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REVISÃO ANTROPOLOGIA CAPÍTULOS 1 E 2

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UNIVERSO – UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA 
DIREITO 
 
 
 
CARLOS ANTONIO NASCIMENTO JÚNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 3º SEMESTRE – ANTROPOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2019 
 
 2 
CARLOS ANTONIO NASCIMENTO JÚNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 3º SEMESTRE – ANTROPOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo do conteúdo estudado (caderno e 
apostilas) da disciplina Antropologia, do 
terceiro semestre do curso de Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2019 
 
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V1 – CAPÍTULO 1 
 
CULTURA E DIVERSIDADE: UMA TEMÁTICA ANTROPOLÓGICA E 
CONTEMPORÂNEA 
 
 
ANTROPOLOGIA é a ciência do homem no sentido mais lato, que engloba origens, 
evolução, desenvolvimentos físico, material e cultural, fisiologia, psicologia, 
características raciais, costumes sociais, etc. 
 
NO CAPÍTULO 1, ESTUDAR-SE-Á o problema da variabilidade das culturas humanas 
no tempo e no espaço a fim de que o discente desenvolva uma nova perspectiva para 
perceber e analisar a intensa diversidade das formas de comportamentos, crenças, 
valores e estilos de vida que marcam as relações humanas em contextos sociais 
historicamente configurados. 
 
POLISSEMIA é a variedade de sentidos de uma palavra ou locução. 
 
ARTE RUPESTRE é aquele tipo de arte gravado na rocha, representada nas pinturas 
das cavernas. É um testemunho vivo que atesta ao mundo contemporâneo, não 
apenas a existência de várias civilizações, como também atesta a existência do 
passado longínquo do homem no tempo. 
 
A VARIEDADE DAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS é um dado que parece 
acompanhar o desenvolvimento da história da humanidade. Esta diversidade não fica 
apenas nas relações sociais que os homens mantém entre si quando em interação. 
Esta variedade também se manifesta em diferentes modos de ocupar o espaço 
geográfico e territorial... De explorar o plano de suas ações presentes e criar visões 
projetivas do futuro... De conceber a vida e de expressar a realidade. 
 
NA VARIEDADE DAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS EM UMA PERSPECTIVA 
REMOTA temos como exemplo de variedade de manifestações culturais as pirâmides 
do Egito... Os Hieróglifos... A fabricação de utensílios domésticos... Instrumentos de 
caça, pesca... Adornos... A arte rupestre... Manifestações culturais remotas 
 
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desenvolvidas pelos povos que habitaram as diferentes partes do mundo como a 
Península Ibérica e o continente sul-americano. 
NA VARIEDADE DAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS EM UMA PERSPECTIVA 
MAIS PRÓXIMA E PRESENTE temos como exemplo as formas de organização 
social. A família brasileira, por exemplo, viu o ingresso da mulher no mercado de 
trabalho, quebrando o regime patriarcal à época adotado. A maneira de escolher o 
cônjuge também deixou de ser prerrogativa dos pais, passando a ser fruto de desejo 
pessoal e da vontade individual dos parceiros. 
 
A VARIEDADE DAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS NÃO SE REDUZ APENAS A 
UMA QUESTÃO DE TEMPORALIDADE, pois se estende também no espaço. Grupos 
situados em outros continentes e regiões afastadas e distantes da nossa própria 
sociedade demonstram isso em seus hábitos, comportamentos e crenças, provocando 
um sentimento de estranheza e perplexidade. Vejamos o exemplo das mulheres 
mulçumanas e as mulheres brasileiras. Vejamos por exemplo a culinária francesa que 
aprecia rãs e escargots enquanto a culinária hindu proíbe o consumo de carne de 
vaca, por considerar este animal sagrado. E os Mulçumanos que proíbem o consumo 
de carne de porco. Em alguns países o nudismo é permitido enquanto que as 
mulheres mulçumanas não possuem a liberdade de expor sequer os rostos em 
público. 
 
COMO ACIMA DEMONSTRADO através de uma visão geral e ampla, percebe-se a 
polissemia cultural. 
 
E SE DELIMITARMOS (TPDHLA) A QUESTÃO, abrangendo uma determinada 
sociedade, perceber-se-á formas diferenciadas no seu modo de organizar 
internamente as relações entre os homens ou delimitando a questão, teremos uma 
sociedade homogênea e uniforme? 
 
DELIMITANDO, VEJAMOS A SOCIEDADE BRASILEIRA E O ESTILO DE VIDA DO 
CAMPO (RURAL) E DA CIDADE (URBANA), pois parecem mais dois polos 
antípodas. Embora compartilhem de algumas características comuns como a língua a 
diferença de estilo de vida é gritante, pois enquanto o homem urbano tem o estilo de 
 
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vida marcado pelas pressões que dão ritmo acelerado às suas vidas, acabando por 
fazê-lo esquecer, muitas vezes, o contato com a natureza, o homem rural vive e elege 
a natureza como sua diretriz, de onde tira o sustento de forma harmônica, tendo a 
natureza como relógio que baliza as estações, plantios, colheitas, etc. 
 
DELIMITANDO AINDA MAIS A SOCIEDADE BRASILEIRA (RURAL X URBANA) E 
PARTINDO PARA A ANÁLISE APENAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA URBANA 
ainda haverá polissemia ou chegaremos, enfim, a homogeneidade? 
 
DENTRO DAS CIDADES TEMOS O “CENTRO” E A “PERIFERIA” e isso, por si só, 
já traz consigo o caráter polissêmico, pois a dicotomia “centro x periferia”, “asfalto x 
morro” acaba por escancarar muito mais do que uma mera distribuição geográfica das 
pessoas. Escancara a divisão de classes em virtude das desigualdades econômicas 
e sociais existente nesta sociedade. Neste contexto, temos ainda a “resistência” dos 
menos favorecidos que se expressam através de arte como grafite e bailes funks por 
exemplo, reforçando a polissemia existente na palavra cultura. 
 
CONCLUIMOS ASSIM QUE AS CULTURAS HUMANAS NÃO CONSTITUEM 
TOTALIDADES HOMOGÊNEAS NEM REALIDADES ESTANQUES E ISOLADAS. 
Relações humanas marcadas por diferenças sociais fundadas em critérios como 
gênero, classe social, faixa etária, grau de escolaridade, entre outros, situam os 
homens de forma desigual no tecido social e contribuem para tornar as culturas 
humanas um mecanismo simbólico que expressa tais diferenciações. 
 
SÓ NOS É POSSÍVEL FALAR DAS DIFERENCIAÇÕES CULTURAIS EXISTENTES 
PORQUE OS GRUPOS HUMANOS ESTÃO EM CONSTANTE CONTATO E 
INTERAÇÃO, o que não significa dizer que estão em constante entendimento e de 
forma pacífica e harmônica, pois o que mais vemos são relações marcadas por 
tensões e conflitos entre interesses econômicos e políticos, cujas consequências, na 
maioria dos casos, resultam em subjugação de uma cultura pela outra considerada 
dominante. 
 
 
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OS ÍNDIOS AMERICANOS FORAM SUBJUGADOS E MORTOS, TENDO SUA 
CULTURA EXTINTA. 
 
OS ÍNDIOS BRASILEIROS FORAM CADA VEZ MAIS EXPREMIDOS EM SEUS 
CANTINHOS E CADA VEZ MAIS SUBJUGADOS que por mais isolados que 
estivessem com suas próprias particularidades e cultura, não puderam, ao longo da 
história, evitar o contato com a sociedade nacional, cuja política de expansão não só 
produziu impactos significativos dos recursos naturais, como também acabou por 
introduzir novas crenças e valores nestas tribos. 
 
RESUMINDO... A VARIABILIDADE DAS CULTURAS HUMANAS, DÁ-SE PORQUE: 
 
1. RITMOS VARIÁVEIS – As culturas humanas se desenvolveram no tempo e no 
espaço em ritmos e modalidades extremamente variáveis, embora seja 
possível identificar pontos de convergência, afinal todos são HOMO SAPIENS. 
2. DADO CONSTITUTIVO DAS RELAÇÕES HUMANAS – Seja quando 
consideradas de forma particularizadas, seja quando consideradas em sentido 
amplo. 
3. RESULTADO DE PROCESSOS HISTÓRICOS ESPECÍFICOS – Que 
possibilitaram seu desenvolvimento. Assim, os elementos que compõem 
internamente seus valores devem ser analisados de forma situada e 
racionalmente aos contextos históricos particulares nos quais se configuraram. 
4. AS CULTURAS HUMANAS NÃO CONSTITUEM TOTALIDADES 
HOMOGÊNEAS E NEM REALIDADES ESTANQUES – Há uma enorme 
multiplicidade de critérios dediferenciação dos grupos sociais do interior das 
sociedades humanas que as tornam extremamente heterogêneas e 
diversificadas. 
5. AS CULTURAS HUMANAS SE DESENVOLVERAM DE MODO DINÂMICO E 
EM DECORRÊNCIA DO PERMANENTE CONTATO E DAS INTERAÇÕES 
ENTRE ELAS – O que não significa dizer que sempre foram harmônicas e 
pacificas. 
 
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6. AS CULTURAS HUMANAS CONSTITUEM MECANISMOS SIMBÓLICOS – 
Através dos quais as diferentes sociedades externalizam e expressam seus 
próprios valores e suas próprias visões de mundo. 
7. O ESTUDO DA VARIAÇÃO CULTURAL – Permite compreender um pouco 
mais a respeito de nós mesmos e da nossa própria sociedade, na medida em 
que através do estudo, podemos colocar em discussão os limites das nossas 
próprias atitudes, posições e valores. Permite identificar as diferentes formas 
de interação na nossa própria sociedade com outras sociedades que lhe são 
distintas e, de outro, problematizar contextualmente as nossas próprias 
diferenças internas. Este estudo abre espaço para o diálogo com a diferença o 
que é uma problemática central na abordagem da antropologia, contribuindo 
assim para a superação de atitudes preconceituosas que, na maioria das 
vezes, nos conduzem a posturas marcadas pela rigidez e pela intolerância. 
 
CULTURA: DOS SENTIDOS COMUNS À CONCEPÇÃO ANTROPOLÓGICA 
 
NO DOMÍNIO DO SENSO COMUM a palavra cultura possui um caráter polissêmico 
e dinâmico. 
 
CULTURA X EDUCAÇÃO - INSTRUMENTO DE DIFERENCIAÇÃO E 
CLASSIFICAÇÃO DOS INDIVÍDUOS - Correlacionada com estudo e conhecimento, 
é comum se ouvir: “Fulano é muito culto”. Essa associação da palavra cultura visa 
diferenciar os grupos sociais conforme o grau de instrução, escolarização e formação 
acadêmica. 
 
CULTURA X FORMA DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA - INSTRUMENTO DE 
DIFERENCIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS INDIVÍDUOS – Correlacionada com as 
formas de expressão artística como as artes plásticas, música, dança, artes cênicas 
e literatura, é comum se ouvir: “Fulano é muito culto” com a ideia de Erudito... 
Erudição... Refinamento e sofisticação no gosto. 
 
CULTURA X ESFERA POPULAR – É caracterizada pelo conjunto de elementos e 
manifestações que expressam a tradição coletivamente compartilhada por um 
 
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determinado grupo social. Engloba crenças, lendas, hábitos culinários, interdições 
alimentares, cantigas folclóricas, festas e cerimônias típicas, atitudes religiosas, 
variedades linguísticas e formas de vestuário. 
 
CULTURA X REALIZAÇÕES MATERIAIS – É caracterizada pelo conjunto de objetos, 
instrumentos e utensílios que sobreviveram ao longo do tempo e que constituem 
vestígios que nos fazem saber a respeito da existência e do modo de vida das 
civilizações passadas. 
 
CULTURA X ÉPOCA HISTÓRICA – É conhecida como definição característica de 
uma determinada época da história, como a “cultura pop”, a “cultura hippie”, a “cultura 
de massa”. 
 
CULTURA CONTEMPORÂNEA – DA NOSSA ÉPOCA – É a difundida pelos meios 
de comunicação como os rádios, internet, televisão, jornais, etc. Que difunde valores 
que estimulam e prescrevem determinado estilo de vida (maneiras de se divertir, de 
se vestir, de se comunicar, de escrever, de sentir, de morar, de alimentar, etc.) que 
uma vez reproduzidos e compartilhados por grande contingente, acaba por legitimar 
a ideia de homogeneidade e padronização de vida. É nesse contexto que falamos de 
“cultura da nossa época” ou “cultura contemporânea” para nos referirmos ao nosso 
modo de viver atual. 
 
DUAS CONCEPÇÕES DE CULTURA E A RELAÇÃO ENTRE ELAS 
 
 
PRIMEIRA CONCEPÇÃO defende que a cultura é um dado constitutivo da 
humanidade como um todo. Um dado que acompanhou a história do seu 
desenvolvimento no tempo e no espaço. Defende que a cultura diz respeito a todas 
as manifestações e realizações materiais que atestam a existência social de diferentes 
povos e grupos. 
 
SEGUNDA CONCEPÇÃO defende que cultura se refere as particularidades e às 
singularidades que dão forma e expressão a diferentes realidades sociais. Defende 
 
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que cultura diz respeito a uma esfera, a uma dimensão ou domínio especifico da vida 
social. 
 
ANTECEDENTES HISTÓRICOS – KULTUR, CIVILIZATION E TYLOR 
 
 
O TERMO CULTURA ATRAVESSOU UMA LONGA TRAJETÓRIA até que pudesse 
se tornar objeto de estudos mais sistemáticos e detalhados, que lhe conferissem 
status teórico dentro do campo do saber. 
 
A ORIGEM DA PALAVRA CULTURA se deu pelos intelectuais alemães que 
buscavam entender o desenvolvimento da história das sociedades humanas a partir 
do repertório de crenças, costumes e valores. 
 
KULTUR foi o termo germânico amplamente utilizado no final do século XVIII para 
expressar todos os aspectos espirituais de uma comunidade. 
 
CIVILIZATION foi o termo utilizado na mesma época pelos franceses para expressar 
todas as realizações materiais de uma sociedade. 
 
CIVILIZATION POR UM LADO servia para designar uma cultura dominante no 
processo de desenvolvimento da história da humanidade, opondo-se à selvageria... à 
barbárie. 
 
CIVILIZATION POR OUTRO LADO servia para demarcar e diferenciar o estilo de vida 
das camadas dominantes de uma sociedade, expressando polidez, refinamento e 
sofisticação. 
 
NA PASSAGEM DO SÉCULO XIX PARA O SÉCULO XX o expansionismo europeu 
proporcionou um maior contato com diferentes povos, grupos e sociedades humanas, 
ao mesmo tempo em que as nações industrializadas da Europa se fortificam cada vez 
mais. 
 
 
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TYLOR AFIRMA QUE “Cultura ou civilização tomando em seu amplo sentido 
etnográfico, é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, 
costumes ou quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem 
enquanto membro da sociedade”. 
 
A GÊNESE DA ANTROPOLOGIA COMO CAMPO DO SABER 
 
 
O EXPANSIONISMO COLONIAL MUDA DE SENTIDO, pois era necessário adequar 
os novos povos não mais como mão de obra escrava a serviço do sistema capitalista. 
Era preciso transformá-los em consumidores em potencial de um grande mercado 
internacional em expansão. O problema da variabilidade cultural então passa a ser 
tratado como uma questão científica. Assim, a cultura passa a ser tratada de forma 
teórica e sistematicamente estudada pelas recém-criadas Ciências Naturais e, para 
que isso fosse possível, foi necessário romper a visão religiosa da criação do homem, 
passando-se a adotar a visão científica, ora apontada por Darwin. 
 
A ANTROPOLOGIA PASSA A DAR AS MÃOS ÀS CIÊNCIAS NATURAIS E EM 
ESPECIAL À BIOLOGIA e assim a cultura passa a ser concebida como o mecanismo 
diferenciador básico do homem face às outras espécies vivas, e também como o 
instrumento que permite distinguir as populações do mundo entre si. 
 
NO SÉCULO XIX A ANTROPOLOGIA PASSA A APLICAR AO ESTUDO DO 
HOMEM OS MESMOS MÉTODOS ATÉ ENTÃO EMPREGADOS NAS CIÊNCIAS DA 
NATUREZA e de sujeito do conhecimento, o homem passa ao status de objeto da 
ciência. 
 
A ANTROPOLOGIA MANTÉM UM ESFORÇO PERMANENTE de conciliar a 
dualidade existente entre a unidade biológica do homem enquanto espécie viva e a 
diversidade cultural. 
 
MAS AFINAL A CULTURA É DADA POR AQUISIÇÃO OU É INATA AO HOMEM? 
Deriva a cultura de aptidões inatas transmitidas ao homem por mecanismos biológicos 
 
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herdados geneticamente ou a cultura refere-se a um atributo adquirido pelo homem 
através da aprendizagem? 
 
O ARQUITETO ROMANO MARCUS V. POLLIO DISSE QUE “Os povos do Sul têm 
uma inteligência aguda, devido à raridade da atmosfera e do calor, enquanto os das 
nações do Norte, tendo se desenvolvido em uma atmosfera densa e esfriados pelos 
vapores dos ares carregados, tem uma inteligência preguiçosa”. 
 
ACHANDO ABSURDO O QUE MAMÁ AFIRMOU?Quantas vezes se viu dizendo que 
os Mineiros são desconfiados? Que os baianos são preguiçosos e lentos? Que os 
cariocas são espertos? Que os judeus são negociantes? Americanos interesseiros? 
Fulano nasceu com o dom para a matemática? Tal pai, tal o filho? 
 
TODOS ESTES CONCEITOS SÃO OS FUNDAMENTOS DA TEORIA 
DETERMINISTA que tenta demonstrar que o comportamento humano, apesar de sua 
grande variedade, parece estar sempre condicionado e determinado por fatores 
biológicos. 
 
ESCRAVIDÃO, NAZISMO, RACISMO e tantos outros “ismos” se fundamentaram 
nesta teoria determinista. 
 
EM CONTRA PARTIDA, A TEORIA CORRETA É A INSTRUMENTALISTA OU 
UTILITARISTA que ganha força no século XIX, com as Ciências Sociais, criticando a 
teoria determinista. 
 
A ANTROPOLOGIA EXPLICA QUE diferenças mesológicas ou somatológicas não 
explicam, por si só, a diversidade do comportamento humano. 
 
A ANTROPOLOGIA ADVOGA no sentido de mostrar que a cultura, longe de derivar 
de um conjunto de aptidões inatas transmitidas geneticamente ao homem, é na 
verdade resultante de um longo processo de aprendizagem que o envolveu no 
decurso de sua socialização em determinado grupo ou sociedade. 
 
 
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O HOMEM ATUANDO SOBRE O PLANO DE SUAS DETERMINAÇÕES 
BIOLÓGICAS, geneticamente herdadas, foi além e construiu o seu próprio processo 
evolutivo, submetendo-se a um processo de aprendizagem que sendo coletivamente 
compartilhado com seus semelhantes, o tornou um animal social cada vez mais 
marcado e constituído pela cultura. 
 
O ESFORÇO DA ANTROPOLOGIA é mostrar, como que, embora compartilhando 
com as demais espécies vivas de um conjunto de necessidades básicas comuns 
derivadas da sua condição natural (comer... dormir... fazer sexo...), o homem, à 
diferença das demais espécies, foi dotado de um mecanismo diferenciador básico: A 
CULTURA que não vem junto com o código genético mas que o faz escolher a forma 
de satisfazer as necessidades básicas. 
 
SE POR UM LADO, A NECESSIDADE DE SE ALIMENTAR CONSTITUI UM DADO 
BIOLOGICAMENTE HERDADO PELO HOMEM, tal como ocorre com os demais 
seres vivos, por outro lado, as formas pelas quais o homem irá suprir e atender a esta 
necessidade, não estão determinadas em suas veias e nem em seu código genético. 
Está determinado em sua cultura. 
 
RESUMINDO... 
 
1. A CULTURA NÃO DERIVA DE APTIDÕES INATAS – Ela constitui um atributo 
adquirido pelo homem através de um longo processo de aprendizagem a que 
foi submetido no decurso de sua socialização em um determinado grupo ou 
sociedade. 
2. ATRAVÉS DAS PALAVRAS O HOMEM PÔDE REPRESENTAR 
MENTALMENTE AS COISAS DO MUNDO – Sem precisar para isso tocá-las, 
manuseá-las ou manipulá-las. 
3. O HOMEM ATUOU SOBRE O SEU PRÓPRIO PROCESSO EVOLUTIVO – Ao 
contrário das demais espécies, adaptando-se as condições ambientais 
extremamente adversas e criando, ele mesmo, os meios necessários a esta 
adaptação. 
 
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4. O HOMEM MANTÉM COM A NATUREZA UMA RELAÇÃO DUPLA – Ele é 
parte da natureza quanto espécie viva, mas ao mesmo tempo pôde se construir 
de modo que o permitiu ir além das condições naturais a ele impostas. 
 
PARA A ANTROPOLOGIA, se há, portanto, algo em particular nesta espécie única 
que é o homem, é a sua capacidade infinita de criar modos de vida absolutamente 
distintos a partir de uma mesma condição natural. 
 
 
 
 
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V1 – CAPÍTULO 2 
 
O CAMPO ANTROPOLÓGICO E A DINÂMICA CULTURAL 
 
 
O AVANÇO DO OCIDENTE EM DIREÇÃO AOS OUTROS POVOS DO MUNDO 
contribuiu para o acirramento do contato com a diferença. Na passagem do século 
XIX para o século XX esta constatação não só se potencializa, como passa a constituir 
uma temática que cada vez mais ganha força, difundindo-se por todo campo 
intelectual moderno. 
 
A ANTROPOLOGIA SE LEGITIMA como um campo do saber que se forjou como um 
subproduto do processo de expansão colonial europeu e que será, 
consequentemente, profundamente marcada pela sua influência como se verá, mais 
adiante, na escola evolucionista. 
 
A PARTIR DO POSTULADO BÁSICO DA UNIDADE BIOLÓGICA HUMANA 
(DARWIN) e com a constatação da existência de outros povos e sociedades 
“exóticas”, com diferentes formas de organizar a realidade e conceber o mundo, 
surgem questões como: 
- Os povos que acabaram de ser descobertos pertencem de fato à humanidade? 
- Se de fato pertencem, como explicar que possam viver de formas tão diversas? 
- Como entender que possam conceber a realidade e se posicionar diante do mundo 
de modos tão diferentes? 
- Constitui a diversidade de comportamentos, crenças e atitudes humanas um dado 
passível de explicação quando se considera a mesma origem biológica? 
- Se estes povos de fato pertencem a espécie Homo Sapiens, por que não 
compartilham um único e mesmo modo de vida? 
- Enfim, qual é o mecanismo diferenciador que torna cada um destes grupos humanos 
(índios, negros, asiáticos) povos tão diversos e estranhos do europeu? 
 
 
 
 
 
 
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ESCOLA EVOLUCIONISTA 
 
 
EM TORNO DESTAS QUESTÕES, NASCE A ESCOLA EVOLUCIONISTA, a qual foi 
a primeira teoria elaborada pelos antropólogos para explicar o problema da 
diversidade cultural. 
 
DIANTE DA CRESCENTE EXPANSÃO TERRITORIAL EUROPEIA nasce a objetiva 
e urgente necessidade de entender estes povos exóticos, para que não houvesse 
apenas inclusão, mas a transformação destes em consumidores efetivos. 
 
A ANTROPOLOGIA PASSA A DEFENDER A TEORIA DA EVOLUÇÃO DARWIANA 
considerando q humanidade como uma espécie de animal que se originou de outras 
formas de vida, num processo de permanente evolução, que a levou ao atual estágio 
de complexidade. 
 
O MONOGENISMO (doutrina segundo a qual todas as raças humanas derivam de um 
tipo primitivo único) passa a ser considerada um fenômeno natural passivo de um 
estudo objetivo por parre dos antropólogos. 
 
A DISTÂNCIA FÍSICA (GEOGRÁFICA) DOS ANTROPÓLOGOS PARA COM O SEU 
OBJETO DE ESTUDO (NOVOS POVOS EXÓTICOS) acaba possibilitando, tal qual 
ocorre com as demais ciências, alcançar a neutralidade e a objetividade. 
 
1º POSTULADO EVOLUCIONISTA 
MODELO EXPLICATIVO PARA A DIFERENÇA 
- LEMBRAR DE DARWIN - 
 
 
A HUMANIDADE ORIGINOU-SE DE UMA ESTRUTURA SIMPLES E FOI 
EVOLUINDO PARA UMA MAIS COMPLEXA... MAIS COMPLEXA... Os teóricos 
evolucionistas ingleses James Frazer e Edward Tylor, assim como o americano Lewis 
Morgan, apoiam que a humanidade, assim como as demais espécies vivas, se 
originou de uma estrutura ou forma de vida simples para uma estrutura ou forma de 
vida mais complexa, num processo de evolução permanente. 
 
 
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MAS SE ASSIM O FOI... O PORQUÊ DE OS EUROPEUS SEREM TÃO EVOLUÍDOS 
E OS DEMAIS POVOS EXÓTICOS NÃO? Daí surge o 2º postulado evolucionista... 
 
2º POSTULADO EVOLUCIONISTA 
HIERARQUIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS DIFERENÇAS 
- LEMBRAR DE HIERARQUIA, TYLOR E GRAUS EVOLUTIVOS - 
 
 
A PERSPECTIVA ANALÍTICA QUE HIERARQUIZA E CLASSIFICA A DIFERENÇA 
defende que por ter a mesma origem, a humanidade possui diferenças no que tange 
aos graus ou estágios evolutivos. Tylor postula A UNIDADE PSÍQUICA DA 
HUMANIDADE explicando que todos os seres humanos nascem com o mesmo 
potencial e capacidade de se desenvolverem, todavia, alguns grupos assim o fazem 
mais rapidamente do que outros. Estes mais lentos, apresentam um estágio de 
evolução mais atrasado e rudimentar. 
 
3º POSTULADO EVOLUCIONISTA 
CONSTRUÇÃO DE UMA ESCALA 
- LEMBRAR DE SELVAGERIA, BARBÁRIE E CIVILIZAÇÃO - 
 
 
OS ANTROPÓLOGOS EVOLUCIONISTAS ADOTAM A SOCIEDADE OCIDENTAL 
COMO A MAISAVANÇADA encarando, dessa forma, todas as demais menos 
evoluídas. Defendem que todas as sociedades humanas, sejam elas existentes ou 
mesmo extintas, são enquadradas e classificadas conforme os diferentes estágios a 
que se encontrem na linha evolutiva ASCENDENTE E UNILINEAR a ser percorrida 
por todas elas em direção ao único fim que é ATINGIR O MESMO GRAU DE 
PROGRESSO E EVOLUÇÃO ALCANÇADO PELAS SOCIEDADES EUROPÉIAS. 
 
NESTA IDÉIA, SURGE O CONCEITO DE ESTÁGIO DA SELVAGERIA, ESTÁGIO 
DA BARBÁRIE E ESTÁGIO DA CIVILIZAÇÃO a serem percorridos, inevitavelmente, 
por todas as sociedades aquém da europeia. 
 
CONFIRMA-SE ASSIM A SUPREMACIA DA SOCIEDADE OCIDENTAL FACE AOS 
DEMAIS POVOS DO MUNDO e a ideia de civilização perde o “q” de evolução, pois 
passa a se tornar meta a ser atingida. 
 
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ESCRAVIZAÇÃO NEGRA, CATEQUIZAÇÃO INDÍGENA DENTRE OUTROS 
ABSURDOS DE SUBJUGAÇÃO são explicados como missão civilizatória atribuída a 
ser desempenhada pelo homem branco ocidental, subjugando uma cultura e uma raça 
em nome de outra tida como superior. 
 
4º POSTULADO EVOLUCIONISTA 
COMPARAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES E COSTUMES 
- LEMBRAR IDEIA DE HUMANIDADE ÚNICA - 
 
 
O ESFORÇO DE TRANSFORMAR TODAS AS SOCIEDADES DESCOBERTAS EM 
UM RETRATO DO QUE FOI UM DIA A PRÓPRIA SOCIEDADE OCIDENTAL traz à 
baila a ideia de uma humanidade única em que as instituições e os costumes humanos 
têm uma origem comum. Assim, as nações europeias e também a sociedade 
americana do século XIX eram contemporâneas dos grupos indígenas e dos 
aborígenes australianos, classificados no estágio de selvageria, ao passo que as 
tribos africanas estariam, por exemplo, no estágio da barbárie. 
 
A NOÇÃO DE CULTURA COMO TODO UM COMPLEXO sugere a percepção de que 
a mesma, tal qual uma colcha de retalhos, deriva de itens isolados, unitários e 
identificáveis, que quando juntos lhe confere um sentido de unidade e 
homogeneidade. 
 
IDENTIFICAR UMA SÉRIE DE TRAÇOS COMUNS NAS DIFERENTES 
SOCIEDADES HUMANAS ERA A TAREFA DESTE 4º POSTULADO. Religião... 
Propriedade... Relações de parentesco... Governo... Meios de subsistência... Eram 
tidos, pelos evolucionistas, como fatores comuns, diferenciados “apenas” pelo 
aperfeiçoamento do ESPÍRITO CIENTÍFICO o que possibilitou AS INVENÇÕES E 
DESCOBERTAS. Para Lewis Morgan, por exemplo, a ACUMULAÇÃO DO SABER e 
o DESENVOLVIMENTO DAS FACULDADESD MENTAIS são os fatores que 
constituem a base das mudanças culturais, consequentemente, o que caracteriza e 
demarca os diferentes estágios evolutivos. 
 
POR CONSIDERAREM QUE O ESPÍRITO EVOLUTIVO E A ACUMULAÇÃO DO 
SABER ERAM SUAS CARACTERÍSTICAS, os evolucionistas dispensaram o contato 
 
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direto com os demais povos, então intitulados como selvagens e bárbaros e assim 
baseavam seus estudos nos relatos de viagem dos cronistas coloniais. 
 
ANTROPÓLOGOS DE GABINETE era a forma que a literatura especializada da 
época chamava estes evolucionistas, dada a separação física entre eles e o seu objeto 
de estudo. Eles diziam que os selvagens podiam ser conhecidos à distância, pois 
afinal, representava apenas a variação da mesma espécie viva que, em função de 
uma diferença de momentos históricos, se encontravam em um estágio inferior de 
evolução. 
 
CONCEPÇÃO TELEOLÓGICA DA HISTÓRIA é justamente este escalonamento da 
história das sociedades humanas em um eixo temporal unilinear que conduziria, 
inevitavelmente, a um fim determinado (que seria o estágio da civilização). 
 
TER A CULTURA COMO UM FENÔMENO GLOBAL E ENXERGAR A HISTÓRIA 
COMO UMA TOTALIDADE CONTÍNUA não desqualifica os esforços e estudos 
empreendidos pelos evolucionistas, afinal eles que deram o ponta pé inicial na 
antropologia. É inegável o mérito que tiveram na busca pela sistematização de um 
modelo explicativo para o problema da diferença cultural. A vinculação do pensamento 
evolucionista com as teorias oriundas da biologia, de fato contribuiu para retirar o 
homem de uma ordem religiosa e transcendente que o explicava como produto da 
criação divina e inseri-lo, em contrapartida, em uma ordem natural que o percebe 
como resultante de suas próprias experiências. Se por um lado o pensamento 
evolucionista atesta a existência de uma natureza humana diversa em suas 
manifestações culturais, por outro, seus 4 postulados negam esta diversidade em 
nome da suposta homogeneidade. 
 
AS CRÍTICAS ANTROPOLÓGICAS AO EVOLUCIONISMO CULTURAL 
- DIFUSIONISMO E O PARTICULARISMO HISTÓRICO - 
 
 
ANTROPÓLOGO ALEMÃO FRANZ BOAS FAZ AS PRIMEIRAS CRÍTICAS AO 
EVOLUCIONISMO, NASCENDO A ESCOLA CULTURAL AMERICANA também 
conhecida como ESCOLA DIFUSIONISTA. 
 
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Boas fez uma expedição geográfica à Baffin Land, o que o permitiu desenvolver uma 
intensa investigação sobre várias áreas do conhecimento (linguística, geografia, 
folclore, organização social) ... Com esta viagem, passou a criticar os evolucionistas 
antropólogos de gabinete e acaba, assim, por redefinir a antropologia enquanto campo 
do saber, atribuindo o compromisso de RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DE FORMA 
PARTICULARIZADA. 
 
SÓ A PARTIR DE UMA RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DE FORMA 
PARTICULARIZADA que o antropólogo poderia, então, efetuar uma análise 
comparativa das diferentes vidas sociais dos povos. 
 
BOAS NEGA OS EVOLUCIONISTAS, NEGANDO A HIERARQUIZAÇÃO DAS 
SOCIEDADES EM TORNO DE UM EIXO EVOLUTIVO UNILINEAR. Para Boas, as 
culturas humanas constituem fenômenos naturais particulares e únicos. 
 
O PARTICULARISMO HISTÓRICO DE BOAS se dava porque ele acreditava que as 
culturas humanas são resultados específicos de histórias particulares. 
 
A PLURALIDADE DAS CULTURAS HUMANAS são processos de mudança, difusão, 
troca e empréstimo cultural como aspectos capazes de interferir e influenciar o 
desenvolvimento de cada formação cultural especifica. 
 
AS CULTURAS SÃO CONSTITUÍDAS de traços ou complexo de traços resultantes 
de condições ambientais, fatores psicológicos, linguísticos e conexões históricas que 
as levaram a assumir formas extremamente diferenciadas e particulares. 
 
BOAS DEFENDE AS INVESTIGAÇÕES HISTÓRICAS como recurso metodológico 
básico, capaz de fornecer não apenas uma explicação à origem da diversidade dos 
traços culturais, mas como também uma interpretação plausível sobre o modo pelo 
qual estes traços puderam contribuir para o desenvolvimento conjunto de formações 
culturais extremamente diferenciado e plural. 
 
 
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BOAS LANÇA A COMPARAÇÃO CONTEXTUALIZADA que busca entender como 
as relações existentes entre as instituições e os costumes adotados pelos diferentes 
povos ou grupos humanos ganham forma e sentido. 
 
O MODO DE CUMPRIMENTO DOS BRASILEIROS E DOS INGLESES é uma 
excelente forma de comparação. Sob o aspecto dos evolucionistas (aspecto 
descontextualizado) há falta de educação dos brasileiros com tantos toques... gestos 
e excessos de sorrisos... E há frieza e falta de simpatia dos ingleses com tamanha 
diferença, distancia e formalidade dos ingleses. A proposta de Boas é justamente uma 
comparação contextualizada e, para tal, faz-se necessário conhecer os dois povos. O 
brasileiro tem sua peculiaridade calorosa e de toque enquanto que os ingleses 
possuem a peculiaridade formal. Ambas são características e peculiaridades. 
 
BOAS ABORDA O FIM DO CARÁTER ETNOCÊNTRICO E SUA PROPOSTA É UMA 
PRÁTICA RELATIVIZADORA. O reconhecimento da pluralidade das culturas 
humanas põe por terra a universalidade da perspectiva europeia, marcada por uma 
forte postura ETNOCÊNTRICA, postura esta que fazia o Ocidente se considerar o 
espelho... O modelo a ser seguido, através do qual todas as demais diversas 
sociedades humanas deveriam ser comparadas e compreendidas. 
 
O ETNOCENTRISMO E OS PROBLEMAS DESUA PRÁTICA 
 
 
NO INÍCIO, NA ANTROPOLOGIA, A NÃO ACEITAÇÃO DAS DIFERENÇAS 
CULTURAIS ERA REGRA, época em que “era preciso” consolidar a dominação 
colonial do ocidente, subjugando os demais povos. 
 
TENDEMOS A REJEITAR OS “OUTROS” COLETIVOS SOCIAIS EM DETRIMENTO 
DOS NOSSOS PRÓPRIOS VALORES E VISÕES DO MUNDO... 
 
O ETNOCENTRISMO É O CHOQUE CULTURAL... O ESTANHAMENTO DOS 
OCIDENTAIS PARA COM A CULTURA DOS POVOS EXÓTICOS... 
 
 
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O ETNOCENTRISMO É A ESTRANHEZA À CULTURA ALHEIA... É ATEMPORAL 
E OCORRE ATÉ HOJE EM TODAS AS SOCIEDADES... 
 
O ETNOCENTRISMO FAZ COMPARAR A CULTURA ALHEIA COM A PRÓPRIA, 
PONDO A PRÓPRIA EM CONDIÇÃO DE SUPERIORIDADE... 
 
A ATITUDE ETNOCÊNTRICA ACABA POR DESQUALIFICAR AS DIFERENÇAS, 
POIS NOS COLOCAMOS COMO PARÂMETRO DE COMPARAÇÃO... 
 
O ETNOCENTRISMO E A XENOFOBIA (AVERSÃO E ÓDIO AO ESTRANGEIRO) 
fez acontecer o Holocausto liderado por Hitler em nome da superioridade da raça 
ariana... Faz existir, até hoje os Skinheads... 
 
É COM ESTE OLHAR ETNOCÊNTRICO que olhamos para os chamados homens 
bomba, oriundos dos países árabes... Que olhamos para os Kamikazes... Que 
olhamos para as mulheres mulçumanas... Para o Candomblé... Para os 
homossexuais... Para as mulheres... Para os negros... 
 
O ETNOCENTRISMO FAZ ENCARAR OS “OUTROS DIFERENTES” COMO 
MINORIAS A SEREM NEGADAS E ATÉ SUBJUGADAS... 
 
“Fulano é preto de alma branca” ... “Negro quando não suja na entrada, suja na saída” 
... “Cabelo ruim” ... “Fulano é frutinha... Veado... Bichinha...” 
 
UMA VEZ SOZIALIZADOS EM UMA DETERMINADA CULTURA, passamos a 
compartilhar com nossos semelhantes um CONJUNTO DE NORMAS que parecem 
regular as nossas condutas no plano da vida social. Estas normas correspondem, na 
verdade, a uma série de PADRÕES DE COMPORTAMENTO que aprendemos a 
conhecer e a reconhecer como corretos e adequados em decorrência de um longo 
processo de socialização a que fomos submetidos. Eles fazem parte de uma 
HERANÇA CULTURAL coletivamente compartilhada por todos os membros, inclusive 
por nós, desta mesma sociedade. Ao compartilharmos com nossos semelhantes 
 
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destes PADRÕES DE COMPORTAMENTO, desenvolvemos UM SENTIMENTO DE 
PERTENCIMENTO AO GRUPO. 
 
MAS ISSO NÃO DEVE NOS IMPEDIR DE PERCEBER E RESPEITAR AS 
DIFERENÇAS, pois devemos fugir da ignorância do ETNOCENTRISMO. 
 
RELATIVIZAR 
 
 
PRECISAMOS URGENTE ADOTAR UMA POSTURA RELATIVIZADORA... 
 
DO MESMO MODO QUE ESTRANHAMOS O “MUNDO DOS OUTROS” ELES 
TAMBÉM ESTRANHAM O NOSSO. É preciso que sejamos capazes de abrir espaço 
para o diálogo e de não encararmos nossas “certezas” como sendo as absolutas. 
 
O CONVITE QUE A ANTROPOLOGIA FAZ É PARA QUE O ESTRANHEMOS do 
ponto de vista mental e intelectual, estas formas etnocêntricas e que possamos 
relativizar. 
 
RELATIVIZAR É não considerar o nosso modo de olhar e conceber o mundo como 
pontos de vista absolutos e melhores... 
 
RELATIVIZAR É desnaturalizar nossas práticas, comportamentos e atitudes, num 
exercício que se volta para a compreensão do mundo do outro a partir dos seus 
próprios termos... 
 
RELATIVIZAR É não hierarquizar a diferença numa perspectiva comparativa que 
estabelece superiores e inferiores... Civilizados e selvagens ou primitivos... 
Desenvolvidos e subdesenvolvidos... 
 
É PRECISO QUE, BASEADO NA DIFERENÇA, POSSAMOPS REPENSAR e 
transformar o plano sob o qual se funda a nossa própria subjetividade, através da 
experiência do outro. Um outro que, na sua diferença, nos ajuda a construir o nosso 
próprio senso de identidade... De humanidade. 
 
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