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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/234839835 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NO SERVIÇO PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO NO INSS/CAMPOS Conference Paper · January 2011 CITATIONS 2 READS 5,214 4 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Linhas de Montagem e Arranjos Físicos View project Métodos decisórios aplicados às ciências ambientais View project Rennata Guarino Bastos de Souza Cardoso Petróleo Brasileiro S.A. 6 PUBLICATIONS 47 CITATIONS SEE PROFILE Henrique Rego Monteiro da Hora Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF) 175 PUBLICATIONS 171 CITATIONS SEE PROFILE Helder Gomes Costa Universidade Federal Fluminense 282 PUBLICATIONS 634 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Henrique Rego Monteiro da Hora on 31 May 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. 1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NO SERVIÇO PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO NO INSS/CAMPOS Rennata De Souza Guarino Bastos, Henrique Rego Monteiro Da Hora, Frederico Ribeiro De Souza, Helder Gomes Costa UENF, reguarino@yahoo.com.br, UFF/ISECENSA, dahora@gmail.com, INSS/IFF-Campos, fribeirodesouza@yahoo.com.br, UFF, hgc@vm.uff.br Resumo No mundo em que vivemos tem sido uma constante os problemas causados pelo trabalho: como o stress e problemas psicológicos. Tem sido muito pesquisado e aplicado o tema de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). De acordo com Nicoleti & Lauer (2007), a iniciativa da qualidade de vida no trabalho é importante tanto no setor privado quanto no setor público, já que são programas que tratam das necessidades físicas e psicológicas dos funcionários e também as condições de trabalho na qual eles estão sujeitos. É comprovado que quando o profissional se sente bem no seu ambiente de trabalho e ainda sente prazer no que faz, isso é benéfico tanto para ele quanto para sua organização. Ele irá produzir mais, se sentirá capaz e realizado. Essa pesquisa tem como tema a qualidade de vida no trabalho dos funcionários de um Órgão Público, o INSS na Gerência em Campos dos Goytacazes. É aplicado um questionário para avaliar o nível de satisfação dos funcionários dessa Gerência, abordando problemas relacionados com QVT dentro da Instituição, fornecendo assim, informações ao Órgão para serem tomadas as decisões necessárias e aprimoramento de outras já existentes. É possível verificar também as iniciativas de melhorias na área de QVT que a Gerência já esta implantando e as que ela pretende implementar, mensurando a importância desses fatores para atender as necessidades e anseios dos funcionários. Palavras-Chave: Qualidade de Vida no Trabalho, Qualidade de Vida no Trabalho em Órgão Público, Gestão Pública, Clima Organizacional 2 1. Introdução Nos dias atuais, conforme Alvarez & Magalhães (2005), tem aumentado a preocupação com a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), com uma nova direção assinalada por um processo de mudança muito grande com respeito à vida das pessoas. O que se vê hoje são funcionários que passam maior tempo de vida trabalhando. Isto tem afetado outras esferas de vida do ser humano (familiar, social, física), apresentando problemas que levam ao questionamento de como podem ser conciliadas as longas jornadas diárias de trabalho com os outros papéis desempenhados pelo ser humano (CONTE, 2003). O objetivo geral desta pesquisa consiste em avaliar o nível de satisfação dos servidores do INSS na Gerência Executiva em Campos dos Goytacazes/RJ em relação a Qualidade de Vida no Trabalho, verificando a existência de programas de QVT quanto aos vários fatores que interferem na situação de trabalho. Para tanto, foi aplicado um questionário, baseado no modelo de Freitas & Souza (2008), que será brevemente apresentado na seção 3.2. 2. Metodologia e Materiais Trata-se de uma pesquisa, do ponto de vista da sua natureza, classificada conforme Silva & Menezes (2001), como aplicada. A abordagem do problema é classificada como qualitativa na coleta de dados, pois é apresentada uma escala nominal qualitativa, e quantitativa com relação a análise desses dados sumarizando as respostas. Quanto aos seus objetivos, a pesquisa é considerada como exploratória, pois além de fazer um levantamento bibliográfico são aplicados questionários com os funcionários que vivem experiências relacionadas com o tema abordado. 2.1 Procedimentos Metodológicos Após uma revisão sobre Qualidade de Vida no Trabalho, optou-se por utilizar o modelo adotado por Freitas & Souza (2008) com adaptações de nomenclatura, já que o objeto de estudo não é o mesmo. Esse instrumento foi apresentado ao Gerente Executivo e de comum acordo foi utilizada a estratégia de entregar e aplicar os questionários diretamente aos servidores, com o auxílio de cada coordenação de setor. Aplicou-se o questionário para aos servidores lotados na Gerência Executiva em Campos dos Goytacazes (GEXCGT), com o objetivo de analisar a qualidade de vida no trabalho dos referidos funcionários em algumas das seções. Após a aplicação, as informações coletadas foram analisadas por blocos, conforme o modelo proposto por Freitas & Souza (2008). 2.2 População e Amostra Um questionário piloto foi aplicado para 10 servidores distribuídos em todos os setores participantes da pesquisa no dia 08/04/09 e todos responderam. O questionário piloto é o mesmo aplicado para todos servidores. A utilização de uma pesquisa piloto tem como objetivo validar o instrumento de pesquisa, isto é, verificar se ele mede aquilo que ele se propõe a medir (HORA; MONTEIRO & ARICA, 2010), e estimar as variâncias dos itens de modo a estimar uma amostra representativa. Para esse cálculo foi utilizado o Excel que pertence ao Pacote Office da Microsoft®. 3 A amostra é classificada como probabilística casual estratificada (SILVA & MENEZES, 2001). É aplicada a fórmula para verificar o número de questionários respondidos que serão necessários para se obter uma pesquisa eficiente (MATTAR, 2008). 222 22 )1( ZNe NZ n Onde : n é o tamanho da amostra; Z² é a variável normalizada correspondente ao nível de significância adotado; σ² é a variância da população; e é a margem de erro (na unidade de verificação); N é o tamanho da população. Foi utilizado um nível de significância de 90%, margem de erro 2% e tamanho da população 106. Após tabulação dos dados, foram realizados o cálculo da variância e o cálculo do número necessário de questionários preenchidos. O que resultou na necessidade de 42 questionários preenchidos para que a análise realizada fosse significante. Diante disso, foram distribuídos 89 questionários nos setores, tendo 43 devolvidos devidamente preenchidos. 2.3. Técnica de Análise dos Resultados A análise dos dados foi feita de forma geral independente do setor, identificando os itens mais críticos, tanto positiva quanto negativamente. Foi utilizada a porcentagem dentro do gradiente de respostas para apontar os itens que necessitam maior atenção e prioridade, os itens de maior necessidade apontados pelos servidores, suas principais carências. Foi analisado também os pontos que já têm uma boa aceitação e os que já são realizados pela instituição. Para sumarização dos dados, os itens da escala de avaliação são aglomerados conforme sua afinidade, isto é, as porcentagens dos itens chamados de “Muito Bom” e “Bom” são somadas por entender-se que há uma satisfação em algumgrau com a questão inquirida. O mesmo é feito para os itens negativos. Opta-se por não efetuar uma análise extensa de todos os itens do questionário dada a limitação de espaço existente. Assim sendo, serão apresentados resultados parciais da pesquisa, apontando os resultados mais relevantes. 3. Qualidade de Vida no Trabalho A obtenção da Qualidade de Vida no Trabalho requer a análise de muitos fatores dentre eles: o ambiente de trabalho, as expectativas do trabalhador, os benefícios que a empresa oferece, da integração entre funcionário-empregador, a questão salarial, do relacionamento dos funcionários entre si, entre outros. Sobre a definição de qualidade de vida no trabalho, Walton (1973) define como sendo uma humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo o atendimento das necessidades e aspirações do indivíduo. Na visão de Schmidt & Dantas (2006) o conceito de QVT passa “por noções de motivação, satisfação, saúde e segurança no trabalho e envolve recentes discussões sobre novas formas de organização do trabalho e novas tecnologias”. Westley (1979) foi o primeiro autor a tratar as questões psicológicas, sociais, econômicas e políticas na análise de QVT, considerando aspectos internos e externos da organização onde o funcionário está engajado. 4 Para Sá (2000) ainda não se tem uma definição clara sobre QVT, mas percebe-se que ela envolve vários programas que consideram os anseios do trabalhador quanto a humanização do trabalho e uma busca de maior competitividade das organizações no contexto global Na área de comportamento organizacional, existem vários autores que se preocupam em oferecer referenciais para aferição da motivação e satisfação no trabalho. Entre esses temos: Hackman & Oldhan (1975), Westley (1979), Walton (1973) e Freitas & Souza (2008). 3.1. QVT Setor Público ‘versus’ QVT Setor Privado Segundo Nicoleti & Lauer (2007), a iniciativa da qualidade de vida no trabalho é importante tanto no setor privado quanto no setor público, já que são programas que tratam das necessidades físicas e psicológicas dos funcionários e também as condições de trabalho na qual eles estão sujeitos. Ainda mais que “possuem um capital humano que também precisa ser valorizado” (BEZERRA, 2006). De acordo com Bezerra (2006), as empresas privadas hoje investem em atividades que beneficiam o funcionário como aulas de ginástica laboral, ergonomia, melhoria do ambiente físico, estímulo à realização de check-ups periódicos, combate ao tabagismo e ao alcoolismo etc. Em contrapartida, ela diz que a QVT no serviço público brasileiro se encontra em estado de alerta e ela comenta que “a precarização do emprego público refletida nos baixos salários, na terceirização, na falta de condições de trabalho e o descaso dos dirigentes prejudicam a qualidade de vida no trabalho”. Por isso é comum hoje, vários casos de doenças gerais no setor público e as doenças ocupacionais como LER (Lesões por Esforço Repetitivos) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), problemas psicossomáticos como obesidade, hipertensão e até mesmo casos de depressão, provenientes das más condições dos locais de trabalho e à falta de sentido do trabalho. Ressalta ainda que “alguma coisa precisa ser feita para evitar os altos índices de adoecimento.” Ela lembra que os profissionais devem ser considerados como sujeitos do trabalho e não objetos de produção, para isso a QVT requer a estruturação de um espaço organizacional que venha dar valor a subjetividade, valorizando o potencial e criatividade dos funcionários e que estes tenham a oportunidade de inserir suas opiniões em decisões dentro da sua organização. Nicoleti & Lauer (2007) informam que por causa da variação da gestão, o setor público encontra-se sempre em mudanças de projetos e propostas, mas no entanto se esquecem da QVT de seus funcionários. Bezerra (2006) analisa que falta uma gestão pública eficaz para o investimento de QVT para os funcionários públicos, pois os recursos financeiros são maus administrados, visto que existe uma cultura que o servidor público faz corpo mole, não quer nada com o serviço e conseqüentemente não precisa de investimentos, mas paralelamente eles são exigidos como acontece no setor privado, ou seja, ele sempre fica mal, ou é visto como um “ boa vida” ou acaba tendo o mesmo tratamento como no serviço privado, com o detalhe de não ter as condições necessárias para tal. A respeito dessa diferenciação entre os setores público e privado, Guimarães; Paulo & Ferreira (2006) esclarecem que não se deve mais fazer separação com essa classificação no campo profissional, já que o mercado de trabalho exige da mesma forma de ambas as organizações. Já, de acordo com Bezerra (2006) as ações de QVT no setor público apresentam particularidades em comparação ao setor privado. Para o órgão público as ações têm que ser direcionadas para o que as empresas estão necessitando, visto que, um grande problema do serviço público é a organização do trabalho. Com isso existem problemas com o planejamento das atividades, com sua definição, na distribuição das tarefas de acordo com as competências e com a capacitação de seus funcionários. erika.almeida Realce erika.almeida Realce erika.almeida Realce erika.almeida Realce erika.almeida Realce erika.almeida Realce 5 Para se obter um sucesso nas práticas relacionadas a QVT no serviço público, Bezerra (2006) conta que o objetivo é a busca da junção da produtividade e o bem-estar, pois são experiências que privilegiam a participação dos gestores e dos servidores, com criação de grupos de trabalho com representação em diferentes áreas da empresa e iniciando mudanças na cultura organizacional. Finalizando, Bezerra (2006) define que em determinadas situações a QVT não implica custo, pois são mudanças no modo de gestão. Para isso, quanto maior número de servidores participando dos programas facilitará sua implantação. Orienta que a QVT deve ser construída coletivamente, já que trata de melhorias das condições de trabalho do servidor e do seu bem- estar. 3.2. Modelo de Avaliação de QVT (FREITAS E SOUZA, 2008) Este modelo define dimensões e subdimensões estabelecidas pelos modelos de autores como Walton (1973), Westley (1979), Hackman & Oldham (1975), mas com uma abrangência maior, podendo ser considerado um modelo mais completo daqueles já mencionados, pois une as várias idéias de autores conceituados. São apresentadas abaixo brevemente as dimensões que compõem o modelo utilizado. Para mais detalhes da construção e utilização do modelo, recomenda-se a leitura de Freitas & Souza (2008), uma vez que não esta no escopo deste trabalho o detalhamento do instrumento e técnica de interrogação: D1 – Dimensão ‘Integração Social na Organização’: esta dimensão permite investigar algumas formas de relacionamento pessoais dentro de uma organização. Dentro desta dimensão são analisadas as subdimensões, a saber: Igualitarismo, Ausência de Preconceitos, Facilidade de Mobilidade Social, Condições de Abertura Interpessoal; D2 – Dimensão ‘Utilização da capacidade humana’: Possui seis subdimensões que tratam da capacidade humana no seu desenvolvimento, utilização e seu relacionamento com as outras pessoas. A saber: Autonomia, Us Múltiplo de Habilidade, Quantidade e Qualidade de Informações, Execução de tarefas Completas, Planejamento do Trabalho, Feedback; D3 – Dimensão ‘Segurança e saúde nas condições de trabalho’: nesta dimensão são analisadas as condições físicas, psicológicas e ambientais que podem afetar o funcionário. Sendo suas subdimensões: Horários, Condições Físicas, Limites de Idade para o trabalho, Qualidadee Quantidade de Recursos Materiais, Condições Psicológicas; D4 – Dimensão ‘Constitucionalismo’: refere-se aos direitos e deveres de um membro da organização. Suas subdimensões são: Privacidade, Livre Expressão, Igualdade de Tratamento, Possibilidade de Recurso; D5 – Dimensão ‘Trabalho e espaço de vida’: avalia três subdimensões: Tempo de horas extras, tempo com família, atividades cívicas beneficentes; D6 – Dimensão ‘Compensação adequada e justa’: refere-se a relação entre o pagamento e a contribuição do trabalhador para com a organização, isto é, a relação existente entre o valor de salário pago e o cargo ocupado; D7 – Dimensão ‘Oportunidade de carreira e garantia profissional’: refere-se a quatro subdimensões: Oportunidade de Continuidade dos Estudos, Incentivos ou Investimentos em Cursos Complementares ou de Especialização, Estabilidade no Emprego e Renda, Oportunidade de Expansão na Carreira; erika.almeida Realce 6 D8 – Dimensão ‘Relevância social do trabalho’: relaciona-se ao prestígio da organização alcançado por ser socialmente responsável e pelos benefícios proporcionados a comunidade em que está inserida; 4. Estudo de Caso: INSS – Gerência Campos dos Goytacazes/RJ O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS foi criado em 27 de junho de 1990, durante a gestão do então presidente Fernando Collor de Melo, por meio do Decreto n° 99.350, que autorizou a fusão do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social - IAPAS, com o Instituto Nacional de Previdência Social - INPS, como instituição autárquica, com todas as características propostas no Decreto-Lei nº 200/67 e vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, atual Ministério da Previdência Social – MPS. Compete ao INSS a operacionalização do reconhecimento dos direitos da clientela do Regime Geral de Previdência Social - RGPS que atualmente abrange aproximadamente 31 milhões de contribuintes (Boletim Estatístico da Previdência Social, dados de 2004). No art. 201 da Constituição Federal Brasileira, observa-se a organização do RGPS, que tem caráter contributivo e de filiação obrigatória, e onde se enquadra toda a atuação do INSS, logicamente respeitadas as políticas e estratégias governamentais oriundas dos órgãos hierarquicamente superiores, como o MPS. O INSS caracteriza-se, portanto, como uma organização pública prestadora de serviços previdenciários para a sociedade brasileira. É nesse contexto e procurando preservar a integridade da qualidade do atendimento a essa clientela, que o Instituto (INSS) vem buscando alternativas de melhoria contínua, com programas de modernização e excelência operacional, ressaltando a maximização e otimização de resultados e de ferramentas que fundamentem o processo de atendimento ideal aos anseios da sociedade em geral. O INSS ou a Previdência Social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte, quando ele perde a capacidade de trabalho, seja pela doença, aposentadoria, morte e desemprego involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão. 4.1. População Pesquisada e Limitações Encontradas Em Campos dos Goytacazes, onde é o foco desse estudo, a referida Gerência é localizada nessa cidade, mas abrange outras cidades da região, onde estão localizadas as APS’s (Agências da Previdência Social), local onde acontecem os atendimentos aos segurados e a realização de perícia médica. No mesmo prédio da Gerência se localiza também uma das APS’s de Campos, mas não é o foco dessa pesquisa, pois esta foi realizada nos setores referentes a Gerência. Com base em planilha fornecida pela Seção de Recursos Humanos, ao todo são 106 servidores lotados na Gerência, o que compõe a população entrevistada. Os setores pesquisados podem ser observados na Tabela 3. Tabela 3: Setores e População Pesquisados. Setor Pesquisada Nº de Funcionários Gabinete da Gerência Executiva 10 Seção de Benefício 42 Seção de Logística, Contratos e Licitações 26 Seção de Orçamento, Finanças e Contabilidade 10 Seção de Recursos Humanos 18 TOTAL 106 Fonte: Seção de Recursos Humanos da Gerência Executiva em Campos dos Goytacazes. 7 Quando se iniciou a aplicação do questionário foi verificado que alguns sub-setores, que segundo a planilha disponibilizada estava sob responsabilidade da Seção de Benefício, na realidade estava sob responsabilidade direta da Gerência, e não se encontravam mais no prédio, o que dificultou a obtenção de um número maior de questionários preenchidos. Além dessa limitação descrita, foram encontradas outras limitações. Alguns servidores se negaram a preencher o questionário. Isso ocorreu porque foram informados, após autorização e liberação por parte do Gerente Executivo, que essa pesquisa seria utilizada como base para a Instituição realizar melhorias futuras para os próprios funcionários, ou seja, esse questionário além de servir para essa pesquisa serviria para uma avaliação do Órgão, mas, alguns não entenderam isso como um benefício e não participaram da entrevista e desperdiçaram uma maneira democrática de expressar suas opiniões, sua maneira de pensar. A outra limitação foi que na semana que ocorreu a aplicação dos questionários estava acontecendo um encontro no prédio com alguns coordenadores de setor, o que dificultou um pouco, já que a proposta inicial era que estes coordenadores mediariam e fariam a aplicação dos questionários para os seus colegas de setor, conforme estratégia discutida e aprovada pelo gerente. A Previdência Social já vem atuando na obtenção de uma Qualidade de Vida no Trabalho para seu quadro de servidores. Alguns programas se destacam: Bolsas de Estudo: atualmente o INSS oferece bolsas de Graduação e Pós- Graduação para seus funcionários, dando oportunidades para seus servidores se especializarem para usufruir na própria Instituição e conseqüentemente dar continuidade nos seus estudos; Gratificação por Desempenho: foi instituída uma avaliação de desempenho institucional e individual para todos os servidores. Na essência, representa um salto de gestão à altura das melhores instituições públicas do mundo e condizente com a capacidade de crescimento profissional dos servidores; Planejamento Estratégico da Previdência Social: além de definir a missão, a visão e os valores da Previdência Social, foram definidos cinco direcionadores estratégicos: modernização da infra-estrutura, gestão estratégica de pessoas, foco na gestão e no controle social, excelência do atendimento e fortalecimento da proteção social, que serviram de alicerce à elaboração do Plano de Ação do INSS para 2009, aprovado pela Resolução nº 63 de 04/02/2009; Pesquisa de Satisfação: recentemente foi realizada uma enquete com servidores para ajudar a melhorar o atendimento aos segurados e a melhorar as condições de trabalho, tendo o objetivo de colher informações para que o INSS possa direcionar a força de trabalho. Essa enquete foi disponibilizada na intranet; Atuação do Serviço Social: os profissionais da área de serviço social, em colaboração com outros setores, têm ajudado os servidores a melhorar a qualidade de vida. Em Brasília, eles atendem os servidores e seus familiares. Foram criados espaços onde servidores aposentados e ativos ou seus dependentes expõem e vendem objetos artesanais que produzem. A idéia é estimular o potencial criativo, combater doenças como a depressão e contribuir com a melhoria da qualidade de vida. Existe a consciência de que da mesmaforma que problemas no trabalho, os problemas pessoais e financeiros também interferem no rendimento dos funcionários. Por isso os funcionários já começaram a contar com o Programa de Apoio ao Empregado. De qualquer parte do país o funcionário liga para uma central e é atendido por um assistente social que o 8 encaminha às áreas jurídicas, financeira ou psicológica; Exame médico periódicos: a partir deste ano, todos os servidores federais terão de fazer exames de saúde periódicos. A medida que só era exigida para a iniciativa privada, agora passa a ser adotada também no setor público a partir da aprovação da Lei 11.907/09. 4.2. Instrumento de Interrogação O questionário aplicado possui 46 perguntas divididas em 2 blocos, além de um bloco referente a informações sobre o servidor e um outro onde ele pode expressar suas idéias e opiniões. A Tabela 4 apresenta como está a distribuição das perguntas com relação às dimensões identificadas em cada bloco: Tabela 4: Distribuição das questões segundo as Dimensões (em cada bloco de questões). BLOCO 1 BLOCO 2 Questão Dimensão representada Questão Dimensão Representada 1 a 6 D1 Integração social 1 a 6 D3 Segurança e saúde nas condições de trabalho 7 a 13 D2 Utilização da capacidade humana 7 a 11 D5 Trabalho e espaço de vida 14 e 15 D3 Segurança e saúde nas condições de trabalho 12 e 13 D4 Constitucionalismo 16 e 17 D4 Constitucionalismo 14 D6 Compensação justa e adequada 18 e 19 D5 Trabalho e espaço de vida 15 e 16 D7 Oportunidade de Carreira 20 a 22 D6 Compensação justa e adequada 17 a 20 D2 Utilização da capacidade humana 23 D8 Relevância social 21 a 23 D8 Relevância social Fonte: Freitas & Souza (2008) É importante ressaltar que para esta comunicação científica serão apresentados somente os dados relativos ao Bloco 1, além do bloco de identificação para caracterização da amostra. 4.3. Análise dos Resultados 4.3.1. Caracterizaçãoda Amostra consultada – Bloco de identificação A partir da pesquisa realizada pode-se constatar que 68% dos respondentes nesta pesquisa possuíam como cargo inicial Agente Administrativo e 9% Técnico Previdenciário. Como Cargo Atual, 82% apontaram o cargo de Técnico de Seguro Social, que veio substituir o antigo Técnico Previdenciário e também unificar outros cargos dentro da Instituição. E com 10% foi apontado o cargo de Analista do Seguro Social (Nível Superior em diversas áreas). Dos participantes da pesquisa realizada, 79% possuem mais de 10 anos de Instituição, estando próximo de se aposentarem. A maioria dos servidores respondentes quando ingressaram no quadro de funcionários do INSS em Campos tinham o Ensino Médio como nível de instrução. Mas, a Previdência Social está atualmente investindo em seus servidores, oferecendo a eles a oportunidade de cursar uma Faculdade e aumentar seus conhecimentos. O nível atual de instrução apresenta uma situação bem diferente se comparado com a situação quando os servidores entraram na Instituição. Houve um aumento considerável no nível de instrução dos servidores. Pode-se perceber que hoje 68% dos participantes da pesquisa já cursaram uma graduação. E esse número tende a aumentar, pois a Instituição vem dando incentivo aos seus funcionários, independente da idade, tempo de Instituição, setor que está lotado, para investirem em si mesmos, seja por meio de uma faculdade, seja por outro tipo de curso. 9 A faixa etária entre 51 e 60 anos representa a maioria dos entrevistados, com 59%. É um fato que preocupa, pois muitos já estão em condições de se aposentar, quer pelo tempo de serviço, quer pela idade. Mas, a Instituição já está atenta para essa situação e está mesclando a experiência dos seus servidores mais antigos com os recém concursados. Por isso os recentes concursos oferecidos foram realizados para, aos poucos, atender as demandas referentes a aposentadoria. Não há predominância de gênero entre os entrevistados, sendo 49% masculino e 51% feminino. 4.3.2. Análises do bloco de desempenho As análises de desempenho são sumarizadas na Figura 1, e descritas a seguir. Conforme a técnica de análise anunciada na metodologia, as respostas são aglomeradas conforme afinidade Foi avaliado o relacionamento dos funcionários entrevistados com os diversos níveis hierárquicos dentro da Instituição. No relacionamento com demais funcionários do mesmo nível hierárquico foi percebida uma aprovação de 100% dos entrevistados, o que tem tornado o ambiente de trabalho mais produtivo e agradável, já que é comum o contato entre os funcionários dos setores, alguns procedimentos dentro da Instituição dependem da colaboração do outro. Esta aprovação é confirmada pela cooperação entre os colegas de mesmo setor (75%). Este fator pode ser justificado pelo tempo em que os mesmos trabalham juntos, já que a maioria possui mais de 25 anos de Instituição, gerando cumplicidade entre os mesmos e extendendo este relacionamento a uma amizade, extra INSS. Para 88% dos funcionários entrevistados as observações feitas pelo seu superior são para o crescimento profissional e estão de acordo com o modo em que estas são colocadas. Isso confirma a boa relação que os servidores têm com seus superiores. Dos entrevistados, 84% dos funcionários consideram ter abertura para organizar seu próprio trabalho da forma que achar melhor, não tendo interferência, mas desde que cumpra com suas obrigações. Bloco de Desempenho 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1 4 7 10 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Itens Po rc en ta ge ns Muito Ruim Ruim Neutro Bom Muito Bom Figura 1: Resumo dos resultados do bloco de desempenho. Fonte: elaboração própria. 10 Item Descrição 1 Com os outros funcionários do mesmo nível hierárquico? 4 Como você considera a cooperação entre os colegas de setor? 7 Como você considera as observações construtivas de seu superior sobre seu trabalho? 10 O grau de sua participação, permitido pela instituição, no planejamento do seu próprio trabalho, como pode ser avaliado? 14 Considerando as condições ambientais de trabalho como você classifica o desempenho da instituição? 15 Como você classifica os recursos materiais, necessários, oferecidos para execução de sua função? 16 A preservação de sua privacidade dentro da instituição pode ser considerada: 17 Quando decisões tomadas na instituição o afetam, a possibilidade de revisão destas decisões, ou seja, de recurso, pode ser considerada: 18 O tempo que você passa com sua família, sem ser afetado pelo trabalho levado para concluir em casa pode ser considerado: 19 O grau do impacto causado pela atividade exercida por você na instituição na vida de outras pessoas dentro ou fora da organização pode ser considerado: 20 Como pode ser considerado o valor de seu pagamento em relação a sua contribuição para esta instituição? 21 Os benefícios recebidos podem ser considerados: 22 Como pode ser considerado o valor de seu salário em relação ao cargo ocupado, quando comparado ao valor pago por este mesmo cargo em outras organizações do mesmo ramo? 23 Como é a imagem do INSS perante a comunidade local? Quadro 1: Descrição dos itens ilustrados na Figura 1. Fonte: Adaptado de Freitas & Souza (2008). As condições ambientais também foram avaliadas e encontraram 61% de reprovação, enquanto organização, iluminação, higiene e ventilação. Com relação aos recursos materiais necessários para execução das tarefas, a opinião ficou dividida: 51% consideram que estes não atendem as necessidades, sendo muito ruins ou ruins e 44 % opinaram que estes recursos atendem, porém podem ser melhorados.Para 68% dos servidores, sua privacidade não é ameaçada dentro das suas atribuições, fazendo com que sua imagem seja preservada. Mas a Instituição pode estar falhando em algum ponto, já que 21% acredita que é muito exposto, esse número é até alto, pois a Instituição Pública é obrigada a preservar a integridade física e moral do seu servidor. Foi possível identificar também que nem todos tem possibilidade de recorrer a recursos internos quando alguma decisão o afeta dentro da Instituição, o que demonstra não ser igualitário o tratamento, segundo a visão de 30% dos entrevistados. A amostra selecionada e participante da pesquisa realizada não considera que o trabalho no INSS- Gerência Campos dos Goytacazes/RJ interfira em seu tempo de lazer e com a família e também que o mesmo não traz transtorno para outras pessoas. Para 59% dos entrevistados o salário está condizente com o que lhe é exigido na função, porém 79% consideram que os beneficios recebidos estão aquém do que desejam. Isto pode ser justificado por fatores como, por exemplo, o plano de saúde ser participativo. Apesar de consiiderarem o salário condisente com o seu esforço e desempenho dentra da Instituição, 75% não concordam de terem salários menores que outros funcionários que desempenham a mesma função em outros órgãos, não existindo equiparação de cargos. Porém, este fator é de competência direta o Governo Federal, não tendo a Instituição autonomia para realizar estes ajustes salariais. Outro item crítico e muito importante está relacionado a imagemda Instituição dentro da cidade, pois 65% enxerga que a Instituição não tem uma imagem boa, quer seja pelos serviços prestados, quer pela demora no atendimento, apesar de ter melhorado muito, pois não existem mais aquelas longas filas, mas ainda sim apresenta deficiências. Outro agravante é que o funcionário público é mal visto pela sociedade. Mas, essa imagem, os próprios servidores são 11 responsáveis em modificar, com seu trabalho, esforço e dedicação, pois, existem pessoas comprometidas com o serviço público e honram a Instituição. 5. Conclusões 5.1. Quanto ao objetivo Observando-se os objetos traçados no início desse projeto, constata-se que o objetivo geral foi alcançado, pôde-se avaliar o nível de satisfação dos servidores. Numa avaliação geral, existe a satisfação na maioria dos profissionais, foram descritas medidas já tomadas pela Instituição visando o aprimoramento, implantação e importância da QVT dentro da organização. 5.2. Quanto ao trabalho realizado Foi constatado que grande parte dos servidores estão acreditando e incentivando as iniciativas de melhorias, dada uma grande quantidade dos itens terem uma alta quantidade de aprovação. O que demonstra que a Instituição está buscando o melhor para seu quadro de funcionários. A partir da análise dos dados, alguns itens tiveram um alto nível de aprovação e outros alto nível de reprovação. A idéia dessa pesquisa é que ela sirva como um embasamento, um modelo para que sejam aplicadas ações que visem a melhoria da Qualidade de Vida dos Servidores da Gerência Executiva em Campos dos Goytacazes. Foi acordado com o Gerente Executivo que essa pesquisa será disponibilizada para a Seção de Recursos Humanos para ser analisada e verificada as necessidades e anseios de todos, tanto dos servidores quanto da Instituição. Para que todos juntos mudem a imagem do INSS perante a comunidade, já que pela pesquisa essa imagem está ruim. 5.3. Quanto aos trabalhos futuros Sugere-se para trabalhos futuros dentro do INSS ou em outras instituições públicas ou privadas o seguinte: uma abordagem com aperfeiçoamento, adaptações e mais abrangente sobre o que pode ser feito na prática com a Qualidade de Vida no Trabalho, abordando itens não apresentados aqui; verificar a situação de servidores com deficiência física, se suas necessidades são sanadas, se a Instituição se preocupa com sua locomoção dentro do Órgão, se existe alguma dificuldade, se existe algum trabalho voltado para a sua saúde, se existe alguma conscientização dos colegas de trabalho; desenvolver uma versão desse questionário ou um adaptado para a Intraprev (intranet da previdência social), para que um maior número de servidores possa participar e ajudar a melhorar as implementações de QVT dentro da Instituição. 12 6. Referências Bibliográficas ALVAREZ, Neide Rozas, MAGALHÃES, Luiza Eliana Reis - Qualidade de Vida no Trabalho: Estudo de Caso em uma Prefeitura de Médio Porte, Mar/2005. BEZERRA, Ana Magnólia. Todos precisam ter uma boa qualidade de vida. RH.com.Br, 30/10/2006. Entrevista concedida a Patrícia Bispo. CONTE, Antônio Lázaro - Qualidade de Vida no Trabalho: Funcionários com qualidade de vida no trabalho são mais felizes e produzem mais. FAE BUSINESS, N.7 p.32-34, nov. 2003. FREITAS, André Luis Policani, SOUZA, Rennata Guarino Bastos de. Um Modelo para Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho em Universidades Públicas, IV Congresso Nacional de Excelência em Gestão, 31 de Julho à 02 de Agosto de 2008. GUIMARÃES, Maria Anunciada de Oliveira, PAULO, Josete Silvestre, FERREIRA, Telma Tenório Bezerra. Gestão de Pessoas no Setor Público: Ambiente Organizacional Satisfatório. Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Maceió – FAMA, Maceió/AL, Jul/2006. HACKMAN, J. Richard, OLDHAM, Greg R. 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