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Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 1 PATOLOGIA, ESTOMATOLOGIA E RADIOLOGIA I Prof.: Karine INFECÇÕES VIRAIS COM MANIFESTAÇÕES BUCAIS ESTRUTURA VIRAL: - A estrutura viral básica, é composta por: Material genético (DNA ou RNA) Envelope (Bicamada lipídica, muito importante tanto para a patogenicidade do vírus, tanto para o tratamento) Capsídeo Proteínas de associação - Eles são considerados parasitas intrace- lulares obrigatórios, pois dependem de célu- las para de multiplicarem. HERPES VÍRUS HUMANO (HHV) - Herpetoviridae - Herpes vírus simples (HSV) – vírus de DNA - Herpes simples tipo I (HSV-1 ou HHV-1) - Herpes simples tipo II (HSV-1 ou HHV-2) - Vírus do varicela-zoster (VZV ou HHV-3) - Vírus Epsten-Barr (EBV ou HHV-4) - Citomegalovírus (CMV ou HHV-5) - Vários outros descobertos recentemente (HHV-6, HHV-7 e HHV-8) - Os seres humanos são os únicos reserva- tórios naturais para esses vírus, que são mundialmente endêmicos e compartilham de muitas características; - Todos os oitos tipos causam uma infecção primária e se mantêm latentes no interior de certos tipos celulares por toda a vida do indivíduo; - Quando reativados, esses vírus estão associados a infecções recorrentes que podem ser sintomáticas ou assintomáticas; - Os vírus são liberados na saliva ou nas secreções genitais - vias de infecção; - Nem todas as pessoas que são infectadas pelo vírus vão desenvolver a doença Herpes Vírus Simples Tipo I - Dissemina-se predominantemente através da saliva infectada ou de lesões periorais ativas; - Atua melhor em regiões oral, facial e ocular; - Muito comum de se ver na clínica - Divisão teórica: o HHV-1: Geralmente acomete regiões acima da cintura; infecção por saliva infectada, lesões ativas na boca e região perilabial o HHV-2: Geralmente afeta regiões abaixo da cintura; regiões genitais, contato sexual Ciclo Vital do Vírus: - Contato direto com o vírus (geralmente no início da vida – bebê/criança) - Contato primário - Infecção subclínica: Sinais e sintomas não são bem definidos - Hospedeiro fica soropositivo, e vírus fica latente, com esse vírus latente pode ocorrer duas situações: o Resolução: Manifestação da doença na forma secundária, com lesões na boca o Reativação do vírus: em algum momento da vida (+ de 1 vez) O que leva a reativação? INFECÇÃO PRIMÁRIA: Contato entre 6 meses e 5 anos de idade - Jovens/ Adultos - Em 90% dos casos é assintomática Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 2 - Sintomas: Linfadenopatia cervical anterior, calafrios, febre, náusea, anorexia - Gengivoestomatite herpética aguda (acomete principalmente a gengiva): quadro de edema com formação de vesículas (presença do vírus nessas vesículas). Essas vesículas acabam se rompendo, e o tecido fica ulcerado. - Se manifesta mais em gengiva inserida - Disseminação: Panarício herpético (auto inoculação, ou transmissão paciente-dentista pela não utilização de luvas) - Ulcerações - Envolvimento das Amígdalas (Infecção primária mais tardia – paciente mais velho). - Faringotonsilites, dor de garganta, febre, mal estar, cefaléia INFECÇÃO SECUNDÁRIA: HSV-1 - O vírus latente é reativado - Ocorre em adultos - Pode ser sintomática ou assintomática - Sinais e sintomas prodrômicos (6-24horas antes). Dor, ardência, prurido, formigamento, calor e eritema localizado ocorre de 46-60% dos casos). - Não há comprometimento sistêmico - Transmissão: Períodos de liberação assinto- mática do vírus ou a partir de lesões ativas. - Localização: lábios e pele adjacente (mais comum) - Mucosa oral, gengiva inserida, palato duro. - Herpes labial e perioral; herpes intraoral - Pode ocorrer também a auto inoculação - As lesões em pacientes imunossuprimidos são maiores e os quadros são mais acentua- dos, com um maior tempo de duração - Diagnóstico diferencial: Ulceração aftosa recorrente (mucosa livre/móvel) - Pacientes imunossuprimidos Diagnóstico: - Aspecto clínico, histórico do paciente - Cultura, esfregaço, biópsia, sorologia, teci- dos moleculares - Anticorpos do HSV Histopatologia: - Células de Tzanc Tratamento e Prognóstico: Infecção primária: - Terapia de suporte (hidratação, repouso, analgésicos e antipi-réticos) - Antivirais tópicos nos três primeiros dias ou nos sinais prodrômicos (Aciclovir) - Orientação: restringir contatos com lesões ativas, higiene cuidadosa. Infecção secundária: - Higiene rigorosa - Terapia de suporte (hidratação, repouso, analgésicos e antipiréticos) - Antivirais tópicos nos três primeiros dias ou nos sinais prodrômicos (Aciclovir) Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 3 - Orientação: restringir contatos com lesões ativas, higiene cuidadosa. - Laser terapia VARICELA HHV-3 ou VZV Virus varicela zoster - Varicela (Catapora) - Herpes-Zoster (Cobreiro) - Mais de 90% da população é infectada até os 15 anos - Transmissão por via respiratória, e através da corrente sanguínea de reproduz e passa para outras células e órgãos Varicela (Catapora): - Desenvolve geralmente em crianças entre 5 e 9 anos de idade - Incubação 10 a 21 dias - Maioria dos casos é sintomático - Sinais e sintomas prodrômicos (febre, mal estar, rinite, faringite) - Exantema pruriginoso (erupções cutâneas): Face e tronco, seguidos pelas extremidades - Quando afeta a região oral, provoca lesões na borda do vermelhão labial, palato, mucosa jugal, e pode ser confundido com o herpes simples - Vesículas branco-opacas, de 3 a 4mm - A prevalência e número de lesões orais correlacionam-se com a gravidade da infecção extraoral Período infectante: - Dois dias antes do eritema até que todas as lesões formem a crosta - Lesões orais Complicações: - Mais comuns em adultos - Infecção durante a gravidez: catapora congênita neonatal - Infecções cutâneas secundárias - Uso de AAS NÃO É RECOMENDADO!! Pode haver uma reação do medicamento com o vírus, e causar complicações graves no fígado, no sistema nervoso (Síndrome de Reye) - O diagnóstico é feito pelas características clínicas (Lesões em pele, tronco, boca) Terapia de suporte: - Terapia para se aliviar os sintomas - Banho morno com sabão (triclosan – atua na bicamada lipídica do vírus) - Loções pruriginosas (pasta d’água) - Antipiréticos - Antivirais orais (casos mais graves) - Vacina Infecção secundária da Varicela: Herpes- Zoster Herpes-Zoster - “Cobreiro”: - Vírus varicela-zoster VZV ou HHV-3 - Infecção primária: Varicela - Latência do vírus principalmente no gânclio espinhal dorsal Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 4 - Apenas uma recidiva é esperada - Fatores predisponentes para a ativação: o Imunossupressão: Infecção pelo HIV o Drogas citotóxicas ou imunossupressoras o Uso abusivo de álcool o Neoplasias malignas o Radiação o Senilidade o Estresse o Tratamento dentário - Afeta de 10 a 20% da população, e sua incidência aumenta com a idade Características clínicas: Fase prodrômica (1-4 dias) - Dor intensa (90% dos casos) - Febre / cefaléia - Dor mascarada Fase aguda (2 a 3 semanas) - Vesículas - Pústulas - Crostas - Respeito à linha média (unilateral) Fase crônica (2 meses a 1 ano) - 15% dos pacientes - Neuralgia pós-herpética (difícil de tratar) - Maiores de 60 anos Diagnóstico: - É feito com base nas características clínicas, que são fáceis de serem identificados - Unilateralidade e dor são característicasbem específica da doença - Esfregaço e cultura, para lesões maiores, para pesquisa, quadro sistêmico, pacientes em ambiente hospitalar - As alterações podem ser semelhantes à do herpes simples Tratamento e prognóstico: - Resolução natural - Terapia de suporte: Antivirais: iniciar em até 72horas após o aparecimento da 1ª vesícula; Aceleram o processo de cicatrização e reduzem a dor Diminuem a prevalência de neuralgia pós- herpética Vacina: Zostavax® (dose única) Mais eficaz em pessoas acima dos 60anos Reduz a ocorrência da doença em 50%, diminui a ocorrência de neuralgia em 67% Complicações: - Dependendo do nervo que é afetado, pode levar à complicações graves, como por exemplo alterações oculares, provocando problemas de visão, cegueira - Se o vírus afeta o nervo facial, pode lesar várias estrutura que são inervadas por ele - Lesões orais aparecem quando tenho esse vírus latente na região de cabeça e pescoço, principalmente no nervo trigêmeo. Afeta mucosa móvel ou aderida, e as lesões são semelhantes, brancas, que vão levar a úlceras na região. Lesões unilaterais. Mononucleose Infecciosa: - Também chamada de febre glandular, mono, “doença do beijo” - Virus Epstein-Barr (EBV, HHV-4) – 90% dos adultos são infectados, mas podem ou não desenvolver a infecção Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 5 - Transmissão por contato íntimo, principal- mente saliva - Incubação de 4 a 6 semanas - Células alvo: Linfócito B (envolvimento ganglionar) - Crianças: Assintomática (febre, prostração) - Adultos jovens: Sintomática (Quadro mais visível) - Sinais e sintomas prodrômicos: fadiga, mal estar, anorexia (2 semanas antes da febre) - Febre alta (38/39ºC) contínua e duradoura (2 a 14 dias) - Faringite, tonsilite, linfadenopatia cervical e axilar (linfonodos aumentados, simétricos, sensíveis) - Petéquias: 25% dos pacientes (palato duro, palato mole) – Fase transitória Complicações: - Obstrução das vias aéreas superiores - Hematológicas: anemia, plaquetopenia - Neurológicas - Artralgias, mialgias - Esplenomegalia (aumento no tamanho do volume ocupado pelo baço) - Comprometimento do fígado – aumento das transaminases Diagnóstico: - Avaliação clínica e confirmação laboratorial - Exames hematológicos: Linfocitose (presença de linfócitos atípicos), Plaquetopenia/Tromboci- topenia - Sorologia positiva para anticorpos heterófi- los de Paul-Bunnell (90% dos adultos) - Pesquisa de anticorpos inespecíficos: Anticorpos heterófilos de Paul-Bunnet o Teste rápido o Eficaz em adultos na presença de sinto´- mas (reações cruzadas) o 70% de falso-negativo em crianças e paci- entes imunossuprimidos - Pesquisa de anticorpos específicos (Antígeno capsídeo viral VCA): o IgG VCA: presente após 2-4 semanas o IgM VCS: presente no início da infecção PCR: para pesquisa EBV-DNA; pacientes imunossuprimidos Tratamento e prognóstico: - Regressão lenta (4 a 6 semanas) - Terapia de suporte: Analgésicos, antitérmi- cos e antiinflamatórios (Exceto AAS e antiin- flamatórios não esteroidais) - Repouso (fígado e baço) - Não prescrever antibióticos, pois podem levar à infecções cutâneas - Corticosteroideterapia: uso controverso (casos mais graves) Citomegalovírus: - Vírus CMV ou HHV-5 - Transmissão por via respiratória (ar, saliva), via sexual, mãe para o feto - Infecção inicial -> Latência -> Reativação Latência ocorre nas glândulas salivares, endotélio, macrófagos e linfócitos - Incubação: alguns dias a poucas semanas - 30 anos de idade: 40% da população infectada - 60 anos: 80% - 100% Características clínicas: - 90% das infecções pelo CMV são assinto- máticas - Doença mais evidente em recém nascidos e imunossuprimidos - Semelhante a um quadro gripal: febre persistente, tosse, dor muscular e articular Complicações- quadros mais graves: - Hepatoesplenomegalia (Aumento do fígado, do baço) Mariana Magalhães – Odonto UFMG 4° Período 6 - Trombocitopenia (petéquias hemorrágicas) - Lesões ulceradas e dolorosas que podem acometer todo o aparelho digestivo, incluindo a mucosa bucal (imunossuprimidos) - Coriorretinite, que poderá levar à cegueira (pacientes com AIDS) - Diagnóstico diferencial: Mononucleose infecciosa (somente 1/3 apresenta faringite e linfadenopatia) - Ulcerações orais crônicas: Vistas com freqüência na AIDS Diagnóstico: - Clínico + confirmação laboratorial - Sorologia: CMV IgM (exposição recente) e CMV IgG (exposição passada) - Exame histopatológico: alterações celulares sugestivas (Hibridização in situ ou imuno- histoquímica para confirmação) Tratamento e prognóstico: - Imunocompetentes: Regressão espontânea Terapia de suporte - Imunossuprimidos: Tratamento com anti- virais Restabelecimento da condição imunológica (terapia HAART) REVISÃO:
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