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A Desconsideração da Personalidade Jurídica no Âmbito do Direito Tributário - Jeferson de Souza Bleichuvehl - 2011

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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CURITIBANOS – SC
CURSO DE DIREITO
JEFERSON DE SOUZA BLEICHUVEHL
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO ÂMBITO DO DIREITO TRIBUTÁRIO
CURITIBANOS
2011
JEFERSON DE SOUZA BLEICHUVEHL
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO ÂMBITO DO DIREITO TRIBUTÁRIO
Monografia apresentada como exigência para a obtenção do título de bacharel do Curso de Direito, ministrado pela Universidade do Contestado – Campus Universitário de Curitibanos, sob orientação do professor Jeison Francisco Medeiros.
CURITIBANOS
2011
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO ÂMBITO DO DIREITO TRIBUTÁRIO
JEFERSON DE SOUZA BLEICHUVEHL
Esta monografia foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para a obtenção do Título de:
Bacharel em Direito
E aprovada na sua versão final em 09/11/2011, atendendo às normas da legislação vigente da Universidade do Contestado e Coordenação do Curso de Direito.
_____________________________________________
NELSON JOSÉ DOS SANTOS
Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA:
________________________________
Jeison Fracisco de Medeiros - Presidente
___________________________
Nelson José dos Santos - Membro
_________________________
Aldo Dolberth - Membro
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
O Acadêmico Autor da presente Monografia assume inteira responsabilidade sobre as ideias e a realização do trabalho, isentando de qualquer responsabilidade a Universidade, seus Professores, o Orientador, bem como os Membros da Banca Examinadora, em vista de questões relativas a direitos autorais, e a autenticidade da pesquisa, assim como pelo conteúdo do escrito, em todos os seus termos.
__________________________________
Jeferson de Souza Bleichuvehl
Agradeço a Deus pelo dom da vida,
Sem Ele nada teria sentido!
A meus pais, Eva e José, que amorosamente me criaram, 
me ampararam e me protegeram!
A minha amada, pela paciência e apoio.
Ao professor Jeison Fracisco de Medeiros, 
o qual me orientou e esclareceu as dúvidas 
que surgiram no decorrer deste trabalho.
	Ao professor Edgar José Galilheti 
pela sua disponibilidade e atenção na orientação metodológica.
	Por fim, a todos que direta ou indireta, 
contribuíram para a realização desta pesquisa.
RESUMO
O Código Civil, implantado por meio da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, provocou grande repercussão, a fim de se estabelecer a possível aplicação da desconsideração da personalidade jurídica na seara tributária. Registre-se a existência de controvérsias e abordagens pela doutrina em relação à aplicação do instituto nesse ramo. Com base nisso, pretende-se responder a seguinte questão problema: “em que medida a disregard doctrine, tem aplicação no Direito Tributário?” Já que nesta seara não há dispositivo prevendo a utilização de tal instituto. O preenchimento dos requisitos autorizadores, previstos no Código Civil, vai ao encontro da hipótese de aplicabilidade, pois, a jurisprudência brasileira, sob o argumento de ser meio eficaz no recebimento do crédito tributário, a utiliza. Esta pesquisa pretende investigar e analisar a obrigação tributária e o sistema constitucional tributário estabelecendo conceitos, analisar a teoria e verificar a sua aplicação da teoria no âmbito do direito tributário. Trata o primeiro capítulo da obrigação tributária, que é essencial para aplicação da teoria da desconsideração. A segunda parte trata da teoria da desconsideração da personalidade jurídica em particular, a qual visa responsabilizar a pessoa dos sócios por obrigações contraídas que configure a fraude ou abuso de direito relacionado à autonomia patrimonial. O derradeiro capítulo dedica-se ao tema específico em tese, ou seja, à aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no âmbito do Direito Tributário. O método científico utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foi o método dedutivo, através de pesquisas bibliográficas. Conclui-se, em tese, que poderá ocorrer à desconsideração da personalidade no âmbito do direito tributário como meio célere para o recebimento do crédito tributário e uma forma de castigo pela má utilização da personalidade jurídica.
PALAVRAS-CHAVES: RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO – OBRIGAÇÂO TRIBUTÁRIA – DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
ABSTRACT
The Civil Code, introduced by Law No 10406 ​​of January 10, 2002, provoked great repercussions in order to establish the possible application of the disregard of legal personality in the tributary area. It is important to register for the existence of controversies and approaches for doctrine in relation the application of the institute in this field. Based on thisit is intended to answer the following problem-question "the extent to disregard doctrine has application in Tributary Law?" Since in this field may not have dispositive providing for the use of such institute. The fulfillment of the requirements authorizations under the Civil Codze, respond to the hypothesis of applicability, as the Brazilian jurisprudence on the argument of being effective means receiving the tax credit, use it. This research intends to investigate and review the tax liability and tax constitutional system established concepts, analyze the theory and verify its application of the theory in the context of the tributary law. The first chapter deals with the tax obligation, which is essential for application of the theory of disregard. The second part is about the theory of disregard of legal personality in particular, which aims to to blame the partners for obligations that configure fraud or abuse of rights related to patrimonial autonomy. The final chapter is dedicated to the specific topic in theory, that is, application of the disregard of legal personality in the context of Tributary Law. The scientific method used for the development of this research was the deductive through bibliographic searches. The conclusion is, in theory, that may occur the disregard of personality in the context of tributary law as a mean for the prompt receiving the tax credit and a form of punishment for the undue use of legal personality.
KEYWORDS: RESPONSIBILITY FOR SUBSTITUTION – TRIBUTARY OBLIGATION - DISREGARD OF THE LEGAL PERSONALITY.
�
SUMÁRIO
81 INTRODUÇÃO	0�
92 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA	0�
92.1 CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO	0�
122.2 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA	�
142.3 MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA.	�
162.4 FATO GERADOR	�
172.5 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA	�
182.6 CRÉDITO TRIBUTÁRIO	�
202.7 CONSTITUIÇÃO PELO LANÇAMENTO	�
232.8 EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA	�
323 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA	�
323.1 CONCEITO E ESPÉCIES DE PESSOA JURÍDICA	�
363.2 CONCEITO E NATUREZA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.	�
383.3 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.	�
433.4 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO DIREITO CIVIL	�
474. TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO ÂMBITO DO DIREITO TRIBUTÁRIO	�
474.1 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.	�
524.2 PREVISÃO LEGAL	�
564.3 REQUISITOS NECESSÁRIOS	�
574.4 POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS PÁTRIOS	�
605 CONCLUSÃO	�
636 REFERÊNCIAS	�
�
1 INTRODUÇÃO
A desconsideração da personalidade jurídica foi introduzida no direito brasileiro por Rubens Requião. É aplicada com frequência no âmbito civil.
O Código Civil, implantado através da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, provocou grande repercussão acerca da aplicação da Desconsideração daPersonalidade Jurídica na seara tributária.
Propagada, a doutrina abrangeu o Direito Tributário, onde há calorosa discussão. Face a inexistência de norma expressa que autorize a sua aplicação, alguns doutrinadores defendem a não aplicação enquanto não houver lei que regule.
Por ser um método eficaz na obtenção do crédito tributário, a jurisprudência, desde que preenchido os requisitos autorizadores, analogicamente vale-se do Código Civil. No intuito de sanar a indagação levantada, foi investigado e analisado a obrigação tributária, o sistema constitucional tributário e a desconsideração da personalidade jurídica, onde se estabeleceu conceitos, bem como verificada a aplicação da teoria no âmbito do direito tributário. O primeiro capítulo cuida do conceito de Direito Tributário, da obrigação tributária e suas modalidades, da diferenciação de fato gerador e hipótese de incidência, do crédito tributário e sua formação e da extinção da obrigação tributária.
O segundo capítulo trata das espécies de pessoa jurídica, da desconsideração da personalidade jurídica e de sua aplicação no âmbito do direito civil.
O derradeiro capítulo dedica-se a responsabilidade tributária, a previsão legal da disregard doctrine no direito tributário e os requisitos necessários para sua aplicação, bem como o posicionamento dos tribunais pátrios.
O método científico trabalhado para o desenvolvimento desta monografia, por meio de pesquisas bibliográficas, foi o dedutivo, concluindo que a aplicação da disregard doctrine no Direito Tributário é possível, contudo não da forma como atualmente é aplicada.
2 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Essencial para o regular desenvolvimento do tema abordado, Desconsideração da Personalidade Jurídica no âmbito do Direito Tributário, o presente capítulo dedica-se ao conceito de Direito Tributário, estudo da obrigação Tributária e espécies, crédito tributário e sua formação, além das modalidades de extinção do crédito tributário.
2.1 CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO
O Direito Tributário, além de ser segmento do Direito Financeiro é matéria de direito público. Ele é um conjunto de normas, princípios e instituições oriundas do Estado com o objetivo de regular e disciplinar a cobrança dos tributos� e as relações jurídicas entre os sujeitos ativo e passivo.
Para Guimarães de Souza (2005), o Direito Tributário conceitua-se como um:
conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos (taxas, impostos e contribuição de melhoria), bem como de sua fiscalização. Regula as relações jurídicas estabelecidas entre o Estado e contribuinte no que se refere à arrecadação dos tributos.
Possuir matéria específica e reger-se por dogmas, estruturas e princípios próprios, não torna absoluta a autonomia do ramo. A dependência do direito como um todo, relativiza-a.
Carvalho diz que a ordenação jurídica é una e indecomponível. Levando-se em conta que suas unidades normativas se acham inevitavelmente entrelaçados pelos vínculos de hierarquia e pelas relações de coordenação, de tal modo que tentar conhecer regras jurídicas isoladas, como se não prescindissem da totalidade do conjunto, seria ignorá-lo, enquanto sistema de proposições prescritivas (2011, p. 46).
O caráter único do sistema jurídico� é uníssono entre os doutrinadores. Salientam que o conhecimento particular de normas, no ordenamento jurídico, é inviável.
Logo:
Do ponto de vista científico não se deve falar de autonomia de nenhum ramo do Direito, que é uno. Didaticamente, porém, é não apenas conveniente, mas necessário mesmo, dividir-se o Direito em departamentos, para facilidade de estudo. Isto não significa dizer que todos os conceitos de um dos departamentos tenham de prevalecer inteiramente em qualquer dos outros (MACHADO, 2011, p. 53).
Por sensatez, praticidade e finalidades didáticas, a cisão em matérias é uma exigência. A competência legislativa tributária não deve se ater apenas as normas e valores definidos no sistema tributário. Todos os valores adotados pelo ordenamento jurídico brasileiro devem ser observados.
O regramento e o estudo do Direito Tributário são voltados para a instituição, fiscalização e arrecadação de tributos, por parte do sujeito ativo face ao sujeito passivo.
Quanto à fiscalização:
[...] a Constituição, que oferece os fins, isto é, o tributo e respectiva receita, também oferece os meios para a pessoa jurídica de direito público constitucional. Ao lado da competência tributária (poder de baixar normas jurídicas tributárias), a entidade tributante recebe funções tributárias, decorrentes do próprio dever da Administração de aplicar as leis tributárias, de executar leis, atos ou decisões administrativas, onde se acham as funções de fiscalizar e de arrecadar o tributo criado pela lei. Não podemos confundir, portanto, essas duas ordens diversas, tanto pelo fundamento como pela finalidade: o poder fiscal, ou competência tributária, advindo da soberania, que se concretiza com a decretação da norma jurídica tributária; e as funções fiscais, decorrência do dever de administração, que se concretizam com o exercício da fiscalização e da arrecadação do tributo. A competência tributária acha-se ligada ao Poder Legislativo; as funções fiscais estão ligadas ao Poder Executivo (RIBEIRO DE MORAES apud PAULSEN, 2011, p. 660).
O dever de aplicar e executar as leis impostos a Administração torna as pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela arrecadação e fiscalização dos tributos.
A posição de arrecadador, assim considerada a pessoa encarregada de receber os pagamentos efetuados pelos contribuintes para o repasse ao sujeito ativo, pode ser ocupada por qualquer pessoa jurídica (PAULSEN, 2011, p. 658).
A arrecadação se caracteriza no momento em que o sujeito passivo da relação liquida suas obrigações perante o sujeito ativo.
Porém, Machado, afirma, que “A finalidade do direito tributário não é a arrecadação de recursos financeiros para o Estado, mas o controle do poder de tributar a este inerente” (2011, p. 51).
Diz-se que disciplinar as arrecadações e fiscalizações; regular as relações jurídicas entre o Fisco e o contribuinte do ramo; define Direito Tributário.
Bom lembrar que “A instituição do tributo é sempre feita mediante lei, e sua arrecadação e fiscalização constituem atividade administrativa vinculada” (MACHADO, 2011, p. 48).
A prática de abusos no poder de tributar, também é alvo do direito tributário. A relação estabelecida entre os sujeitos deve respeitar normas e princípios, o que a torna uma relação jurídica.
A instituição de tributos relaciona-se com a competência tributária, a qual é uma das parcelas entre as prerrogativas legiferante de que são dotadas as pessoas políticas, consubstanciada na possibilidade de legislar (CARVALHO, 2011, p. 270). Sua imposição decorre das necessidades do Estado em manter a si e aos governos que o administram (MARTINS, 2011, p. 17). 
A competência tributária se refere à criação de tributos, que não se confunde com a capacidade tributária ativa, a qual se relaciona com a legitimidade do ente para figurar no polo ativo da relação. A pessoa que integra o polo ativo da relação exerce a capacidade. Aquele que legisla detém competência legiferante.
Amaro, ao sintetizar, afirma que o direito tributário é disciplina jurídica que cuida dos tributos. Acrescenta, ainda, que dentre os ramos público e privado, o direito tributário posiciona-se no campo do direito público (2008, p. 2-5).
O ramo em comento se resume nas relações jurídicas entre o sujeito ativo e passivo, atinentes à imposição, fiscalização e arrecadação dos impostos, taxas e contribuições de melhoria e, ainda, aos diversos tributos criados com o passar do tempo, regulando e disciplinando as relações jurídicas.
2.2 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Destaque-se que o Estado e o particular nem sempre serão partes integrantes da relação obrigacional. O sujeito passivo pode ser pessoa física, jurídica ou, ainda, uma pessoa jurídica de direito público�. Sujeito ativosão pessoas jurídica de direito público que possuem capacidade tributária ativa. 
Machado (2011, p. 50), complementa:
A relação jurídica tributária se verifica entre o Fisco – denominação dada ao Estado enquanto desenvolve atividade de tributação – e aquele que está diretamente obrigado ao pagamento do tributo. Entretanto, muitas vezes envolve pessoas estranhas, em princípio, a essa relação, de sorte que não é exato dizer-se que o direito tributário regula apenas a relação Fisco/contribuinte; a não ser que se entenda o termo contribuinte em sentido amplo, abrangendo qualquer pessoa obrigada a uma prestação tributária, de qualquer espécie.
Por não se tratar apenas daquelas pessoas, o direito tributário utiliza as nomenclaturas fisco e contribuinte para designar os sujeitos ativo e passivo.
Amaro, explica que nem sempre será o Estado atuando no polo ativo da relação jurídica e, em algumas ocasiões, não são particulares que ocupam o polo passivo e, às vezes, o produto da atividade financeira do Estado, no campo tributário, não é uma receita efetiva, o que significa que as definições de direito tributário que incorporam essas especificações pecam por não mostrar, na sua exata amplitude, os domínios desse ramo jurídico (2008, p. 02).
A prática de uma hipótese de incidência faz nascer a obrigação. Por haver regulamentação legal, o vínculo que os une não se refere a relação de poder, mas de caráter obrigacional.
Machado complementa, dizendo que “O Estado, no exercício de sua soberania, tributa. Mas a relação de tributação não é simples relação de poder. É relação jurídica, pois está sujeita a normas às quais se submetem os contribuintes e também o Estado” (MACHADO, 2011, p. 48).
A relação jurídica é uma ligação abstrata que por imputação normativa une o sujeito passivo ao sujeito ativo. É regulada pelo direito. O titular do direito a ser exigido e aquele que tem o dever jurídico de quitar é ditado por norma jurídica. 
Paulsen (2011, p. 933) complementa:
A relação tributária é uma relação obrigacional cujo conteúdo é uma prestação pecuniária. Num dos Pólos, está o devedor; no outro, o credor. Obrigação e crédito pressupõem um o outro. A obrigação, quando surge, já se estabelece em favor do sujeito ativo. À obrigação, pois, do ponte de vista da fenomenologia da relação jurídica, corresponde o crédito e vice-versa. Mas o CTN, por ficção, diz do surgimento da obrigação com a ocorrência do fator (art. 113, § 1º) e da constituição do crédito através do lançamento (art. 142). Isso porque se refere ao crédito formalizado, certo e líquido, oponível ao sujeito passivo.
Sujeito ativo�, considerado pelo Código Tributário Nacional, é a pessoa jurídica, regida pelo direito público, competente para exigir o cumprimento do débito.
Martins (2011, p. 192), explica:
Sujeito ativo da obrigação tributária é, pois, o ente político investido de competência e de capacidade tributária, isto é, qualificado para instituir os tributos discriminados na Constituição, bem como apto para cobrá-los dos respectivos sujeitos passivos, vale dizer, para ser titular de direitos e obrigações na ordem jurídica tributária.
A satisfação do crédito tributário incumbe ao sujeito passivo da relação. O sujeito passivo pode ou não ter relação pessoal e direta com a situação que deu ensejo a obrigação tributária.
Amaro (2008, p. 294) dispõe que:
Sujeito passivo é o devedor da obrigação tributária, ou seja, é a pessoa que tem o dever de prestar, ao credor ou sujeito ativo, o objeto da obrigação. Como as obrigações, em função do objeto, foram classificadas pelo Código Tributário Nacional em principais ou acessórias, esse diploma, embora não tenha dado um conceito genérico de sujeito passivo, definiu o sujeito passivo da obrigação tributário principal e o sujeito passivo da obrigação tributária acessória.
Frise-se, a relação jurídica em que o contribuinte arrecada tributos em favor do fisco decorre de lei. Por ser um dever o cumprimento da obrigação tributária, a indisponibilidade da prestação decorrer de previsão expressa. Não há espaço para a discricionariedade.
As normas de cunho geral que tratam de matéria tributária, em especial sobre as obrigações, somente são veiculáveis por lei complementar. A Constituição da Republica Federativa do Brasil prescreve que a União detém a competência para legislar�.
2.3 MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA.
O Código Tributário Nacional subdivide a obrigação tributária em principal e acessória. A obrigação principal diz respeito ao pagamento de um tributo. A acessória refere-se a uma ação, seja ela de fazer ou não fazer, relativo à arrecadação e à fiscalização dos tributos.
É o entendimento de Casses (2005):
As obrigações tributárias, conforme o CTN, dividem-se em principal e acessória. Obrigação principal é o pagamento da quantia apurada por força da incidência da regra-matriz de determinado tributo, bem como a multa imposta pelo descumprimento de obrigação legal. Obrigação acessória, por sua vez, é o fazer ou não-fazer a que a pessoa indicada em lei estiver obrigada a cumprir. Seu descumprimento, contudo, gera obrigação pecuniária a qual o CTN outorga natureza de obrigação principal (vide § 3º do art. 113 do CTN).
A obrigação principal�, assim como no direito civil, é conhecida como obrigação de dar. A prática de determinado ato previsto em lei enseja a obrigação principal.
E, Amaro (2008, p. 246) esmiúça:
Já vimos que o direito tributário pertence ao campo do direito público. Por isso, a obrigação tributária é uma obrigação de direito público, do que decorrem conseqüências relevantes. O administrador fiscal não é titular (credor) da obrigação; credor dessa obrigação é o Estado (ou a entidade a que a lei atribui a condição de sujeito ativo, no caso das contribuições parafiscais). Dessa forma, o crédito, na obrigação tributária, é indisponível pela autoridade administrativa. No direito privado, o credor da obrigação pode dispor do crédito, por exemplo, deixando voluntariamente de exercitar a ação que instrumenta, com coerção, o exercício do direito; no domínio da obrigação tributária, a autoridade fiscal não pode dispor do direito, que não é dela mas sim do Estado, e do qual ela é mera administradora, jungida ao rigoroso cumprimento da lei.
A ramificação tem por finalidade o pagamento de tributos ou penalidades pecuniárias.
É o entendimento de Casses (2005):
As obrigações tributárias, conforme o CTN, dividem-se em principal e acessória. Obrigação principal é o pagamento da quantia apurada por força da incidência da regra-matriz de determinado tributo, bem como a multa imposta pelo descumprimento de obrigação legal. Obrigação acessória, por sua vez, é o fazer ou não-fazer a que a pessoa indicada em lei estiver obrigada a cumprir. Seu descumprimento, contudo, gera obrigação pecuniária a qual o CTN outorga natureza de obrigação principal (vide § 3º do art. 113 do CTN).
As prestações, negativas ou positivas�, também conhecidas como formal ou instrumental, distintas da obrigação principal, são objeto da obrigação tributária acessória.
Já Amaro (2008, p. 249-250) diz que:
Em suma, a obrigação acessória de ‘X’ não supõe que ‘X’ (ou ‘Y’) possua, necessariamente, alguma obrigação principal; basta a probabilidade de existir obrigação principal de ‘X’ ou de ‘Y’. Mas não se dispensa essa probabilidade: é que as obrigações ditas ‘acessórias’ são instrumentais e só há obrigações instrumentais na medida da possibilidade de existência das obrigações para cuja fiscalização aquelas sirvam de instrumento. É nesse sentido que as obrigações tributárias formais são apelidadas de ‘acessórias’; embora não dependam da efetiva existência de uma obrigação principal, elas se atrelam à possibilidade ou probabilidade de existência de obrigações principais (não obstante, em grande número de situações, se alinhem com uma obrigação principal efetiva).
Esta visa auxiliar na fiscalização tributária, na investigação e no controle do recolhimento de tributos.
Odescumprimento da obrigação acessória faz com que a obrigação principal surja. 
Paulsen (2011, p. 942), ensina:
A impropriamente chamada conversão depende de previsão legal específica, estabelecendo pena pecuniária para o descumprimento da obrigação acessória. Ou seja, não há uma conversão automática em obrigação principal. O que ocorre, sim, é que o descumprimento da obrigação acessória normalmente é previsto em lei como causa para a aplicação de multa, esta considerada obrigação principal nos termos do § 1º deste artigo.
A obrigação tributária acessória depende intrinsicamente de uma ação, inobservada há a imposição de uma penalidade�, que por seu caráter pecuniário, a qual é objeto da obrigação principal.
2.4 FATO GERADOR
Umbilicalmente relacionada, a obrigação tributária depende da ocorrência de um fato previsto em lei. Esse acontecimento é chamado de fato gerador.
Carvalho (2011, p. 301) disserta:
No degrau da hermenêutica jurídica, o grande desafio de quem pretende desvelar conteúdo, sentido e alcance das regras de direito radica na inafastável dicotomia entre a letra da lei e a natureza do Fenômeno jurídico subjacente.
O Código Tributário Nacional quando utiliza a expressão fato gerador refere-se a previsão legal e a concretização do fato previsto, deixando para que o intérprete da norma reconheça o significado segundo o contexto em que se encontra.
Amaro (2008, p. 257), expõe que:
Poucas expressões no direito tributário têm sido tão violentamente censuradas quanto ‘fato gerador’, que se emprega para designar a situação que enseja a aplicação do mandamento previsto na lei tributária, dando nascimento ao dever concreto de pagar tributo.
Reza o disposto no artigo 114� que o fato gerador da obrigação principal é aquele definido em lei como necessário e suficiente para o surgimento da obrigação tributária, impondo ao sujeito passivo o pagamento do crédito ao sujeito passivo. 
Assim, “Fato gerador é, pois, o fato, o conjunto de fatos, ou o estado de fato, a que o legislador vincula o nascimento da obrigação jurídica de pagar um tributo determinado” (FALCÃO apud PAULSEN, 2011, p. 943).
O fato gerador da obrigação tributária acessória, previsto no artigo 115 do Código Tributário Nacional, ocorre quando é ignorada a prática ou a abstenção de ato impostos pela lei.
Fato gerador da obrigação acessória ocorre quando não observada uma previsão legal que impõe ao contribuinte um ato ou abstenção�.
Carvalho (2011, p. 342) salienta:
Merece comentário também a dicção do artigo, quando menciona que o fato deve reunir as condições necessárias e suficientes à sua ocorrência, o que faz pensar, imediatamente, no fenômeno da subsunção e no princípio da tipicidade, já enfatizados em páginas anteriores. O preceptivo eu segue (art. 115) dispõe acerca da noção de fato gerador da obrigação acessória, definindo-o por exclusão. Todo aquele que fizer nascer relações jurídicas tributárias, sem conteúdo pecuniário, mas preceituando a prática ou a abstenção de ato, provocará o surgimento de obrigações acessórias.
O fato gerador revela o acontecimento de um determinado ato previsto em lei. Um ato ou omissão de impostos, previstos pela legislação, consistira em um fato gerador da obrigação acessória.
Amaro (2008, p 259/260) registra que:
em face do coquetel conceitual engendrado pelo Código Tributário Nacional (que identificou ‘diferentes’ espécies de fato gerador, de acordo com o conteúdo – pecuniário ou não – da obrigação tributária em causa, e embutiu na idéia de obrigação principal o tributo e a penalidade pecuniária), a expressão ‘fato gerador da obrigação tributária’ tanto pode (de lege lata) indicar o fato gerador da obrigação de recolher tributo quanto o ‘fato gerador’ (infração) da obrigação de pagar penalidade pecuniária, como ainda, o fato gerador da obrigação formal ou instrumental. Talvez conviesse, nessa aberrante perspectiva legal, dizer fato gerador do tributo quando se quisesse excluir outras figuras obrigacionais como tal rotuladas pelo Código. Preferimos, porém, com perdão do legislador ‘complementar’, reservar a expressão ‘fato gerador da obrigação principal’ para expressar o acontecimento que dá nascimento à obrigação de pagar tributo e utilizá-la, portanto, nessa acepção estrita.
Fato gerador é a caracterização de um acontecimento previsto em lei, que enseja a obrigação tributária.
2.5 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
Flagrante a divergência entre a doutrina em relação a diferenciação entre hipótese de incidência e fato gerador. 
Machado (2011, p. 127), manifestou-se sobre a questão terminológica no seguinte sentido:
Diversas têm sido as denominações utilizadas pela doutrina para designar o fato gerador. Entre outras: suporte fático, situação base de fato, fato imponível, fato tributável, hipótese de incidência. No Brasil tem predominado, porém, a expressão ‘fato gerador’, que se deve à influência do Direito francês, sobretudo pela divulgação, entre nós, do trabalho de Gaston Jèze, específico sobre o tema.
Hipótese de incidência não passa de uma mera suposição, algo que pode ou não concretizar-se.
Paulsen (2001, p. 943) salienta:
Com rigor técnico, pode-se diferenciar a hipótese de incidência, de um lado, do fato gerador, de outro. Aquela, a hipótese de incidência, corresponde à previsão em lei, abstrata, da situação que implica a incidência da norma tributária; este, o fato gerador, é a própria concretização da hipótese de incidência no plano fático. A situação fática, quando corresponde à hipótese de incidência prevista na norma tributária, chama-se fato gerador, pois, ao sofrer a incidência da norma, gera a obrigação tributária. A hipótese de incidência constitui o antecedente ou pressuposto da norma tributária impositiva.
Entre outras denominações utilizadas, predomina as expressões fato gerador e hipótese de incidência. 
Assim, sobre essa altercação, ter ciência de empregá-las no sentido corrente que a expressão fato gerador tem no âmbito do Direito Tributário é o que realmente importa. (BUSTO, 2007).
Distingue-se a hipótese de incidência, situação abstrata definida em lei como a sua ocorrência, do fato gerador, a consumação da hipótese prevista.
2.6 CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Consoante ao art. 139 do Código Tributário Nacional, o valor devido como tributo é denominado Crédito Tributário�. Objeto da obrigação jurídica tributária. O crédito tributário é constituído por um ato administrativo. 
Carvalho (2011, p. 436) define o “crédito tributário como o direito subjetivo de que é portador o sujeito ativo de uma obrigação tributária e que lhe permite exigir o objeto prestacional, representado por uma importância em dinheiro”.
O crédito tributário se traduz em uma expressão econômica da obrigação tributária, que o sujeito ativo faz jus.
Paulsen (2011, p. 1.045) afirma que o crédito decorre da obrigação principal, e: 
A relação obrigacional tributária tem duas faces: obrigação e crédito. Mas desta correspondência não se pode tirar efeitos absolutos, pois o CTN, em seu artigo 142, dá à expressão “crédito tributário” sentido muito específico, pressupondo liquidez e certeza decorrentes do lançamento. Enquanto a obrigação tributária surge com o fato gerador, o crédito tributário, em sentido técnico, tal como previsto no CTN, só é constituído com o lançamento.
Frise-se que as circunstâncias que modificam a extensão, efeitos, garantias, privilégios ou que excluem a exigibilidade do crédito tributário, não afeta a obrigação tributária que lhe deu origem�.
Constituído, o crédito tributário somente se modifica, ou se extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos em lei, fora dos quais não pode a autoridade administrativa dispensar o seu pagamento, nem as suas garantias, sob pena de responsabilidade funcional.
O art. 140 do Código Tributário Nacional confirma:
[...] a autonomia de crédito em relação à obrigação tributária, que permanece inalterada ainda que possam ocorrer modificações no crédito.Havendo a exclusão da exigibilidade do crédito, teremos a existência da obrigação (debitum, Schuld, relação de débito), sem correspondente crédito (obligatio, Haftung, relação de responsabilidade). Excluída, no entanto, a relação de responsabilidade (obligatio, Haftung, crédito tributário), perde sujeito ativo o poder de agredir o patrimônio do sujeito passivo para forçar a prestação, isto porque se extinguiu o elemento coativo da relação obrigacional. Subsistindo, entretanto, a obrigação (debitum, Schuld, relação de débito), não poderá o sujeito passivo repetir caso tenha efetuado o pagamento. Se, no entanto, for extinta a obrigação (debitum, Schuld, relação de débito), por qualquer que seja a razão, extingue-se, inexoravelmente, o crédito (obligatio, Haftung, relação de responsabilidade) dela decorrente (MARTINS, 2011, p. 345/346).
A obrigação tributária tem o poder jurídico de criar o crédito tributário, não sendo afetada por qualquer circunstância capaz de modificar sua extensão, seus efeitos, ou as garantias e privilégios a ele atribuídos, ou mesmo excluir sua exigibilidade.
Ao referir-se a crédito regularmente constituído, o comando do art. 141 quis aludir ao crédito líquido, já devidamente determinado no seu quantum, estando, portanto, em condições de ser reclamado do devedor. Sempre que o legislador do Código menciona constituir o crédito reporta-se ao ato jurídico administrativo do lançamento, em que o agente público, aplicando a lei ao caso concreto, formaliza a obrigação tributária (CARVALHO, 2011, p. 440).
O crédito regularmente constituído está apto a ser exigido, enquanto àquele que ainda depender de procedimentos administrativos, trata-se, tão somente, de um crédito a constituir.
Uma vez formada a relação de responsabilidade, isto é, regularmente constituído o crédito tributário, não podem as autoridades fazendárias suspender a sua exigibilidade ou excluí-la. Posto que, a obrigação tributária decorre da lei, não podendo, assim, ser exigido mais nem menos do que o fixado em seus termos, nem em época diferente da prevista (MARTINS, 2011, p. 346).
O crédito tributário não pode ser voluntariamente pago pelo contribuinte nem, ao menos, exigido pelo Sujeito Ativo, dependendo do lançamento, para torná-lo líquido.
2.7 CONSTITUIÇÃO PELO LANÇAMENTO
Com efeito, o crédito tributário constitui-se, quando apurado em procedimento administrativo, denominado lançamento, dotando-o de certeza, liquidez e exigibilidade, estabelecendo um vínculo jurídico entre o contribuinte ou responsável ao Sujeito Ativo. 
Machado (2011, p.174) diz que:
A constituição do crédito tributário é da competência privativa da autoridade administrativa. Só esta pode fazer o lançamento. Ainda que ela apenas homologue o que o sujeito passivo efetivamente fez, como acontece nos casos do art. 150 do CTN, que cuida do lançamento dito por homologação. Sem essa homologação não existirá, juridicamente, o lançamento, e fato estará por isto mesmo constituído o crédito tributário. Ainda quando de fato seja o lançamento feito pelo sujeito passivo, o Código Tributário Nacional, por ficção legal, considera que a sua feitura é privativa da autoridade administrativa, e por isto, no plano jurídico, sua existência fica sempre dependente, quando feito pelo sujeito passivo, de homologação da autoridade competente. 
Com a ocorrência do fato gerador, a autoridade administrativa ou o contribuinte praticarão determinados procedimentos que embasam o lançamento tributário, tais como os sujeitos, a matéria relacionada ao fato, o montante a ser pago e a multa, se for o caso.
O Código Tributário Nacional, por ficção, diz do surgimento da obrigação com a ocorrência do fato gerador e da constituição do crédito através do lançamento, referindo-se ao crédito formalizado, certo e líquido, oponível ao sujeito passivo. Nada obstante, a representação documental de que o crédito existe em determinado montante perante certo contribuinte ciente da sua obrigação, pode se dar de várias maneiras, não estando, de modo algum, restrita ao lançamento por parte da autoridade (PAULSEN, 2011, p. 933).
A exigibilidade do crédito tributário está condicionada à ocorrência de um fato previsto na legislação tributária que, ainda, deverá ser individualizada e quantificada por meio do lançamento. Para que o sujeito ativo possa cobrar o tributo, é indispensável a prática do lançamento. 
A inarmonia em relação a natureza jurídica do lançamento é inconteste.
Para Amaro (2008, p. 336):
A circunstância de a legislação ter criado o lançamento como ato de cuja realização depende a atuação de certos direitos do sujeito ativo fez com que a doutrina se estendesse em intermináveis discussões sobre a natureza do lançamento, sustentando uns que ele é constitutivo da obrigação tributária, e afirmando outros que ele tem natureza meramente declaratória, não faltando quem procure um meio-termo entre ambas as posições.
O Lançamento é meramente declaratório da obrigação que corresponde, ainda, constitutivo do crédito.
Assim, Machado (2011, p. 175) afirma que “é praticamente pacífico o entendimento segundo o qual o lançamento não cria direito”. Assevera, ainda, que ”Seu efeito é simplesmente declaratório”. Concluindo que “O lançamento, portanto, é constitutivo do crédito tributário, e apenas declaratório da obrigação correspondente”.
No meio de tantas distinções, ainda que haja uma ligação, não se admite confusão entre crédito tributário e obrigação tributária.
O Código Tributário Nacional trata de maneira diversa o crédito tributário e a obrigação tributária.
Entretanto, no Código Tributário Nacional o crédito tributário é algo diverso da obrigação tributária. Ainda que, em essência, crédito e obrigação sejam a mesma relação jurídica, o crédito é um momento distinto. É um terceiro estágio na dinâmica da relação obrigacional tributária. E o lançamento é precisamente o procedimento administrativo de determinação do crédito tributário. Antes do lançamento existe a obrigação. A partir do lançamento surge o crédito (MACHADO, 2011, p. 175).
O crédito torna-se exigível em um momento posterior, o que não se confunde com a obrigação tributária, a qual nasce com a prática de uma hipótese de incidência.
A relação jurídica obrigacional adquire certeza e liquidez, transmudando-se, nesse caso, em crédito tributário. 
Assim, afirma Amaro (2008, p. 335):
[...]por outro lado há importantes efeitos que surtem com o lançamento, e que não se limitam a formalizar, ou quantificar, ou liquidar, ou tornar certa a obrigação tributária. Tanto que, em inúmeros casos, a lei determina o pagamento do tributo pelo sujeito passivo independentemente de qualquer providência por parte do sujeito ativo. O que mostra que a liquidez e a certeza da obrigação tributária são decorrência da lei aplicada ao fato gerador e não de um procedimento do credor.
O lançamento é privativo do Fisco, podendo ocorrer em seu processamento um auxilio do contribuinte no ato de constituição do crédito.
O Código Tributário Nacional define os tipos de lançamento de acordo com o grau de colaboração do sujeito passivo na elaboração do ato de lançamento, dividindo-o em três modalidades, ou seja, lançamento de ofício�, por declaração� e por homologação�.
O lançamento por ofício, também chamado de direto, ocorre quando o Fisco, munido de dados suficientes para efetuar a cobrança do tributo, efetiva-o, dispensando-se o auxílio do contribuinte.
Ocorre o lançamento por ofício, quando determinado por lei que ao Fisco cabe a verificação da ocorrência do fato gerador, identificação do sujeito passivo, cálculo e notificação do mesmo para procedência do pagamento. (PAULSEN, 2011, p. 1082).
O crédito tributário será considerado definitivamente constituído, quando por ofício se der o lançamento, com a regular notificação do lançamento ao contribuinte. Por obvio, quando não interposto recurso administrativo ou com a regular notificação da decisão administrativa definitiva.
No lançamento misto, tambémconhecido como lançamento por declaração, há uma ação conjugada entre o Fisco e o contribuinte, onde este presta as informações faltantes à autoridade lançadora pelo sujeito passivo.
Dispõe Paulsen (2011, p. 1.075) acerca do lançamento por declaração:
O art. 147 cuida do lançamento por declaração ou misto. Tanto o contribuinte como o Fisco concorrem para tal lançamento. Inicia-se a atividade pela apresentação de declaração pelo contribuinte e, com base nela, o Fisco calcula o tributo devido. A constituição do crédito, note-se, é efetuada pelo Fisco forte nas informações prestadas pelo contribuinte.
No que tange ao lançamento por homologação, o contribuinte auxilia ostensivamente o Fisco na atividade do lançamento, recolhendo o tributo, antes de qualquer providência da Administração, com base em montante que ele próprio mensura.
Paulsen (2011, p. 1.085) explica que:
É a modalidade que se caracteriza pela determinação legal de que o próprio sujeito passivo verifique a ocorrência do fato gerador, calcule o montante devido e efetue o pagamento no prazo, cabendo ao sujeito ativo apenas a conferência da apuração e do pagamento já realizados. No lançamento por homologação, pois, em verdade é o contribuinte que apura e paga o tributo, cabendo ao Fisco simplesmente chancelar tal apuração, quando a entenda correta, mediante homologação expressa ou tácita. Nenhum ato do Fisco, pois, se faz necessário.
O lançamento por homologação é um procedimento constitutivo do crédito de iniciativa do contribuinte.
Divergindo, Amaro (2008, p. 357) diz que como “o Código entendeu o lançamento como um ato (ou procedimento) jurídico privativo da autoridade administrativa, com específicos efeitos jurídicos”, afastou “a idéia de lançamento feito pelo sujeito passivo (autolançamento), e de lançamento misto, já que só a atuação da autoridade administrativa é que se mostra idônea a aperfeiçoar o lançamento.” Por esse motivo ensina:
Cuida-se aqui de tributos que, por sua natureza (multiplicidade de fatos geradores, de caráter instantâneo, como tipicamente, se dá com os chamados tributos indiretos e com os tributos sujeitos a retenção na fonte), têm o recolhimento exigido do devedor independentemente de prévia manifestação do sujeito ativo, vale dizer, sem que o sujeito ativo deva lançar para tornar exigível a prestação tributária. Já que o Código Tributário Nacional não quis falar em “autolançamento” (expressão de resto imprópria, como anteriormente sublinhamos), teria sido melhor dizer que, nessas hipóteses, o lançamento é desnecessário, ou melhor, o lançamento só se faria necessário se o sujeito passivo se omitisse no seu dever legal de recolher corretamente o valor legalmente exigido. E aí tudo se daria, no plano da norma, tal qual se dá na realidade fática (AMARO, 2008, p. 362).
O lançamento, como instrumento que é, torna exigível a obrigação tributária, quantificando-a e qualificando-a, não mais se falando em obrigação tributária, mas sim em crédito tributário.
2.8 EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
A extinção do crédito tributário, prevista no art. 156 do Código Tributário Nacional, tem a força de fazer desaparecer o crédito tributário. A extinção dá-se através de pagamento�, compensação, transação, remissão, prescrição e decadência, conversão do depósito em renda e, ainda, pagamento antecipado e a homologação do lançamento, consignação em pagamento, decisão administrativa irreformável, decisão judicial transitada em julgado e dação em pagamento.
Regra geral, o pagamento é o modo natural de extinção do direito creditório. Contudo, pode ocorrer, somente acontece quando a causa extintiva tenha afetado apenas a formalização do crédito, a extinção de um crédito tributário sem que se verifique a extinção da obrigação tributária correspondente, restando por isto o direito de a Fazenda Pública, mediante novo lançamento, constituir outro crédito. (MACHADO, 2011, p. 200/201).
De forma ordinária e usual, o pagamento extingue do crédito tributário, em conformidade o art. 162�, deve ser feito em moeda corrente, cheque, vale postal, estampilha, papel selado ou por processo mecânico.
O Código Tributário Nacional é pródigo em regras sobre essa forma de satisfação, estabelecendo em seus artigos 157 a 163, diversas regras sobre o pagamento, disciplinando de maneira óbvia para evitar dúvidas.
A compensação é modalidade indireta de extinção do crédito tributário, extraída do Direito Privado, conforme os artigos 368 a 380 do Código Civil, quando se é credor e devedor, simultaneamente.
Para Machado (2011, p. 213) A compensação é “como um encontro de contas. Se o obrigado ao pagamento do tributo é credor da Fazenda Pública, poderá ocorrer uma compensação pela qual seja extinta sua obrigação, isto é, o crédito tributário”.
Segundo o Código Tributário Nacional, a lei pode facultar, nas condições que estabeleça aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em terminação de litígio e consequentemente extinção de crédito tributário�. Desde que prevista em lei, a autoridade competente pode autorizar a transação em cada caso�, não podendo, para prevenir litígio, haver transação, sendo possível, apenas, sua instauração.
A Lei deverá indicar, ainda, a autoridade competente para a realização da compensação em cada caso, visando precisar a responsabilidade em eventual irregularidade ou abuso nessa forma de extinção do crédito.
A remissão, perdão da dívida, poderá ser concedida, pela autoridade administrativa, apenas mediante lei, nos termos e nas condições nela previstas. Pode, também, embora não diga o Código Tributário Nacional, ser concedida diretamente pela lei. Importa dizer, ainda, que não se há de confundir ‘remissão’ com ‘remição’. Remissão é perdão, ato de remitir, perdoar, dar como pago. Já a remição é ato de remir, livrar do poder alheio, adquirir de novo, resgatar. (MACHADO, 2011, p. 219).
A lei que remitir tributos deverá contemplar as hipóteses estabelecidas no art. 172 do Código Tributário Nacional, ou seja, a situação econômica do sujeito passivo, erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato, a diminuta importância do crédito tributário, considerações de equidade em relação com as características pessoais ou materiais do caso, condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
A Lei de Responsabilidade fiscal prevê os procedimentos a serem tomados em caso de A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária�.
Há limitações constitucionais, previstas nos artigos 150, parágrafo 6º e 195, parágrafo 11 da Carta Magna, que tratam de condicionar a concessão de remissão e anistia de créditos relativos a alguns tributos.
Os institutos da decadência e da prescrição, impõe ao titular de um direito o seu exercício. Aplica-se, nestes casos, o seguinte jargão: o direito não socorre aos que dormem.
Nessa linha, para oferecer segurança jurídica e pacificar a sociedade, os institutos mencionados apenam aquele que deixa de exercer o seu direito por um determinado período de tempo.
Amaro (2008, p. 396) ensina que “A decadência e a prescrição têm em comum a circunstância de ambas operarem à vista da conjugação de dois fatores: o decurso do tempo e a inércia do titular do direito”.
O período de tempo para a Fazenda ajuizar ação visando satisfazer a obrigação tributária prescreve em cinco anos, contados a partir do momento em que se deu a constituição definitiva do crédito tributário�.
Para Machado (2011, p. 223):
Dizer que a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos significa dizer que a Fazenda Pública tem o prazo de cinco anos para cobrar judicialmente, parar propor a execução do crédito tributário. Tal prazo é contado da constituição definitiva do crédito, isto é, da data em que não mais admita a Fazenda Pública discutir a seu respeito, em procedimento administrativo. Se não efetuada a cobrança no prazo de cinco anos,não poderá mais fazê-lo.
Face ao desuso, a prescrição é perecimento do direito de entrar com a ação na justiça, pelo transcurso do período de tempo previsto em lei.
A constituição do crédito tributário ocorre por meio de lançamento, que deve se dar em um período de 05 anos�, sob pena de extinguir-se o próprio direito.
Por outro lado, a decadência é o perecimento do próprio direito, ou seja, a extinção da relação jurídica tributária pelo decurso do tempo, extinguindo a relação tributária antes do lançamento (MACHADO, 2011, p. 220).
Extingue-se pela decadência quando esgotado o prazo do qual o sujeito ativo deveria ter efetuado o lançamento, caducando seu direito.
Amaro (2011, p. 406) ensina que:
A decadência é prevista como causa extintiva do crédito tributário no art. 156, V, e tem seu conceito delineado no art. 173 (embora este não empregue a palavra ‘decadência’): decadência é a perda do direito de ‘constituir o crédito tributário (ou seja, de lançar) pelo decurso de certo prazo. Se o lançamento é condição de exigibilidade do crédito tributário, a falta desse ato implica a impossibilidade de o sujeito ativo cobrar o seu crédito. Por isso, dando-se a decadência do direito de o sujeito ativo lançar o tributo, nem sequer se deverá cogitar da prescrição, que só teria início com o lançamento.
O prazo de decadência existe para que a parte ativa constitua o crédito tributário com presteza, sob pena de ser fulminado pela perda do direito de lançar. 
Quanto à reserva legal, prevista na Constituição Federal, Paulsen (2011, p. 1.263) é didático, ao afirmar que:
O art. 146, III, b, da CF, ao exigir lei complementar para dispor sobre normas gerais de Direito Tributário, refere-se expressamente à decadência e à prescrição. A prescrição é, assim, considerada pela própria Constituição, inequivocamente, norma geral de Direito Tributário sob reserva de lei complementar. E, como não se pode conceber prescrição sem termo inicial ou sem prazo, tampouco negar que as suspensões ou interrupções interferem diretamente na sua contagem, impõe-se concluir que todos estes aspectos, pois, estão sob reserva de lei complementar. Assim, não têm validade termos, prazos, hipóteses de suspensão ou de interrupção estabelecidos por lei ordinária, que desbordem do regime constante do CTN, recepcionado que foi este como lei complementar.
A Constituição da República Federativa Brasileira diz que a prescrição e a decadência só podem ser disciplinadas por lei complementar�.
Outra hipótese de extinção do crédito tributário é a conversão de depósito em renda. Pode ser feita administrativa ou judicialmente, pelo sujeito passivo da relação, visando discutir se o tributo é devido ou não.
Frise-se, que:
Na via administrativa, o depósito tem por objeto apenas impedir a atualização monetária do débito. Depositando no curso do procedimento administrativo, o sujeito passivo busca apenas evitar a incidência de quaisquer acréscimos (juros e correção monetária), uma vez que a suspensão da exigibilidade já é obtida mediante a apresentação de impugnação ou a interposição de recurso administrativo (art. 151, III, do CTN). Já no processo judicial, o depósito, além de cessar a fluência dos juros e da correção monetária, não permite a propositura da ação de execução fiscal. Vale dizer, é na esfera judicial que o depósito do montante integral da dívida fiscal, realizado pelo sujeito passivo, aparece como causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário (PIMENTA apud PAULSEN, 2011, p. 1.092).
A finalidade do depósito é a garantia de que sobre o tributo cobrado não incidira qualquer acréscimo, sendo, ainda, que na via judicial suspende a sua exigibilidade.
Machado (2011, p. 225) diz que:
A conversão do depósito em renda extingue o crédito tributário, e pressupõe, portanto, a existência deste. É possível, porém, o depósito, mesmo sem que exista ainda crédito tributário, quando se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação. Neste caso o depósito suspende a exigibilidade do dever de antecipar o pagamento, e a este equivale para fins de lançamento. Feito o depósito, se a Fazenda Pública concorda, expressa ou tacitamente, com o seu montante, considera-se feito o lançamento e portanto existente o crédito tributário. 
Realizado o depósito no decorrer de ação judicial o momento da sua conversão ou levantamento será após o trânsito em julgado da sentença. Se favorável ao Fisco, os valores depositados serão convertidos em renda, extinguindo-se, pois, a obrigação tributária.
No que diz respeito aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, dispõe o art. 150 do Código Tributário Nacional, que o pagamento feito pelo sujeito passivo, com base em apuração realizada por ele próprio, não extingue desde logo a obrigação e o crédito tributário, mas sim por sua homologação�.
Machado (2011, p. 226), reforça dizendo que “Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação o sujeito passivo faz o pagamento respectivo com base em apuração por ele próprio feita. Diz-se, portanto, que o pagamento foi antecipado, porque feito antes do lançamento”.
O diploma legal precitado, a extinção do crédito tributário só se verifica quando efetuado o pagamento e a homologação do lançamento, caso este não ocorra dentro de 05 anos, haverá a homologação tácita, acarretando a perda do direito de lançar�, extinguindo definitivamente o crédito tributário�.
Sobre o tema, Carvalho (2011, p. 553/554) explica que:
Ao inscrever o pagamento antecipado e a homologação do lançamento no catálogo das causas extintivas, quis o legislador referir-se à situação daqueles tributos que não precisam do ato jurídico administrativo de lançamento, para que possa o devedor satisfazer a prestação. Sucedendo no mundo físico o evento jurídico tipificado no antecedente da norma tributária, o sujeito passivo terá, de pronto, todos os elementos que interessam à apuração do débito, bem como os prazos de recolhimento da quantia apurada. Limita-se a entidade tributante a fiscalizar as atividades de seu administrado, controlado, dessa maneira, o fiel cumprimento das obrigações tributárias. Podendo verificar a regularidade da conduta fiscal do devedor, que observou adequadamente os ditames da lei, a Fazenda dá-se por satisfeita, exarando ato no qual declara nada ter de exigir: é o que se chama de homologação de lançamento. Nada obstante, certificando-se de que os deveres não foram rigorosamente cumpridos, lavra o ato de lançamento e, surpreendendo um ilícito, aplica a sanção cabível, tudo numa peça denominada auto de infração.
Diz o inciso VI, do art. 149, do Código Tributário Nacional que caso forem apurados valores impagos pelo contribuinte, o Fisco procederá o lançamento de ofício da quantia não paga, acrescida de juros e das penalidades cabíveis�.
A consignação em pagamento é modalidade extintiva do crédito tributário. Esse modo garante ao devedor, ainda que o titular desse direito se oponha, livrar-se da prestação que lhe prende. 
O art. 164 do Código Tributário Nacional enumera as hipóteses em que poderá ser proposta a ação de consignação em pagamento pode ser proposta�.
O §1º do art. 164 do Código Tributário Nacional, diz que a consignação só poderá versar sobre o crédito que o consignante se propõe a pagar�.
Feito a consignação e “julgada procedente a ação de consignação em pagamento, a conversão do respectivo montante em renda extingue o crédito tributário” (PAULSEN, 2011, p. 1.155).
Quando for julgada procedente a consignação, extingue-se o crédito tributário com a conversão da importância consignada em renda. Julgada procedente, poderá o Fisco cobrar o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis�.
A decisão administrativa favorável e irreformável, na órbita administrativa, que não possa mais ser objeto de ação anulatória, indubitavelmente extingue o crédito e a obrigação tributária�.
Para Machado (2011, p. 227):
O crédito tributário pode ser extinto mesmo quando ainda se encontre em constituição.A decisão administrativa que produz esse efeito é a proferida em face da impugnação ou recurso do sujeito passivo, e quem, reconhecendo ser indevida a exigência, isto é, reconhecendo inexistir a obrigação tributária respectiva, encerra o procedimento administrativo de lançamento.
Exige-se decisão na esfera administrativa que não possa ser reexaminada pela Administração, e que não mais possa ser objeto de ação anulatória, ou seja, irreformável.
A coisa julgada é considerada de efeito absoluto�. 
Carvalho (2011, p. 557) diz que:
A decisão judicial passada em julgado é aquela que consubstancia, em toda plenitude, a prestação jurisdicional do Estado, tendo em vista um caso concretamente considerado. Assume tal força quando dela não couber recurso algum ao Judiciário e está prevista no item X do art. 156 da Lei n. 5.172/66, com modalidade de extinção do crédito tributário.
Porém o STF trata da flexibilização. Casos que mesmo após o transito em julgado poderão ser revistos.
A decisão passa em julgado quando contra ela não cabe mais qualquer recurso. De igual forma, a decisão judicial favorável ao contribuinte passada em julgado é modalidade extintiva do crédito tributário, com a ressalva de não se tratar de vício de lançamento.
Prevista nos artigos 356 a 359 do Código Civil, a dação em pagamento, modalidade de extinção, foi acrescida ao artigo 156 do Código Tributário Nacional, pela Lei Complementar 104/2001.
Para Machado, “A dação em pagamento é um instituto do direito privado, mais especificamente um instituto do direito das obrigações, segundo o qual o credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida” ( 2011, p. 228).
No Direito Tributário, a dação em pagamento de bens imóveis, como prescrito, consiste no consentimento da parte credora em receber prestação diversa daquela que lhe é devida, no caso. Nada impede que outros bens possam ser aceitos, desde que possam ser avaliados em dinheiro.
Por outro lado, Carvalho (2011, p. 557/558) explica:
Enquanto não publicada a lei que introduz os requisitos de aplicação dessa hipótese extintiva, a norma prevista no art. 156, XI, do Código Tributário Nacional será ineficaz sintaticamente, porquanto ausentes regras no sistema que possibilitem construir a cadeia de positivação, cujo ponto terminal são as normas jurídicas de máxima concretude.
A Lei Complementar tenha adicionado a dação em pagamento como modalidade extintiva, não há lei regrando tal instituto.
As causas de extinção do crédito tributário não são taxativas. A doutrina, tem aceito, ainda, além das previstas no artigo 156 do Código Tributário Nacional a confusão e o desaparecimento do sujeito ativo ou sujeito passivo do tributo.
Por fim, extinto o crédito, dele não mais se cogita, a não ser para o fim de efetuar a restituição do que tenha sido pago indevidamente.
3 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
O segundo capítulo refere-se a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Inicia-se pelo instituto da pessoa jurídica, passando pelas origens da desconsideração da personalidade jurídica e, posteriormente a sua aplicação da doutrina na seara do Direito Civil.
3.1 CONCEITO E ESPÉCIES DE PESSOA JURÍDICA
A personalidade jurídica surgiu com a necessidade de o homem associar-se para atingir um fim. Após o elevado crescimento desses grupos, se fez necessária a intervenção do Estado.
Gagliano (2009, p. 182) explica que:
No início, simples núcleos primitivos de produção, que se confundiam com a própria família, e, posteriormente, com o florescer do desenvolvimento tecnológico, grandes e complexos conglomerados empresariais, impondo, inclusive, a necessidade de o Estado intervir na economia para coibir abusos.
Essa composição pode ser formada por um conjunto de pessoas ou por uma destinação patrimonial. Naquela, tem-se uma sociedade, enquanto que nessa, uma fundação. É capaz de adquirir e exercer direitos e contrair obrigações.
Nessa linha de raciocínio, podemos conceituar a pessoa jurídica como sendo o grupo humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns. Complementaremos esse conceito básico, entretanto, em momento oportuno, ao demonstrarmos a existência de peculiar espécie de pessoa jurídica, que é formada não pelo agrupamento de indivíduos, mas pela simples afetação de bens (as fundações) (GAGLIANO, 2009, p. 80).
Há distinção entre as pessoas que a compõem e a personalidade, sendo esta, inclusive, representada judicial e extrajudicial.
Silva (2007, p. 39) complementa:
Pessoa jurídica é entidade distinta da pessoa natural, reconhecida pelo ordenamento jurídico, à qual a lei confere personalidade. A pessoa jurídica é, portanto, a entidade capaz de ser sujeito de direitos e obrigações na órbita social, atuando na vida jurídica independentemente dos indivíduos que a compõem. Dessa forma, ela se constitui num centro autônomo de imputação de relações jurídicas, estabelecendo-se ao lado da pessoa natural como outra espécie do gênero pessoa.
A personalidade jurídica se trata de uma pessoa abstrata, representada por um grupo de pessoas, protegida por lei, capaz de adquirir direitos e obrigações.
Celso Neto (1998) conceitua a Personalidade Jurídica, como:
entidade constituída por homens e bens, com vida, direitos, obrigações e patrimônio próprios. Podem ser, em relação ao Brasil, de direito público externo (outras nações e organismos internacionais, por exemplo) ou interno (a União, as Unidades Federativas, os Municípios, as Autarquias,...), ou de direito privado (sociedades civis, associações, sociedades de economia mista, empresas públicas, serviços sociais autônomos, partidos políticos, fundações privadas e, em sua grande maioria, sociedades mercantis, entre outras).
A classificação pelo Código Civil das pessoas jurídicas em Direito Público, subdividido em interno ou externo�, e de Direito Privado.
Para Coelho (2010, p. 26): 
A classificação do direito em público e privado é feita a partir de critérios distintos, um dos quais leva em conta a presença ou não do Estado na relação jurídica disciplinada. O direito público, por esse critério, é o pertinente aos atos praticados pelo Estado, enquanto o privado cuida dos praticados exclusivamente por particulares.
Compõe as pessoas de direito público internas a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas e as demais entidades de caráter público, criadas por lei�.
Coelho (2010, p. 25) explica:
O direito público cuida dos atos jurídicos praticados pelo Estado, inclusive os que importam ou pressupõem vínculos com as pessoas que residem ou atuam no território correspondente (os “particulares”). No Brasil, a estrutura federativa divide o Estado em entes autônomos, que são a União, os Estados-membros, os Territórios, o Distrito Federal e os Municípios. Esses entes são sujeitos de direito cujos atos e contratos inserem-se no objeto do direito público. Além deles, também as autarquias (por exemplo: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) etc.) estão sujeitas à disciplina correspondente ao direito público.
Já no campo do direito público externo, incluem-se os governos estrangeiros, todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público�, bem como as organizações de qualquer natureza que tenham constituído, dirijam ou tenham investido em funções públicas.
Venosa (2008, p. 234) explica que:
As nações politicamente organizadas, os Estados, dotam-se reciprocamente de personalidade jurídica, trocando representantes diplomáticos e organizando entidades internacionais, como a Organização das Nações Unidas. Desse modo, todos os Estados, politicamente organizados, são tidos como pessoas jurídicas na esfera internacional.
O nascimento ou reconhecimento de um Estado soberano internacional, ocorrequando um verifica a existência de outro no âmbito internacional, dotado de soberania, de personalidade jurídica internacional e dos demais elementos constitutivos do Estado.
Para Gagliano (2009, p. 202) “O surgimento dos Estados soberanos ou dessas entidades supra-estatais vai decorrer do advento de fatos históricos, como revoluções ou criações constitucionais, ou mesmo pela edição de tratados internacionais”.
Já no direito privado, distinguem-se, dentre as pessoas jurídicas, os conceitos de fundação, associação, sociedade, organização religiosa e partidos políticos�.
Gagliano (2009, p. 207), discorre que; “As associações são entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não-econômicos”.
A associação é a união de pessoas pela finalidade econômica da segunda em face da primeira�.
 Venosa (2008, p. 259) discorre:
O Código de 2002 abre um capítulo para tratar das associações nos arts. 53 a 61. Vimos que esse diploma acentua o fim não econômico dessas entidades. A Constituição Federal diz ser plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (art. 5º, XVII). Dadas as particularidades de suas finalidades, o parágrafo único do art. 53, como vimos, lembra que entre os associados não há direitos e obrigações recíprocas. As associações preenchem as mais variadas finalidades na sociedade. O Código de 1916, de forma assistemática, já se referira a algumas de suas finalidades: religiosas, pias, morais, científicas, literárias (art. 16, I). Qualquer atividade lícita pode ser buscada por uma associação, como, por exemplo, as associações esportivas, que desempenham importante papel na formação da pessoa e no equilíbrio social.
Diferente do que ocorre na associação, entidades sem fins econômicos, o termo sociedade, serve para as entidades com fins lucrativos.
Para Gagliano (2009, p. 212), “A sociedade é espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria, e instituída por meio de um contrato social, com o precípuo escopo de exercer atividade econômica e partilhar lucros”.
Em relação às sociedades, dividem-se em duas espécies, a sociedade simples e sociedade empresária.
Coelho (2010, p. 268) assim afirma:
As sociedades podem ser de duas espécies: simples ou empresárias. As simples exploram atividade econômica desprovida de empresarialidade. Já as empresárias organizam a exploração da atividade econômica como empresa, isto é, por meio da articulação dos fatores de produção: capital, mão de obra, insumo e tecnologia.
Já a fundação, se constitui numa universalidade de bens ou direitos, dotados de personalidade e destinados a um determinado fim, estabelecido pelo seu instituidor.
As fundações diferem das associações e das sociedades, pois resultam não da união de indivíduos, mas da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina (GAGLIANO, 2009, p. 217).
Organizações religiosas são entidades que se cingem na garantia constitucional da liberdade de culto, para adorar uma determinada força ou forças sobrenaturais.
Gagliano (2009, p. 223), assim explica:
Juridicamente, podem ser consideradas organizações religiosas todas as entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto a determinada força ou forças sobrenaturais, por meio de doutrina e ritual próprios, envolvendo, em geral, preceitos éticos.
Os partidos políticos são associações civis que fitam assegurar o sistema da representatividade.
Venosa (2008, p. 266) minuciosamente explica que:
A Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003, a qual, como já referimos, acrescentou dois incisos ao art. 44. Assim, além das associações, das sociedades e das fundações, o ordenamento conclui pela existência de duas outras pessoas jurídicas de direito privado: as organizações religiosas e os partidos políticos. Ao mesmo tempo, esse diploma, no art. 2.031, acrescenta parágrafo único para estatuir: “O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos.” Lembre-se de que esse art. 2.031, pertence às disposições finais do Código, determinou que as citadas pessoas jurídicas, associações, sociedades e fundações, constituídas sob a legislação anterior, deviam adaptar-se às regras do mais recente Código Civil, a partir de um ano de sua vigência. Também existem projetos em tramitação para estender ou modificar esse prazo.
Há distinção entre as pessoas de Direito Público, separado em Interno e externo, e as de Direito Privado são classificadas de acordo com as suas finalidades. 
A personalidade jurídica nasce, por um ato unilateral inter vivos ou mortis causa nas fundações e por um ato bilateral ou plurilateral nas corporações, com o registro no órgão competente e com ela surgem os direitos e obrigações, reconhecida pela legislação brasileira como instrumento essencial para a prática de atividade empresarial�. 
Campinho (2009, p. 71), diz que:
A sociedade empresária passa a desfrutar da personalidade jurídica com o arquivamento de seus atos constitutivos (contrato social ou estatuto) na Junta Comercial; a simples, com a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. 
Detentora de personalidade jurídica, como já dito, a sociedade é capaz de direito e obrigações, passando a ter existência distinta da de seus membros.
Posto que:
Na constituição das sociedades, o registro do contrato social, faz nascer a pessoa jurídica. Como efeitos dessa personalidade jurídica temos: a) a assunção da capacidade para direitos e obrigações; b) os sócios não mais se confundem com a pessoa da sociedade, inclusive quanto à qualidade de comerciante; c) a pessoa jurídica possui patrimônio próprio, distinto do patrimônio de seus sócios; d) a sociedade pode alterar sua estrutura interna (NEGRÃO, 1999, p.81).
Além da capacidade de contrair direitos e deveres, é também titular de nome próprio, diverso do nome dos sócios, bem como possui autonomia patrimonial. 
3.2 CONCEITO E NATUREZA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
Delimitada e conceituada, a pessoa jurídica, não é intransponível, podendo ser vencida no concernente as suas obrigações. Esse acontecimento é conhecido pela doutrina como desconsideração da personalidade jurídica.
Para Silva (2007, p. 69):
Desconsideração da personalidade jurídica, denominação mais conhecida entre nós da teoria que é objeto deste estudo, é chamada na Inglaterra e nos Estados Unidos de disregard of the legal entity. Na Alemanha, é chamada de Durchgriff durch die Rechtspersönlichkeit. Na Itália, superamento dela personalità giuridica. Na Espanha, teoria de la penetración de la personalidad. 
Desconsiderar significa ignorar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica, tornando-a ineficaz temporariamente. 
Como Oliveira (2003) explica “Outro pressuposto a ser observado na aplicação do instituto, é o fato de que no caso concreto não há supressão da sociedade, nem tão pouco se considera ela nula”.
Viabilizou-se a repressão de condutas fraudulentas e abusivas praticadas por sujeitos que compõe a pessoa jurídica sem extingui-la.
Gagliano (2009, p. 228) reforça o caráter eventual da desconsideração:
Em linhas gerais, a doutrina da desconsideração pretende o superamento episódico da personalidade jurídica da sociedade, em caso de fraude, abuso ou simples desvio de função, objetivando a satisfação do terceiro lesado junto ao patrimônio dos próprios sócios, que passam a ter responsabilidade pessoal pelo ilícito causado.
Utiliza-se a desconsideração da personalidade jurídica sem que haja uma dissolução da pessoa jurídica. No instituto da despersonificação, a pessoa jurídica é desfeita, torna-se nula para todos os efeitos.
Gonçalvez (2011, p. 250) simplifica, afirmando que:
Cumpre distinguir, pois, despersonalização de desconsideração da personalidade jurídica. A primeira acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassaçãoda autorização para seu funcionamento, enquanto na segunda ‘subsiste o princípio da autonomia subjetiva da pessoa coletiva, distinta da pessoa de seus sócios ou componentes, mas essa distinção é afastada, provisoriamente e tão só para o caso concreto’.
A finalidade da desconsideração da personalidade jurídica é impedir e reprimir a prática de fraude ou abuso de direito mediante o indevido controle da personalidade jurídica por seus membros. 
Tomazette (2002) corrobora, dizendo que:
Desvirtuada a utilização da pessoa jurídica, nada mais eficaz do que retirar os privilégios que a lei assegura, isto é, descartar a autonomia patrimonial no caso concreto, esquecer a separação entre sociedade e sócio, o que leve a estender os efeitos das obrigações da sociedade. Assim, os sócios ficam inibidos de praticar atos que desvirtuem a função da pessoa, jurídica, pois caso o façam não estarão sob o amparo da autonomia patrimonial.
Uma vez aplicada a desconsideração, não mais se considera os efeitos da personificação ou da autonomia patrimonial da sociedade, mas, permite ao magistrado, atingir e vincular a responsabilidade aos sócios, com a intenção de tornar impraticável a consumação de fraudes e abusos de direito cometidos, por meio da personalidade jurídica, que causem prejuízos ou danos a outrem.
3.3 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
A existência distinta das pessoas jurídicas da de seus sócios, princípio da autonomia patrimonial, permitiu o surgimento e o desenvolvimento de empreendimentos que necessitam da união de recursos de inúmeras pessoas.
Tomazette (2002) expõe:
Para a realização de alguns empreendimentos, por vezes é imprescindível a união de várias pessoas, as quais, todavia, não querem simplesmente entregar recursos para que outra pessoa os administre, as mesmas querem assumir responsabilidades e atuar diretamente na condução do empreendimento. De outro lado, as mesmas pessoas têm medo de comprometer todo o seu patrimônio, e preferem não assumir o risco, e investem seus recursos em atividades não produtivas.
Muitas pessoas viram a pessoa jurídica como um meio de locupletar-se, protegendo-se atrás da autonomia patrimonial.
Gonçalves (2011, p. 249) assim afirma:
O ordenamento jurídico confere às pessoas jurídicas personalidade jurídica distinta da dos seus membros. Esse princípio da autonomia patrimonial possibilita que as sociedades empresárias sejam utilizadas como instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito contra credores, acarretando-lhes prejuízos.
O instituto da pessoa jurídica, dentre outros, possui grande relevância para o Direito Brasileiro. Mas, pela autonomia patrimonial, se tornou um refugio ao fraudador.
Campinho (2009, p. 73) diz que:
Em função da autonomia de patrimônio, verificável a partir da personificação da sociedade, que passa a ser titular de um patrimônio distinto, inconfundível com o patrimônio particular de cada sócio que a compõe, passou a pessoa jurídica da sociedade, em certas circunstâncias, a ser instrumento para a perpetração de fraude contra os credores.
Ante a possibilidade do desvio de finalidade da personalidade jurídica, nasceu a disregard doctrine. 
Em seu artigo, Oliveira (2003) afirma que:
Foi com essa preocupação e, ante à necessidade de se encontrar mecanismos de defesa, que se inseriu no mundo jurídico a teoria da "desconsideração da pessoa jurídica", também conhecida como "disregard doctrine", ou ainda, como chamam.
A doutrina e a jurisprudência desenvolveram mecanismos para obrigar os componentes da sociedade, retirando a camada protetora, responsabilizando-os por seus atos.
Para Silva (2007, p. 53):
Como visto, desde muito tempo a pessoa jurídica é considerada como uma das conquistas mais fecundas da dogmática jurídica. Tornou-se, rapidamente, o instrumento jurídico mais adequado para lograr o cumprimento de fins supra-individuais, que só podem ser alcançados com a manutenção de uma rígida separação entre a personalidade jurídica da sociedade e de seus membros, bem como, entre seus respectivos patrimônios. Chegou-se até mesmo, a crer que tal separação fosse uma estrutura intransponível, isto é, imaginou-se que, mesmo em determinadas situações de notório abuso à personalidade jurídica, não seria permitido a transposição da separação patrimonial. Evidentemente, por razões óbvias, essa tese não prosperou. O inabalável respeito a esse dogma da separação patrimonial foi um dos primeiros sintomas do que veio a se chamar crise do instituto da pessoa jurídica.
A principal função do instituto da desconsideração da personalidade jurídica é prevenir e limitar a utilização da pessoa jurídica.
A disregard doctrine é uma revolução das significativas tendências posta em prática pelo Direito. A teoria surgiu da necessidade de se encontrar mecanismos de proteção, contra o mau uso da sociedade mercantil, assim, o instituto é uma forma de limitar o uso indevido da pessoa jurídica (SANTIAGO, 2008).
O surgimento da teoria é considerado pela doutrina como sendo a Inglaterra o primeiro país a aplicar a desconsideração da personalidade jurídica, no caso de Salomon x Salomon Co, no ano de 1897.
Quanto ao caso:
Requião, arrimado na monografia do Prof. Piero Verrucoli, da Universidade de Pisa, intitulada “Il Superamento dela Personalità Giuridica dele Società di Capitali”, descreve o caso, mostrando uma company, em conjunto com outros seis componentes da sua família, e cedido seu fundo de comércio à sociedade que fundara, recebendo em conseqüência vinte mil ações representativas de sua contribuição, enquanto para cada um dos outros membros coube apenas uma ação para uma ação para a integração do valor da incorporação do fundo de comércio à nova sociedade. Salomon recebeu obrigações garantidas no valor de dez mil libras esterlinas. A sociedade logo em seguida se revelou insolvível, sendo o seu ativo insuficiente para satisfazer as obrigações garantidas, nada sobrando para os credores quirografários, sustentou que a atividade da company era atividade de Salomon que usou de artifício para limitar a sua responsabilidade e, em conseqüência, Salomon deveria ser condenado ao pagamento dos débitos da company, devendo a soma investida na liquidação de seu crédito privilegiado, ser destinada à satisfação dos credores da sociedade. O Juízo de primeira instância e depois Corte acolheram essa pretensão, julgado que a company era exatamente uma atividade fiduciária de Salomon, ou melhor, um seu agent ou trustee, e que ele, na verdade, permanecera como o efetivo proprietário do fundo de comércio. Era a aplicação de um novo entendimento, desconsiderando a personalidade jurídica de que se revestia Salomon & Co. A Casa dos Lordes reformou, unanimente, esse entendimento, julgando que a company havia sido validamente constituída, no momento em que a lei simplesmente requeria a participação de sete pessoas que haviam criado uma pessoa diversa de si mesmas. Não existia, enfim, responsabilidade pessoal de Aaron Salomon para com os credores de Salomon & Co., e era válido o seu crédito privilegiado.” (REQUIÃO apud CAMPINHO, 2009, p. 74/75).
Alguns doutrinadores defendem que no início do século XIX foi utilizada a desconsideração da personalidade jurídica no caso Bank of United States v. Deveaux.
É o posicionamento de Soraya Marina Barcelos (2010):
A decisão judicial precursora da teoria da desconsideração da personalidade jurídica remonta ao ano de 1809, no caso Bank of United States v. Deveaux, quando o juiz Marshall manteve a jurisdição das cortes federais sobre as corporations - a Constituição Americana (art. 3°, seção 2ª) reserva a tais órgãos judiciais as lides entre cidadãos de diferentes Estados. Ao fixar a competência acabou por desconsiderar a personalidade jurídica, sob o fundamento de que não se tratava de sociedade, mas sim de sócios contendores.
A maioria da doutrina não segue esse raciocínio e reforçam o posicionamento de Requião, que o caso Salomon x Salomon Co deu

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