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Impostos em espécie - federais, estaduais e municipais

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Prof. Marcello Leal 
 
 
 
 
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1.1.1.1. IMPOSTOS EM ESPÉCIEIMPOSTOS EM ESPÉCIEIMPOSTOS EM ESPÉCIEIMPOSTOS EM ESPÉCIE 
 
1.1.1.1.1.1.1.1. Impostos MunicipaisImpostos MunicipaisImpostos MunicipaisImpostos Municipais 
Nos termos do art. 156 da Constituição Federal os Municípios e o Distrito Federal possuem 
competência tributária para a instituição de três impostos: 
 
Com relação especificamente ao Distrito Federal, dispõe o art. 147, parte final, da 
Constituição Federal, que ele possui competência tributária tanto para instituir tributos de 
competência dos Estados, como para instituir tributos de competência dos Municípios. Assim 
sendo, ao tratarmos nesse capítulo dos impostos da competência dos Municípios, subentenda-
se como estando incluído também o Distrito Federal entre os entes com competência tributária 
para tanto. 
É importante destacar que os Municípios e o Distrito Federal, diferentemente do que 
ocorre com a União Federal, não possuem competência residual ou extraordinária. Assim, pode-
se afirmar que a lista de impostos passíveis de instituição por tais entes federados é exaustivaexaustivaexaustivaexaustiva, ou 
seja, ressalvada a hipótese de Emenda à Constituição acrescentar outro imposto aquele rol 
taxativo, não poderão os Municípios instituir outro imposto além daqueles previstos. 
Nunca é demais lembrar que, por força do art. 8º, do CTN e do próprio princípio federativo, 
por força do qual se deve respeitar a autonomia de cada ente da federação, caso um determinado 
ente não exerça em sua plenitude a competência tributária que lhe fora outorgada pela 
Constituição, não estará legitimado a fazê-lo em seu lugar nenhum outro. Exemplificando, se um 
determinado Município decidir que não é vantajoso instituir o ISS em seu território, diante do 
pouco volume de fatos geradores ali ocorridos, não está legitimado outro Município ou o Estado 
no qual esteja localizado, ou a União Federal a fazê-lo1. 
 
1.1.11.1.11.1.11.1.1 Imposto Sobre A Propriedade Predial E Territorial Urbana Imposto Sobre A Propriedade Predial E Territorial Urbana Imposto Sobre A Propriedade Predial E Territorial Urbana Imposto Sobre A Propriedade Predial E Territorial Urbana ———— IPTUIPTUIPTUIPTU 
1.1.1.1 Aspectos Introdutórios e sujeição ativa 
 
1 Ressalte-se, apenas, que nessa peculiar situação aquele ente federativo que não exercer em sua 
plenitude a competência para instituição de todos os impostos previstos na Constituição, por força do 
parágrafo único, do art. 11, da Lei de Responsabilidade Fiscal, estará impedido de receber transferências 
voluntárias dos entes maiores. 
Competência tributária dos 
Municípios e do DF 
Imposto sobre propriedade 
territorial urbana (IPTU)
Imposto sobre a 
transmissão inter vivos de 
bens imóveis (ITBI)
Imposto sobre serviços de 
qualquer natureza (ISS)
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Conforme já fora estudado acima, quando explicada a divisão da competência tributária 
entre os entes da federação, dois foram os impostos outorgados pela Constituição incidentes 
sobre a propriedade imobiliária: IPTU e o ITR. Coube aos Municípios e ao Distrito Federal o IPTU, 
incidente sobre os imóveis localizados na área urbana e a União a instituição do ITR, incidente 
sobre os imóveis localizados na área rural. 
Apesar de possuírem essa característica em comum, qual seja o signo presuntivo de riqueza 
eleito ser a propriedade imobiliária, é muito importante diferenciar esses dois impostos, 
principalmente por serem de competência de entes federativos distintos e se sujeitarem a um 
regramento jurídico próprio. 
Assim, para deixar bem nítida a diferença entre esses dois impostos, peço que observem a 
tabela abaixo: 
 ITR IPTU 
Previsão Art. 153, VI, CRFB Art. 156, I, CRFB 
Competência União Federal Municípios e DF 
Finalidade Extrafiscal Precipuamente Fiscal 
Propriedade imobiliária Rural Urbana 
O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana foi entregue pela Constituição 
aos Municípios2 e ao Distrito Federal3, sendo o ente competente para a cobrança do imposto 
aquele em cujo território estiver localizada a propriedade imobiliária. 
Para precisar qual será o imposto a onerar determinada propriedade imobiliária, é 
necessário perquirir sua localidade: se rural, será o ITR; se urbana, será o IPTU. Os critérios para 
a diferenciação entre área urbana e área rural estão apontados em tópico abaixo, tema muito 
explorado em provas de 2ª fase do Exame de Ordem. 
Conforme apontado na tabela acima, a função deste imposto é precipuamente fiscal, ou 
seja, tem por objetivo principal carrear dinheiro para os cofres públicos, financiar a máquina 
estatal. Contudo, a Constituição possibilita a este imposto desempenhar também um importante 
papel extrafiscal, pois é uma das principais ferramentas a serem utilizadas pelos Municípios para 
coibir a manutenção de propriedades que não estejam atendendo a sua função social. 
1.1.1.2 Função extrafiscal do IPTU – progressividade no tempo 
Dispõe a Constituição Federal, no seu art. 182, §4º, que será facultadofacultadofacultadofacultado ao Poder Público 
municipal (não é, portanto, obrigatório que assim o faça), mediante lei específica, para a área 
incluída no plano diretor, exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não 
utilizado que promova seu adequado aproveitamento, nas linhas gerais traçadas em lei federal. 
 
2 CRFB, Art. 156, VI. 
3 CRFB, Art. 147, parte final. 
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O que se busca aqui é combater a especulação imobiliária, através da qual o proprietário 
de solo urbano, ao invés de dar uma destinação econômica aquele bem, de forma a atender a 
sua função social, prefere nada fazer, motivado pela consequente valorização dos imóveis 
naquela região. Tal conduta afronta o princípio da função social da propriedade, mitigador do 
direito à propriedade privada, conforme disposto no art. 5º, XXIII, da Carta Magna. 
Como forma de combater esta odiosa conduta, previu o poder constituinte originário que, 
em caso de o particular não se submeter à exigência do Poder Público em dar uma destinação 
àquela propriedade imobiliária, poderão ser adotadas algumas providências de forma sucessiva, 
passando para a segunda apenas no caso do insucesso em se implementar a primeira. A que mais 
nos interessa aqui é a segunda faculdade entregue aos Municípios e ao DF, nesse específico caso, 
de adotar o IPTU progressivo no tempo. 
A ideia é que a alíquota do IPTU aumente de forma progressiva conforme passe o tempo 
sem que o particular dê à propriedade destinação de forma a atender sua função social, com a 
intenção desestimular sua inércia em razão de estar recebendo tributação mais gravosa. Percebe-
se, com isso, o nítido caráter extrafiscal dessa peculiar forma de tributação do IPTU, pois a 
intenção aqui não é arrecadar mais para os cofres públicos, mas estimular uma conduta positiva 
no particular (ou, se preferir, coibir uma conduta sua reputada como negativa pelo Poder 
Público). 
Esta hipótese de tributação progressiva em função do tempo encontra-se regulamentada 
no Estatuto da Cidade, Lei Federal nº 10.257/2001, no seu art. 7º, que será aplicado caso o 
particular se recuse a cumprir as condições e prazos para o parcelamento, edificação ou a 
utilização compulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, na forma do 
seu art. 5º. Diante de tal conduta, poderá o Poder Público lançar mão do IPTU progressivo no 
tempo pelo prazo de cinco anos consecutivos, prevendo a lei municipal a alíquota do IPTU 
aplicável
a cada ano, desde que não exceda duas vezes o valor referente ao ano anterior, 
respeitando sempre a alíquota máxima de 15%. 
Importante ressaltar que a transmissão da propriedade do imóvel objeto da notificação do 
dever de parcelar, seja ela em razão do falecimento do antigo proprietário (causa mortis) ou pelo 
contrato de compra e venda (inter vivos), na forma do art. 6º do Estatuto da Cidade, transfere 
conjuntamente as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização, sem interrupção de 
qualquer prazo. Assim, não adianta alienar o bem imóvel para se ver livre da obrigação de 
construir, dar uma destinação social àquela propriedade, pois tal dever será transmitido 
juntamente com o bem. 
Finalmente, importante também para fins de prova destacar o previsto no art. 7º, §3º, do 
Estatuto da Cidade, que veda a concessão de isenções ou de anistias relativas à tributação 
progressiva do IPTU no tempo. Uma vez instituída esta modalidade mais gravosa de tributação, 
não há que se falar em benefício fiscal incidente sobre o IPTU progressivo para beneficiar aquele 
proprietário que falha em dar uma destinação social a sua propriedade imobiliária. 
1.1.1.3 Progressividade em razão do valor do imóvel 
Como forma de justiça fiscal, ou seja, cobrar mais impostos daqueles que presumivelmente 
possuem maior capacidade de contribuir para o custeio da máquina estatal, muitos municípios, 
ainda sob o amparo do texto constitucional anterior a Emenda Constitucional 29/2000, 
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começaram a instituir o IPTU de forma progressiva em razão do valor do imóvel. Assim, quanto 
mais valioso o imóvel, maior seria a alíquota do IPTU a ser cobrada. 
Muito contribuintes não concordaram com esse tipo de tributação mais gravosa, levando 
a discussão para os tribunais pátrios de que seriam tais leis municipais inconstitucionais, uma vez 
que a Constituição, na sua redação original, vedaria tal conduta, pois de acordo com o art. 145, 
§1º4, somente fora possibilitado que impostos de natureza pessoal adotassem essa forma 
progressiva de tributação. Como o IPTU é um imposto de natureza real, ou seja, não leva em 
conta características pessoais do contribuinte do imposto para a sua incidência, não poderiam os 
Municípios criar leis que adotassem alíquotas mais gravosas na proporção do valor do imóvel. 
Instado a se pronunciar sobre o assunto, o STF considerou como sendo inconstitucionais 
tais leis municipais, sob o argumento de que seria o IPTU um imposto de natureza real, e não 
pessoal, não podendo, assim, adotar a tributação progressiva em razão do valor do imóvel, de 
acordo com o texto constitucional vigente à época (antes da Emenda Constitucional 29/2000). 
Não contentes com o posicionamento do Supremo, sob forte pressão política dos 
Municípios foi aprovada no Congresso Nacional a Emenda Constitucional 29/2000, que passou a 
expressamente permitir no texto constitucional que o IPTU possua alíquotas progressivasprogressivasprogressivasprogressivas em 
razão do valor do imóvel, assim como alíquotas diferentesdiferentesdiferentesdiferentes de acordo com a localização e o uso 
do imóvel5. 
O Supremo Tribunal Federal, contudo, não modificou seu entendimento acerca das leis 
municipais editadas anteriormente à vigência da Emenda Constitucional 29/2000, de modo a 
continuar a considerá-las inconstitucionais, admitindo a progressividade do IPTU em razão do 
valor do imóvel apenas para as leis municipais editadas após a vigência da referida emenda. 
Tal entendimento ficou cristalizado no enunciado nº 668 de sua súmula: 
STF STF STF STF ---- Súmula nº 668Súmula nº 668Súmula nº 668Súmula nº 668 - inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da 
Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a 
assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana. 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: para fins de prova de Exame de Ordem, organizadas pela banca FGV, é importante 
destacar alguns pontos sobre o assunto, de forma a se evitar a aposição de afirmações incorretas 
nessa fase dissertativa. Assim, de modo esquematizado, pode-se afirmar que: 
� A incidência de alíquotas progressivas do IPTU em razão do valor do imóvel só é 
legítima após a edição da Emenda Constitucional 29/2000; 
� Possui tal progressividade natureza fiscal, uma vez que se presta a identificar 
aqueles contribuintes com maior capacidade contributiva por serem proprietários 
de imóvel de valor mais elevado; 
� Não poderão tais alíquotas incorrer em confisco da propriedade privada, pois tal 
efeito é vedado pela Constituição Federal, no seu art. 150, IV; 
 
4 CRFB, art. 145, §1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo 
a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para 
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, 
o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
5 Art. 156, §1º, incisos I e II, com a redação dada pela Emenda Constitucional 29/2000. 
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5 
� O permissivo criado por esta emenda não legitima que todo e qualquer imposto 
real possa ser progressivo, pois o STF encara tal progressividade como sendo de 
caráter excecional, devendo ser interpretada restritivamente6. 
 
1.1.1.4 Alíquotas diferenciadas de acordo com o uso e a localização do imóvel 
Vamos tratar aqui do permissivo constitucional criado pela Emenda Constitucional 29/2000 
de que as alíquotas do IPTU sejam diferenciadas de acordo com o uso e a localização do imóvel. 
Antes, é importante salientar que esta técnica não é propriamente uma forma de 
progressividade. 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: diferenciação de alíquota não é sinônimo de progressividade de alíquotas. 
ProgressividadeProgressividadeProgressividadeProgressividade é uma técnica de tributação na qual o aumento da grandeza tributada 
repercute no progressivo aumento da alíquota. Quanto maior for a grandeza objeto de 
tributação, v.g., o valor de um imóvel, maior será a alíquota aplicável aquele caso. Outra coisa é 
a técnica da diferenciaçãodiferenciaçãodiferenciaçãodiferenciação de alíquotas. Aqui temos uma situação fática distinta da outra e, 
portanto, cada qual será tributada com uma alíquota diferente. No nosso caso, devido ao fato de 
um imóvel estar localizado na Região A e outro na Região B, de acordo com a lei municipal, sobre 
cada um incidirá uma alíquota diferente. 
É importante não confundir, então, a técnica da diferenciação de alíquotas da técnica da 
progressividade. 
São dois os casos legitimadores de adoção de alíquotas diferentes na forma estabelecida 
pela Constituição: i) uso do imóvel; e ii) localização do imóvel. 
No primeiro caso, poderá a lei municipal criar alíquotas diferentes para caso o imóvel seja 
utilizado, por exemplo, para fins residenciais ou comerciais. No segundo caso, poderá a lei 
municipal estabelecer alíquotas diferentes de acordo com a localização geográfica do imóvel. 
Desta forma, almejando sempre alcançar a justiça fiscal, poderá o Município instituir alíquota 
mais gravosa para aqueles imóveis localizados na área nobre da cidade, favorecendo aqueles 
situados nas regiões mais carentes. 
Perceba-se que dessa forma estará o Município emprestando caráter extrafiscal ao 
imposto, pois ele irá se custear de forma a onerar mais aqueles que possuem maior capacidade 
contributiva, para com os recursos adquiridos investir naquelas áreas mais carentes e 
necessitadas de oferecimento de serviços públicos. 
1.1.1.5 Fato gerador 
O IPTU, na forma
do ar. 32, do CTN, tem como fato gerador e a propriedade, o domínio útil 
ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, localizado na zona urbana do 
Município. 
 
6 Com base nesse entendimento, entende o STF que a progressividade das alíquotas do IPTU em razão do 
número de imóveis do contribuinte afronta a Constituição Federal, tendo, inclusive, cristalizado esse 
entendimento no enunciado nº 589, de sua súmula: “É inconstitucional a fixação de adicional progressivo 
do Imposto Predial e Territorial Urbano em função do número de imóveis do contribuinte.” 
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6 
São considerados bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou 
artificialmente, na forma do art. 79, Código Civil, não perdendo esta característica as edificações 
que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local; e os 
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem (art. 81, Código 
Civil). 
A acessão física do imóvel pode se dar por formação de ilhas, aluvião (acréscimos formados 
por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes ou pelo desvio das águas 
destas), avulsão (porção de terra que se destaca de um prédio e se junta a outro, por força natural 
violenta), abandono de álveo e plantações ou construções, na forma do art. 1.248, do Código 
Civil. Assim, tudo aquilo que o homem incorporar com o seu trabalho, de forma permanente ao 
solo, sem que se possa depois retirá-la sem destruí-la, modificá-la ou causar-lhe dano, será 
considerado acessão física. 
Para fins de incidência do IPTU, considera-se área urbana do Município (conceituando-se 
assim, por exclusão, a área rural) aquela que atender ao disposto no §1º, do art. 32, do CTN, 
recomendando-se efusivamente sua leitura para a prova da 2ª fase do Exame de Ordem todos os 
requisitos ali arrolados: 
Art. 32, § 1ºArt. 32, § 1ºArt. 32, § 1ºArt. 32, § 1º - Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei 
municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo 
menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: 
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; 
II - abastecimento de água; 
III - sistema de esgotos sanitários; 
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; 
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do 
imóvel considerado. 
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, 
constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à 
indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do 
parágrafo anterior. 
1.1.1.6 Fato gerador - área rural X área urbana 
O fato gerador do IPTU é a propriedade de bem imóvel em área urbana, ao passo que a do 
ITR é a propriedade territorial rural, ou seja, a propriedade de imóvel situado na zona rural, no 
dia primeiro de janeiro de cada ano. 
Assim, para que se descubra quando um determinado imóvel ensejará a cobrança do ITR 
ou do IPTU, é necessário descobrir se a localidade na qual ele se encontra é considerada pela lei 
como área rural ou área urbana. Caso se descubra que se localiza o imóvel em área urbana, 
estaremos diante do IPTU e não do ITR. 
A definição da área rural é feita por exclusão, ou seja, será área rural aquela que não for 
considerada urbana. O CTN traz critérios objetivos para a identificação da área urbana (Art. 32, 
§1º), conforme visto no tópico anterior, de modo que após a aplicação de tais critérios será 
possível se verificar qual o imposto que incidirá sobre aquele imóvel. 
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AtençãoAtençãoAtençãoAtenção. Entende o STJ7 que incidirá o IPTU no caso do imóvel se enquadrar em zona 
urbana, conforme conste no Plano Diretor do Município, ainda que na localidade não esteja 
presente qualquer dos melhoramentos previstos no art. 32, §1º, do CTN. Esta previsão se 
encontra também no §2º do mesmo artigo e foi, inclusive, o entendimento adotado e cobrado 
pela FGV quando da organização de prova pretérita do Exame da Ordem. 
Caiu em provaCaiu em provaCaiu em provaCaiu em prova: Este ponto é muito importante, pois já foi explorado pela banca FGV: 
� Exame de Ordem 2010-2 – Questão 1 
� VII Exame de Ordem Unificado – Questão 3 
 
1.1.1.7 Contribuinte 
O contribuinte, nos termos do art. 34 do Código Tributário Nacional, pode ser: 
a) O proprietário do imóvel: quando todos os direitos da propriedade se encontram 
nas mãos de um só titular; 
b) O titular do seu domínio útil: no caso de a propriedade estar fracionada, a exemplo 
do direito real de superfície, quando o imposto deverá recair sobre o titular do 
domínio útil e não sobre o senhorio direto; 
c) Possuidor a qualquer título: sendo necessário, contudo, que ele seja possuidor do 
bem imóvel com ânimo de dono8. 
O proprietário é aquele que tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de 
reavê-la do poder de quem injustamente a possua ou detenha (art. 1.228 do Código Civil). 
Adquire-se a propriedade imóvel mediante registro do título translativo no Registro de Imóveis. 
Enquanto não se registrar o título, o alienante continua sendo o dono do imóvel e, portanto, 
contribuinte do IPTU. 
Posse é a situação de todo aquele que tem, de fato, o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade. Entende o STJ que somente é contribuinte do IPTU o 
possuidor por direito real que exerce a posse com animus definitivo (ânimo de dono). Assim, não 
poderá ser considerado possuidor para fins de IPTU o mero detentor, que, achando-se em relação 
de dependência, conserva a posse em nome de outrem e em cumprimento de ordens ou 
instruções suas (art. 1.198 do Código Civil). 
Domínio útil significa usufruir da coisa alheia como se fosse própria, pagando-se ao 
proprietário um valor determinado. O titular do domínio útil (no regime da enfiteuse) ficará 
obrigado a satisfazer os impostos e os ônus reais que gravam o imóvel (art. 682 do antigo Código 
Civil). O superficiário também poderá figurar como contribuinte, uma vez que responde pelos 
encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (art. 1.371, Código Civil) 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: o locatário do imóvel nãonãonãonão pode ser considerado como contribuinte, uma vez que 
a titularidade do imóvel é atribuída ao proprietário (usualmente, o locador). Esta situação não é 
alterada em razão do fato deste imputar ao locatário, através de cláusula constante do contrato 
de aluguel, a obrigação de arcar com o valor do IPTU, porque a relação locatícia de direito privado 
 
7 REsp 181.105 
8 Foi este o entendimento do STJ no julgamento do REsp. 325.489, de relatoria da Ministra Eliana Calmon. 
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8 
não pode alterar a definição legal do sujeito passivo previsto na legislação tributária (art. 123 do 
CTN)9. 
Na visão do STJ, o art. 34 do CTN oferece alternativas ao legislador municipal para escolher 
dentre as opções ali previstas qual será o contribuinte do IPTU, conforme entendimento que fora 
sumulado da seguinte forma: 
 STJ STJ STJ STJ ---- Súmula nº 399Súmula nº 399Súmula nº 399Súmula nº 399 - Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do 
IPTU. 
Assim, poderá licitamente a lei municipal escolher num contrato de compra e venda quem 
será o contribuinte do imposto: i) o alienante, proprietário do bem; e/ou ii) promitente 
comprador,
que é o possuidor direto do bem com inegável ânimo de dono10. A lei municipal 
poderá então escolher qualquer um deles ou, até mesmo, todos eles para figurarem no pólo 
passivo da relação tributária. 
Sublinhe-se que o possuidor, na qualidade de promitente comprador, poderá ser 
considerado contribuinte do IPTU, conjuntamente com o proprietário do imóvel, responsável 
pelo seu pagamento. 
1.1.1.8 Base de cálculo 
O imposto é calculado em conformidade com o valor venal do imóvel, nãonãonãonão se considerando 
o valor dos bens móveis mantidos em caráter permanente ou temporário no imóvel, para efeito 
de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade (art. 33 e parágrafo único, CTN). 
A apuração do valor venal será feita pelo Poder Público de acordo com normas e métodos 
que levem em consideração as características de toda a área urbana, em função de diversas 
características peculiares ao bem que poderão impactar no seu preço de venda, pautando-se 
pelos preços correntes das transações e das ofertas à venda no mercado imobiliário, no valor das 
locações ordinariamente pactuadas; características da região em que se situa o imóvel, etc. 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: é importante destacar que a simples atualização do valor venal dos imóveis, pelos 
índices oficiaisíndices oficiaisíndices oficiaisíndices oficiais de correção monetária, nãonãonãonão constitui autêntica majoração da base de cálculo do 
IPTU, podendo ser promovida pelo próprio Poder Executivo Municipal, sem que ocorra violação 
ao princípio da legalidade, na forma do § 2º, art. 97 do CTN. Todavia, caso os índices não sejam 
os oficiais, de forma que a atualização monetária se revele em verdadeira majoração de tributo, 
será fatalmente rechaçada pelos tribunais por afrontar não só o CTN, como o próprio princípio 
da legalidade tributária previsto na Constituição Federal. 
IPTU e os princípios da anterioridadeIPTU e os princípios da anterioridadeIPTU e os princípios da anterioridadeIPTU e os princípios da anterioridade - ponto importante e que merece atenção diz respeito 
à sujeição deste imposto aos princípios da anterioridade tributária. As alterações da base de 
cálculo do IPTU não estão sujeitas ao princípio da noventena, previsto no art. 150, III, c, por força 
da norma contida no seu §1º. Assim, como regra, o IPTU se sujeita ao princípio da anterioridade 
máxima, previsto no art. 150, III, b e c, de forma que sua instituição ou aumento de alíquota só 
 
9 Como referência, pode-se citar os seguintes processos: Resp 1007373 / Resp 9112 / Resp 77457 / Resp 
63423 entre outros. 
10 Foi este o entendimento da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Resp 
1.111.202-SP, Re. Min. Mauro Campbell Marques, julgamento em 10.06.2009, publicado no DJe em 
18.06.2009. 
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9 
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte, se a lei tiver sido publicada no exercício 
anterior e a noventa dias, pelo menos, da data de sua publicação. Todavia, no que se refere a 
fixação da base de cálculo, não precisará a lei respeitar o princípio da noventena. 
1.1.1.9 Lançamento 
Em regra, o IPTU estará sujeito ao lançamento direto, ou seja, aquele praticado pela 
autoridade fazendária municipal, que se valerá das informações que constam no seu banco de 
dados referentes aos imóveis situados na área urbana do Município. 
Conforme entendimento sumulado pelo STJ, a simples remessa do carnê para pagamento 
do IPTU ao contribuinte no seu endereço configura a notificação do lançamento tributário, 
fazendo com que cesse, portanto, o prazo decadencial para a constituição do tributo. 
STJ Súmula nº 397STJ Súmula nº 397STJ Súmula nº 397STJ Súmula nº 397 - O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio 
do carnê ao seu endereço. 
 
1.1.21.1.21.1.21.1.2 Imposto sobre Transmissão Imposto sobre Transmissão Imposto sobre Transmissão Imposto sobre Transmissão Inter VivosInter VivosInter VivosInter Vivos de Bens Imóveis de Bens Imóveis de Bens Imóveis de Bens Imóveis –––– ITBIITBIITBIITBI 
1.1.2.1 Introdução 
A Constituição de 1988 criou dois impostos distintos incidentes sobre a transmissão de 
bens imóveis, sendo que um deles incidirá somente em razão de doação ou causa mortis (ITCMD), 
de competência estadual, e o outro incidirá sobre as transmissões onerosas entre vivos, de 
competência municipal (ITBI). 
A Constituição anterior previa que seria de competência dos Estados o imposto sobre a 
transmissão em geral de bens imóveis (sisa). Tal previsão não foi perfilhada pela Constituição 
atual, que preferiu dividir o referido imposto em dois, sendo um de competência dos Estados e 
outro dos Municípios. O principal elemento que irá separar a competência de ambos é a 
onerosidade da transmissão. Se a transmissão do bem for onerosa, e se se tratar de bem imóvel, 
a competência será dos Municípios. Se a transmissão for a título gratuito, seja ela causa mortis 
ou em razão de doação, seja o bem móvel ou imóvel, a competência será dos Estados. 
Esquematizando, temos o seguinte: 
 
A Constituição Federal trata do ITBI no arts. 156, II, § 2º e o Código Tributário Nacional nos 
arts. 38 e 42. 
Transmissão de 
bens imóveis
Estados e DF
Causa Mortis
Doação
Municípios e DF
Onerosa e entre 
vivos 
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10 
Atenção para o art. 35 do Código Tributário Nacional, que fora editado à época da 
Constituição de 1945, que previa apenas um único imposto com este fato gerador, de 
competência estadual, estando, portanto, derrogado (parcialmente não recepcionado) pela Carta 
Magna de 1988, já que atualmente somente as transmissões em virtude de doações ou heranças 
ainda estão sujeitas ao imposto estadual (art. 155, I, da CF). 
1.1.2.2 Fato Gerador 
 O ITBI tem como fatos geradores: 
i) Transmissão inter vivos, a qualquer título e por ato oneroso: 
a) De bens imóveis, por natureza ou acessão física; e 
b) De direitos reais sobre bens imóveis, exceto os de garantia e as servidões; 
ii) A cessão de direitos relativos à aquisição de bens imóveis. 
Esquematizando, temos o fato gerador do ITBI da seguinte forma: 
 
O fato gerador do ITBI11 é a transmissão inter vivos, a qualquer título (exceto doação), por 
ato oneroso, de bens imóveis (urbanos ou rurais), por natureza ou por acessão física (art. 79 do 
CC). 
A transmissão tem que ser onerosa, ou seja, uma das partes contratantes perderá parte de 
seu patrimônio (o bem imóvel) para recompô-lo com a parte equivalente do patrimônio do outro 
contratante (a pecúnia). Não é onerosa e não se sujeita à incidência do ITBI a transmissão bilateral 
em que apenas uma das partes se sujeita ao cumprimento de uma prestação e a outra à satisfação 
de um encargo. 
Conforme já fora explicado acima, imóveis por natureza imóveis por natureza imóveis por natureza imóveis por natureza são o solo com a sua superfície, os 
seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço 
aéreo e o subsolo. 
Imóvel por acessão físicaImóvel por acessão físicaImóvel por acessão físicaImóvel por acessão física é tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, 
como a semente lançada à terra, os edifícios e construções etc., de modo que não se possa retirar 
sem destruição, modificação, fratura ou dano. 
A cessão de direitos relativos à transmissão de bens imóveis assim como a transmissão de 
direitos reais também está sujeitas ao ITBI. ExcetuaExcetuaExcetuaExcetua----sesesese apenas a transmissão de direitos reais de 
garantia. 
São os direitos reais de garantia o penhor, a hipoteca e a anticrese, mas como o primeiro 
se refere apenas a bem móveis,
estarão abarcadas pela regra exceptiva apenas a hipoteca e a 
 
11 Antes conhecido como SISA 
Fato Gerador do ITBI
Transmissão inter vivos, a 
qualquer título e por ato 
oneroso
De bens imóveis, por 
natureza ou acessão física
De direitos reais sobre bens 
imóveis, exceto os de 
garantia e as servidõesA cessão de direitos 
relativos à aquisição de 
bens imóveis
Competência dos Município 
e do DF
Prof. Marcello Leal 
 
 
 
 
11 
anticrese (arts. 1.473 e 1.506 do CC). Assim, os direitos reais de garantia que não estão dentro da 
hipótese de incidência do ITBI são a hipoteca e a anticrese. 
A exigibilidade se dá com o registro imobiliário, nos termos do art. 1.245 do Código Civil. O 
registro imobiliário é o fato gerador do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Assim, a 
pretensão de cobrar o ITBI antes do registro imobiliário contraria o ordenamento jurídico, 
conforme entendimento do STJ12. 
Todavia, apesar do entendimento do STJ sobre o assunto, é corrente encontrar legislações 
municipais que exigem o pagamento do imposto no momento do registro da escritura no cartório 
de notas, momento anterior à ocorrência do seu verdadeiro fato gerador, conforme dito, que é 
o registro no Cartório de Imóveis. É muito comum que legislações municipais exijam o pagamento 
deste tributo no caso de compromisso de compra e venda não registrado em cartório, o que já 
foi entendido pelo STJ como não sendo fato gerador do ITBI13, configurando-se tributação ilícita, 
passível de correção por declaração judicial. 
Dessa forma, caso o tributo tenha sido recolhido anteriormente ao registro imobiliário e o 
negócio não for concretizado, o contribuinte terá direito à restituição do que fora indevidamente 
pago. 
1.1.2.3 Imunidades aplicáveis ao ITBI 
De acordo com o que estabelece o § 2º do art. 156 da Constituição Federal (que 
recepcionou o art. 37 do CTN e seus parágrafos), o ITBI nãonãonãonão incide sobre as seguintes hipóteses 
abaixo esquematizadas: 
Imunidades aplicáveis ao ITBI Imunidades aplicáveis ao ITBI Imunidades aplicáveis ao ITBI Imunidades aplicáveis ao ITBI ---- não não não não incide sobre:::: 
Transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização 
de capital, ou seja, sobre o pagamento de capital nela subscrito 
Desincorporação do imóvel da pessoa jurídica e restituição àquele que o entregou como forma 
de integralização do capital social 
Transmissão de bens e direitos decorrentes de: 
� Fusão - união de duas ou mais sociedades para a criação de uma sociedade nova; 
� Incorporação - uma ou mais sociedades são absorvidas por outra; 
� Cisão parcial – divisão de uma sociedade, sendo que a cindida subsiste, mas 
transfere parcelas de seu patrimônio para outra ou outras sociedades; 
� Cisão total - divisão de uma sociedade, sendo que a sociedade cindida não 
subsiste, pois transfere a integralidade de seu patrimônio para outra ou outras 
sociedades; 
� Transformação - mera mudança do tipo societário; ou 
� Extinção de pessoa jurídica. 
 
12 STJ, 1ª Turma, REsp 12.546-RJ e RMS 10.650-0/DF. 
13 STJ, 1ª T. AgRg REsp. 327.188/DF. 
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12 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: nãonãonãonão prevalecerá esta exceção se, nesses casos, a atividade preponderante, ou seja, 
se mais de 50% da receita operacional no período descrito em lei do adquirente, for a compra 
e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil14. 
Imóveis desapropriados para fins de reforma agrária 
 No caso de transferência, que não será tributada pelo ITBI, referentes a imóveis 
desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5º, CRFB). Apesar da norma em comento 
falar em isenção, já se manifestou o STF que se trata de verdadeira imunidade, pois contida no 
próprio texto constitucional. Aduziu, ainda, que a referida imunidade não se estende ao terceiro 
adquirente dos títulos da dívida ativa agrária, pois este pratica ato de natureza mercantil, alheios 
aos propósitos da reforma agrária15. 
Caiu em provaCaiu em provaCaiu em provaCaiu em prova: Este ponto é muito importante, pois já foi explorado pela banca FGV: 
� Exame de Ordem 2011. – Questão 3 
 
1.1.2.4 Alíquotas e a sua progressividade no ITBI 
Encontra-se superado o art. 39, do CTN, que reproduzia norma contida no ordenamento 
constitucional anterior, que previa a competência do Senado para fixar as alíquotas máximas para 
o imposto sobre a transmissão de bens. Como tal regra não foi reproduzida pela Carta Magna 
atual, encontra-se o legislador municipal com maior liberdade na instituição das alíquotas do 
imposto, mas sempre limitado pela vedação do efeito confiscatório (art. 150, IV). 
O ITBI possui natureza de um imposto realimposto realimposto realimposto real e, na visão do Supremo estudada acima, 
somente quando expressamente previsto na Constituição um tributo desta natureza poderá ser 
progressivo. 
Assim, diante da inexistência de permissão constitucional para a adoção de alíquotas 
progressivas, vem entendimento o STF como sendo inconstitucional a adoção de alíquotas 
progressivas pelas legislações municipais. Tal entendimento está, inclusive, sumulado, nos 
seguintes termos: 
STF STF STF STF ---- Súmula nº 656Súmula nº 656Súmula nº 656Súmula nº 656 - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas 
para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor 
venal do imóvel. 
1.1.2.5 Sujeição ativa 
Veremos aqui qual é o Município competente para cobrar o referido imposto. Como este 
tributo se refere à transmissão de bens imóveis, competente será o Município da situação do 
bem, pouco importando o domicílio do alienante e do comprador. 
Com relação ao Distrito Federal, como ele não pode ser divididos em Municípios, sempre 
lhe competirá a cobrança do ITBI com relação aos imóveis situados em seu território. 
 
14 Segundo previsão constante dos arts. 36 e 37 do CTN c/c os arts. 220, 227, 228 e 229 da Lei n. 
6.404/76. 
15 STF, RE 169.628/DF. 
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13 
1.1.2.6 Contribuintes e responsáveis 
Os cocococontribuintesntribuintesntribuintesntribuintes serão quaisquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei 
(art. 42, CTN), que, assim, pode atribuir a respectiva obrigação aos transmitentes ou adquirentes 
dos bens, ou dos direitos a eles referentes. 
Apesar da relativa autonomia dos Municípios em escolher quem será o contribuinte do 
tributo, limitada pelo art. 121, parágrafo único, I, do CTN, uma vez que deverá o escolhido possuir 
relação direta e pessoal com a ocorrência do fato gerador, as leis municipais, em regra, optam 
pelo adquirente do bem ou direito. 
Os responsáveis tributáriosresponsáveis tributáriosresponsáveis tributáriosresponsáveis tributários, que possuem relação indireta com o fato gerador do tributo, 
poderão ser escolhidos pela legislação municipal, normalmente recaindo sobre os tabeliães e os 
oficiais dos registros de imóveis, no caso de não exigirem a prova do recolhimento do imposto 
por ocasião da prática dos atos que lhes competirem (lavratura de escritura, transcrição dos 
títulos). 
1.1.2.7 Base de cálculo 
A base de cálculo é o valor venalvalor venalvalor venalvalor venal dos bens ou direitos transmitidos (art. 38, CTN). Valor 
venal é o valor que o bem alcançaria em venda realizada em condições normais de mercado. 
Como o preço praticado entre o alienante do bem imóvel e o comprador pode ser diferente 
do valor venal do bem, a autoridade fazendária
municipal não está vinculada àquele valor da 
transação apontado pelas partes. Assim, caso o valor do bem transmitido apontado pelas partes 
for substancialmente inferior àquele que normalmente se pratica no mercado, pode o Fisco 
arbitrar a base de cálculo do imposto, nos termos do art. 148, do CTN16. 
A apuração da base de cálculo deverá ser feita à época da transmissão, uma vez que o 
lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador, sendo ilícita quando leva em 
consideração a data em que celebrada a promessa de compra e venda, nos termos do 
entendimento sumulado no STF: 
STF STF STF STF ---- Súmula nº 108Súmula nº 108Súmula nº 108Súmula nº 108 - É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre o 
valor do imóvel ao tempo da alienação, e não da promessa, na conformidade da legislação 
local. 
1.1.2.8 Lançamento 
O ITBI é um imposto lançado por declaraçãodeclaraçãodeclaraçãodeclaração do contribuinte, uma vez que a autoridade 
fazendária municipal constituiu o crédito tributário baseada nas informações declaradas pelo 
próprio contribuinte ou por um terceiro indicado em lei. Contudo, quando forem omissas ou não 
merecerem fé as informações que lhe tiverem sido prestadas, poderá a autoridade fazendária 
proceder ao lançamento de ofício, arbitrando, inclusive, a base de cálculo, na forma do art. 148, 
do CTN. 
 
1.1.31.1.31.1.31.1.3 Imposto Sobre Serviços de Qualquer NaturezaImposto Sobre Serviços de Qualquer NaturezaImposto Sobre Serviços de Qualquer NaturezaImposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza 
1.1.3.1 Introdução e a natureza da prestação de serviço 
 
16 Nesse sentido, já decidiu o STJ no REsp. nº 261.166. Rel. Min. José Salgado. 
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14 
A Constituição Federal entrega aos Municípios e ao Distrito Federal a competência para 
instituir imposto sobre serviço de qualquer natureza, desde que não compreendidos na 
competência dos Estados, definidos em lei codefinidos em lei codefinidos em lei codefinidos em lei complementarmplementarmplementarmplementar. 
Assim, percebe-se que a Constituição afastou a incidência do ISS sobre os serviços que 
estão submetidos à competência exclusiva dos Estados (transporte interestadual e intermunicipal 
e o de comunicação, que serão estudados no momento oportuno). 
Atualmente, a lista de serviços e as normas gerais sobre o ISS estão estabelecidas na Lei 
Complementar nº 116/2003, que revogou expressamente alguns artigos do Decreto-lei nº 
406/1968, mantendo vigente apenas o seu art. 9ºmantendo vigente apenas o seu art. 9ºmantendo vigente apenas o seu art. 9ºmantendo vigente apenas o seu art. 9º17. 
O imposto em questão possui ffffinalidade fiscalinalidade fiscalinalidade fiscalinalidade fiscal, ou seja, seu principal objetivo é arrecadar 
fundos para os cofres públicos e, para tanto, poderá incidir sobre a prestação de serviços de 
qualquer natureza, excluídos os de competência estadual e desde que definidos previamente em 
lei complementar. 
Importante questão é saber qual a natureza da prestação de um serviço. Sabemos que, por 
força do art. 110, do CTN, não poderá a lei tributária alterar o conteúdo e o alcance de institutos 
do direito civil quando definidores de competência tributária. Deste modo, é importante perquirir 
o que o Código Civil entende por prestação de serviço, para fins de delimitação da competência 
dos Municípios. 
Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, adotando a concepção civilista, a 
prestação de serviços é uma obrigação de fazerobrigação de fazerobrigação de fazerobrigação de fazer assumida pelo prestador do serviço em razão do 
pagamento que será efetuado pelo tomador como contrapartida. A discussão chegou à Suprema 
Corte em razão da tentativa de tributação de operações de locação de bens móveis, tida por 
inconstitucionalinconstitucionalinconstitucionalinconstitucional, pois sua natureza é de obrigação de darobrigação de darobrigação de darobrigação de dar, o que fugiria, portanto, do campo de 
incidência do ISS. 
Atualmente este entendimento está cristalizado na súmula vinculante nº 31: 
STF STF STF STF ---- SV nº 31SV nº 31SV nº 31SV nº 31 - É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer 
natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis. 
Caiu em provaCaiu em provaCaiu em provaCaiu em prova: Este ponto é muito importante, pois já foi explorado pela banca FGV: 
� Exame de Ordem 2010.2 – Questão 2 
Serviço é uma prestação de fazerprestação de fazerprestação de fazerprestação de fazer, sendo objeto de tributação do ISS apenas quando for 
objeto de circulação econômica, ou seja, quando prestado em caráter profissional, com 
habitualidade e intuito lucrativo. Não está sujeita a tributação do ISS, portanto, a operação que 
não preencha esses requisitos, como o serviço prestado de forma gratuita ou em benefício do 
próprio prestador do serviço (autosserviço – empresa que vende mercadoria e ela própria realiza 
o serviço de entrega ao comprador). 
 
17 Esse artigo não deve ser negligenciado pelo candidato, pois já foi cobrado em diversos Exames de 
Ordem! 
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15 
O imposto incidirá sobre o serviço proveniente de outro país ou cuja prestação tenha se 
iniciado naquele. Não incideNão incideNão incideNão incide, porém, sobre as exportaçõesexportaçõesexportaçõesexportações de serviços para o exterior (art. 2º, I, 
da LC n. 116/2003), por força de mandamento constitucional expresso (art. 156, §3º, II). 
Não há nenhum óbice de natureza legal ou constitucional para a tributação de serviços tributação de serviços tributação de serviços tributação de serviços 
prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente, seja 
através de autorização, permissão ou concessão, desde que remunerados com o pagamento de pagamento de pagamento de pagamento de 
tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do serviçodo serviçodo serviçodo serviço (LC 116/03, art. 1º, §3º e CRFB, art. 150, §3º). 
Todavia, se o serviço público for de prestação compulsória pelo Estado, remunerado mediante 
taxataxataxataxa, não há que se falar em tributação pelo ISS, em razão da incidência da imunidade recíproca. 
Então, a exploração de rodovia mediante a cobrança de pedágiopedágiopedágiopedágio é serviço passível de 
tributação pelo Município em cujo território haja parcela da estrada explorada, instituindo o ISS, 
na forma da Lei Complementar n. 116/2003 (item 22.01). 
O ISS é um tributo que se submete ao regime de anterioridade máximaanterioridade máximaanterioridade máximaanterioridade máxima, ou seja, lei 
instituidora ou que majore a carga tributária só será eficaz no exercício financeiro seguinte ao de 
sua publicação, devendo, ainda, respeitar a anterioridade nonagesimal, na forma do art. 150, III, 
b e c, da Constituição. 
1.1.3.2 Fato gerador 
O fato gerador está previsto no art. 1º, da LC 116/2003, que diz incidir o ISS na prestação 
de serviços constantes de sua lista anexa, ainda que não constituam atividade preponderante do 
prestador. 
LC 116/03 LC 116/03 LC 116/03 LC 116/03 ---- Art. 1ºArt. 1ºArt. 1ºArt. 1º - O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos 
Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes 
da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do 
prestador. 
§ 1o O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja 
prestação se tenha
iniciado no exterior do País. 
§ 2o Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não 
ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e 
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – 
ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. 
§ 3o O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os serviços prestados 
mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente mediante 
autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo 
usuário final do serviço. 
§ 4o A incidência do imposto não depende da denominação dada ao serviço prestado. 
Apesar de grande discussão doutrinária acerca da possibilidade de os Municípios poderes 
instituir este tributo sobre serviços não previstos na referida lista anexa, entendeu o STJ, sob a 
sistemática de julgamento dos recursos repetitivos, que é taxativataxativataxativataxativa a lista de serviços, embora 
admita interpretação ampla e analógica18. 
 
18 REsp 1.111.234 
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16 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: é muito comum encontrar em provas a afirmação de que verticalmenteverticalmenteverticalmenteverticalmente a lista 
anexa à LC 116/2003 é taxativataxativataxativataxativa, quando ela estipula os gêneros de serviços passíveis de tributação 
pelos Municípios. Contudo, horizontalmentehorizontalmentehorizontalmentehorizontalmente, quando a lista abre tópicos dentro de cada gênero 
de serviço, ela possui natureza meramente exemplificativaexemplificativaexemplificativaexemplificativa. 
Por este motivo entendeu o STJ, uma vez que apesar de taxativa admite interpretação 
extensiva, por conta do sentido do termo “congênere” sobre os serviços bancários, contido na LC 
116/03, deve prevalecer não a literalidade da denominação utilizada pelo banco ao qualificar o 
serviço por ele prestado, mas sua efetiva natureza, sendo devido o recolhimento do Imposto 
Sobre Serviço sobre as tarifas cobradas pelo banco pela atividade de análise, cadastro, controle 
e processamento, prestada na elaboração de contrato de adiantamento de crédito para clientes 
que se encontram sem fundos em suas contas bancárias. 
Súmula 424 do STJSúmula 424 do STJSúmula 424 do STJSúmula 424 do STJ - “É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres 
da lista anexa ao DL 406/68 e à LC 56/87.” 
Conforme dito, estão expressamente sujeitos ao ICMS e não ao ISS os serviços de 
transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação. Atenção, contudo, que o serviço de 
transporte de natureza municipalmunicipalmunicipalmunicipal (dentro do próprio município - intramunicipal) está sujeito ao 
ISS, conforme consta do item 16.01 da lista anexa à Lei Complementar n. 116/2003, que já estava 
previsto no item 97 da lista anexa ao Decreto-Lei n. 406/68. 
Caiu em provaCaiu em provaCaiu em provaCaiu em prova: Este ponto é muito importante, pois já foi explorado pela banca FGV: 
� VI Exame de Ordem unificado – Questão 1 
Importante destacar que o fato gerador do ISS se presume consumado quando da efetiva 
prestação do serviço, não sendo em nada influenciado, para fins de sua cobrança, se foi ou não 
efetuado o pagamento por parte do tomador. Então, segundo entendimento do STF19, não 
merece prosperar defesa do contribuinte no sentido de que não recolheu o tributo devido em 
razão da inadimplência por parte do tomador. Essa é uma questão que deverá ser resolvida na 
esfera civil, não repercutindo em nada na relação jurídico-tributária. 
1.1.3.3 Serviço prestado sob a forma de trabalho pessoal 
O Dec.-lei nº 406/1968, em seu art. 9º, § 1º, estabelece que incide o tributo sobre o serviço serviço serviço serviço 
prestado sob a forma de trabalho pessoalprestado sob a forma de trabalho pessoalprestado sob a forma de trabalho pessoalprestado sob a forma de trabalho pessoal, mas nãonãonãonão poderá ser calculado sobre a importância 
recebida a título de remuneração do próprio trabalho, devendo ser tributado de forma fixa. 
Com a entrada em vigor da LC nº 116/2003, o seu art. 10 nãonãonãonão revogou o art. 9º do Dec.-lei 
nº 406/1968, o que resulta ainda na sua aplicação quanto a essa forma específica de tributação. 
Desse modo, os advogados não se submeteriam à tributação imposta pela lei na forma do 
art. 10 da LC nº 116/2003, mas sim com base no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Dec.-lei nº 406/1968, que 
não foram expressamente revogados e constituem normas gerais a serem observadas pelos 
municípios. 
Caso o advogado esteja receoso de ser ou já tenha sido ilegalmente cobrado em razão da 
prestação desses serviços calculado sobre a importância recebida a título de remuneração do 
próprio trabalho, poderá propor: 
 
19 AGRAG nº 228.337. 
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17 
� Ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária ou mandado de 
segurança preventivo antes da cobrança; ou 
� Ação anulatória ou mandado de segurança repressivo (dentro de 120) após a 
cobrança indevida. 
Conforme veremos abaixo, o art. 7º da LC 116/2003 dispõe que a base de cálculo do 
imposto corresponde ao preço do serviço. Contudo, o art. 9º do Decreto-lei 406/1968, que trata 
dos serviços prestados autonomamente pelo contribuinte ou sob a forma de agrupamento 
profissional, consoante seus §§ 1º e 3º, sendo exemplo as sociedades uniprofissionais sociedades uniprofissionais sociedades uniprofissionais sociedades uniprofissionais (formadas 
por médicos, contadores, advogados, dentistas, etc.), o tributo é fixofixofixofixo, exigido e calculado em 
relação a cada profissional habilitado, sócio (empregado ou não), que preste serviços em nome 
da sociedade. 
A plena vigência dos §§ 1º e 3º do art. 9º do Dec.-lei nº 406/1968 foi declarada pelo STF na 
Súmula nº 663. 
Todavia, se a sociedade dispõe de caráter empresarialde caráter empresarialde caráter empresarialde caráter empresarial nãonãonãonão haveria incidência do art. 9º, §§ 
1º e 3º, do Dec.-lei nº 406/1968, conforme pacífico entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 
Assim, para que o ISS seja calculado e recolhido como tributo fixo deverá a sociedade caracterizar-
se como sociedade uniprofissional, sem caráter empresarialsem caráter empresarialsem caráter empresarialsem caráter empresarial. 
Caiu em provaCaiu em provaCaiu em provaCaiu em prova: Este ponto é muito importante, pois já foi explorado pela banca FGV: 
� Exame de Ordem 2010.2 – Questão 2 
� Exame de Ordem 2011.1 – Questão 2 
 
1.1.3.4 ISS x ICMS 
Algumas situações poderão causar confusão quanto a qual tributo incidirá em determinada 
operação, ICMS ou o ISS. Assim, algumas regras deverão ser observadas: 
Critérios para determinar a incCritérios para determinar a incCritérios para determinar a incCritérios para determinar a incidência do idência do idência do idência do ICMS ICMS ICMS ICMS ou doou doou doou do ISSISSISSISS 
Serviços especificados na lista anexa ao 
Decreto-Lei 406/68 ou na Lei Complementar 
n. 116/2003, ainda que envolvam o 
fornecimento de mercadorias: 
Sujeitos apenas ao ISS. A base de cálculo é o 
valor total da operação. 
O fornecimento de mercadorias com 
prestação de serviços não especificados na 
lista anexa à LC 116/03: 
Sujeito ao ICMS, nos termos do art. 2º, IV, da 
Lei Complementar n. 87/96. A base de cálculo 
é o valor total da operação, ou seja, a soma do 
serviço e da mercadoria20. 
Tratando-se de atividade mista (operação que 
envolve prestação de serviço com 
fornecimento de mercadoria): 
Fica sujeita ao ICMS a mercadoria
fornecida 
com prestação de serviços especificados na 
lista, desde que exista ressalva na própria lista 
neste sentido. Assim, caso haja esta ressalva, 
 
20 É o caso dos restaurantes, na forma da Súmula 163 do STJ. 
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18 
o fornecimento de mercadoria será tributado 
pelo ICMS ao passo que a prestação do 
serviço pelo ISS. 
Como exemplo desta última situação, pode-se citar o item 70 da lista anexa ao Decreto-Lei 
nº 406/68 e o item 14.03 da lista anexa à Lei Complementar nº 116/2003, que preveem a 
incidência do ISS sobre os serviços de recondicionamento de motores, e que o valor das peças e 
partes empregadas pelo prestador do serviço fica sujeito ao ICMS. 
1.1.3.5 Sujeito Ativo 
O Município competente para a cobrança do ISS será aquele no qual estiver localizado o 
estabelecimento ou o domicílio do prestador do serviço. Contudo, é preciso estar atento, pois 
essa regra comporta diversas exceções, pelas quais o imposto será devido no local na prestação 
do serviço. 
Assim, é importante ter claro o conceito de estabelecimento prestador para que 
cheguemos a qual Município será competente para a cobrança do imposto em questão. Este 
conceito encontra-se disciplinado no art. 4º, da LC 116/2003, nos seguintes termos: 
Art. 4oArt. 4oArt. 4oArt. 4o Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a 
atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade 
econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, 
filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou 
quaisquer outras que venham a ser utilizadas. 
As exceções contidas nos 22 incisos do art. 3º, da LC 116/2003, que estipulam que será 
considerado ocorrido o fato gerador o local da prestação do serviço, sendo ali devido o imposto, 
possuem como razão de ser, em sua maioria, a maior necessidade de utilização da infraestrutura 
municipal naquele local de prestação. Peguemos como o exemplo o serviço contido no inciso IV, 
demolição. É sem dúvidas no local da prestação do serviço que serão realizados um maior número 
de atos materiais por parte do prestador, exigindo, assim, mais da infraestrutura municipal 
(serviços públicos em geral, tais como o transporte público, logística de trânsito, etc.), de forma 
a legitimar a cobrança por este ente federativo, e não aquele em cujo território esteja situado o 
estabelecimento do prestador. 
1.1.3.6 Contribuinte e responsáveis 
Na forma do art. 5º, da LC 116/2003, o contribuinte é o prestador do serviço. 
Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a 
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva 
obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter 
supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à 
multa e aos acréscimos legais (Art. 6º, LC 116/2003). 
1.1.3.7 Base de cálculo 
A base de cálculo do ISS será o preço do serviço contratado, acrescido de eventuais 
descontos ou abatimentos concedidos sob condição (art. 7º, LC 116/2003). 
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19 
Caso a autoridade fazendária municipal suspeite que o preço declarado pelo contribuinte 
não corresponda aquele que fora efetivamente praticado entre as partes, ela poderá, em 
procedimento regular instaurado para tanto, arbitrar a base de cálculo do tributo devido, na 
forma do art. 148, CTN. 
1.1.3.8 Alíquotas 
As alíquotas do ISS serão fixadas pelos Municípios e pelo Distrito Federal dentro de sua 
competência tributária. 
A Constituição (art. 156, §3º, I) determinou que a alíquota máxima e mínimaalíquota máxima e mínimaalíquota máxima e mínimaalíquota máxima e mínima do ISS fosse 
estabelecida em lei complementarlei complementarlei complementarlei complementar. Atualmente a alíquota máximaalíquota máximaalíquota máximaalíquota máxima está em 5%5%5%5%, de acordo com a 
norma prevista no art. 8º, II, da LC nº 116/2003. 
Como não trouxe alíquota mínima, em obediência ao comando constitucional acima 
citado, continua-se a aplicar a previsão constante no art. 88, do ADCT, no sentido de que 
enquanto não editada lei complementar que verse sobre o tema, o ISS possuirá alíquotaalíquotaalíquotaalíquota mínima mínima mínima mínima 
de 2%.de 2%.de 2%.de 2%. 
No caso de serviços prestados por sociedade de profissionaissociedade de profissionaissociedade de profissionaissociedade de profissionais de uma mesma categoria 
(sociedades uniprofissionais e não pluriprofissionais), a base de cálculo é feita em relação a cada 
profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade (art. 
9º, § 3º, do Dec.-Lei n. 406/68). O valor do ISS devido pela sociedade, portanto, corresponderá 
ao valor do imposto fixoimposto fixoimposto fixoimposto fixo multiplicado pelo número de profissionais que integram a sociedade, 
como sócios ou empregados. 
1.1.3.9 Imunidades e concessão de benefícios fiscais 
Na forma do art. 156, §3º, II, da Constituição, cabe à lei complementar excluir da incidência 
do ISS exportações de serviços para o exterior. 
Parte da doutrina entende que se trata de uma exceção ao princípio da vedação de 
concessão de isenção heterônoma, ou seja, excepcionalmente, uma vez que autorizada pela 
própria Constituição, poderá a União Federal conceder isenção de tributo que não pertença a sua 
competência tributária. 
Esta isenção heterônoma foi exercida pela União Federal através da lei complementar nº 
116/2003, que, no seu art. 2º, I, excluiu da incidência do ISS os serviços exportados para o 
exterior. 
Diferentemente do que ocorre com o ICMS, apesar de mandamento constitucional nesse 
sentido (art. 156, §3º, III), não há ainda lei complementar que regulamente forma específica de 
como deverão ser concedidas as isenções de ISS. A lei complementar 116/2003 não trouxe 
dispositivo sobre o assunto, fazendo com que permanecesse plenamente aplicável o art. 88, do 
ADCT, pelo menos até o advento da aludida lei complementar. 
Assim, na forma prevista no art. 88, do ADCT, nãonãonãonão poderão ser concedidas isenções, 
incentivos e benefícios fiscais que resultem, direta ou indiretamente, na redução da alíquota redução da alíquota redução da alíquota redução da alíquota 
mínima de 2%mínima de 2%mínima de 2%mínima de 2%, prevista em seu inciso I. Caso determinado Município conceda desconto de 50% 
em pagamento do ISS de forma antecipado até determinado dia do vencimento, sendo que a 
alíquota normal já está no patamar mínimo, incorrerá em violação direta ao dispositivo 
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20 
constitucional, uma vez que a tributação final será de apenas 1%, inferior ao mínimo previsto no 
artigo. 
1.1.3.10Lançamento 
O ISS é um tributo lançado por homologaçãolançado por homologaçãolançado por homologaçãolançado por homologação, uma vez que cabe ao próprio contribuinte, 
após a prática do fato gerador, declarar ao Fisco sua ocorrência, juntamente com o cálculo do 
tributo devido e o seu respectivo pagamento antecipado. Após a antecipação do pagamento feito 
pelo contribuinte, poderá a autoridade fazendária, dentro do prazo decadencial, homologá-lo ou, 
caso entenda que existe diferença devida a ser paga, constituir seu crédito através do lançamento 
direito supletivo. 
1.1.41.1.41.1.41.1.4 Quadro sinóticoQuadro sinóticoQuadro sinóticoQuadro sinótico 
Quadro sinóticoQuadro sinóticoQuadro sinóticoQuadro sinótico dos impostos de competência dos Municípios e do DFdos impostos de
competência dos Municípios e do DFdos impostos de competência dos Municípios e do DFdos impostos de competência dos Municípios e do DF 
Imposto sobre a propriedade Imposto sobre a propriedade Imposto sobre a propriedade Imposto sobre a propriedade 
predial e territorial urbana predial e territorial urbana predial e territorial urbana predial e territorial urbana 
((((IPTUIPTUIPTUIPTU)))) 
Competência Município da situação do bem 
Fato Gerador Propriedade, o domínio útil ou a posse de 
bem imóvel (por natureza ou por acessão 
física) localizado na zona urbana do 
Município. 
Contribuinte Proprietário do imóvel, o titular do seu 
domínio útil ou seu possuidor a qualquer 
título (desde que haja ânimo de dono) 
Função Predominantemente fiscal 
Base de cálculo Valor venal do imóvel 
Lançamento De ofício 
Imposto sobre a transmissão Imposto sobre a transmissão Imposto sobre a transmissão Imposto sobre a transmissão 
inter vivosinter vivosinter vivosinter vivos de bens imóveis e de bens imóveis e de bens imóveis e de bens imóveis e 
direitos a eles relativosdireitos a eles relativosdireitos a eles relativosdireitos a eles relativos (ITBI)(ITBI)(ITBI)(ITBI) 
Competência Município da situação do bem 
Fato Gerador Transmissão inter vivos, a qualquer título, 
por ato oneroso , de bens imóveis (urbanos 
ou rurais), por natureza ou por acessão 
física. 
Contribuinte Pessoa indicada na lei municipal ou do DF, 
sendo normalmente o adquirente do imóvel 
Função Fiscal 
Base de cálculo Valor venal do bem 
Alíquota Fixadas pelas leis municipais 
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21 
Lançamento Por declaração, mas pode ser de ofício nos 
casos de não recolhimento do valor devido 
ou recolhimento feito a menor 
Imposto SImposto SImposto SImposto Sobre obre obre obre SSSServierviervierviços de ços de ços de ços de 
qualqualqualqualquer natquer natquer natquer natureza ureza ureza ureza –––– ISSISSISSISS 
Competência Em regra, Município no qual estabelecido o 
prestador do serviço 
Fato Gerador Prestação de serviços, por sociedade 
empresária ou por profissional autônomo, 
de qualquer natureza, desde que 
enumerados em lei complementar de 
caráter nacional e cumulativamente na lei 
do Município (ou DF) competente, não 
podendo tais serviços estar compreendidos 
na competência do ICMS. 
Contribuinte Prestador do Serviço 
Função Predominantemente fiscal 
Base de cálculo Em relação às sociedades empresárias – 
preço do serviço prestado; trabalho pessoal 
do contribuinte – o preço normal- mente é 
fixo e determinado de acordo com a 
atividade desenvolvida 
Alíquota Fixadas nas leis municipais, não se 
admitindo a progressividade por ser imposto 
real – valor mínimo de 2% e valor máximo de 
5% 
Lançamento Por homologação 
 
 
1.21.21.21.2 Impostos EstaduaisImpostos EstaduaisImpostos EstaduaisImpostos Estaduais 
Nos termos do art. 155 da Constituição Federal, os Estados e o Distrito Federal possuem 
competência tributária para a instituição de três impostos: 
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22 
 
Nos termos do art. 147, parte final, da Constituição Federal, o Distrito Federal possui 
competência tributária tanto para instituir tributos de competência dos Estados, como para 
instituir tributos de competência dos Municípios. Assim sendo, ao tratarmos nesse capítulo dos 
impostos da competência dos Estados, subentenda-se como estando incluído também o Distrito 
Federal. 
É importante destacar que os Estados e o Distrito Federal, diferentemente do que ocorre 
com a União Federal, nãonãonãonão possuem competência residual ou extraordinária. Assim, pode-se 
afirmar que a lista de impostos passíveis de instituição por tais entes federados é exaustivaexaustivaexaustivaexaustiva, ou 
seja, ressalvada a hipótese de Emenda à Constituição acrescentar outro imposto aquele rol, não 
poderão os Estados instituir outro imposto. 
Reforçando o que fora afirmado acima, nãonãonãonão se estende à matéria tributária a competência 
legislativa residualresidualresidualresidual prevista aos Estados no art. 25, §2º, da Constituição21, por disposição expressa 
do art. 154, I, da Carta Maior22, que diz pertencer à União a competência legislativa residual em 
matéria tributáriatributáriatributáriatributária. 
 
1.2.11.2.11.2.11.2.1 Imposto sobre transmissão causa mortis e por doação de quaisquer bens ou direitos Imposto sobre transmissão causa mortis e por doação de quaisquer bens ou direitos Imposto sobre transmissão causa mortis e por doação de quaisquer bens ou direitos Imposto sobre transmissão causa mortis e por doação de quaisquer bens ou direitos 
(ITCMD)(ITCMD)(ITCMD)(ITCMD) 
1.2.1.1 Introdução e a necessidade de lei complementar 
O tributo em comento encontra-se previsto no art. 155, I e §1º, I a IV, da Constituição 
Federal. O Senado Federal desempenha importante papel com relação a este imposto, o que 
torna particularmente importante sua Resolução nº 9, de 1992, conforme veremos adiante. 
 
21
 Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta 
Constituição. 
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição 
22
 Art. 154. A União poderá instituir: 
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham 
fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; 
Competência dos Estados e do DF
Imposto sobre transmissão causa mortis e por 
doação de quaisquer bens ou direitos (ITCMD)
Imposto sobre operações relativas à circulação 
de mercadorias e sobre prestações de serviços 
de transporte interestadual e intermunicipal e 
de comunicação, ainda que as operações e as 
prestações se iniciem no exterior (ICMS)
Imposto sobre propriedade de veículos 
automotores (IPVA)
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23 
Finalmente, competirá a legislação de cada Estado disciplinar de forma mais pormenorizada o 
regramento aplicável a este tributo. 
A Constituição anterior previa que seria de competência dos Estados o imposto sobre a 
transmissão em geral de bens imóveis (sisa). Tal previsão não foi perfilhada pela Constituição 
atual, que preferiu dividir o referido imposto em dois, sendo um de competência dos Estados e 
outro dos Municípios. O principal elemento que irá separar a competência de ambos é a 
onerosidade da transmissão. Se a transmissão do bem for onerosa, e se se tratar de bem imóvel, 
a competência será dos Municípios. Se a transmissão for a título gratuito, seja ela causa mortis 
ou em razão de doação, seja o bem móvel ou imóvel, a competência será dos Estados. 
 
Conforme previsto na Constituição em seu art. 155, §1º, III, compete à lei complementar lei complementar lei complementar lei complementar 
traçar normas gerais sobre o ITCMD, mas que ainda não foi editada. Assim sendo, aplicam-se as 
normas previstas nos artigos 35 a 42, do CTN, no que couber. Isto porque tais normas foram 
editadas à época em que somente existia um único imposto sobre transmissão de bens imóveis, 
de competência Estadual, conforme visto acima. 
Diante da falta de lei complementar que regulamente de forma específica este tributo, os 
Estados e o Distrito Federal podem legislar sobre tal matéria, uma vez que possuem competência 
para instituí-lo, com base no art. 24 e parágrafos da CRFB, que trata da competência legislativa 
concorrenteconcorrenteconcorrenteconcorrente dos entes federativos. 
1.2.1.2 Fato gerador – transmissão causa mortis 
Quando a transmissão do bem seja ele móvel ou imóvel em razão
da sucessão causa 
mortis, o fato gerador do tributo em questão acontece juntamente com a morte, por força do 
direito de saisine, previsto no art. 1.784, do Código Civil, que dispõe que “aberta a sucessão, a 
herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. 
Conforme dito no tópico anterior, aplicam-se as normas do CTN, no que couber. 
Importante nesse momento é o mandamento inscrito no parágrafo único do seu art. 35, que 
afirma ocorrerem tantos fatos geradores quantos herdeiros ou legatários possuir o de cujus. 
Infere-se, então, que figurará no polo passivo da relação tributária aquele que receber a herança 
do de cujus. 
Transmissão de 
bens imóveis
Estados e DF
Causa Mortis
Doação
Municípios e DF
Onerosa e entre 
vivos
Transmissão de 
bens móveis
Estados e DF
Causa Mortis
Doação
Não sujeita à 
tributação
Onerosa e inter 
vivos 
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24 
No que se refere à legislação aplicável ao lançamento deste imposto, aplica-se a norma 
inscrita no art. 144 do CTN, que diz ser àquela à época do fato gerador, ainda que posteriormente 
modificada ou revogada. Assim sendo, será a legislação vigente quando da abertura da sucessão 
que regulamentará a cobrança do imposto. 
Não é outro o entendimento do STF, conforme podemos verificar no verbete nº 112, de 
sua súmula: 
STF STF STF STF ---- Súmula nº 112Súmula nº 112Súmula nº 112Súmula nº 112 - O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente 
ao tempo da abertura da sucessão. 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: cuidado apenas para não confundir a legislação aplicável à relação tributária com 
o momento para o pagamento do imposto, por serem institutos distintos e sujeitos a regramento 
próprio. Apesar de legislação aplicável ser aquela vigente à época do fato gerador, será devido o 
imposto somente após a homologação da avaliação dos bens do espólio, juntamente com a 
determinação em juízo do montante de imposto a ser pago, na forma dos artigos 1.003 a 1.013 
do Código de Processo Civil. 
Não foi outro o entendimento do STF ao sumular seu entendimento quando da edição do 
verbete nº 114: 
STFSTFSTFSTF ---- Súmula nº 114Súmula nº 114Súmula nº 114Súmula nº 114 - O imposto de transmissão "causa mortis" não é exigível antes da 
homologação do cálculo. 
Finalmente, registre-se que o STF reputou como sendo legítima a cobrança deste imposto 
no inventário por morte presumida, tendo, inclusive, sumulado seu entendimento nos seguintes 
termos: 
STF STF STF STF ---- Súmula nº 331Súmula nº 331Súmula nº 331Súmula nº 331 - É legítima a incidência do imposto de transmissão "causa mortis" no 
inventário por morte presumida. 
1.2.1.3 Fato gerador – doação 
A doação é um instituto de direito privado definido da seguinte forma no Código Civil, em 
seu art. 538: “contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou 
vantagens para o de outra”. 
Vimos que incidirá o tributo em comento tanto na transmissão por doação de bens móveismóveismóveismóveis 
como de bens imóveisimóveisimóveisimóveis. Contudo, em razão do tratamento diferenciado que fora dado pela 
legislação civilista, teremos consequências tributarias distintas com relação ao momentomomentomomentomomento de 
ocorrência do fato gerador do tributo. 
Dispõe o Código Civil que a transmissão da propriedade imobiliáriatransmissão da propriedade imobiliáriatransmissão da propriedade imobiliáriatransmissão da propriedade imobiliária somente se perfectibiliza 
com o registro do título translativo no Registro de ImóveisRegistro de ImóveisRegistro de ImóveisRegistro de Imóveis, permanecendo o promissário doador 
proprietário do bem imóvel até então. Com relação aos bens móveisbens móveisbens móveisbens móveis, na forma do seu art. 1.267, 
basta a simples tradiçãotradiçãotradiçãotradição para que se aperfeiçoe a transmissão da propriedade. Assim, a simples 
entrega do bem pelo doador ao donatária já basta para que se transmita a propriedade do bem 
móvel. 
Com base no exposto acima, podemos concluir que o fato gerador da doação ocorrerá nos 
seguintes termos: 
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25 
 
Caso haja uma declaração judicial de nulidade da doação, na forma dos artigos 548 e 549 
do Código Civil, caberá por parte daquele que pagou o imposto o pedido de restituiçãopedido de restituiçãopedido de restituiçãopedido de restituição, uma vez 
que as coisas retornarão ao seu estado anterior. Em outras palavras, caso alguém faça uma 
doação de todos os seus bens sem reserva de parte ou renda suficiente para a subsistência, 
poderá o juiz declarar sua nulidadenulidadenulidadenulidade, ensejando a repetição do inéditorepetição do inéditorepetição do inéditorepetição do inédito, ou seja, a devolução do que 
fora pago anteriormente à título de ITCMD. 
Cabe ressaltar que nesse caso, conforme já entendeu o STJ, no ano de 2012, o prazo para 
o ajuizamento da ação de repetição de indébito começa a fluir do trânsito em julgado da sentença 
que declarar a nulidade da doação23. 
AtençãoAtençãoAtençãoAtenção: o mesmo raciocínio não se aplica em casos de revogação da doaçãorevogação da doaçãorevogação da doaçãorevogação da doação, na forma dos 
arts. 555 a 562, do Código Civil. Em verdade, havendo a revogação da doação, entende parte da 
doutrina que se trata de uma nova transferência apta a atrair a incidência do imposto em análise. 
Esse entendimento deverá ser combatido pelos advogados que defendam os interesses dos 
contribuintes, sob o argumento de que, assim como a nulidade, as coisas apenas retornam para 
o seu estado anterior e, diferentemente do que ocorrera antes, não há que se falar em 
liberalidade aqui do atual proprietário do bem, elemento necessário para se caracterizar a 
doação. 
Outra situação já explorada em provas anteriores é a separação judicialseparação judicialseparação judicialseparação judicial que, a princípio, 
quando da individualização da meação, não é passível de tributação por não ensejar justamente 
a transmissão (dá-se o que já pertencia a cada um). Contudo, caso um dos cônjuges resolva 
atribuir a outro parcela maior que lhe caberia por direito, estaremos diante de uma verdadeira 
doação, atraindo, portanto a incidência deste imposto. Nesse sentido, já decidiu o STJ24. 
1.2.1.4 Fixação das alíquotas pelo Senado 
Para evitar que os Estados e o Distrito Federal objetivem tão somente o aumento de sua 
arrecadação de modo desenfreado, a Constituição Federal (Art. 155, § 1º, IV) atribuiu ao Senado 
Federal a competência para estabelecer as alíquotas máximasalíquotas máximasalíquotas máximasalíquotas máximas deste imposto. Sendo o Senado 
composto de forma paritária pelos representantes dos Estados e do DF, andou bem o poder 
constituinte em elegê-lo como foro para esta discussão, pois são os representantes dos entes 
federados competentes que irão limitar os seus respectivos poderes arrecadatórios. 
Assim, não podem os Estados arbitrar livremente em sua legislação quais serão as alíquotas 
do tributo, uma vez que deverão sempre ter em conta o que fora previsto pelo Senado Federal 
por resoluçãoresoluçãoresoluçãoresolução, no que se refere às alíquotas máximasalíquotas máximasalíquotas máximasalíquotas máximas que poderão ser adotadas. 
 
23 INSERIR JULGADO 
24 STJ, REsp nº 723.587, Min. Eliana Calmon 
Bem imóvel
Registro do título translativo 
no Registro de Imóveis
Bem móvel
Tradição (entrega) do bem 
ao donatário
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26 
Com relação às alíquotas mínimasalíquotas mínimasalíquotas mínimasalíquotas mínimas, poderia se afirmar que os Estados possuem ampla 
discricionariedade

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