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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS ENGENHARIA CIVIL VALÉRIA MUSIAT CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO PONTA GROSSA 2018 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS VALÉRIA MUSIAT CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO Trabalho apresentado à disciplina de Pavimentação, no 9º período do curso de Engenharia Civil nas Faculdades Cescage, sendo solicitado pelo professor Pablo Ribeiro, como requisito parcial de aprovação na disciplina. PONTA GROSSA 2018 CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO 1. INTRODUÇÃO Durante as cinco primeiras décadas do século XX, o transporte popular e industrial no Brasil estava baseado principalmente em bondes, carroças e ferrovias, sendo as ruas e vias principais de escoamento dos produtos constituídas por paralelepípedos ou barro batido. Em 1953, com a criação da PETROBRAS, a produção de combustíveis e subprodutos da destilação do petróleo cresceu aceleradamente. A partir dessa época, as ruas e estradas começaram a ser maciçamente asfaltadas, aumentando-se o número de rodovias que interligavam diferentes regiões do Brasil, concretizando o sistema rodoviário como o principal meio de transporte do país. Hoje em dia, as adições de agentes modificadores no asfalto visam alterar as suas propriedades, para que, possam suportar as condições adversas de clima, e também, a carga de peso por eixo crescente, e aumento de volume de veículos. Estes agentes modificadores visam melhorar as propriedades reológicas do asfalto, no entanto, alguns são inviáveis do ponto de vista do custo de aplicação. Sendo assim, há uma busca crescente nas pesquisas relacionadas ao asfalto no sentido de encontrar outros modificadores que possam atender o custo - benefício em sua aplicação. Uma nova classe de materiais híbridos, os nanocompósitos poliméricos são compostos por uma matriz polimérica. Nesses compostos partículas inorgânicas, com dimensões nanométricas estão dispersas. Sistemas híbridos são os mais promissores nanocompósitos, pois se baseiam em polímeros orgânicos e argilominerais inorgânicos constituídos de silicatos em camadas, Koh e Dixon (2001). No Brasil utiliza-se a denominação: cimentos asfálticos de petróleo - CAP para designar ligantes semissólidos a temperaturas baixas, visco elásticos a, temperatura ambiente, líquidos a altas temperaturas, e que se enquadram em limites de consistência para determinadas temperaturas de modo a distingui-los dos asfaltos utilizados na construção civil e para finalidade industriais. Os cimentos asfálticos de petróleo – CAP são materiais caracterizados segundo as normas brasileiras ABNT E NBR e especificados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Atualmente há quatro tipos de CAP, classificados por penetração: CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100 e CAP 150/200, constituindo-se em produtos básicos para a produção de outros materiais asfálticos. 2. REFERENCIAL TEORICO O petróleo bruto é uma mistura de compostos com diferentes pontos de ebulição e que podem ser separados em várias frações pelo processo de destilação ou por fracionamento (YEN et al, 1994). Na origem orgânica do petróleo, é comprovada a existência de materiais de origem vegetal e animal, bem como de produtos específicos do metabolismo de seres vivos (GUARÇONI, 1994). A decomposição desses seres na ausência de oxigênio forma os hidrocarbonetos que fazem parte da constituição química do petróleo. Assim, o petróleo é constituído por uma mistura complexa de hidrocarbonetos com os mais diferentes pontos de ebulição contendo ainda pequenas quantidades de compostos orgânicos oxigenados, nitrogenados, sulfurados, organo metálicos, água, sais minerais e areia, que é considerada como impureza. De acordo com GUARÇONI (1994), o petróleo é composto basicamente das seguintes frações mediante o número de carbonos (C) na sua estrutura: C1 e C2 - gás natural C3 e C4 - gás liquefeito de petróleo (GLP) C4 a C10 - nafta (solventes e gasolina) C11 a C12 - querosene C13 a C18 - óleo diesel C18 a C25 - gasóleo e óleo combustível C25 a C38 - óleos lubrificantes C38 – asfalto Os asfaltos são materiais derivados do petróleo, normalmente de cor escura, sendo que o elemento predominante é o betume, com cerca de 99,5% em sua composição. O betume, muitas vezes usado como sinônimo de asfalto, é uma substância aglutinante escura composta principalmente por hidrocarbonetos de alto peso molecular, totalmente solúvel em dissulfeto de carbono (CS2). Podem ser utilizados em várias aplicações, como por exemplo, em impermeabilização de construções civis e, principalmente, em obras de pavimentação (Manual do Asfalto, 1989). É também classificado como um material termoplástico, ou seja, é semi-sólido em temperatura ambiente e quando aquecido apresenta características de um líquido viscoso. Segundo Airey e Brown (1998), citados por Morilha (2004), o asfalto pode ser considerado como um material termoplástico, semi-sólido à temperatura ambiente, visco elástico, que se comporta como um sólido vítreo a baixas temperaturas e/ou durante carregamento rápido (pequeno tempo de aplicação de carga) e como um fluido viscoso a altas temperaturas e/ou durante carregamento lento (longo tempo de aplicação de carga). O Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) é um ligante betuminoso obtido pela destilação do petróleo e apresenta qualidades e consistência próprias para o uso na construção e manutenção de pavimentos asfálticos, pois além de suas propriedades aglutinantes e impermeabilizantes, possui características de flexibilidade, durabilidade e alta resistência à ação da maioria dos ácidos, sais e álcalis. São utilizados para a aplicação de tratamentos superficiais e macadames por penetração a quente, além da produção de misturas asfálticas diversas, dentre elas o concreto asfáltico (CA) e areia asfalto a quente (AAUQ). O cimento asfáltico de petróleo é obtido a partir da destilação fracionada do petróleo. No petróleo estima-se que a quantidade de asfalto está na faixa de 10 a 70% dependendo do tipo do petróleo. O processo de refinação do petróleo também depende do tipo do petróleo e do seu rendimento em asfalto, segundo IBP (1999). O CAP (cimentos asfálticos de petróleo) contém cerca de 90 a 95% de hidrocarbonetos e 5 a 10% de heteroátomos (oxigênio, enxofre, nitrogênio e metais - vanádio, níquel e ferro) através de ligações covalentes. Sua composição química é muito complexa com número de átomos de carbono por molécula variando de 20 a 120, segundo Leseur (2009). O fracionamento químico mais empregado em Centros de Pesquisas na Europa e EUA, cuja metodologia está descrita na norma ASTM D 4124, separa o CAP em compostos saturados, nafteno-aromáticos, polar-aromáticos e asfaltenos (insolúveis em n-heptano). O primeiro a se separar são os asfaltenos através da precipitação com a introdução de n-heptano. Já as frações, denominados maltenos, solúveis em n-heptano, são separados por cromatografia de adsorção. Através de associações intermoleculares os asfaltenos são formados. Estes são aglomerados de compostos polares e polarizáveis e são considerados responsáveis pelo comportamento reológico dos CAP’s. Os processos de obtenção do CAP variam de acordo com os esquemas de refino existentes. O mais utilizado na sua produção é o da destilação em condiçãode vácuo. Para tanto o petróleo é aquecido em fornos e enviado para uma torre de destilação atmosférica onde são retiradas as suas frações mais leves: GLP, nafta, querosene, diesel e o resíduo atmosférico. Este retorna ao forno onde recebe novo aquecimento e a seguir é enviado para uma torre de destilação a vácuo onde as frações de gasóleo são retiradas restando o resíduo de vácuo ou asfalto. A destilação em condições de vácuo se dá a níveis de temperatura da ordem de 400ºC e vácuo de 730mm de Hg, segundo IBP (1999) 2.1. CLASSIFICAÇÃO Os cimentos asfálticos de petróleo podem ser classificados segundo a viscosidade e a penetração. A viscosidade dinâmica ou absoluta indica a consistência do asfalto e a penetração indica a medida que uma agulha padronizada penetra em uma amostra em décimos de milímetro. A Resolução ANP Nº 19, de 11 de julho de 2005 estabeleceu a Especificação Brasileira dos Cimentos Asfálticos de Petróleo (CAP) definindo que o nome da classe se dará por uma faixa de penetração. Os quatro tipos disponíveis comercialmente são os seguintes: CAP 30/45; CAP 50/70; CAP 85/100; CAP 150/200. O par de valores significa os limites inferior e superior permitidos para a penetração, medida em décimos de milímetro. Para se enquadrar em cada uma destas classes o ligante asfáltico deve atender a uma série de requisitos de vários ensaios. Tabela 1: Especificação dos cimentos asfálticos de Petróleo CAP Adesão é a qualidade que o agregado deve possuir, de se deixar recobrir por uma película, a qual deve resistir à ação da água, sem se romper. É uma das propriedades mais importantes que influenciam a durabilidade de uma mistura asfáltica. A adesão corresponde à interação de interface entre dois diferentes substratos: o ligante e o agregado. Esta interação normalmente não é fácil já que podem ser envolvidos parâmetros neste fenômeno, tais como: composição do asfalto e sua evolução com o envelhecimento, porosidade da superfície do agregado, natureza química da superfície do agregado, etc. O agente melhorador de adesividade é um composto orgânico tensoativo que adicionado ao CAP tem a função de conferir a aderência do ligante às superfícies dos agregados que, por características mineralógicas, tenham deficiência de adesividade, além de permitir uma durabilidade maior da massa asfáltica devido à sua maior resistência à desagregação. O objetivo é garantir melhor desempenho do pavimento. Normalmente a capacidade de adesão de misturas asfálticas é caracterizada pela resistência do conjunto agregado - ligante à umidade e em condições de temperatura diferentes. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS GUARÇONI, D. S. Petróleo – Refino e Fracionamento Químico do Asfalto, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, 1994. RODRIGUES, Andréa Ribeiro da Silva. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E REOLÓGICA DO CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO UTILIZADO NA CIDADE DE MANAUS MODIFICADO POR BORRACHA MOÍDA DE PNEUS INSERVÍVEIS E POLÍMEROS. 2006. Dissertação (Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2006. Disponível em: https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/2523/1/andrea.pdf. Acesso em: 14 mar. 2019. PIZZORNO, Bianca de Sousa. EFEITO DO SOLVENTE E DA TEMPERATURA NA MORFOLOGIA SUPERFICIAL DO CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO. 2010. Dissertação (Pós-graduação em Engenharia Metalúrgica e de Materiais) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/BiancaDeSousaPizzorno.pdf. Acesso em: 14 mar. 2019. YEN, T.F. 1991, “Asphaltene/resin plus oil interconversion: an investigation into colloidal model of asphaltenes.” Workshop the chemical components and structure of asphaltic materials. Italy.