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DIFERENÇAS ENTRE FRAUDE CONTRA CREDORES E FRAUDE À EXECUÇÃO. FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO Tem natureza jurídica de direito privado – direito material: civil; Tem natureza jurídica de direito público – direito processual; Configura-se com a prática do negócio jurídico antes da citação. Configura-se com a prática do ato após a citação/intimação. Necessita preencher os requisitos da lei material: Eventus damni eConsilium fraudis. Basta a alienação depois da citação. A boa-fé da alienação é presumida; A má-fé da alienação é presumida; O ato da alienação torna-se nulo; O ato da alienação torna-se ineficaz; Decretada por sentença na ação pauliana; Decretada por decisão interlocutória na curso da ação de execução de título executivo extrajudicial (Leitura do artigo 158 do CC e seguintes). (Leitura do art. 792 do Novo CPC). Requisitos da fraude contra credores: a) Eventus damni - é o tornar-se insolvente em virtude da alienação do bem de sua propriedade para terceiro. O estado de insolvência não precisa ser de conhecimento do devedor. É requisito objetivo, ou seja, existe ou não, independentemente do conhecimento do insolvente. b) Consilium fraudis - o termo significa conluio fraudulento, pois alienante (devedor) e adquirente (comprador) têm ciência do prejuízo que causarão ao credor em vista da alienação de bens que garantiriam o adimplemento da obrigação assumida, mas os alienam de má-fé visando frustrar o cumprimento (pagamento) do negócio, e por isso se faz necessária a intervenção judicial. A boa-fé do adquirente impede a caracterização do consilium fraudis, requisito essencial para ajuizamento da ação paulina. Acerca da fraude à execução, veja o teor do artigo 792 do CPC/2015. Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I – quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; II – quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828; III – quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V – nos demais casos expressos em lei. § 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente. § 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem. § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar. § 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias. Conceitos importantes: Ação reipersecutória - ação em que o autor reclama o que lhe pertence, ou lhe é devido, achando-se, o bem, fora de seu patrimônio. Toda ação através da qual se vai a juízo em busca de alguma coisa (segundo Fredie Didier - aula). Averbação premonitória: é instrumento que gera cientificação geral de alienação dos bens sob o princípio da publicidade registral e imobiliária. Bastante importante para a configuração da fraude à execução. ATENÇÃO: A partir da leitura do parágrafo 2º do artigo, 792, acima citado, o Superior Tribunal de Justiça terá que se debruçar sobre a nova norma para rever sua jurisprudência, seja modificando a súmula 375, seja superando (overruling) o entendimento lançado no Resp 956.943/PR, que, interpretando a o enunciado sumular, pacificou a questão, afirmando que “inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova de que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda”. Na primeira hipótese, caberá ao STJ rever ou modificar a súmula 375 para fazer constar que a prova da má-fé do terceiro adquirente na verdade é uma prova de boa-fé desse mesmo terceiro adquirente, na medida em que cabe a ele demonstrar agora que agiu de boa-fé. Destarte, ou o Tribunal suprime a parte final da súmula ou a modifica para fazer constar que, para a não configuração da fraude à execução, é necessária a prova de que o terceiro agiu de boa-fé. Nesse sentido, confira-se as observações feitas pela jurista e professora Teresa Wambier e outros: “Como se vê, diante no NCPC o entendimento jurisprudencial que impõe ao exequente provar a má-fé do adquirente deve necessariamente ser alterado. Há, por força de lei, inversão do ônus desta prova, cabendo ao terceiro-adquirente fazer prova da sua boa-fé e não o contrário. A Súmula 375/STJ deve ser, na sua segunda parte, revogada, só se justificando a sua manutenção quanto à exigência da citação”. (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim [et. al]. Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 1146/1147). Além disso, deve ainda a Corte Superior reformar o entendimento lançado no Resp 956.943/PR, julgado pela Corte Especial, em recurso especial repetitivo, na medida em que está ele explicitamente contra legem. Veja-se que o acórdão estabeleceu que para o reconhecimento da fraude à execução “é do credor o ônus da prova de que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência”. Todavia, com o novo CPC, o art. 792, § 6º, passa a regulamentar a questão de forma diversa, consignando que “o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem”. Portanto, não há mais como subsistir o entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
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