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EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PROFESSORES Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira Dr. José Augusto Victória Palma Dra. Ângela Pereira Teixeira Victória Palma Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza 2 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de; PALMA, Ângela Pereira Teixeira Victória; PALMA, José Augusto Victória; SOUZA, Vânia de Fátima Matias de. Educação física no ensino fundamental - anos finais e ensino médio. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira; Ângela Pereira Teixeira Victória Palma; José Augusto Victória Palma; Vânia de Fátima Matias de Souza. Maringá - PR.:Unicesumar, 2018. 180 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Educação Física . 2. Planos de Aulas . 3. componente curricular 4. EaD. I. Título. CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Agnaldo Lorca Ventura, Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira, Ilustração Marta Sayuri Kakitani, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Janes Fidélis Tomelin Diretoria Executiva de Ensino Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino autores Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira Pós-doutor em EducaçãoFísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS - 2014), doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP - 1999), mestrado em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM - 1988) e graduado em Educação Física pela Universidade do Norte do Paraná (1979). Atualmente, é professor Associado nível C da Universidade Estadual de Maringá. Integrante do Programa de Pós-Graduação Associado UEM-UEL em Educação Física, com orientações em nível de mestrado e doutorado. Tem experiência na área de Educação Físi- ca, com ênfase em Métodos e Técnicas de Ensino e Metodologia da Pesquisa, atuando, principalmente, nos seguintes temas: formação profi ssional, currículo, atividade física e saúde, educação física escolar, atividade física e obesidade. Consultor Ad hoc do Ministério da Educação/SESu/INEP para comissões de ava- liação institucional e de autorização e reconhecimento de cursos em educação física. Atuação como Consultor do Ministério do Esporte na Secretaria Nacional de Esporte, Lazer e Inclusão Social (SNELIS) como Coordenador Pedagógico Nacional dos Programas de Esporte Educacional. Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/5845836567219056>. Dr. José Augusto Victória Palma Doutorado e Mestrado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (1997 e 2001) e graduado em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (1975). Foi Professor do Quadro Próprio do Magistério no Estado do Paraná na Educação Básica (1979-1992). Atualmente, é Professor Associado nível C da Universidade Estadual de Londrina, na qual atua na graduação em Educação Física-Licenciatura desde 1979. É docente, também, no curso de pós-graduação lato-sensu Educação Física na Educação Básica. Atu- almente é Chefe do Departamento de Estudos do Movimento Humano do Centro de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina gestão 2016/2018 Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/6372133976406968>. autores Dra. Ângela Pereira Teixeira Victória Palma Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2001), mes- tre em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (1997) e graduada em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (1983). Atualmente, é Professora Associada nível C da Universidade Estadual de Londrina, atuando na graduação em Licenciatura em Educação Física e no Programa de Mestrado em Educação na Linha Docência: saberes e práticas. Estudos com ênfase na Formação de Professores de Educação Física, atuando, principalmente, nos seguintes temas: educação física, formação intervenção profi ssional docente, construtivismo e organização curricular. Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/8821173290289293> Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2014). Mestre em Educação Física pela UEM (2009). Graduada em Pedagogia pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafi pa/2000) e graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/2000). Pro- fessora Adjunta do Departamento de Educação Física da UEM. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar (GEEFE/CNPq). Tem expe- riência na área de Educação, com ênfase em Educação Física Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas: infância, estágio supervisionado, formação profi ssional e políticas públicas. Currículo Lattes disponível em: <http://lattes. cnpq.br/7642081335847897>. apresentação do material EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO O ensino da Educação Física não se coloca como uma tarefa fácil, apesar de muitos acharem que se trata apenas de um momento descontraído e sem vínculo com o processo formativo geral da escola. Esse engano é fruto do processo histórico vivido pela área e que se consolidou no imaginário social ao longo desse percurso vivido pela Educação Física. A busca pelo rompimento desse imaginário vem se desenvolvendo desde o início da década de oitenta do século passado. E é nesse sentido que o material que selecionamos para você, neste livro, visa contribuir. Para tanto, propusemo-nos a apresentar um pouco desses equívocos e de como estamos superando o estágio da “prática pela prática”. Será muito importante tê-lo(a) nessa tarefa de valorizar, dar sentido e significado à Educação Física Escolar, pois defendemos que ela é de suma importância para o processo formativo e informativo de todos que estão no processo educacional, da Pré-Escola ao Ensino Médio, período em que temos participação legal e legítima. Para auxiliá-lo(a) nesse intento, organizamos este material apresentando como se deu a superação da atividade para componente curricular, como se apresenta uma organização curricular baseada em conceitos significativos e como devemos nos preocupar com o processo avaliativo em Educação Física. Ainda como forma de contribuição nessa tarefa de fundamentação e suporte da área, nos preocupamos em demonstrar como utilizar a ferramenta dos mapas conceituais como estratégia didática e, por fim, exemplificamos vários modelos de planos de aulas de apoio para as experimentações que terão ao longo do curso em seus estágios e práticas pedagógicas. Não se esqueça: nossa participação no setor educacional, enquanto educadores físicos, é de suma importância, mas precisamos continuamente demonstrar isso por meio de uma organização curricular consistente, de procedimentos metodológicos integrados e interdisciplinares, de recursos didáticos em nossas aulas e, também, de acordo com os processos avaliativos que aplicaremos. Você tem muitas dessas ferramentas nesse livro, faça bom uso dele! UNIDADE I EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DE SIMPLES ATIVIDADE PARA COMPONENTE CURRICULAR 16 A Educação Física como atividade física: mitos e verdades 20 A Busca pela Superação da Prática pela Prática 24 A Educação Física como Componente Curricular: compromissos pedagógicos 28 O objeto de referência na organização e sistematização dos conteúdos na Educação Física Escolar 31 Considerações fi nais 37 Referências 38 Gabarito UNIDADE II A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 44 A criança e o adolescente que frequentam o Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio 48 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Física - Ensino Funda- mental (Anos Finais) e Ensino Médio 52 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Física para Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio 56 A organização dos conteúdos para o Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio 62 Conteúdos Básicos da Educação Física 66 Considerações fi nais 72 Referências 73 Gabarito UNIDADE III ASPECTOS AVALIATIVOS DA/PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 78 O que avaliar e como avaliar 80 Por que e para que avaliar em educação física sumário sumário 82 Avaliação em educação física e possíveis instrumentos avaliativos em edu- cação física 93 Considerações fi nais 98 Referências 99 Gabarito UNIDADE IV MAPA CONCEITUAL DOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ESTRATÉGIA INTE- RESSANTE E ÚTIL 104 Mapa Conceitual enquanto Estratégias de Ensino na Educação Física Escolar 108 Mapas Conceituais e sua importância didática 110 Como organizar mapas conceituais utilizando o núcleo movimento e saúde para a Educação Física Escolar do Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensi- no Médio 118 Considerações fi nais 124 Referências 125 Gabarito UNIDADE V PLANOS DE AULAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL, ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 130 Estruturação de Plano de Aulas para Ensino Fundamental (Anos Finais) e para o Ensino Médio132 Apresentação de exemplos de planos de aulas para o ensino da educação física 173 Considerações fi nais 178 Referências 178 Gabarito 179 CONCLUSÃO GERAL Professor Dr. Amauri Aparecido Bassoli Oliveira Professor Dr. José Augusto Victoria Palma Professora Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A Educação Física como atividade física: mitos e verdades • A Busca pela Superação da Prática pela Prática • A Educação Física como Componente Curricular: compromissos pedagógicos • O objeto de referência na organização e sistematização dos conteúdos na Educação Física Escolar Objetivos de Aprendizagem • Compreender o processo histórico da Educação Física Escolar. • Identifi car avanços no entendimento da Educação Física no contexto escolar. • Reconhecer o compromisso pedagógico do professor de Educação Física. • Entender o objeto de referência da disciplina Educação Física no processo ensino-aprendizagem. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DE SIMPLES ATIVIDADE PARA COMPONENTE CURRICULAR unidade I INTRODUÇÃO N a história da organização curricular, as disciplinas escolares estão presentes. Elas foram criadas com o propósito de dis- ciplinarização e ordem dos conteúdos que eram ensinados. Com o passar dos anos e com ampliação dos estudos sobre or- ganização curricular, a escola continua se utilizando das disciplinas com o mesmo sentido, disciplinarizar e ordenar os conteúdos para efeitos do processo ensino-aprendizagem. Temos observado que, na história, a disciplinarização na Educação Física, mais do que ordenar práticas motoras, também disciplinava cor- pos; surge, assim, a compreensão popular da área em educação do físico. No caso da educação brasileira, a inserção da Educação Física, em seu contexto, apresenta finalidades e propósitos bastantes definidos que lembram a disciplinarização das ações motoras e o rendimento esportivo como referência. Romper com essa concepção instituída requer ousadia, e coloca o professor em situação de risco, porque ele deixará de seguir o manual preestabelecido. Desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, o entendimento da Educação Física no contexto escolar ganha outros con- tornos conceituais, auxiliando o professor na ressignificação da compre- ensão da área e na organização do seu plano pedagógico. O que pretendemos, nesta unidade, é mostrar um pouco do processo his- tórico dessa educação e argumentar em favor do entendimento da área como um componente curricular com bases socioculturais e também científicas. Conduzimos nossos argumentos na perspectiva histórico-cultural de educação e, decorrente disso, estabelecer que nosso objeto de conheci- mento, fonte de organização dos conteúdos para a Educação Física, será o movimento humano com sentido e significado, tornando-se uma prá- tica corporal significativa e uma instância privilegiada para aprendiza- gens, indicando procedimentos didático-pedagógicos que a caracterizam como um dos componentes curriculares da Área de Linguagens. 16 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO A história da educação brasileira e da Educação Fí- sica na escola sempre estive vinculada a um pensa- mento orientado pela dimensão social e política de nação que se apresentava no momento. Esse pensa- mento de nação teve sua origem em formas de pen- sar e ideias europeias (ROMANELLI, 1980; SOA- RES, 1992). Por isso, a primeira ideia de Educação Física é a de que ela é uma área de atividades físicas. Foi a partir da Lei de Diretrizes Base Educação Nacional 5.692/71, que a disciplina Educação Física na escola, como atividade física, ganha força na le- galização como obrigatória nos currículos escolares (BRASIL, 1971a). Inicialmente, com a necessidade de se ter os jovens preparados para as demandas socioculturais, e principalmente econômicas, os ob- jetivos para a disciplina de Educação Física se or- Educação Física como Atividade Física: Mitos e Verdades EDUCAÇÃO FÍSICA 17 ganizaram em torno da prática de atividades físicas, para desenvolver alunos mais rápidos, fortes, hábeis e preparados para a força de trabalho. Essa forma de pensar a disciplina Educação Física foi a que mais influenciou a concepção da área nos cinquenta anos finais do século XX. Esse modelo de pensamento está preconizado no paradigma industrial, tendo como dimensões normativas a racionalidade e a tec- nicidade (BERTRAND; VALOIS, 1994). Tendo essas dimensões como orientadoras, a Escola e a Educação Física Escolar devem atender a uma verdade única definida por especialistas, tecnó- logos ou universitários e não pelos docentes ou pela escola. O que se define como aquilo que será ensi- nado apresenta uma estrutura hierárquica que deve ser seguida, do mais simples para o mais complexo, da parte para o todo, sendo que o todo passa a ser a soma das partes e não a sua inter-relação. O ensino, nessas dimensões, reduz-se às formas e estratégias de comunicação com destaque à utiliza- ção cada vez mais sofisticada de tecnologias da co- municação. Consideram, ainda, que a avaliação da aprendizagem tem que ser medida pela sua eficácia, de caráter somativo, considerando inúteis as ativi- dades reflexões, análises e abstrações, tendo como eficaz a retroação imediata das suas experiências, ou seja, se for útil, será verdadeiro. Com a orientação dessas dimensões, o objeto de referência para a Educação Física Escolar é o traba- lho físico corporal, sendo, também, o que definia o planejamento das aulas, a organização do horário e espaços escolares de sua efetivação, a divisão de turmas pelo sexo. Essa divisão com esta forma de pensar Educação Física era necessária, pois meni- nos e meninas apresentam aptidão física diferentes e respondem corporalmente de forma diferente aos esforços a que são solicitados. Outra característica do modelo que utiliza o tra- balho físico corporal é a distribuição das aulas na semana, sendo três aulas semanais em dias interca- lados, pois, observando um princípio do treinamen- to físico-esportivo, é necessário para a recuperação física dos praticantes; transforma a ação pedagógica em mera tarefa instrumental, altamente sistematiza- da, organizada em uma rotina mecânica. Ao ser concebida como atividade física, seu ob- jetivo maior era preparação de pessoas sadias, como movimentos eficientes para o mundo do trabalho e, com isso, contribuir com o processo de industriali- zação que se iniciou após 1964. Essa situação retrata um fazer pedagógico preocupado em aplicar ativi- dades recreativas e/ou ligadas ao desenvolvimento de habilidades físico-motoras de cunho esportivo, muitas vezes, objetivando o condicionamento físico e a aptidão física (PALMA, 2001). Por ser uma instituição social, a Escola visa a realização de determinados fins. Para conse- gui-los, a instituição adota procedimentos que se popularizou chamar de “estratégias pedagógi- cas”. Estas, também denominadas de tendências pedagógicas, estão permeadas por pressupostos teórico-metodológicos oriundos da forma de conceber o mundo, a educação escolarizada, a di- nâmica social etc. As práticas educativas que acontecem no inte- rior da escola estão estruturadas por meio dos pres- supostos de uma ou outra tendência. A Educação Física brasileira, ao estar inserida no contexto esco- lar, por força de lei desde o início dos anos de 1930, também apresenta, na maioria de suas ações, os pressupostos de tendências educacionais, principal- mente aquelas que Saviani (1987; 1992) considera como não críticas, tais como: tradicional, tecnicista e crítico-reprodutivista. 18 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Observamos que a EducaçãoFísica escolar bra- sileira está fortemente caracterizada, em seu proces- so histórico, como área de atividade. Por ser área de atividades, ela apresenta como conteúdo a ser trans- mitido apenas as próprias atividades, e os seus fins e objetivos se confundem com o higienismo e o com- petitivismo, na tendência tradicional e tecnicista de educação. Para Castellani Filho (1988), ao se carac- terizar como área de atividades, a Educação Física passa a ser entendida como: [...] ação não expressiva de uma reflexão teó- rica, caracterizando-se dessa forma, no “fazer pelo fazer” [...] uma mera experiência limitada em si mesma, destituída do exercício da siste- matização e compreensão do conhecimento, existente apenas empiricamente (CASTELLA- NI FILHO, 1988, p. 108). Podemos afirmar que a Educação Física, desde 1971, ao ser expressa na Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional 5.692/71 e no Decreto 69.450/71, apresenta-se e se identifica como área de atividades e sua concepção está fundamentada nos pressupostos da pedagogia tecnicista de educação, cujo paradig- ma e dimensões apresentamos anteriormente. Ainda, atualmente, em muitas situações de aula, encontramos presente, nas ações de professores em sala de aula, características procedimentais, tais como estas que nos permite essa afirmação: • Atitudes formais e autoritárias na relação com os alunos. • Educação Física como cumprimento mecâni- co e rigoroso do exercício. • Corpo como objeto a ser melhorado em seu rendimento. • Aula igual a sessão de aprendizado e treina- mento esportivo. • Incentivo ao sentido individualista e compe- titivo das relações sociais. • Educação Física como produto acabado e seu propósito educacional vinculado ao atendi- mento de necessidades socioeconômicas. • Movimento gestual codificado (gesto téc- nico desportivo) como meta para ser efeti- vado e de acordo com o modelo da eficiên- cia biomecânica. • Planejamento da aula organizada por ativida- de e em dias alternados, pois é orientada pelo princípio do treinamento esportivo com gra- duação de intensidade e esforço, e com dura- ção pré-definida de acordo com a exigência motora e física. Tendo esse processo histórico como referência, po- demos considerar que, no ensino da Educação Física, a atividade com fim nela mesma se apresenta forte- mente arraigada. O mito que queremos demonstrar é que ela, por ser atividade pela atividade, não pode atender às demandas de um processo educacional crítico-reflexivo com sentido emancipatório. A que- bra do mito somente se tornará possível devido aos avanços nos estudos e pesquisas tanto da área da educação quanto da Educação Física. Aqui, é importante refletirmos em que medida essa concepção atende aos anseios e necessidades socioeducacionais e de que forma, sendo atividade, contempla a sua raiz, ou seja, ser um espaço de for- mação de atletas e de condicionamento físico. Nem um e nem outro! Tendo a estrutura física, material e de espaço de tempo disponibilizada para a escola, essas premissas não passam de mito – como sempre foram. Adota- mos, por longo período de tempo, o discurso de que a nossa Educação Física Escolar servia para a forma- ção de atletas e que atendia aos propósitos higienis- tas. Ledo engano! EDUCAÇÃO FÍSICA 19 No máximo, a Educação Física Escolar, nessa concepção, estimulou alguns poucos, por suas habi- lidades constitutivas inatas à prática do esporte-per- formance. No mais, ocupou um espaço educacional com práticas isoladas e sem conexão com os propó- sitos educacionais da escola. Para superar o mito de que a Educação Física na escola formava atletas, a partir do início dos anos 80, houve uma verdadei- ra revolução nos aspectos pedagógicos atribuídos à Educação Física Escolar, culminando no seu re- conhecimento como Componente Curricular na LDBEN 9.394/96. Contudo, a tarefa não para por aí, na verdade, ela tem início nesse ponto. Vamos nos preparar, pois temos muito por fazer para que essa área do conhe- cimento seja legítima no processo educacional e so- cial de forma geral. No item seguinte, procuraremos apresentar como a disciplina tem buscado superar o modelo pedagógico dominante. 20 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Muitas propostas para o ensino da Educação Física foram apresentadas desde os anos de 1980. Todas elas com intenções nitidamente renovadoras, des- tacando sempre que se posicionavam na busca de romper por superação a concepção e o modelo didá- tico-pedagógico estruturado no ideário da pedago- gia tecnicista de educação e, consequentemente, de Educação Física. Essas propostas também procura- ram apresentar uma base teórico-metodológica com o objetivo de estruturar o campo epistemológico para que a Educação Física pudesse ser compreendi- da como área de conhecimento nos Centros Univer- sitários. Essas propostas, denominadas de aborda- gens ou teorias da Educação Física, apresentaram-se com o objetivo de transformação da concepção da disciplina Educação Física. Inicialmente, um movimento que se destaca com propósito de superação da prática pela prática foi a A Busca Pela Superação da Prática Pela Prática EDUCAÇÃO FÍSICA 21 psicomotricidade. Esta tem sua base teórica funda- mentada na psicologia e na relação e interdependên- cia do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvi- mento motor. A Educação Física passa a se justificar como educação pelo movimento, rompendo com a Educação do movimento. Assim, o foco principal deixou de ser a execução do movimento, passando para a compreensão do movimento. Destacamos, também, nessa direção de supe- ração, a teoria do comportamento motor e apren- dizagem motora, denominada de Educação Física desenvolvimentista, que tem como objetivo o de- senvolvimento motor. Outra teoria que segue essa mesma preocupação de superação foi denominada de Educação Física Construtivista, que objetiva que o estudante compreenda o movimento que faz. Tendo como premissa que o homem e o seu contexto sociocultural se influenciam mutuamen- te, numa interação dialógica e intencional, outras propostas surgem, e as que merecem destaque são: Educação Física Revolucionária, Educação Física Crítico Superadora, Educação Física Crítico-So- cial dos Conteúdos, Educação Física Crítico-E- mancipatória, Concepções Abertas no Ensino da Educação ou Aulas Abertas, Cultura Corporal de Movimento, Abordagem Sistêmica, Movimento Culturalmente Construído. Ainda propondo uma ruptura com o modelo re- ducionista e mecânico da Educação Física, o filósofo português Manuel Sérgio, em 1987, elaborou uma teoria que denominou de Teoria da Motricidade Humana. Sua proposta tem muita influência na área acadêmica e no contexto escolar atualmente. Aparecem em todas essas propostas que o movi- mento humano, intencional e contextualizado, deve ser, para a Educação Física escolar, o seu primeiro referencial como concepção da área e orientador da organização curricular e das ações didático-pedagó- gicas. Dessa forma, esse referencial se coloca como contraponto, questionando as influências das ciên- cias biológicas e do esporte no ensino da Educação Física (PALMA et al., 2010). Outra premissa central dessas propostas é a de que a área deve responder aos anseios e necessidades socioculturais que consideram como papel da escola e das disciplinas escolares: participarem da constru- ção de um cidadão crítico. A intenção dessas pro- postas é fazer com que a Educação Física na escola tematize práticas culturais expressas pelo movimen- to intencional e deixe de ser uma prática cega, com fim nela mesma, mecânica e ritualística. Encontramos como bases teóricas de sustenta- ção dessas propostas os seguintes fundamentos: a pedagogia humanista, a epistemologia genética,a teoria histórico-cultural e o marxismo. Essas bases não estão juntas em todas as propostas, mas apare- cem ora em uma, ora em outra. Com certeza, tais considerações provocaram e ainda provocam uma crise de identidade para a área escolar, pois, ao se propor um novo entendimento para a Educação Física na escola, logo se diz que se rompe com a antiga forma de pensar que, como já salientamos, encontra-se fortemente arraigada no imaginário sociocultural que se tem sobre a área. A Educação Física tem procurado redimensio- nar sua identidade na escola e, nesse processo, a re- visão de suas ações no contexto escolar é imprescin- dível, uma vez que a escola se constitui no espaço de maior incidência de manifestações educacionais de uma sociedade. O que se espera é que a prática pedagógica dos professores na escola, estruturada em uma ou ou- tra abordagem, tenha como fundamento um agir comunicativo e dialógico. Considere o contexto e 22 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO sua problematização como espaços de diálogo, de- bates, tensões, reflexões e ressignificações tanto do movimento humano quanto das práticas corporais originadas desse ser humano de que se fala; que o ensinar e o aprender, integrados numa síntese su- perior de compreensão, sejam momentos favorece- dores de construções autônomas e significativas de conhecimentos. Como exemplo, apresentaremos uma situação que poderá auxiliar na compreensão dessa forma de pensar. A situação não diz respeito a uma aula, em específico, ainda que possa ocorrer, mas a um con- junto de aulas ou momentos organizados para efeito de ensino-aprendizagem. Uma das turmas de sexto ano estudava o conte- údo equilíbrio corporal como integrante do conjun- to de estruturas perceptivo-motoras que compõem uma habilidade motora. No primeiro momento da aula, o(a) profes- sor(a), como preparação e introdução ao novo con- teúdo, informa aos estudantes que, como já havia dito na aula anterior, o conteúdo a ser estudado seria aquele. Procura saber o que os estudantes conhecem sobre o tema da aula; cria situações para que eles identifiquem aquilo que haviam dito como equilí- brio corporal. No segundo momento, já como tratamento di- dático do conteúdo, o(a) professor(a) utilizou o jogo amarelinha, possibilitando aos estudantes vivencia- rem situações de equilíbrios e desequilíbrios corpo- rais para reconhecerem e entenderem a importân- cia do equilíbrio corporal durante uma operação motora (ação intencional). As regras do jogo foram decididas pelo grupo. Durante as passagens pelas casas, o professor fazia intervenção solicitando aos estudantes que procu- rassem analisar as posições que tomavam para a realização dos saltos – principalmente quanto à po- sição dos braços, ponto de fixação da visão, perna que favorecia a manutenção do equilíbrio – e que procurassem trocar as pernas de apoio para fazer a comparação dessa manutenção. Muitas crianças desequilibraram-se várias vezes ao tentarem passar pela amarelinha, que deveria ser saltada com uma perna só pelas casas. O(a) profes- sor(a), que se considera como portador(a) de atitu- des construtivistas em suas aulas, aproxima-se delas e diz: “por que, muitas vezes, nós temos dificuldades em manter o equilíbrio corporal com uma perna só apoiada no solo? Indiquem outras posições que nosso equilíbrio corporal não fique prejudicado”. No terceiro momento, continuando como tra- tamento didático, mas buscando a consolidação e aprimoramento de conhecimentos dos estudantes, o(a) professor(a) apresenta os tipos de equilíbrios corporais que o ser humano desenvolve e procura relacioná-los com os conhecimentos que os alunos apresentaram no primeiro momento e com as res- postas dadas por eles aos questionamentos feitos no segundo momento. Como quarto momento, ainda visando a con- solidação e aprimoramento mas com foco na apli- cação dos conhecimentos e se configurando, tam- bém, como momento avaliativo, o(a) professor(a) dá ao grupo a seguinte tarefa: pesquisar no cotidia- no e apresentar na sala situações em que encontra- ram os tipos de equilíbrios que foram estudados. Pede, também, para os alunos proporem jogos que apresentem os tipos de equilíbrios e que indiquem qual deles predomina na maioria das ações. Em momento oportuno, o(a) professor(a) fará a dis- cussão com a sala, tendo como referência os tra- balhos feitos pelos estudantes em decorrência das tarefas a eles atribuídas. EDUCAÇÃO FÍSICA 23 Observe que a prática aconteceu, mas, no exem- plo, o jogo “amarelinha” é considerado uma “ativida- de ou estratégia de ensino” para “auxiliar” no estudo do conteúdo proposto que era equilíbrio corporal. Todo o tempo o(a) professor(a) buscava contextu- alizar a temática e procurava, com os estudantes, os pontos de relação com o assunto. As aulas foram organizadas com critérios di- dáticos bem definidos e em um continuum lógico, tanto das ações do(a) professor(a) como dos estu- dantes. A avaliação, entendida como necessária, é integrante dos momentos de ensino e não uma situação particular, datada para acontecer e com fi- nalidade nela mesma. “Nos últimos anos, o interesse em refletir sobre as teorias da Educação e da Educação Física, a forma como o ser humano apren- de e desenvolve seus conhecimentos tem sido cada vez mais crescente. Este processo é decorrente da própria história da área da Educação Física no campo educacional que norteou a construção e reconstrução da sua identidade que, independente do momento histórico, sempre esteve vinculada às con- cepções que organizam a vida em sociedade. [...] O desafio dos professores da área é utilizar sua autonomia para realizar uma investigação científico-pedagógica que inclua as multidi- mensões da realidade, para compreender e operar o real compromisso “político” com nossa sociedade”. Fonte: Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 37-44). SAIBA MAIS 24 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO A Educação Física como Componente Curricular: Compromissos Pedagógicos EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Ao se propor um compromisso pedagógico para o ensino da Educação Físi- ca na escola, é necessário compreendê-la, literalmente, como um Componente Curricular, considerando-a com propósitos educacionais bastantes claros e di- ferentes da tendência/abordagem que predominou quando de sua inserção na escola, como observado em seu processo histórico. Devemos ter claro que as aulas não podem atender conteúdos e ações ao acaso e sem propósitos formativos e informativos relacionados. Os alunos não podem chegar às aulas sem saber o que terão e tampouco, saírem dela sem levar nada. É imperioso que o professor entenda essa nova concepção, pois dela depreende a necessidade de uma forte fundamentação teórica, organização de objetivos e conteúdos, procedimentos metodológicos integrados e processos avaliativos que fortaleçam essa relação de ensino e aprendizagem. Os alunos precisam sair das aulas com experiências positivas e significativas relacionadas ao mundo motor e também das relações dele com as ações sociais dos cotidianos. Essa posição exigirá do professor uma postura profissional enga- jada e comprometida com a escola e com a Educação Física. Começaremos destacando que consideramos necessário repensar a relação professor/estudante. Ela deve ser definida e assumida como horizontal (relação estudante com estudante) e bilateral (relação estudante e professor). Essa relação é permeada por tensões geradas pelo processo de confrontação do conhecimen- to espontâneo e popular dos estudantes com os saberes escolares apresentados pela disciplina. Esse processo de confrontação permite trocas entre eles, pois, aos delimitarmos que a relação é dialógica, será o diálogoo mediador de todo ato interativo. Assim, ambos, professor e estudante, assumem muitos compromissos, ainda que apresentem necessidades e interesses distintos. Ao estabelecer que a construção do conhecimento resulta da interação entre o sujeito que aprende e o meio sociocultural no qual o saber se situa e é produzi- do, o professor terá como função a mediação entre eles. Nessa forma de compre- ensão, o papel do professor é insubstituível no processo ensino-aprendizagem, contudo, acentua, também, o envolvimento do estudante que participa, na busca da verdade, confrontando seus conhecimentos - espontâneos, imediatos e con- textualizados - com os saberes e conteúdos (científicos, organizados e sistemati- zados) do professor e da escola. 26 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Esse processo, ainda que tenso, é interativo e, ao mesmo tempo, propositivo, permeado por procedimentos de ação-reflexão-abstração-ação. A segunda ação, realizada pelo sujeito, já se configura como uma ação pensada e reelaborada a partir das indicações extraídas na experiência quando da realização da primeira ação. É um processo interativo porque coloca pessoas agindo em níveis de rela- cionamento e reciprocidade nos interesses e propósitos. Também é propositivo, pois, ao dialogarem e agirem, sugerem situações que buscam atender aos interes- ses e às necessidades colocadas. Deve favorecer que o estudante assuma um comprometimento ao tomar consciência de sua historicidade. Entendemos que a conscientização é a pas- sagem de uma consciência puramente natural, espontânea e ingênua para uma consciência reflexiva; de uma consciência dogmática para uma consciência crí- tica (FREIRE, 1979; 2002). A conscientização implica e consiste num contínuo e progressivo desvela- mento da realidade. A esse processo, que resulta em crescimento, podemos dar o nome de aprendizagem. Fundamentados em Palma et al. (2010, p. 22-23), adota- remos como premissas para o nosso compromisso educacional e didático-peda- gógico no ensino da Educação Física escolar que: • ao estudante seja possibilitada a compreensão e elucidação crítica da realidade; • ao adotar o modelo disciplinar da divisão dos saberes, tratá-los como constitutivos de uma totalidade complexa e multidimensional, focando na interdisciplinaridade; • a totalidade se refere ao modo de integração e interatividade das par- tes, e estas devem ser percebidas conjuntamente e em constante inter- -retroatividade; • o ponto central do sucesso e orientador do ato educativo e para a constru- ção do conhecimento está na interação professor-estudante-saberes; • a dicotomia professor-estudante deve ser abolida; • o estudante é um sujeito ativo com possibilidades de aprender sempre; • na organização do currículo, o patrimônio cultural, direito de todos, será referência principal para a escolha dos saberes que serão ensinados; • adotar a contextualização, a interdisciplinaridade e a ludicidade como princípios fundamentais na organização e desenvolvimento curricular; EDUCAÇÃO FÍSICA 27 • considerar a influência mútua do sujeito e do meio na construção do pro- cesso educacional; • considerar a aula como encontro de humanos e em situação de intera- tividade; • quando o estudante construir um conhecimento de forma ativa e crítico- -reflexiva sua consciência sobre a realidade será também crítica; • a aprendizagem passa ser um direito e não uma obrigação para o estudante; • a aprendizagem será uma passagem do conhecimento espontâneo e pes- soal que o estudante já possui para um saber mais elaborado e esclarecido; • a tomada de consciência social está intimamente relacionada com a auto- nomia cognitiva e a liberdade para pensar; • a fonte de poder e de ação no contexto sociocultural estão vinculados à construção do conhecimento acontecido de forma ativa e significa- tivamente; • considerar sempre o ensinar e o aprender integrados e que, numa síntese superior de compreensão, sejam momentos favorecedores de construções autônomas e significativas de conhecimentos; • a docência é uma ação profissional com compromissos sociais, cujo traba- lho exigirá postura ética; • a base da docência se caracteriza como um trabalho intelectual crítico e criativo, e nunca espontaneísta e ou descompromissado. Consideramos, também, que cabe ao professor, por meio da orientação, abrir perspectivas ao estudante. No exercício da mediação, o professor atuará para que os conteúdos sejam constantemente analisados, tanto do ponto de vista do aluno, como da sociedade e dele próprio. Ao criar tais condições, dialogicamente falan- do e agindo, o professor proporcionará aos estudantes situações para superarem a consciência ingênua, espontânea, podendo, assim, perceberem as contradições da sociedade e do grupo em que vivem. Podemos afirmar que tal processo é gerador de tensões entre o novo e o an- tigo, o geral e o particular, o público e o privado, entre o científico e o popular. Essas tensões geradoras de perturbações cognitivas provocarão a busca de um novo reequilíbrio, agora em uma síntese superior, situação esta que resultará em novas aprendizagens. 28 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Temos evidenciado que a Escola, como institui- ção social, tem tarefas que lhe são próprias e, en- tre elas, destaca-se a contribuição com o processo educativo das pessoas, sendo seu fazer sistemati- zado, o que remete ao entendimento de que tudo que acontece em seu interior deve ser orientado por esse objetivo. Logo, um componente curri- cular, ao propor seus conteúdos para efeito de ensino-aprendizagem, ao organizá-los e sequen- ciá-los, deverá ter enunciado como seu objetivo geral o mesmo que a escola estabelece para si. Por isso colocamos como necessário compreender a Educação Física na escola como um Componente Curricular. O Objeto de Referência na Organização e Sistematização dos Conteúdos na Educação Física Escolar EDUCAÇÃO FÍSICA 29 Uma disciplina escolar, ou matéria escolar que tem uma história, tem uma razão de ser para estar no contexto educacional escolarizado. A Educação Fí- sica também tem sua história como já estudamos. Entretanto, o que estamos a considerar agora é que ela, em sua gênese histórica, foi construindo e es- tabelecendo para si conteúdos e saberes, que lhes são próprios. Isso nos coloca a seguinte afirmação: no contexto escolar, esses saberes não são ensina- dos por nenhuma outra área ou matéria escolar. O que pode acontecer é o estabelecimento de movi- mentos integradores denominados, muitas vezes, de ações interdisciplinares. Quando estudamos a história das disciplinas escolares, dois autores se destacam: Chervel (1990) e Goodson (1990). Eles consideram que a matéria escolar advém de duas perspectivas principais: a sociológica e a filosófica, sendo por elas derivada e, portanto, organizada. Os autores apontam que as matérias escolares são decorrentes de trabalhos e pesquisas acadêmicas que acontecem em um am- biente universitário, fato que geralmente lhes dão créditos quando analisadas por leigos. Sustentam, ainda, essa aceitabilidade, discursos provenientes de agências governamentais ou midiáticas. Por isso, tem sido muito aceito na sociedade que o que se deve ensinar nas escolas deve se originar das disciplinas intelectuais ou formas de conhecimento, criadas e sistematizadas por uma comunidade de es- tudiosos que atuam, normalmente, em departamen- tos universitários. Fatores externos e internos podem ser identifi- cados como responsáveis pelo surgimento ou desa- parecimento de disciplinas escolares. Para Chervel (1990), os internos se relacionam às próprias condi- ções de trabalho na área; já os externos podem estar relacionados à política educacional, ou ao contexto econômico,social e político que determinam as con- dições de trabalho. Tanto os fatores internos como os externos dependem de interesses de grupos dominantes na sociedade e da forma como vêem a educação, as finalidades educacionais específicas da escola e da sociedade. Chervel (1990) destaca a reciprocidade de influ- ências entre as disciplinas escolares e a cultura da sociedade, pois quando elas objetivam contribuir na formação dos alunos por meio da transmissão dos saberes, voltam-se, também, à formação de hábitos, atitudes, habilidades, valores e convicções. Para nós, isso somente será possível pelo ensino de saberes que, na escola, recebem o nome de saberes/conteú- dos escolares. Adotaremos, com fundamento em Saviani (1992), que uma disciplina escolar pode ser carac- terizada como um conjunto de saberes organizados para serem ensinados e aprendidos na educação escolar. E estes, quando apreendidos pelos estu- dantes, tornam-se conhecimentos entendidos “[...] como aquilo que adquirimos nos livros, nas aulas, nas conversas, mas com o objetivo de alcançar o entendimento da realidade [...]; é a elucidação da O Movimento humano é sempre uma condu- ta, como voltar-se a algo para a sua compre- ensão. Consiste sempre em uma totalidade de relações que envolvem situações concretas de sentido/significados para quem individual ou coletivamente o pratica. (Elenor Kunz) REFLITA 30 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO realidade” (LUCKESI, 1991, p. 122). Logo, o conte- údo de uma matéria escolar é o conhecimento que ela transmite aos seus alunos. Como já assumimos, a escola e, logo, as ma- térias escolares assumem a responsabilidade de transmitir conhecimentos que se apresentem ao educando como alguma coisa significativa e exis- tencial e “[...] só poderá vir a ser um conhecimen- to significativo e existencial na vida dos cidadãos se ele chegar a ser incorporado pela compreen- são, exercitação e utilização criativa” (LUCKESI, 1991, p. 26). Palma et al. (2010) destaca a respeito dos saberes para serem ensinados na educação básica: [...] os temas ou assuntos, com os quais os alu- nos estão envolvidos, devem ser vividos por eles como espaços de ação acessíveis ao seu fa- zer, quer seja prático, quer seja conceitual. Nes- se processo, o que se objetiva é a construção de competências e habilidades de fazer – refletir – abstrair - operar do aluno. [...] O conhecimento escolar/saber escolar/con- teúdo escolar é um recorte do conhecimento sistematizado, produzido historicamente pelas pessoas nas relações sociais e com a nature- za, que passa a ser dosado e sequenciado para efeitos de ensino-aprendizagem na escola, ao longo de um tempo determinado (PALMA et al. 2010, p. 49). Os conhecimentos sistematizados e ensinados na disciplina de Educação Física foram produzidos cul- turalmente ao longo do tempo e se tornam objetos de ensino com a sua ressignificação promovida no interior da escola. Ainda para os autores, quando concebem a Edu- cação Física na escola como componente curricular assumem que: Ao considerar a Educação Física como ma- téria do currículo escolar, entendemos que ela não pode ter tarefas diferentes dos demais componentes do contexto, muito embora apresente particularidades (saberes) que são próprias da área. Portanto, ela deve ser con- siderada como uma matéria escolar que obje- tiva o ensino de conhecimentos[...] ( PALMA et al., 2010, p. 49). Surge a necessidade de delimitarmos qual o refe- rencial para a organização, sistematização dos con- teúdos/saberes escolares que tratará a Educação Física escolar. Essa delimitação se torna impres- cindível, pois o professor terá o seu referencial na organização do planejamento e também garantirá a identidade conceitual da disciplina no contexto escolar. Esse referencial é que nos tornará únicos no ensino desse saber. Adotaremos os pressupostos de Palma et al. (2010, p. 49) de que a Educação Física “[...] deve ser considerada como uma matéria escolar que objetiva o ensino de conhecimentos, sendo o mo- vimento culturalmente construído seu referencial primário”. Esses saberes serão detalhados nos capí- tulos que se seguem. Caro(a) aluno(a), as discussões tecidas ao lon- go desta unidade possibilitam que você tenha os conhecimentos prévios para pensar a Educação Física com foco em inovações e práticas pedagó- gicas coerentes aos seus objetivos. Então, vamos aos estudos! 31 considerações finais A escola, com um papel que lhe é próprio, está inserida em um contexto social dinâmico, complexo e em constantes transformações. Conce- bemos que a prática educacional que acontece na escola se concretiza pela realização de todos os envolvidos, principalmente nas ações dos professores, que consideramos como profissionais da docência. Vimos que tanto aspectos legais, necessidades e interesses socioculturais as- sumem papéis fundamentais no processo de organização da educação escolari- zada e das áreas de conteúdos que compõem a escola. Uma disciplina escolar, conhecida como matéria ou conteúdo escolar, também tem esse papel para cum- prir, por ser inerente ao processo educacional escolarizado, atendendo, assim, às demandas que lhe advém do meio externo. As práticas educativas escolares no interior das disciplinas são denomina- das de aulas e sempre são fundamentadas em pressupostos de uma tendência ou teoria educacional. Ao professor cabe saber a qual propósito atendem quando ensina. Vimos pela história que a Educação Física atendeu à várias tendências que têm, subjacentemente, condicionantes sociais e políticos que se configuram em concepções de mundo, sociedade e de homem. Atualmente, a disciplina Educação Física, pelas Resoluções do Conselho Na- cional de Educação, assume seu espaço e suas responsabilidades como um dos componentes curriculares da grande Área de Linguagens. Destacamos, como ob- jetivo geral, que ela deverá desenvolver um ensino que resulte em aprendizagens significativas para quem aprende. Para isso, necessitou ressignificar seu objeto de referência na organização dos conteúdos, suas práticas, seus fundamentos teóri- cos e, principalmente, suas finalidades socioeducativas. Essa ressignificação conceitual-prática-atitudinal, entretanto, não se limita aos espaços escolares da educação básica, estamos certo que essa necessidade e preocupação também acontece no processo no qual são formados os professores para exercerem a docência. 32 atividades de estudo 1. A Educação Física na escola foi entendida, pelo seu processo histórico, como uma área de atividades. Foi instituída por força de lei como obrigatória nos currículos escolares. Inicialmente, com a necessidade de se ter os jovens pre- parados para as demandas socioculturais e econômicas. Assim, os objetivos para a disciplina Educação Física se organizaram em torno da prática de ativi- dades físicas. Considerando o texto apresentado, responda as questões a seguir. a) Qual a principal característica apresentada pela Educação Física quan- do centra sua prática na aplicação de atividades físicas? b) Qual o objetivo que se destaca quando se propunha que a Educação Física atuasse como uma área de atividades físicas? c) Em quais ciências a Educação Física se fundamenta para a organiza- ção das aulas quando se entende que ela é um componente curricular como uma área de atividades físicas? 2. As propostas atuais para Educação Física no contexto educacional escolari- zado têm propósitos educacionais bastante claros e diferentes da tendência/ abordagem que predominou quando de sua inserção na escola. Como obser- vado, algumas proposições já estão em curso. Neste sentido, responda as questões a seguir. a) O que se tem proposto para a Educação Física para que supere a abor- dagem tecnicistapredominante em suas aulas? b) Qual a característica que deve ter a Educação Física para que a socieda- de não a considere mais como uma área de atividades? c) Qual o referencial teórico e prático que a Educação Física deve utilizar para a organização das aulas quando se entende que ela é componen- te curricular pertencente a área de Linguagens? 33 LEITURA COMPLEMENTAR A Educação Física na escola seguiu e segue diferentes orientações na organização de seu planejamento. Um dos pressupostos que se destaca é a concepção de cor- po. O texto indicado a seguir foi extraído do Artigo “A constituição das teorias pedagógicas da educação física”, de autoria do Valter Bracht. Educação “corporal” no âmbito da educação física Neste primeiro item, desejamos apresentar as categorias e as problematizações básicas que orientaram nossas refl exões sobre o tema. Elas são derivadas de questões como: do ponto de vista educativo, o que tem signifi cado a educação “corporal”? Que tipo de educação “corporal” a escola e a educação física vêm realizando? Por que sur- ge o interesse pela educação “corporal” (também na es- cola) e quais suas determinações sócio-históricas. A utilização de aspas na expressão educação “corporal” fornece uma pista de uma das questões que pretende- mos colocar. A tradição racionalista ocidental tornou possível falar confortavelmente da possibilidade de uma educação intelectual, por um lado, e de uma edu- cação física ou corporal, por outro, quando não de uma terceira educação, a moral – expressão da razão cindida das três críticas de I. Kant, fi lósofo que, não obstante, segundo Welsch (1988), preocupou-se intensamente com as mediações entre as diferentes dimensões da ra- cionalidade. Essas educações teriam alvos, objetos bem distintos: o espiritual ou mental (o intelecto), por um lado, e o corpóreo ou físico, por outro, resultando da soma a educação integral (educação intelectual, moral e física). É claro, o alvo era ou é o comportamento huma- no, mas infl uenciá-lo ou conformá-lo pode ser alcança- do pela ação sobre o intelecto e sobre o corpo. Também na melhor tradição ocidental, a educação “corporal” vai pautar-se pela idéia, culturalmente cristalizada, da su- perioridade da esfera mental ou intelectual – a razão como identifi cadora da dimensão essencial e defi nidora do ser humano. O corpo deve servir. O sujeito é sempre razão, ele (o corpo) é sempre objeto; a emancipação é identifi cada com a racionalidade da qual o corpo estava, por defi nição, excluído. A esse respeito, assim se expressa Santin (1994, p. 13): A racionalidade foi proclamada como a especifi cidade exclusiva e única das dimensões humanas. O humano do homem fi cou enclausurado nos limites da racionalidade. Ser racional e ter o uso da razão constituíram-se nos úni- cos pressupostos para assegurar os plenos direitos de pertencer à humanidade. Ou, como afi rma Gil (1994) em seu brilhante Monstros, referindo-se à visão de corpo-máquina: Deu-se uma transferência dos poderes do corpo para o espírito: de nada serve ao corpo estar substancialmente unido ao espírito (e, assim, tornar-se vivo e indivisível), é este último que defi ne a sua natureza humana. Dora- vante, o único defeito do corpo é poder levar a alma a enganar-se. (p. 169) Nas teorias do conhecimento da modernidade, que têm sua expressão máxima no chamado método cien- tífi co (a ciência moderna), o corpo ou a dimensão cor- pórea do homem aparece como um elemento pertur- bador que precisa ser controlado pelo estabelecimento de um procedimento rigoroso (por exemplo: Francis Bacon e os idola). 34 LEITURA COMPLEMENTAR Tanto as teorias da construção do conhecimento como as teorias da aprendizagem, com raras exceções, são desencarnadas – é o intelecto que aprende. Ou então, depois de uma fase de dependência, a inteligência ou a consciência fi nalmente se liberta do corpo. Inclusive as teorias sobre aprendizagem motora são em parte cognitivistas. O papel da corporeidade na aprendiza- gem foi historicamente subestimado, negligenciado. Hoje é interessante perceber um movimento no sen- tido de recuperar a “dignidade” do corpo ou do corpó- reo no que diz respeito aos processos de aprendiza- gem. Isso acontece, curiosamente, por intermédio dos desenvolvimentos nas ciências naturais (ver a respeito Assmann 1996). Mas claro que esse entendimento de ser humano tem bases concretas na forma como o homem vem pro- duzindo e reproduzindo a vida. Nesse sentido, o cor- po sofre a ação, sofre várias intervenções com a fi na- lidade de adaptá-lo às exigências das formas sociais de organização da produção e da reprodução da vida. Alvo das necessidades produtivas (corpo produtivo), das necessidades sanitárias (corpo “saudável”), das necessidades morais (corpo deserotizado), das neces- sidades de adaptação e controle social (corpo dócil). O défi cit de dignidade do corpo vinha de seu caráter secundário perante a força emancipatória do espírito ou da razão. Mas esse mesmo corpo, assim produzido historicamente, repunha a necessidade da produção de um discurso que o secundarizava, exatamente por- que causava um certo mal-estar à cultura dominante. Ele precisa, assim, ser alvo de educação, mesmo por- que educação corporal é educação do comportamento que, por sua vez, não é corporal, e sim humano. Edu- car o comportamento corporal é educar o comporta- mento humano. Mas vejamos na trajetória das diferentes construções históricas da educação física (EF) como esse entendi- mento de corpo e de educação corporal se concretizou. Antes é imprescindível fazer uma observação quanto a um equívoco que grassa no âmbito da educação física. Trata-se do entendimento de que a educação corporal ou o movimento corporal é atribuição exclusiva da edu- cação física. Sem dúvida, à educação física é atribuída uma tarefa que envolve as atividades de movimento que só pode ser corporal, uma vez que humano. No entanto, a educação do comportamento corporal, porque huma- no, acontece também em outras instâncias e em outras disciplinas escolares. [...] Mas é importante observar que na instituição esco- lar o termo disciplina envolve um duplo aspecto: por um lado, a dimensão das relações hierárquicas, observância de preceitos, normas, da conduta do corpo; por outro, os aspectos do conhecimento propriamente dito. Portanto, a escola promove a “educação corporal”. Nos dizeres de Faria Filho (1997, p. 52): “Assim como a escola ‘escolari- zou’ conhecimentos e práticas sociais, buscou também apropriar-se de diversas formas do corpo e constituir uma corporeidade que lhe fosse mais adequada”. Esse aspecto reveste-se de importância, uma vez que o trata- mento do corpo na EF sofre infl uências externas da cul- tura de maneira geral, mas também internas, ou seja, da própria instituição escolar. Fonte: Bracht (1999, on-line). 35 material complementar Complexidade da educação física escolar: questões atuais e desa- fi os para o futuro Renata Osborne (org.) Carlos Alberto Figueiredo da Silva (org.) Roberto Ferreira dos Santos (org.) Editora: Ed. Lamparina Sinopse: A educação física escolar enfrenta muitos problemas no contexto edu- cacional brasileiro e possui diversos desafi os para o futuro e, por isso, deve ser pensada como uma disciplina complexa e multifacetada. Essa coletânea de arti- gos propõe a sua análise de forma holística, e não de maneira isolada ou alienada. Os autores reunidos nesse livro abordam questões sociais, culturais e ambientais, perpassando por refl exões e discussões sobre a precariedade da infraestrutura daeducação física escolar, o crescimento e o desenvolvimento infantil, a educação integral, a educação inclusiva e inovações curriculares para a disciplina. Tratam, ainda, de esportes, como o basquetebol, o futebol e o atletismo, da importân- cia da prática de jogos esportivos com crianças, do potencial educativo das lutas marciais e do lazer pedagógico. Esse é um olhar que busca desconstruir a ideia de uma educação física voltada simplesmente para o incentivo à competitividade e ao chamado “esporte de rendimento”. Isto é, a educação física escolar deve ser trabalhada em conjunto com outras disciplinas e contribuir de maneira prioritária para a formação de crianças e jovens, não apenas na parte física, mas, principal- mente, na construção da cidadania. Indicação para Ler Ser e Ter Nicholas Philibert Ano: 2002 Sinopse: o documentário mostra a rotina de uma escola no interior da França em que crianças de várias idades dividem a mesma sala de aula, modelo educativo comum na região. Além de ressaltar a infl uência do educador na formação dos alunos, “Ser e Ter” abre a mente para as diversas possibilidades de educação. Indicação para Assistir 36 material complementar Em busca da formação de indivíduos autônomos nas aulas de edu- cação física Autora: Lusirene Costa Bezerra Duckur Ano: 2004 Editora: Autores Associados Sinopse: essa obra apresenta uma discussão a respeito de ferramentas teórico- -metodológicas para práticas pedagógicas em educação física escolar. Foi realiza- da uma análise bibliográfi ca procurando referências para a refl exão da prática pe- dagógica que busca a formação de indivíduos autônomos. Seu objetivo é discutir caminhos que possam ser percorridos com base em um fazer pedagógico, toman- do como ponto de partida o papel da educação física no contexto sociocultural, visando identifi car avanços e possíveis equívocos entre as dimensões da preconi- zação da teoria e a prática propriamente dita, entendida como uma necessidade emergente. O livro tenciona colaborar diretamente para a prática pedagógica de inúmeros professores e professoras que atuam nas escolas, especialmente os de educação física. Indicação para Ler O programa Salto para o Futuro é voltado para a formação continuada de professores da Educação Bási- ca e os demais profi ssionais da educação. Os programas trazem reportagens e buscam apresentar boas práticas educacionais nas escolas brasileiras. Disponível em: <https://mega.nz/#F!B99XnRbb!PBlQFm58xw4gXJYuVT5wcQ>. Indicação para Acessar 37 referências BERTRAND, Y.; VALOIS, P. Paradigmas educacio- nais: escola e sociedades. Lisboa: Horizontes Peda- gógicos, 1994. BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógi- cas da educação física. Cadernos Cedes, v. 19, n. 48, ago., 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/ccedes/v19n48/v1948a05.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2018. BRASIL. Decreto nº 69.450, de 1º de novembro de 1971. Regulamenta o artigo 22 da Lei número 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e alínea c do ar- tigo 40 da Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968 e dá outras providências. Brasília, Presidência da Re- pública, 1971. Disponível em: <http://www.planal- to.gov.br/ccivil_03/decreto/d69450.htm>. Acesso em: 18 abr. 2018. ______. Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, Presidência da Repú- blica, 1971a. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm>. Acesso em: 18 abr. 2018. ______. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, Presidência da República, 1996. Disponí- vel em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/ L9394.htm>. Acesso em: 18 abr. 2018. CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Pa- pirus, 1988. CHERVEL, A. 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A divisão das turmas por sexo, com essa forma de pensar Educação Física, era necessária, pois meninos e meninas apresentam aptidão física diferen- tes e respondem corporalmente de forma diferente aos esforços a que são solicitados. b) O objetivo maior era preparação de pessoas sadias, como movimentos efi cientes para o mundo do trabalho e para o atendimento às deman- das do esporte. c) Ciências biológicas. 2. a) O foco principal para a superação deixou de ser a execução do movi- mento, passando para a compreensão do movimento. b) Propor um compromisso pedagógico para o ensino da Educação Fí- sica na escola como um Componente Curricular, com conteúdos que lhes são próprios e considerando-a com propósitos educacionais bas- tante claros. c) Estabelecer que o objeto de conhecimento, fonte de organização dos conteúdos para a Educação Física, será o movimento humano com sen- tido e signifi cado, tornando-se uma prática corporal signifi cativa e uma instância privilegiada para aprendizagens, indicando procedimentos didático-pedagógicos que a caracterizam como um dos componentes curriculares da Área de Linguagens. UNIDADEUNIDADE II Professor Dr Amauri Aparecido Bassoli Oliveira Professor Dr José Augusto Victoria Palma Professora Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A criança e o adolescente que frequentam o Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio • As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Física - Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Física para Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio • A organização dos conteúdos para o Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio • Conteúdos Básicos da Educação Física Objetivos de Aprendizagem • Identifi car os elementos necessários para a organização curricular da Educação Física na escola. • Reconhecer a importância do processo de organização curricular na escola. • Compreender os aspectos legais da organização curricular na escola e na Educação Física. • Conhecer o objeto de referência na organização dos conteúdos da Educação Física. • Distinguir as dimensões dos conteúdos no plano de organização curricular em Educação Física. A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR unidade II INTRODUÇÃO Quando se pensa em escola e na sua especificidade,que se concentra nos processos de en- sinar e aprender, logo vem à mente a forma como tudo isso se organiza. Para todo esse processo organizacional, denominamos de organização curricular. As matérias escolares, para garantir sucesso no ensino, organizam os currículos de acordo com alguns elementos básicos: os papéis e as finalidades da matéria, a forma de distribuição dos conteúdos pelas etapas e níveis da educação básica, o tempo destinado ao ensino desses saberes, os procedimentos didático-pedagógicos adequados, o perfil dos estudantes de acordo com suas idades e níveis que se encontram matriculados. Nesta unidade, nosso objetivo será destacar que os estudantes das séries finais do ensino fundamental e ensino médio estão no processo educacional há algum tempo, o que nos indica que tanto os objetivos como o conteúdo que será objeto de ensino e as respectivas metodologias que deverão ser utilizadas ganham contornos de com- plexidade e aprofundamento. Assim, com essas informações, também tivemos que nos preocupar com os ob- jetivos que se pretende alcançar decorrente da relação pedagógica que se estabelece. Nossa proposta de organização dos conteúdos e sua necessária ação didático-peda- gógica segue os indicadores expressos por Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Essas Diretrizes são documentos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e tem força de lei quando se pensa em organização curricular, e são resultados do que preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- cional, também conhecida como LDBEN. Nosso objeto de referência para a organização curricular dos conteúdos que apresentamos como sugestão nesta unidade e que serão objetos de en- sino para a Educação Física nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio é o movimento culturalmente construído. Nossa proposta divide esse Tema Geral em oito Unidades Didáticas. Cada Unidade Didá- tica, por ser um conjunto de saberes que se interrelacionam, foi dividida em Temas, sendo que cada Tema tem seus assuntos singulares. Buscamos auxiliar a compreensão explicando o que se pensa em cada um dos as- suntos apresentados como Tema. 44 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO O ingresso nos anos fi nais do ensino fundamental e todo o seu percurso são, muitas vezes, caracteriza- dos como momentos de ruptura para os estudantes. Estes já não se sentem mais crianças, mas, ao mes- mo tempo, não ingressaram na fase da adolescência. Assim, estão na transição entre o fi nal do período infantil e início da adolescência, compreendendo as idades entre 11 e 14 anos. Todas as características, biológicas, fi siológi- cas, físicas, emocionais, sociais e cognitivas dessa fase devem ser consideradas, pelo professorado, no momento de construir as práticas pedagógicas. Elas terão grande infl uência no momento da aprendiza- gem. Isso fará com que o professor se preocupe em organizar um ensino adequado para atingir os obje- tivos da escola. A Criança e o Adolescente que Frequentam o Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA 45 Várias teorias nos oferecem fundamentos sobre o processo de desenvolvimento do ser humano e, no nosso caso especial, fundamentos para o processo educacional escolarizado. ORGANIZAÇÃO DOS OBJETIVOS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDA- MENTAL (ANOS FINAIS) E ENSINO MÉDIO Por se tratar de um grupo de pessoas que já passou cinco anos ou mais no processo educacional escola- rizado, os objetivos para a Educação Física deverão levar em consideração as experiências de aprendiza- gem vivenciadas pelos estudantes. Considerar, tam- bém, que se trata de um continuum dos anos iniciais do ensino fundamental. Indicamos para a organização dos objetivos que sejam observados a complexidade do que será en- sinado, sua contemporaneidade e a relação que es- tabelece com o cotidiano do estudante, portanto, a sua contextualização, colocando os conhecimentos em situação para que, dessa forma, as aprendizagens adquiram sentido aos estudantes. Palma et al. (2010, p. 20) consideram que “[...] as aprendizagens são os objetivos do desenvolvimen- to curricular [...]”, e que aprender, tendo o contexto como ponto de referência, em uma situação de edu- cação escolarizada é a: [...] reelaboração, reconstrução e recriação, de forma ativa e crítica, de um conhecimen- to/saber pelo aluno, quando este estabelece uma constante interação com o meio. [...] implica processos próprios, individuais, de elaboração e reelaboração, de construção e reconstrução, de criação e recriação de um conhecimento de forma ativa e crítica (PAL- MA, et al., 2010, p. 20). Evidenciamos que o ato de aprender é próprio do ser humano. Aprender passa a ser a condição de analisar, relacionar e contextualizar os objetos do conhecimento que, no caso da escola, são os con- teúdos escolares com a estrutura cognitiva que a pessoa tem. Tendo os autores Palma et al. (2010) como refe- rência, e estes fundamentados em Libâneo (1994): [...] os objetivos pertinentes ao processo ensi- no-aprendizagem são antecipações de resul- tados e de processos que se espera alcançar com as situações de ensino-aprendizagem que acontecem na relação pedagógica. São pontos de partida, indicando premissas gerais (LIBÂ- NEO, 1994 apud PALMA et al. 2010, p. 59). Outra indicação importante é sobre os enuncia- dos dos objetivos. Eles devem conter orientações mínimas e necessárias para a relação pedagógica, sendo que: [...] os objetivos de uma disciplina escolar de- vem ser originados pelos objetivos definidos pelo sistema educacional escolarizado. O que não se trata de copiar ou inventar objetivos, mas defini-los em função de pressupostos onto- lógicos, epistemológicos e gnosiológicos (PAL- MA et a.l, 2010, p. 59). Neste capítulo, apresentaremos, como sugestão, uma proposta de organização curricular. Em uma organi- zação curricular, os objetivos gerais, como antecipa- ção dos resultados, tornam-se fundamentais. Adotaremos como orientadores nesta nossa proposta uma adaptação dos objetivos gerais para os estudantes enunciados por Palma et al. (2010). São eles: 46 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Como parte integrante da cultura, as práticas corporais têm um papel a cum- prir no contexto escolar. No quadro anterior, procuramos destacar que cada uma dessas práticas, assumirão, juntamente com a escola, um propósito que denomi- namos de objetivos. Esses objetivos, como antecipação de resultados e indicação de processos que deverão ser adotados para o ensino, constituem-se peça funda- mental na organização curricular. Quadro 1 - Exemplos de Objetivos para o ensino da Educação Física a partir das Unidades didáticas UNIDADE DIDÁTICA OBJETIVOS CORPOREIDADE Ampliar os conhecimentos sobre o movimentar-se, estu- dando as estruturas físico-anatômicas envolvidas no movimento, as reações orgânicas às atividades e com possibilidades diferentes de ação. JOGOS E BRINCADEIRAS Reconhecer os jogos como integrantes do repertório cultural de movimentos, estudando e vivenciando diver- sas formas e modalidades. ESPORTE Reconhecer os esportes como integrantes do repertório cultural de movimentos, estudando e vivenciando diver- sas formas e modalidades. EXPRESSÃO E RITMO Ampliar os conhecimentos sobre as formas de expres- sões rítmico-culturais do movimento, reconhecendo e respeitando as características de cada uma delas, forta- lecendo a convivência social. EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE Estabelecer relação entre movimento humano e saúde, compreendendo a importância da atividade física na adoção de um estilo de vida ativo. GINÁSTICA Compreender a ginástica no contexto das práticas cul- turais e corporais, caracterizando sua origem,
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