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1 Mariana Magalhães – 5º Período Pato, Estomato e Radiologia II PRINCÍPIOS DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM RADIOLOGIA Professora Tânia Mara Pimenta Amaral Requisitos necessários: - Qualidade da radiogradia - Informações clínicas - Equipamentos adequados - Conhecimento da técnica utilizada (qual a melhor indicação para se obter a imagem: periapical x interproximal) - Sempre utilizar o negatoscópio para avaliar a radiografia Primeiro passo: Localização da alteração - Posição da lesão (qual o epicentro). Identificar a localização exata da lesão no com- plexo maxilofacial ajuda o processo diagnóstico em duas maneiras: determina o epicentro e algu-mas lesões tendem a ser achadas em localizações específicas. - Ter conhecimento de anatomia radiográfica - A lesão é localizada ou generalizada? Se um aspecto anômalo atinge todas as estru- turas ósseas da região maxilofacial, trata-se de uma lesão generalizada. - Unilateral ou bilateral? Obs.: - Lesões acima do canal mandibular normal-mente não são de origem odontogênica. - CISTO OU DEFEITO DE STAFNE: Esse defeito ósseo apresenta-se como uma região radiolúcida, assintomática, com aspecto arredondado, bordas radiopacas com diâmetro de variando de 1 a 3 mm, localizada na região posterior da mandíbula, na região de molares e ângulo da mandíbula abaixo do canal mandibular e próximo a base da mandíbula. É um cisto de desenvolvimento que causa uma depressão na cortical óssea lingual perto da glândula submandibular. - Imagem panorâmica recortada mostrando uma lesão (defeito ósseo de desenvolvimento da man- dibula/ defeito ou cisto de Stafne) abaixo do canal mandibular e, portanto, improvável ser de origem odontogênica. - Imagem radiolúcida no ápice dos dentes -> Cisto? Fazer teste de sensibilidade pulpar. - Cisto dentígero: limite amelocementário - A outra razão para estabelecer a localização exata da lesão é que anormalidades parti- culares tendem a ser encontradas em localizações muito específicas, como: - O epicentro do granuloma central de células gigantes em geral está localizado anteriormente aos primeiros molares na mandíbula e anteriormente ao canino na maxila em pacientes jovens. 2 Mariana Magalhães – 5º Período - Osteomielite ocorre na mandíbula e raramente na maxila. - Displasia óssea periapical (displasia cementária periapical) ocorre na região periapical dos dentes - Estabelecer se uma anormalidade é solitária ou multifocal ajuda a entender o mecanismo de doença da anormalidade. - A lista de possíveis anormalidades multi- focais nos maxilares é relativamente pequena. - Exemplos de lesões que podem ser multifocais em mandíbula são a displasia cementária peri-apical, tumores odontogênicos ceratocísticos, lesões metastáticas, mieloma múltiplo e infiltra-ções leucêmicas. - Na maioria dos casos, esses critérios podem servir como um guia para uma interpretação mais precisa. Segundo passo: Tipos de borda - Bem definidas Uma lesão bem definida é aquela na qual a maior parte da borda é bem definida. Ex: Cisto residual - Mal definidas Não consigo identificar onde inicia/acaba a lesão - Circular: cheia de fluido, semelhante a um balão inflado, é característica de um cisto. Ela também pode ser descrita como hidráulica - Festonada: é uma série de arcos contíguos ou semicirculares que pode refletir o mecanismo de crescimento Essa forma pode ser vista em cistos (ceratocisto odontogênico), lesões pseudocísticas (cisto ósseo simples) e em alguns tumores. Envolve as porções apicais das raízes. Preconiza-se fazer teste de sensibilidade pulpar. Imagem panorâmica de um ceratocisto odonto- gênico exibindo uma borda festonada principal- mente ao redor do ápice dos dentes associados (setas). - Circular ou de contorno regular - Crescimento lento x rápido - UNILOCULAR: Cavidade única - MULTILOCULAR: Possuem vários tipos (forma de bolha, raquete de tênis...) - Nos casos de uni ou multilocular, pode ou não ter reabsorção radicular. Contorno da lesão: - Bem definido Com cortical esclerótica (branca) Sem cortical esclerótica (lesão sem borda, mas bem definida) 3 Mariana Magalhães – 5º Período Imagem periapical mostra uma transição gradual do trabeculado denso de osteíte esclerosante (seta curta) ao padrão trabecular normal perto da crista do processo alveolar (seta longa). Isto é um exemplo de uma borda difusa e irregular. Terceiro passo: Análise da estrutura interna - Radiolúcida - Radiopaca - Mistas (Ex.: Radiopaco com halo radiolúcido) - Um interior totalmente radiolúcido é comum nos cistos, e um interior totalmente radiopaco é obser- vado nos osteomas. Uma estrutura interna de densidade mista é vista como a presença de estruturas calcificadas (brancas) contra um fundo radiolúcido (preto). Exemplos: - Cisto odontogênico calcificante (COC): estrutura interna mista Distribuição relativa da ocorrência de COC: - Cementoblastoma: imagem radiopaca com halo radiolúcido envolvendo a lesão aderida ao ápice - Odontoma: estrutura interna mista, não está aderido ao dente. Pode ser complexo (massa amorfa com elementos indiferenciados) ou com- posto de dentículos (diferença de densidade entre esmalte e dentina - Deslocamento de dentes: Tumor odontogênico adenomatóide -> Área radiolúcida unilocular, circunscrita, em 75% dos casos associada à coroa de um dente não-irrompido, frequentemente um canino. Dessa forma, pode ser radiograficamente idêntico a um cisto dentígero. Uma característica que pode diferenciar o tumor odontogênico adeno- matóide do cisto dentígero é que no tumor a lesão pode envolver o dente além da junção amelo- cementária, englobando parte da raiz. Quarto passo: Efeito sobre as estruturas vizinhas - Estruturas dentais - Estruturas ósseas - Densidade e padrão trabecular - Em casos que ocorre reabsorção radicular e deslocamento de dente (divergência radicular) geralmente trata-se de lesão com potencial mais agressivo, pois consegue reabsorver uma estrutura mineralizada. - O deslocamento dentário é visto mais comumente em lesões expansivas de crescimento mais lento. A direção do deslocamento dentário é significativa. 4 Mariana Magalhães – 5º Período - As lesões com um epicentro acima da coroa dentária (cistos foliculares e ocasionalmente odontomas) deslocam os dentes apicalmente. Devido ao querubismo se originar e crescer no ramo mandibular, ele tem uma propensão a empurrar molares na direção anterior. - Algumas lesões (linfoma, leucemia, histiocitose de célula de Langerhans) crescem na papila de dentes em desenvolvimento e podem empurrar o dente em desenvolvimento em uma direção coronal. - O alargamento do espaço correspondente ao ligamento periodontal pode ser visto em diferentes tipos de anomalias. É importante observar se o alargamento é uniforme ou irregular e se a lâmina dura continua presente. Por exemplo, a movimen- tação ortodôntica dos dentes leva ao aumento do espaço correspondente ao ligamento periodontal, mas a lâmina dura permanece intacta. As lesões malignas podem crescer rapidamente abaixo do ligamento periodontal, resultando em um alargamento irregular e destruição da lâmina dura. - CISTO DENTÍGERO: Pode envolvertodo o dente, ocorre em dentes intra-ósseos. Imagem radiolú- cida, não forma material radiopaco em seu interior. Alteração do padrão trabecular - Essas variações são resultantes da diferença no número, comprimento, largura e orientação das trabéculas. Por exemplo, na displasia fibrosa, o trabeculado normalmente é maior em número, menor, e não está alinhado em resposta ao estresse aplicado ao osso, mas é aleatoriamente orientado, resultando nos padrões descritos como aspecto de casca de laranja ou de vidro fosco. Outro exemplo é o estímulo à neoformação óssea em um trabeculado já existente em resposta a uma inflamação. Isso resulta em um trabeculado espesso, dando à área uma aparência mais radiopaca. - Pequena lesão de displasia fibrosa entre o incisivo lateral e o canino demonstra uma mudança no padrão ósseo. Um número maior de trabéculas por unidade de área está presente, e o trabeculado é pequeno, fino e orientado ao acaso num padrão de casca de laranja. Quinto passo: Formulação das hipóteses diagnósticas - Para poder diagnosticar, precisamos primei- ramente conhecer a normalidade. - Punção: Análise do conteúdo aspirado (variação de coloração) Conteúdo Sólido Conteúdo Líquido - Líquido amarelo-cítrico: Ameloblastoma ou cisto dentígero - Múltiplas lesões: Observar paciente como um todo - Displasia cento-óssea: múltiplas lesões, radio- pacas ou radiolúcidas. Tratamento: manter os dentes. - Osteomielite: Reabsorção do tecido ósseo. Trata- mento com antibiótico. 5 Mariana Magalhães – 5º Período Interpretação Tomográfica - A tomografia é uma imagem tridimensional, que mostra volume (anterior-posterior, superior-inferior, direita esquerda). - O software é capaz de fatiar esse volume na direção necessária. - Existem 3 cortes: Axial (suprainferior) Sagital (látero-lateral paralelo à linha média) Coronal (ântero-posterior). - Cortes parassagitais ou orto-radiais são os cortes perpendiculares ao rebordo alveolar (segue a curva). - Radiopaco: hiperdenso - Radiolúcido: hipodenso RESUMO: Passo 1: localizar a anormalidade • Posição anatômica (epicentro) • Localizada ou generalizada • Uni ou bilateral • Simples ou multifocal Passo 2: avaliar a periferia e a forma Periferia • Bem definida • Perfurada • Corticalizada • Esclerótica • Cápsula de tecido mole • Mal definida • Difusa • Invasiva Forma • Circular • Festonada • Irregular Passo 3: analisar a estrutura interna • Totalmente radiolúcida • Totalmente radiopaca • Mista (descrever padrão) Passo 4: analisar os efeitos sobre lesões nas estruturas adjacentes • Dentes, lâmina dura e espaço do ligamento periodontal • Canal do nervo alveolar inferior e forame mentual • Seio maxilar • Densidade do osso adjacente e padrão trabecular • Cortical óssea externa e reações periosteais Passo 5: formular a interpretação
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