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O Ambiente e as Doencas de Trabalho

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Brasília-DF. 
O Ambiente e As DOençAs De trAbAlhO 
Elaboração
Dra. Myria do Egito Vieira de Sousa
Dr. Paulo Roberto Guerra Jucá
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 6
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 7
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9
UNIDADE I
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................................................................ 11
CAPÍTULO 1
HISTÓRIA NO MUNDO OCIDENTAL .......................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
ASSISTÊNCIA À SAÚDE ............................................................................................................ 20
CAPÍTULO 3
FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE SAÚDE ................................................................................ 27
CAPÍTULO 4
SAÚDE SUPLEMENTAR ............................................................................................................. 30
UNIDADE II
EPIDEMIOLOGIA .................................................................................................................................. 35
CAPÍTULO 1
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA ............................................................................................. 35
CAPÍTULO 2
LEMBRANDO-SE DA ESTATÍSTICA .............................................................................................. 37
CAPÍTULO 3
EPIDEMIOLOGIA ..................................................................................................................... 39
CAPÍTULO 4
MÉTODOS DE ESTUDO EM EPIDEMIOLOGIA ........................................................................... 47
UNIDADE III
TOXICOLOGIA ..................................................................................................................................... 56
CAPÍTULO 1
TOXICOLOGIA ....................................................................................................................... 56
CAPÍTULO 2
LIMITES DE EXPOSIÇÃO – TLVS ................................................................................................ 62
CAPÍTULO 3
FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS – FISPQ .......................... 72
UNIDADE IV
PCMSO ............................................................................................................................................... 84
CAPÍTULO 1
PERFIL DE SAÚDE DOS TRABALHADORES ................................................................................. 84
CAPÍTULO 2
PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL – PCMSO – NR-07 ................ 87
UNIDADE V
DORT .................................................................................................................................................. 91
CAPÍTULO 1
DOENÇAS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO – DORT ................................. 91
UNIDADE VI
DOENÇAS INVALIDANTES ..................................................................................................................... 96
CAPÍTULO 1
ALIENAÇÃO MENTAL ............................................................................................................. 97
CAPÍTULO 2
CARDIOPATIA GRAVE .......................................................................................................... 100
CAPÍTULO 3
CEGUEIRA .......................................................................................................................... 117
CAPÍTULO 4
ESPONDILITE ANQUILOSANTE ................................................................................................ 120
CAPÍTULO 5
ESTADOS AVANÇADOS DA DOENÇA DE PAGET (OSTEÍTE DEFORMANTE) ............................... 122
CAPÍTULO 6
HANSENÍASE ........................................................................................................................ 124
CAPÍTULO 7
MAL DE PARKINSON ............................................................................................................ 129
CAPÍTULO 8
NEFROPATIA GRAVE ............................................................................................................ 130
CAPÍTULO 9
NEOPLASIA MALIGNA .......................................................................................................... 133
5
CAPÍTULO 10
ALZHEIMER ........................................................................................................................... 135
CAPÍTULO 11
PARALISIA IRREVERSÍVEL E INCAPACITANTE ............................................................................. 137
CAPÍTULO 12
ESCLEROSE MÚLTIPLA ........................................................................................................... 139
CAPÍTULO 13 
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (SIDA/AIDS) .................................................. 141
CAPÍTULO 14
TUBERCULOSE ATIVA ............................................................................................................ 144
CAPÍTULO 15
CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................................... 148
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 150
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 151
6
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos 
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional 
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
7
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem emseu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
8
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
9
Introdução
O meio ambiente pode ser considerado um sistema fechado (a terra) onde sua 
sustentabilidade depende de um equilíbrio de todos os fatores presentes nele. Este 
sistema há milênios permitiu que o homem fizesse parte dele, mas com a descoberta 
do fogo e com a formação de assentamentos humanos o homem vem testando os 
limites da natureza, ampliando este equilíbrio a seu favor. Tal “embate” teve um grande 
incremento com a revolução industrial, e chegou ao ápice no século XX, momento em 
que foi questionado até quando o planeta permitirá este deslocamento do equilíbrio 
ambiental, com alteração do ar, do solo, das águas e da eliminação de animais e de 
plantas. 
A questão ambiental passou a ser objeto de intensa preocupação para vários países, 
principalmente após 1970 (com a primeira crise do petróleo, quando a sociedade, de 
forma geral, descobriu os limites dos recursos naturais), mesmo considerando que os 
impactos ambientais sofridos pela Terra, devido à ação antrópica, já eram discutidos 
há mais tempo.
A origem do movimento de defesa do meio ambiente de forma pragmática efetivou-se 
após o manifesto do Clube de Roma que fez uma previsão dos riscos decorrentes do 
crescimento econômico contínuo, sedimentado em recursos naturais escassos. Surgiu, 
a partir daí, a formação dos primeiros movimentos ecológicos.
Na última década do século XX, a tomada da consciência mundial quanto à importância 
das questões ambientais faz com que a abordagem se fundamente na premissa de que: 
“o homem deve estar preparado para internalizar os custos da qualidade de vida em 
seu orçamento, pagando o preço de manter limpo o ambiente em que vive” (adaptado 
de Vale, 1996). Isto posto, várias instituições econômicas e produtivas (fábricas, firmas, 
comércio etc.) passaram a inserir em sua cadeia de produção os custos necessários para 
manter a qualidade de vida e o bem-estar coletivo. Paradigma este que fez com que, na 
metade da década de 1990, normas internacionais, do porte da ISO, concretizassem de 
forma coerente tal demanda da sociedade, passando as instituições a buscarem marcos 
conceituais e metodológicos como: certificação ambiental e gestão ambiental.
A ideia de que os recursos naturais são ilimitados já não existe e a tentativa de manutenção 
do domínio deste planeta impõe medidas para se promover a sustentabilidade do 
planeta e a preservação do progresso humano.
Objetivos
 » Apresentar a visão do estabelecimento da relação saúde-doença, desde o 
início de sua história no mundo ocidental até os dias de hoje.
 » Apresentar como se estrutura a assistência à saúde no País, incluindo a 
saúde suplementar.
 » Fornecer as metodologias de abordagem epidemiológica que permitem 
uma experimentação na área de Saúde, assim como obter a forma de 
interpretação de experimentos realizados nesta área.
 » Abordar os principais conceitos que envolvem a toxicologia.
 » Apresentar a estruturação dos Programas de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional – PCMSO e sua interação com o Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais – PPRA.
 » Apresentar as características e como se estabelece o diagnóstico das 
principais doenças invalidantes reconhecidas pelo Brasil.
11
UNIDADE IASSISTÊNCIA À SAÚDE 
DO TRABALHADOR
“A prática e o saber no campo da saúde estão articulados à transformação 
histórica do processo de produção econômica”.
Juan César Garcia
CAPÍTULO 1
História no mundo ocidental
É na estruturação e na execução dos processos de trabalho, contextualizados em 
seu período, que se concretizam as patologias1 ocupacionais. 
A relação trabalho X saúde-doença já se faz presente em relatos desde o antigo Egito, 
onde dermatites pruriginosas laborais são descritas nos papiros de Ebers (GOLDMAN, 
1979) lesões de braços e mãos em pedreiras são descritos nos papiros de Sellier 
(DEMBE, 1996), este relata ainda que havia atendimento médico nos locais de grande 
número de trabalhadores.
No Talmude judaico determinava-se claramente que os patrões ou “proprietários” 
de servos respeitassem os hábitos culturais de sono e vigília de seus “subordinados”, 
devendo alimentá-los, e não poderiam submetê-los a trabalhos indignos com relação às 
suas crenças e sim respeitá-los como homens (KOTTEC, 1995).
Mesmo com estas referências históricas no mundo ocidental, o estudo e a temática 
saúde no trabalho eram extremamente marginais, pois os impérios presentes na 
antiguidade eram calcados no trabalho escravo. Assim, as principais obras que tratam 
do tema são de Hipócrates e de seus seguidores nos tratados relativos à saúde – Corpus 
Hippocratium, ainda assim de forma secundária.
1 Patho = sofrimento, doença; Logos= estudo.
12
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
Galeno (129 a 199 d.C.) – considerado o maior médico do Império Romano –, Platão 
(427 a 347 a.C.) e Aristóteles (384 a 322 a.C.) apresentaram um número considerável 
de citações em que se relacionam doenças e ocupações.
Na Roma antiga, a lógica dos serviços médicos era tratar a doença dos indivíduos, e 
não com uma abordagem ocupacional, mesmo assim foram estabelecidas as relações 
de problemas mentais em marinheiros: Virgílio (70 a 19 a.C.) risco ocupacional com 
manuseio do enxofre; Marcial (40 a 100 d. C.) cegueira em ferreiros e varicoceles em 
religiosos; Juvenal (60 a 140 d.C.) risco ocupacional em minas de chumbo, mercúrio e 
poeiras; Plínio, o velho, (23 a 79 d.C.) relata a utilização de panos ou bexigas de carneiro 
na frente do rosto para mitigar a inalação de poeiras, tornando-se, talvez, a primeira 
descrição de uso de um Equipamento de Proteção Individual – EPI.
A morte prematura em minas de ouro foi narrada pelo poeta Lucrécio (96 a 55 a.C.): 
“Não viste ou ouviste como morrem, em tão pouco tempo, quando ainda tinham tanta 
vida pela frente?” (citado por RAMAZZINI).
Na antiguidade, foram estabelecidas as relações entre doenças e ocupações, entretanto, 
o conhecimento, enquanto prática médica, não redundava em modificações nos 
processos de trabalho e nem em um conhecimento técnico que se extrapola a “Medicina 
Geral”, para uma relação entre trabalho e saúde.
O primeiro livro dedicado exclusivamente a uma ocupação somente foi escrito em 1473 
por Ellembog(1440 – 1499), e dirigido aos ourives de Augsburg (Alemanha). Ellenbug 
elencou sintomas e sinais relacionados à manipulação de metais e reconheceu que os 
vapores eram mais prejudiciais que o próprio metal em si, indicando qual o tratamento 
adequado. Ainda neste século, Johannas de Vigo, importante cirurgião, dedicou parte 
de seu livro sobre a febre dos marinheiros, sendo uma das primeiras contribuições à 
Medicina do Trabalho.
Georgius Agrícola (1494 – 1555) publicou o livro De Re Metallica que relata a extração 
de prata e ouro, destacando os acidentes do trabalho e as doenças que mais acometem 
os mineiros, sendo o primeiro a caracterizar o que hoje denominamos silicose – 
aliás, o próprio Agrícola já sabia como esses problemas poderiam ser evitados. Não se 
tratava de uma questão médica e sim de problemas de natureza politica-organizacional 
e tecnológica, que se expressavam no tipo de processo de trabalho utilizado, cuja 
modificação, acrescida da introdução de meios para melhorar a ventilação das minas, 
poderia proteger os trabalhadores da inalação de poeiras lesivas. Na verdade, eram 
observações epidemiológicas, nascidas do senso comum, seguidas da clara compreensão 
sobre a verdadeira natureza do problema, muito antes de serem esclarecidos pela 
ciência médica os mecanismos fisiopatológicos de produção da silicose (AGRÍCOLA, 
1556; ROSEN, 1979; citados por MENDES, 2005).
13
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Uma década mais tarde foi publicada a obra Von der Bergsutch und anderen Berg 
Kran Khetein, de Paracelso (1493 – 1541), dedicada às doenças ocupacionais de 
mineiros e fundidores, em que correlacionou os métodos de trabalho ou as substâncias 
manuseadas a sintomas das doenças, com definição de procedimentos terapêuticos a 
serem utilizados em envenenamentos.
Verificamos pelos fatos relatados que os estudos das doenças relacionadas ao 
trabalho não tiveram grande evolução e foram pontuais, pois a base econômica 
da sociedade era a escravidão e a servidão, isto é, não havia “valor econômico” 
significativo para a mão de obra disponível, sendo os estudos ou realizados 
ou com caráter de curiosidade científica. No renascimento, ampliava-se os 
estudos das doenças vinculadas à extração de ouro e prata e sua manufatura, 
isso aconteceu devido à presença do mercantilismo, em que o acúmulo de 
metais preciosos determinavam a importância do país e seu nível de riqueza, 
então, passou a ser importante que os profissionais/trabalhadores que fossem 
vinculados a esta atividade tivessem seus trabalhos avaliados no âmbito da 
saúde, pois passaram a ter importância econômica para a sociedade da época.
A grande alteração do modus operandi estabelecido para o tema veio com Bernardo 
Ramazzini (1633 – 1714), que em 1700 escreveu a obra De morbis Artificum Diatriba, 
traduzido no Brasil em 1971 com o título Doenças dos Trabalhadores e se constituiu 
como o primeiro tratado completo sobre as doenças relacionadas ao trabalho de mais de 
50 profissões, sendo obra de referência até a eclosão da revolução industrial no século 
XIX, quando surgiram novos paradigmas sanitários.
No bojo da revolução industrial, aumentaram os impactos sobre a saúde dos 
trabalhadores, pois se ampliou a duração da jornada de trabalho (comum jornadas 
superiores a 14 horas), e o trabalho penoso e perigoso, em ambientes laborais insalubres, 
incrementaram os acidentes de graves, mutilantes e fatais, incluindo crianças de até 
cinco anos e mulheres (por receberem salários mais baixos).
O trabalho de Percival Pott (1713 – 1788) estabeleceu o nexo causal entre o câncer de 
escroto e o trabalho de limpeza das chaminés realizados por garotos, repercutindo tão 
fortemente na Inglaterra que em 1788 aprovaram-se leis reduzindo a exploração de 
crianças e a exigência de proteção laboral – vestuário específico e higienização dos 
ambientes (MELICOW, 1975).
Em 1802 foi publicado o Helth and Morals of Apprentices Act, que indicava a idade 
mínima para o trabalho, a redução da jornada de trabalho diária (12 horas) e as melhorias 
ambientais nas fábricas. Em 1833 foi promulgado o “Factory Act”, que resguardava 
os trabalhadores em todas as fábricas que utilizavam a força hidráulica ou do vapor 
14
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
e iniciou-se a contratação de médicos para o controle de saúde dos trabalhadores nos 
locais de trabalho.
A partir desta época vários estudos na área da saúde do trabalhador foram efetivados. 
Na França, podemos destacar: o médico René Villerme (1782 – 1863), conhecido 
pelo seu trabalho “Tableu de l’Etat Physique et Moral des Ourives Employés dans 
les manufactures de Coton, de Laine et de Soie”: ([...] descrição comparativa das 
similaridades e das diferenças entre trabalhadores da mesma atividade, mas que 
trabalham em diferentes locais, e trabalhadores do mesmo estabelecimento, mas em 
atividades diferentes) (citado por MENDES, 2005); o médico Tanquerel dês Planches 
(1809 – 1862), que publicou em 1839 seu “Traité dês Maladies de Plomb ou Saturnines”, 
observando 1.200 casos. Na Inglaterra, os estudos de William Farr (1807 – 1883) 
analisaram a mortalidade dos mineiros de diversas regiões do país com não mineiros.
Tabela 1. Média anual de número de mortes por 1.000 mineiros e por 1.000 não mineiros, em Cornwall, por todas 
as causas e por doenças pulmonares, de 1849 a 1853.
Todas as causas Doenças pulmonares
Idades Mineiros Não Mineiros Idades
Mineiros 
Não Mineiros
Não Mineiros
15 – 25 8,90 7,12 15 – 25 3,77 3,30
25 – 35 8,96 8,84 25 – 35 4,15 3,83
35 – 45 14,30 9,99 35 – 45 7,89 4,24
45 – 55 33,51 14,76 45 – 55 19,75 4,34
55 – 65 63,17 24,12 55 – 65 43,29 5,19
65 – 75 111,23 58,61 65 – 75 45,04 10,48
Fonte: Vital Statistics, 1875.
A Medicina Social no Brasil nasce com o objetivo de “servir como apoio científico 
indispensável ao exercício do poder de Estado”, em uma relação de imanência 
com um Estado que tem a pretensão de 
assumir a organização positiva dos habitantes, produzindo suas 
condições de vida, quando estabelece a possibilidade de um controle 
político individual ou coletivo que se exerça de forma contínua. A 
Medicina nele está presente como condição de possibilidade de 
normalização da sociedade (MACHADO; COLS, 1978).
No Brasil, em função de ainda ser um país escravagista, não se levava a sério a relação 
trabalho X saúde-doença, tornando-a exceção em nossa estrutura de trabalho. Em 
1850, Mendonça, em seu trabalho “Das Fábricas de Charuto e Rapé, da Capital e seus 
Arrabaldes”, mostra sua grande preocupação pela localização destes estabelecimentos. 
15
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Quanto a seus empregados, depois de citar Ramazzini e clássicos franceses, assinala 
convicto que:
As nossas observações nos levam a considerar como gratuito o longo 
catálogo de afecções assinaladas como peculiares a esta classe de 
obreiros. Certamente que hoje ninguém mais nos virá dizer que os 
trabalhadores das fábricas de tabaco estão sujeitos a doenças [...] 
como estabeleceram os autores citados, que só viram exceções na 
regra geral. 
Para comprovar suas observações, informa que:
Os proprietários das fábricas [...] estão tão convencidos da inocuidade 
das emanações destes estabelecimentos sobre seus trabalhadores 
e empregados, que não usam precauções higiênicas nas fábricas. 
Este fato vem ainda corroborar o que dissemos relativamente a não 
se observarem nestas fábricas moléstias que se lhes possam assinalar 
como peculiares.” (MENDONÇA, 1850, citado por MENDES, 
2005).
Em 1852, Silva citou que a literatura internacional não se aplicava, pois os 
empregadores afirmavam que a atividade era inócua. Lage (1853) reforça as 
doenças em função dos miasmas e Godoy Junior (1852, citado por MENDES, 2005), emsua tese “Das fábricas de velas de sebo e das de sabões do Rio de Janeiro, que influência 
tem exercido na saúde de seus empregados e vizinhos?” afirma que:
Embora garanta a inexistência de doenças profissionais típicas destes 
trabalhadores, assinala a elevada prevalência de tísica pulmonar, 
atribuindo-a à mudança brusca de temperatura nos diferentes ambientes 
das fábricas. Menciona ainda a existência de diarreia crônica entre os 
escravos, atribuindo a sua causa ao costume de acrescentarem à sua 
ração alimentar sebos e outras gorduras em processo de saponificação. 
Os empregados que têm alimentação decente e separada nunca tiveram 
esta moléstia.
No Brasil, tal abordagem somente começou a se render à literatura internacional com 
o advento da “Escola Tropicalista Baiana”, divulgadora do modelo anglo-germânico de 
Medicina, que se pautava na busca de causalidades específicas na procura de critérios de 
especificidade, sem deixar de dar importância ao contorno sociopolítico. Defensores da 
tese do contágio para várias doenças, como a cólera, diferenciavam as ações necessárias 
no plano individual daquelas de nível coletivo (MENDES, 2005). Seu objetivo primeiro 
era a higiene.
16
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
“Uma ação profilática ampla dependia muito mais do interesse do Estado em 
realizá-la do que propriamente dos avanços da ciência médica” (OLIVEIRA, 1982).
Figura 1. Evolução da Medicina do Trabalho ou Ocupacional.
Preservar o coletivo Evitar epidemias, surtos, garantir a saúde da coletividade
Curar o indivíduo Foco individual sem vincular com a ocupação
Medicina Social Doenças dos trabalhadores
Higiene
Era bacteriológica = cada doença é um agente etiológico 
a ser combatido
Medicina Legal Estudo de nexos causais
 
Medicina do Seguro
Recuperação pecuniária – seguridade 
social/previdência
Saúde pública
Em 1906 foi realizado o I Congresso Internacional das Doenças do Trabalho em 
Milão (Itália) para a harmonização da Medicina do Seguro, que levou à criação da 
Comissão Permanente Internacional de Saúde Ocupacional servindo de embrião para a 
Organização Internacional do Trabalho – OIT em 1919.
Em 1925 a OIT apresentou sua primeira lista de doenças profissionais legalmente 
amparadas para fins de seguro, com apenas três doenças: saturnismo, hidragirismo e 
carbúnculo. Em 1934 a lista foi ampliada para 10 doenças; em 1964 para 15; em 1980 
para 29 e em 1991 para 78.
“Os médicos normalmente não desejam ou são incapazes de confrontar os 
métodos de produção capitalista que se mostram lesivos à saúde”. 
(MILLES, 1985)
17
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Quadro 1. Versão preliminar da lista de doenças profissionais proposta por um grupo de consulta convidada pela 
OIT (1991), com vistas a atualizar o anexo da convenção no 121, de 1964 (Emenda de 1980).
1. Agentes químicos 
Doenças causadas pelo berílio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo cádmio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo fósforo ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo cromo ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo manganês ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo arsênio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo mercúrio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo chumbo ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo flúor ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo sulfeto de carbono 
Doenças causadas pelos derivados halogenados tóxicos dos hidrocarbonetos alifáticos ou aromáticos 
Doenças causadas pelo benzeno ou seus homólogos tóxicos 
Doenças causadas pelo nitro e aminoderivados tóxicos do benzeno ou de seus homólogos 
Doenças causadas pela nitroglicerina ou outros ésteres de ácido nítrico 
Doenças causadas pelos alcoóis ou cetonas 
Doenças causadas pelos asfixiantes: monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio, sulfeto de hidrogênio ou seus derivados tóxicos 
Doenças causadas pela acrilonitrila 
Doenças causadas pelos óxidos de nitrogênio 
Doenças causadas pelas benzoquinonas 
Doenças causadas pelo vanádio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo antimônio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo hexano 
Doenças causadas por ácidos minerais 
Doenças causadas por antibióticos 
Doenças causadas pelo tálio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo ósmio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo selênio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo cobre ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo estanho ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo zinco ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo ozônio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas pelo fosgênio ou seus compostos tóxicos 
Doenças causadas por outras substâncias químicas tóxicas não constantes desta lista. 
2. Agentes físicos
Perdas auditivas causadas pelo ruído 
Doenças causadas pela vibração 
Doenças causadas pelo trabalho em ar comprimido 
Doenças causadas pelas radiações ionizantes 
Doenças causadas pelas radiações de calor 
Conjuntivite causada pela radiação ultravioleta 
Doenças causadas pelo ultrassom 
Doenças causadas por temperaturas extremas
3. Agentes biológicos 
Infecções ou doenças parasitárias contraídas em alguma ocupação em que existe um risco particular de contaminação
18
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
4. Doenças segundo órgãos ou sistemas
Doenças respiratórias ocupacionais 
Pneumoconiose, causadas por poeira fibrogênica (silicose, antracossilicose, asbestose) e silicotuberculose 
Doenças broncopulmonares causadas por poeira de metais duros 
Doenças broncopulmonares causadas por poeira de algodão, cânhamo, juta ou sisal (bissinose) 
Asma ocupacional causada por agentes sensibilizantes reconhecidos ou irritantes presentes no processo de trabalho 
Alveolite alérgica extrínseca causada pela inalação de poeiras orgânicas, segundo prescrito pela legislação nacional 
Siderose 
Doenças broncopulmonares obstrutivas crônicas 
Doenças broncopulmonares ocasionadas por poeiras de alumínio 
Dermatoses ocupacionais 
Dermatoses causadas por agentes físicos, químicos ou biológicos não incluídos nos outros itens da lista 
Vitiligo ocupacional 
Doenças musculoesqueléticas 
Doenças musculoesqueléticas causadas por atividades específicas ou pelo meio de trabalho em que determinados fatores de riscos estão presentes. 
Constituem exemplos destas condições ou fatores de risco: movimentos rápidos ou repetitivos; deslocamentos corporais forçados; concentração de 
força mecânica excessiva; posturas viciosas e forçadas 
Vibração
5. Câncer ocupacional
Câncer causado pelos seguintes agentes. 
Asbesto 
Benzidina e seus sais 
Éter bis-clorometílico 
Cromo e compostos de cromo 
Alcatrão e piches; fuligem 
Betanaftalina 
Cloreto de vinila 
Benzeno e seus homólogos 
Nitro e amino derivados do benzeno e seus homólogos 
Radiações ionizantes 
Epitelioma primário de pele causado por alcatrão, piche, betume, óleos minerais, antraceno ou seus compostos, produtos ou resíduos 
Câncer broncopulmonar causado por emissões de fornos de coque 
Câncer brônquico ou de fossas nasais causado pelos compostos de níquel 
Câncer das fossas nasais causado por poeiras de madeira 
6. Outras
Nistagmo dos mineiros 
O Brasil adota um sistema misto que se baseia em listas (essa informação consta nos 
anexos do Decreto no 3.048/1999) acompanhadas de “cláusulas abertas” que deram a 
possibilidade de se inserir doenças não listadas e ainda o Nexo Técnico Epidemiológico 
Previdenciário – NTEP.
Assim, no Brasil, a saúde do trabalhador e o estudo da relação trabalho X saúde-doença 
está indelevelmente casada com a Medicina do Seguro,auxiliada pela Medicina Legal.
19
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
“Um conjunto de interpretações e práticas, oriundas da tradição normativa de 
matiz secundário, que visa a restringir as associações entre fatores laborais e a 
gênese de doenças pela imposição do reconhecimento da existência de limites 
que permitem distinguir entre origens laborais e não laborais de distúrbios 
apresentados por trabalhadores” 
(WAISSMANN, 2000).
20
CAPÍTULO 2
Assistência à saúde
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e os serviços de saúde, cabendo 
ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, 
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente 
ou mediante terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de 
direito privado.
Art. 198. As ações e os serviços públicos de saúde integram uma 
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, 
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, 
sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III – participação da comunidade.
§ 1o O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, 
com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 2o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, 
anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, recursos mínimos 
derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar 
prevista no § 3o;
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação 
dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os 
art. 157e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que 
forem transferidas aos respectivos Municípios;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da 
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de 
que tratam os art. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3o.
21
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
§ 3o Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco 
anos, estabelecerá:
 I – os percentuais de que trata o § 2o;
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde 
destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos 
Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a 
progressiva redução das disparidades regionais;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com 
saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
 IV – as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
§ 4o Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes 
comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de 
processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de 
suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5o Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação 
das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate 
às endemias.
§ 6o Além das hipóteses previstas no § 1o do art. 41 e no § 4o do art. 169 
da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às 
de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias 
poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos 
específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
A Organização Mundial de Saúde2 – OMS define a saúde como um “estado de 
completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de 
enfermidade ou invalidez”.
Para bem desenvolver uma política pública voltada à assistência à saúde, é 
imprescindível o entendimento desta definição de saúde do qual o Brasil é um dos 
signatários; definição esta que deverá estar casada com as prerrogativas de nossa 
Constituição Federal.
O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa explica que o termo saúde tem origem 
etimológica da palavra latina salute – “salvação”, “conservação da vida” –, possuindo 
vários empregos: 
2 A definição consta do preâmbulo da Constituição da Assembleia Mundial de Saúde, adotada pela Conferência Sanitária 
Internacional realizada em Nova Iorque (19 a 22 de junho de 1946) e assinada em 22 de julho de 1946 pelos representantes de 
61 Estados-Membros da Organização das Nações Unidas, com vigor a partir de abril de 1948, não emendada desde então.
22
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
1 – Estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais 
encontram-se em situação normal; estado que se é sadio ou são. 
2 – Força, robustez, vigor: esta criança está vendendo saúde. 
3 – Disposição do organismo: é homem de boa saúde. 
4 – Disposição moral ou mental: saúde de espírito. 
5 – Voto ou saudação que se faz bebendo à saúde de alguém, brinde. 
6 – Desviar antecipadamente a responsabilidade de um ato. 
Além de ser usado para: 
 » área do conhecimento e campo de estudo sobre a saúde, as ciências da 
saúde; 
 » designação sintética dos programas, estabelecimentos, agências ou 
organismos sociais públicos ou privados destinados a cuidar da saúde 
dos indivíduos e comunidades; 
 » atividade política pública ou programa social governamental voltado para 
os cuidados com a saúde individual ou coletiva e para a administração 
destes serviços.
O mesmo dicionário Aurélio define bem-estar como “Estado de perfeita satisfação física 
ou moral; conforto”.
Assim, temos que o direito à saúde e seu acesso pela população apresenta um “nirvana” 
conceitual e que não se presta para uma abordagem epidemiológica3, e dificulta 
sobremaneira uma abordagem de estabelecimento de política pública eficiente por parte 
do sistema criado para oferecê-la, permitindo uma ampla gama de enfoques, muitas vezes 
antagônicos entre si.
O Dr. Miranda Sá, em seu artigo “Desconstruindo a definição de saúde”4, faz uma 
abordagem primorosa dos efeitos desta definição na gestão pública da saúde: 
Ninguém, com mínima informação e boa-fé, entende a noção de saúde 
com qualquer dos outros sentidos da palavra. De fato, como seria 
possível um orçamento do bem-estar físico, mental e social, ou ser um 
funcionário da ausência de doença, ou o Estado garantir a sanidade de 
3 Muito bem-explanado pelo Professor Naomar de Almeida Filho do Instituto de Saúde Coletiva/Universidade Federal da Bahia, 
em seu artigo:” O conceito de saúde: ponto-cego da epidemiologia?”, publicado na Revista Brasileira Epidemiologia 4, vol 3. no 
1-3, 2000.
4 Miranda Sá Junior, Luis S. “Desconstruindo a definição de saúde”. Jornal do Conselho Federal de Medicina (CFM) jul./ago./
set. de 2004, pp. 15-16.
23
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
alguém ou de algum animal ou vegetal? O que a Constituição chama 
de saúde? Exatamente o último dos sentidos apontados para o 
termo5. A Constituição brasileira declara a saúde como direito 
social (art. 6o). E direito de todo cidadão e, consequentemente, dever 
do Estado (art. 196). Quem se debruçar sobre a Constituição do Brasil 
verificará que, nela, saúde significa “políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção 
e recuperação” (art. 196).
Mesmo tendo este enfoque, tratando o bem-estarda sociedade e não do indivíduo (conceito 
subjetivo e extremamente variável), o termo apresenta incompatibilidade epidemiológica 
que fragiliza os mecanismos de controle e os indicadores da área de saúde.
Rememorando, independentemente da incompatibilidade epidemiológica, a assistência 
à saúde brasileira possui as seguintes características: é universal, isto é, ela deve 
atingir toda a população brasileira independentemente do cidadão, como indivíduo, 
ter contribuído monetariamente para a manutenção do sistema. Assim, a assistência 
à saúde deve ser oferecida sem contrapartida do cidadão. Deve oferecer cobertura 
ambulatorial, hospitalar, odontológica e farmacológica. Mas a saúde não é monopólio 
do Estado, permitindo a participação da iniciativa privada, exceto nos casos de acidentes 
de trabalho e nas vacinações básicas.
O modelo da assistência à saúde brasileiro não é um modelo universal, somente mais 
dois países americanos possuem um modelo universal de atendimento: Canadá e Cuba. 
Como exemplo, nos Estados Unidos, mais de trinta e sete milhões de americanos estão 
alijados do sistema de saúde. 
O modelo assistencial brasileiro, além de não ser um modelo universal, ainda é novo, 
pois só foi criado após a redemocratização brasileira nos fins da década de 1980. Tal 
quadro faz com que a base do modelo: o Sistema Único de Saúde (SUS), ainda esteja em 
evolução, em adaptação, mas que infelizmente apresenta o seguinte quadro.
Por ser um sistema que absorveu a estrutura assistencialista do INAMPS, também 
absorveu o seu modus operandi, que o tem caracterizado como um sistema que 
considera predominantemente o aspecto de “recuperação da saúde perdida” mediante 
o atendimento médico-hospitalar – lógica previdenciária taylorista de recuperar a 
saúde para devolver o trabalhador ao processo laboral. 
5 Atividade política pública ou programa social governamental voltado para os cuidados com a saúde individual ou coletiva e 
para a administração destes serviços.
24
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
A essência do atendimento, ainda é, a manutenção do seu poder laboral, fazendo com 
que a remuneração dos serviços seja fundamentado por produção, o que indiretamente 
impõe uma ineficácia operacional nas ações de vigilância à saúde e, por conseguinte, na 
prevenção de doenças. 
É interessante resgatar o caso do prefeito de uma cidade ser flagrado, em 2002, 
transportando o mosquito da dengue para seu município com o objetivo de 
ganhar as verbas destinadas a sua erradicação/controle.
Temos ainda um Sistema de Saúde que, apesar de ser jovem, já está saturado devido 
à metropolização do atendimento, castigado pela demanda flutuante, onde a rede de 
atendimento não possui uma capilaridade adequada. Esta, conjugada com uma não 
exigência de oferecimento de serviços básicos de saúde por parte das prefeituras (nos 
moldes do ensino fundamental), faz com que não exista interesse das municipalidades 
em assumir este compromisso, “empurrando” o problema para os centros maiores, 
provocando insuficiência de cobertura e baixa resolutividade da atenção ambulatorial.
Complementando essa análise, o Banco Mundial, por meio do Relatório no 36601-
BR “Brasil: Governança no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil: melhorando a 
qualidade do Gasto Público e Gestão de Recursos”, apresenta o seguinte quadro-síntese 
dos problemas do SUS e suas consequências (quadro 3):
Quadro 2. Resumo dos problemas e das consequências do SUS.
Causas Estruturais Consequências
Fragmentação do Processo de Planejamento Orçamentário
Ênfase formalista e legalista do sistema de 
planejamento público e do SUS.
Planejamento e orçamento voltados para justificar o 
repasse de recursos.
Processo truncado e desarticulado; os diferentes 
instrumentos não se integram e não se 
complementam.
Planos feitos por exigência legal, com frequência esquecida depois de aprovados.
Planos sem estratégias de ação, pouco realistas.
Planos sem previsão de recursos.
Importantes flutuações na alocação, na execução orçamentária das unidades e na sua 
distribuição.
Ausência de monitoramento e avaliação de resultados.
Dissociação entre plano e realidade.
Formalismo e Rigidez na Execução do Orçamento e da Gestão de Recursos Humanos
Rigidez das normas e dos prazos para execução 
orçamentária.
Rigidez da legislação de pessoal e de licitações 
e ausência de gestão proativa Sistema voltado 
ao cumprimento dos procedimentos e controles 
financeiros e não para a gestão e avaliação.
A legislação e a estrutura do orçamento dificultam a flexibilidade na sua execução e 
estimulam sua ineficiência.
Atrasos importantes nos processos administrativos e financeiros.
Muitas compras pequenas e/ou de emergência utilizando verba de pronto pagamento 
para contornar os processos formais burocratizados, resultando em ineficiência/custos 
mais altos, desperdício e falta de materiais.
Ausência de gestão efetiva de recursos humanos, especialmente a dificuldade de 
introduzir uma orientação para o desempenho entre o pessoal, e distribuição inadequada 
e ineficiente do pessoal com escassez localizada e capacidade ociosa.
Altos custos de transação por causa dos múltiplos procedimentos de contabilidade e das 
exigências de prestação de contas para transferências específicas.
25
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Causas Estruturais Consequências
Ausência de Autonomia Gerencial Local
Falta de autonomia gerencial e financeira nas unidades 
de saúde.
Sistema centralizado voltado para o controle central, e 
não para as necessidades locais.
Centralização da maioria das funções de RH em 
unidade central, ou outra secretaria.
Centralização do gasto em muitos municípios.
Caráter indutivo do planejamento central (exigência legal e incentivo financeiro) 
enfraquecendo os incentivos para o planejamento local.
Baixa participação do nível executivo e dos conselhos de saúde no planejamento.
Pouco uso da informação orçamentária para análise e avaliação local.
Ausência de informações gerenciais em nível da unidade de saúde.
As unidades de saúde gerenciam pouco seus recursos humanos (30% dos hospitais 
fazem pagamento de pessoal, 25% contratam e 54% remanejam).
Ausência de Informações Adequações para Gestão
Sistemas de informação voltados para controle central 
e não utilização local. Baixa integração entre sistemas 
múltiplos de informação, cada um orientado para uma 
finalidade específica.
Estrutura orçamentária e mecanismos de controle 
inadequados ao monitoramento e à avaliação de 
programas.
Ênfase na produção de serviços e não na sua 
efetividade ou em resultados.
A informação gerada é pouco utilizada (financeira, de produção etc.), especialmente no 
nível das unidades de saúde.
A maioria das unidades de saúde tem pouca ou nenhuma informação financeira.
Orçamento não desagrega ou discrimina o gasto de maneira útil para gestão.
Ausência de informação de custos.
Informações parciais e inconsistentes sobre a cobertura, a produção e o gasto dos 
programas nacionais.
Inconsistência das informações entre níveis de governo.
Baixa Capacidade Gerencial em Nível Local
Inadequada qualificação profissional em nível local para 
planejamento, gestão e avaliação.
Baixa capacidade de atrair e manter profissionais 
qualificados (baixa remuneração, políticas pouco 
atrativas).
Pouca utilização de métodos e de técnicas modernas 
de gestão.
Grau limitado de gestão efetiva de recursos físicos e 
humanos.
Organização ineficiente dos serviços médicos.
Ausência de monitoração e avaliação sistemática de 
programas e do desempenho das ações.
Baixa capacidade de planejamento ao nível local e principalmente nas unidades de 
saúde, que resulta, entre outros, em falta de recursos em certas categorias ou unidades 
de despesas e excesso em outras.Baixo nível de execução orçamentária em municípios e unidades de saúde.
Planejamento de necessidades e programação de compras inadequadas.
Baixo nível de controle sobre utilização de recursos, e estoques e não utilização dos 
recursos disponíveis.
Sistema inadequado de dispensação de medicamentos e interrupções no fornecimento.
Contratos sem supervisão ou avaliação (apenas 5% dos contratos com avaliação de 
qualidade)
Falta, inadequação e/ou mau estado de instalações e equipamentos.
Estrutura de Incentivos Inadequada
Complexidade e formalismo das modalidades e dos 
requisitos de habilitação no SUS.
Requisitos e critérios de repasses federais aos 
municípios não promovem a eficiência e a equidade.
Ausência de políticas e de mecanismos de estímulo a 
desempenho, responsabilidade, qualidade e eficiência.
Dificuldades dos municípios de se inserirem nas
modalidades de gestão do SUS.
Ênfase processual e nas atividades-meio dos requisitos, com pouca ênfase nos 
resultados.
Alto grau de iniquidade no gasto municipal em saúde e nas transferências federais aos 
municípios.
Estados e municípios não cumprem EC-29.
Falta de isonomia salarial entre regimes distintos.
Absenteísmo e não cumprimento da jornada de trabalho.
Todo este quadro é agravado pela expectativa dos usuários, pela medicalização e 
pela utilização intensiva de processos de diagnóstico, o que favorece a política de 
“farmalização” da saúde, fortalecendo a lógica de recuperação da saúde, do direcionamento 
dos recursos financeiros para a medicalização em detrimento dos profissionais 
de saúde. 
26
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
Corroborando com este enfoque, um levantamento realizado pela União Nacional 
das Instituições de Autogestão em Saúde – Unidas, em 2005, informa que 26,5% das 
despesas dentro da saúde suplementar são para medicamentos, contra apenas 15,41% 
para honorários médicos.
Até 1974, o único método de diagnóstico não invasivo era o raio-X, inventado 
em 1895 por um físico alemão. As máquinas de raio-X tradicionais só dispõem 
de filmes com cerca de 60 tonalidades de cinza. Os tomógrafos mais modernos, 
por sua vez, contam com mais de 1000 tons. [...] Nos aparelhos de última geração, 
um software especial associa a cada tom de cinza uma cor. Do ponto de vista do 
diagnóstico, esse artifício não é importante. Mas o resultado dele é espetacular. [...]
(Revista Veja, 23 de abril de 2003)
Felizmente a inflação dos serviços da área de saúde, de 1997 até 2004, (Gráfico 1) 
superaram em oitenta e um pontos percentuais a inflação total no município de São 
Paulo, e, como o incremento de receitas na área de saúde não acompanham esta 
evolução, está fazendo com que exista uma implantação forçada do financiamento 
do SUS, na lógica prevencionista, pois o Estado não tem capacidade de acompanhar 
a necessidade de financiamento do sistema nessa lógica “produtivista”. Aplica-se um 
valor per capita mensal, para atender a todas as demandas de saúde daquele distrito 
sanitário, o que vai privilegiar a gestão dos gastos e as ações de prevenção da saúde.
Gráfico 1. Índice de Custo de Vida/DIEESE acumulado janeiro de 1997 a abril de 2004 no município de 
São Paulo – SP. Comparativo da variação do grupo SAÚDE e outros grupos. 
´
Fonte DIEESE.
27
CAPÍTULO 3
Financiamento das ações de saúde
No ano de 2004 o setor de saúde correspondeu a 8,3% do PIB, movimentando cerca 
de R$ 147 bilhões de reais, sendo que o serviço público representou cerca de 44% dos 
gastos, e apresenta a seguinte distribuição da oferta de serviço de saúde.
Quadro 3. Distribuição de oferta de serviço de saúde.
Estrutura Quant.
Pública Privada
Quant. % Quant. %
Leitos hospitalares 471.000 164.850 35 306.150 65
Unidades ambulatoriais 60.000 45.000 75 15.000 25
Serviços de diagnóstico 11.500 690 06 10.810 94
Fonte: Banco Mundial (2007)
No Gráfico 2, tem-se uma visão da composição percentual do custo por faixa etária da 
assistência à saúde, percebendo-se que o gasto com exames (diagnósticos) representa 
grande fatia dos recursos destinados à saúde. Esta informação, conjugada com as 
informações da Tabela 2, levanta a seguinte constatação: Alega-se que sempre 
faltam recursos para manter o SUS, mas os serviços mais rentáveis (mesmo 
utilizando a tabela do SUS) estão na mão da iniciativa privada!
Gráfico 2. Composição percentual do custo por faixa etária da assistência à saúde.
Fonte: Unidas 2004
28
UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
Quadro 4. Composição do Gasto Nacional em Saúde por fonte.
Fonte %
Federal 28,8
Estadual 10,2
Municipal 11,7
Medicina de Grupo 07,2
Cooperativas Médicas 05,3
Seguro Saúde 06,2
Autogestão 09,6
Privado Direto 25,0
Fonte: Dados do SIOPS, ABRAMGE e IBGE citado pelo Banco Mundial.
No orçamento da Seguridade Social, já havia sido definido pela Constituição Federal de 
1988 que a saúde possuiria no mínimo 30% do orçamento, tomando por base a Tabela 
1 isto representaria para o ano de 2005 cerca de R$ 83,4 bilhões de reais. No entanto, o 
orçamento para as ações voltado à saúde (não só Ministério da Saúde) foi de R$ 48,89 
bilhões de reais. 
A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF, que em princípio 
era para ajudar a financiar as ações e os serviços de saúde, teve sua desvinculação ao 
sistema em 1998, e hoje financia em média apenas 33,6% dos gastos da saúde.
Sinto-me por vezes desanimado quando vejo que, após investir muito tempo na 
coleta de detalhada história médica que me diz exatamente o que há, o paciente 
se mostra incrédulo. Mas, quando o levo para minha sala de exames, onde 
tenho a um canto um antiquado fluoroscópio com intensificador de imagens, 
máquina cujo painel de instrumentos se assemelha ao de um avião, o paciente 
fica impressionado e posso imaginá-lo dizendo com seus botões: “Ah, que bom 
estar num consultório tão bem- equipado”. Ou talvez: “O doutor vai usar comigo 
essa máquina maravilhosa?”. A fé pueril na magia da tecnologia é uma das razões 
pelas quais o público vem tolerando a desumanização da Medicina.
(Dr. Bernard Lown – A Arte Perdida de Curar, p. 95)
Quadro 5. Saúde: Distribuição do percentual das Fontes de Recursos 1999-2004.
Fontes 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Média 
sobre 
total
1 Recursos Provenientes de Impostos. 15,1% 4,9% 14,6% 12,3% 12,6% 7,7% 11,2%
2. Contribuições Sociais 65,1% 80,7% 74,6% 79,8% 82,9% 87,5% 78,4%
2.1 Contribuição sobre o Lucro – CSLL 4,2% 13,5% 7,7% 25,0% 30,5% 33,7% 19,1%
29
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Fontes 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Média 
sobre 
total
2.2. Contribuição para Financiamento de Seguridade 
Social – COFINS
34,6% 32,7% 36,0% 13,6% 16,3% 21,3% 25,7%
2.3. Contribuição Provisória sobre Movimentação 
Financeira – CPMF
26,3% 34,6% 30,9% 41,2% 36,1% 32,6% 33,6%
3. Outras Fontes 10,6% 14,3% 5,9% 5,1% 4,5% 3,8% 7,4%
4. Fundo de Combate e Erradicação à Pobreza 0,0% 0,0% 4,9% 2,7% 0,0% 1,0% 1,4%
5. Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) 9,2% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,5%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% -
Total em milhões correntes 15.487 20.270 23.634 25.435 27.172 32.973 -
Fonte SIAFI/SIDOR
30
CAPÍTULO 4
Saúde suplementar
A Constituição Federal de 1988 permitiu a manutenção da iniciativa privada na 
prestação de assistência à saúde, in verbis:
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§1o. As instituições privadas poderão participar de forma complementar 
do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato 
de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades 
filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§2o. É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou 
subvenções às instituições privadascom fins lucrativos.
§3o. É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais 
estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos 
em lei.
Aqui deve-se fazer presente a equidade dita por Aristóteles, pois é garantida à instituição 
privada participar de forma complementar ao SUS, mas a palavra complementar, por 
definição do Dicionário Houaiss, remete a: “relativo a complemento ou que constitui 
complemento de algo”. O SUS, por sua vez, tem como premissa ser universal e dar 
acesso igualitário às ações e aos serviços (de saúde) para a sua promoção, proteção e 
recuperação. Assim, onde ficaria a participação da iniciativa privada, se esta só pode 
atuar complementarmente ao SUS, já que o SUS é por definição completo pleno, 
universal?
A Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, (conhecida como Lei Orgânica da Saúde) 
reforça tal sentimento em seu artigo 24, descrevendo bem onde deve ficar a iniciativa 
privada.
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para 
garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, 
o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados 
pela iniciativa privada.
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados 
será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, 
as normas de direito público.
31
ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Com base no artigo transcrito acima, da lei que regula o SUS, verifica-se que ele não 
cumpre a sua função de acesso universal e igualitário, pois cidadãos brasileiros recebem 
tratamento diferenciado caso se encontrem em municípios com capacidade de serviço 
diferenciado. Mas essa discussão filosófica conceitual não é nosso tópico de interesse, 
mas sim suas consequências práticas.
A permanência do direito da iniciativa privada prover ações e serviços de saúde vem do 
fato de que apenas 44% dos recursos totais destinados à saúde são recursos públicos, 
frente a uma média internacional de 70%, e que o valor dos recursos públicos destinado 
à saúde em proporção do PIB é de 3,2%, menor que os 5,2% da Argentina; 6,2% de 
Cuba e dos Estados Unidos, e de 8,3% da Alemanha, o que se traduz em valores per 
capita/ano também abaixo do aplicado por outras nações6.
Assim, na prática, tem de ser criar denominações para falar em saúde fora do Sistema 
Único de Saúde: saúde complementar, saúde suplementar, assistência médica 
suplementar e atenção médica supletiva, entre outras, todas sem consenso.
Quadro 6. Valor per capita destinado de recursos públicos à saúde no ano 2000.
País
Valor em 
US$1,00/ano
China 24,00
Brasil 109,00
Chile 143,00
 México 144,00
Uruguai 304,00
Argentina 362,00
Canadá 1.483,00
Fonte: BIRD e OMS
Em 1998, é promulgada a Lei no 9.656, de 3 de junho de 1998, que vem regular 
o setor de saúde privado, e em 2000, para se evitar a possível celeuma da atenção 
complementar, que a Constituição Federal de 1988 relegou a participação da iniciativa 
privada, é criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, para atuar na 
regulamentação deste setor.
Note que a alteração da palavra complementar para suplementar modifica 
completamente o lócus legal da prestação privada de serviço de saúde. A 
palavra “suplementar” por definição do Dicionário Houaiss remete a: “Servir de 
suplemento; suprir ou compensar a deficiência de”, assim, a saúde suplementar 
pode coexistir junto ao SUS, suplementando onde ele não é capaz de atender 
6 Fonte: Unidas: União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde: Autogestão da Saúde no Brasil: 1980-2006 História 
da organização e consolidação do setor, São Paulo. p. 20. 
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UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
nos requisitos que o cidadão almeja. Resumindo: a saúde suplementar pode 
atuar concorrentemente ao SUS.
Por atuar de forma concorrente, o mercado de saúde suplementar não é obrigado a 
atender as diretrizes fixadas para o SUS, assim qualquer discussão a respeito da saúde 
suplementar e de seus planos deve ter em mente a seguinte abordagem dada por 
Figueiredo (2006)7:
A rede particular de prestação de serviços de saúde atua supletivamente 
à rede pública, sendo disponibilizada por entidades privadas de forma 
adicional e facultativa aos serviços disponibilizados pelo Estado (art. 
199, caput da C.F.). Por tais razões, trata-se de atividade econômica em 
sentido estrito, regida por princípios e regras de direito privado, sendo 
seu acesso garantido, tão somente, à parcela da população com renda 
para tais serviços.
Não se pode tratar a assistência à saúde na forma suplementar como assistência social, 
com grave risco de quebrar o setor e levar consigo os usuários a ele vinculados.
O mercado de saúde suplementar está estruturado organizacionalmente em diversas 
personalidades jurídicas, cada qual como uma característica própria:
 » Administradora: são apenas intermediárias do serviço de saúde, não 
assumindo o risco decorrente da operação desses planos e nem possuem 
rede própria.
Exemplo: Associação dos Servidores Públicos do Governo do Distrito 
Federal – ASPGDF, Clube Afinidade.
 » Autogestão: as próprias empresas administram programas de assistência 
à saúde para seus empregados, por meio da criação de instituições privadas 
sem fins lucrativos. Vincula a prestação destes serviços aos empregados 
ativos, inativos (aposentados), pensionistas destas empresas, ou a 
associações, sindicatos, fundações, caixas de assistência ou entidades de 
classe profissionais.
Exemplos: GEAP, CAPSESP, FIOPREV, CASSIS, AGROS, PETROBRAS, 
APUB SAÚDE.
 » Cooperativas Médicas ou Odontológicas: os médicos ou dentistas são 
simultaneamente sócios e prestadores de serviços. A sua estrutura é 
semelhante à Medicina de Grupo. Possui fim lucrativo.
Exemplo: UNIMED.
7 Figueredo, Leonardo Vizeu. Curso de Direito de Saúde Suplementar. São Paulo: Ed. MP, 2006 pg29.
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ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
 » Filantrópicas: são operadoras de saúde sem fins lucrativos, que possuem 
certificado de entidade filantrópica junto ao Conselho Nacional de 
Assistência Social (CNAS) e declaração de utilidade pública federal junto 
ao Ministério da Justiça.
Exemplo: Planos de saúde das Santas Casas de Misericórdia.
 » Medicina ou Odontologia de Grupo: normalmente atuam como 
intermediários na prestação de serviço entre o cliente e o prestador 
(médico, clínica, laboratório e hospital), possui acesso aos serviços 
mediante pré-pagamento. Possui fim lucrativo.
Exemplo: Golden Cross, Medial, Amil.
 » Seguro Saúde: atua na forma de um seguro, havendo a intermediação 
financeira do sinistro diretamente por reembolso ao associado ou 
à rede prestadora de serviço. Possui fim lucrativo.
Exemplo: Saúde Bradesco, Sul América.
 » Serviço Próprio: é o departamento ou a área de recursos humanos de uma 
empresa que atua diretamente como intermediária entre seu funcionário 
e a prestadora de serviço de interesse (médico, hospital, laboratório). 
Não tem fim lucrativo.
Exemplos: Plano de Saúde da Comissão Nacional de Energia Nuclear 
– CNEN, PAS da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Rede 
de Atendimento do Comando do Exército.
De acordo com a ANS, em dezembro de 2004, estavam vinculados a planos de saúde 
suplementar trinta e três milhões, setecentos e seis mil quinhentos e seis usuários, cerca 
de 18,6% da população brasileira à época. Estes usuários estão distribuídos em duas mil 
cento e sessenta e sete (2.167) empresas operadoras de planos de saúde registradas.
Quadro 7. Operadoras de saúde suplementar por classificação em 2/2005.
Operadora % de participação
De Grupo 53
Cooperativa 25
Autogestão 15
Filantropia 5
Seguradoras 1
Administradoras 1
Total 100
Fonte:ANS/MS
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UNIDADE I │ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO TRABALHADOR
Quadro 8. Beneficiários por classificação de operadora em 12/2004.
Operadora
No de 
beneficiários
% de 
participação
De Grupo 12.924.384 38,34
Cooperativa 9.643.966 28,61
Autogestão 5.329.212 15,81
Seguradoras 4.493.256 13,33
Filantropia 1310.775 3,89
Administradoras 4.913 0,01
Total 33.706.506 99,99
Fonte: ANS/MS
Tabela 2. Distribuição percentual de beneficiários a plano de saúde por faixa etária por sexo, comparada a 
população geral, em 12/2004.
Faixa Etária 
(anos)
masculino Feminino
% com Plano de saúde % com Plano de saúde
0 a 9 16,32 14,58
10 a 19 14,58 13,82
20 a 29 20,65 19,56
30 a 39 21,07 22,07
40 a 49 20,00 21,21
50 a 59 21,05 19,04
60 a 69 16,66 16,66
70 a 79 8,33 18,75
80 ou + 10,00 13,30
Fonte: ANS/MS – Adaptado pelo Autor
De forma prática, quando um cidadão for optar por estar vinculado ao um plano de 
saúde suplementar, deve lembrar que, por existir diversas modalidades de operadoras, 
ele estará pagando outros encargos que não só o serviço.
Quadro 9. Distribuição de encargos na contratação de um serviço de saúde suplementar, por tipo de operadora.
Tipo
Pagamentos
Regulação 
pela ANSserviço
Taxa de 
administração da 
administradora
Taxa de 
administração 
do plano
Lucro do 
plano
Administradora sim sim sim sim não
Medicina ou odontologia de grupo sim não sim sim
Autogestões sim não sim não sim
Filantrópicas sim não sim não sim
Serviço Próprio sim não não não não
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UNIDADE IIEPIDEMIOLOGIA
CAPÍTULO 1
História natural da doença
Normalmente consideramos o binômio saúde/doença, ou é saúde ou é doença, mas as 
doenças apresentam padrões de evolução/progressão diferentes de um agente etiológico 
para outro de um individuo para o outro. De forma geral, as doenças manifestam-se de 
três formas:
 » aguda, que pode levar rapidamente à morte, ou que apresenta rápida 
recuperação;
 » crônica, que evolui de forma lenta, mas progressiva, podendo 
levar à morte após longo período ou situação que intercala períodos 
assintomáticos com crises;
 » limiar clínico, identificado por meio de exames laboratoriais, a 
sintomatologia não se exterioriza de forma que a pessoa nunca saberá 
que estava doente.
A história natural da doença se apresenta em quatro fases.
 » Fase de suscetibilidade: existem condições ambientais e individuais 
que favorecem o aparecimento da doença.
 » Fase patológica pré-clínica: a doença ainda não apresenta 
sintomatologia externa, mas o organismo já apresenta alterações 
patológicas. A evolução da doença pode ser subclínica (limiar clínico), 
levar à cura ou progredir na fase seguinte. A identificação precoce resulta 
em uma maior probabilidade de êxito com tratamento adequado. É aqui, 
nesta fase, que se torna importante conhecer as associações existentes 
entre indivíduos e do ambiente com o surgimento das doenças.
 » Fase clínica: nesta fase a doença já se encontra em estágio adiantada. 
Aqui cabe a assistência médica de recuperação/curativa.
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UNIDADE II │ EPIDEMIOLOGIA
 » Fase de incapacidade residual: ocorre quando a doença não 
progrediu para a morte e a cura deixou sequelas, havendo necessidade de 
reabilitação de cunho físico, psicológico ou social.
Figura. 2. Padrões de evolução das doenças
A validade desta divisão didática é possibilitar a separação dos indivíduos em diferentes 
posições em função dos riscos e danos à saúde que apresentam.
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CAPÍTULO 2
Lembrando-se da estatística
Para o engenheiro de segurança do trabalho se aventurar no estudo da Epidemiologia, é 
necessário que se retome alguns conceitos de estatística para poder embasar os estudos 
e a interpretação dos resultados obtidos.
 » Amostra: Subconjunto da população. Pode ser de conveniência (não 
aleatório) ou aleatório.
 » Coeficiente ou Taxa: frequência com que um evento ocorre na população; 
proporção de uma população possuidora de uma determinada 
característica. Ex.: mortalidade.
 » Desvio-Padrão: afastamento padrão em relação à média, informa a 
dispersão dos valores em torno da média.
 » Eficácia: a extensão de quanto uma determinada intervenção, 
procedimento, programa, regime ou serviço produz um resultado benéfico 
em condições ideais de observação.
 » Eficiência: referem-se aos efeitos alcançados em relação ao esforço 
despendido em termos de recursos e tempo.
 » Hipótese: suposição ou conjectura sobre a relação entre dois ou mais 
eventos.
 » Média: informa onde está localizado o valor central do grupo (amostra).
 » Mediana: o valor central quando as mensurações são alinhadas do menor 
ao maior valor; o ponto ou A posição que divide a distribuição em duas 
metades.
 » Moda: categoria mais frequente de uma escala. Ex.: na série 
1,2,4,4,7,7,7,9,10,12, a moda é o número 7, pois ele aparece 3 vezes.
 » Odds Ratio (OR): chance relativa, razão de probabilidade.
 » P (probabilidade): estimativa estatística de que um resultado é devido 
ao acaso; um achado P = 0,05 é tomado arbitrariamente, como ponto 
de corte para decisões. P menor que 0,05 as diferenças são significativas 
estatisticamente; se P maior que 0,05 as diferenças não são significativas 
estatisticamente.
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UNIDADE II │ EPIDEMIOLOGIA
 » População: em estatística, tem o sentido de universo, cujas características 
são investigadas, em geral, pelo estudo das amostras.
 » Prevalência: número ou proporção de pessoas portadoras de um evento 
em um particular momento. Coeficiência de prevalência é este número 
expresso em unidade de população.
 » Risco absoluto: = mortalidade.
 » Risco relativo (RR): a razão entre dois riscos, a razão entre duas taxas 
de incidência ou mortalidade. Corresponde ao risco do agravo entre os 
indivíduos que tenham tido uma exposição dividido pelo risco do agravo 
entre aqueles que não tenham tido esta exposição. Informa quantas vezes 
um risco é maior que o outro. Ex.: um risco relativo igual a 2 significa 
risco 2 vezes maior de um grupo em relação ao outro grupo.
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CAPÍTULO 3
Epidemiologia
A Epidemiologia é o campo das Ciências Biológicas preocupadas com o 
inter-relacionamento de vários fatores e condições que determinam à frequência 
e a distribuição do agravo à saúde em uma comunidade humana, ocupando-se das 
circunstâncias em que os agravos ocorrem e na quais eles tendem a não florescer, 
incluindo ai fatores sociais, como religião e política, se estes têm alguma influência 
sobre a prevalência do agravo.
Diferentemente do estabelecimento do nexo causal que é focado no indivíduo, a lógica 
da Epidemiologia é a abordagem coletiva, em sua perspectiva populacional, numa 
apresentação probabilística.
Medidas de frequência das doenças
Na Epidemiologia, o estabelecimento da frequência se dá por meio da incidência e/ou 
da prevalência. A incidência diz respeito aos casos novos e a prevalência aos casos 
existentes. Para se determinar a incidência, é imprescindível estabelecer a duração 
temporal da observação para identificação dos casos novos. Na prevalência verifica-se 
quantos, em um determinado tempo, possuem a doença, não influenciando se a doença 
surgiu neste período ou se o indivíduo já estava doente.
Taxa de Incidência
No de “Casos Novos” em T*
X Constante
No de pessoas expostas ao risco em T*
Taxa de Prevalência
No de “Casos Existentes” em T*
X Constante
No de pessoas na população em T*
* Período de tempo utilizado para o estudo.
Às vezes, o estudo de um grupo de pessoas em determinado período pode apresentar 
vieses que dificultam o prosseguimento da investigação proposta, pois pessoas morrem, 
saem da área geográfica da amostra, influenciando sobremaneira o andamento e as 
conclusões do estudo/investigação. Para evitar tal viés, é comumutilizar dois artifícios, 
para estabelecer a população sob análise: pessoas-período e população na metade 
do período.
 » Pessoas-período: se dois indivíduos, permanecem em observação 
por seis meses cada um, eles equivalem a uma pessoa-ano, ou se são 
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UNIDADE II │ EPIDEMIOLOGIA
observados por um mês, eles equivalem a uma pessoa-bimestre. O ajuste 
é aplicado no denominador, que passa a ser “pessoa-ano”, pessoa-período 
e não mais “número de pessoas”. O coeficiente calculado desta maneira, 
quando o denominador representa unidades em pessoas-período, 
também é denominado “coeficiente médio de incidência”.
Exemplo: “Em um estudo efetuado em Brasília, numa creche com 
capacidade para 40 alunos, constatou-se um total de 343 episódios 
de danos a saúde durante o ano. A média é de cerca de oito episódios 
por criança no ano, que a simples divisão de números induziria (343 
dividido por 40), elevou-se para 14, quando o cálculo foi refinado para 
“crianças-ano”, já que a creche nem sempre funcionou com 100% de sua 
capacidade e nem todas as crianças permaneceram todo o tempo em risco 
de morbidade.” (LOW; PEREIRA, 1977).
 » População na metade do período: é utilizado para estudo em que 
há variação da população regularmente, como por exemplo, para avaliar 
regiões, cidades, países, utilizando-se como estimativa do número da 
população, a população existente na metade do período. Normalmente, 
é utilizado para o cálculo de coeficientes de mortalidade, natalidade, 
fecundidade.
Quando usar incidência ou prevalência
O uso da incidência ou prevalência depende da questão levantada e dos “insumos” 
operacionais disponíveis para o observador/investigador. A incidência é a medida 
mais importante na Epidemiologia, pois ela informa melhor a dinâmica da história da 
doença na população, sendo fundamental para planejar as investigações – os ensaios 
clínicos – e estabelecer o tamanho da amostra.
A prevalência é direcionada para o planejamento e a administração de serviços e 
programas de saúde, como um programa para fornecimento de prótese, que é necessário 
para saber a prevalência de deficientes que necessitam de uma para determinar o 
número de próteses que devem ser adquiridas. Por oportuno, devemos considerar que 
há terminologias na área de Saúde que podem generalizar o uso da incidência e da 
prevalência, que é o caso, por exemplo, dos fatores de risco8. Exemplo: Fatores de 
Risco: número de novos usuários de crack em um período (incidência) e número de 
usuários de crack existentes em uma comunidade/população (prevalência).
8 Fator de risco: atributo ou circunstância do ambiente ou característica do indivíduo, herdado ou adquirido, associado à maior 
probabilidade de este mesmo indivíduo apresentar no futuro um dano à saúde.
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EPIDEMIOLOGIA │ UNIDADE II
A frequência detectada por um estudo pode ser grandemente influenciada alterando 
sua “correspondência” com a realidade, pelo tamanho e tipo do universo populacional 
estudado (AMOSTRA), e a forma de identificação do evento. No primeiro caso, temos 
de verificar que a amostra em estudo é representativa, isto é, não há limitação quanto à 
inserção de representantes de algum subgrupo da população. Caso contrário, ela é uma 
amostra viciada, não representativa. Na forma de identificação do evento, devemos 
considerar as fontes de dados empregados e a tecnologia diagnóstica utilizada, o que 
pode levar à identificação de: falsos positivo-sadios e vice-versa.
Um indicador bastante utilizado em Epidemiologia é o de mortalidade, referindo-se ao 
que acontece em uma população, no período de um ano (pode-se valer de outro período 
desde que explicitamente indicado).
Os principais indicadores de mortalidade são:
Coeficiente de 
Mortalidade Geral
No total de óbitos no período
X 1.000
População Total, na metade do período.
Coeficiente de 
Mortalidade por Sexo
No total de óbitos de um dado sexo, no período. X 1.000
População do mesmo sexo, na metade do período.
Coeficiente de 
Mortalidade por Idade
No total de óbitos no grupo etário, no período. X 1.000
População do mesmo grupo etário, na metade do período.
Coeficiente de 
Mortalidade por Causa
No total de óbitos por determinada causa (ou grupo de causas), no período. X 100.000
População Total, na metade do período.
Coeficiente de 
Mortalidade Materna
No total de óbitos por causas ligadas a gravidez, parto e puerpério, no período.
X 100.000
No de nascidos vivos, no período.
Coeficiente de 
Mortalidade Infantil
No total de óbitos de crianças menores de um ano de idade, no período. X 1.000
Número de nascidos vivos, no período.
Coeficiente de 
Mortalidade Neonatal
No total de óbitos de crianças nas primeiras quatro semanas de vida, no período. X 1.000
Número de nascidos vivos, no período.
Coeficiente de 
Mortalidade Perinatal
No de óbitos fetais (com 22 semanas ou mais de gestação) acrescido do no 
de óbitos na primeira semana de vida, no período. X 1.000
No de nascidos vivos e de natimortos, no período.
Coeficiente de 
Letalidade (ou Fatalidade)
No de óbitos por determinada doença
X 100 (ou 1.000)
No de casos da mesma doença
Mortalidade 
Proporcional de 50 anos ou mais
No de óbitos de maiores de 50 anos no período X 100
Todos os óbitos no período
Mortalidade Proporcional 
por Causas
No de óbitos por determinada causa (ou grupo de causas) no período X 1.000
Todos os óbitos no período
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UNIDADE II │ EPIDEMIOLOGIA
Para a realização de um estudo epidemiológico, é importante a organização das 
informações no tocante às características dos indivíduos, do lugar geográfico e do tempo. 
A definição destes parâmetros populacionais de estudo é definida como “Epidemiologia 
Descritiva”, e deve-se levar em consideração se a amostra não foi obtida por meio de 
inquérito9, a fonte de dados utilizada.
As variáveis mais utilizadas nos estudos epidemiológicos são:
1. Demográficas: 
a. Sexo;
b. idade;
c. grupo étnico;
d. paridade;
e. história familiar;
f. composição familiar;
g. peso;
h. ordem de nascimento;
i. peso;
j. altura;
k. grupo sanguíneo.
2. Sociais:
a. estado civil;
b. religião;
c. renda;
d. ocupação;
e. educação/instrução;
f. classe social.
9 Termo usado com o sentido de ampla investigação não experimental, na qual os indivíduos da amostra são interrogados ou 
examinados para determinar o nível de presença e a ausência das características de interesse.
43
EPIDEMIOLOGIA │ UNIDADE II
3. Estilo de Vida:
a. tipo de comportamento;
b. estilo de vida;
c. dieta alimentar;
d. prática de exercício físico;
e. uso de drogas.
4. Lugar:
a. país (vida);
b. região;
c. estado,
d. município;
e. distrito;
f. bairro;
g. instituição;
h. edifício;
i. rua;
j. urbano-rural;
k. código-postal (CEP);
l. tamanho da comunidade.
4. Tempo:
a. década;
b. ano;
c. semestre;
d. trimestre;
e. mês;
f. semana;
g. dia;
h. hora.
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UNIDADE II │ EPIDEMIOLOGIA
Figura 3. Áreas Epidemiológicas de Febre Amarela no Brasil.
Fonte: Ministério da Saúde 2005.
Figura 3a. Mortalidade até um ano de idade.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil – 2001
As séries temporais (variáveis ligadas a tempo) podem ser classificadas como: 
 » histórica ou secular, que indicará a tendência de determinado evento/
doença;
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EPIDEMIOLOGIA │ UNIDADE II
Figura 4. Série histórica ou secular. Verifica-se uma tendência de evolução do PIB do Brasil de 2002 para cá.
Fonte: <http://economiadigitalbrasil.blogspot.com/2010/11/evolucao-da-renda-per-capita-no-brasil.html>.
 » cíclicas, que apresentam na forma de “onda” onde o evento se mostra 
com maior frequência em determinados espaços de tempo;
 » sazonal, para designar as oscilações