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Filosofia, comunicação e ética Texto: O uso da linguagem. A Linguagem (Capítulo 5 – Unidade 4): CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. http://www.brasilcultura.com.br/wp-content/uploads/2011/04/pensador.jpg Filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. http://2.bp.blogspot.com/-hf-m8udKvaM/UqeXZoeseKI/AAAAAAAABjI/zfaurOgzko4/s1600/filosofia+logo2_thumb%5B1%5D.png Platão, no Fedro, dizia que a linguagem é um pharmakon: remédio, veneno e cosmético. A linguagem pode ser conhecimento – comunicação, mas também pode ser encantamento-sedução. Essa mesma ideia aparece na Bíblia no mito da Torre de Babel, quando Deus lançou a confusão entre os homens, fazendo com que perdessem a língua comum e falassem línguas diferentes, abrindo as portas para todos os desentendimentos e guerras. http://leandrodaldg.blogspot.com/2011/08/conversando-na-torre-de-babel.html http://linguagemimagembobagem2009.blogspot.com/2010_09_01_archive.html A importância da linguagem Na Política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político” (social e cívico), porque é dotado de linguagem. Os outros animais possuem voz (phone) e com ela exprimem dor e prazer; o homem possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/62/Aristotle_Altemps_Detail.jpg Rousseau: A palavra distingue os homens dos animais. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha falado. Gestos e vozes, na busca da expressão e da comunicação, fizeram surgir a linguagem. http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/09/jean-jacques-rousseau.jpg A força da linguagem A palavra grega mythos significa narrativa e, portanto, linguagem. Narra a origem dos deuses, do mundo, dos homens, das técnicas (o fogo, a agricultura, a caça, a pesca, o artesanato, a guerra) e da vida da comunidade. Exemplo dessa força criadora da palavra mítica encontra-se no Gênese em que Deus cria o mundo do nada, apenas usando a linguagem: “E Deus disse: faça-se!”, e foi feito. Tem poder encantatório reúne sagrado e profano. http://jeanmichelrobert.alainsimon.net/dotclear/images/Genese.jpg As palavras assumem o poder contrário também, criam tabus: há coisas que não podem ser ditas porque não só trazem desgraças e desgraçam quem as pronunciar. Há palavras-tabus na vida social, sob os efeitos da repressão dos costumes, sobretudo os que se referem a práticas sexuais. http://4.bp.blogspot.com/-MpCgdasUoYY/UmUFtA26BEI/AAAAAAAAAEc/T_JqM3YJdSs/s1600/AAA+TABUS.jpg A outra dimensão da linguagem Para referir-se à palavra e à linguagem, os gregos possuíam duas palavras: mythos e logos. Logos é uma síntese de três palavras ou ideias: fala/palavra, pensamento/ideia e realidade/ser. É a palavra racional do conhecimento do real. É discurso (argumento e prova), pensamento (raciocínio e demonstração) e realidade (os nexos e ligações universais e necessários entre os seres): são conceitos ou ideias, estando referidas ao pensamento, à razão e à verdade. A origem da linguagem A Filosofia preocupou-se em definir a origem e as causas da linguagem. A primeira divergência surgiu na Grécia: a linguagem é natural aos homens ou é uma convenção social? Se for natural, as palavras possuem um sentido próprio e necessário; se for convencional, são decisões consensuais da sociedade e são arbitrárias, isto é, a sociedade poderia ter escolhido outras palavras para designar as coisas. Séculos mais tarde, surgiu a seguinte conclusão: A linguagem, capacidade de expressão, é natural: os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica, nervosa e cerebral que lhes permite expressarem-se pela palavra; mas as línguas são convencionais: surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e políticas determinadas: são fatos culturais. Perguntar pela origem da linguagem levou a quatro tipos de respostas: 1. Por imitação. Sua origem: a onomatopeia ou imitação dos sons animais e naturais; 2. Por imitação dos gestos: espécie de pantomima ou encenação; o gesto indica um sentido e, pouco a pouco, passou a ser acompanhado de sons e estes se tornaram gradualmente palavras, substituindo os gestos; http://helenaconectada.blogspot.com/2010/12/o-que-e-onomatopeia.html 3. Da necessidade: fome, sede, necessidade de abrigo, de reunir-se em grupo para defender-se das intempéries, dos animais e de outros homens mais fortes levaram à criação de palavras, formando um vocabulário elementar e rudimentar, que, gradativamente, tornou-se mais complexo e transformou-se numa língua; 4. Das emoções, particularmente do grito (medo), do choro (dor) e do riso (prazer). O que é a linguagem? A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comunicação entre pessoas e para a expressão de ideias, valores e sentimentos. 1. A linguagem é um sistema, isto é, uma totalidade estruturada, com princípios e leis próprios. 2. A linguagem é um sistema de sinais ou de signos. Exemplo, a fumaça é um signo ou sinal de fogo, a cicatriz é signo ou sinal de uma ferida. No caso da linguagem, os signos são palavras e os componentes das palavras (sons ou letras); 3. A linguagem indica coisas, isto é, os signos linguísticos (as palavras) possuem uma função indicativa ou DENOTATIVA, pois como que apontam para as coisas que significam (o significado no dicionário). 4. A linguagem tem uma função comunicativa: dialogamos, argumentamos, persuadimos 5. A linguagem exprime pensamentos, sentimentos e valores: possui uma função de conhecimento e de expressão, sendo neste caso CONOTATIVA, ou seja, uma mesma palavra pode exprimir (sentidos ou significados diferentes: água, H2O; um poeta pode conotar rios, chuvas, lágrimas). http://blogdamarlizinha.blogspot.com/2010/04/charge-mosquito-da-dengue-assinale.html Empiristas e intelectualistas diante da linguagem O empirismo é uma doutrina filosófica que tem como principal teórico o inglês John Locke (1632-1704), que defende uma corrente a qual chamou de Tabula Rasa. Esta corrente afirma que as pessoas nada conhecem, como uma folha em branco. O conhecimento é limitado às experiências vivenciadas, e as aprendizagens se dão por meio de tentativas e erros. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d1/JohnLocke.png EMPIRISTAS: a linguagem é um conjunto de imagens corporais e mentais formadas por associação e repetição e que constituem imagens verbais (as palavras). As imagens corporais são de dois tipos: As imagens motoras são as que adquirimos quando aprendemos a articular sons (falar) e letras (escrever), graças a mecanismos anatômicos e fisiológicos. As imagens sensoriais são as que adquirimos graças aos nossos sentidos. O intelectualismo é a doutrina filosófica que afirma o predomínio da inteligência sobre os sentimentos e a vontade. INTELECTUALISTAS: concepção diferente, embora aceitem que a possibilidade para falar, ouvir, escrever e ler esteja em nosso corpo (anatomia e fisiologia) afirmam que a capacidade para a linguagem é um fato do pensamento ou de nossa consciência. A linguagem, dizem eles, é apenas a tradução auditiva, oral, gráfica ou visível de nosso pensamento e de nossos sentimentos. A grande prova dos intelectualistas contra os empiristas foi a história de Helen Keller. Nascida cega, surda e muda, aprendeu a usar a linguagem sem nunca ter visto as coisas, as palavras, sem nunca ter escutado ou emitido um som. http://25.media.tumblr.com/tumblr_m525sore2j1r83v57o1_1280.jpg As concepções empirista e intelectualista, apesar de suas divergências, possuem dois pontos em comum: 1. Ambas consideram a linguagem como sendo fundamentalmente indicativa ou denotativa, isto é, os signos linguísticos ou as palavras servem apenas para indicar coisas; 2. Ambas consideram a linguagem como um instrumento de representação das coisas e das ideias, ou seja, as palavras têm apenas uma função ou um uso instrumental representativo.
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