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DIREITO IMOBILIÁRIO

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DIREITO IMOBILIÁRIO
UNIDADE 1
BENS IMÓVEIS 
Bem imóvel consiste no solo e em tudo aquilo que lhe é incorporado e acrescido de forma natural ou artificial.
Conforme a definição dos Artigos 79 a 81 do código Civil, bem imóvel consiste no solo e em tudo aquilo que lhe é incorporado e acrescido, de forma natural (por força da natureza) ou artificial (por força do homem).
Os conceitos de imóvel rural e imóvel urbano bem como sua distinção não são pacíficos no Brasil. A Constituição Federal, em seus Artigos 182 a 191, distingue os imóveis com base, unicamente, em sua localização.
imóvel rural
Aquele situado em zona rural do município em que o bem está localizado, de acordo com o respectivo plano diretor e suas alterações sistemáticas.
imóvel urbano
Aquele situado em área urbana ou de expansão urbana, de acordo com o que estabelecer o plano diretor do respectivo município.
Estatuto da Terra
O Estatuto da Terra, por meio da Lei 4.504/64, utiliza critérios diversos, estabelecendo a destinação do imóvel como base para sua determinação como rural. Dessa forma, considera como imóvel rural aquele que, independentemente de sua localização, destine-se à exploração agrícola. Esse também é o critério utilizado pela Lei da Reforma Agrária (Lei 8.629/93).
A jurisprudência brasileira tem aceitado ainda o critério da destinação do imóvel para definição dos tributos incidentes sobre ele.
Para que serve a definição legal de imóvel rural ou urbano?
A definição do bem imóvel como rural ou urbano serve para:
identificação dos tributos (impostos, taxas e contribuições) incidentes;
fins de reforma agrária.
A definição do bem imóvel é igualmente importante para a contagem do prazo de ocupação da área para fins de usucapião, bem como para as regras aplicáveis à locação.
Jurisprudência acerca da definição de imóvel
Veja abaixo parte de ementas do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais neste sentido.
Recurso especial nº 1.112.646 – SP (2009/0051088-6)
"TRIBUTÁRIO. IMÓVEL NA ÁREA URBANA. DESTINAÇÃO RURAL. IPTU. NÃO-INCIDÊNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC.
1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966).
2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ".
Embargos à execução Fiscal nº 1.0515.06.016181-4/001
"TRIBUTÁRIO – EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL – COBRANÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO – IPTU – CRITÉRIO DA DESTINAÇÃO ECONÔMICA – DECRETO-lei Nº. 57/66 – NÃO INCIDÊNCIA. Existindo prova de que o imóvel objeto da tributação é destinado economicamente à atividade rural, deve incidir sobre ele o ITR – Imposto Territorial Rural –, sendo certo que a anulação do lançamento de débito de IPTU sobre o mesmo bem é medida que se impõe, mormente em se considerando a impossibilidade de bitributação".
Importante nesse passo esclarecer que caso a prefeitura do município onde o imóvel está localizado passe a cobrar Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana – IPTU, a União não poderá mais exigir o ITR, sob pena de bi-tributação.
Entendimento sobre um determinado assunto gerado a partir de um conjunto de decisões judiciais num mesmo sentido. É a sequência de palavras chaves ou expressões que indicam o assunto discutido na decisão do Tribunal.
.2 Registros
A Lei 6.015/73 criou um sistema de registro de imóveis por meio do qual todos os imóveis no Brasil devem ser cadastrados em matrícula própria, no competente cartório de registro de imóveis. Esse registro público é acessível a qualquer pessoa.
A matrícula é aberta quando do primeiro registro, a ser feito na vigência da Lei 6.015/73.
De acordo com o Artigo 176 da Lei nº 6.015/73, a abertura de matrícula possui os seguintes requisitos:
o número de ordem (que seguirá ao infinito);
a data;
a identificação do imóvel;
o nome, o domicílio e a nacionalidade do proprietário;
o número do registro anterior.
Informações adicionais de identificação do imóvel e do proprietário
A identificação do imóvel será feita com indicação de:
se rural, código do imóvel, dados constantes do certificado de cadastro de imóvel rural (CCIR), denominação e características, confrontações, localização e área;
se urbano, características e confrontações, localização, área, logradouro, número e designação cadastral, se houver;
Em relação às informações do proprietário, será preciso indicar:
tratando-se de pessoa física, estado civil, profissão, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de identidade (ou, na falta deste, sua filiação);
tratando-se de pessoa jurídica, sede social e número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda.
Operações
Todas as operações envolvendo determinado imóvel devem ser objeto de registro ou averbação na respectiva matrícula.Anotação feita na matrícula do imóvel referente a algum documento ou fato que venha a alterar ou adequar seu conteúdo à nova situação de fato do próprio imóvel ou de seus titulares.
As operações são enumeradas nos Incisos I e II do Artigo 167 da Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos).
Por meio de certidões, emitidas pelo registro geral de imóveis onde o imóvel está matriculado, de inteiro teorou de ônus reais, é possível verificar:
o proprietário do imóvel;
a existência de ônus ou gravames;
eventuais impedimentos a sua alienação.
1.3 Especificidades dos imóveis rurais
As áreas rurais devem ter suas áreas especificadas na matrícula em hectares, o que nem sempre ocorre. Em muitos casos, são encontradas referências a áreas em outras formas de medição, tais como alqueires, tarefas, braçadas, etc.
Além da inscrição no registro geral de imóveis, aplicável a todos os imóveis, os imóveis rurais estão sujeitos ao registro junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o INCRA, criado pelo Estatuto da Terra.
O registro no INCRA é chamado de certificado de cadastro de imóvel rural (CCIR).
Atenção!
Em caso de transferência, a qualquer título, do imóvel rural, é obrigatória a apresentação de:
CCIR;
prova de quitação do imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), correspondente aos últimos cinco exercícios
Lei 10.267/01
Por ser um país de dimensões continentais e com um histórico de pouco rigor na identificação das áreas rurais, a sobreposição de áreas tornou-se fato corriqueiro no Brasil. Há um longo histórico de ocupações ilegais de terras públicas, que advém, especialmente, da falta de uma boa delimitação dos bens imóveis rurais.
Com vistas a amenizar tais dificuldades, a Lei n° 10.267/01 veio a criar mecanismos legais que têm por objetivo básico promover a identificação de imóveis rurais, a fim de melhor fiscalizá-los e de conferir maior segurança jurídica aos negócios que tenham imóveis rurais como objeto.
A Lei 10.267/01 estabeleceu, por exemplo, que:
Verificado que terras públicas foram objeto de apropriação indevida por quaisquer meios, inclusive decisões judiciais, a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município prejudicado, bem como seus respectivos órgãos ou entidades competentes, poderão, à vista de prova da nulidade identificada, requerer o cancelamento da matrícula e do registro.
Georreferenciamento
A Lei nº 10.267/01 criou o georreferenciamento (Procedimento de mapeamento de imóveis rurais com vértices e coordenadas fixados pelo sistema geodésico brasileiro.) e o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais.
Georreferenciamento é um memorial descritivo da área rural, assinado por profissional habilitado. Nele, contém as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas pelo Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA.
Esse memorial descritivo, elaborado de acordo com as normas fixadas pelo INCRA, será certificado pelo mesmo órgão, o qualatestará a inexistência de outra área sobreposta ao imóvel rural em questão. Essa certificação deverá ser registrada no Registro de Imóveis competente.
O georreferenciamento será obrigatório para todos os imóveis rurais, observado o atual cronograma fixado pelo Decreto 7.620/2011, que altera o Decreto 4.449/2002, o qual varia de acordo com o tamanho do imóvel.
Uma vez decorrido o prazo estabelecido em Lei para a realização do georreferenciamento, o registro de qualquer dos seguintes atos, relativamente ao imóvel rural em questão, dependerá da conclusão do georreferenciamento:
desmembramento; Subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique a abertura de novas vias e logradouros públicos nem o prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes.
loteamento; Subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação, com abertura de novas vias de edificação, de logradouros públicos, ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes.
remembramento; Procedimento administrativo destinado a realizar a fusão ou unificação de dois ou mais terrenos, para a formação de novo lote, pelo reagrupamento de lotes contíguos, com a decorrente constituição de um terreno maior.
em caso de transferência do bem, a qualquer título.
!!! O desmembramento ocorre quando uma ou mais partes do imóvel são destacadas do todo, originando novas matrículas para as partes destacadas. O desmembramento dos imóveis rurais deve observar as áreas mínimas fixadas pelo INCRA, isto é, a menor área permitida para um imóvel rural. Varia de cidade para cidade.
Reserva legal
Os imóveis rurais estão sujeitos a outra obrigação legal, de caráter ambiental, que é a instituição de uma área de reserva legal.Vínculo de direito em que um sujeito passivo (devedor) tem de dar, fazer ou não fazer uma prestação a um sujeito ativo (credor).
Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.
De acordo com a Lei nº 12.651/2012 (Novo Código Florestal), a reserva legal é uma área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural com a função de:
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural;
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos;
promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção da fauna silvestre e da flora nativa.
A reserva legal deve representar, no mínimo, 20% da vegetação nativa da propriedade. O percentual total da reserva legal irá variar de acordo com cada região do Brasil, podendo chegar a até 80% na região da Amazônia Legal.
De acordo com Lei nº 12.651/2012, a área de reserva legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Se o CAR ainda não estiver instituído onde a propriedade estiver localizada, a reserva legal deve estar averbada na matrícula do imóvel.
O Artigo 55 do Decreto nº 6.514/2008, com a redação dada pelo Decreto nº 6.686/2008, considera a falta de averbação da reserva legal como infração administrativa, sujeita a uma multa diária. Essa regra vigora desde o dia 11 de junho de 2012. No entanto, cumpre destacar que o novo Código Florestal dispõe que a inscrição no CAR desobriga o proprietário ou posseiro da averbação da reserva legal na matrícula.
1.4 Aquisição de imóveis rurais por estrangeiros
A aquisição de imóveis rurais por estrangeiros (pessoa física residente no Brasil e pessoa jurídica autorizada a funcionar no Brasil) sofre algumas restrições legais, estabelecidas pela Lei 5.709/71, regulamentada pelo Decreto 74.965/74. Clique nos números para conhecer as restrições.
O estrangeiro, pessoa física, deve ser residente no País e estar inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).
A soma das áreas rurais pertencentes ou arrendadas a pessoas estrangeiras, físicas ou jurídicas não poderá ultrapassar 1/4 (um quarto) da superfície dos Municípios onde se situem os imóveis (comprovada por certidão do Registro de Imóveis).
Pessoas da mesma nacionalidade não poderão ser proprietárias, em cada Município, de mais de 10% (dez por cento) da superfície do referido Município, conforme o Artigo 12 da Lei Federal nº 5.709/1971.
O estrangeiro não pode possuir outro imóvel no País.
As pessoas jurídicas estrangeiras autorizadas a funcionar no País só podem adquirir imóveis rurais para o desenvolvimento de projetos de exploração agrícola, florestal, agropecuária, agroindustrial, turística ou de colonização vinculados ao seu objeto social, e previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes.
O Artigo 23 da Lei nº 8.629/93 estende as mesmas restrições aplicáveis a pessoas físicas e jurídicas estrangeiras (ou a elas equiparadas) aos casos de arrendamento de imóveis rurais. Dessa forma, para aquisição ou arrendamento de imóveis rurais com área de até 50 Módulos de Exploração Indefinida (MEI) por pessoas físicas, e até 100 MEI por pessoas jurídicas, será necessária a prévia autorização pelo INCRA, sendo que, para áreas superiores a tais limites, será necessária a autorização do Congresso Nacional.
A aquisição ou o arrendamento por pessoas físicas estrangeiras de imóvel rural com área de até três MEI não depende de autorização do INCRA. No entanto, se o imóvel estiver localizado em faixa de fronteira, conforme adiante explicado, será necessária prévia aprovação do Conselho de Segurança Nacional.Convenção ou contrato entre duas partes por meio do qual uma cede à outra o uso, o gozo e a fruição de um determinado bem (propriedade, prédio, terreno) ou recurso, mediante o pagamento de uma retribuição chamada aluguel.
O tamanho de cada MEI para cada Município brasileiro, definido em hectares, é determinado por ato administrativo do INCRA, podendo ser modificado sempre que houver alteração da situação econômica e social da região.
As restrições à alienação são extensivas a brasileiros casados com estrangeiros, mas não se aplicam a estrangeiro que tenha filho brasileiro ou que seja casado com pessoa brasileira, pelo regime da comunhão universal de bens, nem em casos de transmissão do imóvel a estrangeiro por sucessão (herança), em caso de morte do antigo proprietário.
Empresa brasileira controlada por estrangeiros
Em 6 dezembro de 2011 foi expedida, pelo INCRA, a Instrução Normativa nº 70, que estabelece os procedimentos e requisitos legais para obtenção da autorização do referido órgão para aquisição e arrendamento de imóvel rural por estrangeiros residentes no Brasil, pessoas jurídicas autorizadas a funcionar no Brasil e empresas brasileiras controladas por estrangeiros.
A possibilidade de a empresa brasileira controlada por estrangeiros adquirir imóvel rural no País é muito discutida, e foi objeto de parecer elaborado pela Advocacia Geral da União (Parecer CGU/AGU nº 01/2008-RVJ) e de orientações do Conselho Nacional de Justiça. Isso porque, até agosto de 2010, com base no Parecer AGU nº 22/1194 e no Parecer AGR nº GQ 181/1998, entendia-se que o Parágrafo 1º do Artigo 1º da Lei nº 5.709/71 não teria sido recepcionado pela Constituição de 1988, em especial após a Emenda Constitucional nº 6, que revogou o Artigo 171 da Constituição Federal.
O mencionado Parágrafo 1º do Artigo 1º da Lei nº 5.709/71 estende as mesmas restrições impostas aos estrangeiros às empresas brasileiras das quais participem, a qualquer título, pessoas físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e residam ou tenham sede no exterior. Contudo, o CGU/AGU nº 01/2008-RVJ, aprovado pelo Advogado Geral da União e pelo Presidente da República trouxe nova interpretação deste tema e entendeu pela recepção do dispositivo legal em tela.
Desse modo, desde 23 de agosto de 2010 (data da publicação do Parecer CGU/AGU nº 01/2008-RVJ),os órgãos da Administração Pública Federal passaram a ser obrigados a aplicar as restrições previstas no Parágrafo 1º do Artigo 1º da Lei 5.709/71, limitando, portanto, a aquisição e o arrendamento de imóveis rurais por empresas brasileiras com capital estrangeiro.
Além de mudar de posição, a AGU também ampliou a interpretação do que seria considerada participação a qualquer título de estrangeiros (pessoa física ou jurídica) em pessoas jurídicas brasileiras.
Em seu novo parecer, a AGU defende a posição da aplicação das restrições da Lei Federal nº 5.709/71 em aquisições e arrendamentos realizados por empresas brasileiras que sejam controladas, direta ou indiretamente, por estrangeiros. Nesse contexto, em sua nova interpretação, a AGU utiliza-se da definição de controle acionário definido pelo Artigo 116 da Lei de Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76), dando a impressão de que, ainda que o acionista não seja titular da maioria do capital social de uma empresa, mas exerça efetivo controle sobre a empresa, a mesma estaria sujeita às limitações impostas pela Lei Federal nº 5.709/71.
É importante ressaltar que a referida interpretação, trazida pela AGU em 2010, ainda tem causado muitas discussões e grande insegurança, não existindo ainda precedentes jurisprudenciais que pacifiquem o seu efetivo alcance, inclusive no que se refere às empresas brasileiras indiretamente controladas por estrangeiros.
A matéria continua sujeita a questionamento judicial por qualquer prejudicado. Diante da relevância da questão, tramitam, atualmente, no Congresso Nacional alguns projetos de lei que, de uma forma ou de outra, visam equacionar essa temática.
No caso de imóvel rural situado em faixa de fronteira (faixa interna de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional), as restrições impostas pela Lei n° 6.634/79, regulamentada pelo Decreto nº 88.064/80, não se aplicam apenas à aquisição e ao arrendamento de imóveis rurais por estrangeiros ou pessoas jurídicas brasileiras das quais participem a qualquer título estrangeiros.
Nesse caso, as restrições se aplicam também a qualquer transação com imóvel rural que impliquem a obtenção, por estrangeiro, do domínio, da posse ou de qualquer direito real sobre o mesmo, o que dependerá sempre da prévia autorização do Conselho de Segurança Nacional (atual denominação do Conselho de Defesa Nacional).

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