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FILOSOFIA GERAL A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, em si mesmo. Ela é antes de mais nada, uma prática de vida que procura a pensar os acontecimentos além de sua aparência. Pode pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos, pode pensar a religião, pode pensar a arte, pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana. A filosofia tem, de início um caráter negativo, na medida em que começa colocando em questão tudo o que sabemos (ou pensávamos saber). Por outro lado, tem também, um caráter positivo que se revela na possibilidade de transformar os valores e as ideias predominantes, que a partir do momento em que são questionados, podem ser modificados. O lado positivo das postura crítica da filosofia consiste na possibilidade de construir novos valores e ideias. Más não resta dúvida de que essas novas formas de pensar, num segundo momento serão também colocados com dúvidas e questionadas, e assim sucessivamente. Compreendida como pensamento crítico, a filosofia é uma atividade constante, um caminho a ser percorrido, constituído, sobretudo por perguntas que são mais essenciais do que as suas possíveis respostas. Por sua própria natureza, a filosofia transforma cada resposta em uma nova pergunta, na medida em que seu papel é questionar e investigar tudo o que é pressuposto ou simplesmente dado. Por isso costuma-se dizer que as perguntas para o filosofo, são mais importantes do que as respostas. As perguntas da filosofia se dirigem ao próprio pensamento. Ela forma-se então, o pensamento interrogando a si mesmo, a filosofia se realiza como reflexão. Para Marilena Chauí a reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo para conhecer-se, para indagar como é possível o próprio pensamento. A filosofia é mais do que um refletir. Ela é o refletir sobre o refletir, A filosofia surge quando que temos saber realmente aquilo que supomos saber. Uma iniciação à filosofia visa despertar uma atividade crítica e de avaliação, para chegar a uma consciência mais clara e respeitável quando tiver que optar entre uma intimidade de possibilidades. Quem inicia-se na filosofia já não pose encarar os problemas do homem e seu mundo com uma atividade simplista de aceitação ou negação. Ele assume a responsabilidade de deixar as intenções que levam ao questionamento e mudar a realidade pelo fato de interpretá-lo. A atitude filosófica empenha-se em conhecer o mundo para transformá-lo a fim de restaurar a harmonia e a unidade no pensamento e na própria realidade da existência humana. Ter uma atitude filosófica que dizer que estamos utilizando o raciocínio fundamentado e lógico, tendo uma visão crítica e adulta da realidade e convicções sustentadas. A reflexão filosófica questiona os motivos, as razões e as causas de pensarmos o que pensamos, dizendo o que dizemos e fazer o que fazemos, o conteúdo ou o sentido do que pensamos, do que dizemos ou fazemos, a intenção é a finalidade do que pensamos, dizemos ou fazemos. Segundo Marilena Chauí “ a filosofia não é um (eu acho que) ou um (eu gosto de)”. Não é pesquisa de opinião à maneira dos meios de comunicação de massa. Não é pesquisa de mercado para conhecer preferências dos consumidores e montar uma propaganda. A filosofia trabalha com enunciados preciosos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, e passa com conceitos ou ideias obtidas por procedimentos de demonstração e prova, existe fundamentação racional do que é enunciado e pensado. Ao contrário do saber científico, a filosofia dirige um olhar crítico a qualquer hipótese ou princípio (inclusive sobre si mesma). Não aceite nenhuma afirmação “porque sim”, más porque revisa e discute em cada caso, as razões que pretendem justifica-las. Em filosofia qualquer afirmação é sustentável de reflexão e revisão, em cada caso será preciso explicar e debater hipóteses, consequências, implicações. É assim que se manifesta seu caráter essencialmente crítico. O filosofo não tem respostas prontas, elaboradas para os questionamentos. Ao contrário, quem filosofa questiona, dúvida, indaga, suspeita, abre novos caminhos, interroga, levanta suspeita para provocar reflexões, à de uma melhor forma de viver e em busca da vida feliz. O olhar crítico da filosofia torna visível o que está oculto nos modos de agir e pensar em meio as quais desde sempre estão inseridos, e consequentemente possibilita que eles sejam questionados, avaliados e transformados, nossos modos de pensar e agir só podem ser modificados se forem antes questionados, se tiverem sua legitimidade e seus limites de validade postos em questões, isto é, se forem criticados. A filosofia ocupa-se cada fez mais com a condições e os princípios do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro, com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e culturais, com a compreensão, das causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e coletivo. Com a transformação históricas dos conceitos, das ideias e dos valores, volta-se também para o estudo da consciência, comportamento, reflexão, vontade, desejo e paixão, procurando escrever as formas e os conteúdos dessas modalidades de relação entre o ser humano e o mundo. Segundo o filosofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve possuir as seguintes características. Radicalidade, ou seja, chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é aos seus fundamentos, a sua origem não só cronológicas, mas no sentido de chegar aos valores originais que possibilitam o fato. A reflexão filosófica, portanto é uma reflexão em profundidade. RIGOR: ou seja, seguir um método adequado ao objeto em estudo, com todo o rigor, colocando em questão as respostas mais superficiais, comuns à sabedoria popular e algumas generalizações científicas a apressadas. CONTEXTUALIDADE: como já se disse anteriormente, a filosofia não considera os problemas, más dentro de um conjunto de fatos, fatores e valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os problemas tanto verticalmente dentro do desenvolvimento histórico, quanto horizontalmente, relacionando-os a outros aspectos da situação e da época. Segundo Gramsci, um filosofo Italiano contemporâneo, “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filosofo, que não pense, precisamente porque pensar é próprio do homem como tal”. Isso significa que as questões filosóficas fazem parte do cotidiano de tosos nós. Assim todos nós somos filósofos, no sentido bem amplo, porque todos têm a capacidade de pensar, todos nós podemos filosofar e superar o “achismo” que marca o dia-a-dia das pessoas. Pois não basta achar, preciso ter a capacidade de pensar com coerência. Existe uma diferença profunda entre o eu acho e o eu posso, o pensar exige método e profundidade na análise, e o nosso desafio é pensar filosoficamente. O sentido do nosso desafio é partido do senso comum, aquilo que nós aprendemos no dia-a-dia, com nossos familiares e amigos, as crenças passadas para nós desde nossa infância, o conhecimento vulgar conseguido por intermédio das experiências adquiridas no decorrer da vida. Isso não significa que o senso comum seja inferior em relação às demais formas de conhecimentos. Más precisamos superar o conhecimento do senso comum, a final estamos numa esfera de estudos para produzir conhecimentos com bases filosóficas e cientificas. O ato de pensar filosoficamente possui um caminho que nos permite pensar de modo mais amplo e coerente. Assim,embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas, dependendo das premissas de pensadores, o processo de filosofia será sempre marcado por essas características, resultando uma reflexão vigorosa, radical e de conjunto. Estas são as características da reflexão filosófica, não há necessidade de decorá-las, por meio de um trabalho de memorização pura e simples, o mais importante é compreender como é fundamental ter atitudes críticas, radicais e visão de conjunto em nosso cotidiano.
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