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Isabella Aragão UFPE Literatura gráfica? Banda desenhada portuguesa contemporânea (Rui Zink) 4 histórias em quadrinhos Isabella Aragão UFPE Há uma gramática da (BD = HQ)? Quais os elementos sintáticos da HQ? Qual a informação gráfica mais utilizada para representar o movimento? Isabella Aragão UFPE Há uma gramática da (BD = HQ)? E 4 determinantes de uma sintaxe: -> elipse -> relação entre verbal e icônico -> página -> suporte Através dos trabalhos de Cirne (1971/1972), Peeters (1992), McCloud (1992) e Moliteri (1994) ele identifica 4 elementos morfo- sintáticos: -> balão -> vinheta -> figura -> onomatopéia ZI N K, 1 99 9 Elemento 1 -> balão “É uma moldura dentro da qual é inscrito o discurso direto de um personagem, que é frequentemente verbal, mas pode também ser pictórico, recurso corrente quando se trata de imprecações” É a característica mais específica de distinção de quadrinhos. ZI N K, 1 99 9 Elemento 1 -> balão Robert Benayoun identificou 72 tipos diferentes. ZI N K, 1 99 9 Elemento 1 -> balão Hoje em dia encontra-se obras sem o balão, com formatos completamente diferentes do formato usual. Portanto, houve uma necessidade de mudança de sua definição para: Conjunto integrado de palavras ligado ao interlocutor por uma reta ou nada, assim a posição do balão identifica-o. ZI N K, 1 99 9 Elemento 2 -> vinheta Também chamada de quadrado, quadradinho ou quadrinho. Unidade sintática mínima (Não existe forma rígida, a mais comum é a retangular) que não corresponde ao fotograma do cinema, mas a um plano. Enquanto que na lingüística corresponde a uma frase ou parágrafo. BALÃO -> Moldura do discurso do personagem VINHETA -> Moldura de um momento de ação ZI N K, 1 99 9 Elemento 2 -> vinheta ZI N K, 1 99 9 Elemento 3 -> figura/protagonista Protagonista é uma constante da figuração de um texto de HQ, que comete ou sofre ação. A figura não necessariamente é humana, mas tem características humanas. “Arte seqüencial, o HQ requer que algum elemento estabeleça a continuidade ao longo das vinhetas. Pode ser o cenário, e não as figuras animadas em primeiro plano, mas aí será o cenário o protagonista. Ou então, aparecendo apenas uma vez, as personagens serão unidas por um tema ou motivo comuns.” ZI N K, 1 99 9 Elemento 4 -> onomatopéia É a mais celebrada contribuição lingüística dos HQ’s. Tem uma função sinestésica de transmitir sensações e emoções através da combinação entre a expressão gráfica e sonora. “O ruído, nos quadrinhos, mais do que sonoro, é visual. Isto porque, diante do papel em branco, os desenhistas estão sempre à procura de novas expressões gráficas, e o efeito de um bum ou de um crash quando relacionado de modo conflitante com a imagem é, antes de mais nada, plástico.” (Cirne) ZI N K, 1 99 9 Relação 1 -> elipse “A vinheta por si só não faz um HQ. O importante é a relação de continuidade estabelecida entre duas ou mais vinhetas”. O autor considera a elipse a figura fundamental do código dos HQ’s. ZI N K, 1 99 9 Relação 1 -> elipse A ligação entre as vinhetas é sugerida no texto, mas precisa da colaboração do leitor. O leitor preenche o hiato (espaço vazio) entre as duas vinhetas com a projeção imaginária da vinheta invisível que estabelece a ligação. “A elipse é paradoxalmente condição sine qua non para ser estabelecida uma conexão entre as partes e surgir um sentido, porque, ao contrário da elipse convencional, que consiste na omissão, a elipse em HQ não separa aquilo que era contínuo, antes cria uma impressão de continuidade entre partes distintas.” ZI N K, 1 99 9 Relação 2 -> relação icônico-verbal Elementos verbais: Discurso Trechos informativos (tabuletas, páginas de livros) Elementos iconizados (onomatopéia) A composição visual das histórias integram palavras e imagens e suas interações podem ser: redundante ou dinâmica. ZI N K, 1 99 9 Relação redundante Um dos elementos quase podia ser dispensável. “É uma espécie de grau zero da linguagem HQ, e corresponde a uma forma ingênua de construir textos, ou à expectativa de um leitor potencial muito rudimentar.” Também pode ter efeito irônico, adquirindo outra amplitude. Relação 2 -> relação icônico-verbal ZI N K, 1 99 9 Relação 2 -> relação icônico-verbal ZI N K, 1 99 9 Relação 2 -> relação icônico-verbal ZI N K, 1 99 9 ZI N K, 1 99 9 “O encontro mais fecundo entre icônico e verbal realiza-se sem dúvida na banda desenhada... A forma das letras, a tipografia, a escrita manuscrita, a caligrafia... e a forma do espaço no qual se inscreve a mensagem verbal sonora (balão), têm um valor expressivo. “ ZI N K, 1 99 9 Relação 2 -> relação icônico-verbal ZI N K, 1 99 9 A validade estética dos HQ’s está no texto de ficção, na narrativa. Relação 3 -> a dimensão narrativa “Isto não implica um qualquer menosprezo pela componente gráfica da obra. Apenas que, contrariamente ao lugar comum vigente, estabelecemos uma ordem de prioridades em que o aspecto gráfico deixa de ser encarado como o principal elemento do texto.” ZI N K, 1 99 9 A vinheta encontra-se num “parágrafo” mais longo que é a prancha ou página. A página (prancha) está organizada como uma macro unidade significante que pode corresponder a uma unidade de significado identificável – no caso das histórias de uma página só - ou ser parte integrante de uma unidade de sentido superior, o conjunto de duas páginas que forma uma só unidade gráfica. A página pode conter só uma vinheta (quadrinho) ou uma vinheta pode ocupar duas páginas ou mais (artifício retórico para empolar um ponto clímax na ação). Relação 3 -> a dimensão narrativa ZI N K, 1 99 9 A dimensão material de uma narrativa é um fator importante. Em uma página, a narrativa tenderá a ser simples e sintética, tendendo a uma estrutura de anedota. É o caso do cartoon, das tiras dos jornais. Relação 3 -> a dimensão narrativa Então, o suporte onde se encontra as histórias é importante para definir como será a narrativa. No livro, a relação com leitor se dá de uma forma mais “séria”. Enquanto no jornal, as tiras encontram-se na secção fútil, junto com os jogos de lazer. A extensão de um texto é o primeiro critério para diferenciar um texto narrativo. Fazendo um paralelo com a literatura, encontram-se quatro padrões de HQ’s: 1. Tira (cartoon) – narrativa sintética, quase sempre de humor, crítica de costumes e sátiras política. 2. História curta (4 a 8 páginas) – corresponde a um conto curto. 3. História longa (32 a 46 páginas) – equivale a novela.