Buscar

Tutela de Urgência e Efetividade do Direito Trabalho Pronto

Prévia do material em texto

11
FACULDADE METROPOLITANA DA GRANDE RECIFE
Curso de Bacharel em Direito
Turma 6A-N
TUTELA DE URGÊNCIA E EFETIVIDADE DO DIREITO
Jaboatão dos Guararapes
2017
TUTELA DE URGÊNCIA E EFETIVIDADE DO DIREITO
Trabalho elaborado como requisito parcial da disciplina de processo civil do curso de bacharel em direito da Faculdade Metropolitana, sob a orientação do professor:
Jaboatão dos Guararapes
2017
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO	.......................... 4
2.desenvolvimento	5
2.1. tutela provisória no cpc 2015	6
2.2. influências do texto no cpc 2015 	8
3. CONCLUSÃO	10
REFERÊNCIAS	11
1. INTRODUÇÃO
	As providências antecipatórias claramente inseridas no código de processo civil Italiano, bem como, no código de processo civil Francês, trouxeram a idéia de que de alguma forma pudesse se ter um justiça mais ágil, no entanto de logo é perceptível que tal agilidade não logra êxito por muito tempo, pois conforme analogia tão oportuna, a estrada que acabara de ser construída, passou a ser a via principal gerando assim um desgaste prematuro da mesma, neste diapasão, o jurista José Carlos Barbosa Moreira, abordou tal tema com maestria num texto intitulado “Tutela de Urgência e Efetividade do Direito” ao qual traz a problemática também a luz do direito Brasileiro. 
 É neste sentido que caminha o estudo abaixo suscitado, trazendo as idéias de antecipação de tutela a partir da Itália, França e Brasil, neste, ainda a luz do código de processo civil de 1973 e agora sobre a égide do código de processo civil de 2015.
	
2. DESENVOLVIMENTO 
 A opção de concessão a estabilidade das medidas antecipatórias adotada pelo sistema processual italiano e pelo sistema dos référés franceses, surgiu com o intuito de afastar os males decorrentes da excessiva demora no tempo de realização do processo, bem como evitar a propositura de processos principais quando as partes estivessem satisfeitas com o provimento obtido em sede de antecipação de tutela.
 O código de processo civil Italiano em seu Art.700 diz que por motivo fundado de temer que, durante o tempo necessário para fazer valer pela via ordinária o seu direito, este fique ameaçado de prejuízo iminente e irreparável, pode requerer ao juiz as providências urgentes que, de acordo com as circunstancias, pareçam idôneas para assegurar os efeitos da decisão sobre o mérito. Atribuindo-lhe assim índole cautelar, o que na doutrina causou grande estranheza, não pelo fato de que a decisão acima citada pudesse assumir caráter antecipatório da tutela definitiva, mas sim a idéia de que pudesse tornar ela mesma definitiva ao invés de apenas apoiar para chegar a tal definição.
 Contudo, o direito Italiano também comporta providências antecipatórias de clara natureza não cautelar, a exemplo do Art.186 do código de processo civil, com o qual, a requerimento da parte o juiz instrutor pode ordenar, na pendência de ação condenatória, o pagamento, pelo réu, das quantias não contestadas, ao contrário do que diz no Art.700, aqui não se exige a urgência, dando ao credor a oportunidade de obter pelo menos parcial o crédito, antes da sentença final, não exercendo assim função meramente instrumental em relação à sentença provavelmente condenatória.
 Assim também o código Francês, trouxe em seus Arts. 484, 488 e em outros situados em contexto diferente a exemplo do 808, a idéia do réfère que consiste no pressuposto da urgência, no caráter provisório e na ausência de efeito vinculativo para o juiz incumbido da causa principal. Porém um ponto que chama atenção aqui é a relação entre a decisão provisória e a definitiva, que também assume freqüentemente conteúdo igual ao que provavelmente se possa ter na decisão final, assim sendo, tutela de urgência, confunde-se com tutela antecipada.
 Pois bem, não obsta dizer que no Brasil, tal instituto se deu por meio da lei n° 8.952/94 a qual modificou o Art.273 do código de processo civil, trazendo a possibilidade de antecipação da tutela, não ensejando aqui uma verdade absoluta, pois já existiam fragmentos deste em outras hipóteses, quais sejam ritos sumários, procedimental e da cognição, onde este visa apressar a prestação jurisdicional mediante cortes nas atividades, e aquele formado por providencias que visam imprimir maior rapidez ao processo, sem sacrifício da atividade cognitiva do juiz.
2.1 TUTELA PROVISÓRIA NO CPC 2015
 A tutela provisória de urgência no código de processo civil brasileiro de 2015 é regulada nos artigos 300 a 310, nos artigos 300 a 302 estão contidas as disposições gerais, os artigos 303 e 304 tratam do procedimento da tutela antecipada requerida em caráter antecedente e os artigos 305 a 310 tratam do procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente, nos termos do artigo 300 a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo e, para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la, os requisitos gerais para o seu deferimento são a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, que se entende pela provável existência de um direito a ser tutelado e um provável perigo em face do dano ao possível direito pedido, os referidos requisitos são o fumus boni iuris e o periculum in mora dos provimentos cautelares.
 A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente após justificação prévia e, a tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Por sua vez a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, seqüestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito, nota-se que além da tutela cautelar destinada a assegurar o resultado final do provimento definitivo, existe a tutela antecipada do próprio mérito do processo principal de modo que se pode falar em medidas provisórias de natureza cautelar e medidas provisórias de natureza antecipatória, estas de cunho satisfativo e aquelas de cunho preventivo, tanto a medida cautelar como a medida antecipatória representam provimentos de cunho emergencial adotadas em caráter provisório, distinguindo-se na sua substância, enquanto a primeiro assegura a pretensão a segunda a realiza de pronto, aproxima-se assim do direito europeu a regulamentação da tutela provisória no novo código de processo civil. 
 Os artigos 303 e 304 em que tratam do procedimento da tutela antecipada requerida em caráter antecedente dispõem que nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Deferida a tutela antecipada deve o autor aditar a petição inicial no prazo de 15 (quinze) dias, caso seja indeferida o juiz determinará que o autor emende a petição inicial no prazo de 5 (cinco) dias sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito. 
 Da decisão que defere ou indefere a tutela antecipada cabe agravo de instrumento conforme dispõe o artigo 1015. Se a decisão for de deferimento e a parte não recorrer, a decisão torna-se estável e o processo será extinto, se a decisão for de indeferimento o autor terá que emendar a inicial no prazo de 5 (cinco) dias podendo interpor agravo de instrumento. Importante lembrarque a decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes no prazo de 2 (dois) anos, conforme preceitua o § 6º do artigo 304, desta segunda decisão é cabível a apelação nos termos do artigo 1009 do Código. 
 Deste modo, mesmo que a parte não recorra da decisão que defere a tutela antecipada ainda poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada, desde que dentro do prazo de 2 (dois) anos. 
 O procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente está regulado nos artigos 305 a 310, consignando que a petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou 
o risco ao resultado útil do processo e que caso o juiz entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada aplica-se o disposto no artigo 303, deste modo fica resolvida a questão da fungibilidade da tutela de urgência antecipada e da tutela de urgência cautelar, podendo-se adequar o procedimento conforme a presença dos requisitos exigidos para a tutela cautelar e para a tutela antecipada, nos mesmos moldes do que previa o § 7º do artigo 273 do Código de Processo Civil de 73. 
 Efetivada a tutela cautelar o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias e será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, entretanto o pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido cautelar, deste modo a cautelar não é mais uma ação autônoma dependente da ação principal, mas sim uma tutela preventiva formulada antecipadamente ou incidentalmente dentro do próprio processo principal, a exemplo da tutela antecipada do código de 73.
 Nos termos do artigo 310 o indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento deste, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição que são questões de mérito. Do deferimento ou indeferimento liminar da tutela de urgência cautelar caberá agravo de instrumento, artigo 1015 do novo Código, e da decisão definitiva de deferimento ou indeferimento caberá o recurso de apelação, artigo 1009 do novo Código. 
2.2 INFLUÊNCIAS DO TEXTO NO CPC 2015
 Até aqui pudemos perceber que a tutela provisória pode ser compreendida como uma medida judicial que antecipa os efeitos da tutela definitiva, resultando no resguardo do direito (cautelar), ou realizando o direito (satisfativa), seja total, seja parcialmente, nesse sentido estamos falando do objeto do pleito, ou seja, o que o juiz pode ou não conceder.
Ainda podemos olhar a tutela, sob o ponto de vista dos seus fundamentos, aqui, agora, o enfoque recai no que se baseia o pleiteante para pedir; nesse sentido podemos encontrar a URNGÊNCIA e a EVIDÊNCIA e, finalmente, numa terceira fase podemos encontrar o momento em que é requerida a tutela, podendo ser antecedentemente, sendo este pedido puro, ou seja, antes da tutela principal; ou incidentalmente, seja junto com o pedido principal, seja depois deste, tudo isso levando em consideração o panorama atual.
No entanto, no CPC/73 só se admitia a tutela satisfativa no fim do processo, salvo procedimentos especiais encontrados no LIVRO III, como possessório e ação de depósito, ou nas leis extravagantes, com o mandado de segurança e alimentos. Contrariamente, poderia se obter uma tutela provisória cautelar de forma genérica, encontrada no artigo 804 do CPC/73. Aqui, encontramos um problema. Os advogados a fim de obter uma tutela provisória satisfativa, quando não encontrava amparo nos procedimentos especiais ou nas leis extravagantes, começaram a se valer da generalidade das tutelas provisórias cautelares, quando na verdade buscavam uma satisfativa. Como exemplo, o professor Barbosa Moreira cita o PLANO COLLOR, que bloqueou os ativos financeiros dos brasileiros, então os advogados entravam com a AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA, e depois conforme o art. 806 do CPC/73 tinha que entrar com a ação principal gerando mais um processo, conforme sumulou o STJ “A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art.806 do CPC/73 acarreta a perda da eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar”, súmula 482/STJ. Só que as pessoas que tinham seus ativos desbloqueados satisfaziam seus direitos, gastando o dinheiro, fazendo da ação principal um verdadeiro lixo judicial.
O Legislativo então tomou uma providência criando a Lei n° 8.952/1994, que instituiu no artigo 273 a tutela provisória satisfativa de forma ampla, criando um problema para a doutrina e para a prática forense. É que no art. 804, na provisória cautelar trazia como requisitos o perigo de dano pela demora e o dano irreparável, enquanto que no 273, na satisfativa, a verossimilhança e a prova inequívoca, criando na prática rigidez para uma tutela e facilidade para a outra, a depender do entendimento do magistrado, o que em princípio iria trazer solução verificou-se o inverso.
Então, em 2002, aparece a Lei n° 10.444 que insere o §7° no artigo 273 no CPC/73, criando a fungibilidade, que possibilitava ao juiz diante de um pedido que tinha natureza diversa do que se pedia, conceder também de forma diversa. A partir daqui, se verifica então, o aumento da discussão acerca da natureza do pedido, se os efeitos deste eram totalmente cautelar ou satisfativo; para o professor Barbosa Moreira instalava-se uma ZONA CINZENTA ou FAIXA DE FRONTEIRA, onde se verificava ser complicado identificar qual seriam verdadeiramente os efeitos da antecipação, restando muitas vezes sem logro essa busca.
Diante disso, o professor Barbosa Moreira, propõe a extinção da ação cautelar preparatória, a qual foi adotada pelo NCPC/2015, ao eliminar o LIVRO III que constava dos procedimentos cautelares, e criando o LIVRO V sob a rubrica TUTELA PROVISÓRIA, fazendo dos mesmos pressupostos, requisitos para as provisórias cautelares e satisfativa e, nesse sentido bastando ao autor, no mesmo processo, aditar o principal ao provisório, deixando de acrescentar mais um processo para o sistema judicial. Mas, quando digo que o Código adotou, quero dizer que fez isso apenas extinguindo mais um processo, porque na prática o que era feito em dois processos, agora é observado em apenas um; aparecendo de novo mesmo, só a não cobrança de novas custas quando da apresentação do pedido principal. E, apresentado o pedido principal as partes serão intimadas para a audiência de conciliação e mediação, coisa que não existia no código revogado.
3. CONCLUSÃO 
 Com a edição do novo Código de Processo Civil ocorre uma unificação das tutelas provisórias, antes divididas em antecipada e cautelar ambas com rito próprio, de acordo com os artigos 294 a 311 do novo Código, são criadas disposições gerais para as tutelas provisórias que agora são de urgência, cautelar e antecipada, e de evidência. 
 O pedido de tutela de urgência, cautelar ou antecipada, é feito dentro do próprio processo principal de forma incidente ou antecipada, não existindo mais artigos específicos com requisitos das cautelares típicas, o procedimento foi simplificado principalmente para as tutelas cautelares que não são mais autônomas e dependentes do processo principal e, os recursos cabíveis continuam sendo o agravo de instrumento e a apelação. 
 As inovações trazidas pelo novo Código de Processo Civil, no que diz respeito à tutela provisória, atendem aos princípios da economia processual, da instrumentalidade das formas e da celeridade.
REFERÊNCIAS
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Tutela de urgência e efetividade do direito. (Texto de conferência pronunciada em 26-06-2003, em Campinas).
BRASIL. Código de processo civil 2015, Lei nº 13.105,de 16 de março de 2015.
BRASIL. Código de processo civil 1973, Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, súmula N° 482, disponível em: https://www.google.com.br/search?q=sumula+482+stj+novo+cpc&oq=sumula+482&gs_l=psyab.1.3.0l5j0i22i30k1.65458.69214.0.73562.10.10.0.0.0.0.287.1526.0j9j1.10.0....0...1.1.64.psy-ab..0.10.1522...35i39k1j0i131k1.0.2NFfnE3BG-M Acesso em 05 de outubro de 2017.

Continue navegando