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Prova 1
NOME: __________________________________________________________________________
LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES
1. Ao receber a ordem do fiscal de sala, confira este caderno com muita atenção, pois nenhuma reclamação sobre o total 
de questões e/ou falhas na impressão serão aceitas depois de iniciada a prova.
2. Cartão de respostas:
a) Tem, obrigatoriamente, de ser assinado e não poderá ser substituído, portanto, não o rasure nem o amasse;
b) Marque, no cartão de respostas, para cada questão, uma única resposta. A ausência de marcação, a rasura ou a 
marcação de mais de um campo implicará anulação dessa questão;
c) No cartão de respostas, a marcação das letras correspondentes às respostas deve ser feita cobrindo a letra e preen-
chendo todo o espaço do campo, de forma continua e densa. A leitora ótica é sensível a marcas escuras; portanto, 
preencha fortemente os campos de marcação completamente, veja o exemplo:
d) Reserve os trinta (30) minutos finais para marcar seu cartão de respostas.
3. Será eliminado o candidato que:
a) Utilizar-se, durante a realização das provas, de máquinas e/ou relógios de calcular, bem como de rádios gravadores, 
headphones, telefones celulares ou fontes de consulta de qualquer espécie;
b) Ausentar-se da sala em que se realizam as provas levando consigo o caderno de questões e/ou o cartão de respostas;
c) Recusar-se a entregar o caderno de questões e/ou o cartão de resposta quando terminar o tempo estabelecido.
Observações: Recursos até terça-feira às 12 horas.
BOA PROVA!
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3
Direito Penal Especial
Pedro, José e Alfredo integram uma organização criminosa 
que opera com tráfico de drogas e comete vários crimes na periferia 
de uma grande cidade brasileira. José ocupa uma posição mais alta 
na organização, sendo responsável por punir quem não correspon-
desse às expectativas do grupo. Certo dia, tendo Alfredo falhado 
na cobrança de uma dívida do tráfico, José, com a ajuda de Pedro, 
deu-lhe uma surra. Com o objetivo de se vingar de ambos, Alfredo 
armou um plano para acabar com a vida de José e atribuir a respon-
sabilidade a Pedro. Assim, durante um tiroteio entre integrantes da 
organização criminosa e policiais, Alfredo, apontando na direção 
de José, que estava atrás de um arbusto, orientou Pedro a atirar nele, 
sob a alegação de que se tratava de um policial. O tiro atingiu José e 
Alfredo fugiu. Tendo percebido o erro, Pedro levou José ao hospital, 
o que evitou sua morte.
Considerando que, conforme o Código Penal, o crime de 
homicídio consiste em matar alguém e o crime de lesão corporal 
em ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, julgue o 
próximo item a respeito da responsabilização de Alfredo e Pedro na 
situação hipotética apresentada.
01) Tanto Pedro quanto Alfredo responderão por tentativa de 
homicídio.
Gabarito: Errado
Comentário: Acerca da desistência voluntária e do arrependimento 
eficaz (Art. 15, CP), há duas correntes sobre a natureza jurídica 
desse instituto: causa de exclusão da tipicidade (alcança todos os 
agentes) e causa pessoal extintiva da punibilidade (só beneficia 
quem agiu voluntariamente para evitar o resultado). Diante disso, 
a banca adotou a segunda corrente, prevendo que só irá benefi-
ciar Pedro que agiu positivamente (arrependimento eficaz) levando 
José ao hospital evitando o resultado morte e, por isso, responderá 
só pelos atos já praticados: lesão corporal. Já Alfredo, que havia 
dolo de matar e agiu propositadamente colocando Pedro em erro, 
continua a ser punido pelo homicídio na forma tentada (o resulta-
do não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade: Art. 
14, II, CP).
Em relação aos crimes contra a pessoa, julgue o próximo 
item.
02) A inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício 
por parte do autor do fato integra o tipo penal do homicídio 
culposo.
Gabarito: Errado
Comentário: Ocorre o homicídio culposo quando o agente realiza 
uma conduta voluntária, com violação de dever objetivo de cuidado 
a todos impostos, por negligência, imprudência ou imperícia (art. 
18, II, CP), produzindo, por consequência, um resultado (morte) 
involuntário, não previsto e nem querido, mas objetivamente previ-
sível, que podia ter sido evitado caso observa-se a devida atenção. 
Não obstante, frisa-se que, se o homicídio culposo for resultante 
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, então 
a pena será aumentada em um terço (art. 121, §4º, 1ª parte, CP).
MAJORANTE NO HOMICÍDIO CULPOSO
Art. 121, §4º, 1ª parte, CP: “No homicídio culposo, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de 
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conse-
quências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. […]”.
03) O crime de lesão corporal de natureza grave é caracterizado 
se da conduta do agente resulta incapacidade da vítima para 
as ocupações habituais por mais de trinta dias; perigo de vida; 
debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou 
aceleração de parto.
Gabarito: Correto
Comentário: Translineação do §1º, do art. 129, do Código Penal: 
a lesão corporal qualificada de natureza grave. Cuidado, pois o CP 
cinge-se em apenas um nomen juris (nome do crime) as qualifi-
cadoras da lesão corporal de natureza grave e gravíssima, contudo 
é pacífica tal diferença na doutrina e na jurisprudência. Assim é 
diferenciado para as bancas de concurso, ou seja, há lesão corporal 
de natureza grave (art. 129, §1º, CP) e lesão corporal de natureza 
gravíssima (art. 129, §2º, CP).
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE:
Art. 129, §1º, CP: “Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta 
dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.”.
Acerca dos crimes contra a pessoa, julgue o próximo item.
04) O homicídio, o induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
e o aborto são os únicos tipos penais constantes no capítulo 
que trata de crimes contra a vida.
Gabarito: Errado
Comentário: Questão que cobra o conhecimento da topografia do 
Código Penal. No Título I – Dos Crimes Contra a Pessoa (arts. 
121 a 154-B, CP), da Parte Especial, há alguns Capítulos, dos quais 
o Capítulo I – Dos Crimes Contra a Vida (arts. 121 a 128, CP), 
que são os crimes de: o homicídio (art. 121, CP); o induzimento, 
instigação ou auxilia a suicídio (art. 122, CP); o infanticídio (art. 
123, CP) e o aborto (arts. 124 a 128, CP). Dessa forma, a questão 
se torna INCORRETA ao se excluir o crime de infanticídio (art. 
123, CP) dos crimes contra a vida (arts. 121 a 128, CP).
Em relação aos crimes contra a pessoa, considerando que todos os 
agentes são imputáveis, julgue o próximo item.
05) Situação hipotética: Marieta Julieta, 58 anos, foi assassinada 
por menosprezo ou discriminação à condição de mulher na 
frente de seu filho Wigo Cristino, 40 anos. Assertiva: Nesse 
caso, ao sujeito ativo do crime em tela, haverá aumento de 
pena de um terço a metade.
Gabarito: Correto
Comentário: Tratando-se do homicídio qualificado pelo femini-
cídio (art. 121, §§ 2º, VI, e 2º-A, CP), haverá aumento de pena 
de um terço a metade se praticado na presença de ascendente ou 
descendente da vítima (art. 121, §7º, III, CP).
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HOMICÍDIO QUALIFICADO:
Art. 121, §2º, CP: “Se o homicídio é cometido: […]
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo 
torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum;
IV - à traição, de emboscada, oumediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime;
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino;
VII - ontra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.”.
FEMINICÍDIO:
Art. 121, §2º-A, CP: “Considera-se que há razões de condição de 
sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.”.
AUMENTO DE PENA NO FEMINICÍDIO:
Art. 121, §7º, CP: “A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um 
terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 
(sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.”.
Júlio foi denunciado em razão de haver disparado tiros de 
revólver, dentro da própria casa, contra Laura, sua companheira, 
porque ela escondera a arma, adquirida dois meses atrás. Ele não 
tinha licença expedida por autoridade competente para possuir tal 
arma, e a mulher tratou de escondê-la porque viu Júlio discutin-
do asperamente com um vizinho e temia que ele pudesse usá-la 
contra esse desafeto. Raivoso, Júlio adentrou a casa, procurou em 
vão o revólver e, não o achando, ameaçou Laura, constrangendo-a a 
devolver-lhe a arma. Uma vez na sua posse, ele disparou vários tiros 
contra Laura, ferindo-a gravemente e também atingindo o filho 
comum, com nove anos de idade, por erro de pontaria, matando-o 
instantaneamente. Laura só sobreviveu em razão de pronto e eficaz 
atendimento médico de urgência.
Com referência à situação hipotética descrita no texto anterior, 
julgue o próximo item de acordo com a jurisprudência do STJ.
06) A hipótese configura aberratio ictus, devendo Júlio responder 
por duplo homicídio doloso, um consumado e outro tentado, 
com as penas aplicadas em concurso formal de crimes, sem 
se levar em conta as condições pessoais da vítima atingida 
acidentalmente.
Gabarito: Correto
Comentário: O elaborador da assertiva entendeu que se tratava 
de dolo eventual pelo agente quanto ao seu filho que estava 
na presença do atirador junto com a sua mãe (alvo). A questão 
combina dois temas diferentes do Direito Penal: erro na execução 
(aberratio ictus) e concurso formal de crimes.
O aberratio ictus — erro na execução (art. 73, CP) — é uma 
espécie de erro de tipo acidental, em que o agente erra o alvo, mas 
o coloca em risco direto e eminente, respondendo pelo que queria 
fazer. Havendo duas situações possíveis na implicação do resultado:
» Resultado único ou aberratio ictus com unidade simples (art. 73, 
1ª parte, CP): quando o agente atinge pessoa diversa de quem era 
o seu alvo, responderá pelo crime que queria cometer, ou seja, pelas 
características da vítima virtual (art. 20, §3º, CP). Por exemplo: 
O filho deseja matar o pai e, por erro na pontaria, atinge a sua 
própria esposa. Nessa situação hipotética, o agente não responderá 
por homicídio qualificado de feminicídio (art. 121, §2º, VI, CP), 
mas sim pelo que ele queria fazer, ou seja, parricídio (homicídio 
contra o pai), que é uma hipótese de homicídio agravado (art. 61, 
II, “e”, CP).
» Resultado duplo ou aberratio ictus com unidade complexa (art. 
73, 2ª parte, CP): o agente responderá pelos crimes em concurso 
formal (art. 70, CP). Por exemplo: Imagine que “A” deseje matar 
“B” com o uso de um revólver e, por erro na pontaria, também 
atinja “C”, nesse caso haverá três situações possíveis: [1] “B” morre 
dolosamente e “C” morre culposamente: ser-lhe-á imputado 
homicídio doloso consumado com exasperação de pena de um 
sexto a metade. [2] “B” fica ferido, mas “C” é morto, ou vice-versa: 
ser-lhe-á imputado homicídio doloso consumado com exasperação 
de pena de um sexto a metade. [3] “B” e “C” ficam feridos: ser-lhe-á 
imputado a tentativa de homicídio com exasperação de pena de 
um sexto a metade. Caso o agente atue com dolo eventual, não 
ocorrendo hipótese culposa, sendo todas dolosas, então entrará na 
regra de concurso formal impróprio (art. 70, 2ª parte, CP): cúmulo 
material das penas.
A jurisprudência do STJ é assente no sentido de que, quando 
ocorrer concurso formal de crimes e o agente agir com dolo, as 
penas serão somadas (concurso formal impróprio ou imperfei-
to), não se distinguindo o dolo direto do eventual nos desígnios 
autônomos previsto na 2ª parte, do caput, do art. 70, do CP.
“DIREITO PENAL. CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. 
DOLO EVENTUAL. Os desígnios autônomos que caracterizam 
o concurso formal impróprio referem-se a qualquer forma de dolo, 
direto ou eventual. A segunda parte do art. 70 do CP, ao dispor 
sobre o concurso formal impróprio, exige, para sua incidência, que 
haja desígnios autônomos, ou seja, a intenção de praticar ambos 
os delitos. O dolo eventual também representa essa vontade do 
agente, visto que, mesmo não desejando diretamente a ocorrência 
de um segundo resultado, aceitou-o. Assim, quando, mediante uma 
só ação, o agente deseja mais de um resultado ou aceita o risco de 
produzi-lo, devem ser aplicadas as penas cumulativamente, afastan-
do-se a regra do concurso formal perfeito.”.
(STJ, Inf. 505, HC 191.490/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 27/09/2012, 6ª Turma, DJe 09/10/2012). Precedente 
citado do STF: HC 73.548/SP. Precedente citado do STJ: REsp 
138.557/DF.
ERRO NA EXECUÇÃO:
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Art. 73, CP: “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios 
de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia 
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse pratica-
do o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no §3º do 
art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa 
que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste 
Código.”.
ERRO SOBRE A PESSOA:
Art. 20, §3º, CP: “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime 
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as 
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem 
o agente queria praticar o crime.”.
CONCURSO FORMAL DE CRIMES:
Art. 70, caput, CP: “Quando o agente, mediante uma só ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-
lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma 
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. 
As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou 
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.”.
Julgue o item, considerando a lei e a jurisprudência dos tribunais 
superiores.
07) Situação hipotética: Mãe, sob o estado puerperal, pratica uma 
conduta visando a morte do próprio filho, logo após o parto. 
Contudo, quando da expulsão do feto, verificou-se que era 
anencéfalo. Assertiva: Nessa situação, podemos afirmar que a 
mãe cometeu o crime de infanticídio consumado.
Gabarito: Errado
Comentário: Segundo o STF, é impróprio falar em direito à vida 
intra ou extrauterina de feto anencéfalo (natimorto cerebral). 
Trata-se de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto 
material (art. 17, CP).
Nesse mesmo diapasão, Masson (2016): “Se a gestante ou um 
terceiro praticar manobras abortivas no sentido de eliminar o feto 
anencéfalo, estará caracterizado crime impossível, em razão da 
impropriedade absoluta do objeto material, nos termos do art. 17 
do Código Penal.”.
Consoante o STF: “Assentouque o feto anencéfalo, mesmo que 
biologicamente vivo, porque feito de células e tecidos vivos, seria 
juridicamente morto, de maneira que não deteria proteção jurídica, 
principalmente a jurídico-penal. Corroborou esse entendimento ao 
inferir o conceito jurídico de morte cerebral da Lei 9.434/97, de 
modo que seria impróprio falar em direito à vida intra ou extraute-
rina do anencéfalo, natimorto cerebral. Destarte, a interrupção de 
gestação de feto anencefálico não configuraria crime contra a vida, 
porquanto se revelaria conduta atípica.”. (STF, Inf. 661, ADPF 54/
DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/04/2012, Tribunal 
Pleno, DJe 30/04/2013).
CRIME IMPOSSÍVEL:
Art. 17, CP: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia 
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se o crime.”.
– Referência bibliográfica:
MASSON, C. Direito Penal Esquematizado: Parte Especial. 2. vol. 
9ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016, p. 104.
08) Por se tratar de delito de perigo abstrato, o abandono de 
incapaz dispensa a prova do efetivo risco de dano à saúde da 
vítima.
Gabarito: Errado
Comentário: Cuidado!! Pois, aparentemente, o delito de abandono 
de incapaz (Art. 133, CP) parece ser de perigo abstrato, mas não 
é!! Esse é um crime com características particulares, tanto que é 
um crime próprio e o sujeito ativo (autor do abandono) somente 
será aquele que tem a vítima sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, ou seja, tem o DEVER jurídico de zelar pelo bem-es-
tar do incapaz (garantidor). A doutrina (Sanches, R.) define que 
o núcleo do tipo é abandonar pessoa indefesa, desassistindo-a e a 
deixando desamparada, isto é, uma ação ou omissão contrária ao 
dever de guarda e assistência. Se o responsável ficar próximo da 
vítima, vigiando-a até que alguém a recolha, não haverá o crime, ou, 
por exemplo, no caso de abandonar a vítima em local rodeado de 
assistência (ex.: hospital). Em nenhuma dessas hipóteses ocorre o 
perigo concreto para o “abandonado”. O momento de consumação 
do crime em razão do abandono é quando a vítima sofre a efetiva 
situação de risco (crime de perigo concreto). Por se tratar de um 
delito instantâneo, não haverá arrependimento eficaz ou desistên-
cia voluntária, mesmo que o agente resolva reassumir o dever de 
assistência, não desnatura a infração penal. Ademais, é crime de 
ação penal pública incondicionada e não admite a forma culposa.
Acerca dos crimes contra a pessoa, julgue o item subsecutivo.
09) No crime de rixa, a coautoria é obrigatória, pois a norma 
incriminadora reclama como condição obrigatória do tipo a 
existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que 
um deles seja inimputável. É correto afirmar que a ocorrên-
cia de lesão corporal de natureza grave ou morte qualifica 
o delito de rixa, respondendo por ela, inclusive, a vítima da 
lesão grave, por ser a rixa um crime reflexivo ou bilateral, em 
que os rixosos são ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo 
do crime.
Gabarito: Correto
Comentário: Embora haja divergência doutrinária acerca do delito 
de rixa (briga generalizada) ser reflexivo ou bilateral, (o sujeito 
passivo é ao mesmo tempo sujeito ativo do crime), a doutrina 
majoritária diz que é, bem como a banca a Cespe (Questão nº 42, 
Concurso TJ/PB, Juiz, 2010, Cespe).
CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS DA RIXA:
1. Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
2. Comissivo: apenas doloso, não admite a forma culposa.
3. Reflexivo ou bilateral: os rixosos são ao mesmo tempo sujeito 
ativo e passivo do crime.
4. De perigo abstrato: como há pluralidade de agentes e o local é 
irrelevante, pode afetar indubitavelmente terceiros.
5. Não transeunte como regra: normalmente deixará vestígios pelas 
lesões corporais ou pela morte, porém o crime se consuma com a 
vontade dolosa e consciente de tomar parte da briga, consumar-
se-á mesmo que não haja ferimentos, apenas vias de fato.
6. Instantâneo (unissubsistente): como é um crime unissubsistente, 
não admite a tentativa (regra).
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7. Plurissubjetivo (de concurso necessário): é um crime coletivo 
que necessita de pelo menos 3 autores, o inimputável será utilizado 
para a contagem (Questão nº 72, Concurso TJ/RR, Analista, 2006, 
Cespe, Prova B).
8. Não admite participação (regra): ainda que haja divergências, 
esta é a posição da Cespe (Questão nº 44, Concurso PC/PE, 
Escrivão, 2016, Cespe).
A respeito do crime de omissão de socorro, julgue o item.
10) A omissão de socorro classifica-se como crime omissivo 
próprio e instantâneo.
Gabarito: Correto
Comentário: O crime de omissão de socorro (art. 135, CP), é um 
crime omissivo próprio — qualquer conduta omissiva que venha 
descrita entre os arts. 121 e o 359-H do CP são omissivos próprios. 
Também se classifica como de mera conduta (ou formal, a depender 
da doutrina), em que se consuma no momento da simples ativida-
de da conduta especificada (instantâneo), independentemente da 
produção de um resultado naturalístico.
OMISSÃO DE SOCORRO:
Art. 135, CP: “Deixar de prestar assistência, quando possível 
fazê-lo sem risco pessoal, a criança abandonada ou extraviada, ou 
a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão 
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a 
morte.”.
O item a seguir, a respeito de crimes contra o patrimônio, apresenta 
uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada à luz 
da doutrina e da jurisprudência pertinentes.
11) Caio, com dezoito anos de idade, reside com seu pai, de 
cinquenta e oito anos de idade, e com seu tio, de sessenta 
e um anos de idade. Sem dinheiro para sair com os amigos, 
Caio subtraiu dinheiro de seu pai e, ainda, o aparelho celular 
do tio. Nessa situação, Caio será processado, mediante ação 
penal pública, por apenas um crime de furto.
Gabarito: Correto
Comentário: A questão aborda os artigos 181 a 183 do CP (escusas 
absolutórias, relativas e inescusas nos crimes contra o patrimônio). 
Nesse sentido, é importante observar que, embora o furto tenha sido 
praticado em desfavor de um ascendente de Caio, este tinha menos 
de 60 anos (58 anos) e, por conseguinte, haverá escusa absolutória 
(isenção de pena) para o filho (art. 183, II, CP). No entanto, em 
relação ao tio, o qual possuía mais de 60 anos (61 anos), não haverá 
escusa absolutória (art. 183, III, CP), devendo responder normal-
mente pelo crime de furto, que é um delito de ação penal pública 
(incondicionada). Mesmo que a questão não tenha citado que é ou 
não incondicionada a ação penal, de qualquer modo, é ação penal 
pública.
ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS (ISENÇÃO DE PENA)
Art. 181, CP: “É isento de pena quem comete qualquer dos crimes 
previstos neste título, em prejuízo:
do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
do ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegí-
timo, seja civil ou natural.”.
ESCUSAS RELATIVAS (AÇÃO PENAL CONDICIONADA)
Art. 182, CP: “Somente se procede mediante representação, se o 
crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
de irmão, legítimo ou ilegítimo;
de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.”.
NÃO CABIMENTO (INESCUSAS PATRIMONIAIS)
Art. 183, CP: “Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja 
emprego de grave ameaça ou violência a pessoa;
ao estranho que participa do crime.
se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 
60 (sessenta) anos.”.
Álvaro e Samuel assaltaram um banco utilizando arma de fogo. 
Sem ter ferido ninguém, Álvaro conseguiufugir. Samuel, nervoso 
por ter ficado para trás, atirou para cima e acabou atingindo uma 
cliente, que faleceu. Dias depois, enquanto caminhava sozinho pela 
rua, Álvaro encontrou um dos funcionários do banco e, tendo sido 
por ele reconhecido como um dos assaltantes, matou-o e escondeu 
seu corpo.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item.
12) Álvaro cometeu o crime de homicídio qualificado e será 
responsabilizado pelo resultado morte ocorrido durante o 
roubo.
Gabarito: Correto
Comentário: Vamos analisar os fatos que ocorrem na situação 
hipotética:
» Primeiramente: Os dois cometeram latrocínio consumado (roubo 
qualificado pela morte), independentemente de um ter fugido 
antes doutro ter atirado, pois havia o dolo geral de violência, que 
faz parte do tipo criminal do roubo, exposto pelo Art. 157, caput, 
c/c §3º, parte final, CP.
Súmula nº 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicí-
dio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens 
da vítima.”.
ROUBO:
Art. 157, CP: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, 
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§1º. Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a 
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, afim de 
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou 
para terceiro. […]
§3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, 
de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é 
de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.”.
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7
Conforme o entendimento consagrado pelo STJ:
“Em atendimento à teoria monista ou unitária adotada pelo 
Estatuto Repressor Penal, malgrado o paciente não tenha praticado 
a violência elementar do crime de roubo, conforme o entendimento 
consagrado por este Superior Tribunal de Justiça, havendo prévia 
convergência de vontades para a prática de tal delito, a utilização 
de violência ou grave ameaça, necessárias à sua consumação, se 
comunica ao coautor, mesmo quando não seja este executor direto 
do gravame.”.
(STJ, HC 343.601/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 
1/3/2016, 5ª Turma, DJe 10/3/2016).
» Segundamente: O homicídio com o qual se deu por Álvaro é 
qualificado pela conexão consequencial, previsto no Art. 121, §2º, 
V, CP: “para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime”.
Ainda assim Álvaro cometeu, em concurso material, o crime de 
ocultação de cadáver, segundo o Art. 212, CP: “Destruir, subtrair 
ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena – reclusão, de um a três anos, 
e multa.”.
Embora a questão não tenha exposto o crime de ocultação de 
cadáver praticado por Álvaro, ele responderá pelo homicídio quali-
ficado e também, em coautoria, pelo resultado morte no crime de 
roubo (latrocínio).
No que concerne ao crime de apropriação indébita previdenciária 
previsto no Código Penal (CP), julgue o próximo item.
13) As figuras assemelhadas à apropriação indébita previdenciá-
ria constantes do CP são todas condutas omissivas relaciona-
das à ausência de recolhimento ou repasse de importâncias 
relacionadas à previdência social.
Gabarito: Correto
Comentário: Para a configuração do crime de apropriação indébita 
previdenciária (art. 168-A, CP), basta a vontade livre e conscien-
te de não repassar (delito omissivo) à previdência social as contri-
buições recolhidas dos contribuintes (dolo genérico), motivo pelo 
qual não é necessário um fim específico, ou seja, o animus rem sibi 
habendi (intenção de ter a coisa para si).
Corroborando, o STJ firmou o entendimento de que:
“O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime 
omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão de recolhi-
mento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas 
legais, prescindindo, portanto, do dolo específico.”.
(STJ, EREsp 1.296.631/RN, Min Rel. Laurita Vaz, 6ª Turma, em 
11/09/2013).
A apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP) é crime 
de condutas conjugadas: o tipo penal prevê um único núcleo — 
“deixar de” (no caput e no §1º) — associado a diversas condutas 
(“deixar de … repassar, recolher, pagar …”).
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA:
Art. 168-A, caput, CP: “Deixar de repassar à previdência social as 
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal 
ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§1º. Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância desti-
nada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento 
efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham 
integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de 
produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas 
ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência 
social; […]”.
14) É extinta a punibilidade se o agente, voluntariamente — não 
necessita ser espontâneo —, declara e confessa as contribui-
ções, importâncias ou valores e presta as informações devidas 
à previdência social, na forma definida em lei ou regulamen-
to, antes do início da ação fiscal.
Gabarito: Errado
Comentário: Há dois erros na assertiva, um deles em relação à 
extinção da punibilidade na sonegação de contribuição previden-
ciária (art. 337-A, CP) e outro em relação à voluntariedade.
Na apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, §2º, CP), há 
necessidade do pagamento dos valores devidos. Tanto na apropria-
ção indébita previdenciária quanto na sonegação de contribuição 
previdenciária (art. 337-A, §1º, CP), não basta ser voluntário, mas 
deve ser espontâneo.
São requisitos para a extinção da punibilidade na apropriação 
indébita previdenciária (art. 168-A, §2º, CP):- Espontaneidade;- Declaração, confissão e pagamento das contribuições, importân-
cias ou valores;- Prestação de informações à Previdência Social;
- Até o início da ação fiscal.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA:
Art. 168-A, §2º CP: “É extinta a punibilidade se o agente, espon-
taneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contri-
buições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à 
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes 
do início da ação fiscal.”.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA SONEGAÇÃO DE 
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA:
Art. 337-A, §1º, CP: “É extinta a punibilidade se o agente, espon-
taneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou 
valores e presta as informações devidas à previdência social, na 
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação 
fiscal.”.
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Um indivíduo, sem antecedentes criminais, que, consertando 
e vendendo telefones celulares novos e usados, exercia comércio 
clandestino no quintal de casa, expôs à venda, em certa ocasião, 
um celular roubado avaliado em R$ 3.000. Ao ser indagado sobre 
a procedência do bem, o comerciante alegou que o comprara de 
um desconhecido, sem recibo ou nota fiscal. Embora não tenha 
ficado esclarecido como o celular chegara às suas mãos ou quem o 
subtraíra, é inquestionável a procedência criminosa, já que a vítima, 
quando do roubo, havia registrado na delegacia a ocorrência do 
fato, o qual fora confirmado por testemunhas oculares.
15) Nessa situação hipotética, tal indivíduo responderá pela 
prática de crime de receptação qualificada, mesmo que a 
autoria do crime anterior não seja apurada, por tratar-se de 
crime parasitário ou acessório.
Gabarito: Correto
Comentário: Correto,pois o agente estava em atividade comercial, 
mesmo que clandestina e residencial (art. 180, §2º, CP), aplicar-
se-á a forma qualificada (art. 180, §1º, CP). Como a receptação é 
crime derivado de outro delito, é denominado de crime acessório 
ou parasitário, haja vista o objeto material ser “produto de crime”.
Embora seja derivado de outro delito, independe do conhecimento 
ou da punibilidade do autor do crime antecedente (art. 180, §4º, 
CP): independência típica da receptação.
RECEPTAÇÃO:
Art. 180, CP: “Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, 
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, 
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
§1º. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em 
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, 
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber 
ser produto de crime:
Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa.
COMÉRCIO IRREGULAR EQUIPARADO À ATIVIDADE 
COMERCIAL
§2º. Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo 
anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, 
inclusive o exercido em residência.
RECEPTAÇÃO CULPOSA
§3º. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela despro-
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, 
deve presumir-se obtida por meio criminoso:
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
INDEPENDÊNCIA TÍPICA
§4º. A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de 
pena o autor do crime de que proveio a coisa.
PERDÃO JUDICIAL E PRIVILEGIADORA
§5º. Na hipótese do §3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, 
tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
Na receptação dolosa aplica-se o disposto no §2º do art. 155.
AUMENTO DE PENA
§6º. Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do 
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, 
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa conces-
sionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no 
‘caput’ deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)”.
Acerca do crime de estelionato, julgue o próximo item.
16) Em se tratando de crime de estelionato cometido contra a 
administração pública, não se aplica o princípio da insigni-
ficância, pois a conduta que ofende o patrimônio público, a 
moral administrativa e a fé pública possui elevado grau de 
reprovabilidade.
Gabarito: Correto
Comentário: Translineação da jurisprudência do STJ:
“O princípio da insignificância é inaplicável ao crime de estelionato 
quando cometido contra a administração pública, uma vez que a 
conduta ofende o patrimônio público, a moral administrativa e a fé 
pública, possuindo elevado grau de reprovabilidade.”.
(STJ, Jurisprudência em Teses nº 84. Precedentes: RHC 56754/
RS; RHC 61931/RS; AgRg no AREsp 627891/RN; RHC 55646/
RS; EDcl no AgRg no REsp 1335363/ES; AgRg no AREsp 
682583/SP – Vide Inf. 429).
Corrobora a Súmula nº 599 do STJ: “O princípio da insignificância 
é inaplicável aos crimes contra a administração pública.”.
17) Aplica-se a regra do concurso material de delitos a crime de 
estelionato previdenciário cometido por um só agente após o 
óbito do segurado, tendo esse agente efetuado saques mensais 
de prestações previdenciárias por meio de cartão magnético.
Gabarito: Errado
Comentário: Nessa situação, será aplicada a regra do crime conti-
nuado (art. 71, CP).
Conforme dispõe a jurisprudência do STJ:
“Aplica-se a regra da continuidade delitiva (art. 71 do CP) ao 
crime de estelionato previdenciário praticado por terceiro, que após 
a morte do beneficiário segue recebendo o benefício regularmen-
te concedido ao segurado, como se este fosse, sacando a prestação 
previdenciária por meio de cartão magnético todos os meses.”.
(STJ, Jurisprudência em Teses nº 84. Precedentes: AgRg no REsp 
1466641/SC; AgRg no REsp 1378323/PR; REsp 1282118/RS; 
REsp 1602787/PR– Vide Inf. 516).
CRIME CONTINUADO:
Art. 71, caput, CP: “Quando o agente, mediante mais de uma 
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie 
e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras 
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação 
do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, 
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um 
sexto a dois terços.
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, 
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, 
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, 
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, 
se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do 
art. 70 e do art. 75 deste Código.”.
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Na análise das classificações e dos momentos de consumação, 
busca-se, por meio da doutrina e da jurisprudência pátria, enqua-
drar consumação e tentativa nos diversos tipos penais. A esse 
respeito, julgue o próximo item.
18) A extorsão é considerada pelo STJ como crime material, pois 
se consuma no momento da obtenção da vantagem indevida.
Gabarito: Errado
Comentário: De acordo com o STJ, a extorsão é crime formal e, 
para a sua consumação, não necessita da efetiva vantagem indevida, 
isto é, consumar-se-á no momento do constrangimento mediante 
violência ou grave ameaça à pessoa.
Súmula nº 96 do STJ: “O crime de extorsão consuma-se indepen-
dentemente da obtenção da vantagem indevida.”.
Em relação aos crimes contra o patrimônio, julgue o próximo item.
19) No delito de estelionato, a pena será aplicada em dobro se o 
crime for cometido contra idoso.
Gabarito: Correto
Comentário: Trata-se de atualização legislativa do ano de 2015, 
que acrescentou o §4º ao art. 171, do CP. Cuidado, pois não se 
trata de qualificadora, mas sim de uma causa de aumento de pena 
no estelionato.
ESTELIONATO CONTRA IDOSO:
Art. 171, §4º, CP: “Aplica-se a pena em dobro se o crime for 
cometido contra idoso.”.
Com relação a crimes contra a pessoa, contra o patrimônio e contra 
a administração pública, julgue o item que segue.
20) Para a configuração do delito de apropriação indébita previ-
denciária não é necessário que haja o dolo específico de 
ter para si coisa alheia; é bastante para tal a vontade livre e 
consciente de não recolher as importâncias descontadas dos 
salários dos empregados da empresa pela qual responde o 
agente.
Gabarito: Correto
Comentário: Para a configuração do crime de apropriação indébita 
previdenciária (art. 168-A, CP), basta a vontade livre e conscien-
te de não repassar (delito omissivo) à previdência social as contri-
buições recolhidas dos contribuintes (dolo genérico), motivo pelo 
qual não é necessário um fim específico, ou seja, o animus rem sibi 
habendi (intenção de ter a coisa para si).
Corroborando, o STJ firmou o entendimento de que a apropriação 
indébita previdenciária é crime omissivo próprio e de dolo genérico 
que prescinde (não necessita) de dolo específico:
“O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime 
omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão de recolhi-
mento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas 
legais, prescindindo, portanto, do dolo específico.”.
(STJ, EREsp 1.296.631/RN, Min Rel. Laurita Vaz, 6ª Turma, em 
11/09/2013)
Julgue o próximo item, referente a crimes de falsidade documental.
21) Será considerada atípica, por inexistência de ofensa à fé 
pública nacional, a conduta do estrangeiro que, para tentar 
sair irregularmente do Brasil, apresentar à PolíciaFederal 
passaporte falso expedido por outro país.
Gabarito: Errado
Comentário: O documento público pode ser de nacionalidade 
brasileira ou estrangeira, desde que seja criado por funcionário 
público, no desempenho de suas atividades.
Como já se posicionou o STF:
“[…] o documento seria público quando criado por funcionário 
público, nacional ou estrangeiro, no desempenho de suas atividades 
em conformidade com as formalidades prescritas em lei.”.
(STF, Inf. 758, AP 530, Rel. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 09/09/2014, 1ª Turma, DJe 19/12/2014)
Segundo entendimento do STJ:
“É típica a conduta de uso de documento falso, consistente em 
passaporte expedido pela República do Uruguai, apresentado à 
Polícia Federal por ocasião de abordagem realizada em aeroporto, 
mediante tentativa de saída irregular do país e burla ao controle 
aeroportuário de fronteiras.
O art. 297 do Código Penal não distingue procedência do 
documento, se emitido por autoridade nacional ou estrangeira.”.
(STJ, REsp 1.568.954/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
18/10/2016, 6ª Turma, DJe 07/11/2016)
Um indivíduo, sem antecedentes criminais, pagou, com 
cheque personalizado em nome de terceiro, mercadorias, no valor 
de R$ 2.300, compradas em determinado supermercado. Para tanto, 
apresentou cédula de identidade falsificada com sua fotografia, 
tendo induzido em erro a pessoa responsável pelo caixa do super-
mercado. Consumada a ação, tal indivíduo, arrependido, rasgou e 
destruiu o talão de cheques e a identidade falsificada, inutilizando-
-os definitivamente.
Com referência à situação hipotética, julgue o item.
22) Nessa situação hipotética, o juiz responsável pelo julgamento 
do referido indivíduo deveria absolvê-lo por atipicidade de 
conduta, aplicando o princípio da insignificância.
Gabarito: Errado
Comentário: Em regra, não se aplica o princípio da insignificância 
ao estelionato, contudo o STJ tem afirmado ser possível a aplicação 
da bagatela quando o prejuízo da vítima for de até 10% do salário 
mínimo vigente à época, sendo inaplicável quando cometido contra 
a administração pública.
“Inviável o reconhecimento da insignificância a fim de se reconhe-
cer a atipicidade da conduta, uma vez que o valor da vantagem 
supostamente obtida, de R$ 100,00 (cem reais), não pode ser consi-
derado irrisório, já que equivalente à 13,81% do salário mínimo 
vigente à época do fato (Ano de 2014, R$ 724,00).”.
(STJ, HC 352.159/DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 
15/09/2016, 5ª Turma, DJe 26/09/2016)
“O princípio da insignificância é inaplicável ao crime de estelionato 
quando cometido contra a administração pública, uma vez que a 
conduta ofende o patrimônio público, a moral administrativa e a fé 
pública, possuindo elevado grau de reprovabilidade.”.
(STJ, Jurisprudência em Teses 84, Precedentes: RHC 56754/RS; 
RHC 61931/RS; AgRg no AREsp 627891/RN; RHC 55646/RS; 
EDcl no AgRg no REsp 1335363/ES; AgRg no AREsp 682583/
SP – Vide Inf. 429)
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No que concerne aos crimes em espécie, julgue o item seguinte.
23) Particular que apresentar em seu trabalho atestado médico 
falso, com assinatura e carimbo de médico inexistente, 
responderá pelo crime de falsidade ideológica, na modalidade 
do uso.
Gabarito: Errado
Comentário: Nesta questão há vários crimes envolvidos. O parti-
cular responderá por uso de documento falso (art. 304, CP), o qual 
remete o preceito secundário à falsidade de atestado médico (art. 
302, CP). E não por falsidade ideológica (art. 299, CP), além de 
que nem há a modalidade “uso” dentro da falsidade ideológica.
Além disso, a questão poderia trazer outras hipóteses, por exemplo:
[1] Se o médico particular preenche documento de atestado verda-
deiro, mas com informações falsas: ele pratica o crime de falsida-
de de atestado médico (art. 302, CP) e o particular pelo uso de 
documento falso(art. 304, CP) — ambos com a mesma pena.
[2] Se o médico fosse um agente público e preenchesse documento 
de atestado verdadeiro, mas com informações falsas: responderia 
pelo crime de certidão ou atestado ideologicamente falso (art. 301, 
caput, CP) e o particular pelo uso de documento falso (art. 304, 
CP) — ambos com a mesma pena.
[3] Se o sujeito ativo da falsificação de atestado for dentista, 
veterinário ou qualquer do gênero da saúde que não seja médico, 
preenchendo documento verdadeiro, mas com informações falsas: 
responderá pelo crime de falsidade ideológica (art. 299, CP), seria, 
por exemplo, o dentista dando atestado falso de dentista.
[4] Se o particular houvesse forjado o atestado médico, total ou 
parcialmente vindo a utilizá-lo: responderia por crime único de 
falsidade material de certidão ou atestado (art. 301, §1º, CP), por 
força do princípio da consunção, o uso é post factum (pós-fato) 
não punível.
Nesse sentido é a jurisprudência dos Tribunais Superiores:
“De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e 
do Superior Tribunal de Justiça, o crime de uso, quando cometido 
pelo próprio agente que falsificou o documento, configura ‘post 
factum’ não punível, vale dizer, é mero exaurimento do crime de 
falso. Impossibilidade de condenação pelo crime previsto no art. 
304 do Código Penal.”.
(STF, AP 530/MS, Rel. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 
09/09/2014, 1ª Turma, DJe 17/11/2014). Precedente do STF: HC 
84.533/MG; Precedente do STJ: HC 107.103/GO.
Há jurisprudência do STF (AgR no HC 133.226/SP) e do STJ 
(RHC 64.292/SP) na posição de que o particular incorreria no 
crime de falsificação de documento particular (art. 298, CP), o qual 
possui pena bem maior que o de falsidade material de atestado ou 
certidão (art. 301, §1º, CP).
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR:
Art. 298, CP: “Falsificar, no todo ou em parte, documento particu-
lar ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Falsificação de cartão
Parágrafo único. Para fins do disposto no ‘caput’, equipara-se a 
documento particular o cartão de crédito ou débito.”.
FALSIDADE IDEOLÓGICA
Art. 299, CP: “Omitir, em documento público ou particular, decla-
ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declara-
ção falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar 
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamen-
te relevante:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é 
público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é 
particular.”.
CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE 
FALSO:
Art. 301, CP: “Atestar ou certificar falsamente, em razão de função 
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou 
qualquer outra vantagem:
Pena – detenção, de dois meses a um ano.”.
FALSIDADE MATERIAL DE ATESTADO OU CERTIDÃO:
Art. 301, §1º, CP: “Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou 
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, 
para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter 
cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou 
qualquer outra vantagem:
Pena – detenção, de três meses a dois anos.”.
FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO
Art. 302, CP: “Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado 
falso:
Pena – detenção, de um mês a um ano.”.
USO DE DOCUMENTO FALSO
Art. 304, CP: “Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou 
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração.”.
Concernente a crimes contra a fé pública, responda o item seguinte.
24) A conduta consistente em omitir que está empregado ao 
preencher cadastro público para obtenção de benefício social 
caracteriza crime de falsidade ideológica.
Gabarito: Correto
Comentário: Correto, pois o crime de falsidade ideológica se trata, 
basicamente, detrês condutas: inserir, fazer terceiro inserir ou 
omitir — informação juridicamente relevante com a finalidade de 
benefício, ou prejuízo alheio.
FALSIDADE IDEOLÓGICA:
Art. 299, CP: “Omitir, em documento público ou particular, decla-
ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declara-
ção falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar 
direito, criar, obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamen-
te relevante:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é 
público, e reclusão, de um a três anos, e multa, se o documento é 
particular.
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Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o 
crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração 
é de assentamento de registo civil, aumenta-se a pena de sexta 
parte.”.
Com relação aos crimes em espécie previstos no CP, julgue o 
próximo item, considerando o entendimento jurisprudencial do 
STJ.
25) O indivíduo que, ao ser preso em flagrante, informa nome 
falso com o objetivo de esconder seus maus anteceden-
tes pratica o crime de falsa identidade, não sendo cabível a 
alegação do direito à autodefesa e à não autoincriminação.
Gabarito: Correto
Comentário: Mentir (ou omitir) as qualificações pessoais perante 
a autoridade policial ou judiciária é crime, em qualquer situação. 
Somente é possível calar a verdade em ação penal, perante o juiz 
competente, e acerca dos fatos infracionais, nunca acerca das quali-
ficações (nome, endereço, trabalho, estado civil, filhos, pais, etc.).
STJ, Súmula nº 522: “A conduta de atribuir-se falsa identida-
de perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de 
alegada autodefesa.”.
STF: “O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso 
LXIII, da CF/88) não alcança aquele que atribui falsa identidade 
perante autoridade policial com o intento de ocultar maus antece-
dentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 
307 do CP).”.
(STF, RG no RE 640.139/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 
22/09/2011, Tribunal Pleno, DJe 14/10/2011)
No que se refere aos crimes contra a fé pública, julgue o próximo 
item.
26) A conduta do agente que fabrica notas de real, por meio da 
falsificação de papel-moeda, é apenada com mais gravida-
de que a conduta do agente que introduz a moeda falsa em 
circulação.
Gabarito: Errado
Comentário: A conduta de introduzir na circulação moeda falsa 
(art. 289, §1º, última figura, CP) é forma equiparada ao crime de 
fabricação de moeda falsa (art. 289, caput, CP).
MOEDA FALSA:
Art. 289, caput, CP: “Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda 
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena – reclusão, de três a doze anos, e multa.
§1º. Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, 
importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda 
ou introduz na circulação moeda falsa. […]”.
» Lembrando-se que não se admite o princípio da insignificância 
(bagatela) nem o arrependimento posterior aos crimes contra a fé 
pública.
“No crime de moeda falsa — cuja consumação se dá com a falsi-
ficação da moeda, sendo irrelevante eventual dano patrimonial 
imposto a terceiros — a vítima é a coletividade como um todo e o 
bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de repara-
ção. Os crimes contra a fé pública, assim como nos demais crimes 
não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do 
arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver 
reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída.”.
(STJ, REsp 1.242.294/PR, Rel. p/ac. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
julgado em 18/11/2014, 6ª Turma, DJe 03/02/2015)
“Sob a ótica do bem jurídico tutelado, não pode ser reconhecida a 
inexistência de periculosidade social da ação. O acórdão proferido 
pela instância ordinária está em confronto com a reiterada jurispru-
dência desta Corte, firme em assinalar que não se aplica o princípio 
da insignificância aos crimes contra a fé pública.”.
(STJ, AgInt no REsp 1.347.319/SC, Rel. Min. Rogerio Schietti 
Cruz, julgado em 07/02/2017, 6ª Turma, DJe 16/02/2017)
No que se refere aos crimes contra a fé pública, julgue o item a 
seguir.
27) O agente que faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou 
símbolos identificadores de órgãos da administração pública 
comete crime de falsificação de selo ou sinal público.
Gabarito: Correto
Comentário: A conduta de fazer uso indevido de marcas, logotipos, 
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de 
órgãos ou entidades da Administração Pública (art. 296, §1º, III, 
última figura, CP) é forma equiparada ao crime de falsificação do 
selo ou sinal público (art. 296, caput, CP).
FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO:
Art. 296, caput, CP: “Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de 
Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou 
a autoridade, ou sinal público de tabelião:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§1º. Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em 
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, 
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de 
órgãos ou entidades da Administração Pública. […]”.
Em relação aos crimes contra a fé pública, julgue o próximo item.
28) Caracteriza falsificação de documento particular a alteração 
de testamento particular.
Gabarito: Errado
Comentário: O testamento particular (arts. 1.876 a 1.880, CC) é 
equiparado a documento público (art. 297, §2º, última figura, CP). 
Ressalta-se que não se incluem os codicilos (arts. 1.881 a 1.885, 
CC) como documentos equiparados a documento público, por 
vedação à analogia in malam partem.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO:
Art. 297, caput, CP: “Falsificar, no todo ou em parte, documento 
público, ou alterar documento público verdadeiro:
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Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa. […]
§2º. Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o 
emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou trans-
missível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros 
mercantis e o testamento particular. […]”.
Com relação aos crimes contra a fé pública, julgue o item.
29) O tipo penal que incrimina a conduta de possuir ou guardar 
objetos especialmente destinados à falsificação de moeda 
constitui exceção à impunibilidade dos atos preparatórios no 
direito penal brasileiro.
Gabarito: Correto
Comentário: A regra é que não se punirá o crime quando não se 
adentrar na esfera de execução, salvo quando se constituir crime 
autônomo, punindo-se os atos preparatórios, são os crimes-obstá-
culos: associação criminosa (art. 288, CP), petrechos para falsifica-
ção de moeda (art. 291, CP), entre outros.
Acresce-se que haverá aplicação do princípio da consunção quando 
o agente efetivamente falsificar papel moeda (art. 289, CP), pois 
o crime de petrechos para falsificação de moeda (art. 291, CP) é 
fase preparatória (delito-meio) e, portanto, será absorvido pelo 
delito-fim.
“Considerando que a posse de petrechos para falsificação de 
moedas (art. 291) é mera fase preparatória do delito-fim de falsi-
ficação de cédulas, correto o entendimento exarado pelo julgadora 
quo, no sentido de aplicar o postulado em comento e imputar ao 
réu tão somente a prática do crime de moeda falsa. [...] Portanto, 
no tocante ao enquadramento do tipo, mantenho a decisão de 
primeira instância, entendendo adequada a aplicação do princípio 
da consunçãoao caso em apreço […].”.
(STJ, AREsp 355.706/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgamento 
em 01/08/2017, Monocrática, DJe 04/08/2017)
CASOS DE IMPUNIBILIDADE:
Art. 31, CP: “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, 
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime 
não chega, pelo menos, a ser tentado.”.
PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA:
Art. 291, CP: “Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou 
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou 
qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.”.
Em relação aos crimes contra a fé pública bem como à aplicação 
das penas, julgue o item que se segue.
30) Aquele que omite nome do segurado e seus dados pessoais, a 
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de presta-
ção de serviços, em Carteira de Trabalho e Previdência Social 
do empregado ou em documento que deva produzir efeito 
perante a previdência social, responderá pelo crime de falsi-
dade ideológica.
Gabarito: Errado
Comentário: Até seria uma conduta de falsidade ideológica, mas, 
por força do princípio da especialidade, responderá de forma 
equiparada ao delito de falsificação de documento público (art. 
297, §4º, c/c §3º, II, CP), expressamente determinado em lei.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO:
Art. 297, caput, CP: “Falsificar, no todo ou em parte, documento 
público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
[…]
§3º. Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que 
seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que 
não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado 
ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência 
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento 
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência 
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
§4º. Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos 
mencionados no §3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a 
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação 
de serviços.”.
No que se refere aos crimes contra a administração da justiça, 
julgue o item seguinte.
Jonas usou de grave ameaça contra perito com o objetivo de 
favorecer os interesses da empresa onde trabalha, que está envolvi-
da em contenda submetida ao juízo arbitral.
31) Nessa situação, o crime cometido por Jonas é tipificado como 
coação no curso do processo.
Gabarito: Correto
Comentário: A coação no curso do processo (art. 344, CP) é crime 
de dolo específico (finalidade de favorecer em interesse próprio ou 
alheio); mediante o emprego de violência ou grave ameaça; contra 
as pessoas envolvidas no processo (autoridade, parte, ou qualquer 
outra pessoa que é chamada para intervir); no âmbito de processo 
judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral.
Destaca-se que, diferentemente da coação no curso do processo 
(art. 344, CP) e o falso testemunho ou falsa perícia (art. 342, CP), 
será fato atípico de fraude processual (art. 347, CP) se ocorrer no 
âmbito de juízo arbitral (não há previsão em lei).
COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO:
Art. 344, CP: “Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de 
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou 
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em 
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena corres-
pondente à violência.”.
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No que se refere aos crimes contra a administração da justiça, 
julgue o item seguinte.
32) As condutas subornar testemunha, coagir no curso do 
processo e fraudar o processo, caso tenham por escopo obter 
prova destinada a produzir efeito em processo penal, configu-
ram causas de aumento de pena.
Gabarito: Errado
Comentário: O único erro está em afirmar que subsistirá o aumento 
de pena no crime de coação no curso do processo (art. 344, CP), 
uma vez que não há quaisquer formas majorantes. Em se tratando 
dos delitos de “corrupção ativa de testemunha ou perito” (art. 343, 
CP) e fraude processual (art. 347, CP), caso sejam praticados com 
fins de se obter prova em processo penal, haverá aumento de pena.
“CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA OU PERITO”:
Art. 343, CP: “Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer 
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intér-
prete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoi-
mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
Pena – reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se 
o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir 
efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte 
entidade da administração pública direta ou indireta.”.
COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO:
Art. 344, CP: “Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de 
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou 
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em 
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena corres-
pondente à violência.”.
FRAUDE PROCESSUAL:
Art. 347, CP: “Inovar artificiosamente, na pendência de processo 
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, 
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena – detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em 
processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em 
dobro.”.
O canadense Michael, após cumprir pena no Brasil por tráfico 
internacional de drogas, teve decretada sua expulsão do país. No 
entanto, quando foi determinada a execução da medida compulsó-
ria de sua retirada, Michael não foi localizado, permanecendo no 
Brasil. No ano seguinte ao ato executório, ele foi detido em região 
de fronteira, em território brasileiro, com mercadoria nacional, 
destinada à exportação.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
33) Michael praticou o crime de reingresso de estrangeiro 
expulso: a sua permanência em território nacional, de acordo 
com o Código Penal, é equiparada a reingresso.
Gabarito: Errado
Comentário: O delito citado na questão é de simples interpretação, 
só haverá o crime se o estrangeiro expulso “reingressar” no territó-
rio nacional (art. 338, CP), ou seja, entrar novamente o estrangei-
ro expulso depois que foi retirado. Dessa forma, será fato atípico 
quando ele permanecer em território nacional após ter sida decre-
tada sua expulsão, nem mesmo há forma equiparada para o delito 
de reingresso de estrangeiro expulso.
REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO:
Art. 338, CP: “Reingressar no território nacional o estrangeiro que 
dele foi expulso:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão 
após o cumprimento da pena.”.
A respeito do crime de contrabando e de descaminho, julgue o 
próximo item.
34) É inadmissível a aplicação do princípio da insignificância 
para o crime de contrabando, uma vez que o bem jurídico 
tutelado não possui caráter exclusivamente patrimonial, mas 
envolve a vontade estatal de controlar a entrada de determi-
nado produto em prol da segurança e da saúde públicas.
Gabarito: Correto
Comentário: A regra geral é que não se aplica o princípio da insig-
nificância (bagatela) ao crime de contrabando (art. 334-A, CP).
Súmula nº 599 do STJ: “O princípio da insignificância é inaplicá-
vel aos crimes contra a administraçãopública.”.
Conforme a jurisprudência do STJ:
“Este Superior Tribunal de Justiça tem o entendimento consolida-
do no sentido de ser inaplicável o princípio da insignificância ao 
crime de contrabando, haja vista que, por ser um delito pluriofen-
sivo, o bem jurídico tutelado vai além do mero valor pecuniário do 
imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir 
a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território 
nacional.”.
(STJ, AgRg no REsp 1.587.207/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 
julgado em 28/06/2016, 5ª Turma, DJe 03/08/2016)
No entanto, excepcionalmente, o STJ tem aplicado o princípio da 
insignificância (bagatela) ao crime de contrabando quando se tratar 
de medicamento para uso próprio com valor ínfimo. Veja:
“CONTRABANDO DE MEDICAMENTO PARA USO 
PRÓPRIO. QUANTIDADE PEQUENA. AUSÊNCIA DE 
DOLO E INCIDÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DA PROPOR-
CIONALIDADE E, EXCEPCIONALMENTE, DA 
INSIGNIFICÂNCIA.
1. Esta Corte de Justiça vem entendendo, em regra, que a importa-
ção de cigarros, gasolina e medicamentos (mercadorias de proibi-
ção relativa) configura crime de contrabando.
2. Todavia, a importação de pequena quantidade de medicamento 
destinada a uso próprio denota a mínima ofensividade da conduta 
do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzidís-
simo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressi-
vidade da lesão jurídica provocada, tudo a autorizar a excepcional 
aplicação do princípio da insignificância (REsp 1346413/PR). […]
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4. Na espécie, as instâncias ordinárias reconheceram a inexpressiva 
lesão de duas caixas de medicamentos (uma para emagrecimento 
— 15mg — e uma para potência sexual — 50 mg), avaliadas em R$ 
30,00. Ausência de dolo. Princípios da proporcionalidade e, excep-
cionalmente, da insignificância. […]
NOTA: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: APLICADO 
AO CRIME DE CONTRABANDO DE MEDICAMENTO 
PARA USO PRÓPRIO, AVALIADO EM R$ 30,00 (TRINTA 
REAIS).”.
(STJ, AgRg no REsp 1.572.314/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, julgado em 02/02/2017, 5ª Turma, DJe 10/02/2017). 
Precedente citado do STJ: REsp 1.346.413/PR. No mesmo 
sentido: REsp 1.341.470/RS; REsp 1.581.525/SP.
No exercício de suas atribuições, um funcionário público 
prestava atendimento a um cidadão quando necessitou buscar, no 
interior da repartição, um documento para concluir um procedi-
mento. Por descuido do funcionário, um laptop da instituição, que 
estava sendo utilizado por ele, ficou desvigiado, às vistas do cidadão 
que recebia o atendimento. Quando o funcionário retornou, não 
encontrou o cidadão e observou que o laptop havia sumido. Poste-
riormente, as investigações policiais concluíram que aquele cidadão 
havia furtado o laptop, que não foi recuperado.
35) Nesse caso, o funcionário público praticou peculato culposo, 
podendo a punibilidade ser extinta caso ele repare o dano 
ao órgão até o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória.
Gabarito: Correto
Comentário: Os objetos materiais do crime de peculato (art. 312, 
caput, CP) são dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, 
público ou particular (que estejam acautelados pela administração 
pública). Dessa forma, comete o crime de peculato culposo (art. 
312, §2º, CP) o funcionário público que culposamente (imprudên-
cia, negligência ou imperícia) permite — concorrendo — que um 
terceiro cometa um delito contra esses objetos materiais.
No peculato culposo, há extinção da punibilidade caso o agente 
repare o dano antes do trânsito em julgado da sentença condenató-
ria; caso ele repare o dano após esse tempo, então será beneficiado 
com a redução da pena pela metade (art. 312, §3º, CP).
PECULATO:
Art. 312, caput, CP: “Apropriar-se o funcionário público de 
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, 
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito 
próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa. […]”.
PECULATO CULPOSO:
Art. 312, §2º, CP: “Se o funcionário concorre culposamente para o 
crime de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.”.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE OU DIMINUIÇÃO DA 
PENA NO PECULATO CULPOSO:
Art. 312, §3º, CP: “No caso do parágrafo anterior, a reparação do 
dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se 
lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.”.
A pedido de Ronaldo, um amigo portador de doença congêni-
ta cardiovascular, a médica Joana emitiu atestado médico afirman-
do que ele estava apto a praticar, sem prejuízos para sua saúde, 
esportes como a corrida. Ronaldo, então, utilizou o atestado como 
instrumento de prova para um concurso público para a polícia civil. 
Uma semana depois de assumir o cargo, Ronaldo passou mal, e o 
atestado foi colocado à prova, tendo passado a ser objeto de inves-
tigação criminal. O perito escalado para contestar ou reafirmar o 
atestado concedido pela médica protegeu a colega de profissão e 
atestou que o problema cardíaco de Ronaldo, embora congênito, 
pode ser de difícil diagnóstico, o que justificaria suposta falha de 
Joana. Ronaldo, entretanto, em sede de inquérito, confessou que 
havia pedido o atestado à médica. O perito voltou atrás e retratou-
se, tendo afirmado que seria impossível a médica não ter verificado 
a doença.
Com referência à situação hipotética, julgue o item.
36) A conduta de Joana configura crime contra a administração 
pública.
Gabarito: Errado
Comentário: Os crimes contra a administração pública estão 
previstos no Título XI da Parte Especial do Código Penal (Arts. 
312 a 359-H) e, no entanto, Joana — médica — praticou o crime 
de falsidade de atestado médico (art. 302, CP), um dos crimes 
contra a fé pública, os quais estão previstos no Título X da Parte 
Especial do Código Penal: art. 289 ao 311-A.
FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO:
Art. 302, CP: “Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado 
falso:
Pena – detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-
se também multa.”.
Em relação aos crimes contra a administração pública, julgue o 
próximo item.
37) Configura o crime de resistência a conduta de opor-se 
à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a 
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja 
prestando auxílio.
Gabarito: Correto
Comentário: O crime de resistência visa proteger os atos oficiais 
da Administração Pública e, também, a atuação do funcionário 
público na realização de atos legais, sua integridade física e moral, 
bem como de quem lhe presta auxílio, por isso a resistência só 
subsistirá se o meliante praticá-la com violência ou ameaça contra 
esses agentes. Trata-se de um delito exclusivamente doloso com o 
acréscimo do desejo especial de se impedir a execução do ato legal.
RESISTÊNCIA:
Art. 329, CP: “Opor-se à execução de ato legal, mediante violência 
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe 
esteja prestando auxílio:
Pena – detenção, de dois meses a dois anos.
§1º. Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena – reclusão, de um a três anos.
§2º. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das corres-
pondentes à violência.”.
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Acerca dos crimes previstos na parte especial do Código Penal, 
julgue o item a seguir.
38) Devido à previsão legal de outras sanções para a hipótese, 
segundo o entendimento do STJ, não pratica o crime de 
desobediência o indivíduo que livre e conscientemente, 
descumprindo medida protetiva de urgência deferida em 
favor de sua ex-companheira, aproxima-se dela e com ela 
mantém contato.
Gabarito: Correto
Comentário: Conforme o item 9, da Jurisprudência em Teses nº 
41, do STJ — Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher: “O 
descumprimento de medidaprotetiva de urgência não configura 
o crime de desobediência, em face da existência de outras sanções 
previstas no ordenamento jurídico para a hipótese.”.
PRECEDENTES DO STJ:
àAgRg no HC 305448/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª 
Turma, julgado em 30/6/2015, DJe 3/8/2015;
àAg no REsp 1519850/DF, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo 
(Desembargador Convocado do TJ/PE), 5ª Turma, julgado em 
19/5/2015, DJe 8/6/2015;
àHC 312513/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, julgado em 
21/5/2015, DJe 28/5/2015;
àAgRg no REsp 1454609/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, 5ª Turma, 
julgado em 7/5/2015, DJe 26/5/2015;
àAgRg no REsp 1490460/DF, Rel. Min. Ericson Maranho 
(Desembargador Convocado do TJ/SP), 6ª Turma, julgado em 
16/4/2015, DJe 11/5/2015;
àHC 305442/RS, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, julgado em 
3/3/2015, DJe 23/3/2015;
àAgRg no AREsp 575017/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, 
julgado em 5/3/2015, DJe 17/3/2015;
àHC 299165/RS, Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme 
(Desembargador Convocado do TJ/SP), 5ª Turma, julgado em 
4/12/2014, DJe 12/12/2014;
àAgRg no REsp 1482990/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª 
Turma, julgado em 18/11/2014, DJe 5/12/2014;
àAgRg no REsp 1477632/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, 6ª Turma, julgado em 23/9/2014, DJe 17/12/2014.
(VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA Nº 544).
Jomar alega ser capaz de influir na decisão a ser tomada por 
um Juiz de Direito, solicitando certa quantia em dinheiro a Ovídio 
para garantir uma sentença favorável aos interesses deste. Jomar 
insinua, ainda, que parte do dinheiro será direcionada ao Juiz.
39) Considerando que todas as alegações são fraudulen-
tas, majoritariamente se afirma que a conduta de Jomar se 
subsome ao tipo penal que prevê o tráfico de influência.
Gabarito: Errado
Comentário: A conduta de Jomar configura o crime de exploração 
de prestígio com aumento de pena (art. 357, CP) e não o de tráfico 
de influência (art. 332, CP), por causa de quem ele alegou influir: 
juiz. Se se tratar de pessoas envolvidas na justiça: juiz, jurado, órgão 
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, 
intérprete ou testemunha; incorrerá no art. 357.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA:
Art. 332, CP: “Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para 
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir 
em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Pena – Reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega 
ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário.”.
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO:
Art. 357, CP: “Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra 
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministé-
rio Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou 
testemunha:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço, se o agente 
alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a 
qualquer das pessoas referidas neste artigo.”.
Com relação aos crimes em espécie, julgue o item.
40) Quem pratica navegação de cabotagem, fora dos casos 
permitidos em lei, responderá por contrabando com aumento 
de pena.
Gabarito: Errado
Comentário: Questão que retrata as diferenças básicas entre o 
descaminho (art. 334, CP) e o contrabando (art. 334-A, CP), e 
suas formas equiparadas.
De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 
navegação de cabotagem significa: “Navegação mercante reali-
zada em águas costeiras de um só país, ou em águas marítimas 
limitadas.”.
Sendo que tal hipótese é considerada forma equiparada ao desca-
minho, art. 334, §1º, I, do CP.
DESCAMINHO:
Art. 334, CP: “Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito 
ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de 
mercadoria:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§1º. Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em 
lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer 
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi-
dade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangei-
ra que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudu-
lentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina 
no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de 
outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, 
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de 
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procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal 
ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§2º. Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste 
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de 
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§3º. A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é prati-
cado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.”.
CONTRABANDO:
Art. 334-A, CP: “Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
§1º. Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa 
de registro, análise ou autorização de órgão público competente;
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada 
à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer 
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi-
dade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida 
pela lei brasileira.
§2º. Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste 
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de 
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§3º. A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é prati-
cado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.”.
Legislação Especial
Com relação às regras previstas no Estatuto do Desarmamento 
(Lei nº 10.826/2003), é correto afirmar que:
41) A posse irregular de arma de fogo é crime inafiançável.
Gabarito: Errado
Comentário: A questão retrata o art. 12 do Estatuto do Desarma-
mento (Lei nº 10.826/03) — posse irregular de arma de fogo — 
cuja pena é de detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Admitindo-se fiança tanto em sede judiciária quanto em sede 
policial, uma vez que a pena máxima não é superior a 4 (quatro) 
anos nem está no rol constitucional dos crimes inafiançáveis (art. 
5º, incisos XLII, XLIII e XLIV, CF/88), é possível a liberdade 
provisória mediante fiança policial (art. 322, caput, CPP).
Lei nº 10.826/2003, Art. 12: “Possuir ou manter sob sua guarda 
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacor-
do com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua 
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, 
desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento 
ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.”.
CPP, Art. 322, caput: “A autoridade policial somente poderá 
conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liber-
dade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. […]”.
Ressalta-se que os parágrafos únicos dos arts. 14 e 15 e o art. 21 
foram considerados inconstitucionais pelo STF (ADIN 3112), 
uma vez que não estão incluídos no rol constitucional dos delitos 
inafiançáveis, conforme os incisos XLII, XLIII, XLIV, do art. 5º, da 
Carta Magna: racismo, tortura, tráfico ilícito de drogas, terrorismo, 
crimes hediondos e ação de grupos armados contra a ordem consti-
tucional e o Estado Democrático.

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