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UM GUIA SOBRE OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Introdução 3 O que são os métodos alternativos de resolução de conflitos 6 A mediação 16 A conciliação 28 A arbitragem 34 Conclusão 39 Sobre a Ambra College 41 INTRODUÇÃO 4 INTRODUÇÃO Com mais de 100 milhões de processos em tramitação no Poder Judiciário do Brasil, o país se vê em situação de colapso nessa área. Se pudéssemos dividir esse número pelos 17.000 magistrados que possuímos, daria quase 6.000 processos para cada um dar uma sentença e, assim, se encontrar como conclusos. Isso, é claro, se nenhum novo fosse aberto. O resultado dessa situação é óbvio: milhares de processos empilhados e parados sem poder dar andamento, por falta de provas e evidências, falta de tempo para serem analisados e diversos outros motivos e situações que podem atrasar o andamento desses processos. 5 INTRODUÇÃO A grande questão aqui é: não temos como reduzir os processos que já foram ajuizados, mas podemos evitar colocar outros nessa fila infindável. Para isso, destacamos aqui os métodos alternativos de resolução de conflitos. É importante que todo advogado conheça bem esses recursos e saiba dos benefícios que isso pode trazer para si mesmo e para o bom andamento das cargas acumuladas no Judiciário. Da mesma forma, é importante que todo consumidor também conheça esses métodos, pois, assim, na hora de buscar seus direitos, possa agir de forma bem pensada e opte pela escolha que resolverá sua dificuldade de forma mais plena e, muitas vezes, com menor custo. Por isso, preparamos todo este material dedicado especialmente a destrinchar o tema. Acompanhe! O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 7 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Os tão conhecidos métodos alternativos de solução de conflitos são, simplesmente, formas de resolver um conflito de forma não imposta pelo Poder Judiciário. O processo pode até mesmo contar com a participação do Judiciário, porém, as decisões finais acerca das soluções para o caso, não serão dadas por magistrados, como normalmente acontece durante as audiências de conciliações, quando, por exemplo, é realizada a propositura de uma demanda judicial. Entre os principais tipos de métodos alternativos de solução de conflitos, podemos destacar os seguintes: 8 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS » Autocomposição Este método é o mais simples de todos e ocorre quando as próprias partes, sem ajuda de um terceiro imparcial, conseguem ajustar suas desavenças. » Conciliação Neste método, as partes litigantes vão buscar, juntamente a um terceiro imparcial, chamado de conciliador, obter um acordo que possa ser benéfico para ambos. » Mediação A mediação é muito semelhante à conciliação. A principal diferença aqui é que o terceiro imparcial não vai interferir na possível solução, ou seja, apenas conduzirá as partes a criarem uma comunicação eficiente para que, assim, elas possam encontrar, por si só, uma solução plausível. Este método é aplicado para casos mais complexos. Já a conciliação se destina a casos mais simples. 9 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS » Arbitragem Por fim, neste método, as partes litigantes deverão estabelecer que o conflito seja decidido por um terceiro, no caso, o árbitro. De forma geral, a arbitragem é muito parecida com um processo judicial, já que a decisão é tomada por um terceiro, uma vez que as partes não chegaram a um acordo entre si. A grande diferença e benefícios deste processo se dão pelo fato de evitar a morosidade do Judiciário, utilizando-se de uma Câmara Arbitral, uma espécie de “tribunal privado”. Outra grande diferença, é que o julgador não necessariamente precisa ser bacharel em Direito, podendo ser usado aqui simplesmente alguém com experiência na área relacionada ao conflito (por exemplo, Administração, Medicina, Contabilidade, Engenharia Mecânica, Engenharia Civil etc.). POR QUE, VOCÊ ADVOGADO, DEVE SER CONTRA A JUDICIALIZAÇÃO EXACERBADA? É comum que advogados que são contra a chamada judicialização exacerbada ouçam discursos como: “você é advogado, ao incentivar pessoas a brigarem no Judiciário, você ganharia muito com isso!” 10 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Se você simplesmente observar a questão de forma fria, sim, você realmente ganharia muito mais com toda essa judicialização desnecessária. Afinal, é realmente mais caro para o cliente resolver os problemas tendo que contratar um advogado para poder defendê-lo na Justiça do que simplesmente para intermediar um simples acordo, ou mesmo para representá-lo em um desses métodos alternativos de resolução de conflitos. Entretanto, alguns fatores precisam ser levados em conta: • Quanto mais pessoas ajuizando ações, mais processos serão tramitados. Automaticamente, mais tempo levará para se chegar a uma solução para a causa. • Com processos que demoram períodos mais longos para ser concluídos, maior será o número de pessoas desestimuladas em querer buscar a efetivação de seus direitos. • O tempo que você investirá para poder defender os interesses de apenas um cliente no Judiciário é infinitamente maior do que você gastaria se procurasse uma negociação. 11 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Em resumo, quanto mais as pessoas estiverem buscando resolver seus problemas de formas alternativas, mais rápido os conflitos serão resolvidos e, assim, elas se sentirão mais motivadas a sempre buscar um advogado para avaliar suas causas. Seguindo esse pensamento, você, advogado, gastará muito menos tempo com cada ação e, dessa forma, receberá seus honorários também de forma mais ágil e podendo pegar diversas outras causas. 12 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS POR QUE É PRECISO EVITAR A JUDICIALIZAÇÃO? Já tratamos desse assunto de um ponto de visto individual. Já da perspectiva coletiva, a situação não é nem um pouco mais agradável. Nesse prisma, ao evitarmos a judicialização desnecessária e optarmos por formas alternativas para a resolução de conflitos, só nos trarão benefícios. Apenas como exemplo: no estado de Santa Catarina, nos cinco primeiros meses do ano de 2016, os aproximadamente 500 magistrados do estado receberam mais de 341.000 novos processos. Em contrapartida, só conseguiram julgar cerca de 269.000. Esses números são realmente assustadores, e não apenas por ser quase 700 novos processos por magistrado no período, mas também pelo déficit em torno de 72.000 processos que vão simplesmente somando-se a outros déficits. 13 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Se formos acrescentar a essa matemática também a Justiça Federal, a Eleitoral, a Trabalhista e a Militar, notamos que a dimensão do problema é ainda maior. Com base nesses números, o impacto que isso resulta no orçamento público é enorme. Não é à toa que o nosso Judiciário consome 1,3% de todo o PIB. E se formos comparar com nossa vizinha Argentina, os Estados Unidos ou a Inglaterra, cujo gasto nessa área é de apenas 0,1% do PIB, notamos ainda mais esse absurdo. É claro, há outros fatores que contribuem muito para essa disparidade nas contas, por exemplo, os benefícios que são concedidos aos magistrados, as remunerações dada aos servidores, o nosso sistema processual em si, entre outros. De toda forma, não há como negar que, se ao menos o volume de processos fosse menor, poderíamos ter menos gastos com isso. Assim, o primeiro grande ponto que podemos destacar como o resultado da desjudicialização de conflitos seria uma possível redução de gastos com nosso Judiciário.E claro que os benefícios não ficam só nisso: menor número de processos está diretamente ligado à eficiência do Judiciário. 14 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Dessa forma, nossos juízes poderiam focar em outras questões muito mais relevantes, como as que realmente dependem de uma análise profunda do Judiciário. Com isso, teríamos em nosso país processos que tramitariam muito mais rápido e receberiam maior atenção, frutificando como serviço jurisdicional prestado com maior qualidade. Por fim, toda essa cadeia de melhorias aumentaria toda a segurança jurídica do Brasil, resultando em uma confiança ampliada dos empreendedores, melhorando a economia e atraindo mais capital estrangeiro. E claro, quando há a opção por esses métodos alternativos, o próprio indivíduo também goza de vários benefícios, por exemplo: • Economia financeira por questões envolvidas no litígio; • Economia com advogados; • Menos desgaste emocional; • Economia de tempo. 15 O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Agora que pudemos analisar uma visão geral dos tipos de métodos alternativos de resolução de conflitos e também vimos um pouco sobre os benefícios em se optar por eles, vamos analisar melhor cada uma das opções e entender quando cada caso é mais bem utilizado. A MEDIAÇÃO 17 A MEDIAÇÃO A mediação é um recurso extrajudicial que visa resolver conflitos. É utilizada para poder solucionar e prevenir impasses na comunicação ou na negociação e também situações de litígio. Ela é a grande criação de oportunidade para que as partes possam discutir, questionar e contestar seus conflitos de forma aberta, buscando uma solução consensual. Esse processo pode ser utilizado para qualquer tipo de litígio que decorre das relações de direito civil, porém, uma área na qual a mediação costuma ter melhores resultados é no direito de família, especialmente para litígios que envolvem filhos. 18 A MEDIAÇÃO Esse processo é voluntário e confidencial, em que a autoria das negociações cabe inteiramente às partes envolvidas. Diferentemente de resoluções judiciais, cuja decisão é transferida a um juiz. Um dos grandes objetivos da mediação é restaurar o diálogo e o relacionamento, por isso, as partes envolvidas nesse processo devem estar dispostas a participar na busca de um acordo. O intuito não é ser melhor para um ou para outro, e sim para ambos. Um ponto interessante é que, caso não haja um acordo entre as partes, elas podem recorrer à justiça comum. Da mesma forma, se o processo estiver na justiça, mas os envolvidos decidirem por buscar uma solução mais amigável, poderão transferir a causa para a mediação. Apesar de esta opção ser relativamente recente no Brasil, a mediação já é utilizada com êxito há mais de cinco décadas em alguns países como Estados Unidos, Canadá, China, Japão e alguns da Europa, África e mesmo na América Latina. 19 A MEDIAÇÃO QUAIS OS BENEFÍCIOS DA MEDIAÇÃO? Quando tratamos da mediação familiar, seu maior benefício é poder promover harmonia em longo prazo. Para isso, as partes são conduzidas a mudar sua postura com relação ao desentendimento. Esse método é muito bom para famílias, pois tratam de questões do futuro, das relações de amizade e também de confiança, tanto entre o ex-cônjuges quanto de seus filhos. Como lidamos aqui com uma forma consensual e privada da resolução de conflitos, e por se tratar de um processo conduzido para se chegar a um acordo, a mediação trará muitas vantagens às partes envolvidas. Outra vantagem é que a mediação oferece um prazo muito melhor para a mitigação, especialmente quando comparado aos 15 a 30 minutos típicos que são dados para se discutir o futuro de uma audiência. Em um processo judicial de divórcio clássico, a lógica é olhar apenas o passado e, com isso, resolver aquela questão do momento. Já em separações com filhos, o passado é o que menos importa e, portanto, a sentença raramente vai resolver o litígio. 20 A MEDIAÇÃO Nesse momento, todo o foco da família e do casal deve ser de construir uma relação para o futuro, ou seja, o casamento está acabando, mas é importante pensar na melhor solução para os filhos. Quem opta por decisões judiciais em um litígio acaba normalmente promovendo situações em que uma das partes deverá ceder para a outra ganhar. Já quando usado o método da mediação, isso poderá reduzir muito o desgaste emocional e também os custos tornando esse período da separação em um divórcio amigável. Com um processo mais rápido e com resultados eficazes, fica garantida a privacidade entre as partes, reduzindo a duração e a reincidência de discussões, facilitando a comunicação. Entre outras coisas, a mediação promove um ambiente colaborativo, melhorando o relacionamento e também o compromisso em cumprir os acordos. QUANDO SOLICITAR A MEDIÇÃO? Toda mediação pode ser solicitada, seja antes do ajuizamento de um processo, durante seu curso, ou mesmo depois de uma sentença judicial já proferida (antes de julgar os recursos). 21 A MEDIAÇÃO Caso seja uma sentença proferida sobre guarda de filhos, alimentos ou visitas, e uma das partes queira rever a sentença, estas podem buscar o recurso da mediação e, por meio de novo acordo, mudar o que foi determinado pelo magistrado. QUAIS OS PROCEDIMENTOS DA MEDIAÇÃO? Primeiramente, antes de tratar dos procedimentos, precisamos ter ciência de que a duração de um processo de mediação vai depender do tipo, da complexidade dos temas, da persistência dos conflitos existentes e do relacionamento existente entre as partes. Nesse processo, é esperado que, após a primeira sessão, que é chamada de pré-mediação, já seja possível concluir o processo, no máximo em seis sessões. Durante a pré-mediação, fica definida a quantidade total dos encontros e também que essa quantidade poderá ser reduzida, caso ocorrer dificuldades em se chegar a um acordo. 22 A MEDIAÇÃO Isso se dá por razões éticas, uma vez que, em meio de diversos litígios, o melhor é encerrar e encaminhar todos para a conciliação. Em contrapartida, os encontros também podem ser reduzidos caso as partes estiverem dispostas a realizar imediatamente o acordo. No caso, a pré-mediação é como uma apresentação do ‘há por vir’, uma entrevista com as partes. Ali são informados os objetivos e as etapas do processo, além de avaliar se todas as questões que foram trazidas são ou não adequadas para aquela ocasião. Nesse momento, ambas as partes devem entender que aquele processo poderá ser interrompido a qualquer hora, caso seja de interesse e, então, concordam em participar. Quando não há progresso positivo após as sessões estipuladas, se as partes concordarem, o processo poderá ser encaminhado para uma fase seguinte, chamada Conciliação (vide a seguir), em que o mediador deixará de ser um simples facilitador e passará a sugerir algumas alternativas para que possa se chegar a um acordo razoável. 23 A MEDIAÇÃO A EFETIVIDADE DA MEDIAÇÃO Para que haja validade legal do acordo obtido durante a mediação, ocorre então uma homologação do processo pela justiça. Após esse acordo, as partes assinam o Compromisso de Mediação, que ambos podem levar aos seus respectivos advogados, ou mesmo advogado em comum, caso as partes decidam assim. Nesse momento, o acordo é homologado judicialmente e encerra-se o caso. Entretanto, devendo-se lembrar de que os métodos alternativos são para, o máximo do possível, sair da esfera judicial, o Compromisso pode ser praticado a partir daquele momento. O intuito do acordo é apenas basear e formalizar o combinado. A AÇÃO DO MEDIADOR Todo mediador possui formação específica para atuar no cargo. Ele é um especialista em determinadastécnicas de negociação e comunicação. Atua como um terceiro imparcial e costuma ser indicado pelas partes envolvidas no acordo. 24 A MEDIAÇÃO O profissional, como mediador, deverá assumir um papel neutro, desprendido de sua condição profissional (assistente social, psicólogo, advogado etc.), e agindo apenas como facilitador entre as partes discordantes para resolver a situação da melhor forma possível e em um período mais curto também. Se acordado entre as partes, estes também poderão ser acompanhados por seus advogados, ou mesmo outros especialistas no assunto tratado, se assim fizer necessário. Só é preciso certo cuidado, pois, algumas vezes, cria-se certa dificuldade em se mediar na presença desses profissionais. Quando for necessário, o mediador também poderá efetuar algumas consultas com outros especialistas, melhorando assim o esclarecimento e orientação sobre a situação proposta entre os solicitantes. É importante ressaltar que mediador não é juiz, advogado, policial, médico ou psicólogo. Ou seja, não está ali para punir, defender, corrigir ou aconselhar os envolvidos, e sim mediar as discussões e conduzir o processo para uma resolução amigável. 25 A MEDIAÇÃO Em contrapartida, o mediador poderá ter papel passivo e se limitar a simplesmente facilitar a comunicação ou mesmo um papel mais ativo e ajudar, se necessário, na negociação, assim como na resolução dos conflitos e busca de alternativas. Esse tipo de ajuda é focado especialmente em guiá-los no problema, evitando divagações. É importante também que o mediador saiba lidar bem com os envolvidos, não permitindo que um se coloque acima do outro, evitando dessa forma uma possível relação de poder unilateral. Por fim, ele vai auxiliar nas ampliações de alternativas que possam resolver ou prevenir todo tipo de conflito, buscando, juntamente das partes, soluções que possa atender a todos. O PAPEL DOS ADVOGADOS Como tratamos que uma das formas mais eficazes para o uso da mediação é no direito de família, também é preciso salientar que nunca deve ser feita uma homologação de divórcio, separação, guarda, visitas, arrolamento, alimentos etc. sem a companhia de um advogado. 26 A MEDIAÇÃO O tempo nos mostra que, especialmente para esses casos, os melhores resultados nas mediações são alcançados somente quando os representantes das partes estão presentes nas sessões. Assim, fica claro que os advogados devem, se as partes permitirem, estar presentes na sessão de pré-mediação. Isso permite que o representante legal possa instruir e direcionar seu cliente, porém, sem interferir ou criar dificuldades em se mediar, como já abordamos. A opção em se ter advogados individuais, um para cada parte, ou apenas um comum para ambos fica por conta dos interessados. Nas duas opções, há riscos e benefícios, seja no custo, na eficiência, na imparcialidade ou em uma eventual animosidade do processo. Caso apenas uma das partes tenha um defensor, é importante haver o aviso para o outro lado, caso ele também queria buscar auxílio. Se não houver o interesse, o advogado da única parte interessada não pode ser impedido de estar presente na reunião de pré-mediação. 27 A MEDIAÇÃO O TERMO DE CONFIDENCIALIDADE O termo de confidencialidade deverá, por fim, ser assinado e cumprido por ambas as partes, abstendo-se de buscar utilizar das reuniões de mediação, para captar provas a seu favor em um suposto futuro processo. Atualmente, ainda não possuímos uma legislação expressa sobre todos os limites durante a mediação, porém, a confidencialidade é a principal essência da mediação. Dessa forma, devemos deixar claro que nossos magistrados repudiam toda e qualquer tentativa da utilização desse meio de comunicação para má-fé. Aqueles que buscarem a mediação devem ser com o intuito único e claro de querer resolver seus conflitos. Por isso, esta deve ser a grande motivação para as pessoas buscarem esse método alternativo de resolução de conflitos. A CONCILIAÇÃO 29 A CONCILIAÇÃO No caso da conciliação judicial, esta pode ocorrer quando já há um pedido para a solução do problema na justiça. A partir daí, tanto o juiz quanto um conciliador treinado para tal poderão ter a oportunidade de atuar em prol de possibilitar o acordo. Esse processo é muito incentivado, uma vez que é considerado a melhor forma de resolver conflitos. Isso porque ele é mais rápido, mais barato, mais eficaz e também pacífico. Com isso, o risco de o autor se sentir injustiçado é muito menor, uma vez que os próprios envolvidos, com auxílio do conciliador ou do juiz, definem a melhor solução para aquele problema, e, enfim, todos saem ganhando. 30 A CONCILIAÇÃO O próprio Código de Processo Civil incentiva a conciliação, como podemos ver em alguns de seus artigos, nas leis nº 9.245/95 e nº 10.444/02: Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. § 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por conciliador. Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. 31 A CONCILIAÇÃO § 1º Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação. Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo. Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença. 32 A CONCILIAÇÃO Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela rápida solução do litígio; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. 33 A CONCILIAÇÃO A partir daí e devido a sua tão grande importância e também eficácia, o processo da conciliação tornou-se fundamento dos juizados especiais, onde, antes de mais nada, os magistrados buscam tentar uma conciliação. Na Lei nº 9.099/95: [...] Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. A ARBITRAGEM 35 A ARBITRAGEM Após passar pela autocomposição, mediação e conciliação sem sucesso, chegamos ao último nível entre os métodos alternativos de resolução de conflitos: a arbitragem. Também caracterizado pela informalidade, este é um método alternativo e similar ao Poder Judiciário, em que são oferecidas formas de decisões ágeis e técnicas para solucionar controvérsias. 36 A ARBITRAGEM A arbitragem só pode ser usada em forma de acordo espontâneo das partes envolvidas, que automaticamente se dispõem a não discutir a causa na Justiça. A opção da arbitragem pode entãoser prevista em forma de contrato (antes de acontecer o litígio), ou também feita por acordos posteriores ao surgimento da discussão. Por se tratar de um método privado, as partes envolvidas no conflito é que deverão eleger um ou mais árbitros, imparciais e também com experiência na área disputada, para analisar e ditar o que será preciso fazer. Nesse momento, os árbitros buscarão aconselhar as partes a poder entrar em algum acordo. Se mesmo assim não houver nenhum acordo, eles então emitem sua decisão, que é chamada de laudo ou sentença arbitral, a qual terá a mesma força de uma sentença judicial. A tomada de decisão terá prazo definido pelos próprios envolvidos no processo. Porém, caso esse ponto não seja preestabelecido, há um prazo máximo de seis meses para o veredito, conforme determinado na Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96). Diferentemente de um processo judicial, esse processo é todo sigiloso. Já quanto aos custos, dependerão do tipo de conflito e também da câmara de arbitragem optada. 37 A ARBITRAGEM QUAL A PRINCIPAL VANTAGEM DA ARBITRAGEM EM RELAÇÃO À JUSTIÇA? Em geral, podemos citar como uma das principais vantagens a rapidez na tomada de decisão, uma vez que o Judiciário tente a ter decisão de extrapolar qualquer prazo coerente para todo tipo de ação. Vale lembrar que, como já mencionamos, o prazo máximo estabelecido pela Lei de Arbitragem prevê que a sentença seja dada em até seis meses. Ou seja, é um prazo muito mais atrativo que muitos processos que chegam a demorar anos até que possam ser analisados e julgados por um magistrado. Outro ponto que contribui bastante para a agilidade do procedimento é a ausência de recursos contra a sentença arbitral. Enquanto sentenças judiciais podem gerar vários recursos em diversas instâncias, uma vez que a decisão arbitral é definitiva, ela só poderá ser questionada em casos extremamente limitados. QUAIS OUTRAS VANTAGENS A ARBITRAGEM PODE PROPORCIONAR? Além da agilidade, podemos listar como vantagens a informalidade, o sigilo, as decisões precisas, por serem de profissionais da área, e a possibilidade de uma solução amigável. 38 A ARBITRAGEM Por se tratar de natureza sigilosa, o processo da arbitragem evita possíveis constrangimentos pela exposição dos conflitos, seja envolvendo pessoas ou empresas, sem falar de possíveis prejuízos financeiros e danos da imagem. Como já tratamos, o maior benefício de uma parecer técnico sobre o caso é que, diferentemente de um juiz de Direito, que julga sobre questões em diversos setores, os árbitros escolhidos são especialistas na área. No caso da informalidade e a linguagem simples, vão em total contraste com as formalidades do Poder Judiciário. E, além disso, as duas partes terão total flexibilidade para poder definir as regras do procedimento a ser arbitrado, indo desde o local do processo até as leis aplicáveis. Por fim, destacamos que, em alguns casos, o custo de um processo de arbitragem pode ser bem inferior aos de uma ação judicial, especialmente quando são levados em consideração os gastos de eventuais demoras do julgamento pela Justiça. CONCLUSÃO 40 CONCLUSÃO Com base em tudo o que vimos neste material, é muito importante que você, advogado, tenha a consciência completa desses métodos, assim como de seus benefícios. Você, como o grande guia dos clientes na escolha das melhores ferramentas e métodos para tratar de suas causas, deve sempre direcioná- los a fazer a melhor escolha para tal. Com o uso dessas alternativas de resolução de conflitos, o Poder Judiciário poderá fluir muito melhor com as causas já pendentes, seus clientes verão que podem encontrar em você uma boa referência para o melhor direcionamento de soluções e, além do mais, você poderá conduzir muito mais processos pela agilidade que cada um desses métodos dispõe. Esperamos, assim, que estas informações possam ter sido de grande valia para seu trabalho e enriquecimento de seus conhecimentos. Até a próxima! SOBRE A AMBRA COLLEGE A Ambra College é uma faculdade americana que oferece cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de negócios e Direito brasileiro, nas modalidades presencial, blended ou online. Focada no ensino de Direito e de disciplinas empresariais, a instituição conta com professores altamente qualificados e linha pedagógica direcionada para a gestão de negócios. Em seu programa internacional de pós-graduação, o Global Business Program, os diplomas emitidos têm validade como MBA, no Brasil — com reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) — e, ao mesmo tempo, como PBA, nos Estados Unidos. Introdução O que são os métodos alternativos de resolução de conflitos A mediação A conciliação A arbitragem CONCLUSÃO Sobre a Ambra College
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