipsia, polifagia e perda ponderal, sem causa aparente), com uma glicemia aleatória maior ou igual a 200. Nesse caso, a clínica é mais importante. O pct já tem sintomas de diabetes e o exame confirmou essa suspeita. CLASSIFICAÇÃO Uma vez que vc define o diagnóstico, vc precisa classificar o diabetes mellitus. TIPO 1 1A: autoimune TIPO 2 1B: idiopática SECUNDÁRIA (TIPOS ESPECÍFICOS) GESTACIONAL O tipo 1A é confirmado através da dosagem de autoanticorpos no sangue. E a tipo 1B diz-se que é idiopática quando não se encontra os autoanticorpos no sangue. DIABETES TIPO 2 Diabetes tipo 2 (antes chamado não-insulino-dependente ou do adulto) • Causado por resistência à insulina e por deficiência relativa de insulina • 90% dos portadores de DM • Consequência principalmente do excesso de peso e do sedentarismo • Sintomas menos intensos do que no DM tipo 1 (poucos sintomas) • Pode ser diagnosticado vários anos depois do seu início, e as complicações já podem ter se desenvolvido. 3 A medida que o tempo passa, pode ser que o pct apresente mais sintomas, mas no início tem poucos sintomas. Por essa razão, o diagnóstico é geralmente realizado muitos anos após o início da doença. COMO UMA PESSOA DESENVOLVE O DM TIPO 2? AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES Secreção de insulina: para que o indivíduo tenha diabetes, é preciso que haja um problema na secreção de insulina; se o pct tiver 400kg, mas o pâncreas ainda secretar insulina, não haverá diabetes. Redução do efeito incretina: redução de hormônios produzidos no intestino, as chamadas incretinas, que regulam tanto a secreção de insulina quanto a secreção de glucagon, assim como promove o esvaziamento gástrico e etc... Aumento da lipólise: quebra da gordura, que leva a liberação de ácidos graxos e uma série de outras alterações no sangue. Esse aumento da lipólise, pp. da gordura visceral, leva ao diabetes tipo 2. Aumento da reabsorção renal de glicose: o limiar de excreção de glicose na urina se eleva. Resistência a insulina è leva a redução da captação de glicose no músculo e aumento da produção hepática de glicose; relacionados a ação inadequada da insulina. Aumento da secreção de glucagon; que em parte está relacionado a redução das incretinas. Disfunção de neurotransmissores: não somente o peso e metabolismo é regulado pelo SN, mas também a homeostase da glicose, pp. na região do hipotálamo. O desenvolvimento do DM tipo 2 geralmente acontece em etapas. No início, vai haver uma redução progressiva da sensibilidade à insulina. A pessoa vai se tornando menos sensível a insulina e o pâncreas vai aumentando a secreção desse hormônio. Enquanto o pâncreas consegue secretar, não há diabetes, nem intolerância a glicose, nem pré-diabetes. Mas a medida que o órgão deixa de produzir insulina adequadamente, aí o começa a surgir o pré-diabetes, com intolerância a glicose. A 1a alteração observada no pct com DM é uma hiperglicemia pós-prandial - um aumento da glicemia 2h após a refeição. Na fase mais tardia, vai haver um aumento da glicemia de jejum. Por isso, que se utiliza a 4 Hb glicada, o TOTG para que se possa diagnosticar mais precocemente essa alteração de homeostase da glicose. Existem doenças que são basicamente genéticas, comoa fibrose cística, e doenças que são basicamente ambientais, como HIV e malária (embora tbm tenha componente genético). Porém, doenças como diabetes e obesidade é basicamente 50% de fatores ambientais e 50% de fatores genéticos. Se o indivíduo tem uma predisposição genética a ter diabetes, mas tem alimentação saudável e pratica exercícios regularmente, o risco de ter diabetes diminui bastante. Se, por outro lado, não tiver uma genética para ter a doença, mas tem uma alimentação inadequada, não pratica exercícios, o risco aumenta muito, mesmo sem histórico familiar. Os dois componentes são importantes para diabetes e obesidade. à HISTÓRIA FAMILIAR E DM TIPO 2 Se um dos os pais tiverem DM, o risco é o dobro. Se ambos os pais tiverem DM, o risco é mais de 5x em relação a população normal. Se um irmão tiver DM, o risco é de 2,77, mas se forem dois irmãos, salta para 36 vezes maior. Se for o cônjuge é de 1,32. Isso se deve ao aumento da obesidade no mundo. Com isso, aumenta o diabetes. Na década de 2000, metade da população brasileira já apresentava obesidade e sobrepeso, o que elevou muito o risco de diabetes. à TEORIA DO GENÓTIPO FRUGAL: por que temos a predisposição genética de ter diabetes? Isso vem desde o tempo do homem das cavernas, onde o homem caçava e coletava. Como característica da época, o alimento se tornava escasso em algumas épocas do ano. Então, as pessoas que conseguiam sobreviver por mais tempo durante o período de escassez, era quem conseguia armazenar mais gordura. Quem não tinha predisposição para armazenar gordura, tinha uma desvantagem. E essa predisposição ficou gravada no nosso DNA. Contudo, a industrialização trouxe uma alteração no estilo de vida das pessoas; em que se tem um banquete contínuo. Essa grande oferta de alimentos, somado a predisposição genética e o sedentarismo agravaram o problema. ˜uma leve divagação sobre os problemas do Brasil e o sedentarismo ˜ FATORES FISIOPATOLÓGICOS O excesso de peso está relacionado ao maior risco de desenvolver DM. Dessa forma, o excesso de peso está relacionado tbm a menor sensibilidade a insulina; a medida que vai aumentando o índice de massa corporal, vai reduzindo a sensibilidade – a pessoa se torna menos sensível a insulina; mais resistente a insulina. Até que chega ao IMC de 30 (obesidade), a pessoa já praticamente não tem sensibilidade a insulina. 1) RESISTÊNCIA A INSULINA: redução da ação biológica da insulina. Laboratorialmente, caracteriza-se por um aumento desse hormônio no sangue – hiperinsulinemia. A hiperinsulinemia pode vir com glicemia normal ou com hiperglicemia. Está associada a fatores ambientais e genéticos e é uma das causas fundamentais do DM tipo 2. à Fatores que levam à resistência a insulina: - obesidade - inatividade física/sedentarismo (para ativação do metabolismo); - qualidade da dieta (vários alimentos interferem na ação da insulina e impedem sua ação correta; - estresse (produção de hormônios contrarreguladores/do estresse: adrenalina e cortisol); - adipocitocinas, que são hormônios liberados pelo tecido adiposo e também levam ao aumento de ácidos graxos livres e contribuem para a resistência a insulina. 5 Mecanismo molecular de ação da insulina Imagem mostra a membrana celular com o receptor de insulina e o transportador de glicose. A insulina se liga ao seu receptor e o ativa; o receptor é fosforilado, o que o ativa. Essa ativação do receptor leva a ativação de duas vias de sinalização intracelulares: a via da MAP-kinase, relacionada a crescimento celular e expressão gênica (a insulina é um hormônio metabólico importante) e a via da PI3-kinase AKT, relacionada a translocação do transportador de glicose, pp. o GLUT-4 (no caso do músculo), para a membrana celular. No indivíduo que tem DM tipo 2, há insulina, às vezes até mesmo em excesso; a insulina se liga no receptor (os receptores também estão presentes) que é fosforilado, mas o problema está na via da PI-3. Se essa via é bloqueada, o transportador de glicose não vai pra membrana celular e a glicose não entra na célula, pois é o GLUT que permite a entrada da glicose na célula. Esse é o mecanismo de resistência a insulina. Mecanismo de resistência a insulina e obesidade Essa relação está primeiramente na: - Lipotoxicidade através da liberação de ácidos graxos livres. A gordura visceral (no abdome, músculo) libera ácidos graxos muito facilmente, que atrapalham a ação da insulina. - A glicotoxicidade só vai acontecer numa fase mais avançada, na qual a própria glicose atrapalha a ação da insulina. - Adipocitocinas: um dos fatores principais de resistência a insulina na obesidade. TNF-alfa, resistina, IL-6, leptina que impedem a ação adequada da insulina. Indivíduos que possuem mais gordura visceral liberam mais desses tipos de substâncias, enquanto os que tem mais gordura subcutânea liberam mais adiponectinas. Adiponectina: promove diminuição das adipocitocinas. A gordura subcutânea é responsável por eliminar essa substância. - Lipogênese ectópica: a gordura no local errado. O local ideal da gordura é no tecido subcutâneo. A gordura ectópica, no fígado, no músculo, faz mal. 2) DISFUNÇÃO SECRETÓRIA: o pâncreas para de funcionar após algum tempo, mas isso vai depender da genética. Se tiver predisposição, mesmo com 70kg, o pâncreas pode já parar de funcionar; ou ter 130kg e o pâncreas ainda secretar insulina normalmente. Importante saber isso porque os pacientes costumam perguntar muito, ao se comparar com outras pessoas: a questão genética é muito relevante aqui. O normal da secreção de insulina é ser bifásica, isto é, ao nos alimentarmos, existe uma secreção aguda e uma secreção crônica – o basal e o bolus. Mesmo sem comer, o corpo está secretando insulina a uma taxa basal. Ao comer, há um pico de insulina. É importante entender o conceito de secreção basal e bolus de insulina (ao comer) para compreender o tratamento do DM tipo 1. Na célula beta, a glicose se liga ao receptor de glicose, o ativa, e leva a um aumento de ATP, com despolarização da membrana, um influxo de Cálcio na célula e consequente liberação de grânulos secretores insulina Receptor Transportador de glicose 6 contendo insulina. Essas vesículas liberam insulina + peptídeo C. A insulina vem de uma molécula chamada de pró-insulina, que ao se quebrar, vira insulina e peptídeo C. A primeira fica pouco tempo no sangue, enquanto o peptídeo C não. Se vc quiser saber se a pessoa está produzindo muita insulina, é melhor dosar o peptídeo C do que a insulina, uma vez que há uma série de fatores que vão influenciar o nível da insulina, enquanto o peptídeo C é mais estável. A insulina é mais para saber se existe resistência a insulina mesmo. O pct que tem DM tipo 2, ao comer, não tem o pico de liberação da insulina, ou seja, ela perde a capacidade de liberar insulina quando se alimenta. Isso é a disfunção secretória. Um estudo realizado na década de 80 avaliou como estava a secreção de insulina quando elas descobriam que tinham DM2. O que se verificou é que ao descobrir a doença, a produção de insulina é cerca de metade das ilhotas pancreáticas; só é capaz de secretar metade da insulina que uma pessoa normal produz. Ou seja, o problema começou muitos anos antes, mas não foi diagnosticado. 3) INCRETINAS: GLP1 e GIP Lembrar que ao comer, além do aumento da insulina, há redução do glucagon. Se por um lado, a insulina nos faz armazenar glicose na forma de glicogênio, o glucagon faz o corpo utilizar o glicogênio para produzir glicose. As células alfa produzem glucagon e as Beta produzem insulina. O normal é ao comer aumentar a insulina e diminuir o glucagon. Em quemtem diabetes, o glucagon não cai como deveria, o que leva a maior produção de glicose pelo corpo. Isso acontece por conta dos hormônios incretinas. As incretinas são hormônios produzidos no intestino que agem nas células beta aumentando a secreção de insulina, que age nas células alfa, diminuindo a secreção de glucagon. As principais são o GLP1 e o GIP. Ao serem liberadas, pp. no intestino distal, são degradadas pela ação da enzima DDP-4 (dipeptidase4) à importante pois alguns medicamentos atuam nessa enzima. 4) AUMENTO DE GLUCAGON. 5) REABSORÇÃO DE GLICOSE PELOS RINS: em um indivíduo normal, em torno de 10mmol/L (180mg/dl), a glicose começa a ser eliminada na urina. O pct que tem diabetes, só vai liberar glicose com glicemia acima de 200-220mg/dl, ou seja, o limiar aumentou e o corpo retém mais glicose e elimina menos glicose. Existem medicamentos que reduzem esse limiar, trazendo-o para o normal, para excretar glicose pela urina com valores de glicemia mais baixos. - Neurotransmissores não se tem muitos estudos. DIABETES TIPO 1 Antes conhecido como insulino-dependente, juvenil ou de início na infância; Ocorre em torno de 5-10% da população • Produção insuficiente de insulina • Requer administração diária de insulina • Sintomas súbitos: poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso, alterações visuais e fadiga. Não se usa mais o termo “insulino-dependente” porque há pessoas com DM2 que precisam usar insulina; o uso ou não da insulina não define o tipo de diabetes que tem. Muito diferente do DM2 porque o DM1 está relacionado a produção insuficiente de insulina porque é uma doença autoimune. Nesse caso, requer administração diária de insulina. Se ela não precisa de insulina, é preciso rever o diagnóstico – com certeza não tem DM1. 7 Os sintomas são súbitos!!! Epidemiologia: o DM1 tem a característica de aparecer nos extremos do mundo – quanto mais longe da linha do equador, maior a prevalência. Isso se deve a menor exposição solar e localização dos países mais ricos. Não se pode dizer categoricamente que há relação entre os níveis de vitamina D e prevalência de DM1. RELAÇÃO FAMILIAR RISCO DE DM (%) Irmão - 6 Gêmeo idêntico - 35 (40-60%; Redondo et al. 1999) - Parente com HLA idêntico: 15 - Pai: 6 - Mãe: 1 - População geral: 0,4 a 1,5 (sem histórico familiar de DM1) Esses índices estão relacionados principalmente ao HLA: - HLA Classe 2: DQ b 57, DQ a 52, DR 3 (-DQ2), DR 4 (-DQ8) - Proteção: DR 15, DR 11, DQ6.2 FISIOPATOGENIA Na DM1, o sistema imunológico destrói as ilhotas pancreáticas. Ainda se produz um pouco de insulina, mas insuficiente para normalizar a glicemia, o que gera a necessidade de insulina diária. Há a predisposição genéticas, mas também ocorre a influência de fator ambiental: o gatilho imunológico, que ativa o sistema imunológico, fazendo com que destrua as ilhotas pancreáticas. Quando a secreção de insulina chega em torno de 10-20% aparece o DM1, isto é, cerca de 80% da ilhota pancreática tem que ser destruída para que surja a doença. Enquanto no DM2, com 50% de destruição já causa diabetes, porque há outros fatores fisiopatológicos, como a resistência a insulina. FATORES GENÉTICOS Os genes associados ao DM1 são relacionados ao sistema imunológico, são eles: HLA classe II CD25 CTLA4 E outros. Alguns genes estão relacionados a ilhota pancreática – INS (gene da insulina), PTPN22 (região promotora do gene da insulina, com polimorfismos que predispõem a DM1). HLA Antígeno linfocitário humano, codificado no braço curto do cromossomo 6, serve como fator de reconhecimento. Para que haja ativação do sistema imunológico, principalmente das células apresentadoras de antígeno e dos linfócitos T-helper, precisa do HLA. Se a pessoa tem um HLA específico que predispõe ao diabetes, ela tem maior chance de reconhecer um antígeno no meio ambiente que vai ativar o sistema imunológico e vai levar ao ataque às células beta. O HLA está presente na membrana da célula apresentadora de antígeno e do linfócito B. Ele é necessário na hora de reconhecer o antígeno; o que o seu corpo vai reconhecer, vai depender do tipo de HLA que vc tem – por isso algumas pessoas têm asma, outras artrite reumatoide, doença de Hashimoto, pq são HLAs diferentes que reconhecem antígenos diferentes. 8 FATORES AMBIENTAIS Os gatilhos que desencadeiam o sistema imunológico podem ser: Dentro da hipótese dietética, existe uma ideia de que a exposição ao leite da vaca antes dos 6 meses, predisporia a ativação do sistema imunológico e DM1 – mais fraca atualmente, mas ainda existe essa teoria. No caso da hipótese da higiene, acredita-se que o aumento das doenças autoimunes se deve ao fato de que bebês e crianças vivem em ambiente muito estéril, sem contato com antígenos, então o sistema imunológico não reconhece os antígenos, reconhecendo-os como estranhos, e ao crescer, o corpo vai interpretar como se tudo que tem no ambiente fosse estranho, atacando todos os tipos de antígeno. Essa reação cruzada pode levar ao sistema imunológico a atacar as células beta. A hipótese do acelerador envolve o crescimento acelerado na infância acelerar o processo de DM1. à O principal dos gatilhos enolve as infecções virais. - Rubéola congênita - Vírus - Enterovirus (Coxsackie, Rotavírus) - Dietéticos (Leite bovino, Gliadina, Cereal) - Hipótese da higiene - Enteróbios; crianças que tiveram infecção por Enterobius vermicularis tem menos risco de ter DM1. LADA: diabetes latente autoimune do adulto Nesse tipo de diabetes autoimune, a destruição das ilhotas pancreáticas é mais lenta. Como se fosse um tipo 1 que evolui de forma mais lenta. Pode começar parecendo como DM2, mas depois evolui como DM1. Nesse caso, é melhor pedir o anti-GAD. - forma lentamente progressiva da doença. AUTOANTICORPOS Produzido pelos linfócitos B. Servem como marcadores de doença autoimune. Para identificar se é DM1 tipo 1A. - antiInsulina (IAA) - Anti-ilhotas (ICA) - GAD65 (anti-GAD) - IA2 (anti-tirosino-fosfatase) - ZnT8 No início, logo que a pessoa descobre que tem diabetes, os anticorpos mais presentes são: IAA, ICA e IA2. Depois, o anticorpo que fica mais tempo no sangue é o Anti-GAD – o melhor a pedir caso a pessoa já tenha diabetes há muitos anos. à Doenças autoimunes geralmente ocorrem associadas; quem tem DM1 tem maior chance de ter Tireoidite crônica (Hashimoto), Doença de Addison, Doença celíaca e outras. 9 DIABETES GESTACIONAL Se não tinha diabetes antes de engravidar; aparece depois da gravidez. Após o parto, você reclassifica, se era um diabetes que ela já tinha e não sabia ou se surgiu durante a gravidez. Algumas mulheres desenvolvem diabetes nessa fase por conta dos hormônios produzidos pela placenta. As mulheres que desenvolvem diabetes gestacional têm maior risco de ter DM2 no futuro. - É a hiperglicemia com início na gravidez ou que foi detectada pela primeira vez durante a gravidez - Os sintomas de DM gestacional são semelhantes aos do DM tipo 2 - É mais frequentemente diagnosticado através do rastreamento no pré-natal. Geralmente é diagnosticado mais frequentemente nos exames de pré-natal (2o trimestre > maior produção de hormônios placentários), pelo TOTG ou glicemia. à No Diabetes, a curva glicêmica não serve para nada, a não ser em pesquisa. Existe uma diferença entre a curva glicêmica e o teste oral de tolerância a glicose. Os dois tomam o xarope de glicose. Na curva glicêmica é feita coleta de sangue de 30 em 30 min, durante 2 a 3h. Já o TOTG só dosa duas vezes: antes de tomar a glicose e depois de tomar a glicose. Nãohá necessidade de pedir curva glicêmica para diagnóstico de diabetes. NÃO SE PEDE CURVA GLICÊMICA. É TOTG. CRITÉRIOS DM GESTACIONAL – SBD 2018 Þ Glicemia de jejum > 92 mg/dl Þ Glicemia 1 h pós-glicose > 180 Þ Glicemia 2 h pós-glicose > 153 Critérios brasileiros. 75g de glicose, difere do método americano. São feitas 3 dosagens, basal, 1h e 2h depois. DM SECUNDÁRIO É causado por doenças específicas, alguns exemplos são: - MODY: diabetes do jovem ou de início na maturidade; relacionado a alteração genética: problema na secreção de insulina, com defeito no gene, cuja mutação leva a problema na secreção de insulina. - Pancreatite crônica: etilista crônico que desenvolveu uma pancreatite crônica pode desenvolver DM2, pois diminui a secreção do pâncreas devido a pancreatite. Como também pode acontecer por causa de um cálculo, todas as causas de pancreatite crônica podem levar a destruição das células beta e levar a DM2. - Síndrome de Cushing - Acromegalia - Hemocromatose: doenças de depósito; depósito de ferro no pâncreas. - Cromossomopatias (Turner e Down): crianças com essa alteração cromossômica tem maior risco de ter DM do que quem não tem essas alterações. DIAGNÓSTICO Lembrar o que é o normal, o que é o pré-diabetes e o que tem diabetes, nos quatro critérios do quadro. Lembrar que somente no caso de glicemia casual >200 com sintomas não é necessário confirmar com outro método. Devido a resistência a insulina 10 Casos de hiperglicemia transitória: uso de medicamentos corticoides em altas doses pode desenvolver um DM transitório. Se o uso for crônico, pode se tornar um diabetes secundário. Se for em um período curto de tempo não leva a DM permanente. Em casos de infecção muito grave: há liberação de uma série de hormônios de estresse – hiperglicemia transinfecciosa. Também é transitória e não é classificado como diabetes. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Diabetes assintomático: geralmente no DM2 e gestacional. Mas também pode apresentar sintomas, que vão ser ocasionados pela hiperglicemia. 1) Sintomas Decorrentes Hiperglicemia Þ Poliúria; Þ Polidipsia; Þ Polifagia; Þ Perda de peso; Þ Fraqueza; Þ Visão turva; Þ Tendência a infecções; Þ Cetoacidose diabética; e Þ Síndrome hiperglicêmica hiperosmolar. A fraqueza generalizada muscular também pode ocorrer e é muito comum no diabetes descompesado. Pode causar turvação visual, com alteração no cristalino. Tendencia a infecções, pp. micóticas (fungos, lesões genitais). Na forma grave, pode apresentar cetoacidose diabética (no DM1) ou síndrome hiperglicêmica hiperosmolar (no caso de DM2). 2) Sintomas decorrentes das Complicações Microvasculares Þ Dor, parestesias e úlceras em MMI; paralisia motoras (Neuropatia); Þ Edema, hipertensão e anúria (Nefropatia); Þ Alterações visuais, cegueira (Retinopatia) A dor pode ser em queimação, pode ter dormência nos músculos inferiores. 3) Sintomas Decorrrentes de Complicações Macrovasculares Þ Úlcera, isquemia e gangrena de MMII (Insuficiência vascular periférica), Infarto do miocárdio, AVC. Þ Sintomas clássicos: 4Ps Complicações agudas
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