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AVALIAÇÃO PSICOLOGICA X AVALIAÇÃO NEUROPSICOLOGICA

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Diferenças e Semelhanças entre Avaliação Psicológica e Avaliação Neuropsicológica: 
A Opinião de Profissionais das Áreas1 
Elyan Herrera Arbo Gallas2 
Jefferson Silva Krug3 
 
Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT 
 
RESUMO 
Este artigo visa a realizar um breve estudo sobre avaliação psicológica e avaliação 
neuropsicológica, através de entrevistas com psicólogos e neuropsicólogos, investigando as 
diferenças e semelhanças existentes entre estes dois tipos de avaliações clínicas. Para tal, 
foram realizadas e gravadas entrevistas com dois psicólogos com prática clínica em avaliação 
psicológica, bem como com dois neuropsicólogos, com prática clínica em avaliação 
neuropsicológica. Após, foram analisados e discutidos os dados coletados nas entrevistas 
realizadas com os profissionais. Nos resultados obtidos nesta pesquisa, foi identificado um 
maior número de semelhanças do que de diferenças entre esses tipos de avaliações realizadas. 
Como principais semelhanças, observaram-se os conhecimentos, habilidades necessárias e 
métodos avaliativos. As diferenças principais residem nas questões relativas aos objetivos de 
cada tipo de avaliação. 
 
Palavras-Chave: Psicologia. Neuropsicologia. Avaliação Psicológica. Avaliação 
Neuropsicológica. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A ciência nos fala que o padrão de atividade neural difere em relação a uma 
psicopatologia existente ou não no indivíduo. Devido a esta diversidade disfuncional ou 
funcional,considera-se,na atualidade, de suma importância o conhecimento do cérebro e suas 
funções, para melhor adequação de tratamento para um determinado paciente, dentro de sua 
psicopatologia e/ou desordens neuropsicológicas (ANDRADE, 2004). 
Atualmente, torna-se necessário, ao psicólogo, ter conhecimento a respeito do 
desenvolvimento, organização e funcionamento do sistema nervoso, visto que nele reside, não 
somente a origem da atividade mental, mas também o objeto de sua prática. Portanto, para 
 
1
 Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara, como requisito 
parcial para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão II. 
2
 Acadêmica do Curso de Psicologia. 
3
 Psicólogo, Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS), Professor do Curso de Psicologia da FACCAT, 
Coordenador do Grupo de Pesquisa “Avaliação Psicológica: instrumentos e contextos” e Coordenador do Curso 
de Psicologia. 
Supprimé : 
Supprimé : 
uma melhor eficácia de seu trabalho, justifica-se que este profissional estabeleça relações 
entre a(s) psicopatologia(s) diagnosticada(s) e a(s) potencialidade(s) encontrada(s) na 
avaliação psicológica de seu paciente e/ou na avaliação neuropsicológica do mesmo. 
Observa-se que o crescimento das áreas de estudo, dentro da neurociência, tem 
gerado algumas inquietações no campo profissional e científico em relação às práticas 
desenvolvidas por profissionais da área da saúde. Entre essas inquietações, podemos 
relacionar a dificuldade para se definir, com precisão, semelhanças e diferenças existentes 
entre as práticas dos psicólogos e as dos neuropsicólogos. As avaliações psicológicas, muitas 
vezes, assemelham-se às avaliações neuropsicológicas no tocante aos objetivos, 
conhecimentos e habilidades necessárias, como também nos procedimentos para fins de 
diagnóstico ou tratamentos. Supõe-se, porém, que cada uma destas avaliações esteja baseada 
em pressupostos que podem diferenciar-se e, assim, influenciar, tanto na condução do 
processo avaliativo, quanto na leitura de materiais produzidos ao longo de uma avaliação, 
mesmo que estes materiais possam assemelhar-se. Neste sentido, surgem algumas dúvidas no 
campo das avaliações das funções mentais, em relação à abrangência e os objetivos de cada 
uma das investigações, bem como o papel de cada um dos profissionais em uma avaliação 
multidisciplinar. 
A preocupação com a eficiência no diagnóstico, adesão ao tratamento e reabilitação, 
bem como sua eficácia, é de responsabilidade de profissionais da área da saúde, da qual a 
psicologia faz parte. Sendo assim, nesta pesquisa, pretende-se abordar as diferenças e 
semelhanças entre a avaliação psicológica e a avaliação neuropsicológica, segundo opinião de 
profissionais destas duas áreas de atuação. Para tal, procuramos conhecer os objetivos de cada 
um dos tipos de avaliação, os métodos de investigação adotados, os procedimentos utilizados, 
os conhecimentos, as habilidades e o tempo necessários para a realização das avaliações. 
 
 
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
1.1 Avaliação Psicológica 
 
Na ciência, a área que se dedica a estudar os processos mentais e o comportamento é 
a psicologia. A avaliação psicológica proporciona dados destes processos, fornecendo-nos 
características do indivíduo e mostrando-nos como este responde a determinados estímulos. 
Portanto, o papel da avaliação psicológica sempre esteve estritamente ligado à necessidade de 
conceituar e implementar estratégias de intervenções bem-sucedidas para a correção dos 
transtornos psicológicos (ATIKINSON, 2002). 
Segundo Anastasi e Urbina (2000), na atualidade, as avaliações psicológicas já não 
são mais somente observações clínicas dos indivíduos, mas nestas são utilizadas testagens 
psicométricas, as quais possuem baterias de testes psicológicos e escalas psicológicas, 
objetivando e agilizando os tratamentos. Os testes psicológicos e escalas podem ser 
quantitativos e/ou qualitativos. A escolha do método adequado dependerá do objetivo a ser 
investigado. As entrevistas padronizadas ou estruturadas e as escalas de avaliação foram 
incorporadas, progressivamente, nas avaliações diagnósticas dos pacientes. 
De acordo com Andrade e Santos (2004), um teste psicológico objetiva e padroniza 
uma amostra do comportamento, sendo que os testes aplicados e mensurados do indivíduo, 
são como os de outra ciência. Como exemplo, podemos comparar esta atividade de testagem 
humana, entre um psicólogo e um bioquímico. Este testa o sangue de um paciente, coletando 
uma amostra; aquele testa o comportamento através de avaliações psicológicas. 
No que tange à caracterização da avaliação psicológica, Landeira-Fernandez (1998, 
p. 17) afirmam: 
 
a mudança está na forma de se delimitar e entender o problema, levando em 
consideração fatores biológicos como variáveis importantes no entendimento da 
atividade mental. Da mesma forma, esta posição não reduz a atividade psicológica a 
mecanismos puramente biológicos. 
 
A própria natureza multifatorial do fenômeno psicológico impede tal reducionismo 
neste assunto tão complexo como é o da mente humana. A maior dificuldade, talvez, esteja no 
ceticismo do psicológico clínico quanto à enorme quantidade de evidências clínicas e 
experimentais, mostrando que nossos pensamentos, motivações, idéias, crenças e emoções, 
em um dado momento de nossas vidas, resultam do impacto do meio ambiente e das relações 
sociais, que tiveram ação sobre a plasticidade de nossas células nervosas no decorrer da nossa 
existência. 
Assim, poderíamos considerar o fato de que nossas funções psicológicas alteram-se 
após mudanças em nossas percepções cognitivas, as quais mudam nosso padrão de 
comunicação na rede neural, conforme o caminho que nossas estruturas cerebrais tomam, de 
acordo com as funções ou disfunções neurológicas existentes em nosso cérebro (BEAR, 
2002). 
 
 
1.2 Avaliação Neuropsicológica 
 
Em Bear (2002), encontramos que a neurociência acompanhou o desenvolvimento do 
estudo do cérebro, desde a antiguidade, utilizando-se do processo chamado trepanação 
(cirurgia cerebral pré-histórica). Então, apesar da palavra “neuropsicologia” ser nova dentro 
da área das neurociências, observa-se que, desde tempos remotos, este órgão humano nunca 
deixou de intrigar cientistas de múltiplasespecialidades, os quais utilizavam-se ou não de 
intervenções anatômicas para localizar as funções cerebrais do homem. 
Falando em neuropsicologia, segundo Andrade e Santos (2004), a fundamentação 
teórica desta possui seus construtos constituídos em grande parte a partir da convergência de 
algumas ciências, tais como: Matemática, Fisiologia, Psicologia e Medicina (neurologia e 
neuroquímica.), permitindo assim, que uma conjunção de conceitos psicológicos, anatômicos 
e orgânicos se somassem aos de outras ciências e se constituísse a neuropsicologia. 
A partir da união destas diferentes disciplinas, outras começam com o mesmo 
movimento e objetivos. Surgem, assim, especializações que, até então, não existiam, como a 
Neuropsicologia, que auxilia a ciência com pesquisas científicas, estudos de caso e 
proporciona visões complementares para os diagnósticos médicos e psicodiagnósticos. 
Quanto ao termo neuropsicologia, Lezak (1995) nos traz que, a partir de 1913, esta 
nomenclatura foi apresentada de maneira sistemática, com o avanço de estudo. Como por 
exemplo, a verificação das funções complexas mentais e o funcionamento de áreas cerebrais 
atuantes em conjunto e como estas se relacionavam, o que possibilitava a associação entre 
cérebro e comportamento, constituindo deste modo, a base desta área científica. Disto, 
resultaram avanços provenientes de estudos em indivíduos com distúrbios particulares. Estes 
estudos sinalizavam a importância da descrição das alterações cerebrais observadas e suas 
respectivas manifestações comportamentais nesses pacientes, impulsionando a área da 
neuropsicologia. Conforme Landeira- Fernandes (1998), a neuropsicologia faz parte da área 
das Neurociências, e a mesma é uma área específica da Psicologia, a qual aborda o estudo do 
ser humano, baseado no seu funcionamento cerebral. Esta é uma ciência que propõe novos 
métodos para investigar o papel dos sistemas cerebrais, em formas complexas de atividade 
mental. 
Desta forma, a avaliação, dentro da neuropsicologia, investiga o processamento 
cognitivo e comunicativo e seus correlatos neurais, sendo seu foco principal a investigação 
das bases neurobiológicas do funcionamento das funções cognitivas, como por exemplo, 
percepção, linguagem, memória, atenção, orientação têmporo-espacial, praxias, calculias, e 
funções executivas, tanto no cérebro com algum acometimento neurológico, quanto do 
cérebro intacto (CAIXETA, 2007). 
Para Mello (2006), a avaliação neuropsicológica é a avaliação do aspecto 
neurológico das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, funções executivas, 
capacidade de planejamento, raciocínio lógico, abstrato, funções motoras, entre outras. O 
objetivo deste tipo de avaliação é identificar efeitos funcionais ou disfuncionais, em diversas 
psicopatologias e desordens neurológicas, tanto nos transtornos psiquiátricos, quanto em 
indivíduo sadio, para fazer uma espécie de “check-up” cognitivo, com ou sem queixa de 
modificação do funcionamento cognitivo, inclusive a nível preventivo. Com o aumento da 
longevidade do homem, estes procedimentos preventivos de saúde poderão levá-lo a uma 
melhor qualidade de vida, por conseguir-se detectar, precocemente, disfunções e reabilitá-las 
com extrema eficácia, incentivando sua plasticidade cerebral. A avaliação neuropsicológica 
utiliza-se de métodos psicométricos da psicologia e da neurologia, e também pode vir a 
analisar os procedimentos eletrônicos e computacionais feitos com o paciente. 
Avaliação neuropsicológica se apresenta, cada vez mais, como um método científico, 
valioso para medir os prejuízos nas funções cerebrais, identificando o modo como o paciente 
processa informação. Esse método pode, também, examinar como estes prejuízos podem ser 
afetados pela relação cérebro-comportamento. Portanto, a avaliação neuropsicológica pode ser 
utilizada, por exemplo, para responder perguntas como: este paciente tem capacidade de 
aprendizagem que afeta seu desempenho, e/ou de processar informações percepto-motoras na 
sua vida diária? Assim, através dos resultados obtidos, poderá ser escolhida a estrutura do 
desenvolvimento das intervenções de tratamento e/ou reabilitação, tanto psicológica, quanto 
neuropsicológica, de acordo com aquele determinado indivíduo e seu próprio funcionamento 
cerebral (LANDEIRA-FERNANDES, 1998). 
A necessidade científica e populacional de obter resultados nos tratamentos propiciou 
o movimento de investimentos nas avaliações do cérebro humano. Estas avaliações passaram 
a contar com o auxílio dos testes psicológicos, para facilitar identificações mais específicas 
das patologias orgânicas e psíquicas, como em lesões adquiridas, aliando as mesmas a seus 
prejuízos e potencialidades nas funções cognitivas, onde as avaliações e testagens 
neuropsicológicas podem vir a contribuir (LEZAK, 1995). 
A neuropsiclologia, como área científica, realiza pesquisa clínica sobre técnicas de 
avaliação e reabilitação neurológica, coletando dados fundamentais para a avaliação científica 
destes procedimentos (ABRISQUETA-GOMES e SANTOS, 2006). Portanto, a 
neuropsicologia é a ciência dedicada a estudar a expressão comportamental das disfunções 
cerebrais, ou seja, é a ciência que estuda a relação entre cérebro e comportamento humano, 
tendo como principal enfoque o desenvolvimento de uma ciência do comportamento humano 
baseada no funcionamento cerebral (COSTA et. al, 2004). 
Como em todos os ramos atuais de atividades, na ciência não é diferente, ocorrem 
movimentos de unificações, os quais vêm seguidos de tumulto em relação a separações 
específicas dentro das áreas da saúde. No tema aqui abordado, torna-se necessário refletir 
sobre alguns princípios gerais, pois, a partir disto, é possível conceituá-los integrando 
evidências experimentais, observações empíricas e clínicas. 
Desta forma, uma série de procedimentos de avaliação psicológica e 
neuropsicológica surgiu nos últimos anos, facilitando, cada vez mais, as investigações e 
modificando os métodos de intervenções clínicas, conforme os resultados obtidos em cada 
indivíduo. Isto possibilita um maior entendimento individual do caso e facilita a reabilitação 
durante o desenvolvimento do tratamento. 
 
 
2 MÉTODO 
 
Este estudo parte de um delineamento qualitativo de pesquisa, o qual “pode ser 
utilizado para aprofundar a complexidade de fenômenos, fatos e processos particulares e 
específicos de grupos mais ou menos delimitados em extensão e capazes de ser abrangidos 
intensamente. Trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões” 
(KRUG, 2005, p. 8). Neste sentido, optou-se por esse delineamento uma vez que ele 
possibilita maior aprofundamento sobre um fenômeno estudado. 
 
2.1 Participantes 
 
Participaram deste estudo dois psicólogos com experiência em avaliação psicológica 
e dois neuropsicólogos, também com prática na área, sendo que estes são psicólogos 
especialistas em neuropsicologia. A escolha dos participantes foi feita segundo o critério de 
conveniência. Os profissionais atuam em clínica particular e/ou hospitais. 
 
 
2.2 Instrumentos 
 
Para este trabalho, foi utilizada, como instrumento, a entrevista estruturada que “é 
aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas 
ao indivíduo são predeterminadas (MARCONI e LAKATOS, p. 93, 2002). Para sua 
realização, foram confeccionados dois roteiros de entrevistas, de acordo com a especialização 
de cada um dos dois tipos de profissionais que realizam avaliações psicológicas e 
neuropsicológicas. 
 
2.3 Procedimentos para coleta dos dados 
 
Antes da coleta de dados desta pesquisa, foi encaminhado ao comitê de ética das 
Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT) o projeto da mesma. Após a aprovação deste, 
entrou-se em contato com os participantespara a marcação das entrevistas. No dia do 
encontro com cada participante, foi realizada a leitura e assinatura do Termo de Compromisso 
Livre e Esclarecido. A realização e a gravação das entrevistas foram feitas nos locais 
indicados pelos participantes. 
 
2.4 Procedimentos para análise de dados 
 
As entrevistas foram transcritas e analisadas através do método de Análise de 
Conteúdo de Bardin (1977). 
Segundo Bardin (1977, p.31) 
 
a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, 
visando a obter, por modelos sistemáticos e objetivos de descrição dos conteúdos 
das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de 
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) 
destas mensagens. 
 
A Análise de Conteúdo, conforme Bardin (1977), investiga o entendimento do 
conteúdo das mensagens, relacionando-o com a comunicação entre os homens. Neste estudo, 
o item, citado acima, foi realizado através dos dados coletados nas entrevistas dos psicólogos 
e neuropsicólogos com experiência nestas áreas de atuação profissional. 
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
A partir da análise dos dados das entrevistas com os profissionais, construíram-se 
categorias de respostas, possibilitando, assim, a comparação entre os aspectos citados pelos 
entrevistados quanto às semelhanças e diferenças entre a avaliação psicológica e a avaliação 
neuropsicológica. As categorias são apresentadas na Tabela abaixo: 
 
Tabela1: Categorias resultantes da Análise das Entrevistas 
 
Categorias Subcategorias 
Categoria A 
 
OBJETIVOS 
Cat. 1 – Tipo de demanda 
Cat. 2 – O que é avaliado 
Cat. 3 – Objetivos finais da avaliação 
Cat. 4 – Característica do diagnóstico 
 
Categoria B 
 
CONHECIMENTOS E 
HABILIDADES 
NECESSÁRIAS 
 
Cat. 5 – Processo de avaliação 
Cat. 6 – Domínio prático e teórico das tarefas 
Cat. 7 – Teoria 
Cat. 8 – Instrumentos 
Cat. 9 – Supervisão 
Cat. 10 – Atualização teórica 
Cat. 11 – Trocas interdisciplinares 
 
Categoria C 
 
PROCEDIMENTOS 
 
Cat. 12 – Instrumentos utilizados 
Cat. 13 – Observação clínica 
Cat. 14 – Reavaliações 
Cat. 15 – Duração da avaliação 
Cat. 16 – Devolução 
Cat. 17 – Produção de documentos 
 
A primeira grande categoria intitulada “Objetivos” (Categoria A) engloba todas as 
passagens das entrevistas que apontam os objetivos dos dois tipos de avaliações estudados, 
com relação às demandas (Cat. 1), o que é avaliado (Cat. 2), o objetivo final da avaliação 
(Cat. 3) e as características do diagnóstico (Cat. 4). 
A Cat. “tipo de demanda” apontou que a avaliação psicológica ocorre, geralmente, a 
partir de uma demanda individual do avaliado ou do encaminhamento de outro profissional. 
Já na avaliação neuropsicológica, a demanda citada pelos entrevistados, fez menção apenas ao 
encaminhamentos de profissionais. Neste sentido, pode-se supor que a busca por uma 
avaliação neuropsicológica não ocorra por demanda individual do avaliado, mas por sugestão 
de outro profissional, visando ao aprimoramento do diagnóstico ou tomada de alguma 
decisão. Essas informações podem ser observadas nas seguintes passagens das entrevistas: 
“(...) ele mesmo que busca, é processo de que ele vem com a queixa...” 
“(...) começa tudo pelo encaminhamento, quem te encaminhou aquele paciente, 
entender, o porquê da queixa...” 
Segundo Taub et. al, (2006), a queixa individual e familiar objetiva a compreensão 
da inter-relação entre os comportamentos adaptativos e/ou desadaptativos apresentados pelo 
indivíduo, estão de acordo com as demandas ambientais do contexto onde o indivíduo está 
inserido. Portanto, isto nos leva a refletir sobre o fato de que alguns prejuízos avaliados como 
tal, tornam-se ou não comportamentos desadaptativos. Isto vai depender do contexto deste 
indivíduo, como se nota na fala de um dos entrevistados. 
“(...) se ele vive na roça, falar ou pensar mais lento que o ´normal`, não vai ser 
problema pra ele, mas aqui vai...” 
Quanto ao “o que é avaliado” (Cat. 2), observou-se que a avaliação psicológica tem 
seu foco na investigação da personalidade, da emoção, das potencialidades e prejuízos das 
funções cognitivas. Para os entrevistados, o que diferenciaria a avaliação psicológica da 
neuropsicológica seria a não preocupação com aspectos de personalidade e emoção, buscando 
enfatizar os prejuízos das funções cognitivas e o seu funcionamento cerebral, identificando-os 
para tratamentos, cirurgias e capacidades laborais, entre outros. 
Do mesmo modo, a literatura nos traz que é fundamental para a neuropsicologia a 
compreensão do funcionamento cerebral do indivíduo, para as atividades que este executa, 
tanto comportamentais, quanto cognitivas (LÚRIA, 1981). Já para Anastasi e Urbina (2000), 
os testes repousam sobre a idéia de que se pode ter as características da personalidade, através 
da maneira pela qual a pessoa dá sentido a um estímulo relativamente pouco estruturado e 
vazio de sentido. Deste modo, o termo projetivo é um adjetivo que é utilizado no campo do 
psicodiagnóstico, para qualificar técnicas cujos estímulos e instruções, potencialmente, 
pretendem elicitar no sujeito o processo de projeção, típicos da avaliação psicológica. 
No entanto, os testes não se propõem apenas a medir as características da 
personalidade e da emoção ou a quantificá-las, mas buscam compreender o sujeito, o que ele 
faz ou não, a forma como executa a ação, quando e por que age de determinada maneira. 
Sendo assim, podemos verificar este conceito nas seguintes afirmações dos entrevistados: 
“(...) para os testes são muitos conhecimentos, ele tem que conhecer psicologia, 
testagem, instrumentos...” 
“(...) a avaliação psicológica fica só focada na questão das funções de personalidade, 
da memória, da emoção, também na área da inteligência, a partir disso tu pode tentar 
entender o funcionamento cognitivo da pessoa...” 
Mas a identificação das potencialidades pode propiciar as futuras intervenções de 
reabilitação, como percebemos na seguinte frase de um dos entrevistados: 
“(...) saber se ela pode trabalhar por aí, e intervir pra tentar superar o 
funcionamento dela, desde tarefas que sejam compensatórias, ou de recuperação 
mesmo, reabilitação neuropsicológica...” 
Estes são os “objetivos finais da avaliação” (Cat. 3) neuropsicológica. Esta visa a 
reabilitação, ou seja, a incentivar a plasticidade cerebral do ser humano. Já a avaliação 
psicológica visa a atender a solicitações de perícia judicial, de demandas individuais do 
avaliado ou de outros profissionais da área da saúde. Essas diferenças influenciariam nas 
“Características do diagnóstico” (Cat. 4) de cada uma destas avaliações, onde é mencionada a 
importância da finalidade do diagnóstico, como podemos verificar nas falas dos entrevistados: 
“(...) então é muito mais que tu dizer que fulano de tal, pela avaliação psicológica 
que se entende que ele tem um diagnóstico tal, eu não vejo muita função nisso, eu 
vejo mais quando você delimita tudo que teve bem e tudo que teve com prejuízo...pra 
investir no tratamento...” 
“(...) nos casos de perícia, às vezes, é necessário um diagnóstico final, isso então é 
diferente...” 
A segunda grande categoria intitulada “Conhecimentos e habilidades necessárias” 
(Categoria B), inclui todas as passagens das entrevistas que fazem menção aos fundamentos 
necessários para cada um dos tipos de avaliações estudados: com relação ao processo de 
avaliação (Cat. 5), o domínio prático e teórico das tarefas (Cat. 6), a teoria (Cat. 7), os 
instrumentos (Cat. 8), a supervisão (Cat. 9), a atualização teórica (Cat. 10) e as trocas 
interdisciplinares (Cat. 11). 
Quanto ao “processo de avaliação” (Cat. 5), percebeu-se que na avaliação 
psicológica, são realizadas entrevistas estruturada,com o avaliado, com seus familiares, com 
outros profissionais da área da saúde ou não; por exemplo, com o professor (em casos de 
avaliação infantil). Comprova-se a presença destes dados nas seguintes citações das 
entrevistas: 
“(...) entro em contato com a escola, pra falar com o professor da criança...” 
“(...) eu gosto sempre de falar com os pais primeiro, pra identificar qual é a 
queixa...” 
Para Costa et al, (2004), a neuropsicologia realiza exame neuropsicológico em 
crianças, adultos ou idosos que apresentem algum comprometimento neuropsicológico. 
Presta,também, orientação e esclarecimentos aos portadores, familiares e à comunidade, 
visando a auxiliar no tratamento e melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas, 
assim como em nível de prevenção. 
De acordo com os relatos das entrevistas, em relação aos dados citados 
anteriormente, quando se fizer necessário, estas entrevistas poderão ser refeitas após o 
término do processo avaliativo, para esclarecer algum ponto específico que tenha deixado 
dúvidas no profissional. Mas na avaliação neuropsicológica, além destas pessoas citadas pelos 
participantes da pesquisa, também é entrevistado o cuidador do avaliado e realizado contato 
com outros profissionais da área da saúde, envolvidos na investigação do caso. 
 Em ambas as avaliações, porém, é citado que se faz necessário que o profissional 
avaliador tenha “domínio prático e teórico das tarefas” (cat. 6). Minayo (2004), relata que 
Bourdieu, em 1972, já mencionava que: “a teoria da prática que aparece como uma condição 
de uma ciência rigorosa das práticas, não é menos teórica”(p. 10). Como, por exemplo, está 
presente na fala abaixo: 
“(...) acredito que seja muita prática clínica, claro conhecimento teórico também...” 
Em relação à categoria acima, tanto na avaliação psicológica, quanto na avaliação 
neuropsicológica, foi enfatizado pelos entrevistados que é fundamental o conhecimento 
prático e teórico por parte do profissional, bem como sua criatividade na elaboração das 
tarefas a serem executadas pelo avaliado. Apresentou-se aqui, como ponto comum entre os 
entrevistados, a possibilidade de tarefas que avaliem sem um custo oneroso, como por 
exemplo, as que são realizadas só com lápis e papel Este dado está disposto na seguinte 
passagem da entrevista: 
“(...) tarefa sem custo alto, tu tem uma folha de papel e pede pra pessoa copiar com 
o lápis uma figura, tu já pode ver o padrão da cópia dela, se por exemplo, ela 
consegue perceber todos os elementos e reproduzir, tu pode ver se ela negligencia 
na metade, tu vai avaliando, aí tu percebe a hemineglgência, a lateralidade disto.” 
Contudo, na avaliação psicológica, estas tarefas tinham seu foco avaliativo na 
capacidade intelectual do avaliado e foram denominadas de tarefas cotidianas. Na avaliação 
neuropsicológica, foram mencionadas como tarefas ecológicas, focando a capacidade de 
funcionamento do indivíduo na sua casa, bem como no seu trabalho, ou seja, de acordo com o 
seu contexto e cultura. Observou-se que isto envolve conhecimentos por parte do profissional, 
como é disposto na seguinte passagem: 
“(...) ele tem que conhecer psicologia social no sentido assim das influências em 
termos sociais....” 
Para Anastasi e Urbina (2000), a avaliação do ser humano é entendida como o 
processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretações de informações a 
respeito dos fenômenos, os quais são resultados da relação do indivíduo com a sociedade. 
Para tanto, utilizam-se estratégias, métodos, técnicas e instrumentos. Os resultados das 
avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos, sociais e seus efeitos no 
psiquismo do indivíduo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar, não 
somente sobre o mesmo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a 
formulação da demanda até a conclusão do processo. 
Contudo, para o profissional avaliador conseguir elaborar e montar tarefas é 
imprescindível ter conhecimento da “teoria” (cat. 7), onde a psicologia possui uma vasta 
literatura, facilitando o estudo para o psicólogo. Embora, nas entrevistas feitas com os 
psicólogos, não se tenha dado ênfase a este aspecto, ele se fez presente, como se observa na 
fala abaixo: 
“(...) claro que tu precisa ter conhecimento teórico, também tu precisa saber o que 
é uma avaliação, o que é um processo destes...” 
Já nas entrevistas com os neuropsicólogos, foi enfatizado o pouco material 
disponível para estudo e também “instrumentos” (cat. 8) para esse tipo de avaliação. Na 
avaliação psicológica, foi mencionado que o profissional deve ter conhecimento em testagem 
e técnicas de entrevista, como segue na afirmação do entrevistado: 
“(...) de qualquer forma a gente tem muita carência de material de estudo e de 
instrumentos, ainda no Brasil na nossa área... 
“(...) tu entrevista pra saber da história deste paciente até o momento, saber se na 
família tem casos semelhantes...” 
Na avaliação neuropsicológica, o avaliador deve possuir conhecimentos de testes 
validados, bem como habilidades com testes não validados, para transformá-los, quando 
necessário, em tarefas ecológicas de acordo com o contexto e cultura do avaliado. 
“(...) então pra gente fazer uma avaliação mais aprofundada, existem escalas não 
padronizadas aqui no Brasil, as escalas de memória, a lista de palavras de Rey 
RAVL-T, Figura complexa de Rey, que foram encaminhadas pro Conselho, só que 
ainda não foi aprovado pra ser utilizado como testes, aí se usa como tarefa...” 
De acordo com este dado da análise, Abrisqueta-Gomes e Santos (2006) mencionam 
que nas intervenções de reabilitação utilizam-se das potencialidades identificadas através dos 
instrumentos para desenvolver as dificuldades do indivíduo, estas ocorrendo em nível de 
atividades, participação individuais e sociais. 
A “supervisão” (cat. 9), na avaliação psicológica, é considerada pelos entrevistados 
um fator importante no processo. Já na neuropsicológica, esta, muitas vezes, faz parte do 
processo, pois as avaliações são realizadas dentro de uma equipe multidisciplinar e se não for 
neste contexto, o avaliador entra em contato com profissionais de áreas afins, envolvidos no 
caso. Isto está claro na fala abaixo: 
“(...) buscar e selecionar os instrumentos...aplicar as tarefas, aí ter uma boa 
supervisão clínica, esclarecendo tuas dúvidas na avaliação...” 
Portanto, a “atualização teórica” (cat. 10) na avaliação psicológica é considerada 
como estudos dentro da área da psicologia. Já na avaliação neuropsicológica, esta é referida a 
áreas afins, por exemplo, neurologia e farmacologia. Com isto, as “trocas interdisciplinares”, 
(cat. 11) na avaliação neuropsicológica, mostraram acontecer com um número maior de 
profissionais de diversas áreas afins. Na avaliação psicológica, a troca interdisciplinar é mais 
restrita. Assim, supõe-se que estas trocas são de extrema importância para uma boa avaliação 
nestas duas áreas da saúde mental. Caixeta (2007) nos diz que, a idéia de trabalho em equipe 
integrada multidisciplinar, adequada para nosso mundo tecnologicamente avançado, exige 
uma maior compreensão dos problemas que envolvem a mente humana, ficando 
imprescindível a interdisciplinariedade. Para isso, podemos contar, na atualidade, com o 
avanço das novas tecnologias, onde existem recursos que possibilitam a investigação do 
cérebro em funcionamento, como a Tomografia por emissão de fóton único (SPECT), 
tomografia por emissão de pósitrons (PET), a Ressonância Magnética Funcional (RMf) e 
exames mais simples como o (EEG) Eletro Encefalograma (ANDRADE e SANTOS, 2004). 
Referimo-nos a isto, dando seqüência aos relatos dos entrevistados sobre a categoria 
abordada no momento: 
“(...) buscar o resultado que o fonoaudiólogo deu, resultado do neurologista, 
precisa teressa interdisciplinariedade”... 
“(...) é necessário ter contato com outros profissionais pra te auxiliarem nessa 
avaliação...” 
Seguindo a análise dos dados que compõem esta pesquisa, a terceira grande categoria 
intitulada “Procedimentos” (Categoria C) contém a Cat. 12 (instrumentos utilizados), a Cat. 
13 (observação clínica), a Cat. 14 (reavaliações), a Cat. 15 (duração da avaliação), a Cat. 16 
(devolução) e a Cat. 17 (produção de documentos). 
Quanto à Cat.12 “instrumentos utilizados”, os neuropsicólogos relataram que 
existem pouquíssimos instrumentos validados no Brasil, pois alguns estão em estágio de 
pesquisa e outros já foram encaminhados para o Conselho Federal de Psicologia, para obter 
validação. Enquanto isto não acontece, neste tipo de avaliação, são utilizados testes não 
padronizados para a nossa população, como por exemplo, Trail Making Test, Hayling Test, 
dentre outros. Depois estes são observados e analisados, do mesmo modo que as tarefas 
ecológicas. 
Na avaliação psicológica, de acordo com os psicólogos entrevistados, em nosso país, 
são utilizados testes padronizados, tais como: WISC III, WAIS, D2, IFP e AC. Os mesmos 
enfatizaram a importância da observação por parte do avaliador para saber se o teste possui 
validação em uma amostra, de acordo com a população que está sendo investigada. Um dos 
entrevistados relatou utilizar testes não padronizados, como por exemplo, a Lista de Palavras 
de Rey e a Figura de Rey, observando seus resultados como tarefa, do mesmo modo que é 
observado na avaliação neuropsicológica. 
Quanto aos instrumentos, encontramos na literatura que, para a aplicação dos 
conhecimentos nas avaliações neuropsicológicas, também são utilizadas testagens, que nos 
permitem comparar o funcionamento cognitivo do indivíduo saudável com indivíduo que 
apresenta uma determinada patologia, analisando o desempenho obtido através de 
instrumentos padronizados e observação clínica do avaliado (PAWLOWSKI, 2007). 
Assim, percebe-se que, em ambas as avaliações, são utilizados instrumentos 
padronizados e validados no Brasil, tanto quanto instrumentos não padronizados, que ainda 
estão sendo analisados pelo Conselho Federal de Psicologia para validação em nosso país. A 
partir disto, supõe-se que os psicólogos e os neuropsicólogos utilizam alguns testes iguais, 
padronizados ou não, validados ou não, sendo que os resultados destes estão dependentes da 
maneira e do foco em que é realizada a análise, dentro de cada tipo de avaliação. Também 
foram mencionados alguns testes diferentes, como por exemplo, o Neupsilin utilizado pelos 
profissionais da neuropsicologia. O fato está relatado nas seguintes falas dos entrevistados: 
“(...) tem agora o Neupsilin, que vai ser lançado, que foi elaborado por um pessoal 
daqui do Rio Grande do Sul...” 
“(...) então pra gente fazer uma avaliação mais aprofundada, existem escalas não 
padronizadas aqui no Brasil, as escalas de memória, a lista de palavras de Rey 
RAVL-T, Figura complexa de Rey, que foram encaminhadas pro Conselho, só que 
ainda não foi aprovado pra ser utilizado como testes, aí se usa como tarefa...”. 
Conforme Jamus e Mãder (2005, p.193) “a Figura Complexa de Rey é uma medida 
de construção visuo-espacial e memória não verbal, utilizada em pesquisas neuropsicológicas, 
não apenas em casos de epilepsia, mas em diferentes áreas das neurociências”. Nas 
entrevistas, apresentou-se também, como ponto comum entre os entrevistados, a necessidade 
de tarefas que avaliem sem um custo oneroso, como por exemplo, as que são realizadas só 
com lápis e papel. Este dado está disposto na seguinte passagem da entrevista: 
“(...) tarefa sem custo alto, tu tem uma folha de papel e pede pra pessoa copiar com 
o lápis uma figura, tu já pode ver o padrão da cópia dela, por exemplo, se ela 
consegue perceber todos os elementos e reproduzir, tu pode ver se ela negligência 
na metade, tu vai avaliando, aí tu percebe a heminegligência, a lateralidade disto..” 
A Cat 13 “observação clínica” é realizada na avaliação psicológica, segundo os 
entrevistados, no consultório. A avaliação neuropsicológica também pode ser realizada no 
consultório, no hospital, e/ou no ambulatório, de acordo com o que está sendo avaliado e as 
condições físicas do indivíduo. Assim, as “reavaliações” (Cat 14) na avaliação 
neuropsicológica se fazem necessárias várias vezes durante o processo de reabilitação, para 
verificação da eficácia das intervenções. Consta que na atualidade, tivemos avanços 
significativos em técnicas compensatórias de reabilitação para deficiências cognitivas, 
favorecendo desempenhos mais satisfatórios de comportamento, os quais dependem das 
funções cognitivas deficientes e do que está funcionando bem no indivíduo (ABRISQUETA-
GOMES e SANTOS, 2006). Nas entrevistas, pudemos verificar isto nas seguintes afirmações: 
“(...) pra dar caminho pra interpretação dos dados trabalhados e ter uma 
reabilitação futura...” 
“(...) se um paciente vai sofrer uma intervenção cirúrgica, então tu pode fazer um 
comparativo de como ele foi antes e depois, aí tu tem um dado daquele paciente, 
numa relação dele, com ele mesmo... 
Por outro lado, nas entrevistas com os psicólogos, este dado de reavaliação não 
consta na avaliação psicológica. Isto nos leva a supor que, quando um indivíduo faz uma 
avaliação psicológica, posteriormente não retorna, ou não é encaminhado novamente, não 
realizando verificações para saber se há ou não alterações no indivíduo, após a sua avaliação, 
ou pouco depois d o término do seu tratamento. 
 Em relação a Cat. 15 “duração da avaliação”, as entrevistas mostraram que, no caso 
da avaliação psicológica, a média é de sete sessões. Na avaliação neuropsicológica, a duração 
depende do contexto, do objetivo e das condições em que se encontra o indivíduo. Por 
exemplo, se é no leito hospitalar, torna-se breve, em torno de um turno. Nas demais, é de seis 
a sete sessões. Isto nos leva a observar que o tempo de realização das avaliações depende do 
foco a ser investigado e do estado da saúde do avaliado, como demonstrado, na entrevista, a 
afirmação abaixo: 
“(...) às vezes o paciente tá no leito e ele vai ter que realizar uma cirurgia no dia 
seguinte e tu tem só aquela tarde pra fazer uma avaliação... 
“(...) tu vai fazer uma entrevista breve com o familiar que tá junto do leito...” 
“(...) ele tá debilitado então não vai conseguir te responder numa tarde toda..”. 
Apesar do pouco tempo para realizar a avaliação, e das condições do paciente, a 
literatura nos traz que nos indivíduos que serão submetidos a cirurgias, como por exemplo, de 
epilepsia, há necessidade de se avaliar, pois as disfunções e eventuais transferências das 
funções da linguagem assumem papéis relevantes, especialmente, em candidatos à cirurgia 
supra-citada, sendo imprescindível a identificação anátomo-funcional ligada às alterações de 
linguagem clássica e de linguagem musicada (FONTOURA et al , 2005). 
Quanto à “devolução” (Cat. 16), na avaliação psicológica, esta é feita ao indivíduo, a 
familiares e a outros profissionais em casos de encaminhamentos, segundo os entrevistados. 
Já na neuropsicológica, é feita aos familiares, ao cuidador, à equipe multidisciplinar, a outros 
profissionais que encaminharão ao paciente, se este tiver entendimento para tal e condições 
físicas no momento da devolução. 
Além disso, observaram-se relatos quanto à “produção de documentos” (Cat 17) na 
avaliação neuropsicológica. Nesta, em alguns casos hospitalares, a devolução é feita através 
do laudo, sendo o indivíduo, após a avaliação, encaminhado para a terapêutica indicada no 
mesmo. Mas a devolução também é realizada na avaliação psicológica, onde são redigidos 
pareceres e laudos que são entregues ao próprio indivíduo avaliado, aos familiares e outros 
profissionais. Dentro deste aspecto, nasentrevistas, é salientado que: 
“(...) em casos variados, para perícia por exemplo, às vezes é necessário um laudo 
judicial...” 
“(...) aponta-se então os pontos fortes e pontos fracos daquele paciente... pra 
investir melhor e auxiliar no tratamento.” 
“(...) e por fim a devolução, aonde é entregue o laudo e se discute o que apareceu 
com a devolução e pedido do encaminhamento...” 
Considerações Finais 
 
Analisando os objetivos deste estudo, observamos que as avaliações psicológicas e 
neuropsicológicas são de extrema importância como auxílio na escolha das intervenções do 
tratamento ou reabilitação a ser desenvolvida pelos profissionais de diversas áreas, tais como 
psicólogos, psiquiatras, neurologistas, fonoaudiólogos e outros, uma vez que se tratam em 
muitos casos de patologias não só psíquicas, mas também orgânicas. Objetivava-se, nesta 
pesquisa, desenvolver um breve estudo sobre a avaliação psicológica, bem como sobre a 
avaliação neuropsicológica, identificando semelhanças e diferenças entre estes dois tipos de 
avaliações. 
Desta forma, observou-se que, na avaliação psicológica, investigam-se as 
potencialidades e prejuízos das funções cognitivas, nas quais as características emocionais e 
da personalidade do indivíduo fazem parte. Por outro lado, na avaliação neuropsicológica, 
investigam-se as funções cognitivas, focando os seus aspectos funcionais e disfuncionais, ou 
seja, a funcionalidade do cérebro do indivíduo, relacionado com seu comportamento e 
patologias neurológicas, estabelecendo a possível área cerebral envolvida. Os resultados 
destas avaliações podem determinar futuras intervenções psicoterápicas, cirúrgicas ou de 
reabilitação neuropsicológica. 
Constatou-se que, entre os dois tipos de avaliação, existem muitas semelhanças, 
quanto aos conhecimentos e habilidades necessários, bem como os métodos avaliativos 
utilizados, ficando difícil diferenciá-las. Mas em relação às diferenças existentes entre as 
avaliações, percebeu-se que o fator mais relevante é que na avaliação neuropsicológica o 
objetivo é identificar os prejuízos e o funcionamento cerebral decorrente destes, utilizando as 
potencialidades para reabilitá-los. Outro fator é que a procura por uma avaliação 
neuropsicológica não vem por parte do avaliado e sim através de encaminhamento de outro 
profissional. Na avaliação psicológica, considera-se, além dos prejuízos e potencialidades, 
também suas características da personalidade e da emoção. Sendo assim, a procura por uma 
avaliação pode vir do avaliado e através do encaminhamento de outro profissional. 
Percebe-se que há poucos estudos ainda na área da avaliação neuropsicológica, em 
comparação com os estudos na área da avaliação psicológica, pois a primeira área é 
considerada muito nova dentro das neurociências. Sendo assim, a realização de estudos nesta 
área, poderá contribuir para um melhor entendimento e ampliação da mesma. 
Ressaltamos ser relevante a realização de estudos, tanto na área de avaliação 
psicológica, quanto na área de avaliação neuropsicológica, pois estas duas áreas estão cada 
vez mais interligadas, possibilitando um melhor entendimento do indivíduo. Sugere-se por 
fim, a realização de estudos que possam abordar o tema discutido aqui com um maior número 
de participantes. Sugere-se também buscar métodos de coleta de dados mais específicos, 
como a análise de documentos resultantes de cada um dos tipos de avaliação estudados. 
 
 
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