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V e t e r i n a r i a n D o c s www.veterinariandocs.com.br 1 www.veterinariandocs.com.br Plantas Tóxicas e Toxicologia 01-Plantas de Ação Hemolítica Plantas Brachiaria radicans (brachiaria do banhado); Allium cepa (cebola); 01.1-Brachiaria radicans Características Gerais Invasora de solos encharcados; Ocorre muito em plantação de arroz; Quando muito viçosa produz hemólise; Se ingerir exclusivamente durante 3 dias leva a morte; Epidemiologia Muito palatável e usada para pastoreio. Se houver associação com outras gramíneas não ocorre intoxicação. As intoxicações ocorrem principalmente na primavera. Bovinos adquiridos de outras regiões após a viagem chegam com fome. Sinais Clínicos Verifica-se urina avermelhada e depois com cor de coca-cola (crítico), vulva avermelhada, quando a urina fica escura animal logo morre, diarreia, cansaço e mucosas com coloração vermelha-marrom. 2 www.veterinariandocs.com.br *Primeiro sinal é a urina vermelha (hemoglobinúria) e com o agravamento fica escura levando a morte por anemia. Macroscopia Verifica-se rins escuros, urina escura, fígado escuro (amarelado) e embebição hemolítica. Microscopia Verifica-se necrose hepática (isquemia por anemia) e necrose hemoglobínica (rim). Tratamento O tratamento consiste em fluidoterapia, retirar os animais da pastagem imediatamente, em casos de anemia grave fazer transfusão sanguínea e não deve ser forçado a caminhar. *Se administrar antibiótico morre mais rápido (devido as lesões hepáticas) Profilaxia Consorciar outras gramíneas (20 a 30%) como Pensacola, Brachiaria umedicula, entre outras. Diferencial Tristeza parasitária (Babesia bigemina) a qual diferencia-se pela presença de febre e hemoglobinúria bacilar a qual ocorre em casos isolados e há presença de febre. 01.2-Cebola Características Gerais Bovino come facilmente; Comum em regiões produtoras de cebola; Precisa ingerir grandes quantidades para causar anemia hemolítica; Quando a cebola apresenta baixo preço os produtores oferecem aos animais; Sinais Clínicos Idem ao anterior, cheiro do ar expirado é característico e pode produzir icterícia. Macroscopia Idem ao anterior e no rúmen encontra-se fragmentos de cebola. 3 www.veterinariandocs.com.br Microscopia Idem ao anterior Tratamento Idem ao anterior. 02-Plantas de Ação Miotóxica Plantas Senna Ocidentalis (fedegoso / café senna): tem a vagem voltada para cima; Senna Obtusifolia: tem a vagem voltada para baixo; *Obs. Existem outras espécies, porém de toxicidade baixa; Características Gerais Presente em todo o sul do Brasil, em especial no oeste de Santa Catarina. Contamina as pastagens de campo nativo e principalmente as pastagens de milheto e sorgo. Importante para suinocultura (devido ao sorgo) e também para as aves (são mais sensíveis), mas não existem casos de intoxicação natural. Tanto a folha quanto a semente são tóxicas. As folhas são ingeridas em condições de restrição alimentar (fome). Epidemiologia Aves: difícil de chegar ao diagnóstico, na macroscopia não faz diagnóstico (não se visualiza áreas de necrose, pois o músculo é branco). Aves que ingerem pequenas quantidades tem menor ganho de peso. Sinais Clínicos Verifica-se lesões sobre a musculatura esquelética, animal entra em decúbito e não levanta, as lesões são principalmente na região da escápula, coxa, masseter. Animais se alimentam normalmente após entrarem em decúbito, podem ter diarreia e urina escura (mioglobinúria - dependendo da dose ingerida). Pode haver morte em 2 dias; 4 www.veterinariandocs.com.br Macroscopia Palidez da musculatura esquelética (pequenas áreas brancas - necrose muscular), a necrose pode não ser completa (áreas menores – analisar bem), ressecamento do conteúdo do omaso (não ingere água) e fígado geralmente com coloração amarela,. *Músculo esquelético – eleição para diagnóstico. Diagnóstico Diferencial Ionóforos (monensina; narazina, salinomicina) diferencia pela necrose na musculatura cardíaca, que ocorre na intoxicação por ionóforos. 03-Plantas de Ação Nefrotóxicas Plantas Amaranthus spp. (caruru) – região sul; Dimorphandra mollis (faveira); Thiloa guaucocarpa (sipaúba, vaqueta); Anagallis arvensis; 03.1-Amaranthus spinosus (caruru) Características Gerais Plantas que contaminam lavouras de soja, milho e pastagens; Relativamente palatável; Epidemiologia Muito palatável para bovinos; Em lavouras no Rio Grande do Sul no verão; Quando solta os bovinos para aproveitar o milho nas lavouras há a intoxicação; No Rio Grande do Sul é mais comum na região de fronteira (Bajé) e atualmente restringe-se ao estado. 03.2-Dimorphandra mollis (faveira) 5 www.veterinariandocs.com.br Características Gerais Final de junho a agosto; Animais comem os favos que caem no chão; Restrito aos estado de Minas Gerais e Goiás. Sinais Clínicos (ambas as plantas) Quadro clínico geral de doença renal aguda com perda de apetite, parada da ruminação, animal fica mais em pé, urina em gotas ou urina ausente, fezes escuras, edemas subcutâneos (Ex.: em anus, vulva), formação de uma bolsa de líquido sobre o tendão comum do calcâneo (sinal patognomônico), secreção nasal sanguinolenta (forma crostas). A enfermidade tem duração de 10 a 14 dias e animal morre (100% de letalidade). Macroscopia Verifica-se ulcerações na mucosa do esôfago (bovinos), líquidos em cavidades, edema subcutâneo, edema perineal (nem sempre ocorre - clássico de IRA), pequenas hemorragias renais e rim com lesão caracterizada por estriações brancas (necrose massiva). Microscopia Necrose massiva no rim. *Obs. Amaranthus (caruru) é menos grave; 04-Plantas de Ação Semelhante à Vitamina D/Calcinogênicas Plantas Solanum malacoxylom (espichadeira) apresentando principio ativo igual a vitamina D pronta. Nierembergia veitchii Obs. Não são comuns nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. 04.1-Solanum malacoxylom Características Gerais Mais importante para o Pantanal; 6 www.veterinariandocs.com.br Bovino não come voluntariamente; 0,3g/kg já são suficientes para intoxicar; Doença: bovino magro que não caminha; 04.2-Nierembergia veitchii Características Gerais Só ocorre no Uruguai e no Rio Grande do Sul. Ovelhas: janeiro e fevereiro; Macroscopia (ambas plantas) Produzem calcificação da parede das veias, artérias, tendões e endocárdio esquerdo (locais onde tem fibras colágenas), nos rins verifica-se pontos brancos (calcificação de capilares) levando a insuficiência e pulmão calcificação (calcificação metastática). 05-Plantas de Ação sobre o Sistema Nervoso Central Plantas Claviceps paspalli – fungos parasitas de sementes de: Paspalum dilatatum (capim melador); Palspalum notatum (capim forquilha); Phalaris angusta (aveia louca, aveia de sangue); Solanum fastigiatum (jurubeba); Sida carpinifolia (guanxuma); Erythroxylum deciduum (cocão): Canium maculatum (cicuta); 05.1-Phalaris angusta (aveia louca / aveia de sangue) Características Gerais Ocorre no oeste de Santa Catarina (não tem citação no Rio Grande do Sul e no Paraná). 7 www.veterinariandocs.com.br Anual de inverno, aparece nas pastagens de aveia e azevém ou após colher o milho; Difícil diferenciar da aveia, quando corta fica vermelho (por isso aveia de sangue); A doença ocorre de outubro a novembro (primavera) e os casos não são frequentes; Ocorrequando ingere até 25% da dieta; Sinais Clínicos (muito fortes) Animal corre como canguru, andar em marcha, orelhas em pé, animais se jogam no chão, se atiram contra a parede, cercas, não conseguem passar por valetas e morte ocorre acidentalmente. *Exceção: edema traumático no peito (de se jogar contra objetos) – confunde com ICC; Macroscopia Não há lesão e há alteração de coloração no tronco encefálico (fica cinza azulado - lesão patognomônica). Microscopia Neurônios com pigmento (difícil ocorrer). Tratamento Não há tratamento. Se tirar imediatamente da pastagem consegue recuperar lentamente e sequelas podem persistir. Profilaxia Não deixar sementear e acabar com a planta. 05.2-Claviceps paspalli (fungo) – Palspalum notatum (grama forquilha) Características Gerais Fungo que parasita as sementes do capim forquilha (campo nativo); Ocorre em fevereiro e março, quando produz secreção melosa que é tóxica; Doença ocorre no sul do Brasil; 8 www.veterinariandocs.com.br Sinais Clínicos Verifica-se tremores de cabeça, animal marcha, quando assusta o animal cai no chão, geralmente o animal cai sentado, animal fica assustado, touro frequentemente tem exposição do pênis e morte acidental (raro). *Sinais aparecem a partir do primeiro/segundo dia de ingestão e aumenta conforme a quantidade de toxina. Macroscopia Não há lesão. Microscopia Não há lesão. O diagnóstico é clínico e epidemiológico (observar fungo na pastagem). Tratamento Não há tratamento. Profilaxia Retirar os animais da pastagem e animais se recuperam sem apresentar sequelas. 05.3-Solanum fastigiatum (jurubeba) Características Gerais Ocorre no Rio Grande do Sul oeste de Santa Catarina. Tem no Brasil inteiro, mas os problemas ocorrem no sul. Animal ingere quando está com fome. Sinais Clínicos Verifica-se tremores de cabeça, olhar atento, quando se assusta ou levanta a cabeça cai no chão e lesões nervosas levam a morte (se tirar no inicio recupera). *Teste Head Rise: erguer a cabeça do animal para trás e para cima. Quando solta o animal cai imediatamente devido a lesão cerebelar pré estabelecida. Macroscopia Não há lesão. Microscopia 9 www.veterinariandocs.com.br Necrose dos neurônios de purkinge (envolve cerebelo). *Sempre coletar sistema nervoso central. Tratamento Combater a planta e tirar imediatamente o animal e após tirar ficam sequelas. 05.4-Sida carpinifolia (guanxuma) Características Gerais Ocorre na pastagem (principalmente pastagem sombreada); Ocorre em grande parte do estado de Santa Catarina; Importante para ovelhas, cabras, bovinos e equinos; Bovino come de fome (quando não tem o que comer) e pode adquirir o vício; Sinais Clínicos Verifica-se tremores de cabeça, dismetria, pode haver leve diarreia, postura atípica, quedas frequentes (quando há agitação), dificuldade de apreender e deglutir alimentos, problemas de dentição e em esqueleto e inchaço de cabeça. A enfermidade é letal e a morte é comum em meses a anos. Macroscopia Não há lesão, apenas dentária. Microscopia Vacúolos e necrose nos neurônios; *Deve-se coletar sistema nervoso central. Tratamento Se retirar os animais no começo da doença pode recuperar (mas geralmente ficam sequelas). Profilaxia Correta alimentação dos animais (não deixar com fome); 10 www.veterinariandocs.com.br 05.5-Erythroxylum deciduum (cocão) Características Gerais Ocorre no vale do Itajaí, oeste de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Importante para ovelhas; Intoxicação ocorre por ingestão da planta ou fruto (doença igual); Ocorre em dezembro, janeiro e fevereiro. No inverno a toxicidade da folha diminui. Fruto ocorre no verão e quando cai no chão o animal ingere; Se cortar a planta cuidar com a brotação, animal come o broto e se intoxica; Sinais clínicos Verifica-se salivação, animal fica rígido e não caminha muito, morte ocorre rapidamente (poucos minutos). Macroscopia Não há lesão. Microscopia Não há lesão. *O diagnóstico é dado pelos sinais clínicos e pelo histórico; 05.6-Canium maculatum (cicuta) Características Gerais Muito antigo; Ocorre na região oeste de Santa Catarina (Concórdia); Não existe diagnóstico em bovinos; Em suínos teve um surto (suíno come facilmente); Sinais Clínicos Verifica-se salivação, protrusão da terceira pálpebra e morte rápida. Macroscopia 11 www.veterinariandocs.com.br Não há lesões. Planta possui cheiro forte e quando abre o rúmen ou o estômago (suíno) pode-se sentir o cheiro. 06-Intoxicação por Cobre Patogenia Entre as espécies de animais domésticos, os ovinos são, inquestionavelmente, os mais sujeitos a apresentarem intoxicação por cobre (Cu), estando a etiopatogenia da doença associada à menor capacidade de excreção de cobre dos ovinos. Isto se deve aos baixos teores de metalotioneína, diminuindo a excreção do cobre do organismo, o qual se acumula no fígado principalmente em raças ovinas mais susceptíveis, tais como Sulffolk e Texel. A ceruloplasmina faz o transporte de cobre (Cu) no sangue. Características Gerais Frequente em ovinos que são muito sensíveis ao cobre. Os ovinos, diferentemente de outras espécies, não toleram regimes alimentares que contenham mais de 10 mg/kg de cobre. Texel é a raça mais sensível; *Quando ingere em quantidades maiores o cobre vai se acumulando no fígado e com situações de estresse há liberação na corrente sanguínea causando hemólise (crise hemolítica – crônica). Formas de Intoxicação 06.1-Aguda: ocorre por ingestão de grandes quantidades de cobre rapidamente. Verifica-se distúrbios gastrintestinais (raro). 06.2--Crônica (crise hemolítica): ocorre por ingestão de baixas quantidades constantemente (efeito acumulativo). Primária: ocorre por ingestão direta de cobre. Alimentos com grande quantidade de cobre (grãos de cereais) e ingestão de sal de bovinos (teor três vezes maior de cobre que as necessidades). Secundária: Fitógena: pela baixa concentração de molibdênio nas pastagens. Molibdênio é antagônico ao cobre (molibdênio diminui a absorção do cobre) e leguminosas (principal é o trevo vermelho) tem baixo teor molibdênio. *Molibdênio inferior ou igual a 0,36 ppm e cobre igual 15 a 20 ppm; 12 www.veterinariandocs.com.br Hepatógena: por lesão hepática crônica (intoxicação por senecio). Sinais Clínicos Verifica-se anorexia, poliúria, corrimento ocular e avermelhamento, depressão, hemoglobinúria (urina escura), fezes pastosas e fétidas. Podem morrer em 24h, em geral 4 dias. Macroscopia Icterícia generalizada, líquido seroso nas cavidades, embebição hemolítica nas serosas, fígado friável de cor amarelada ou alaranjada, rins de coloração marrom-escura, edemaciados e de consistência amolecida. Urina de cor vermelho escura. Microscopia Coletar fígado e rim e verifica-se tumefação e necrose de hepatócitos, acúmulo de bile nos canalículos e hiperplasia biliar e nefrose hemoglobínica. Diagnóstico Diagnóstico baseado em epidemiologia associada aos sinais clínicos e de necropsia e determinação dos níveis de cobre no fígado e/ou rim (500 ppm para fígado / 80 ppm para rim). Tratamento Molibidênio na concentração de 7,7 ppm: 50 a 100 mg de molibidato de amônia a 1g de sulfato de sódio por via oral/ animal/ dia por 10 dias. 50 a 500mg de molibidato de amônia na ração durante 3 semanas. *No solo 70g de molibdênio/ha; **Blocos para lamber: 76 kg de NaCl, 63kg de gesso moído e 0,45 kg de molibdênio; ***O caprinoé tão exigente em relação ao cobre quanto o bovino, se der sal mineral de ovino ocorra deficiência; 07-Deficiência de Cobre Características Clínicas Molibidenose: excesso de molibdênio levando a deficiência secundária de cobre. 13 www.veterinariandocs.com.br Ocorre em bovinos; Meses de novembro e dezembro em regiões íngremes e quando há excesso de chuvas; Vegetais dependem do cobre, ocorre lixiviação do cobre com a chuva e há excesso de molibdênio; Sinais Clínicos Verifica-se diarreia contínua e não responsiva a tratamento, morte ocorre por desidratação e halo em volta dos olhos (bovino com óculos). Macroscopia Conteúdo líquido no intestino e caquexia. Tratamento Sulfato de cobre 2,5g/ dia no mínimo por 30 dias (diluído em água ou na ração). 08-Micotoxicoses Características Clínicas São menos importantes para ruminantes; Todos têm sinais clínicos bem caracterizados; Somente o fato de isolar a micotoxina, não quer dizer que é a causa morte, tem que ter a doença compatível; Plantas Claviceps purpúrea (micotoxinas: ergotina e ergovalina); Fusarium solani (micotoxina: solanina) – fungo de batata doce; Ramaria flavo-brunnescens (cogumelo de eucalipto); Aspergillus clavatus (micotoxina: patulina); Fusarium moniliforme (micotoxina: fumonisinas) – leucoencefalomalácia; 08.1-Claviceps purpúrea (micotoxinas: ergotina e ergovalina) Características Gerais 14 www.veterinariandocs.com.br Muito importante na agricultura; Fungo parasita sementes de diversas espécies de gramíneas (azevém, aveia, setaria, festuca, lanuda, phalaris entre outras); Pode ocorrer a campo (aveia, azevém) ou com a semente no cocho (aveia); Importante para bovinos, equinos e outras espécies; Sementes de aveia (importante para equinos) e suínos resíduos de trigo; Formas Clínicas Distérmica; Gangrenosa; Reprodutiva/abortiva (équas); Nervosa; Sinais Clínicos Forma gangrenosa: ocorre principalmente no inverno (vasoconstrição de extremidades). Verifica-se diminuição da produção leiteira, hipertermia, claudicação, edema, hiperemia de coroa do casco, necrose com rachadura de pele nas extremidades, ruptura de tendões e dos cascos, casco pode cair. Forma distérmica: enfermidade de diagnóstico raro. Verifica-se febre (40 a 42º C), respiração acelerada nas horas quentes do dia, animal respira com a boca aberta e com a língua exposta (patognomônico), salivação, fica na sombra ou na água, diminui a produção de leite, perda de peso e pelo comprido, lesões de casco e pode ter artrite devido a lesão de casco pode ter contaminação (poliartrite). Em suínos verifica-se necrose de cauda. Se tirar da causa pode recuperar. Forma abortiva: mais comum em éguas. Abortos ocorrem terço final da gestação e não há desenvolvimento de glândula mamária. Forma nervosa: verifica-se tremores musculares, convulsões, cegueira, paralisia de posterior e decúbito. Macroscopia Somente a nível de pele e cascos; Microscopia Não auxilia no diagnóstico. *Diagnóstico é baseado em sinais clínicos. 15 www.veterinariandocs.com.br Tratamento Retirar a fonte, deixar os animais a sombra. *Forma gangrenosa é irreversível; 08.2-Fusarium solani (micotoxina: solanina) – fungo de batata doce Características Gerais Presente em raiz de mandioca, batata doce, aipim; Toxina é muito potente e produz enfisema pulmonar; Sinais Clínicos Verifica-se desconforto (animal fica mudando de posição), animal não deita, observa-se enfisema subcutâneo (diferenciar de carbúnculo sintomático e gangrena gasosa). Morte por insuficiência respiratória e enfisema pulmonar. Curso clínico: 2 a 3 dias; Macroscopia Enfisema subcutâneo (fáscias musculares subcutânea) e pulmão enfisematoso. Microscopia Pneumonia atípica. *Deve-se coletar pulmões. Diagnóstico Diagnóstico baseado na macroscopia e sinais clínicos (quadro de enfisema subcutâneo com dificuldade respiratória) e histórico (perguntar se foi oferecido batata doce ao animal). Tratamento Não há tratamento. 08.3-Ramaria flavo-brunnescens (cogumelo de eucalipto) Características Gerais 16 www.veterinariandocs.com.br Toxina não é conhecida Ocorre somente em maio e junho; Parecido com couve flor, amarela e brota do chão onde tem folha de eucalipto; Muito palatável; Sinais Cínicos Animal não caminha, verifica-se salivação, lesões de casco e na boca (pode confundir com febre aftosa - parte córnea se solta por completo e língua fica lisa), solta a capa córnea do chifre, lesão de casco (na região da coroa de coloração vermelha no início e depois necrose) e nos casos crônicos perdem pelos da vassoura da cauda. Se não morre na forma aguda morre de fome. Morte pode ocorrer em 2 a 3dias ou se não morrer não serve mais para produção. Macroscopia Lesões em boca, língua, chifres, casco e cauda. Microscopia Não há lesão. Diagnóstico Diagnóstico baseado no histórico do animal com sinais clínicos (animal pode ter lesões e não existir mais o cogumelo na propriedade – curso crônico). Também é importante observar a época do ano (outono) e se há plantação de eucalipto. Tratamento Evitar contato com eucalipto no outono. 08.4-Aspergillus clavatus (micotoxina: patulina) Características Gerais Fungo da cevada; Causa sinais nervosos; Fungo precisa pelo menos 15 dias com temperatura acima de 18º C (não ocorre na região da serra catarinense devido a baixa temperatura). 17 www.veterinariandocs.com.br Sinais Clínicos Verifica-se perda da coordenação dos movimentos, decúbito esternal (tenta levantar e fica com os membros posteriores abertos - lembra botulismo) e balança a cabeça. Macroscopia Lesão na articulação coxofemoral (ocorre devido a posição com os membros abertos). Microscopia Necrose neuronal. Diagnóstico Baseado nos sinais clínicos (membros abertos e balança a cabeça) e histórico do animal (alimentação com cevada). 08.5-Fusarium moniliforme (micotoxina: fumonisinas) leucoencefalomalácia Características Gerais Específico de equinos; Pode ocorrer com milho aparentemente normal; É diagnosticado erroneamente como encefalomielite; Ocorre de maio a setembro; Problema em climas frios e em épocas chuvosas; Milho colhido de agosto a setembro e milho que passa no secador não tem problema. Se usar quirera (sobra de secador) ocorre intoxicação; Sinais clínicos ocorrem 2 a 3 dias após a ingestão; Sinais Clínicos Verifica-se sonolência, incoordenação, pode morder (agressividade), fica em pé com mão aberta e cabeça baixa, cegueira, pressiona a cabeça contra objetos, escoriações na parte frontal e andar em círculos. Sinais clínicos ocorrem 2 a 3 dias após a ingestão e morte em até 3 dias (100% de letalidade). 18 www.veterinariandocs.com.br Macroscopia Perda das circunvoluções (encéfalo – leucoencefalomalacia), hemisfério aumentado uni ou bilateralmente. Corte do cérebro: observa-se lesão de coloração amarela e forma cavidade cheia de líquido (necrose de liquefação). *Suínos podem ter edema pulmonar. Intoxicações Produto Sinais Clínicos Macroscopia Ionóforo Agudo: cansaço, diarreia, pulso jugular evidente, arrastar de pinças, incoordenação, andar rígido, mioglobinúria Crônico: ICC e morte repentina. Coração pálido (bovinos e equinos), ICC, palidez de musculatura esquelética (cães e suínos e bovinos menos frequentemente mas em músculo como diafragma e quadríceps). Bovinos podem apresentar fígado de noz moscada, edema pulmonar e ascite. Chumbo(líquido de bateria e tintas) Agudo: morte em 12 a 24 horas. Subagudo: cegueira, diarreia, marcha, head pressing, andar em cículos, anorexia, salivação, agressividade, nistagmo, atonia ruminal, diarreia fétida e tremores musculares em face, pescoço e orelhas. Amolecimento de córtex cerebral com cavitação e coloração amarelada da substância cinzenta, abomasite, enterite e coloração marrom-acinzentada de lábios e mucosas de cavidade oral e estômagos. Organofosforado* (inseticidas e antiparasitários) Ex.: triclorfon Muscarinicos: miose, salivação, protrusão de língua, timpanismo, diarreia, cianose e dispneia. Nicotínico: tremores, rigidez muscular e tetania. Crônica: paralisia flácida. Uréia Dor abdominal intensa, tremores musculares, incoordenação, fraqueza, dispneia, timpanismo e mugidos altos. Closantel (antiparasitário) Cegueira, dilatação de pupila e andar em círculos. Estricnina Tremores musculares, contrações vigorosas, salivação, taquipnéia, midríase e morte por parada respiratória. *Inibem a colinesterase e aumentam os níveis séricos de acetilcolina nos tecidos levando a sinais clínicos de receptores muscarínicos (resposta visceral) e nicotínicos (resposta neuromuscular). 19 www.veterinariandocs.com.br Referências Bibliográficas Aulas de Plantas Tóxicas e Toxicologia – Prof. Dr. Aldo Gava – CAV/UDESC, 2012. BARBOSA J. D. OLIVEIRA C.M. DUARTE M.D. Intoxicações com Manifestações Neurológicas em Ruminantes. II Simpósio Mineiro de Buiatria, 2005. Acesso on-line: www.ivis.org NOGUEIRA V.A. FRANÇA T. N. PEIXOTO P. V. Intoxicação por Antibióticos Ionóforos em Animais. Pesq. Vet. Bras. vol.29 no.3 Rio de Janeiro Mar. 2009. LEMOS R. A. et al. Alterações Clínicas, Patológicas e Laboratoriais na Intoxicação Crônica por Cobre em Ovinos. Ciência Rural, Santa Maria. V.27, 1997.
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