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RESUMO O homem que não fazia perguntas

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"O homem que não fazia perguntas"
Texto extraído do livro "Uma breve história da filosofia"
A banalidade do mal:
Seria Eichmann um sujeito maligno, um sádico que se deleitava com o sofrimento dos outros? Isso era o que todos acreditavam antes de o julgamento começar. Teria outro motivo para participar desse holocausto? Durante muitos anos seu trabalho fora encontrar formas eficazes de enviar as pessoas para a morte. Certamente só um monstro seria capaz de dormir à noite depois desse tipo de trabalho.
	Eichmann era produto do Estado totalitário nazista, uma sociedade em que não havia espaço para o indivíduo pensar por si próprio. Foi um homem comum que escolheu não pensar muito no que fazia. Sua negação do pensamento teve consequências desastrosas, mas ele não era o sádico perverso que ela esperava encontrar. Era um sujeito comum, porém igualmente perigoso: um homem que não pensa. Diferentemente de alguns nazistas, Eichmann não parecia movido por um forte ódio aos judeus. Ele não tinha nada da malignidade de Hitler. Havia muitos nazistas que ficariam felizes em bater em um judeu nas ruas até a morte por se recusar a fazer o cumprimento “Heil Hitler!”, mas ele não era um deles
Na opinião dele, como não havia agido contra nenhuma lei e não matara diretamente ninguém, nem pediu que ninguém o fizesse em seu lugar, ele havia se comportado de maneira razoável. Ele foi criado para obedecer à lei e treinado para seguir ordens, e todas as pessoas à sua volta estavam fazendo a mesma coisa. Ao executar ordens de outras pessoas, ele evitava se sentir responsável pelos resultados do seu trabalho diário.
Esse homem disse à corte que jamais poderia se tornar um médico porque tinha medo de ver sangue. No entanto, o sangue continuava nas mãos dele. Ele era o produto de um sistema que de certa forma o impediu de pensar criticamente nas próprias ações e nos resultados que elas teriam para pessoas reais. Era como se ele realmente não pudesse imaginar o sentimento das outras pessoas. Prosseguiu com a crença ilusória em sua inocência durante todo o julgamento. Ou era isso, ou ele tinha concluído que a melhor maneira de se defender era dizer que estava apenas obedecendo a ordens.
Arendt usou as palavras “a banalidade do mal” para descrever o que viu em Eichmann. Se algo é “banal”, é comum, entediante e sem originalidade. Segundo ela, o mal de Eichmann era banal no sentido de ser o mal de um burocrata, de um gerente, e não de uma pessoa má. Ele era o exemplo de um tipo de homem comum que permitiu que as visões nazistas afetassem tudo o que fazia.
Eichmann, assim como muitos nazistas daquele período, não conseguia enxergar os fatos pela perspectiva dos outros. Não era corajoso o suficiente para questionar as regras que lhe eram dadas: apenas buscava a melhor maneira de segui-las. Carecia de imaginação. Ele era um homem comum que, por não questionar o que fazia, fez parte de um dos atos mais malignos conhecido pela humanidade. Ao não questionar o que lhe diziam para fazer e ao aceitar aquelas ordens, Eichmann participou do assassinato em massa, mesmo que, do ponto de vista dele, estivesse apenas criando tabelas de horário para as partidas de trem.

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