Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Template de Produção – Graduação Projeto Graduação Curso Administração Disciplina Administração, Sistemas e Ambiente Tema Professor(a) Daniel Weigert Cavagnari Coordenador(a) Fábio Vizeu Rota de Aprendizagem: 01 – Organização, Administração e Racionalidade Tutor(a) Administração, Sistemas e Ambiente ROTA I - Organização, Administração e Racionalidade 1. INTRODUÇÃO A Administração é um campo de estudos fascinante. Muitas são as áreas de conhecimento que podem contribuir para a formação do administrador. É por isso que dizemos que a Administração é um campo de saber interdisciplinar: muitas são as áreas da ciência (disciplinas) que contribuem para que se constitua o saber INPUT AMBIENTE INTERNO OUTPUT SISTEMA ORGANIZAÇÃO AMBIENTE EXTERNO administrativo: economia, sociologia, psicologia, matemática, história, filosofia e antropologia são algumas das ciências que mais contribuem para a construção da Ciência da Administração. Assim, para entender sobre as questões da Administração, devemos adotar uma visão ampla sobre a realidade social. Neste sentido, uma importante contribuição para esta visão foi dada pelo pensamento sistêmico, tal qual foi apresentado pela Teoria Geral de Sistemas, proposta pelo biólogo Ludwig Von Bertalanffy. Assim, iniciamos nossa jornada onde iremos refletir sobre o impacto do pensamento sistêmico no mundo da Administração. Figura 2: Ludwig Von Bertalanffy, autor da Teoria Geral de Sistemas Fonte: https://archivosociologico.wordpress.com/ludwig-von-bertalanffy/ Antes de começarmos, precisamos pontuar sobre qual é o objeto de atuação da Administração. É comum pensarmos que a Administração é uma Ciência que trata da Empresa. Bom, isso não está incorreto; mas devemos entender que a palavra empresa não se refere apenas aos empreendimentos que visam lucro. Existem outros tipos de empreendimentos que enfatizam ganhos sim, mas não apenas de dinheiro e sim de bem-estar e que também são objetos da Administração. Esse é o caso de entidades sociais públicas, do governo, tais como prefeituras, departamento de polícia, hospitais públicos, e órgãos de fiscalização e serviço público, como o DETRAN, o INSS, a Receita Federal, entre outros. Também temos o caso de entidades que não são do governo mas também não são empresas capitalistas, como no caso das Organizações Não-Governamentais (ONGs), como por exemplo, o Greenpeace (proteção ao meio ambiente) e o Afroreggae (cultural), ou outras entidades com objetivos sociais. Assim, para que adotemos um termo mais amplo do que empresas, dizemos que a Administração tem por objeto as organizações. Esse termo representa todas as entidades que mencionamos. Veremos que esse termo também representa uma das funções da administração, mas isso será tratado mais pra frente. Agora que já definimos a organização como o objeto da Administração, podemos colocar mais um termo que será fundamental nesta disciplina. Este é a ideia de sistema. Veremos que sistema tem algumas características fundamentais, que iremos estudar minuciosamente. Por hora, o que precisamos saber é que toda organização é um sistema, mas nem todo o sistema é uma organização. Sim, a frase é lógica e racional. Típica de filósofos. Isso porque a origem da abordagem de sistemas remonta à antiguidade, séculos antes do nosso calendário milenar. No princípio, toda e qualquer ciência partia de ideias, racionalizadas por pensamentos filosóficos. Ou seja, na antiguidade, tudo o que não era possível de se verificar empiricamente – ou seja, pela experiência – era racionalizado, idealizado e colocado como um resultado absoluto. É por isso que vemos nas sociedades do passado muita influência da religião na explicação de tudo. Somente quando passamos a ter certas ferramentas para experimentar, por em prática o conhecimento teórico, é que obtivemos resultados mais efetivos e concretos, e que pudemos constituir um conhecimento teórico mais sistematizado. Isso aconteceu na era Moderna – o período histórico que emerge depois da Idade Média – com o advento da Ciência Moderna. Foi a partir da contribuição do pensamento cientifico moderno que a ideia de sistema começa a ganhar mais força, da forma como entendemos para tratar da Administração e das Organizações. Agora, voltemos para o pensamento sistêmico. Para entender como isso funciona, vejamos um exemplo. Na Biologia temos o corpo humano, que é um sistema completo, organizado, embora controlado pela nossa vontade e ações (o que comemos, como exercitamos e estudamos, entre outros). Mas o corpo humano também é um sistema formado por outros subsistemas, tais como o respiratório, o digestivo, o nervoso, entre outros. Figura 3: Sistema Digestivo Fonte: http://www.estudopratico.com.br/sistema-digestorio-humano-orgaos-e-suas-funcoes/ Também na Física temos vários sistemas com inúmeros objetivos. O sistema mecânico, o sistema elétrico, o sistema térmico, o sistema hidráulico. Esses diferentes sistemas, podem atuar de forma conjunta onde são subsistemas de um sistema maior. Esse é o caso do automóvel, que conta com vários sistemas explicados pelas diferentes áreas da física: um sistema mecânico (suspensão, freios, direção), sistema elétrico (bateria, luz, alarme) sistema térmico (injeção e combustão da gasolina), etc. Todos estes sistemas físicos aplicados na prática, constituem um sistema geral, um automóvel. Também vemos a integração entre as diferentes áreas da ciência para constituir os sistemas. Na matemática, você pode ter diversas equações para um mesmo objeto. Mas também podemos ter objetos de outras ciências que também refletem sistemas matemáticos. Ainda falando do automóvel, que foi tratado como um sistema físico, ele é tão um sistema matemático como qualquer outro. Temos uma equação que define desde sua forma (geometria), até o preço a ser vendido no mercado (Econometria). Todos os sistemas se relacionam com diferentes ciências e disciplinas, mas podemos defini-los em função de determinado objetivo. Enfim, tudo aquilo que tem um objetivo, seja tangível ou não, representa um sistema. E onde há um sistema, há um fluxo de funcionamento e uma estrutura, uma ordem. Mais uma vez, um corpo humano apresenta uma estrutura e um funcionamento: no subsistema digestivo, a estrutura é bem definida, onde os dentes e a língua ficam no início da estrutura, e o alimento vai de uma parte a outra, para cumprir o objetivo que é a nutrição. Também o carro é um sistema com um objetivo específico, que é o transporte de pessoas e carga de forma rápida e segura. Para isso, ele apresenta uma estrutura específica, bem como um funcionamento muito específico. Se colocarmos uma peça fora do lugar, o carro não irá funcionar direito e não irá atingir o objeto pelo qual este sistema existe. Em uma organização, isso não é diferente. Todo e qualquer procedimento dentro dela, cada produto idealizado e produzido, cada departamento, funciona como um subsistema. Apresenta uma estrutura particularmente construída para que a organização, no seu todo, possa atingir seu objetivo maior. Na empresa, o objetivo é o lucro do proprietário ou acionistas. No hospital, o objetivo é cuidar e tratar da saúde das pessoas. Em uma ONG de proteção aos animais, como a definição sugere, o objetivo é proteger e ajudar animais. Em um sindicato, o objetivo é ajudar os trabalhadores a terem seus direitos garantidos. Figura 4: Sistema e Subsistemas ORGANIZAÇÃO: SISTEMA E SUBSISTEMAS Relacionar a organização a um único processo é um erro básico e muito comum. Por exemplo, imaginar que a solução dos problemas de vendade uma empresa resumem-se à demissão e contratação de vendedores pode ser um grande erro. O problema pode sim estar no subsistema comercial e de venda, mas também pode estar no sistema produtivo, contábil, de engenharia entre outros. Para uma melhor compreensão de uma organização enquanto sistema, leia o artigo à seguir: Moura, Luciano R. “A Empresa como um Sistema”: http://raizermoura.com.br:7080/wordpress/wp-content/uploads/2013/09/A-empresa- como-um-sistema.pdf Ilustração sobre sistema: https://www.youtube.com/watch?v=pFNxAeLVDW4 •Produtivo•Financeiro •Comercial•Administrativo Organização Dinâmica Produto / Serviço Resultado 2. PROBLEMATIZAÇÃO Por que chamamos as empresas de organização e não de sistema simplesmente? a. ( ) Porque um sistema ou subsistema em si é uma ferramenta que objetiva uma organização. b. ( ) Uma organização é formada por sistemas e subsistemas, ou seja, o conceito de empresa se enquadra no resultado e não apenas no processo. c. ( ) Uma empresa é um sistema, formada por diversos sistemas e subsistemas, organizados em um processo administrativo como um todo. d. (X ) Todas as alternativas estão corretas. Pensemos na palavra “organização”. É o ato de ordenar, arranjar. Ou seja, criar uma estrutura para constituir um funcionamento que ajude a atingir um objetivo maior, facilite o atingimento de algo para o presente ou futuro. Como já dissemos, chamamos de organização todo e qualquer tipo de empresa, seja ela estatal, privada, com ou sem fins lucrativos, que oferece bens ou serviços. Seja qual for o tipo de empresa, esta será, um estrutura, uma organização. Vamos pensar como utilizamos a palavra organização no dia-a-dia. Costumamos associar a palavra ao ato de organizar. Imagine, assim, um roupeiro (guarda-roupa) como uma forma de organização específica. Todavia, o fato de ser dividido em áreas de acomodação das roupas não o torna uma organização por completo; é preciso sistematizar essa divisão. Ou seja, se camisas e casacos estão no cabide, roupas menores nas gavetas, todos divididos por tipo ou até mesmo cor, isso sim o torna uma organização, pois, com esta forma de organizar, poderemos viabilizar o objetivo pelo qual existe esta estrutura: facilitar o uso das roupas (quando estamos com pressa, precisamos achar rapidamente aquela roupa certa), conservando-as devidamente (ninguém gosta de usar roupa amassada ou embolorada). Quando isso não acontece neste caso, dizemos que nosso guarda- roupas está desorganizado. Assim, temos em um guarda roupa um sistema, uma grande estrutura de auxílio à vestimenta, onde cada setor (camisas, calças, casacos, etc.) está organizado de forma que racionalize o conjunto que iremos vestir. Ele deve estar organizado de tal forma que cada processo não estrangule o outro. Como vestir os sapatos antes das calças por exemplo. Comentário: Criar um sistema em uma empresa é objetivar produto final, tangível ou não, resultado desses subsistemas em conjunto. Um sistema é parte, um processo, que segue um passo-a-passo na sua concepção, e não um resultado final, o que se espera de um empreendimento. Sistemas por si só são sistemas apenas. Planejados, organizados, dirigidos e controlados, formam uma empresa completa. E é o que veremos em detalhes mais adiante. 3. OBJETIVOS DA AULA DE ACORDO COM A TAXONOMIA DE BLOOM 3.1. Conhecimento Efetivo Dominar as terminologias relacionadas ao conceito de sistemas, organização e racionalidade aplicadas ao pensamento sistêmico. 3.2. Conhecimento Conceitual Conhecer e diferenciar conceitos amplos de Organização, Sistemas e Ambientes, relacionando-os com seus outros termos relacionados. 3.3. Conhecimento Procedural Identificar cada processo da organização como um sistema e apontar as formas e métodos de funcionamento do PODC enquanto um sistema e de seus subsistemas correlatos. 3.4. Conhecimento Metacognitivo Integrar os conceitos de planejamento, organização, direção e controle, cada qual como um subsistema, possibilitando o entendimento da função do administrador como um todo dentro da sociedade. 3.5. Quanto ao Processo Cognitivo 3.5.1. Lembrar: dos conceitos, suas diferenças e particularidades, acerca de cada termo. O que é, como funciona. 3.5.2. Entender: as nuances de cada conceito e sua aplicabilidade nos ambientes da empresa e na organização como um todo. 3.5.3. Aplicar: Tomar decisões precisas, com visão sistêmica de cada processo, departamento ambientes relacionados. 3.5.4. Analisar: Processos dentro de cada sistema, suas relações e correlações, para organizar da forma mais eficiente, evitando assim consequências de efeito cascata. 3.5.5. Sintetizar: Ter visão sistêmica do todo e das partes, relacionando cada parte à um todo e vice-versa, evitando assim redundâncias, retrabalhos, garantindo a eficácia de uma organização. 3.5.6. Classificar/Avaliar: Tornar mais eficientes os processos dentro de uma organização, facilitando o processo do gestor e garantindo uma efetividade em melhores resultados. 4. ORGANIZAÇÃO ENQUANTO UM SISTEMA ADMINISTRATIVO 4.1. Conceito de Organização enquanto um sistema Se observarmos o significado da palavra organização, veremos que esta deriva do verbo organizar, pôr em ordem, arranjar, dispor convenientemente. Como já foi dito, chamamos as empresas de organização justamente porque é isso que se espera. Em uma organização, embora muitas vezes já estejam pré-definidas as divisões que retratam sua estrutura, não significa que ela esteja totalmente organizada. Para isso, é preciso que os objetivos sejam atingidos a partir destes mecanismos. Assim, segundo Jones (2010), “Organização é uma ferramenta que as pessoas usam para coordenar suas ações e obter alguma coisa que desejam ou valorizam – ou seja, para atingir seus objetivos.” Por exemplo, no caso de uma empresa capitalista, se desejamos oferecer algum produto ou serviço para determinados clientes é necessário que organizemos nossas ações e os recursos que temos disponíveis, para que seja possível empreender, seja como empresa individual ou uma grande corporação. Outro fator essencial das organizações enquanto estruturas é que estas são sistemas sociais. Neste sentido, segundo Chiavenato (2010), as organizações são formadas por pessoas, e para que esta funcione, é preciso que as pessoas participem das atividades de forma coordenada e sinérgica. Embora possa parecer redundante dizer que, para se conceber uma organização (substantivo), é preciso organizar (verbo), o próprio uso dos dois termos quase sempre aparece de forma conjunta. Assim sendo, organização é uma coisa, um conjunto de certos elementos estruturados; ao mesmo tempo, organização existe a partir do ato de organizar, é preciso aplicar a todo momento ações organizativas, que garantam que a estrutura se mantenha organizada (se você não agir para manter a ordem no seu guarda-roupas, ele deixará de ficar organizado). Embora esta seja um entendimento simplista, acreditamos que expressa a essência da ideia de organização enquanto um sistema. Organização é uma entidade social, estruturada de forma organizada para atingir um objetivo específico, atender uma necessidade ou desejo de outrem. Para isso, são necessários determinados recursos, sendo que estes devem ser dispostos de forma específica, em uma ação organizativa constante. Por este motivo, dizemos que a Organização, na ciência da Administração, é substantivo (entidade), e verbo (processo, ação). Vejamos um caso mais prático que irá nos ajudar a entender o quanto a Organização pode ser um empreendimento complexo. Organização: Um Sonho Nipo-brasileiro Franke Issao era um jovem cheio de sonhos quando embarcou pela primeiravez à terra dos seus antepassados. O Japão. Era final dos anos 80, situação caótica da nossa economia brasileira, quase hiperinflação, recessão e baixas perspectivas de futuro no Brasil, principalmente para classe média à baixa. Qualquer oportunidade que surgisse e que trouxesse esperanças de uma vida mais confortável era mais do que bem-vinda. Nesta época o Japão, por ter sua economia cada vez mais crescente e escassa de mão-de- obra, ofereceu aos brasileiros descendentes de imigrantes japoneses, a oportunidade de trabalhar no Japão com um salário médio de US$ 3.000,00 a US$ 5.000,00 na média. Eram pelo menos 12 horas de trabalho diário, sem feriados e em horários conforme a necessidade. Franke não pensou duas vezes, tratou de buscar uma agência para embarcar ao sonho nipônico e foi, pronto para se sacrificar pelas altas horas de trabalho que o esperavam, e pior ainda, pronto para deixar seus amigos e familiares na saudade. Maior sacrifício na opinião dele. No Japão, Franke trabalhou muito, mudou algumas vezes de empresa para um salário melhor e uma carga horária de trabalho menos cansativa. Recebia na média um salário de US$ 4.000,00 por mês. No começo, em vista das grandes novidades tecnológicas disponíveis e da nova situação que seu poder aquisitivo oferecia, gastou tudo que ganhava. Mas apenas no primeiro ano. Passada a euforia de consumista, começou a economizar. Mais um sacrifício. Mas assim mesmo conseguiu guardar mensalmente US$ 1.000,00 por mês e logo no segundo ano da sua partida retornou ao Brasil. Não definitivamente, apenas para se atualizar com o mercado brasileiro e matar saudades da sua terra. Claro que gastou todas as economias, tanto com passeios como com presentes para os amigos e parentes. Mas ainda na sua opinião, valeu à pena. Retornou ao Japão e seis meses depois conseguiu um emprego melhor. Economizava agora US$ 3.000,00 por mês na média. Cinco anos se passaram e dado tantos sacrifícios, Franke resolveu que agora era hora de retornar definitivamente e decidir seu futuro com aquilo que tinha economizado. Nada menos que US$ 180.000,00. Muito bem ganhos, pois poucos descendentes que trilharam o mesmo caminho conseguiram juntar tanto. Mas o sacrifício também foi grande. Já de volta ao Brasil, Franke se inteirou com a situação dos mercados e resolveu montar o negócio dos seus sonhos, um restaurante, justamente de comida japonesa. Analisou o mercado, buscou imóveis e empresas que fornecessem a infraestrutura necessária para criar o restaurante. Por cima, calculou que gastaria US$ 100.000,00 no investimento. Subtraiu de cabeça e ficou satisfeito com os US$ 80.000,00 restantes que dariam para comprar uma casa e um carro. Seu sonho principal desde que partiu. Franke tinha muita experiência, tanto administrativa por formação, quanto pela vida. Mas embora planejasse tudo, minuciosamente, não tinha muita habilidade com projeções de receitas e despesas, e menos ainda com obras civis. Mas tinha certo cuidado. Pelo menos era o que pensava de si mesmo. Assim, seu restaurante começou a ser construído. No caminho trilhado para o empreendimento teve algumas divergências com fornecedores, documentos, entre outros. No fim, conseguiu construir o restaurante, mas não custou apenas os US$ 100.000,00 que esperava. No total, com todos os itens necessários, e outros nem tanto, Franke gastou nada mais do que US$ 220.000,00. Para juntar todo esse dinheiro, além do que possuía, vendeu seu carro e casa que já havia comprado por US$ 75.000,00, o que lhe rendeu, na pressa de fechar negócio, apenas US$ 60.000,00. Prejuízo de US$ 15.000. O restante, US$ 55.000,00, parte conseguiu com empréstimo de parentes e amigos, outra parte com empréstimos no banco a juros altíssimos. Enfim, o que importava para ele era seu sonho e aparentemente estava concretizado. O restaurante abriu. Nos primeiros meses do seu negócio, faturou bastante. Sempre com a casa cheia. Porém, não era o bastante para pagar suas dívidas. Pior, a partir do segundo semestre de funcionamento, sem muita novidade e com pouca freguesia cativa, passou a descontar duplicatas frias1 para gerar capital de giro, pois o que faturava efetivamente não dava para pagar suas despesas com funcionários e matéria prima. No final do mesmo ano em que a empresa abriu, Franke teve de fechar suas portas, deixando um total de quinze pessoas desempregadas. Vendeu o que pôde para pagar suas dívidas, mas ainda ficou devendo US$ 90.000,00 ao banco. Novamente não pensou duas vezes. Voltou ao Japão para recomeçar a sonhar e pagar o rombo que deixou para traz. Embora o alto estresse pudesse acabar com Franke, este, entre poucos, resistiu e recomeçou sua vida. Foram 5 anos perdidos, e pior, mais uns 4 anos não contabilizados só pelas dívidas. Franke ficou no Japão por mais 10 anos. Voltou novamente ao Brasil e pagou todas as suas dívidas, comprou uma casa, um carro e se casou. Hoje, Franke possui dois restaurantes, acreditem, de comida italiana. Fatura muito bem e ganha pelo menos três vezes mais do que ganhava no Japão. E só trabalha 10 horas por dia, de segunda a sábado. Pagando todas suas dívidas e comprando mais o patrimônio que possui, dos outros 10 anos que ficou no Japão, sobrou-lhe US$ 200.000,00 para começar esse novo negócio. Só que desta vez fez diferente. Organizou-se munindo-se de pessoas de confiança em todas as áreas. Pesquisou o mercado, buscou apoio e criou um grande projeto, que previa, além de todas as dificuldades, o desembolso de suas economias em apenas US$ 50.000,00. O restante, US$ 100.000,00 para o primeiro restaurante, financiou a juros baixíssimos. No mês passado, Franke pagou a última prestação do empréstimo. Mas claro, ainda deve, também a juros baixos, metade do valor pelo segundo restaurante, o qual abriu a três meses atrás. Já pensa em um terceiro e quarto empreendimento, pois como ele mesmo diz: “Se estiver organizado, é controlável. E o que parece ser um conjunto de soluções de problemas, é apenas uma rede organizada que se orienta quase que autonomamente”. Embora Franke Issao não tenha iniciado sua empresa da forma como previsto, a sua falta de experiência demonstrou-lhe que antes de iniciar uma empresa ou para que ela funcione realmente como uma organização, é necessário que todas as áreas sejam bem estruturadas, com certa autonomia (subsistemas), mas integradas de forma a atingir um objetivo comum. Cada setor da empresa, financeiro, comercial, produtivo e gerencial devem ter sua própria organização, e de modo geral, afinar-se um com o outro. Leitura obrigatória: “Chiavenato, Idalberto. Capítulo 4 –Organizando as Organizações, in: Iniciação à Sistemas, Organização e Métodos – SO&M. Barueri- SP: Manole, 2010.” Págs 81 à 85. http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520430804/pages/81 4.2. A evolução do sistema organizacional Organizar sempre foi um adjetivo típico dos seres vivos, mas se destaca no universo dos seres humanos. Assim, por termos a capacidade de raciocinar e uma habilidade maior de interação, nós, seres humanos, somos capazes de realizações organizacionais mais elaboradas que as outras espécie de modo geral. Assim, o homem começa a se organizar já nos primórdios da civilização, à medida que encontra desafios para sua sobrevivência. Estes desafios, na linguagem sistêmica, são os objetivos pelos quais um sistema organizacional é constituído. Quando surgem as primeiras descobertas através das observações acerca da natureza, o homem começa a organizar-se na agricultura. A forma de plantar e 1 Duplicata Fria: Emitir duplicata ou boleto de cobrança a partir de uma nota fiscal fantasma ou simplesmente inexistente, para ser paga pelo próprio emitente no dia do vencimento. Obs: Emitirduplicata ou boleto sem uma venda real é crime. colher, preparando a terra e as sementes, no tempo e espaço certos, trouxe uma perspectiva de evolução contínua, mesmo que apenas para sua subsistência2 Embora os períodos que antecedem as formas de industrialização, sejam de forma artesanal, a Era da Agricultura (milênios antes do Século XVIII) definia bem uma forma de organização, mesmo que ainda não se comparando as organizações contemporâneas. Com o avanço dos mercados (compra e venda de bens, além da agricultura) e o fim do feudalismo3, inicia-se a Era Industrial (Revolução Industrial4), e entra em cena os grandes pensadores da Administração, intelectuais e práticos que procuraram pensar como os processos de produção devem ser organizados, principalmente com o ganho obtido com a especialização da mão-de-obra. Assim, nasce na história uma nova era para as formas de organização produtivas, baseada no princípio da eficiência e no ganho econômico capitalista. Segundo Chiavenato (2010), as Organizações na Era Industrial tinham as seguintes características: - Crescimento das Organizações Industriais; - Aumento do mercado de consumo; - Especialização e qualificação da mão-de-obra; - Orientação da economia voltada à indústria; - Forte influência das ciências (física, química, engenharia, entre outras); - Ênfase na eficiência de produção. Embora muitas mudanças tenham ocorrido ao longo dos últimos três séculos para a Administração enquanto ciência, uma das mudanças que mais se destaca, seja pela magnitude ou pela otimização, é aquela que marca a Era da Informação. Para muitos pensadores da Administração – como, por exemplo, Peter Drucker – esta é a principal marca do atual período para as organizações e a sociedade de modo geral. Segundo Chiavenato (2010), a Era da Informação apresenta as seguintes características: - A dimensão espacial é relativa ou simplesmente menor, embora mais produtiva e menos dispendiosa. O espaço também é relativo. Pode ser virtual. - A dimensão temporal flexibiliza e torna mais rápido os processos. Seja pela comunicação ou pelo controle, desde processos produtivos, à comercialização. Instantaneidade. 2SUBSISTÊNCIA: Conjunto do que é necessário para sustentar-se (Alimentar, vestir, descansar). 3FEUDALISMO: Organização social e econômica ípica da Idade Média europeia, caracterizada pelo sistema de grandes propriedades territoriais isoladas (feudos) pertencentes à nobreza e ao clero e trabalhadas pelos servos da gleba, numa economia de subsistência (SANDRONI, 2001). 4REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: Conjunto das transformações tecnológicas, econômicas e sociais ocorridas na Europa e particularmente na Inglaterra nos séculos XVIII e XIX, e que resultaram na instalação do sistema fabril e na difusão do modo de produção capitalista (SANDRONI, 2001). - Conectividade. Reuniões e trabalhos feitos em qualquer lugar e a qualquer momento, unindo grupos de trabalho em reuniões virtuais ou projetos de equipe. A principal mudança na Era da Informação é sem dúvida em relação à organização da sociedade. Novos operários surgem, mas não como antes, onde a especialização era monótona e desgastante, principalmente fisicamente. As inovações surgem de equipes de trabalho e não mais de um ou outro especialista ou departamento. Setores deixam de ter sua individualidade e passam a contribuir para outros, como a produção, agindo com autonomia em momentos decisórios, sem necessidade de aguardar autorizações de cunho superior. Em muitos casos, produções em menor escala passam a ser desejáveis, possibilitando versatilidade e com menores custos. Até indústrias historicamente marcadas pela produção em escala, como a produção de automóveis, também se beneficiam de projetos de pequenos lotes, muitas vezes, que são definidos da noite para o dia. Neste ponto, uma questão mais importante é: como viver na Era da Informação? A resposta é simples, educação. Se por um lado, os negócios estão mais rápidos, precisos e otimizados, organizados como nunca, por outro lado, cada indivíduo participante de uma organização deve constantemente se aprimorar. Quadro 1: Comparação das Eras da Agricultura, Industrial e da Informação CARACTERÍSTICAS ERA DA AGRICULTURA ERA INDUSTRIAL ERA DA INFORMAÇÃO Tipo de Produção Artesanal Industrial Pós-industrial Organização Elementar Divisão do Trabalho Integração Vinculação Servil Salarial Capital Intelectual Ambiente Imutável Estável Instável e turbulento Fonte: Chiavenato (2010, pág. 8) Como vimos, passamos por muitas Eras na história da humanidade, e as que nos remete ao modelo de organização contemporâneo são a Era Industrial e a Era da Informação. Isto porque os princípio da organização são fortemente constituídos pelas exigências destas duas eras, onde elas se integram em determinado momento e aos poucos passam a se dividir. Como um período de transição. O conceito trazido por Caravantes, et. Al. (2005), com base em Peter Drucker, apresentam dois momentos das organizações, a tradicional e as hodiernas. Quadro 2: Organizações Tradicionais x Novas Organizações Organizações Tradicionais Novas Organizações Estáveis Dinâmicas Inflexíveis Flexíveis Foco no Cargo Foco nas habilidades Trabalho definido pela definição do cargo Trabalho definido pela tarefa a ser realizada Empregos permanentes Empregos temporários Orientadas pelo comando superior Auto-orientadas Gestores tomam a decisão Colaboradores participam do processo decisório Orientadas por normas Orientadas pelas demandas do cliente Força de trabalho homogênea Força de trabalho heterogênea Trabalho ocorre das 8h às 18h Não existe um horário de trabalho definido Relações hierárquicas predominantes Relações laterais e em rede Estrutura burocrática Estrutura Adhocrática Fonte: Caravantes, et. Al. (2005), Pág. 384 Na empresa em que você ou seus pais trabalham, mudanças e novas tendências já são perceptíveis. Prepare-se ainda para a velha frase dos mais velhos, quando disserem: “No meu tempo o Administrador...”. Acalme-se. Claro que trata-se de um aprendizado. Pare e escute, mas continue olhando pra frente. Muitas empresas podem apresentar ambas as características, mais de uma do que da outra. Lembre-se que é um momento de transição. 4.3. Desenvolvimento Organizacional Por tantas eras passadas, percebemos em cada uma um progresso contínuo acerca do entendimento de organização. Mas embora estejamos na era mais recente, a da Informação, não significa que todas as empresas que se denominam organizações estão inteiramente integradas, como é de se esperar. O ambiente, na Era da informação, é cada vez mais instável e turbulento, tendo em conta a conectividade global e a complexidade dos sistemas sociais. As culturas se misturam, assim como as diferentes formas de tecnologia, as diferentes economias, os sistemas políticos, legais, etc. Mesmo assim, algumas empresas ainda vivem em outras eras e a cada dia perdem espaço para outras, não tão agressivas, como se dizia em meados dos anos 80. De certo modo, isto reflete uma dificuldade em constituir processos melhor adaptados a nova realidade. Em outras palavras, a simples frase “precisamos mudar” pode não significar nada se não for acompanhada de estudos e objetivos capazes de criar estruturas eficientes e eficazes. Mais adiante, voltaremos a estas questões. Deve-se perceber que, apesar de uma organização ser formada principalmente por pessoas, não significa que elas são único aspecto necessário para o desenvolvimento organizacional. Obvio, pessoas são importantes, mas na Era da Informação, somos mais do que cabeças pensantes e desenvolvidas.Precisamos nos integrar em um corpo equilibrado, sinergético, que funcione de forma integrada e inovadora. Uma forma de compreender como os sistemas organizacionais devem ser observados na Era da Informação é através da ideia de Desenvolvimento Organizacional. De forma geral, esta reflete o conceito de que, a Organização é, ao mesmo tempo, um substantivo e um verbo; é um sistema estruturado e dinâmico. Precisam constantemente se adaptar a novas demandas, evoluir. Neste sentido, segundo Silva (2013, pág. 379), o Desenvolvimento Organizacional apresenta as seguintes características: - Concentra-se na cultura e nos processos. Ou seja, não estabelece apenas parte do processo, mas o todo. Onde há computadores, há desenvolvedores, operadores. Um exemplo. Se a empresa possui algum tipo de problema em relação ao controle de estoques pelo computador, não é defeito da máquina, pura e simples. É máquina, sistema, metodologias, entre outros que compõem o processo de controle. Olha-se para o resultado e a origem disso, não simplesmente quem é o culpado. - Encoraja a colaboração entre diretores, gerentes e participantes no gerenciamento da cultura e do processo. Colaborar significa mais do que simplesmente facilitar. Esperar simplesmente a eficácia, sem querer entender o que levou a bons resultados (e até maus) não traz o desenvolvimento que se espera. - Enfoca os lados humano e social da organização, mas também intervém nos lados tecnológico e estrutural. Fazer, saber fazer. Mas também de que forma ou meio. - Tem como destaque a participação e o envolvimento nas soluções de problemas e tomadas de decisão por todos os níveis organizacionais. - Concentra-se na mudança total do sistema e na visão da organização como sistema social e complexo. - Apoia-se em um modelo de ação-pesquisa com ampla participação dos membros dos sistemas clientes. - Tem uma visão desenvolvimentista que procura a melhoria de indivíduos e organização, atentando para a criação de soluções do tipo “vencer-vencer” na prática de seus programas. Recentemente uma montadora de automóveis conhecida reestruturou uma equipe do setor de qualidade da empresa. Embora esse departamento tenha sofrido grandes mudanças nos últimos 20 anos, algumas questões perduravam, como se ainda gerenciássemos na Era Industrial pura e simples. Um dos funcionários queixava-se ao supervisor da concentração de trabalho, o qual seguia processos comuns de andamento. Enquanto de um lado a papelada se acumulava, do outro o funcionário era punido pela carência de meta cumprida. O que ocorria era que o funcionário sobrecarregado, volte e meia fazia o trabalho do primeiro, para que a produtividade seguisse sua condição esperada. Em um processo de reavaliação para o desenvolvimento organizacional, colocado como exigência da matriz (em outro país), mesmo com avaliações de supervisão dadas como excelentes, apontou essa falha, onde um funcionário fazia menos da metade da sua atividade e outro era sobrecarregado com dupla função. A solução veio quase que de imediato. Promover o funcionário empenhado à supervisor e o outro funcionário para reciclagem e acompanhamento. Diversos outros departamentos apresentavam esse mesmo problema. Tão arcaico quanto a própria roda em si. Para essa empresa, o desenvolvimento organizacional trouxe a empresa quase que por completo ao século XXI. Leitura obrigatória: “Valeriano, Dalton L. Conceitos Preliminares: in Gerenciamento Estratégico e Administração por Projetos. São Paulo: Makron Books, 2005.” Págs 2 a 30. http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788534612081/pages/3 Saiba mais: Não é problema meu: https://www.youtube.com/watch?v=JOhDDSJf-OU 4.4. Quizz a) Apresente um exemplo de processo ou procedimento dentro de uma empresa, que caracterize-o como um sistema. b) Uma vez dado o exemplo, cite três possíveis acontecimentos que façam com que o processo ou procedimento pare de funcionar, ou funcione de forma mais lenta. c) Cite também três consequências causadas por esse processo (ou procedimento), ao qual interferiram em outras áreas (processos ou procedimentos). 5. O FLUXO DE FUNCIONAMENTO DO PODC 5.1. Fluxo do PODC Figura 5: Fluxo do PODC PROCESSO ADMINISTRATIVO Considerando o dinamismo necessário às organizações na Era da informação, podemos compreender a ideia de sistema organizacional a partir de um conjunto de processos integrados. Ou seja, a organização como um sistema também pode ser verificada a partir de um fluxo de processos administrativos integrados. Cada um dos elementos deste sistema processual indica funções básicas do Administrador, tal qual apresentadas pela definição clássica de Henry Fayol (POCCC) e sintetizadas na ideia de PODC – a sigla para Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar. Destas funções é que os administradores desempenham, suas atribuições fundamentais para fazer com que as empresas cresçam constantemente, sobrevivendo aos altos e baixos do mercado. Na perspectiva desta disciplina, iremos refletir sobre o PODC enquanto um sistema integrado. Para tanto é necessário que o gestor, em níveis específicos, possa planejar, organizar, dirigir ou liderar e controlar de forma integrada, onde cada processo deve ser complementar aos outros. Da mesma forma, é esperado que estes sejam desenvolvidos seguindo esta ordem, mas isso não é uma regra absoluta, como veremos mais adiante. Além disso, iremos abordar cada processo separadamente, para esclarecer como sua natureza particular contribui para o sistema organizacional como um todo. Isto significa que a organização é um sistema dinâmico e que interage constantemente com seu ambiente. Assim, o processo de planejamento, organização, direção e controle somente serão efetivos se estes levarem em consideração princípios derivados da visão sistêmica da organização. PLANEJAR ORGANIZAR DIRIGIR CONTROLAR R ES U LT A D O S C O M EX C EL ÊN C IA (E fi ci ên ci a + Ef ic ác ia ) SISTEMA Figura 6: Modelo básico da Organização enquanto um sistema Na figura acima, vemos aspectos importantes de serem considerados na análise do PODC. Primeiro, vemos que a organização enquanto uma unidade, apresenta uma interdependência em relação ao ambiente no qual ela está inserida. Apesar de, mais a frente, voltarmos a tratar do conceito de ambiente organizacional, podemos dizer provisoriamente que ambiente se refere ao espaço de interação da organização com forças e entidades externas a ela. Na visão sistêmica, ambiente também apresenta uma estrutura, representando, assim, um sistema maior no qual a organização é um dos elementos. Por hora, o que é importante lembrarmos é que a organização deve promover suas funções do PODC de modo a integrar-se perfeitamente ao ambiente. Ou seja, deve considerar as entradas que recebe do ambiente (inputs) e qual o impacto no ambiente de suas saídas (outputs), que, em certa medida, retornam para a própria organização pela retro-alimentação (feedback). Vejamos agora cada um dos processos sob a ótica sistêmica. 5.1.1. Planejamento Qualquer coisa que você pretenda fazer no futuro, se caracteriza como um projeto. Assim, uma viagem, um curso ou um estudo específicos, até um casamento, quando ainda estão em nossas mentes apresentam potencial para a elaboração de um planejamento. Ou seja, a melhor forma de garantia de que tudo que pretendemos realizar no futuro dê certo, especialmente as realizações coletivas, é o planejamento. Dentro do fluxo de funções fundamentais da Administração, planejar é o primeiro passopara a construção de uma organização dinâmica e alinhada. Envolve a construção de um futuro desejável, a partir de estimativas quanto a eventos e tendências prováveis. Isso corresponde a um importante cuidado que se deve tomar ao se constituir um plano de ação: ter em mente que, em um ambiente dinâmico e AMBIENTE DA ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO FEEDBACK INPUTS OUTPUTS complexo, cheio de incertezas e passível de mudanças, as pesquisas que empreendemos para realizar nossos planos são baseadas em probabilidades. Isso é importante se considerarmos que, durante muito tempo, as pessoas acreditavam que as previsões baseadas em estimativas matemáticas e com o auxílio de modelos científicos nos levariam a planos perfeitos. Isso era um erro, se considerarmos como é difícil prever tudo o que acontece no ambiente organizacional que pode afetar a organização e mudar o seu contexto. Veja, por exemplo, como as previsões nos últimos anos sobre a situação econômica do Brasil tiveram que ser revistas. Muitos foram os acontecimentos imprevistos que acarretaram essas mudanças: crise no mercado mundial, corrupção no governo, até problemas climáticos afetaram nossa economia, fazendo com que o governo e as empresas mudassem suas estimativas sobre crescimento, inflação e outros indicadores macroeconômicos. Mas será que isso significa que devemos abandonar qualquer tipo de previsão ou estimativa para construir um planejamento futuro? É claro que não. A partir da ideia de incerteza e complexidade do ambiente organizacional, devemos apenas orientar o planejamento por probabilidades. A grande implicação disto é que os planos deveram ter certa margem de flexibilidade, não podem ser muito engessados. E o processo que irá permitir ajustes no planejamento é a função administrativa do controle, como será visto adiante. Outro aspecto importante na visão sistêmica sobre o planejamento diz respeito ao escopo do plano. Temos que ter consciência que, na organização, podemos ter planos de amplo, médio e curto escopo – ou seja, planos que se referem a toda a organização e ao longo prazo, planos relativos a um departamento ou área específica e correspondem ao médio prazo e planos para um grupo ou equipe para ser realizado no curto prazo. Vejamos como estas diferenças são abordadas por Chiavenato (2006), a partir dos três níveis dos quais são orientados o Planejamento na Administração: - Nível Estratégico (Planejamento estratégico, amplo escopo): Dirigentes fazem contato direto com o ambiente externo, com mercados, concorrentes e demais forças ambientais para a tomada de decisões estratégicas. Pela falta de conhecimento pleno, muitas vezes nos deparamos na incerteza e imprevisibilidade. - Nível Tático (Planejamento tático, escopo médio): Gerentes traduzem e interpretam as decisões estratégicas e as desdobram em planos táticos e detalhados no nível departamental. É a experiência no próprio negócio, na dimensão das suas limitações e necessidades de ajustes que se inicia uma articulação interna. - Nível Operacional (Planejamento operacional, escopo estreito): Supervisores desdobram os planos táticos de cada departamento em planos operacionais para cada tarefa. É o momento da certeza e regularidade do sistema. Figura 7: PLANEJAMENTO Na figura acima, cada forma de planejamento está relacionado ao nível da hierarquia organizacional que melhor se associa a sua elaboração. Assim, para o planejamento estratégico, a direção da organização atua de forma mais intensa. No planejamento de nível tático, são os gestores e coordenadores de departamentos, do nível intermediário da hierarquia. No planejamento operacional, são os supervisores operacionais que mais se engajam em sua elaboração e acompanhamento. Tipos de Planejamento Segundo Chiavenato (2009), os principais tipos de planejamento são: - Programas: É o conjunto de vários planos relacionados entre si. Como a fabricação de um produto que envolve desde o departamento de compras até o Recursos Humanos. - Procedimentos: São os planos ou apontamentos que demonstram a sequência e a cronologia das rotinas envolvidas. Exemplo: Aquisição de matéria prima, a qual depende do levantamento de estoque, requisição e autorização de compras, a compra, recepção da mercadoria até sua estocagem. - Métodos: Forma como são executadas as tarefas nos seus mínimos detalhes. Como o passo a passo na construção de um produto. - Normas: Regimento que determina como deve proceder o funcionamento da empresa, desde o comportamento das pessoas até o funcionamento de cada departamento. A questão é que essas normas não se aprofundam como nos métodos ou atingem níveis tão detalhados como nos procedimentos. Nível Estratégico (incerteza e imprevisibilidade) Nível Tático (articulação interna) Nível Operacional (Certeza e regularidade) Como vimos, são muitos os procedimentos para o planejamento bem elaborado. E como um sistema, os diferentes tipos de planejamento devem ser complementares uns dos outros. Assim sendo, em uma organização, encontramos todos os diferentes tipos de planejamento, em diferentes departamentos e em diferentes níveis hierárquicos. Estes são articulados e dependentes uns dos outros, e deve seguir uma lógica e ordem para se estabelecer de forma coerente. Uma das maneira de integração de diferentes planos entre os diferentes níveis e departamentos da organização é estabelecendo um mesmo instrumento de equivalência. Um destes instrumentos é o cronograma, que é uma representação das diferentes ações planejadas ao longo do tempo. Dessa forma, utilizamos cronogramas para definir os objetivos previstos, conforme o momento que estes devem ser atingidos. O cronograma pode ser definido para diferentes objetivos em um mesmo plano, de forma escalonada – objetivos menores como etapas para objetivos maiores. O cronograma também pode representar diferentes planos que devem ser sincronizados – quando se termina um determinado projeto, se inicia outro, por exemplo. Quanto maior a complexidade do planejamento, mais necessário será o cronograma. Quadro 3: Exemplo de cronograma 2013 2014 2015 1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri 1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri 1º Tri Estudo de mercado Projeto Estrutural Contratos Organização de Processos Calibragem e Testes Medição do Lote inaugural Produção efetiva EM BUSCA DO FUTURO (Roberto Tranjan) As empresas estão se esquecendo de sonhar. Preocupadas em sobreviver, projetam para o futuro os resultados e as estratégias passadas. Como se tudo se repetisse exatamente igual, mês após mês, ano após anos. Tudo o que conseguem, com isso, é continuar sobrevivendo. Poucas inovam. Boa parte implementa melhorias, apenas. A maior parte delas é variação do mesmo tema. Tanto mais inadequado esse comportamento, quanto rápidas são as mudanças que vemos acontecer bem diante de nossos olhos. É aí que entra o exercício do planejamento. Antes, porém, há de ser melhor compreendido. Planejar implica, antes de tudo, identificar um resultado final aceitável. Trata-se, portanto, de um exercício em busca de resultados futuros. Talvez resida exatamente aí a relutância quanto a sua prática: afinal, que poder temos diante do futuro? Nenhum, se partirmos do princípio de que um bom planejamento estará sempre errado, pois o futuro não se desenrola tal como prevemos. Este é um ponto de vista. Mas há outro. E bem distinto. Temos, sim, imenso potencial de poder, quando nos conscientizamos de que estamos mais aptos a conquistar metas mentalizadas, antes de iniciar qualquer ação. Ou seja, a vitória começa em nossamente. Na predisposição. Assim, a construção mental precede a elaboração material. Essa talvez seja a principal função do planejamento. Sem essa construção mental, aliás, não pode haver nada senão um simples ajuste, momentâneo e oportunista, ao que ocorre lá na frente. Planejar é mais uma atitude do que uma tarefa. É reconhecer a importância de pensar e sentir antes de fazer. Planejar é criar, primeiro na tela mental (imaginação), depois no papel (o plano), para só depois passar à prática (implementação). E isso é muito diferente dos tradicionais orçamentos, projeções financeiras e planos de metas. Para ler o artigo na íntegra acesse o link: http://www.metanoia.net/?p=1398 5.1.2. Organização Seguindo o fluxo do PODC, o passo seguinte é a organização. Somente através do planejamento, não conseguimos viabilizar as ações necessárias para o atingimento dos objetivos organizacionais. É preciso definir padrões, procedimentos rotineiros, assim como definir uma estrutura de comando e responsabilidades, de forma a viabilizar os benefícios da divisão de trabalho. É a partir desta estrutura que as responsabilidades definidas nos diferentes planos de ação são divididas e alocadas. Ou seja, o processo de organizar diz respeito ao estabelecimento des quem será a responsabilidade ou de que forma serão executadas as tarefas planejadas. Digamos que você tem em mente o sistema de Administração de uma fábrica de chocolates. Neste exemplo, pense em uma organização que não seja muito complexa, onde o processo produtivo é artesanal, uma fábrica que produz o chocolate bruto. Quando você passa pelo processo de planejamento, antes de iniciar o processo de organização, podemos supor que a fábrica está pronta. Isso mesmo, pronta! Mas, na sua ideia. Você já imaginou o espaço, as esteiras, tambores e tudo mais necessário para existência da mesma. Perfeito. Mas como serão as rotinas que irá garantir eficiência, que irão garantir a qualidade desejada? Quem ficará responsável pelo contato com os fornecedores da matéria prima, quem ficará responsável pela manutenção dos equipamentos? Quantos funcionários deverão ser alocados em cada departamento, quais serão as suas funções e atribuições? Estas perguntas dizem respeito a organização. O momento então é o de organizar cada tarefa e função, de forma que tudo aquilo que fora planejado saia conforme previsto. Assim, como vimos em nosso exemplo, a organização é complementar ao planejamento. Por isso, pelo modelo sistêmico, a organização é a segunda etapa do fluxo do PODC. Da mesma forma que o planejamento, a função de organizar também pode ser observada por diferentes níveis. - Nível Estratégico: Envolve toda a estrutura da empresa. O todo, apesar das unidades. - Nível Tático: Departamentalização. A verticalização, divisão do trabalho e a moderna adhocracia fazem parte desse nível. - Nível Operacional: Abrange cada departamento ou setor, focalizando cada tarefa desempenhada em suas particularidades. Na verdade, são as mesmas denominações do planejamento, só que aplicadas a estrutura de responsabilidades e funções. Também podemos pensar nos diferentes departamentos a partir dos níveis da função de organizar. Não sabe organizar? Então você não está só. Assista ao vídeo “O Desorganizado”: https://www.youtube.com/watch?v=PMoINjIgE3o O a organização também pressupõe se criar uma estrutura de interação entre os diferentes departamentos. Um dos instrumentos que revela esta estrutura é o organograma, um diagrama que indica a linha hierárquica criada pela função de organizar. Figura 8: Exemplo de Organograma Fonte: http://www.adapi.pi.gov.br/institucional/organograma Ainda de acordo com a visão sistêmica da organização, outro aspecto importante da função de organizar diz respeito a flexibilização da autoridade. No contexto das organizações da era da informação, a agilidade na resposta as demandas do ambiente é crucial. Neste sentido, estruturas hierárquicas com autoridade concentrada tornam os processos de tomada de decisão lentos e inflexíveis. Por conta disso, as estruturas organizacionais da era da informação adotam princípios organizativos mais flexíveis, permitindo maior agilidade e fácil adaptação às mudanças. Um bom exemplo de estrutura de comando flexível é a estrutura matricial, que será vista em um rota posterior. Figura 9: Estrutura Matricial Fonte: http://tiinteligente.blogspot.com.br/2010/05/pmbok-introducao-parte-4- estruturas.html 5.1.3. A função de dirigir no contexto sistêmico Uma vez planejado e organizado, dando início à execução atividade, é hora de mobilizar o principal recurso de uma organização, as pessoas. Para tanto, será necessário contar com seu engajamento naquilo que foi planejado, bem como sua colaboração em relação as responsabilidades e atribuições definidas na estrutura organizacional. Por conta disso, dizemos que o terceiro passo no processo administrativo, em complemento ao planejamento e ao ato de organizar, é a direção. O grande desafio da função de direção é coordenar os esforços das pessoas para objetivos comuns. Na verdade, a medida que criamos diferentes departamento e funções na função de organizar, é comum que as pessoas percam a visão do todo. A rotina no cotidiano organizacional nos faz enxergar nossa função e departamento como prioritária. Todavia, o sucesso da organização como um todo depende da perfeita integração entre os diferentes departamentos. Nada adianta que um departamento cumpra suas metas planejadas e outro não fizer. Assim, é necessário coordenar os esforços para que aja sinergia. Segundo Chiavenato (2009), direção é a função administrativa que coordena a execução dos trabalhos. Orienta cada indivíduo nas suas funções que serão desempenhadas, dando-lhes condições para que as coisas sejam feitas como é esperado. Vejam que a direção diz respeito ao todo da organização. Afinal, a organização é um grande sistema complexo e integrado, com diferentes partes interagindo para gerar os resultados maiores. Assim sendo, a direção não se refere apenas de a uma tarefa, mas a um conjunto complexo, onde várias atividades devem ser desempenhadas de forma correlata, se unindo para viabilizar um objetivo maior. É por isso que, no pensamento sistêmico, existe uma célebre frase: o todo é maior do que a soma das partes. A direção viabiliza essa máxima, fazendo com que as diferentes pessoas na organização atuem de forma a gerar esse todo maior. A direção também envolve interpretar os planos da empresa e orientar cada agente para que faça aquilo que fora estabelecido previamente, com autonomia para mudanças nos planos. Por conta disso, é importante saber em que medida se deve delegar autonomia na decisão. Isto porque a direção também deve se ater a motivação das pessoas. Afinal, sem motivação, as pessoas não se mobilizam para fazer nada. Na era da informação, as organizações precisam estar conectadas com diferentes públicos: diferentes consumidores, diferentes fornecedores, diferentes órgãos do governo, etc. Isso faz com que seja necessário que pessoas em funções operacionais estejam habilitadas a interagir com autonomia, sendo capazes de tomar decisões que correspondam aos objetivos e interesses da organização como um todo. Por conta disso, é importante que a função de direção forneça os elementos necessários para que os membros da organização desenvolvam esse senso de responsabilidade e entendam corretamente quais são os objetivos organizacionais. Da mesma forma, este contexto ambiental faz com que a interação entre os membros da organização aumente. Para que elas sejam autônomas e saibam representar os interesses da organização, as pessoas precisam tomar decisões coletivas, a comunicaçãoprecisa ser intensa e bilateral, a participação de diferentes níveis hierárquicos em processos de planejamento deve ser intensificada. Conforme já foi observado, a direção também pode ser vista como a síntese entre a coordenação e o comando. No passado, comando significava um estilo de liderança mais rígido, que supervisionava minuciosamente tudo o que o subordinado fazia. Este tipo é associado a era industrial, onde havia a premissa da separação total entre o pensar e o fazer a tarefa; todavia, na era da informação, onde as pessoas precisam cada vez mais de autonomia para inovar, é preciso uma nova forma de liderar pessoas. Assim, costumam-se desenvolver na função de dirigir estilos mais democráticos, onde os liderados são mais autônomos e engajados. Por conta desta importante diferença entre a liderança na era industrial e na era da informação, costuma-se diferenciar a gerência da liderança. Leitura obrigatória: “Chiavenato, Idalberto. Capítulo 4 –Direção, in: Iniciação à Administração Geral. 3 ed. Barueri-SP: Manole, 2009.” Págs 77 à 100. http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520427385/pages/77 5.1.4. Processos de Controle Considerando o pensamento sistêmico, não é possível pensar em controle como uma etapa isolada e independente de todo o sistema organizacional. Ele passa por todos os outros processos, no planejamento, na função de organizar e até mesmo na direção. Na verdade, o controle é a etapa final que fecha o ciclo do fluxo do processo administrativo, mas também, permitindo que se volte ao início, retomando o ciclo. Por definição clássica, o controle é o conjunto de atividades que visam o monitoramento e a reparação das atividades organizacionais. Ou seja, para que se empreenda atividades de controle, é necessário que se tenha claramente definido o que foi planejado, quais padrões foram determinados pela função de organizar, e se as pessoas e departamento estão devidamente atendidos pela função de direção. Neste sentido, a função de controle é totalmente dependente das outras funções do processo administrativo. Como vimos, duas palavras importantes para a função de controle é monitoramento e reparação. Para realizar o monitoramento, é necessário que sejam bem definidos quais padrões são esperados, mas também, como será feito o acompanhamento e a checagem da execução das tarefas. E este é um dos aspectos mais importantes, pois fazer o correto monitoramento evita que se gere informação errada, comprometendo o resultado final do processo. Vejamos um exemplo prático. Figura 10: Relógio Ponto antigo Fonte: http://www.tecnotempo.com.br/produtos.php?cod_p=20131711033754 Você já deve ter ouvido falar de relógio para cartão ponto, correto? Nada mais é do que uma ferramenta utilizada para monitorar o horário de chegada e de saída dos trabalhadores em seus postos de trabalho. Na figura 10, vemos um exemplo de relógio ponto cartográfico, onde era necessário que o funcionário colocasse seu cartão ponto e acionasse o relógio para que fosse registrado o horário de chegada e saída. Entretanto, esse procedimento exigia que o funcionário fosse devidamente instruído sobre como proceder, já que o registro era feito por ele mesmo. Era muito comum novos funcionários não registrarem corretamente seus cartões-ponto, o que causava problemas para a organização. Outro grande problema do relógio-ponto cartográfico era o custo excessivo com o arquivo do documento gerado. Como se tratava de um documento oficial de registro de dia e horas trabalhadas, era necessário que se conservasse o cartão ponto durante muito tempo, para que ficasse documentado em caso de problemas no futuro (por exemplo, processo trabalhista). Imagina em uma empresa com mil funcionários, a quantidade de cartões-ponto que precisavam ser arquivados? Finalmente, o cartão-ponto tradicional tinha um terceiro grande problema, que era o de que qualquer pessoa poderia fazer o registro. Por conta deste problema em particular, novas tecnologias foram desenvolvidas, como é o caso do cartão ponto com leitura biométrica, que permite somente que o próprio funcionário faça o registro com sua digital. Da mesma forma, uma maneira de evitar que o registro seja feito fora do horário de chegada e saída, muitas empresas adotam o registro do ponto nas catracas de entrada e saída. Figura 11: Cartão ponto com leitura biométrica Fonte: http://www.cominformatica.com/produto/leitor-laser-usb-com-suporte-mod- ls2208-motorola/ Figura 12: Catraca eletrônica Fonte: http://www.3avtec.com.br/blog/catraca-empresas/ O que vemos ainda é que o controle tem muitas etapas do planejamento em sua estrutura. Isso significa que ora enquanto planejamos, prevemos consistências ao controle futuro e enquanto controlamos, usamos as ferramentas de planejamento, para revisar e ajustar determinados processos, para efetivação do resultado esperado. Um bom exemplo de como isso pode funcionar é através do cronograma, conforme mostra a figura abaixo: Quadro 3: Cronograma de exemplo no Controle 2013 2014 2015 1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri 1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri 1º Tri Estudo de mercado Projeto Estrutural Contratos Organização de Processos Calibragem e Testes Medição do Lote inaugural Produção efetiva Planejado Executado Neste cronograma, a orientação inicial é dada pelo planejamento, que determinou quando cada etapa deveria ser executada e/ou finalizada. Durante a execução, é feita a checagem, ou seja, verificado se o que foi planejado está sendo realizado. Ao fim, tem-se a tabela acima, onde se verifica em que momento não se cumpriu o cronograma planejado, para que se possa verificar os motivos e empreender os reparos devidos. Uma outra questão a ser dita sobre as atividades de controle é que estas não visam somente a checagem para o reparo e a correção. Muitas vezes, a informação gerada para o controle deve servir para que se volte ao planejamento, verificando erros de projeto. Em um ambiente dinâmico, é muito comum que as questões que foram estimadas mudem. Se as metas traçadas no planejamento e os padrões e procedimentos definidos na função de organizar foram baseadas nestas previsões, se elas não se concretizarem, certamente o resultado não será o esperado. Assim, o controle também deve ser um mecanismo para se gerar feedback para as outras funções. Vejamos mais um exemplo. Vamos supor que em um determinado processo operacional, um funcionário não atingiu a meta que lhe foi determinada. Ou seja, foi feito um plano operacional onde foi estipulado uma meta de desempenho para o funcionário, foram determinados procedimentos a serem seguidos por ele, e foram executadas atividades de direção para que o funcionário saiba o que fazer, como fazer e se sinta motivado para fazer o que se espera dele. Todavia, ele não atingiu o resultado esperado. Em um processo de controle convencional, após a checagem do não cumprimento da meta, o procedimento seguinte seria a ação de reparo, o que poderia ser uma punição, por exemplo (uma notificação, a perda de um benefício associado ao resultado, etc.). Entretanto, e se o mal desempenho não foi culpa do funcionário? E Se as condições que foram pensadas durante o processo de planejamento, organização e direção não se concretizaram? Pior, e se quem errou foram justamente as pessoas que planejaram, organizaram ou dirigiram as atividades do funcionário? Por conta disso, é importante que a função de controle sirva como um processo de monitoramento para todaa organização, especialmente, para as outras funções administrativas. 5.2. Quizz a) Busque um projeto, uma atividade ou algo que necessite de Planejamento, Organização, Direção e Controle b) Aponte cada processo (PODC) c) Crie um cronograma a partir do planejamento. d) Crie um organograma, considerando cada responsabilidade. e) Utilize o mesmo cronograma e sugira a efetivação a partir do controle. Atividade esperada: - Buscar livremente uma atividade, como uma partida de futebol por exemplo. - Planejar cada processo, considerando a data, hora e local do evento; participantes e coparticipantes; material necessário, tempo e destaque nas regras. - Preparar um cronograma do evento. - Preparar um organograma dos participantes, descrevendo cada qual a sua responsabilidade, tanto no jogo como no evento. - Determinar as regras especiais (diferentes da do jogo em si) pelo bom relacionamento no evento e garantia de diversão. - Aplicar essas regras, bem como orientar aos demais. - Apontar no cronograma o controle do evento. - Apontar as falhas durante cada processo. 5.3. Reflexão Controle, antes tarde do que nunca. Caindo na Real: https://www.youtube.com/watch?v=MjCT3lXTxPs Direção e controle não é um processo ditatorial, assim assista o vídeo: A História da HP: https://www.youtube.com/watch?v=T2dUcHs45qk Administração pública e o conceito de Eficiência e Eficácia: http://www.anpad.org.br/enanpad/2006/dwn/enanpad2006-apsa-1840.pdf 6. SÍNTESE DA AULA Nesta Rota o objetivo proposto foi de compreender as terminologias relacionadas aos conceitos de sistemas, organização e racionalidade, diferenciando- os. Acerca disso, integramos esses conceitos para uma melhor compreensão do que é um sistema e sua relação direta com organização até chegarmos ao sistema organizacional, sua evolução e desenvolvimento. Na sequência fora abordado o fluxo de funcionamento do PODC (Planejamento, Organização, Direção e Controle), a participação de cada função e importância para o funcionamento da organização como um sistema. Planejamento, nos seus três níveis, bem como as ferramentas necessárias para redução de riscos e imprevistos. Organização, no sentido de organizar e sua estrutura. Direção, no sentido de dirigir, dar sentido, executar o que for planejado e organizado. Controle, para certificar cada função desempenhada em um sistema e cumprimento das metas estabelecidas. 7. REFERÊNCIAS Caravantes, Geraldo R. Et. Al. ADMINISTRAÇÃO – Teorias e Processo. São Paulo: Pearson, 2005. Castro, Rodrigo Batista de. Eficácia, Eficiência e Efetividade na Administração Pública. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/enanpad/2006/dwn/enanpad2006- apsa-1840.pdf>. Acesso em 26 jan 2015 Cavagnari, Daniel W. Pequenas e Médias Empresas no Brasil. Curitiba: Aymará, 2008. Chiavenato, Idalberto. Iniciação à Administração Geral. 3 ed. Barueri-SP: Manole, 2009. Chiavenatto, Idalberto. Iniciação à Teoria das Organizações. Barueri-SP: Manole, 2010. Jones, Gareth R. Teoria das Organizações. São Paulo: Pearson, 2010. PR-CNPq-INPE. Engenharia de Sistemas – Planejamento e Controle de Projetos. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 1972. Silva, Reinaldo Oliveira. Teorias da Administração. 3 ed. São Paulo: Pearson, 2013. Tranjan, Roberto. Em Busca do Futuro. Disponível em:<http://www.metanoia.net/?p=1398>. Acesso em 27 jan 2015
Compartilhar