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Biometria Florestal 90 O exemplo a seguir foi formulado considerando dados de uma árvore, portanto, com tronco constituído de vários sólidos geométricos. Para maior facilidade de cálculo, foram utilizadas poucas secções, resultando valores estimados para diâmetro, às vezes pouco precisos. Considerando-se, por exemplo, uma árvore de altura igual a 21,6 m, e diâmetro a altura do peito de 29,0 cm, o diâmetro à metade da altura igual a 21,0 cm, a 4,0m abaixo igual a 23,0 cm e 4,0 m acima igual a 18,0 cm, tem-se, conforme exemplificado na Figura 45, deseja-se conhecer: FIGURA 45 - Representação esquemática do tronco da árvore. a) Qual o sólido de revolução que representa a forma da árvore? Sendo rw wpg ⋅= linearizando-se o modelo para a solução por mínimos quadrados, tem-se: wrpgw lnlnln ⋅+= Y b0 b1 X Obtendo-se os somatórios, tem-se: Biometria Florestal 91 h d g y x y² x² x.y 6,8 18,0 0,0254 - 3,6712 1,9169 10,8 21,0 14,8 23,0 20,3 29,0 � -12,93225 10,00172 42,2883 25,6617 - 31,7916 0b = - 5,318020; 1b = 0,833840; 2r = 0,950992 (coeficiente de determinação). O modelo passa a ser escrito: xgw ln833840,0318020,5ln ⋅+−= ou seja: 833840,0004902,0 xgx ⋅= sendo r = 0,8333840 � Assume-se que o sólido de revolução tem uma forma próxima à de uma parábola quadrática. b) Qual o fator de forma? Fórmula da área terminal: hg 1r 1 v u ⋅⋅ + = 5453,0 1833840,0 1 hg hg 1r 1 f u u u = + � ⋅ ⋅⋅ + = Fórmula na metade da secção: ( )2/1r g2h1r 1 v ⋅⋅⋅ + = Biometria Florestal 92 ( ) ( ) ( ) ( ) 9719,021833840,0 1f 2 1r 1 gh g2h 1r 1 f 833840,0 21 r 21 21 r 21 �⋅ + = �⋅ + � ⋅ ⋅⋅⋅ + = c) Qual é a altura de Pressler? c.1) Por interpolação: Determinação do diâmetro de referência: 2833840,0 4sen2063553,06,21004902,0 uuu dgdomg ⋅==×= pi tem-se: ( ) basedadiâmetrocmdu �=⋅= 446,28/4063553,0 pi (deve-se observar que o valor estimado nesta posição foi menor que o medido ao dap. Este resultado decorre da dificuldade do modelo descrever a variação da forma da árvore visto ser composta por vários sólidos de revolução justapostos). Interpolando tem-se: h* d 21,6 m --- 0,00 x --- 14,22 14,8 m --- 18,00 *medida da base para o ápice Conforme o esquema da Figura 46, tem-se: FIGURA 46 - Determinação da altura de Pressler. Biometria Florestal 93 ( ) ( ) ( )[ ]0,00,1822,140,188,140,218,14 −−×−+ m23,1620,1480,14h =+= R = 16,2 m do solo Ou, tomando-se ao ápice como referência: .2,16 24,1636,56,2136,500,188,6 22,1422,14 00,188,60,00,0 mR mRápicedomx xx dw = =−==∆−−− −−−∆−−−∆ −−−−−− c.2) Através do expoente de forma: ( )( )r 411hR −= ( )833840,0 25,016,21R −= mR 5,17= A diferença entre os dois procedimentos de cálculo é atribuída à variação da forma do tronco. d) Qual o volume do tronco? d.1) Através do expoente de forma: hg 1r 1 v u ⋅⋅ + = ( )( ) 32 m7481,0748123,06,2142844,0 83384,1 1 v ≈=⋅pi⋅⋅= Biometria Florestal 94 21 r g2h 1r 1 v ⋅⋅⋅ + = ( )( ) 3283384,0 7272,0421,026,21 83384,1 1 mv =⋅⋅⋅⋅= pi d.2) Por interpolação da altura de Pressler: Sendo R32gv u ⋅⋅= , tem-se: ( ) ( )( ) 32 6876,023,163/24/28446,0 mv =⋅⋅⋅= pi Diferença entre os volumes calculados: %91,916876,0 1007481,0 3 3 →−−−−−−−− −−− xm m que corresponde a diferença de 8,1% e) Qual o volume comercial considerando diâmetro limite 10,0 cm pelo expoente de forma? 1º) É necessário conhecer a distância w a partir do ápice da árvore onde se encontra o diâmetro de 10,0 cm, conforme esquematizado na Figura 47. FIGURA 47 - Determinação da distância do ápice onde se encontra o diâmetro limite. 10 cm � X m � distância do ápice Biometria Florestal 95 Sendo: r r wrwr w p g wew p g wpg ==�⋅= ( ) ápicedomwww 76,1 001699,0 002990,0 004902,0 10,04 83384,0 83384,0 2 == ⋅ = pi distância a ser tomada a partir do ápice , onde se localiza o diâmetro de 10 cm. Sendo 3u m7481,0v = e, 3 1010 007538,076,100785398,083384,1 1 1 1 mvhg r v =�⋅⋅=⋅⋅ + = << . O volume comercial será dado pela diferença entre o volume até a base e o volume até o 10d . 3 com m7406,0007538,07481,0v =−= 7.5 Determinação do volume rigoroso A determinação rigorosa do volume é entendida como a cubagem de uma árvore. Os troncos das árvores não são perfeitamente regulares e, por isso, costuma-se subdividi-los em secções e cubá-los individualmente. Em geral, as medições de diâmetro (média de dois diâmetros cruzados) são efetuadas a partir do nível do solo nas posições: 0,10, 0,30, 1,30 m e, a partir daí, de 2,0 m em 2,0 m ou 1,0 m em 1,0 m para cada secção. Outros níveis poderão ser estabelecidos dependendo da precisão desejada e da regularidade do tronco. O volume da tora é obtido pelo somatório dos volumes parciais das secções e, quanto menor o comprimento da secção, tanto mais próximo será o volume calculado do volume verdadeiro. O seccionamento do tronco pode ser feito por comprimentos absolutos (método analítico) ou por comprimentos relativos. O termo seccionamento não significa o corte do tronco em partes, mas apenas a marcação ao longo do tronco das posições de medição. Biometria Florestal 96 7.5.1 Volume por seccionamento em comprimentos absolutos Este procedimento é empregado na determinação do volume através dos métodos de Huber, Smalian e Newton. 7.5.1.1 Cubagem por Smalian Essa fórmula foi concebida por Septofontaines, em 1791 e posteriormente introduzida na Alemanha por Smalian, tendo por isso seu nome a ela associado (Silva 1977). Nessa fórmula o, volume de cada secção é calculado em função do comprimento e das áreas basais nas extremidades das secções, como mostra a Figura 48. FIGURA 48 - Seccionamento pelo método de Smalian. O volume da árvore é dado por: � = ++= n 1i ci0t vvvv . Onde: 000 lgv ⋅= � volume do toco, Biometria Florestal 97 ( ) i 1ii i l2 gg v ⋅ + = + � volume das secções intermediárias, nnc lg3 1 v ⋅= � volume do cone. Quando ocorrem irregularidades nos troncos, pela existência de galhos e nós, o ponto de medição pode ser transferido para o local onde o tronco volta ao normal. 7.5.1.2 Cubagem por Huber Essa fórmula foi criada por Kaestner,em 1758. Em 1825, tornou-se conhecida no meio florestal a partir dos estudos de Huber, passando, então, a ser conhecida como Fórmula de Huber. Por esse procedimento, o volume da secção será determinado pelo comprimento da secção (l) e pela área basal tomada no meio da secção (gm), conforme mostra a Figura 48 para uma secção de tora. FIGURA 48 - Seccionamento do tronco pelo método de Huber. O volume total da árvore é dado, por: � = ++= n 1i ci0t vvvv , onde: 000 lgv ⋅= ; Biometria Florestal 98 imii lgv ⋅= ; nnc lg3 1 v ⋅= . Casoseja de interesse, pode-se determinar o volume do toco junto com o volume da primeira secção, incluindo a sua altura no comprimento desta secção. 7.5.1.3 Cubagem por Newton A fórmula de Newton utiliza, no cálculo do volume, as áreas basais das extremidades inferior ( ig ), do meio da secção ( mig ) e da extremidade superior ( 1ig + ), conforme exemplifica a Figura 49 para uma secção de tora. FIGURA 49 - Seccionamento do tronco pelo método de Newton. De modo análogo aos anteriores, o volume total é dado por: � = ++= n 1i ci0t vvvv , onde: 000 lgv ⋅= , ( ) i1i1mii lgg4g6/1v ⋅++⋅= ++ nnC lg3 1 v ⋅= Biometria Florestal 99 Caso seja de interesse, pode-se também determinar o volume do toco junto com o volume da primeira secção, incluindo a sua altura no comprimento desta secção. 7.5.1.4 Comparação entre as fórmulas de Smalian, Huber e Newton As três fórmulas, segundo Silva (1977), dão resultados corretos embora as de Huber e Smalian sejam mais empregadas em razão da rapidez de cálculo. A fórmula de Newton é considerada mais precisa, mas o seu uso envolve mais uma determinação de diâmetro e mais cálculo. A cubagem de uma mesma árvore pelos processos mencionados apresenta valores numéricos de volume diferentes, porém, segundo Spurr (1952), as diferenças não são significativas para volumes calculados pelas fórmulas de Smalian e Huber. O emprego de um ou outro método de cubagem dependerá da precisão que se deseja, do tempo disponível e da tradição de uso por parte do pesquisador (Silva, 1977). Segundo Husch et al. (1982), a fórmula de Newton é exata para todos os troncos dos sólidos geométricos (parabolóide, neilóide e cone). As fórmulas de Smalian e Huber são exatas somente quando o sólido é um tronco de parabolóide. Esses autores exemplificam que se as linhas da secção fossem mais convexas que o tronco do parabolóide, a fórmula de Huber superestimará o volume e a de Smalian subestimará; porém, se as linhas da superfície do tronco fossem mais côncavas que o tronco do parabolóide, como em geral acontece, a fórmula de Smalian superestimará e a de Huber subestimará o volume. Eles citam ainda que, caso não se admita grandes erros na cubagem, não se deve usar a fórmula de Smalian para comprimentos de secções de toras maiores que 1,20 m e que, para secções de comprimentos de 2,40 a 4,80 m, as fórmulas de Newton e Huber fornecem os melhores resultados. Em geral a fórmula de Newton apresenta melhores resultados para qualquer parte da árvore, exceto para a parte basal com excessiva deformação. Para esta parte, a fórmula de Huber dará melhor resultado. As fórmulas da parábola ou do cone são apropriadas para determinar o volume da ponta da árvore, e a do cilindro é normalmente empregada para calcular o volume do toco, embora sua forma mais aproximada seja o neilóide. Biometria Florestal 100 7.5.2 Volume por seccionamento em comprimentos relativos O seccionamento do tronco em comprimento relativo é empregado na cubagem de árvores pelo método de Hohenadl. Neste caso, o tronco é dividido em cinco ou dez secções relativas de mesmo comprimento independentemente da altura da árvore. O método é usado em trabalhos práticos e científicos quando se deseja determinar o fator de forma verdadeiro, os verdadeiros quocientes de forma e no estudo de forma dos troncos. O método favorece, ainda, a comparação entre diferentes formas de troncos, enquanto os métodos de Huber e Smalian não o permitem. O seccionamento proposto por Hohenadl implica no conhecimento prévio da altura total da árvore, sendo feito do ápice para a base em cinco ou dez secções de igual comprimento. Para se obter os cinco comprimentos iguais, deve-se tomar 1/5 da altura total e medir os diâmetros na metade da secção, conforme indica a Figura 50. FIGURA 50 - Seccionamento do tronco pelo método de Hohenadl. Na sua expressão original, os pontos indicados ao longo do tronco por 9,0d ; 7,0d ; 5,0d ; 3,0d e 1,0d são os diâmetros relativos nas posições 90; 70; 50; 30 e 10 % da altura total da árvore, tomadas a partir do ápice. Visando facilitar a compreensão do método e seguindo a tendência atual constante na bibliografia, o ponto de referência para a tomada dos diâmetros nesta obra será considerado como a base da árvore (Figura 51). Biometria Florestal 101 FIGURA 51- Seccionamento do tronco pelo método de Hohenadl (modificado). Assim o volume da árvore é dado por: ( )2 9,02 7,02 5,02 3,02 1,0 ddddd4/h2,0v ++++⋅pi⋅⋅= ; ( )9,07,05,03,01,0 gggggh2,0v ++++⋅⋅= ou ainda pode ser calculado em função dos quocientes de forma, os quais são expressos pela razão entre os diâmetros de Hohenadl e o diâmetro d0,1: ( ) ( ) ( ) ( )[ ]1////4/2,0 21,03,021,05,021,07,021,09,021,0 ++++⋅⋅⋅⋅= dddddddddhv pi Os quocientes de forma natural podem ser expressos como segue: 1,0 i,0 i,0 d d n = . exemplificando, o cociente de forma natural 3,0n será obtido pela relação: 1,0 3,0 3,0 d d n = . E a fórmula pode ser escrita como: [ ]14/2,0 2 3,02 5,02 7,02 9,021,0 ++++⋅⋅⋅⋅= nnnndhv pi onde: v = volume do tronco; Biometria Florestal 102 h = altura total; i,0d = diâmetros relativos de Hohenadl; i,0g = área da secção transversal correspondente a do,i i,0n = quocientes de forma;
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