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FACULDADE DE DIREITO DO VALE DO RIO DOCE – FADIVALE
CURSO DE DIREITO
PROVA
Adáias Martins Ferreira - 19870
Ariadne Andrezza de Souza – 19844
Danilo Pinho Cunha - 20041
Jéssica Soares A. da Silva - 19886
Vânia Aparecida G.S. Rodrigues - 19874
Henrique A. P. S. Nassif - 19960
2o período B - Noturno
Governador Valadares – MG
Outubro/2013
Adáias Martins Ferreira - 19870
Ariadne Andrezza de Souza – 19844
Danilo Pinho Cunha - 20041
Jéssica Soares A. da Silva - 19886
Vânia Aparecida G.S. Rodrigues - 19874
Henrique A. P. S. Nassif - 19960
2o período B - Noturno
PROVA
Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Direito civil II da Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce (FADIVALE) como requisito para obtenção de conhecimentos na referida disciplina. 
Governador Valadares – MG
Outubro/2013
SUMÁRIO
	1 INTRODUÇÃO...................................................................................................
2 NOÇÕES CONCEITUAIS E IMPORTÂNCIA....................................................
	6
7
	3 PROVA E VERDADE........................................................................................ 
4 DIREITO CONSTITUCIONAL À PROVA CIVIL................................................
5 NATUREZA JURÍDICA DAS LEIS REFERENTE À PROVA E O OBJETO DA PROVA ..........................................................................................................
6 A ADMISSIBILIDADE DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA NA SEDE CIVIL. ................................................................................................................... 
7 POSSIBILIDADE DE REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES RESGUARDADAS POR SIGILO LEGAL............................................................
8 REVELIA E A PROVA.......................................................................................
9 CONFISSÃO......................................................................................................
9.1 A POSSIBILIDADE DE CONFISSÃO PELO REPRESENTANTE DA PARTE..................................................................................................................
9.2 A VINCULAÇÃO DO JUIZ À CONFISSÃO.....................................................
9.3 A ANULABILIDADE DA CONFISSÃO ...........................................................
10 PROVA DOCUMENTAL..................................................................................
10.1 GENERALIDADES E UMA NOVA CONCEPÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL, ADMITIDOS OS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS ..................
11 CLASSIFICAÇÃO DOS DOCUMENTOS........................................................
11.1 DOCUMENTO PÚBLICO..............................................................................
11.2 DOCUMENTO PARTICULAR.......................................................................
11.3 O TELEGRAMA E SUA FORÇA PROBATÓRIA..........................................
11.4 PROVA ATRAVÉS DE CÓPIA FOTOGRÁFICA DE DOCUMENTO E NECESSIDADE DE AUTENTICAÇÃO OFICIAL..................................................
11.5 CÓPIAS PRODUZIDAS ATRAVÉS DE FAC-SÍMILE (FAX) OU QUALQUER MEIO SEMELHANTE......................................................................
11.6 AUSÊNCIA DO TÍTULO DE CRÉDITO OU DO DOCUMENTO ORIGINAL E IMPOSSIBILIDADE DE SUPRIMENTO DE PROVA.........................................
12 USO OBRIGATÓRIO DO VERNÁCULO NOS DOCUMENTOS E AS REGRAS DO MERCOSUL...................................................................................
13 PROVA DOCUMENTAL ATRAVÉS DE REPRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS, CINEMATOGRÁFICAS, REGISTROS FONOGRÁFICOS E REPRODUÇÕES MECÂNICA E A ADMISSIBILIDADE DE FOTOGRAFIAS DIGITAIS..............................................................................................................
14 LIVROS E FICHAS DOS EMPRESÁRIOS E SOCIEDADE...........................
15 PROVA PERICIAL..........................................................................................
15.1 PERÍCIA MÉDICA NECESSÁRIA E A NÃO APROVEITABILIDADE DA RECUSA EM SUBMETER-SE À PERÍCIA........................................................
15.2 INAPLICABILIDADE DA REGRA LEGAL A CASOS ESPECÍFICOS DE JUSTIFICADAS RECUSAS AO EXAME MÉDICO (HOMENAGEM AO PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE.............................................................
16 A PRESUNÇÃO.............................................................................................
16.1 CONCEITO...................................................................................................
16.2 ESPÉCIES DE PRESUNÇÃO......................................................................
17 PROVA TESTEMUNHAL..............................................................................
17.1 ESPÉCIES DE TESTEMUNHAS.................................................................
17.2 ADMISSIBILIDADE DA PROVA TESTEMUNHAL.......................................
17.3 O DIREITO AO SILÊNCIO DA TESTEMUNHA E DAS PRÓPRIAS PARTES...............................................................................................................
17.4 A PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHA POR MEIOS ELETRÔNICOS
17.5 DEPOIMENTO DE UMA ÚNICA TESTEMUNHA COMO MEIO DE PROVA.................................................................................................................
17.6 CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE DAS TESTEMUNHAS.....................
17.7 A POSSIBILIDADE DE ESCUSA LEGÍTIMA DO DEVER DE PRESTAR TESTEMUNHO.....................................................................................................
18 CONCLUSÃO..................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objeto a Prova, onde será feito um estudo que vai desde seu conceito até a classificação admitida no ordenamento jurídico.
O objetivo geral é esclarecer a função da prova, que é essencialmente demonstrar que um fato existiu e de que forma existiu, sendo uma tarefa reconstrutiva com o objetivo de comprovar em juízo a verdade real e o fato perturbador ou violador de um direito.
Os objetivos específicos demonstrarão os meios de prova permitidos e como o magistrado fará uso desses, bem como os meios de prova ilícitos.
Visa ainda o estudo, mostrar que valor tem a prova ou a falta desta em uma demanda judicial, onde o objetivo é que se faça uso dos meios apresentados como prova para que o principal objetivo da justiça seja cumprido, que é garantir o direito individual ou coletivo.
2 NOÇÕES CONCEITUAIS E IMPORTÂNCIA
	O termo prova deriva da expressão latina probo, probatio, probus, que significa bom, reto, honrado, indicando que prova vem do que é autentico, presumindo-se então a verdade.
	A prova é usada quando se afirma algo cuja exatidão tem que ser demonstrada. Segundo Rosenvald 2013 esta não pode ser confundida com a forma dos fatos jurídicos que é elemento integrante do fato jurídico, enquanto que a prova é um elemento do negocio jurídico. 
	A prova é ao mesmo tempo o instrumento usado pelo magistrado a partir dos fatos conhecidos para formatar o seu convencimento e o próprio juízo de valor que se forma a partirda exposição dos fatos expostos.
	A principal finalidade da prova é garantir a defesa de direitos, por isso é essencial o uso de elementos argumentativos e dialéticos quando se trata de fato ocorrido no passado, visto que o magistrado não é um historiador para analisar minuciosamente as provas e circunstancias do fato, conta-se então com a feliz escolha de uma situação que constitua uma decisão judicial justa, adequada e eficaz sobre determinado fato controvertido. 
	O sistema Jurídico brasileiro adotou o atual sistema de apreciação de provas a partir da evolução e aperfeiçoamento de vários sistemas já existentes. Pauta-se por perceber a verdade a partir da oralidade na colheita da prova, o contato direto do juiz com as provas produzidas com simplicidade e celeridade de forma que este possa livremente formar seu juízo de convencimento respeitando alguns valores e parâmetros.
	Com o intuito de garantir a correta aplicação da lei é reservado o direito de recurso especial em casos de aplicação indevida dos institutos jurídicos relativos à prova.
3 PROVA E VERDADE
	O estudo do tema prova sugere que a “verdade” dos fatos ocorridos seja desvendada através dos meios que o ordenamento jurídico disponibiliza, por isso, a doutrina civilista brasileira afirma que a prova é o conjunto dos meios empregados para demonstrar legalmente a existência de um fato jurídico.
	Segundo Rosenvald 2013 a ideia de desvendar a verdade através da prova pode ser utópica por ter seu conceito intangível. Seria ingênuo se não fosse absolutamente audacioso imaginar que o direito probatório seria capaz de determinar a verdade absoluta de fatos pretéritos, reconstituídos através de testemunhas, documentos e perícias.
	Pode ser que o fato ocorrido sofra influencia das pessoas que o apresenta ou relata, fazendo com que o resultado do julgamento não corresponda à forma exata como se passaram os acontecimentos. Por isso não se pode excluir a possibilidade de que os fatos tenham se passado de forma diferente àquela a que as conclusões o levaram. Sendo assim a prova, não apenas o instrumento para a descoberta da verdade, mas sim, uma maior aproximação da realidade ocorrida de forma a evitar injustiças e protegendo os valores fundamentais.
4 DIREITO CONSTITUCIONAL À PROVA CIVIL
	A prova se fundamenta constitucionalmente de forma subjetiva quando se refere ao “devido processo legal”, pois a partir deste princípio é possível ter acesso à ordem jurídica justa, eficaz e adequada. Para que isso aconteça o juiz deve ser convencido com os argumentos apresentados, e isso implica na prova.
	Sendo assim qualquer violação quanto à apresentação de provas em um processo pode comprometer a ampla defesa e o devido processo legal.
	O Art. 227 do Código Civil prevê que a prova testemunhal só será admitida nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse ao décuplo do salário mínimo.
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5 NATUREZA JURÍDICA DAS LEIS REFERENTE À PROVA E O OBJETO DA PROVA
	Tratada como direito material no código civil de 2002, a prova serve como fonte de regras para a demonstração dos negócios jurídicos assim como nos fatos jurídicos em sentido amplo ou estrito (Art. 212 a 232 CC).
O objeto da prova se refere a algo que precisa ser provado, porém, nem todos os fatos precisam e (ou) podem ser provados, serão objetos de prova somente aqueles relevantes, pertinentes, controversos e precisos, enquanto os fatos
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6 A ADMISSIBILIDADE DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA NA SEDE CIVIL
	A interceptação telefônica, também chamada de escuta telefônica, tem respaldo na Lei n 9.296}96, tem caráter excepcional, sendo admitida somente através de ordem judicial e apenas nos casos em que for imprescindível a interceptação como único meio eficaz de realizar a prova e quando se verificar a gravidade da ação penal, porém se houver outros meios de prova essa será descartada.
	Já na esfera cível é possível usar a interceptação como prova nos casos de investigação de paternidade, destituição de poder familiar, interdição, dentre outras hipóteses, isto porque os valores dessas possuem maior peso do que a intimidade ou privacidade sacrificada.
	Contudo, vale ressaltar que tanto na esfera cível quanto na criminal, a interceptação telefônica deve ser autorizada por um juiz, não podendo ser utilizada em todas as investigações de processos comuns, se fazendo como exceção e não como regra.
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7 POSSIBILIDADE DE REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES RESGUARDADAS POR SIGILO LEGAL.
	Em algumas demandas judiciais é necessário obter informações e documentos acobertados por sigilo legal, exemplo disso são os casos em que o réu omite os seus rendimentos para se isentar de dar a outro o que é de direito como nos casos de ação de divórcio e de alimentos.
	Não colaborando o réu, deverá o juiz determinar a quebra do sigilo bancário e fiscal junto à Receita Federal, ao Banco Central e entidades bancárias em geral. Rosenvald enfatiza, no entanto, que o sigilo bancário é um meio de resguardar os direitos dos correntistas, porém não podem estes usar o sigilo para deixar de cumprir com suas obrigações ou omitir dados relevantes ao processo. 
	Quanto à quebra do sigilo bancário solicitado pelo juiz, deverão as informações requisitadas ao servidor serem apresentadas no prazo constante no requerimento, sob pena de responsabilidade civil, criminal e administrativa.
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8 REVELIA E A PROVA
	 O Art. 319 do Código de Processo Civil estabelece que se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. A esse fenômeno dá-se o nome de revelia.
	Nesse caso torna-se desnecessária a produção de provas já que se tem a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. Há, porém casos em que mesmo sendo o réu revel, pode o juiz determinar que o autor apresente provas do direito solicitado, como por exemplo, que apresente copia do contrato no caso em que se reclame indenização por descumprimento de cláusula contratual.
	Reafirma-se então que a revelia não induz necessariamente que o juiz dispense as provas, antes, porém, deve analisar sobre o que dispõe a causa, inclusive nas que envolvem direito indisponível não se aplica os efeitos da revelia, devendo o juiz chamar pra si provas que forme o seu convencimento, possibilitando assim uma sentença justa.
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9 CONFISSÃO
	Quando o titular de um direito admite a verdade de um fato ou situação contrária ao interesse ocorre a confissão. A confissão pode ser feita em juízo ou por meio de uma declaração feita pela parte.
	São requisitos da confissão: a disponibilidade do direito, a declaração de vontade do confidente, a inexigibilidade de forma especial para a prova do fato que se confessa e a capacidade civil de quem confessa, assim como prevê o Art. 213 CC sobre essa ultima.
	Salienta Rosenvald que a confissão por se só não pode ser usada como meio de prova, caso contrário nada mais seria necessário para a composição do fato. Isto porque em muitos casos a confissão é utilizada para proteger ou esconder o verdadeiro culpado pelo crime, exemplo disso é a quantidade enorme de crimes que são assumidos por menores, uma vez que esses não possuem a capacidade de responder pelo crime, ficando assim impune o delito.
	Tipos de confissão: expressa, quando é feita através de instrumento publico ou particular; tácita, quando através do silêncio da parte se presume a verdade do fato (revelia); espontânea, decorre da vontade de quem expressa e por ultimo pode a confissão ser provocada, quando for extraída de declarações das partes.
	A confissão é um ato jurídico em sentido estrito (depende da vontade humana livre e desembaraçada). A confissão só pode ser feita pelo titular da relação jurídica de direito material devido às conseqüências que pode acarretar na esfera jurídica. Os absolutamente incapazes não têm poder de confissão e se o fizerem, o ato não terá nenhum efeitojurídico.
9.1 A POSSIBILIDADE DE CONFISSÃO PELO REPRESENTANTE DA PARTE.	
	Para que a confissão feita pelo representante da parte tenha eficácia é necessário que lhe seja concedido poderes para isso, mediante procuração. No caso de representante convencional (da pessoa natural ou jurídica) já é presumida a concessão de poderes para a confissão, enquanto o representante legal não tem o poder para isso. 
	O ato jurídico se torna então ineficaz se praticado por representante que não tenha poderes para a confissão. Mas quando praticado por um advogado ainda que em sua procuração não conste tais poderes, pode o juiz utilizar dessa confissão para formar seu convencimento.
9.2 A VINCULAÇÃO DO JUIZ À CONFISSÃO
	A confissão é conhecida como a rainha das provas, mas mesmo nos casos em que há a confissão sendo dispensadas as demais provas, cabe ao juiz lançar ou não mão de outras provas. Pois a confissão não torna verdadeiro o fato, por isso deve o juiz se resguardar de todos os meios lícitos e cabíveis para que seu convencimento esteja mais próximo possível da realidade cumprindo assim o verdadeiro papel da justiça.
9.3 A ANULABILIDADE DA CONFISSÃO 
	Diz o Art. 214 CC que a confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação, porém, o Art. 352 CPC prorroga que pode a confissão ser revogada por ação anulatória, se dependente o processo em que foi feita ou por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituiu o único fundamento.
 	Rosenvald 2013 observa que “o que pode ocorrer é a mácula da confissão por existir um vício de consentimento, de vontade, violando a liberdade da parte. Nesta hipótese enseja-se a anulação do ato e não a sua revogação, como percebeu o legislador”.
	A confissão só pode ser assim anulada se for baseada no erro de fato ou na coação levando em conta o dolo, já que este é o que leva a indução de terceiro a erro, e o erro leva à anulação.
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10 PROVA DOCUMENTAL
10.1 GENERALIDADES E UMA NOVA CONCEPÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL, ADMITIDOS OS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS.
	A lei instrumental determina que as partes devem provar suas alegações, através de diversos meios e levá-las aos autos. Dentre esses meios está a prova feita através de documento.
Didaticamente, explica ALEXANDRE FREITAS CÂMARA que “documento é toda atestação escrita ou gravada de um fato”, explicitando que a noção de prova documental em nossa ordem jurídica é bastante ampla, abrigando, a um só tempo, não apenas os instrumentos escritos, mas igualmente fotografias, filmes, gravações sonoras e assemelhados.
	É possível que a prova documental se materialize em instrumentos públicos ou particulares.
	Merece alusão, a necessidade de se “adotar um conceito mais amplo para documento”, de modo a abranger os documentos eletrônicos, como, por exemplo, aqueles oriundos da internet.
	O documento eletrônico não se resume a escritos, podendo se materializar através de outros meios, como um desenho, uma fotografia digitalizada, vídeos, etc. Tudo, enfim, que tenha idoneidade para representar um acontecimento, estando armazenado em arquivo digital. Abrange-se, inclusive, o e-mail, como meio idôneo a provar determinados fatos.
	Perceba-se que a utilização do e-mail pode ser muito comum em determinadas demandas, em face de seu caráter corriqueiro e cotidiano. Assim, corretamente, a jurisprudência vem admitindo como prova o documento emanado de e-mail, dentre outros inúmeros casos, em ações reparatórias de danos para comprovar o prejuízo, e em reclamações trabalhistas, pleiteando horas extras ou mesmo comprovando, ou não um eventual dando moral sofrido.
	Um campo fecundo para o uso do e-mail nas ações de alimentos gravídicos, cuja procedência pode decorrer de indícios de relacionamento afetivo, cuja caracterização pode, perfeitamente, derivar de troca de mensagens eletrônicas entre os envolvidos.
	Vale sintetiza a questão, que o documento oriundo de e-mail pode ser admitido como prova no processo, como qualquer outro. Somente quando houver impugnação do contraparte é que ficará submetida ao livre convencimento motivado do magistrado, que, nessa hipótese, valorará o documento, atribuindo a sua eficácia, em conformidade com os demais elementos probantes presentes.
	Vale o registro, ademais, que a Lei nº116419/06 autorizou a utilização de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, na comunicação de atos e a transmissão de peças processuais, buscando a desburocratização do processo.
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11 CLASSIFICAÇÃO DOS DOCUMENTOS
	Os documentos podem ser classificados da seguinte forma: a) públicos ou privados; b) autógrafos ou heterógrafos; c) assinados ou não assinados; d) autênticos, autenticados ou sem autenticidade.
	Tendo-se em vista, por outro lado, o meio, maneira ou material utilizado na sua formação, apresentam-se como: a) diretos ou indiretos; b) escritos, gráficos, plásticos ou estampados (estes, e.g., fotografia, fonografia, cinematografia).
Quanto a sua finalidade, são os documentos pré-constituídos, quando efetuados com o objetivo de servir, futuramente, como prova do fato representado, ou seja, como instrumento; ou causais, como tal considerados aqueles que se prestam, ocasionalmente, para comprovar determinado ato jurídico.
	No tocante à forma, examinados com relação à prova que produzem, os documentos são formais, ou solenes, e não formais; e, em relação à sua materialidade, são originais ou cópias - estas tidas como reproduções, totais ou não, daqueles.
11.1 DOCUMENTO PÚBLICO.
	Documento público é aquele lavrado por oficial estatal, com poderes para tanto, dando conta de determinado fato ou notícia extrajudicial e lançado em seus livros e notas, dotado de fé pública. Ou seja, certificam situações fáticas ocorridas, podendo dizer respeito desde simples confissões de dívidas e protestos de títulos (conteúdo patrimonial) até assentos de matrimônio ou óbito (conteúdo pessoal).
	Um dos requisitos fundamentais do documento é a sua autenticidade, isto é, a certeza sobre respectiva autoria. Esta resulta, portanto, da assinatura: diz-se que o documento é autêntico quando há coincidência entre a aparência e a realidade.
	Com isso, os documentos públicos gozam de presunção de autenticidade, tanto no tocante ao seu autor material, como no que respeita ao autor do fato documentado.
	A escritura pública é lavrada pelo serventuário público, que, gozando de fé pública, a elabora independentemente da presença de testemunhas. Todavia, excepcionalmente, quando o interessado que comparecer à presença do oficial público não for seu conhecido (admitida a sua fé pública para atestar quem é a pessoa) nem portar documento de identificação (cédula de identidade, carteira de habilitação para o trânsito, passaporte, etc.), exige-se a participação de duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade, resguardando a sua idoneidade e velando pela sua autenticidade.
	Reconhece a Lei Civil força probante às certidões e aos traslados de peças processuais ou de livros a cargo do escrivão. Ora, tratando-se de documentos públicos, emanados por oficial que dispões de fé pública, no cumprimento de suas funções, e atendidas as formalidades de lei (inclusive regularmente firmados e carimbados), gozam de verdadeira presunção de autenticidade, fazendo a mesma prova dos originais e demonstrando o fato documentado.
	No mesmo sentido, o art. 161 da Lei nº 6.015/73 – Lei de Registros Públicos estabelece que as certidões e traslados de registros públicos providenciados pelo oficial de registro gozam de presunção de veracidade, afirmando inlitteris: “as certidões do registro integral de títulos terão o mesmo valor probante dos originais, ressalvado o incidente de falsidades destes, oportunamente levantado em juízo”.
	A certidão ou traslado emana de autoridade que, aparentemente, tem poderes para tanto, firma-se verdadeiramente uma presunção de veracidade em face do princípio da confiança– que é depositada por todos no Poder Público. Trata-se de verdadeira projeção da teoria da aparência, admitida a produção de feitos para tais documentos (extensivo também aos atos administrativos em geral) por razões de utilidade pública e segurança social.
	Registre-se, ademais, incidir a mencionada regra até mesmo em documentos não assinados pelas partes, mas apenas pelo serventuário sem poderes para tanto.
	A presunção em suma, refere-se aos elementos que devem constar da escritura pública (art. 215, § 1.º, do CC), a saber:
a) Data e local de sua realização.
b) Reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunha.
c) Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação.
d) Manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes.
e) Referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimação do ato.
f) Declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram.
g) Assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto lega, encerrando o ato.
	O oficial do cartório de notas deverá elaborar a escritura pública, segundo esses seus requisitos mínimos, previstos no art. 215§ 1.º, I a VII, do CC em vigor, a falta de um dos requisitos acarretará a nulidade absoluta do ato, nos termos do art. 166, V e VI, do CC, havendo desrespeito à forma ou à solenidade, o que comprova a tese de que a escritura estão no plano da validade do negócio jurídico.
	A inobservância desses requisitos acarreta a nulidade da escritura pública, que deve ser redigida na língua nacional (§ 3º). Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma em que se expresso, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes (§ 4º).
11.2 DOCUMENTO PARTICULAR.
	A lei brasileira não se ocupou em ofertar uma conceituação do documento particular, optando, apenas, por criar uma presunção relativa de autenticidade.
	A definição, de documento particular é obtida por exclusão, sendo todo e qualquer documento não oriundo de oficial público, no exercício de suas atividades, deixando antever que a gênese do documento particular prende-se e não poderia ser diferente – à própria autonomia privada, como consectário da liberdade humana em produzir documentações.
	A noção de documento particular é de amplo espectro, abarcando infinitas formas e espécies, que não podem ser taxadas exaustivamente. Demais disso, não apenas os escritos, mas , igualmente, outras formas de materialização de acontecimentos podem ser reputados documentos particulares, como gravações, fotografias, fitas de videocassete, DVDs, etc. Daí ser lícita a conclusão de que documento particular é qualquer coisa representativa de um fato, escrita ou não, não emanada de oficial público ou por quem estiver fazendo as suas vezes.
	Art. 370 Considerar-se-á datado o documento particular:
I- no dia em que foi registrado;
II- desde a morte de algum dos signatários;
III- a partir da impossibilidade física, que sobreveio a qualquer dos signatários;
IV- da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V- do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do documento.
	Quanto ao autor do documento particular, estabelece o art. 371, do Código de Processo Civil, deve ser reputado: a) quem o fez e o assinou; b) aquele para quem foi feito, estando por ele assinado; e c) quem o mandou compor, mas não o assinou porque, consoante “a experiência comum, não se costuma assinar, como livros comerciais e assentos domésticos”.
	Dispõe o art. 221 que “o instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova a obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de transcrito no registro público”.
	Mesmo sem testemunhas, o documento particular vale entre as próprias partes, por força do art. 219, que prescreve:”As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeira em relação aos signatários”.
	O Código Civil, em seu art. 219,, estabeleceu presunção relativa de veracidade do seu conteúdo. É que, em tese, aquele que subscreveu um documento, por presunção, encontra-se ciente de seu conteúdo, motivo pelo qual se extrai a ilação de que as declarações ali constantes são verdadeiras.
	Vê-se, assim a importância conferida pelo legislador à assinatura de documentos, podendo afirmar, em imagem simbólica, que o ato de subscrição de um documento corresponde a assumir a sua paternidade, responsabilizando-se pelo seu conteúdo. É que a responsabilidade pelo conteúdo do documento (texto e declarações) é de quem o assina, consoante informa o art. 371 do Código de Processo Civil.
	Por isso, houve oportunidade de se deliberar que “a presunção juris tantum de veracidade do conteúdo de instrumento particular é invocável tão somente em relação aos seus subscritores” (STJ, Ac. unân. 4ª T., REsp. 33.200-3/SP, rel. Min. Sávio de Figueiredo Teixeira, in RSTJ 78:269).
	Essa assunção de responsabilidade quanto ao conteúdo, no entanto, não se consubstanciará nos chamados “contratos de adesão”.
	Desse modo, é certo e incontroverso que, em contatos de adesão, a presunção de veracidade do conteúdo negocial cede, não vinculando o aderente naquilo que lhe for prejudicial. Sita-se como exemplo a cláusula de foro de eleição em detrimento do aderente, que não lhe vincula, apesar de regularmente lido e assinado o contrato.
	A flexibilização pode se aplicada, também, em hipóteses nas quais o subscrito demonstre ter assinado o instrumento negocial sem o ter lido por completo ou sem entender o que estava lendo, hábito comum em certas situações, como em negócios jurídicos celebrados entre pessoas menos favorecidas ou instruídas. Trata-se de aplicação do princípio da isonomia, tratando desigualmente os desiguais.
	Merece referência, a questão do documento assinado, total ou parcialmente, em branco para posterior preenchimento do conteúdo, com inserção de cláusulas ou disposições que extravasam o pacto celebrado. A hipótese, naturalmente, cinge-se ao documento escrito, sendo impossível às demais representações documentais.
A matéria está referida no art. 388 do Código de Processo Civil, estabelecendo o legislador a cessação da presunção de veracidade do documento particular nesta hipóteses de abuso do documento assinado em branco.
	Cuida-se, sem dúvida, da aplicação da regra do art. 187 do Código Civil, caracterizando verdadeiro auso de direito por parte de quem preencheu o documento firmado em branco. Assim, ao exercer um direito de modo anormal, impõe-se o dever de indenizar. Além disso, o documento perderá a sua fé, quedando a presunção de veracidade do seu conteúdo.
	No ordenamento civil, são encontradas diversas hipóteses de legitimação para a prática de atos civis, como: a exigência de anuência do cônjuge para a alienação ou oneração de bens imóveis, independentemente do valor, salvo se o casamento foi celebrado pelo regime da separação convencional de bens (CC, art.1647); a concordância dos filhos para a celebração de doação pelo ascendente a um único de seus descendentes; o consentimento do cônjuge para que o seu consorte venha a prestar fiança ou aval.
	Registre-se, por oportuno, serem inaplicáveis os dispositivos legais que exigem outorga do cônjuge para alienar ou onerar bens imóveis, independentemente do valor, bem como para prestar aval ou fiança, nas relações convivenciais (união estável). É que a união estável constituiunião de fato, sem exigências formais, não sendo possível exigir consentimento dos companheiros para tais atos, sob pena de impor prejuízo considerável a terceiros.
	Se, eventualmente, um dos companheiros aliena ou onera bens integrantes do patrimônio comum (evidentemente, que estejam registrados em seu nome), sem a anuência do outro, o negócio é válido e eficaz, cabendo ao companheiro prejudicado buscar o ressarcimento do seu prejuízo. Ressalva-se, por evidente, a hipótese do bem-estar registrado em nome de ambos, em que o negócio deverá ser praticado por ambos, não se confundindo com a outorga.
11.3 O TELEGRAMA E SUAFORÇA PROBATÓRIA.
	É natural que o telegrama possa servir como mecanismo probatório, classificado como prova documental.
	O art.222 do Estatuto Civil encerra norma de grande utilidade pelo fato de que o telegrama, por si só, traz consigo uma presunção de veracidade, uma vez que sua conferência como os originais somente se faz necessária se houver impugnação de sua autenticidade pelo interessado. Assim, basta a simples apresentação do telegrama pra que se venha a presumir sua autenticidade, cabendo ao interessado impugná-lo, por meio de contestação ou de ação de falsidade (CPC, arts. 390 a 395).
	Interessante registrar que a presunção lega (relativa, logicamente) de autenticidade do telegrama restringe-se à forma e ao que dele consta, não podendo atingir aos fatos que estão nele consignados.
	A impugnação do telegrama pode envolver quem solicitou a expedição e quem o expediu (a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) ou quem o solicitou e quem o recebeu, como bem percebe Rennan Loturo. Importante ressaltar que na primeira hipótese existe uma relação de consumo, regulada pelo Código de Defesa do Consumidor, submetida a um sistema contratual e de responsabilidade civil autônomo, distinto do Código Civil.
	É necessário observar que o citado no art.222 do Código Civil se apresenta defasado, por olvidar que a forma moderna de transmissão de telegrama é por meio de serviço telefônico, sendo escassa a sua expedição através de ordem pessoal assinada pelos interessado na agência dos Correios e Telégrafos.
	Ademais, há necessidade de interpretação ampliativa deste artigo para nele contemplar, também analogicamente, o fax. Por óbvio, aqui também a presunção de autenticidade diz respeito, apenas, à sua emissão e forma, não atingindo o seu conteúdo. Assim, apresentado um documento em fax, presume-se a sua veracidade, cabendo ao interessado impugnar sua autenticidade.
	A jurisprudência, inclusive, já admitiu a aplicação das regras sobre o telegrama também ao fax e ao telex. Veja-se, nessa linha de ideias, não haver motivo para que não se estenda a referida regra também ao correio eletrônico.
11.4 PROVA ATRAVÉS DE CÓPIA FOTOGRÁFICA DE DOCUMENTO E NECESSIDADE DE AUTENTICAÇÃO OFICIAL.
	“A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá como prova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original” (art.223). “A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos casos em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição” (art.223, parágrafo único), em razão dos princípios da literalidade e abstração, que regem a exigibilidade dos títulos de crédito.
	“As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas, fazem prova plena destes, se a parte, contra quem foram exibidos, não lhes impugnar a exatidão” (art.225), não se exigindo que sejam autenticadas.
	O ordenamento jurídico (CPC, art.365, III) exige, como regra, a autenticação das reproduções de documentos, por oficial público, ou a apresentação dos originais em cartório para que possam ter eficácia. A medida, visa, nitidamente, resguardar a autenticidade dos documentos públicos tais como certidão de casamento, nascimento e óbito, escrituras públicas, etc.
	Não há de se imaginar, entretanto, que a autenticação deve se dar exclusivamente através de tabelião ou oficial. Com efeito, a autenticação promovida por órgãos públicos em geral (exemplificativamente, através de autarquias, fundações, órgãos do Ministério Público...), conferindo as cópias com os originais, são plenamente válidas, contando com presunção de autenticidade, cabendo ao interessado, se for o caso, impugnar a sua exatidão.
11.5 CÓPIAS PRODUZIDAS ATRAVÉS DE FAC-SÍMILE (FAX) OU QUALQUER MEIO SEMELHANTE.
	A ordem jurídica brasileira admite a prática de atos processuais através do uso de fax, em conformidade com a Lei nº 9.800/99, incumbindo à parte que dele fez utilização a juntada dos originais no prazo de cinco dias, contados do fim do prazo processual assinado ou da data em que se transmitiu o fax, se não tinha prazo assinado para a prática do ato. A não apresentação dos originais no quinquídio legal, perante o órgão judicial interessado (a quem foi dirigido o fax), implicará em inadmissibilidade do documento juntado aos autos.
	Outrossim, merece referência o fato de que a responsabilidade pela integralidade do documento transmitido e pela sua idoneidade é, naturalmente, do próprio interessado.
11.6 AUSÊNCIA DO TÍTULO DE CRÉDITO OU DO DOCUMENTO ORIGINAL E IMPOSSIBILIDADE DE SUPRIMENTO DE PROVA.
	Exige o legislador a apresentação do original do título de crédito para que possa produzir efeitos concretos em favor do credor, como por exemplo, para funda o processo de execução.
	Efetivamente, como o título de crédito vale pelo que contem, regido pelos princípios da literalidade, cartularidade, autonomia e abstração, a exigência legal apresenta-se de significativo interesse prático. Assim sendo, a produtividade de efeitos concretos pelos títulos de crédito depende da sua apresentação no original, não sendo admitida cópia, nem mesmo regularmente autenticada.
	É oportuno registrar, entrementes, que o art. 39 da Lei nº9.492/97, permite a utilização de reprodução de título de crédito, por microfilme ou outro meio de processamento eletrônico de imagem, quando autenticado pelo tabelião de protesto (ou seu substituto ou escrevente autorizado), para fins de protesto de título guardando o mesmo valor do original, independentemente de restauração judicial.
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12 USO OBRIGATÓRIO DO VERNÁCULO NOS DOCUMENTOS E AS REGRAS DO MERCOSUL.
	Aduza-se, por fim, que “os documentos redigidos em língua estrangeira serão traduzidos para o português para ter efeito legais no País”(art.224). O dispositivo está em consonância com o art.129, § 6º, da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73). A tradução deverá ser feita por tradutor juramentado, gozando, assim, de fé pública. Determina o art.124 da mencionada lei que os escritos em língua estrangeira, para produzirem efeitos no Brasil, terão, necessariamente, de ser traduzidos para o vernáculo e tal tradução deverá ser registrada. CARLOS ROBERTO GONÇALVES.
	Coadunando-se com a regra emanada da Lex Mater, notadamente no caput do art. 13, que prescreve ser a língua portuguesa o idioma oficial da República Federativa do Brasil, determina no art.224 do Código Civil. Os documentos produzidos no país (inclusive os instrumentos negociais) devem estar em língua portuguesa, garantido fácil acesso ao seu conteúdo por todos, além de corresponder a uma exigência decorrente de motivações atreladas à própria soberania nacional. CRISTIANO CHAVES DE FARIAS E NELSON ROSENVALD.
	É nulo de pleno direito o negócio jurídico redigido em língua estrangeira, dificultando a compreensão do seu conteúdo.
	Note-se, ademais, ser lícito afirmar que os documentos estrangeiros devem ser traduzidos pra o vernáculo antes mesmo de serem colacionados ao processo. De maneira a garantir a idoneidade do documento, exige-se que a tradução seja realizada por tradutor juramentado, que goza de fé pública, consoante a regra do Decreto nº13.609/43.
	Importante salientar que a formaçãode um documento redigido em idioma estrangeiro violando as regras citadas não o torna inválido (nulo ou anulável). Na verdade, a norma legal não diz respeito à constituição do documento, mas sim à sua utilização concreta, especialmente em juízo, cabendo ao juiz realiza a valoração no caso concreto.
	Importante registrar que com o advento da globalização e, dentre os seus reflexos, com a implementação do Mercosul, surgiram novas regras quanto à formação de documentos em línguas estrangeiras, nos países integrantes do acordo internacional (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, como países integrantes do Mercosul, e mais o Chile e a Bolívia).
	É que, de acordo com o Decreto nº2.067/96, em seu art.26, que recepcionou o Protocolo de Cooperação e assistência Jurisdicional (Protocolo de Las Leñas), os documentos produzidos em língua espanhola, entre os países que compõem o Mercosul, têm o mesmo valor proante dos documentos escritos em vernáculo, estando, inclusive, isentos de toda e qualquer formalidade quando tiverem de ser apresentados em outro território de algum país-membro, conferindo verdadeira unidade a tias escritos.
	Já se reconheceu que a tradução de documento redigido em língua espanhola integra uma etapa burocrática, cara e morosa, que, à luz da nova ordem internacional em que se insere o Brasil, não em mais cabimento, como bem salientou a Corte de Justiça Paulista.
	Considerando o direito comunitário, especialmente s regras do Mercosul, para asseverar que somente será necessária a tradução de documentos redigidos em língua espanhola quando, diante do caso concreto, não for possível a sua perfeita compreensão ou suscitar alguma dúvida. Fora disso, é despicienda e procrastinatória a tradução de documentos redigidos em espanhol, quando for possível a sua compreensão.
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13 PROVA DOCUMENTAL ATRAVÉS DE REPRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS, CINEMATOGRÁFICAS, REGISTROS FONOGRÁFICOS E REPRODUÇÕES MECÂNICA E A ADMISSIBILIDADE DE FOTOGRAFIAS DIGITAIS.
	
	As reproduções documentais, sejam fotográficas ou cinematográficas (com reprodução de imagens, estática e dinâmica respectivamente), sejam fonográficas, sejam de qualquer natureza, inclusive eletroeletrônicos, se não impugnadas fazem prova pela dos fatos representados constituindo verdadeira presunção de autenticidade.
	Em razão dessa presunção relativa de autenticidade, em relação à reprodução reprográfica, cinematográfica, fotográfica ou eletrônica em geral, a parte prejudicada pelo conteúdo dos documentos apresentados possui legitimidade para lhes impugnar a exatidão. Não havendo impugnação, presume-se a autenticidade do documento.
	Esta impugnação pode ser feita por meio de contestação ou incidente de falsidade (CPC, art.390). Caberá ao interessado, nesta hipótese, demonstrar que reprodução é falsa, seja por representar um fato que não corresponde à verdade, seja porque o fato representado, embora verídico, é distinto daquele que se pretende provar.
	Quando se tratar de fotografia apresentada como prova deverá para que possa surtir efeitos, estar acompanhada do respectivo negativo, atendendo ao que preceitua o art. 385, § 1º, do Código de Processo Civil, evitando montagens e falsificações.
	A câmera fotográfica com filme caiu em desuso, tornando-se obsoleta, em razão do desenvolvimento e do facilitado uso das câmeras digitais, nas quais não há filme negativo onde seriam registradas as impressões luminosas. A solução que merece prestígio, à luz, inclusive, do art.225 da Codificação Realce, é a admissibilidade da fotografia digital, independentemente da juntada do cartão de memória, somente sofrendo restrições se houver impugnação expressa da parte interessada – hipótese em que o juiz decidirá, com esteio no livre convencimento motivado. Não havendo qualquer contradita, a fotografia digital de ser admitida.
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14 LIVROS E FICHAS DOS EMPRESÁRIOS E SOCIEDADE
	“Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertence, e, em seu favor, quando escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios” (art.226). “A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos” (art. 226 parágrafo único). CARLOS ROBERTO GONÇALVES.
	Especificamente o empresário, por conta de sua atividade plural e aberta, deve manter os livros devidamente escriturados (CC, art.1.179), os quias deverão ser produzidos por contabilista legalmente habilitado (CC, art. 1.182), com a observância das formalidades legais (CC, arts. 1.180 a 1.196). CRISTIANO HAVES DE FARIAS E NELSON ROSENVALD.
	Assim, os livros dos empresários, que devem atender a determinadas formalidades, podem servir como prova.
	O Código Civil, em opção mais ampla do que a do legislador processual, admite que os livros comerciais façam prova contra o seu titular ou em seu favor, podendo serem admitidos, pois, contra terceiros. Entretanto, o ônus de provar que as informações constantes dos livros são verídicas pertence, obviamente, ao seu autor, ou seja, ao empresário.
	O exame dos livros empresariais, tende à verificação da contabilidade geral de empresas, podendo ser realizado pelo sócio (ou por terceiro interessado) com o propósito de esclarecer dúvidas ou fiscalizar a regularidade do balanço, independentemente de instauração de lide.
	A prova pericial contábil em empresas, é realizada em juízo, com o escopo de apurar fatos ou situações que reclamem conhecimento técnico específico, como elucida JOÃO BATISTA LOPES, não apenas em ações que digam respeito à empresa, mas também para precaver interesses de terceiros, como, por exemplo, em ação de alimentos, com o propósito de promover uma avaliação contábil da pessoa jurídica. 
15 PROVA PERICIAL
	Existem hipóteses em que o esclarecimento de fatos exige uma percepção especial, um conhecimento técnico não reconhecido a todos. A prova pericial é aquela destinada a elucidar fatos que exigem percepção técnica e qualidades sensoriais especializadas dos observadores, aliadas a conhecimento científicos e técnicos.
	Exemplos de perícias podem ser citados: o exame DNA realizado por médico em ação de investigação de paternidade, o levantamento topográfico realizado por geólogo em ação reivindicatória ou mesmo a avaliação contábil realizada por profissional em contabilidade em ação de prestação de contas.
	A perícia pode consistir em exame, vistoria, avaliação ou arbitramento, a depender do caso concreto, sendo inadmissível, nos termos do art. 420 do código de Ritos, quando a prova não depender de conhecimento técnico (sendo a percepção do fato possível ao homem comum), for desnecessária por conta das demais provas produzidas ou a verificação tiver se tornando impraticável.
	Exame é a apreciação de alguma coisa, por peritos para auxiliar o juiz a formar a sua convicção. Exemplos: exame grafotécnico, exame hematológico nas ações de investigação de paternidade, etc.
	Vistoria é também perícia, restrita porém a inspeção ocular. É diligência frequente nas ações imobiliárias, como possessórias e demarcatórias. A vistoria destinada a perpetuar a memória de certos fatos transitórios, antes que desapareçam, é denominada ad perpetuam rei memoriam, regulada atualmente no capítulo do Código do Processo Civil que trata da “produção antecipada de provas”(arts.846-851).
	A avaliação é a atribuição ao bem do seu valor de mercado. O arbitramento é forma de avaliação; é o exame pericial destinado a apurar o valor de determinado bem, comum nas despropriações e ações de indenização.
	Devido aos custos com a realização da perícia, a doutrina tem entendido que deve o juiz evitar a perícia sempre que for possível “de forma mais simples ou menos onerosa, apurar a veracidade das alegações das partes”, valendo-sede outros meios para a sua convicção, como acentua JOÃO BATISTA LOPES.
	O perito tem e ser pessoa natural, gozando da confiança do juiz, podendo sofrer as escusas permitidas em lei para o juiz (impedimento ou suspeição), com o propósito de assegurar que a sua atuação esteja limitada cabalmente aos aspectos técnicos de sua especialidade.
	O juiz há de estar mais próximo possível da perícia, acompanhando, se possível, a realização do ato até mesmo porque não o vincula, podendo a decisão repelir as conclusões da perícia (CPC, art.436). Pode, ainda, determinar a realização de nova perícia ou que sejam prestados esclarecimentos pelo perito, exatamente com o propósito de formar sua convicção.
	A perícia, em nenhuma situação, vincula o magistrado, em razão do princípio da persuasão racional, podendo ser extraído o seu juízo de valor livremente dos autos. Pode o juiz, inclusive, dispensar a perícia, se a entender desnecessária em face de outras provas já efetivamente produzidas.
	O atual Código Civil contém, esse Título V, dois artigos novos: o 231 (“Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveita-se de sua recusa”) e o 232 (”A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame”). A jurisprudência já se adiantar, pois vinha proclamando, em ações de investigação de paternidade, que “a recusa ilegítima à perícia médica pode suprir a prova que se pretendia lograr com o exame frustrado”.
	O Superior Tribunal de Justiça, na mesma linha de pensamento, já vinha decidindo que “a recusa do investigado em submeter-se ao exame DNA, aliada à comprovação de relacionamento sexual entre o investigado e a mãe do autor impúbere, gera a presunção de veracidade das alegações postas na exordial”. Tal entendimento foi sedimentado com a edição da Súmula 301, do seguinte teor: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”.
	A Lei nº12.004, de 29 de julho de 2009, mandou acrescer à Lei Nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, o art. 2º-A, cujo parágrafo único assim dispões: “A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético – DNA – gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório”. Observa-se que a referida lei não inovou, mas, antes, repetiu o que já vinha sendo aplicado pela jurisprudência.
15.1 PERÍCIA MÉDICA NECESSÁRIA E A NÃO APROVEITABILIDADE DA RECUSA EM SUBMETER-SE À PERÍCIA.
	Apesar do reconhecimento do princípio do livre convencimento motivado (CF, art. 93, e CPC, art.131), não se pode olvidar que em determinadas situações específicas, impõe a norma a realização da perícia, de modo auxiliar o convencimento do julgador.
	Exemplos cotidianos dessas situações, nas quais o exame pericial é obrigatório para o convencimento do julgador, podem ser trazidos à baila com a perícia médica em ações de interdição (CPC, art.1.183) e com as ações filiatórias (investigação de paternidade e negatória de paternidade), nas quais o exame de DNA permite a determinação do vínculo parental com mais de 99,999 de acerto.
15.2 INAPLICABILIDADE DA REGRA LEGAL A CASOS ESPECÍFICOS DE JUSTIFICADAS RECUSAS AO EXAME MÉDICO (HOMENAGEM AO PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE)
	Não é demais registrar a possibilidade de recusa lícita à realização de perícia médica, afastando a regra da impossibilidade de recusar-se à perícia e invocá-la em seu favor(CC, art.231), em casos específicos, sopesados e acordo com técnica de ponderação de interesses.
	A questão assume enorme importância prática, não sendo raras as dramática situações vivenciadas por pessoas que recusam em submeter-se a exames periciais por conta, por exemplo, de suas convicções religiosas.
	É o significativo exemplo dos seguidores da Igreja Testemunha de Jeová que por força de crença religiosa (cuja liberdade é assegurada constitucionalmente como garantia fundamental), não admitem o recebimento da transfusões de sangue, podendo, via de consequência, eventualmente, recusar-se a realização de perícias médicas que envolvam a prática de atos hematológicos. Em tal hipótese, vislumbra-se um verdadeiro conflito de valores, impondo-se pesar na balança (técnica de ponderação dos interesses) a licitude da recusa em submeter-se à perícia médica, em razão de valores religiosos, e a imprescindibilidade da perícia para o esclarecimento dos fatos.
	Nesta hipótese específica, a solução, que atende mais amplamente à dignidade humana, sem dúvida, deve ser o respeito à liberdade religiosa, à convicção íntima não se lhes aplicando a norma em apreço. A questão, todavia, depende fundamentalmente do caso específico, não sendo possível estabelecer soluções apriorísticas.
	Não é demais lembrar que do princípio da dignidade humana, vetor e ápice de todo o sistema jurídico brasileiro, defluem, além do inderrogável respeito à integridade física, as ideia de proteção à integridade psíquica e intelectual e às condições mínimas de liberdade e igualdade, denotando, com clareza meridiana, a necessária tutela à liberdade de credo, cuja violação significa, no final das contas, infringência o próprio conceito de vida digna.
	A resolução nº1.021/80 do Conselho Federal e Medicina – CFM, e os art.s46 e 56, do Código de Ética Médica, autorizem os médicos a pratica a transfusão de sangue em seus pacientes, independentemente e consentimento, se houver iminente perigo de vida, a solução que deve vingar outra, não podendo prevalecer a ideia de que o direito à liberdade religiosa cede indisponibilidade do direito ao corpo, apesar da induvidosa inclinação normativa neste sentido.
	Com certeza, entender que a liberdade de religião deve ser sacrificada em respeito à intangibilidade do direito à vida e ao corpo humano é desconsiderar outro aspecto fundamental e igualmente indisponível da personalidade, que é a liberdade de crença . Seria desprezar uma compreensão mais elástica da personalidade, na qual se inclui, inexoravelmente, a intelectualidade humana, para represá-la apenas na dimensão física da pessoa.
16 A PRESUNÇÃO
16.1 CONCEITO.
	
	Presunção é a ilação que se extrai de um fato conhecido para se chegar a um desconhecido. Não se confunde com indício, que é o meio que de se chegar a uma presunção. Exemplo de presunção: como é conhecido o fato de que o credor só entrega o título ao devedor por ocasião do pagamento, a sua posse pelo devedor conduz à presunção de este haver sido pago (CC, art.324). Podem ser mencionadas, ainda, a morte presumida (art.6º), a gratuidade do mandato (art.658) e a boa-fé (art.1.203), dentre outras.
16.2 ESPÉCIES DE PRESUNÇÃO
	As presunções podem ser:
Legais (juris): as que decorrem da lei, como a que recai sobre o marido, que a lei presume ser pai do filho nascido de sua mulher, na constância do casamento.
Comuns (hominis): as que se baseiam no que ordinariamente acontece, na experiência da vida. Presume-se, por exemplo, embora não de forma absoluta, que as dívidas do marido são contraídas em benefício da família. CARLOS ROBERTO GONÇALVES.
Simples (hominis): quando deduzidas pelo juiz da causa ou pelo aplicador do direito, deixadas ao seu livre critério, guiado pela equidade e pela razoabilidade. FLÁVIO TATUCE.
	Dispõe o art.230 do Código Civil:
“Art.230. As presunções, que não as legais, não se admitem nos caos em que a lei exclui a prova testemunhal” (CC, art.230). CARLOS ROBERTO GONÇALVES
	O dispositivo trata das presunções que não decorrem da lei. Não são admitidas nos negócios jurídicos cujo valor ultrapasse o décuplo do salário mínimo,vigente no País ao tempo em que foram celebrados, bem como em outros casos previstos em lei (CC, art.227).
	As presunções legais dividem-se em:
Absolutas (juris et de jure); as que não admitem prova em contrário. A presunção de verdade atribuída pela lei a certos fatos é, nestes casos, indiscutível. Exemplo: a de que são fraudatórias dos direitos dos outros credoresas garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor (CC, art.163). CARLOS ROBERTO GONÇALVES.
	Presunções absolutas são mais raras. Como exemplo de presunção absoluta, pode ser apontada a presunção iure et de iure de vulnerabilidade do consumidor, o que justifica a plicação do Código de Defesa do Consumidor, o que justifica a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, norma essencialmente protetiva. Nessa linha, Roberto Senise Lisboa aponta que “a presunção absoluta de vulnerabilidade do consumidor deve ser entendida nos limites propostos pelo próprio microssistema positivado. Assim, entende-se que o consumidor é vulnerável “no mercado de consumo”, isto é, quando sujeita-se às práticas de oferta, publicidade e de fornecimento de produtos e serviços, bem como aos contratos referentes à aquisição deles” (Responsabilidade civil..., 2001, p.85). A conclusão é retirada da análise do art.4º, inc. I, da Lei 8.078/1990. FLÁVIO TATUCE.
	Relativas (juris tantum): as que admitem prova em contrário. Por exemplo, a presunção de paternidade atribuída ao marido, em relação ao filho de sua mulher nascido na constância do casamento, pode ser elidida por meio da ação negatória de paternidade (CC, art.1.601). CARLOS ROBERTO GONÇALVES.
	Relativas (iuris tantun),admitem prova em contrário e são mais comuns e podem ser observadas em vários dispositivos da codificação privada, como no art.322, presunção de pagamento, e no art.1.597, presunções de paternidade. FÁVIO TARTUCE.
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17 PROVA TESTEMUNHAL
	Prova testemunhal é aquela produzida mediante a inquirição de pessoas humanas, estranhas no processo que, possuem conhecimento (não técnico), direto ou indireto, acerca de fatos que interessam ao desate da causa ou que presenciam um determinado acontecimento (ato). CRISTIANO CHAVES DE FARIAS E NELSON ROSENVALD
17.1 ESPÉCIES DE TESTEMUNHAS
	As testemunhas podem ser instrumentárias ou judiciárias. As instrumentárias são aquelas que assinam o instrumento e as judiciárias são aquelas que prestam depoimento em juízo.
	Por isso, distinguem-se, de modo geral, as testemunhas instrumentárias das testemunhas judiciais, também ditas de fato. Enquanto as instrumentárias apenas presenciam situações jurídicas concretas, compondo a estrutura externa de determinados negócios jurídicos, não sendo mister que tenham conhecimento de seus motivos (exemplos de testemunhas instrumentárias são as testemunhas de um contrato, de um testamento ou de um casamento). As judiciais presenciaram um fato passado que se encontra sub judice e precisa ser demonstrado com vistas no convencimento do magistrado.
	Não se confundem ainda, com a testemunha referencial e com a indiciária.
A testemunha referencial ou abonatória é a que esclarece fato narrado por outra testemunhal, em face de seu conhecimento mais acurado ou da necessidade de detalhes. São bastantes comuns em ações penais, quando alguma testemunha informa ter obtido conhecimento do fato por declarações ou relato de terceiro, evidenciando o interesse de também inquirir a referida pessoa.
	A outro giro, diz-se indiciária ou de ouvida a testemunha cujo conhecimento acerca dos fatos probandos é apenas por ouvir dizer, ou seja, o seu conhecimento a partir de informações de terceiros ou de simples rumores.
	Apesar de ácidas críticas, especialmente por conta da falibilidade dos testemunhos, que são permeados pela própria falibilidade humana, e das naturais contingências que envolvem a produção, todos os ordenamentos jurídicos admitem a prova testemunha, por conta de sua imprescindibilidade em determinadas causas, como nas ações possessórias, de usucapião e nas separações judiciais litigiosas, não raro constituindo-se em único meio de prova possível, como em ações de reparação de danos por acidente de veículos.
17.2 ADMISSIBILIDADE DA PROVA TESTEMUNHAL
	A prova testemunhal é menos segura do que a documental. Por essa razão, só se admite, “salvo os caos expressos, a prova exclusivamente testemunhal nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados”. “Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito” (CC, art.227 e parágrafo único).
	A prova testemunhal, que resulta do depoimento oral das pessoas que viram, ouviram ou souberam dos fatos relacionados à causa, por estar impregnada de alto grau de subjetividade, é sempre alvo de críticas dentro do sistema jurídico. Daí as restrições à sua admissibilidade ampla, como a feita no presente artigo.
	Embora não se admita prova exclusivamente testemunhal nos contratos, o comodato, por exemplo, cujo valor exceda ao limite previsto em lei, há uma tendência pra considerar que, quanto aos efeitos pretéritos do contrato, é admissível a prova exclusivamente testemunha, qualquer que seja o seu valor. Assim, “quando se tratar, da prova da existência da sociedade em si, nas de um fato consumado, a comunhão de bens e interesses, qualquer meio de prova é admissível”. CARLOS ROBERTO GONÇALVES.
	Há fatos que somente podem ser demonstrados através de prova documental ou pericial, não sendo possível ao magistrado deferir prova testemunha para eles (é o exemplo de uma demarcação de terras). Naturalmente, portanto, considerada a gama infinita de enganos e falsidades que pode assolar a prova testemunhal, são estabelecias na lei civil (assim como na lei processual civil, arts.400 a 4002 do Código de Processo Civil) condições para a sua aceitação. CRISTIANO CHAVES DE FARIAS E NELSON ROSENVALD.
	É possível afirmar que a prova testemunhal é inadmitida nas seguintes hipóteses: o fato jurídico (em sentido amplo) somente puder ser provado por escrito (como no típico exemplo dos contratos de compra e venda de imóveis e de seguro), se a demonstração do fato depender de prova técnica, nos termos do art. 400 do Código de Ritos Civis (sendo possível exemplificar com um levantamento contábil), se o negócio jurídico tem valor superior ao décuplo do salário mínimo vigente no país (CC, art.227).
	A restrição legal parece encerrar indevido resquício de discriminação social em face da condição econômica da parte, retirando daquele que celebra negócios mais vultosos o direito (constitucionalmente assegurado no art.5º, XXXV) de produzir amplamente prova,inclusive testemunhal, vulnerando frontalmente o princípio da igualdade substancial, proclamado pelos arts. 3º e 5º da Magna Carta. Ademais, se a Constituição da República garantiu amplo e irrestrito acesso à Justiça, motivo pelo qual vislumbra-se, como visto alhures, um direito constitucional à prova, não é possível restringir, em sede infraconstitucional, a produção da prova testemunhal, sob pena de absoluta incompatibilidade com a carta Maior.
	O Superior Tribunal de Justiça, revelando preocupação em adequar a legislação infraconstitucional ao novo espírito jurídico emanado do Texto Magno, manifestou-se pela colisão frontal da restrição aqui em análise com os direitos fundamentais constitucionais, entendendo não se harmonizar com a Carta Constitucional a impossibilidade de produzir prova testemunhal em razão do valo do negócio jurídico. Afirmou-se, não sem razão, que “a Constituição da República admite qualquer espécie de prova. Há uma restrição lógica: obtida por meio ilícito (art.5º, LVI). Note-se: integra o rol dos direitos e garantias fundamentais.” Logo, qualquer “restrição afeta a busca do direito justo”, entendeu a Colenda Corte. “Autor e réu (sentido amplo do termo, para alcançar qualquer espécie de postulante e a quem se postula) têm direito de demonstrar o que afirmam”.
	Ainda que superada fosse a questão da inconstitucionalidade da norma legal em apreço(CC, art.227), a sua compreensão estaria, inexoravelmente, relativizada, não se admitindo a restrição da utilização da prova testemunhal em determinadas situações concretas, por conta de sua imprescindibilidade.
	Em situaçõesnegociais concretas nas quais as partes não tenham como demonstrar os fatos que abonam o seu direito, senão com testemunhas, ou em contratos que habitualmente são celebrados oralmente, sempre foi perfeitamente admitida a prova testemunha, sem qualquer restrição, independente do seu valor. São exemplos do contrato de trabalho, de corretagem ou mediação, de prestação de serviços, de empreitada, do contrato agrário, do contrato de gado, da parceria rural, da prestação de serviços de táxi, da sociedade de fato, dentre outros, que são celebrados sem preocupações com instrumentos escritos.
	Havendo começo de prova por escrito, admitir-se-ia a prova testemunhal, em qualquer hipótese, independente do valor do negócio que se pretende provar, através de declarações que pode tornar verossímil o negócio que se pretende provar, como, bilhetes, cartas, anotações, gráficos, orçamentos sem assinatura, minutas, fax, e-mail, o conhecido “vale”, a prova testemunhal poderá servir de forma complementar. Saliente-se, inclusive, que esta prova que se inicia por escrito não se materializa, necessariamente, através de documentos assinados pela parte contrária, dependendo sempre do caso concreto.
	A restrição legal de utilização da prova testemunhal não pode atingir pessoas estranhas ao contrato, apenas dirigindo-se aos negociantes, admitido ao terceiro interessado produzir prova testemunhal para evidenciar a existência do contrato e a produção de efeitos em relação a si.
	A restrição à prova testemunhal confina-se, unicamente aos efeitos decorrentes do conteúdo do negócio jurídico celebrado, não atingindo qualquer outro fato, pois se refere apenas à prova do contrato. Por isso, ilustrativamente, se se pretende provar, com testemunhas, fatos que venham a impor um dos contratantes o dever de indenizar, independentemente do valor do negócio celebrado, admite-se prova testemunhal, quedando a restrição.
	Para os negócios jurídicos com valor superior a dez salários-mínimos, a prova testemunhal continua sendo admitida, de forma complementar aos demais meios e fontes de prova (confissões, documentos e perícias) – art.227, parágrafo único, do CC. Essa regra, aliás, deve ser aplicada para qualquer que seja o valor do negócio. FLÁVIO TARTUCE.
	“Art.402. Qualquer que seja o valor do contrato, admissível a prova testemunhal, quando:
I – houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da parte contra quem se pretende utilizar o documento como prova;
II – o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel”.
	Nas situações descritas pelo Código de Processo Civil, portanto, não devem ser aplicadas as regras constantes do comando material em análise, eis que a regra processual é especial, prevalecendo sobre a geral, aplicando-se a regra geral relacionada com a especialidade, para resolver a antinomia ou lacuna de conflito. FLÁVIO TARTUCE.
17.3 O DIREITO AO SILÊNCIO DA TESTEMUNHA E DAS PRÓPRIAS PARTES.
	No campo civil é possível a discussão acerca de um número infinito de fatos controvertidos, sobre os quais se formou a demanda. Nem todos, porém, devem ser revelados. Alguns, por estarem acobertados com reserva legal de sigilo (como, por exemplo, os dados bancários, telefônicos e fiscais). Outros, porque a sua revelação poderá expor a vida privada ou familiar da parte, da testemunha ou mesmo de um terceiro, martirizando a garantia constitucional à intimidade.
	O magistrado deverá realizar um juízo de ponderação, de modo a legitimar a recusa da parte ou da testemunha de revelar fatos atinentes à sua privacidade, vida íntima familiar ou a determinados aspectos sigilosos de sua profissão. Em relação a tais aspectos, não se pode impor a quem quer que seja o dever de apresentar esclarecimentos sobre os fatos (mesmo que inexista regra legal de sigilo), sob pena de comprometer a fundamentalidade das garantias constitucionais.
	A partir de tais ideias, infere-se, com tranquilidade, a possibilidade de, em cada caso concreto, em atividade de ponderação, ser considerada lícita pelo magistrado a recusa da parte ou da testemunha de depor sobre determinados fatos, apesar de não estarem resguardados com sigilo por texto expresso de lei.
17.4 A PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHA POR MEIOS ELETRÔNICOS
	Fora da sintonia dos novos tempos, silenciou o Código Civil sobre a possibilidade de colheita da prova testemunhal por meios eletrônicos, como a chamada “teleconferência” ou outro meio de transmissão de imagens e voz.
	Com a natural evolução da tecnologia e dos meios de comunicação, impõe-se ao ordenamento jurídico acompanhar a modernidade, dotando seus operadores de recursos mais avançados que permitam otimizar os trabalhos judiciais. Admitir, pois, a coleta da prova testemunhal por meio de “teleconferência” ou outros mecanismos de comunicação é a consequência lógica dos novos tempos possibilitando ao juiz, advogados e ao representante do Ministério Público, nas causas em que estiver intervindo, assistirem ao depoimento e formularem perguntas, tendo contato mais estreito com testemunhas “de fora da terra”, ou seja, que estejam em outro local, muitas vezes a milhares de quilômetros, dada a própria dimensão continental do nosso país.
	A regulamentação deste hipótese reclama cuidados especiais, impondo-se que o depoimento seja prestado em juízo, na presença do magistrado local e somente tolerado em casos específicos, como na hipótese de urgência ou relevância.
17.5 DEPOIMENTO DE UMA ÚNICA TESTEMUNHA COMO MEIO DE PROVA
	A valoração da prova testemunhal não pode ser medida pelo número de testemunhos colhidos. Fundamentos outros dever se sopesados como a coerência interno do depoimento, o conhecimento direto dos fatos ocorridos, o tempo dessa observação e, finalmente, a inexistência de falhas do testemunho, por deficiência de percepção, memorização, ignorância ou mesmo dificuldade de reprodução, carência verbal ou outro motivo relevante.
	Ainda que se trate de testemunha única, se o depoimento é claro, sem discrepâncias ou vacilações, e trata-se de testemunha desimpedida (processual e materialmente), não há porque retirar valor probante. Ao revés, será suficiente para esclarecer a verdade dos fatos.
17.6 CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE DAS TESTEMUNHAS
a) Generalidades
	O direito brasileiro, apresenta um rol de pessoas impossibilitadas de prestar testemunho, por motivos diversos, regulando a matéria nos arts. 228 do Código Civil, FLÁVIO TARTUCE:
a) os menores de dezesseis anos
Inicialmente, os menores de 16 anos, menores impúberes e absolutamente incapazes (art.3º, III, do CC), não podem ser ouvidos como testemunhas, sendo considerado, pela lei processual, como incapazes para a prova (art.405, 1º, III, do CPC). No caso em questão, não merecerá subsunção a exceção do art. 405, §4º, do CPC (oitiva como informante). Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, apesar de menores púberes, podem ser ouvidos, desde que demonstrem discernimento para tanto.
b) aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil.
	De acordo com o que foi mencionado, deve-se compreender que a expressão, enfermidade mental equivale à antiga loucos de todo o gênero, optando o legislador pela troca de expressões por entender que a anterior era discriminatória e afastava da valorização da dignidade da pessoa humana que consta do texto constitucional (art.1º, III, da CF/1998).
	À luz do Código de Processo Civil, os enfermos e doentes mentais interditados devem ser considerados incapazes para testemunhar. É interessante notar a norma processual em questão faz referencia expressa à interdição, constando texto melhor detalhado no último inciso citado, a saber: “o que, acometido, por enfermidade ou debilidade mental ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou ao tempo em que deve depor, não está habilitadoa transmitir as percepções.
os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam.
	De acordo com o art.228, III, do atual Código Civil, não podem sr admitidos como testemunhas os cegos e os surdos. Quanto aos últimos, que não podem expressar-se, não estão mais incluídos expressamente como absolutamente incapazes, preferindo o legislador referir-se a eles da seguinte forma: “os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade” (art.3º, III, do CC). Essa disposição ampla também inclui o surdo-mudo naquelas condições. Já o cego, por regra, é considerado capaz, salvo situações especiais. Porém, em relação a condição de testemunha há incapacidade os dois casos, inclusive conforme o art.405, §1º, IV , do CPC, que veda a possibilidade de a pessoa testemunhar quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhe faltam. Essa é também a inteligência do que consta e constava de codificação privada, devendo ser mantida a regra processual por ser específica.
d) o interessado no litígio, o amigo íntimo ou inimigo capital das partes
e) os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais até o terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade.
	A regra aplica-se tanto ao parentesco consanguíneo (pais, avós, filhos, netos, irmão e tios) como por afinidade (sogro, sogra, madrasta, padrasto, enteados e cunhados), e mesmo àquele decorrente de parentesco civil (adoção, parentalidade socioafetiva ou inseminação artificial heteróloga.
	De acordo com art.226,§3º, da CF/1998, entendemos que o mesmo impedimento existe para as relações decorrentes da união estável conforme vem entendendo a jurisprudência. Ainda de acordo com a jurisprudência, os descendentes podem prestar depoimentos em causas que envolvam o casamento ou a união estável de seus ascendentes. FLÁVIO TATURE.
	Embora a regra geral seja a ampla possibilidade de qualquer pessoa estranha ao processo, isto é, sem interesse na solução da lide, servir como testemunha, em todos poderão testemunhar, em face do interesse superior de que a testemunha seja descompromissada e o seu depoimento espelhe, no máximo possível, a sua sincera percepção dos fatos relatados, evitando problemas para si mesmo, para as partes e para o juízo. Assim exige-se, como condições de admissibilidade da testemunha a capacidade de testemunhar, a compatibilidade com o múnus e a idoneidade da pessoa. CRISTIANO CHAVES DE FARIAS E NELSON ROSENVALD.
	Ao disciplinar a matéria, a lei processual dividiu as hipóteses de inadmissibilidade do testemunho em diferentes causas: incapacidade de testemunhar (§1º do art.405), impedimento de testemunha (§2º do art.405), acatando verdadeira gradação da inadmissibilidade de prestar depoimento. Incapazes são aqueles que não possuem condições pessoais de esclarecer adequadamente os fatos, enquanto impedidos são os que não podem depor com a necessária imparcialidade ou isenção de ânimo, em face de objetiva motivação. Já as pessoas suspeitas de testemunhar são aquelas que não merecem credibilidade por motivos subjetivos.
	O art.228 do Código Civil não promoveu qualquer distinção entre as três diferentes hipóteses, tratando-as como sinônimas e com idênticos efeitos, sob a expressão “não podem ser admitidos como testemunhas”, criando aparente conflito entre os dispositivos.
	Ora, sendo a inadmissibilidade da testemunha excepcional, deve o motivo gerador estar cumpridamente provado, não bastando meras alegações. Já se afirmou, por isso, que o “requisito moderno para uma pessoa ser testemunha é não evidenciar interesse no desfecho do processo”.
	Logicamente, a norma somente tem aplicabilidade em relação às testemunhas judiciárias (de fato), não incidindo quanto às testemunhas instrumentária que cumprem, como visto, apenas, função de convalidação de determinados negócios jurídicos.
b) A Inadmissibilidade Do Testemunho De Quem Vive Em União Estável
	Não se pode perder de vista que o fundamento da vedação constante no dispositivo mencionado é, sem dúvida, a relação afetiva existente entre as pessoas ali contempladas, interessando o respeito ao vínculo sentimental, dando a exata percepção de que o rol de pessoas inadmitidas a prestar testemunho tem de ser compreendido pelo viés afetivo, encartados nele quem vive em união estável ou em uniões homoafetivas.
	A inadmissibilidade do testemunho perdura na constância da relação afetiva desaparecendo, em princípio, quando de sua dissolução. Não se olvide, entretanto a possibilidade de, após a ruptura, se caracterizar inimizade capital ou interesse no deslinde da causa, caracterizando outra hipótese de inadmissibilidade do depoimento ( interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes – Inciso IV do referido artigo). CRISTIANO DE FARIAS E NELSON ROSENVALD.
c) A Inadmissibilidade Por Relação De Parentesco
	Em razão do parentesco a inadmissibilidade do testemunho alcança os parentes em linha reta – ascendentes ou descendentes – ilimitadamente e os parentes colaterais até o terceiro grau. Importante assinalar que, em ambas as hipóteses, o parentesco pode se natural ou por afinidade, inovando-se em relação à legislação processual.
A inadmissibilidade, tem fundamento no natural interesse que a pessoa possui de que o seu parente seja vitorioso na contenda, não se podendo lhe exigir um relato fiel dos fatos postos em juízo.
d) A Inadmissibilidade Por Interesse No Litígio
	A expressão “interesse no litígio” carrega inescondível carga de subjetivismo, dada a sua fluidez e imprecisão, deixando a solução para o caso concreto.
	É possível afirmar que o interessado no desfecho da causa é aquele em cuja esfera jurídica de interesses se produzirão efeitos, como o sócio, o cessionário de direitos, o sublocatário, o fiador etc. Exige-se, de qualquer maneira, a prova efetiva da causa concreta, real, de interesse, não sendo possível afirmar a existência de um interesse abstrato, genérico,na solução da lide.
	O simples fato da testemunha ter demandado em juízo uma das partes do processo em que irá depor (fato muito comum no processo do trabalho, quando a testemunha, não raro, é ex-empregado do reclamado e contra ele já promoveu ação) não gera a inadmissão do seu testemunho, uma vez que o interesse vedado por lei é aquele individualizado, dirigido ao caso concreto.
e) A Inconstitucionalidade Da Inadmissão De Testemunha Por Seus Costumes
	A dignidade da pessoa humana proclamada como o seu motor de impulsão, revela asseverar a impossibilidade de inadmitir alguém como testemunha pelos seus costumes pessoais, fulminando, por absoluta inconstitucionalidade , o Inciso II, do § 3º, do art.405 do Código de Processo Civil, que viola, frontalmente, a dignidade humana e a igualdade substancial proclamadas constitucionalmente.
	Considerar os costumes de alguém como causa suficiente para lhe retira a credibilidade constitui indevida intromissão na vida privada, inaceitável e constitucionalmente. Assim, com apoio nos princípios maiores de isonomia e da dignidade humana, afastam-se definitivamente as falsas ideias de que a prostituta ou o homossexual, por exemplo, não podem ser testemunhas em ação de investigação de paternidade ou em separação litigiosa. O requisito moderno para uma pessoa ser testemunha é não evidenciar interesse no desfecho do processo. Isenção, pois, o homossexual, nessa linha, não pode receber restrições. Tem o direito dever de ser testemunha. E mais: sua palavra merece o mesmo crédito do heterossexual. Assim se concretiza o princípio da igualdade, registrado na Constituição da República e no Pacto e San José da Costa Rica.
f) A Inadmissibilidade Por Amizade Íntima Ou Inimizade Capital
	Inadmite-se, ainda, como testemunha a pessoa que mantem laços íntimos de amizade ou nutre inimizade capital por um dos litigantes.
	Delimite-se que somente a amizade ou inimizade capas de alterar inconscientemente (ou mesmo conscientemente) a impressão da pessoa sobre os fatos é que permite a caracterização