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1 Helmintos Introdução Constituem um grupo muito numeroso,com três filos: 1- Platyhelminthes 2- Aschelminthes 3- Acanthocephala Muito comuns no homem. Estas infecções, em geral, resultam em danos para o hospedeiro,os quais se manifestam de forma variadas. Estima-se que 20% da população esteja parasitada por ancilostomídeos e ascarídeos (vermes intestinais) Forma de resistência: Ovo Forma reprodutiva: Verme adulto Platyhelminthes Características Gerais Ausência de Exo ou Endoesqueleto São achatados dorso-ventralmente Sem ou com tubo digestivo,porém sem anus Ausência de aparelho circulatório e respiratório Tecido conjuntivo preenche os espaços entre os órgãos. Simetria bilateral Podem ser de vida livre,exo ou endoparasitos CLASSES DE INTERESSE MÉDICA: Cestoda Trematoda 2 Platyhelminthes Características Gerais Classe Trematoda Características Gerais São ecto ou endoparasitos. Os adultos não possuem epiderme e cílios externos Corpo não segmentado e recoberto por uma cutícula Apresenta uma ou mais ventosas Presença de tubo digestivo,geralmente sem anus Hermafroditas ou não. Evolução simples ou com hospedeiro intermediário. Órgãos de fixação são comumente representados pelas ventosa oral e ventosa ventral (acetábulo) Classe Trematoda Características Gerais Habitat – Formas sexuadas (adultos): vários tecidos do HD – Formas assexuadas (jovens): vários tecidos do HI (moluscos pulmonados) Monóicos ou dióicos Representantes: Fasciola hepatica e Schistosoma sp. Fasciola Hepatica Schistossoma mansoni Classe Cestoda Características Gerais São endoparasitos Sem epiderme Sem tubo digestivo Órgãos de fixação localizados na extremidade anterior Corpo geralmente alongado,segmentado Corpo constituído de 3 partes: Escólex= cabeça Colo= pescoço Estróbilo=corpo Ex: Taenias 3 Classe Cestoda Características Gerais Ciclo heteroxênico Habitat – Formas sexuadas (adultos): intestino do HD – Formas assexuadas (jovens): vários tecidos do HI Monóicos (fecundação cruzada) Causam as teníases, cisticercose e hidatidose Echinococcus granulosus Cabeça Colo Estróbilo Taenia sp. Fasciola hepatica Introdução Fasciolose é causada pela Fasciola hepatica. Cosmopolita, principalmente em regiões próximas a áreas alagadiças e sujeitas à inundações. Parasita dutos biliares do fígado de mamíferos, principalmente bovinos e ovinos. Também acomete equinos, asininos, cervídeos, suínos e coelhos. É uma zooantroponose (humanos e animais) Há acometimento hepático e emagrecimento. Nas infecções agudas, causa anemia, diarréia sanguinolenta e morte dos animais. Introdução No Brasil: RS, MT, SC, PR, SP, RJ, ES, MG, MS Maiores prejuízos: Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Perda econômica: redução da produtividade, condenação dos fígados nos abatedouros. Rio Grande do Sul: taxa de condenação dos fígados de bovinos (13%), ovinos (7%). A infecção é adquirida devido a ingestão de água, vegetais crus ou água contaminada com metacercárias, a forma infecciosa. Fasciolose animal crescente no Brasil. Conhecido como ¨baratinha do fígado¨ 4 Morfologia Aspecto foliáceo, medindo 3 x 1,5 cm. Corpo achatado dorso-ventralmente, no animal vivo deforma-se continuamente devido às contrações musculares. Não existe cavidade corpórea, os órgãos abrigam- se num parênquima. Tegumento com espinhos. Ventosas oral (extremidade anterior) e ventral (no terço anterior do parasita). São hermafroditas. Morfologia - Adulto Parasita a vesícula biliar e os canais biliares mais calibrosos do hospedeiro vertebrado. Pela ação do parasita os canais tornam-se hipertrofiados. Os parasitas nutrem-se do conteúdo biliar, de produtos da reação inflamatória e produtos necróticos. A longevidade dos parasitas pode chegar até 8 a 10 anos (ovinos) Em bovinos a longevidade dos parasitas geralmente é de 1 ano. Habitat Interior da vesícula e canais biliares mais calibrosos dos seus hospedeiros usuais No homem, que não é um hospedeiro habitual, pode ser encontrada nas vias biliares, alvéolos pulmonares e esporadicamente em outros locais 5 CORAL, Roberto Pelegrini; MASTALIR, Eduardo T.; MASTALIR, Fabiane Pinto. Fasciola hepatica removal from common duct through choledocoscopy. Rev. Col. Bras. Cir. , Rio de Janeiro, v. 34, n. 1, 2007 . Ciclo biológico Heteroxênico – necessita de hospedeiro intermediário – caramujos Lymnaea columela e L. viatrix Hospedeiro adulto libera pelas fezes ovos que em temperatura de 25-30 ºC e umidade = miracídio HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO Lymnaea viatrix Lymnaea columela HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO Vive em coleções de águas superficiais, margens dos lagos e represas, nos brejos e pastagens alagadiças. Alimentam-se de microalgas. Microalgas necessitam de luz para seu metabolismo. Moluscos nunca são encontrados em locais sombrios. Época de seca prolongada: caramujo em estivação (hibernação). Na época das cheias são transportados pela águas correntes, inundação. Ciclo Biológico Um ovo de trematóide centenas de adultos. Isto se deve ao fenômeno de pedogênese que ocorre no hospedeiro intermediário. Pedogênese: uma única forma larval gera vários adultos. Ovo de Fasciola hepatica Ciclo Biológico Trematóides adultos são ovíparos. Põem ovos com um opérculo. Capacidade de postura de até 20.000 ovos/dia Os ovos são postos nos canais biliares, arrastados pela bile, sendo eliminados juntamente com as fezes. 6 Ciclo Biológico - Ovo Ovos grandes, aproximadamente o dobro do tamanho de um ovo de tricostrongilídeo (140 μm x 60 a 100μm), ovais ou elípticos, de casca fina, operculado. Apenas os ovos presentes em locais úmidos ou que são arrastados pelas águas das chuvas para estes locais se desenvolverão. Ovo não sobrevive à dessecação e à temperaturas baixas. Oval ou elíptico Casca fina Operculado Contém células germinativas Ciclo Biológico - Miracídio Em água sob temperatura adequada, os ovos passam por desenvolvimento embrionário miracídio (larva piriforme ciliada). Sob estímulo da luz, o miracídio digere o cemento protéico que mantém o opérculo fechado e emerge do ovo em poucos minutos. MIRACÍDIO Ainda dentro do ovo pode viver até 9 meses, em presença de sombra e umidade Só sai do ovo quando em contato com água e é estimulado pela luz solar. Forma infectante para o hospedeiro intermediário Possui revestimento ciliar O muco produzido pelo molusco atrai o miracídio Podem penetrar outros molucos, mas só nos do gênero Lymnaea sobreviverão O molusco também sofre com a penetração dos miracídios – 3 a 5 miracídios é o número ideal para produção de cercárias Vida média no ambiente – 6 horas Miracídio Ciclo Biológico - Esporocisto Após a penetração o miracídio perde os cílios e origina uma estrutura alongada denominada de esporocisto. Há perda dos cílios, abosorve alimento do hospedeiro pelo íntimocontato. Células germinativas se desenvolvem originando as rédias. 7 ESPOROCISTO Penetrando no molusco certo cada miracídio forma um esporocisto 5 a 8 rédias Saco com células germinativas Ciclo Biológico - Rédias Rédias saem do esporocisto e colonizam o hepatopâncreas do molusco. Condições ambientais favoráveis para o caramujo: rédia gera cercárias Condições ambientais inadequadas para o caramujo: rédia gera rédias filhas ou desegunda geração. RÉDIAS Originadas pelos esporocistos Evoluem para rédias de segunda geração ou cercárias Rédias e cercárias Ciclo Biológico - Cercárias Cercárias (trematóides jovens com cauda longa) emergem ativamente do caramujo, em quantidades consideráveis. Estímulo para saída das cercárias do caramujo está geralmente associado à alterações de temperatura e intensidade da luz. Uma vez infectado, o caramujo continua sempre produzindo cercárias. Os caramujos morrem devido ao desenvolvimento do parasita no hepatopâncreas. CERCÁRIAS Cercária é oval ou arredondada, mede 20 μm e possui uma cauda simples medindo 500 μm que se agita como um chicote. Apresenta cachos de glândulas cistógenas. 8 Cercária Desde que o miracídio penetrou no molusco até a liberação de cercárias, decorrem 30-40 dias a 26ºC Em temperaturas mais baixas o tempo se alonga e não há evolução Liberação média de 6 a 8 cercárias diárias/molusco por 3 meses Cada miracídio = 225 cercárias Sai do caramujo e perde a cauda Ciclo Biológico - Metacercária Cercárias nadam por algum tempo, elimina o conteúdo das glândulas cistógenas que a recobre, perde sua cauda e se encista fixando-se à vegetação metacercária. • As metacercárias podem sobreviver na vegetação por até 3 meses entre 20 a 30 oC. • A infecção de um caramujo por um miracídio pode gerar mais de 600 metacercárias. Metacercária Encista-se (15 minutos) Adere a vegetação aquática ou na superfície da água Permanece infectante por 3 meses a 25-30ºC A 5ºC até 1 ano Ciclo Biológico Uma vez ingerido, a parede externa do cisto é removida mecanicamente durante a mastigação. A ruptura do cisto ocorre no intestino às custas da presença de enzimas. Ciclo Biológico Trematóide jovem atravessa a parede intestinal cavidade peritoneal parênquima hepático (migram por 6 a 8 semanas) dutos biliares onde amadurecem sexualmente. Ciclo Biológico – 17 a 18 semanas 9 Transmissão Através da ingestão de água e verduras contaminadas com metacercárias Transplacentária (animais) Patogenia Migração de grande quantidade de larvas no parênquima hepático hepatite traumática e hemorragia. Parasita presente nos dutos biliares, atividade hematófaga e lesão da mucosa biliar pelos espinhos Colangite (inflamação dos dutos biliares) crônica, hiperplasia do epitélio tubular dos canais biliares. Pode ocorrer obstrução dos canais biliares e icterícia. Como conseqüência há fibrose hepática. Fasciola hepatica no fígado Sintomas – Fase Aguda O período de incubação varia, com o número de helmintos, entre 6 e 9 semanas, com quadro clínico polimorfo. Na fase aguda, há poucos sintomas, muito vagos, podendo se passarem quatro meses sem sintomatologia. Mas há leucocitose e intensa eosinofilia; hemossedimentação aumentada; por vezes, febre alta e aumento doloroso do fígado. As provas de função hepática estão, em geral, alteradas, havendo hipergamaglobulinemia. No hospedeiro humano, as fascíolas podem viver 9 a 13 anos. 10 Sintomas - Fase Crônica Na fase crônica, uma longa história clínica costuma sugerir colecistite, angiocolite, calculose ou outros quadros digestivos crônicos. Sintomas freqüentes são: dor abdominal localizada no hipocôndrio direito, anorexia e dispepsia, evacuações pouco freqüentes ou constipação intestinal. A febre é em geral baixa. Aparece icterícia quando se instala uma colelitíase obstrutiva. Pode haver hepatosplenomegalia e emagrecimento. Os quadros graves são devidos a infecção ou obstrução biliar. Sintomas - Fase Crônica Parasitos adultos provocam ulcerações e irritações nos ductos Movimentação constante e presença de espinho na cutícula Hiperplasia epitelial Enrijecimento das paredes (fibrose) Calcificação Diminuição do fluxo biliar Cirrose Insuficiência hepática Localizações ectópicas Árvore respiratória e vias digestivas altas Inflamação e edema Disfagia, dispnéia, asfixia Obs: origem – consumo de fígado cru Diagnóstico Clínico: Sintomas observados. Epidemiológico: Ocorrência sazonal, ocorrência dos habitats dos caramujos, identificação destes hospedeiros intermediários. Necroscópico: lesões no parênquima hepático e nos dutos biliares, encontro dos parasitas. Laboratorial: Métodos diretos: Exame de fezes: presença de ovos de coloração amarelada nas fezes (observados na segunda e terceira fase da doença). Avaliação dos níveis plasmáticos de enzimas hepáticas (bovinos). Métodos indiretos (pesquisa de anticorpos contra a F.hepatica: ELISA 11 Ovos de Fasciola hepatica Epidemiologia Ocorrência da Fasciolose depende: Fonte de infecção (animal parasitado). Condições ambientais que permitam o desenvolvimento do ovo e do molusco Lymnea. Habitat do molusco: Açudes, brejos Plantações irrigadas (lavouras de arroz) Locais sujeitos à inundações periódicas (fasciolose ocorre em determinadas épocas do ano): Estação seca: moluscos em estivação, não há eliminação de cercárias. Chuvas: moluscos reproduzem-se rapidamente, fezes dos animais carreadas para as regiões mais baixas. Eliminação de cercárias pelos moluscos. Epidemiologia Criação de animais em regime extensivo Longevidade dos ovos no meio externo Animais infectados Plantação de agrião em regiões parasitadas Ingestão de água e verduras provenientes de córregos infectados Os casos humanos acompanham os animais Epidemiologia Origem: Europa Cosmopolita – Cuba, México, Argentina, Uruguai, França, Inglaterra etc BR – 1ª vez – 1918 – bovinos e ovinos - RS Atualmente – RS, SC, PR, SP, RJ, ES, MG, MS 12 Epidemiologia Interação campos de criação de rebanhos com coleções de água Áreas inundadas periodicamente extensão dos criadouros rápida multiplicação Cavalos, búfalos, porcos, cães e cervídeos – reservatórios Comércio de bovinos em caminhões – lavagem das fezes em córregos Eliminação da fonte de infecção: tratamento de todos os animais presentes na área de risco com ou sem sintomas. Destruição dos caramujos: é quase impossível eliminar todos os moluscos, deve tentar reduzir a população em níveis mínimos. O miracídio tem pouco tempo de vida e necessita penetrar no molusco dentro de poucas horas após sua eclosão. Empregar molusquicidas Drenar áreas úmidas Eliminação da vegetação aquática modificando o habitat dos moluscos. Evitar áreas de pastagens pantanosas e alagadiças Os ovos somente realizam desenvolvimento embrionário em locais úmidos Metacercária presente na vegetação Profilaxia Tratamento Os medicamentos empregados são: Triclabendazol, via oral, 2 vezes no mesmo dia, com 6 a 8 horas de intervalo, depois das refeições. Deidroemetina – 1mg/kg – 10 dias Bithionol – 50mg/kg/dia – 10 dias Albendazol 10 mg/kg Cuidar efeitos tóxicos Esquistossomose Introdução Schistosoma mansoni causa esquistossomose Ocorre na África, América do Sul e Antilhas. Distribuição geográfica: condicionada à presença de espécies de moluscos de água doce, do gênero Biomphalaria (hospedeiro intermediário). No mundo estima-se que de 150 a 200 milhões de pessoas estejam infectadas pelo trematódeo. A maioria destas pessoas vivem na Ásia ou África. Em seguida, América do Sul e Caribe. No Brasil admite-se que mais de 6 milhões de pessoas estejam infectadas. É considerada como um dos problemas mais sérios de saúde pública. Introdução Importante para ovinos (principalmente) e bovinos. Os vermes adultos se localizam nas veias mesentéricas do intestino grosso, sigmóide e reto, com sintomas predominantemente intestinais. Doença aguda: Diarréia e anorexia que ocorre após 6 a 8 semanas da infecção maciça. Há resposta inflamatória e granulomatosa decorrente da deposição dos ovos nas vênulas e sua subseqüente infiltração na mucosa intestinal. 13 Taxonomia Filo Plathyhelminthes Classe Trematoda Família Schistosomatidae Gênero: Schistosoma 1. S. haematobium • África e Oriente próximo e médio. 2. S. japonicum • China, Japão, Filipinas e sudeste asiático. 3. S. mansoni Schistosoma haematobium Ovos Caramujo do gênero Bulinus Schistosoma japonicum Ovo Caramujo do gênero Oncomelania • Ocorre na África, Antilhas e América do Sul. Chegaram a América com o tráfico de escravos e a com imigrantes orientais e asiáticos. Conhecido no Brasil como “xistose” e “barriga d’água”. Schistosoma mansoni Schistossoma mansoni - Adulto Diferentemente dos trematódeos, os esquistosomos apresentam-se como vermes delgados e longos. Alimentam-se de sangue venoso. Há contínua renovação da membrana externa dos esquistossomos resistência dos vermes adultos à ação dos anticorpos. Tegumento recoberto de espinhos auxilia na progressão nos vasos sanguíneos. Locomoção: extensão e contração do corpo, ventosas auxiliam na fixação e apoio. Longevidade dos adultos: ainda não se sabe, 3 a 5 anos ou mais. 14 Macho: mede cerca de 1 cm de comprimento por 0,11 cm de largura e sua cor é branca. • Apresenta duas ventosas e abaixo há o canal ginecóforo onde a fêmea se aloja. Schistossoma mansoni - Macho Schistossoma mansoni – Fêmea Fêmea: corpo cilíndrico, mais longo e fino que o macho (1,2 a 1,6 cm por 0,016 cm de diâmetro. É mais escura e acinzentada: tem um pigmento derivado da digestão do sangue: hemozoína. As duas ventosas são muito pequenas e próximas uma da outra. Necessita do macho para completar o desenvolvimento do aparelho reprodutor (machos eliminam peptídeos que influenciam a fisiologia reprodutiva da fêmea). A fêmea raramente abandona o canal ginecórofo do macho. Schistossoma mansoni - Adultos Schistossoma mansoni - Adultos Adultos acasalados vênulas do plexo hemorroidário superior e ramificações das veias mesentéricas, caminhando contra a corrente sanguínea. A cópula ocorre pela coaptação dos orifícios genitais masculino e feminino. Fêmea: se alonga, se insinua nos capilares depositam seus ovos. Macho e fêmea outras vênulas para continuar a ovoposição. Schistossoma mansoni - Ovos As fêmeas depositam um ovo por vez, podendo chegar até 300 ovos ao longo das vênulas, capilares dos intestinos delgado e grosso do hospedeiro. O ovo mede em média 150 μm x 65μm, e tem um espinho lateral saliente pontiagudo. Dentro do ovo desenvolve-se o miracídio. Ovos migram da luz dos capilares da mucosa ou submucosa do intestino para a cavidade intestinal para serem expulsos pelas fezes (este processo demora 1 semana). A expectativa de vida dos ovos maduros é de 20 dias. A eclosão do miracídio nunca ocorre no hospedeiro (talvez devido à isotonicidade). 15 Ovos Schistossoma mansoni - Miracídio Na água sob estímulos fotoquímicos, térmicos ou osmótico, miracídios rompem a casca do ovo e eclodem. Assim que eclodem, alongam-se e nadam ativamente formando grandes círculos. Os miracídios aparentemente tem fotorreceptores procurando sempre por águas mais claras, iluminadas. Durante a fase livre na água a atividade deste organismo se dá às custas da reserva de glicogênio e de consumo de oxigênio do meio. Apresentam inúmeras ventosas que auxiliam na aderência da larva à superfície do molusco, há glândulas de adesão e de penetração. Também apresentam numerosas células germinativas agrupadas na metade posterior do miracídio. Miracídio Schistossoma mansoni - Miracídio Nadam junto à superfície, são capazes de ir atrás do molusco mesmo áreas de 1 a 2 m de profundidade. A penetração deve ocorrer dentro das primeiras horas após a eclosão, pois sua viabilidade decresce bastante chegando a zero em 10 a 12 horas após a eclosão. A atividade do miracídio aumenta na presença do molusco. A invasão se dá em qualquer ponto do tegumento do molusco. Biomphalaria glabrata Schistossoma mansoni - Esporocisto Ao penetrar no molusco, o miracídio perde seu revestimento epitelial ciliado e imobiliza-se no ponto de penetração. Os órgãos de penetração desaparecem e a musculatura atrofia. Transforma-se em um saco alongado que contém uma série de células germinativas, o esporocisto primário. Rompe-se liberando cerca de 20 a 40 esporocistos filhos. Os esporocistos filhos ou secundários migram para o hepatopâncreas e ovotestis do molusco onde continuam a crescer. Os esporocistos secundários maturam e originam as cercárias (demora de 3 a 4 semanas). Os esporocistos secundários terceira geração de esporocistos cercárias (este ciclo pode ocorrer por várias gerações). Schistossoma mansoni - Esporocisto Pode haver a produção de centenas de cercárias no interior do molusco. Não há geração de rédias. Interessante: se o molusco é retirado da água, a evolução, multiplicação do parasita se interrompe reiniciando quando o mesmo volta às condições normais. 16 Schistossoma mansoni - Cercária Após 4 semanas da penetração do miracídio os moluscos começam eliminar as cercárias e isto se dá de maneira intermitente. Geralmente são liberadas nas horas mais quentes e claras do dia. As cercárias saem do esporocisto espaços sanguíneos ao redor do hepatopâncreas e ovotestis seguem pela corrente circulatória que envolvem o intestino posteriorpseudobrânquia formação de minúsculas vesículas no tegumento dos moluscos que se rompem liberando as cercárias. Cada molusco elimina cercárias somente de um único sexo. O molusco Biomphalaria glabrata pode eliminar de 1000 a 3000 cercárias por dia e mais de 100.000 por toda a vida. Schistossoma mansoni - Cercária Na água, as cercárias tendem a se acumular na superfície. Apresentam contorno piriforme, o tegumento apresenta microespinhos, na extremidade anterior tem um órgão de fixação cefálico e uma cauda bifurcada. São bastante móveis e medem cerca de 500 μm de comprimento. Durante o deslocamento, a cauda sempre precede o corpo. Apresenta duas ventosas, uma oral e outra ventral. A longevidade das cercárias pode estender-se por dois dias, mas a taxa de infectividade decai bastante. Cercária Schistosoma mansoni – Esquistossômulos Estimuladas pelas substâncias lipídicas presentes na pele do hospedeiro, as cercárias penetram na pele do hospedeiro definitivo devido à ação lítica das proteases presentes nas glândulas. Podem também ser ingeridas. Após a invasão que ocorre em alguns minutos, a cauda é deixada no meio exterior. Assim que invade, a cercária transforma-se em esquistossômulo. Schistosoma mansoni – Esquistossômulos Permanece na pele por dois ou três dias. Se não for destruído pelo sistema de defesa do hospedeiro, penetra em algum vaso cutâneo coração e pulmões. Em seguida vão para o sistema porta intra-hepático onde crescem e amadurecem. No sistema porta intra-hepático s esquistosômulos alimentam se de sanguecompletam seu desenvolvimento fase adulta (em 4 semanas) e acasalam-se. 17 Sistema porta- hepático Sistema porta-hepático Hospedeiro Intermediário - Molusco Filo Mollusca Classe Gastropoda Ordem Pulmonata Família Planorbidae Gênero Biomphalaria Habitat:lagoas, córregos, alagados pós enchentes Distribuição geográfica no Brasil • Biomphalaria glabrata: área contínua de distribuição do RN até MG; • B. straminea: CE, agreste nordestino e focos isolados no PA. • B. tenagophila: RJ, SP, SC, RS. Caramujos comumente confundidos com Biomphalaria Pomacea spp. 18 Melanoides tuberculata Transmissão Hídrica Não há transmissão interpessoal Reservatório elimina ovos (crônico) Caramujos eliminam cercárias (sem. a 3 meses) Porta de entrada: pele Epidemiologia Múmias com mas de 3.000 anos de idade; Estima-se que 200 milhões de pessoas em 74 países tem a doença, desses 120 milhões são sintomáticos e 20 milhões tem a forma grave. 80% de todos estes casos estão concentrados na África. No Brasil10 a 12 milhões de casos dos quais 60 a 80 % dos casos estão no Nordeste. Áreas endêmicas compreendem a Zona da Mata desde o Rio Grande Norte até o sul da Bahia e nordeste do estado de Minas Gerais. 19 Distribuição mundial Fatores que influenciam a presença e a expansão da esquistossomose O clima tropical do país; A grande quantidade de hábitats aquáticos funcionam como criadouros de moluscos; As altas temperaturas e a luminosidade; A condição fundamental para o estabelecimento de um foco de transmissão seria a contaminação do criadouro dos caramujos com fezes contendo ovos viáveis; Fatores ligados a população humana O homem é o reservatório da doença. Idade Raça Sexo • Atividades profissionais (modificações ambientais) 20 • Condições de vida precárias •Migrações internas • Educação sanitária precária ou inexistente • Ausência de infra-estrutura sanitária adequada • Disseminação de Biomphalaria susceptíveis. Patogenia As alterações patológicas no hospedeiro definitivo são decorrentes de: Ação mecânica resultante da migração dos parasitas pelo tecido do hospedeiro. Reação do organismo ao parasita. Secreção e excreção de substâncias tóxicas ou antigênicas pelo parasita. • . Patogenia A sintomatologia vai depender da cepa do parasito, da carga parasitária, idade, estado nutricional e resposta imunitária. As alterações vão depender da fase do parasito: Cercárias: dermatite cercariana ou “dermatite do nadador” Vermes adultos: Lesões provocadas por vermes mortos e espoliação sanguínea 21 Patogenia Cercária: Dermatite cercariana; Patogenia • Derivada principalmente da reação granulomatosa aos ovos do parasito. • Granuloma: volume até 100 vezes o do ovo. Período de incubação 1- 2 meses Astenia, cefaléia, anorexia, mal-estar, náuseas. Infecções primárias: manifestações gerais agudas (febre de Katayama) - 2-6 sem 1ªs manifestações: antes e durante o 1º depósito de ovos. Sintomas Fase aguda Doença aguda, febril, acompanhada de calafrios, sudorese, emagrecimento, fenômenos alérgicos, diarréia, cólicas, tenesmo, hepatoesplenomegalia discreta e alterações discretas das funções hepáticas. Pode levar o paciente à morte ou evoluir para a forma crônica. “se nadou coçou é porque pegou” 22 Sintomas Fase Crônica Intestino: Diarréia mucosanguinolenta, dor abdominal e tenesmo. Fibrose na alça retossigmóide, levando à diminuição do peristaltismo e constipação constante. Intestino 23 Sintomas Fígado Inicialmente se apresenta aumentado e bastante doloroso a palpação. Numa fase mais adiantada pode estar menor e fibrosado. Granulomas hepáticos provocam obstruções nos ramos intra-hepáticos da veia porta, levando à hipertensão portal. A hipertensão leva a esplenomegalia, varizes e ascite. Ascite e varizes Esplenomegalia Diagnóstico Clínico: Anamnese, levando-se em conta a fase e a epidemiologia da doença. Laboratorial: Parasitológico ou direto Visualização de ovos do parasito nas fezes ou nos tecidos do hospedeiro. Métodos: exame de fezes e biópsia retal. Diagnóstico Biópsia retal - esquistossomose crônica, sem hipertensão portal, 80% de positividade enquanto que no exame de fezes, 50%. Outros - raspado retal e biópsia de órgãos comprometidos (Ex.: biópsia hepática). 24 Métodos imunológicos ou indiretos Medem a resposta do organismo do hospedeiro aos antígenos do parasito. Devem ser considerados de acordo com a sua especificidade e sensibilidade: Sensibilidade é a capacidade de um teste de detectar um indivíduo doente; Especificidade é a capacidade de um teste de diagnosticar um indivíduo sem a doença. Métodos 1. Intradermoreação; 2. Reação de imunofluorescência indireta; 3. Método imunoenzimático ou ELISA; 4. Reação em cadeia da polimerase (PCR); Tratamento Praziquantel 40 mg/ kg tomada única : leva a contrações tetânicas do verme e vacuolização do tegumento. Apresenta taxa de 80 a 90 % de cura. Mata vermes adultos, mas não as larvas Oxaminiquine - 15 mg/ kg tomada única. Controle de cura: 6 exames pesquisa de ovos pesados Medidas de prevenção e controle Reservatório Diagnóstico e tratamento Controle de cura Notificação caso Exames dos contatos Busca ativa periódica, sistemática e prolongada de casos Medidas de prevenção e controle Hospedeiro intermediário Pesquisa de coleções hídricas Tratamento químico de criadouros Medidas de controle Educação e saneamento Educação em Saúde e mobilização comunitária. Saneamento ambiental nos focos de esquistossomose. 25 Não evacue próximo à lagoa, rio e represa Utilize um banheiro com rede de esgoto. Não use água contaminada com o verme da esquistossomosse. Teníase e Cisticercose Introdução A classe Cestoda compreende parasitos, hermafroditas, de tamanhos variados, encontrados em animais vertebrados. Os mais freqüentemente encontrados em humanos pertencem a família Taenidae: Taenia solium e Taenia saginata (“solitárias”). Introdução Teníase: alteração provocada pela presença de vermes adultos de T. solium e T. saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo (humanos). Cisticercose: alteração provocada pela presença de larvas (“canjiquinha”) de T. solium nos tecidos dos hospedeiros intermediários (suínos e bovinos). 26 Introdução Estima-se que exista cerca de 77 milhões de pessoas parasitadas por T. saginata no mundo; A cisticercose é altamente endêmica em áreas rurais da América Latina; A OMS estima que ocorram, a cada ano, 50.000 devidas à neurocisticercose; No Brasil, os dados referentes à prevalência do complexo são imprecisos. Morfologia A T. solium e a T. saginata apresentam corpo achatado, dorso-ventralmente em forma de fita, dividido em: escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo. São de cor branca leitosa e com a extremidade anterior bastante afilada e de difícil visualização. Morfologia Principais diferenças: T. solium T. saginata Escólex (fixação) • globoso; • 4 ventosas com acúleos; • quadrangular; • 4 ventosas sem acúleos; Proglotes • ramificações uterinas pouco numerosas, tipo dentrítica; • saem passivamente com as fezes; • ramificações uterinas muito numerosas, tipo dicotômico; • saem ativamente no intervalo das defecações; Cisticercose • possível • não foi comprovada Ovos • indistingüíveis • indistingüíveis Morfologia Verme Adulto: Escólex: pequena dilatação situada na extremidade anterior (fixação); Colo: porção mais delgada do corpo, sendo a zona de crescimento do parasito ou de formação das proglotes; Estróbilo: corpo do parasito, ondese observa a diferenciação tissular que permite o reconhecimento dos órgãos internos. Cada segmento denomina-se proglote ou anel. 27 Escólex Órgão adaptado para a fixação do cestoda na mucosa do intestino delgado. Apresenta quatro ventosas formadas de tecido muscular. A Taenia solium possui um rostelo ou rostro armado com uma fileira de 25 a 50 acúleos. Escólex escólex Morfologia T. solium T. saginata Colo Situado imediatamente após o escólex; Não tem segmentação, mas suas células estão em constante atividade reprodutora, dando origem às proglotes jovens. É conhecida como zona de crescimento ou formação de proglotes. 28 Estróbilo É o corpo do helminto, formado pela união de proglotes. Pode conter de 800 a 1000 proglotes e medir 3m (T. solium) ou 8m (T. saginata). Proglotes: Individualidade alimentar e sexual; Jovens, maduras e grávidas; Hermafroditas. Morfologia As proglotes são subdivididas em jovens, maduras e grávidas A proglote grávida de T. solium é quadrangular, ramificações tipo dentrítico, contendo até 80 mil ovos. A proglote grávida de T. saginata é retangular, ramificações tipo dicotômico, contendo até 160 mil ovos. Taenia saginata Taenia solium Taenia solium 29 Ovos Microscopicamente é impossível distinguir os ovos das duas tênias. São esféricos e medem 30m de diâmetro. Possuem uma casca protetora chamada embrióforo. Dentro do embrióforo encontramos a oncosfera ou embrião hexacanto, com três pares de acúleos. Cisticerco Constituído de um escólex, colo e uma vesícula membranosa contendo líquido no seu interior. Podem atingir até 12mm de comprimento, após 4 meses de infecção. No SNC humano, o cisticerco pode se manter viável por vários anos; Cysticercus cellulosae (T. solium – suíno); Cysticercus bovis (T. saginata – bovino). Cisticerco - LARVA Cysticercus cellulosae Larva de Taenia solium Cysticercus bovis Larva de Taenia saginata Habitat Tanto T. solium como a T. saginata, na fase adulta ou reprodutiva, vivem no intestino delgado de humanos; O cisticerco de T. solium é encontrado no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho de suínos e acidentalmente em humanos; O cisticerco de T. saginata é encontrado nos tecidos de bovinos. Habitat Cisticerco 30 Ciclo Biológico Os humanos parasitados eliminam proglotes grávidas cheias de ovos para o meio exterior. No ambiente úmido e protegido da luz solar intensa, os ovos mantém-se infectante por meses. No intestino do hospedeiro intermediário (suíno ou bovino), as oncosferas liberam o embrióforo. Ciclo Biológico As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em qualquer tecido mole (pele, músculos esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebro). A infecção humana ocorre pela ingestão de carne crua ou mal cozida de porco ou de boi infectado. Ciclo Biológico O cisticerco ingerido sofre ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se, através do escólex, na mucosa do intestino delgado, transformando-se em uma tênia adulta, que pode atingir até 8 metros em alguns meses; Três meses após a ingestão do cisticerco, inicia-se a eliminação de proglotes grávidas; A T. solium tem longevidade de 3 anos e a T. saginata até 10 anos. Ciclo Biológico da Cisticercose 31 Ciclo Biológico da Cisticercose Transmissão Teníase: o hospedeiro definitivo (humano) infecta-se ao ingerir carne suína ou bovina, crua ou mal cozida, com o cisticerco de cada espécie; Cisticercose: ingestão acidental de ovos viáveis de T. solium que foram eliminados nas fezes de portadores de teníase, através de alimentos ou água contaminados. Transmissão Heteroinfecção – ingestão de ovos presentes no alimentos e água contaminada (ovos oriundos de dejetos de pacientes). É a ocorrência mais comum. Dejetos humanos contaminando fontes de água para beber ou regar hortaliças; Disseminação de ovos de T. solium por moscas e baratas; Acidentes de laboratório; Práticas sexuais orais. Auto-infecção externa – ingestão de ovos pelo próprio portador da teníase. Maus hábitos higiênicos – não lavar as mãos após ir ao banheiro, antes de manipular alimentos, levar as mãos à boca (crianças e doentes mentais). Auto-infecção interna – movimentos antiperistálticos ou vômitos. Algumas proglotes grávidas podem voltar ao estômago e através do suco gástrico podem ser romper. Patogenia e Sintomatologia Apesar de ser conhecida como solitária, normalmente as pessoas estão infectadas por mais de uma tênia. Podem causar: Fenômenos tóxicos alérgicos; Pode provocar hemorragia na mucosa; Produzir inflamações. Competição por alimento. 32 Sintomatologia - Teníase ASSINTOMÁTICA: Maioria dos casos SINTOMÁTICA: Dor abdominal, diarréia, náuseas e vômitos Perda de peso e aumento de apetite Alargamento do abdômen Fenômenos tóxico-alérgicos (hemorragia, destruição da mucosa e inflamação) Patogenia - Cisticercose AÇÕES PATOGÊNICAS: Mecânica: Compressão e deslocamento de tecidos ou estruturas (localização e crescimento do cisticerco). Irritativa: Processo inflamatório que envolve o parasito e que pode esterder-se para as estruturas vizinhas. Sintomatologia - Cisticercose Cisticercose Manifestações clínicas depende da localização, do número de parasitos e do estágio. Muscular ou subcutânea: pouca alteração ou geralmente assintomática. Ocular: instala-se na retina, promovendo perda parcial ou total da visão. Sintomatologia - Cisticercose Cisticercose Neurocisticercose: crises epilépticas, cefaléias, vômitos, convulsões, desordem mental com delírios, prostação, alucinações e hipertensão intracraniana. 33 Diagnóstico - Teníase Presença de proglotes na fezes – indicada pelo paciente Pesquisa de proglotes – Tamisação Pesquisa de Ovos na fezes – qualquer método parasitológico (mais utilizados são Kato-Katz ou sedimentação espontânea). Presença de ovos 3 meses após a infecção Ausência de ovos após a eliminação de grandes porções do estróbilo Pesquisa de ovos com fitas adesivas (fita de Celofane colante) Mais eficiente com T. saginata Liberação de grandes porções do estróbilo inibe a eliminação de proglotes por um tempo e consequentemente a presença de ovos Os ovos são eliminados apenas 3 meses após a infecção Teníase Diagnóstico - Cisticercose Radiografia e Tomografia; Reação de Weinberg no LCR (RFC); ELISA, HAI e IFI; Exame de LCR: hipereosinofilia e proteína aumetada. CISTICERCOS CALCIFICADOS NO SNC CISTICERCO VIÁVEL NO SNC Diagnóstico por imagem da neurocisticercose 34 Características de neuroimagem (TC e RNM) dos cistos cisticercóticos nos seus diferentes estágios de evolução. RX – só visualiza cisticerco calcificado TC e RNM – Mais sensíveis dando idéia da localização do cisticerco, número e fase de desenvolvimento A TC é o método de escolha e RNM é mais sensível quando os cisticercos são pequenos, de localização intraventricular e subaracnóide, mas não identifica microcalcificações. Epidemiologia Estima-se que mais de 70 milhões de pessoas estejam infectadas por T. saginata e que até 2,5 milhões possam estar infectadas por T. solium no Mundo. Áreas de incidência da Teníase por T. saginata Alta prevalência Moderada prevalência Baixa prevalência África Países Europeus Austrália Oriente Médio Japão Estados Unidos Ásia Central Filipinas Canadá América Latina Áreas de incidência da Teníase por T. soliumMaior prevalência Menor prevalência América Latina Comunidades Judaicas Epidemiologia A prevalência pode depender da cultura do povo; Abatedouros clandestinos; Tipo de criação dos suínos; Hábito coprofágico do suíno; Contaminação do bovino no pasto; Quanto a contaminação humana, a mais comum é a heteroinfecção. Água contaminada com fezes; Disseminação de ovos por moscas e baratas; Acidentes de laboratório. Epidemiologia Tratamento Teníase Niclosamida: 4 comprimidos (2+2), com intervalo de uma hora e 1 colher de leite de magnésio; Praziquantel (150mg): dose única. Cisticercose Praziquantel e Albendazol (88% mais eficaz que o primeiro). 35 Tratamento Cisticercose Cirurgia para remoção dos cisticercos quando o número for pequeno e de fácil localização (fácil intervenção) Profilaxia e Controle Educação sanitária Saneamento básico Controle da criação dos animais Legislação: Controle da carne Notificação dos casos Profilaxia Impedir o acesso dos porcos às fezes; Tratamento dos casos humanos; Não comer carne mal cozida; Melhoria do sistema de criação dos animais. Profilaxia Não utilizar fezes humanas para adubar a horta Nunca use água contaminada com fezes humanas (água de rio ou água de esgoto) Lavar as mão antes das refeições, antes de manipular alimentos e depois de usar o sanitário Não defecar ao ar livre Lavar bem as frutas e Verduras antes do consumo Fazer exames periódicos de fezes Usar água de fontes limpas ou água fervida, filtrada ou tratada para consumo ou limpeza de alimentos e utensílios. 36 Hidatidose, Difilobotríase e Himinolepíase HIDATIDOSE E EQUINOCOCOSE Observação: Os cães tem equinococose HD A ovelha, o homem tem hidatiose HI HIDATIDOSE E EQUINOCOCOSE Agente etiológico: Echinococcus granulosus, verme pertencente a classe Cestoda ( pequena tênia). Doença de importância veterinária. O verme adulto mede 5mm e possui um escólex globoso com 4 ventosas e um rostro com acúleos, colo curto, corpo formado por 3 o 4 proglotes 1ou 2 jovens, 1 madura e 1 grávida contendo 500 - 800 ovos. Hospedeiro Intermediário: Ovinos, bovinos, caprinos, suínos, equinos e acidentalmente o homem Metacestódeo Fígado e Pulmão Hospedeiro Definitivo: Caninos Parasita adulto Intestino Delgado Parasita: Heteroxênio ou Digenético 37 HIDATIDOSE E EQUINOCOCOSE HIDATIDOSE E EQUINOCOCOSE Cisto Hidatico: No homem cresce em media um cm, por ano, pode parar de cresce quando atinge 5 a 10cm. Patogenia e Sintomas : Depende da localização do cisto, geralmente o indivíduo afetado com hidatiose fica com o cisto durante anos. Pode ter ação mecânica, causada pela presença do cisto, reação alérgica, rompimento do cisto que pode levar a choque anafilático. hidatidose cerebral 38 Este paciente apresentava uma rara forma de EQUINOCOCOSE do sistema nervoso central, onde foi encontrada a maior parte dos parasitas, que causaram lesões exuberantes. Outros órgãos acometidos foram o coração e um dos rins. Todos os parasitas examinados histologicamente estavam mortos, e eram constituídos apenas pela membrana cuticular externa, que é proteica e acelular, não tendo sido observadas membranas prolígeras viáveis. As vesículas parasitárias necróticas estavam circundadas por intensa reação inflamatória de corpo estranho. HIDATIDOSE E EQUINOCOCOSE Profilaxia: Não dar vísceras cruas aos cães Melhorias das condições dos locais de criação de ovinos Eliminar cães errantes Tratar cães. Difilobotríase Difilobotríase Alguns casos isolados (autóctones) de Difilobotríase causada pelo Diphyllobothrium latum foram identificados no ano de 2005. Os casos registrados estavam associados à ingestão de peixes crus ou mal cozidos. A difilobotríase é uma parasitose intestinal causada por espécies do gênero Diphyllobothrium, destacando-se a espécie D. latum 39 Difilobotríase Hospedeiro definitivo é o homem,eventualmente outros mamíferos como cães e gatos, que consomem peixes crus. Hospedeiros intermediários: o primeiro é um pequeno crustáceo do plâncton (copépode) e o segundo é uma espécie de peixe de água doce ou anádromo (peixes que migram da água salgada à água doce para se reproduzir Ciclo Biológico Os ovos imaturos são liberados através das fezes, no meio,os ovos se desenvolvem (em aproximadamente 18 a 20 dias) até o estágio de “coracídeo” (na água). Em seguida são ingeridos por um “copépode”, o “coracídio” se desenvolve em larva “procercóide”. Os copepodas são ingeridos por peixes. A larva “procercóide” é liberada do crustáceo e migra para a musculatura do peixe onde se desenvolve em larva “plerocercóide” , este é o estagio que infecta os humanos os peixes pequenos são predados por espécies de peixes maiores, a larva. “plerocercóide” migra para a musculatura do peixe maior, quando os humanos ingerem este peixe acabam se infectando se esse peixe for ingerido cru ou mal cozido. Nos humano, a larva “plerocercóide” se desenvolve em verme adulto imaturo, localizando-se no intestino delgado. Os vermes adultos do D. latum se aderem à mucosa intestinal através do escólex, podendo medir mais de 10 metros , e apresentando mais de 3.000 proglotes. Nas fezes do homem contaminado são liberados ovos (mais de 1 milhão de ovos por dia por verme) Difilobotríase Difilobotríase Sintomas: são a maioria dos casos apresenta-se de forma assintomática, pode ocorrer distensão abdominal, flatulência, cólica abdominal intermitente, emagrecimento e diarréia, sendo um complicação importante a anemia grave. Diphilobotrium latum Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico é feito por meio do exame de fezes, onde os ovos são visualizados à microscopia. Certas vezes pode acontecer das proglótides saírem junto com as fezes, podendo ser vistas a olho nu. O tratamento, em especial para as infecções adquiridas por meio do consumo de peixes de água doce, é a injeção de ÁCIDO DIATRIZOICO no duodeno, resultando no desprendimento do verme do intestino e sua consequente eliminação. Medicamentos anteriormente utilizados como PRAZIQUANTEL e NICLOSAMIDA não devem mais ser utilizados como primeira opção de terapia, pois resultam na desintegração do parasita, sendo impossível deste modo confirmar a eliminação do escólex (cabeça). 40 Difilobotríase Diphilobotrium latum Profilaxia A profilaxia dessa doença é feita evitando-se a ingestão de peixe de água doce cru ou mal cozido. Cozinhar adequadamente ou congelar os peixes de água doce mata as larvas desse parasita. Além disso, fezes humanas é um mecanismo importante de disseminação dos ovos desse verme, sendo necessário a implantação de uma rede de esgoto para reduzir a infecção dos peixes e conseqüentemente em humanos. Hymenolepis nana Menor e mais comum cestódeo humano Morfologia Verme adulto 3 a 5 cm de comprimento Escólex 4 ventosas e uma única fileira de acúleos Estróbilo 100 a 200 proglotes (mais largos que longos) Ovos Incolores e transparentes, 2 membranas (externa - delgada e interna - translúcida), 2 mamelões filamentosos e embriã exacanto Larva cisticercóide Hymenolepis nana Hymenolepis nana 41 Hymenolepis nana Habitat: Intestino Delgado (jejuno e íleo) do homem Ciclo Biológico: Monoxênico e Heteroxênico. Hosp. Definitivos: Homem, roedores. Hosp. Intermediários: pulgas (Ctenocephalides canis, Xenopsylla cheopis, Pulex irritans) e coleópteros (Tenebrio molitor, T. obscurus e Tribolium confusum) Hymenolepis nana Transmissão: Ingestão de ovos Ingestão de larvas Autoinfecção interna Hymenolepis nana Patogenia e Sintomas Agitação, insônia, irritabilidade – causado pela ação das ventosas e estróbilo com acúleos e ação tóxica; Diarréia, dores abdominais, eosinofilia; Ação tóxica - sintomas nervosos – ataques epiléticos – liberação de toxina – causa excitação do córtex. Hymenolepis nana Diagnóstico: Clínico e Laboratorial (Parasitológico de Fezes) Tratamento: Praziquantel Niclosamida Nitazoxanida Hymenolepis nana Epidemiologia: Cosmopolita Mais frequente nas regiões de clima temperado (nesses países em regiões mais frias) A incidência aumenta dos 2 aos 9 anos Incide mais nas cidades que nas zonas rurais Incidência maior em creches, escolas, orfanatos 42 Hymenolepis nana Profilaxia: Higiene individual Uso de privadas ou fossas Uso de aspirador de pó Identificação e tratamento precoce dos doentes Combate aos coleópteros e pulgas existentes em ambiente doméstico. Até a próxima aula!
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