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Estudo das Proteínas Prof. MSc. Carlos Henrique Ribeiro Lima 2 Proteínas Primeiro nutriente considerado essencial para o organismo; São macromoléculas presentes em todas as células dos organismos vivos; Podem ter origem endógena (derivadas da degradação de Proteínas celulares do próprio organismo) e exógena (dieta); Contém carbono, oxigênio e hidrogênio, mas é o único que possui nitrogênio (16%) junto com alguns outros minerais como fósforo, ferro e cobalto; São formadas pela combinação dos 20 aminoácidos em proporções diversas. PROTEÍNAS Palavra de origem grega que significa “de primordial importância”. Tirando a água, a maior parte do corpo é feita de proteína, ela faz parte da construção da célula e do próprio organismo. São formadas pelos aminoácidos que são considerados as unidades básicas fundamentais para a construção da proteína. Cada um deles tem sua função específica no organismo. PROTEÍNAS • São polímeros de condensação de aminoácidos ( de 300 aa) • Todas as proteínas são derivadas de somente 20 aminoácidos – os únicos codificados pelo RNA da célula • Aminoácidos – compostos orgânicos que apresentam um grupo ácido ou carboxila (COOH) e um grupo amina (NH2) ligados a um carbono assimétrico. Unidade estrutural básica de todas as proteínas. • Peptídeo – é a união de 2 ou mais aminoácidos, por ligações peptídicas. São moléculas formadas por até 10 aa, mais que isto é considerado um polipeptídeo. Ligação peptídica Ligação peptídica CLASSIFICAÇÃO • Quanto a Composição: – Proteínas Simples - Por hidrólise liberam apenas aminoácidos. – Proteínas Conjugadas - Por hidrólise liberam aminoácidos mais um radical não peptídico, denominado grupo prostético. Ex: metaloproteínas, hemeproteínas, lipoproteínas, glicoproteínas, etc. • Quanto ao Número de Cadeias Polipeptídicas: – Proteínas Monoméricas - Formadas por apenas uma cadeia polipeptídica. Exemplo: albumina – Proteínas Oligoméricas - Formadas por mais de uma cadeia polipeptídica; São as proteínas de estrutura e função mais complexas. Exemplo: Hemoglobina Níveis de organização das proteínas • Responsável pela função das proteínas • Primárias – sequência de aa ligados uns aos outros por ligações peptídicas (predeterminada geneticamente). É estabelecida quando se conhece o número, a estrutura e a ordem de todos os seus aa. • Secundárias – dobramento tridimensional de regiões específicas da cadeia polipeptídica de uma proteína. • Terciárias – refere-se a agregações específicas de certas regiões da cadeia polipeptídica, formando uma estrutura tridimensional. • Quaternárias – proteínas que apresentam duas ou mais cadeias de polipeptídeos unidas por ligações não covalentes (ligações de hidrogênio, eletrostáticas). Estrutura das proteínas 10 ESTRUTURA • Estrutura Primária – É o nível estrutural mais simples e mais importante, pois dele deriva todo o arranjo espacial da molécula. – A estrutura primária da proteína resulta em uma longa cadeia de aminoácidos semelhante a um "colar de contas", com uma extremidade "amino terminal" e uma extremidade "carboxi terminal". – Sua estrutura é somente a seqüência dos aminoácidos, sem se preocupar com a orientação espacial da molécula. – A estrutura primária de uma proteína é destruída por hidrólise química ou enzimática das ligações peptídicas, com liberação de peptídeos menores e aminoácidos livre. ESTRUTURA • Estrutura Secundária: – É dada pelo arranjo espacial de aminoácidos próximos entre si na sequência primária da proteína e é mantida pelas pontes de hidrogênio. ESTRUTURA • Estrutura Terciária • Dada pelo arranjo espacial de aminoácidos distantes entre si na sequência polipeptídica. • Forma em espiral ou helicoidal • É a forma tridimensional como a proteína se "enrola". • Unidas por ligação de hidrogênio. ESTRUTURA • Estrutura Quaternária – É forma como diversas estruturas terciárias ou subunidades se associam; – A estrutura secundária é dobrada sobre si mesma. – Estas subunidades se mantém unidas por forças covalentes. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM FUNÇÃO BIOLÓGICA CLASSE EXEMPLO Enzimas Lipase, amilase, ribonuclease Proteínas transportadoras Hemoglobina, albumina do soro, lipoproteínas Proteínas contráteis Actina, miosina Estruturais Queratina, colágeno, elastina De defesa anticorpos Hormônios Insulina, hormônio de crescimento De reserva Gliadina, ovoalbumina, caseína CLASSIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS • Proteínas Vegetais: alimentos fontes de origem vegetal: feijão, ervilhas.. • Proteínas Animais: contêm maior quantidade de aa essenciais do que as vegetais, e em geral, tem valor nutritivo mais alto. • Proteínas Biologicamente Completas: É a que contém todos os aa essenciais em quantidades adequadas para atender as exigências humanas. • Proteínas Biologicamente Incompletas: Carece de um ou mais aa essenciais. Proteínas vegetais. PRINCIPAIS FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS Construção e manutenção dos tecidos Formação de hormônios e anticorpos Fornecimento de energia Regulação de processos metabólicos Formação de enzimas Participa no transporte de Triglicerídeos, Colesterol, Fosfolipídios e Vitaminas Lipossolúveis. 1 grama fornece 4 Kcal • Controle metabólico - enzimas e hormônios • Transporte - hemoglobina, lipoproteínas • Estruturais - colágeno e elastina • Contração muscular - miosina e actina • Proteção imunitária – imunoglobulinas • Armazenamento - ferritina, mioglobina FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS Valor Biológico das Proteínas Proteínas Completas ou de Alto Valor Biológico São aquelas que possuem todos os aminoácidos essenciais na quantidade e relação corretas para manter o equilíbrio nitrogenado e permitir o crescimento e reparo dos tecidos. Fontes Alimentares de Origem Animal: carnes em geral, ovos (clara), leite e derivados (queijos, iogurte). Valor Biológico das Proteínas Proteínas Incompletas ou de Baixo Valor Biológico São as proteínas que não possuem todos os aminoácidos essenciais. Permitem vida, mas não o crescimento e o desenvolvimento ideal do organismo. Fontes Alimentares de Origem Vegetal: cereais (arroz, trigo, milho, centeio, cevada, aveia): não possuem lisina (aminoácido limitante); leguminosas (feijão, ervilha, grão de bico, lentilha, amendoim, soja) não possuem metionina (aminoácido limitante). FATORES QUE DETERMINAM A QUALIDADE DA PROTEÍNA • Perfil de aminoácidos • Digestibilidade • Relação Protéico-energética • Energia total da Alimentação Desnaturação da Proteína • A proteína desnaturada perde suas propriedades fisiológicas; • Consiste na alteração da estrutura tridimensional da molécula, causada pelo calor ou por diversos agentes químicos ou físicos; • Usada na indústria para inativação de enzimas indesejáveis. • Rompe a estrutura secundária, terciária ou quaternária. Desnaturação da Proteína • Caracteriza-se pela quebra das cadeias lipoprotéicas com a consequente desorganização da estrutura interna da proteína. Ocorre quando uma proteína é modificada em sua conformação, de tal modo que perde suas funções biológicas. Desnaturação protéica 24 CLASSIFICAÇÃO ESSENCIAIS CONDICIONALMENTE ESSENCIAIS NÃO-ESSENCIAIS fenilalanina Glicina alanina Triptofano Prolina Ácido aspártico Valina Tirosina Ácido glutâmico Leucina Serina asparagina Isoleucina Cisteína ecistina Metionina Taurina Treonina Arginina lisina histidina glutamina Balanço Nitrogenado É a diferença de nitrogênio (das proteínas) que é ingerido e a quantidade que é excretado. 1) Balanço nitrogenado equilibrado: Quando a quantidade de nitrogênio ingerido é igual a excretado. Ex.: adultos normais que não estão perdendo e nem aumentando a sua massa magra (músculos). Balanço Nitrogenado É a diferença de nitrogênio (das proteínas) que é ingerido e a quantidade que é excretado. 2) Balanço nitrogenado negativo: Quando a quantidade de nitrogênio ingerido é menor que a excretado. Ex.: estado de jejum, dieta pobre em proteínas, dieta restritiva, doenças altamente catabólicas como câncer e AIDS, etc. Balanço Nitrogenado É a diferença de nitrogênio (das proteínas) que é ingerido e a quantidade que é excretado. 3) Balanço nitrogenado positivo: Quando a quantidade de nitrogênio ingerido é maior que o excretado. Ex.: crianças (fase de crescimento), gestantes, treino de musculação com o objetivo de hipertrofia muscular, etc. Digestibilidade Protéica A digestibilidade pode ser entendida como sendo a hidrólise das proteínas pelas enzimas digestivas até aminoácidos e a absorção dos mesmos pelo organismo, os quais estariam biologicamente disponíveis, desde que não houvesse interferência na absorção dos mesmos pelo organismo. Digestibilidade Protéica É avaliada pelo quociente entre nitrogênio absorvido e o nitrogênio ingerido da dieta, expresso em percentagem. Porém, o valor nutritivo dos alimentos é comumente afetado pelos vários tipos de tratamentos a que a fração protéica é submetida durante o preparo e armazenamento. DIGESTIBILIDADE • Em geral, as proteínas de origem animal têm digestibilidade ao redor de 90 a 95% (carne, leite, ovos) • A proteínas vegetais têm digestibilidade menor. – Milho: Varia de 82 a 67% para crianças e adultos, respectivamente. – Feijão: Apresenta um valor variável dependendo do tempo de armazenamento (de 50 a 75%) – Condições de armazenamento inadequadas: Digestibilidade menos que 66%. Sumário da Digestão e Absorção das Proteínas ÓRGÃO ENZIMA AÇÃO Boca - Mastigação e insalivação Estômago Pepsina HCl ativa pepsina Proteínas proteoses e peptonas Intestino Delgado Pancreáticas: Tripsina, Quimotripsina e carboxipeptidase. Entéricas: Aminopeptidase e Dipeptidase Proteína Proteoses e peptonas Polipeptídios Dipeptídios Peptídios Aminoácidos RECOMENDAÇÕES DIÁRIAS DE PROTEÍNAS • SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO – SBAN (1990): 10 a 12 % do VET. • WHO (2002): 10% a 15% do VET. Principalmente Proteínas de Alto Valor Biológico(PAVB). NECESSIDADES DIÁRIAS DE PROTEÍNAS • Sedentários: – 0,8 a 1,0g/Kg/dia • Praticantes de atividade física: – 1,0 a 1,2g/Kg/dia • Atletas profissionais: – 1,2 a 2,0g/Kg/dia • Obs.: incluindo proteína da dieta e suplementos. (IOM, 2002) NECESSIDADES DE PROTEÍNAS • CRIANÇAS, GESTANTES E LACTANTES Inclui gasto com a formação de tecidos e com a secreção láctea. Fontes Alimentares de Proteínas Carnes – 20 a 25% Cereais – 6 a 15% Leguminosas – 20 a 25% (soja – 40%) Leite de vaca – 3 a 3,5% Metabolismo Protéico Proteínas – constantemente renovadas Diariamente: renovação de 400g de proteínas eliminação de 100g de proteínas (Nitrogênio) Aminoácidos em excesso não são armazenados. • Indivíduo saudável, com dieta adequada, elimina nitrogênio correspondente a cerca de 100g/proteína/dia. • 400 g de proteínas devem ser renovadas/dia. • Portanto 100 g devem ser repostos pela alimentação. Degradação dos aminoácidos Ex: aa + -cetoglutarato -cetoácido + glutamato alanina + -cetoglutarato piruvato + glutamato O grupo amino da maioria dos aa é transferido para o - cetoglutarato, produzindo glutamato O glutamato é um produto comum às reações de transaminação e reservatório temporário do grupo amino, provenientes de diferentes aa • Sofre transferência do grupo amino do glutamato para o oxaloacetato formando aspartato • Pode ser desaminado e o grupo amina liberado como amônia (fígado) GLUTAMATO Transaminação e desaminação Transaminação – transferência intermolecular do grupo amina de um aminoácido a um cetoácido, formando-se outro aminoácido e outro cetoácido. Permite a produção de aa não essenciais a partir dos intermediários metabólicos enquanto utiliza grupos aminos livres, não produzindo amônia tóxica. Ex: o piruvato formado durante a glicólise é convertido no aa alanina pela + do grupo amino através da enzima alanina aminotransaminase. Transaminação e desaminação Desaminação – é a remoção do grupo amina do aminoácido formando um cetoácido e liberando amina na forma de amônia. Transaminação e desaminação Ciclo da Uréia O excesso de amônia é excretado como URÉIA; • A produção de uréia ocorre no FÍGADO (Ciclo da Uréia); • A uréia produzida passa para a corrente sanguínea e vai para o rim onde é excretada. Ciclo da Uréia Defeitos Genéticos no Ciclo da Uréia pode causar sérios danos à saúde. Pessoas com defeitos genéticos em qualquer uma das enzimas do ciclo da uréia não toleram dietas ricas em proteínas. Não é possível eliminar as proteínas da dieta pois somos incapazes de sintetizar os 20 aminoácidos, e os aminoácidos essenciais têm que ser adquiridos pela dieta. Ciclo da uréia (No fígado) Inicia-se na matriz mitocondrial a partir de íons bicarbonato e amônio, as etapas seguintes ocorrem no citossol, onde reage com o aspartato, produzindo posteriormente uréia, transportada para os rins e eliminada pela urina. 45 Reação de Maillard • Ocorre durante o processamento térmico e/ou armazenamento prolongado de alimentos que contêm proteínas e açúcares redutores; • Perda de lisina biodisponível por aquecimento moderado na presença de açucares redutores. Ex: processamento do leite – a lactose reage com as cadeias laterais dos resíduos de lisina sob altas temperaturas resultando em compostos não aproveitáveis. 46 Reação de Maillard O consumo de PRM pode interferir em processos nutricionais importantes: • diminuir a biodisponibilidade de minerais(Zn, Cu, Mg e Ca); • Diminuir o valor biológico de proteínas, pelo comprometimento, na reação, de resíduos de aminoácidos essenciais, com consequentes alterações da estrutura proteica; • Inibição de enzimas digestivas. 47 Reação de Maillard Aminoácidos e açúcares redutores iniciam uma complexa cascata de reações durante o aquecimento, resultando na formação final de substâncias marrons chamadas de melanoidinas. Diabéticos deverão consumir no máximo 16.000KU/dia. Excesso pode causar disfunções vasculares e renais. 48 Reação de Maillard altas concentrações de PRM no intestino aumentam a concentração local de nitrogênio, favorecendo o desenvolvimento de doenças intestinais como colite; alguns PRM, por outro lado, apresentam efeito prebiótico; indicando que o tema é controverso e pouco se conhece sobre a biotransformação desses compostos pela microbiota intestinal 49 Reação de Maillard Os PRM estão presentes em alimentos submetidos a qualquer tipo de tratamento térmico, incluindo alimentosfritos, assados em churrasqueiras, cozidos em forno convencional ou de micro-ondas; A temperatura é o parâmetro crítico relativamente a essa reação. Métodos mais brandos de cozimento e com alta atividade de água, como preparações ensopadas e a vapor, geram teores menores de PRM 50 Reação de Maillard A RM nos alimentos confere e influencia atributos sensoriais fundamentais para a aceitação de alimentos termicamente processados, devido à geração de compostos voláteis, responsáveis pelo aroma e sabor (aldeídos e cetonas), bem como pela cor (melanoidinas) e textura. Por outro lado, pode originar compostos que são adversos a saúde humana, como a acroleína e as aminas heterocíclicas aromáticas • Slide cedido por: Profa. Msc. Rosângela Lopes