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Análise do filme "Vocacional" - psicologia institucional

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ANÁLISE DO FILME “VOCACIONAL”
Giovana Cortez
De acordo com Baremblitt (2002), a sociedade é uma rede de instituições. Estas, por sua vez, são composições lógicas, que podem ser leis, normas, hábitos ou regularidades de comportamentos. As instituições, no entanto, são abstratas e, para cumprir sua função de regular o comportamento humano, materializam-se em algo concreto, que são as organizações. As organizações, portanto, são conjuntos de formas materiais que concretizam o que as instituições exprimem. Elas podem ser um complexo grande, como um ministério, ou ser composta por unidades menores, que são os estabelecimentos (escola, fábrica, quartel, convento, etc.). Em geral, os estabelecimentos incluem dispositivos técnicos, chamados de equipamento, que adquirem dinamismo através dos agentes, dos “seres humanos”, que protagonizam as práticas, as ações, que acabam por realizar transformações na realidade. 
Em uma instituição, existem duas vertentes importantes: a do instituído e a do instituinte. As forças que fundam ou transformam uma instituição é o que se denomina instituinte, e o produto dessas transformações é o instituído. O instituído é o efeito do instituinte. “O instituinte aparece como um processo, enquanto o instituído aparece como um resultado. O instituinte transmite uma característica dinâmica; o instituído transmite uma característica estática, estabilizada” (Baremblitt, 2002). O mesmo ocorre em nível organizacional, existe o organizante e o organizado. Segundo Baremblitt (2002), há uma atividade crítica e transformadora, que otimiza as organizações: o organizante; e o organizado que, segundo ele, pode ser ilustrado como o organograma, e que é necessário mas que tem uma tendência natural e histórica a se cristalizar. 
O filme “Vocacional” retrata um choque entre instituído e instituinte. Em meio a uma forma de ensino já estabilizada, os ginásios Vocacionais surgem com uma proposta totalmente revolucionária, trazendo novas formas de passar o conteúdo aos estudantes, novas formas de relação entre professores e alunos, possibilitando ao aluno compreender sua realidade e vê-la de forma crítica. 
Essa horizontalidade e compreensão da realidade existente nessas escolas, remete também a outros dois conceitos de Baremblitt: a auto-análise e autogestão. A auto-análise consiste na comunidade como protagonista de seus problemas, necessidades e desejos, adquirindo um pensamento próprio que lhes permita saber acerca de sua existência. Esse processo é simultâneo à autogestão, em que a comunidade se articula, se organiza, se institucionaliza, construindo os dispositivos necessários para o melhoramento de sua vida. 
O documentário traz ainda ideias que evocam a teoria de Bleger, o qual trabalha com a ideia de que a Instituição é organizada de acordo com a personalidade dos sujeitos que à ela pertencem. Ou seja, o indivíduo é a instituição e para que ela alcance seus objetivos e ideais é necessário que exista uma relação horizontal entre os envolvidos e uma responsabilidade entre todos sujeitos do grupo e entre o grupo para com a Instituição. Isso fica visível no documentário ao ver a dinâmica entre os alunos e os professores, que não impõem e jogam todo o conteúdo sem se importar como e quanto da matéria está sendo aproveitada. Mas sim, mostram de maneira prática e dinâmica como as coisas funcionam. 
Referências
BAREMBLITT, G. F. Compendio de analise institucional e outras correntes: teoria e pratica, 5ed., Belo Horizonte, MG: Instituto Felix Guattari, 2002.

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