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Medicina Baseada em Evidências (MBE) - Monitoria Tema: Desenhos Básicos da Pesquisa Clínica · Como entender o Desenho de Estudo? O desenho de estudo é o primeiro passo da Epidemiologia e se constitui em uma pesquisa sistemática. Pontos Almejados: · Qual desenho responde melhor à questão clínica? Não há um desenho que supere todos os outros, entretanto há desenhos mais adequados para o bom funcionamento do estudo (a saber, que não desrespeita questões éticas e é factível) e níveis de força de evidência diferentes para cada um. Podemos, no entanto, dividir os tipos de desenhos em dois grandes grupos: I) Descritivos II) Analíticos I. Descritivos I.a. Relato ou Série de Casos - Não possui grupo controle; - Número restrito de pacientes, geralmente provém de um hospital ou consultório; - Pode ser um relato sobre um único paciente; - Possui alguma validade para tratar doenças raras; - Pode ser uma descrição inicial de uma patologia ou situação clínica; contudo, possui baixo grau de confiabilidade (baixa força de evidência). I.b. Estudos Analíticos - São quantificativos; - Possui grupo-controle¹; - Divide-se em dois subgrupos: Estudo Analítico Observacional e Estudo Analítico Experimental. ¹grupo-controle: grupo de referência que nos permite estabelecer comparações. I.b.1. Estudo Analítico Observacional - Não há intervenção. - É dividido em três subgrupos: Transversal, Caso-Controle e Coorte. I.b.1.1 Estudo Analítico Observacional Transversal - Simultaneidade: exposição e desfecho ocorrem no mesmo período de tempo; - Como todo o quadro se dá ao mesmo tempo, consegue-se estabelecer uma associação; porém não é possível definir causa; - "O estudo transversal é uma foto"; - O ideal é que fosse usado para levantar questões a serem estudadas; - É mais usado para estudos de prevalência; Exemplo: Pacientes internados por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) possuem taxas elevadas de colesterol? (Faz-se a medição do colesterol dos pacientes internados por IAM e dos vizinhos de leito internados por outras causas. Os vizinhos de leito são o grupo-controle) I.b.1.2 Estudo Analítico Observacional Caso-Controle - O estudo é gerado a partir do desfecho e busca a exposição no passado; - No estudo Caso-Controle, o delimitamento da população é comprometido; - Interessante para o estudo de patologias raras, pois parte do desfecho (porque há um grupo restrito para trabalhar). - Mais indicado para buscas de etiologia ou dano. - Baixa força de evidência devido aos seus muitos vieses, dentre eles: o viés de memória¹ e o viés de grupo-controle inadequado². - Vantagens: sem seguimento do paciente, mais rápido e melhor custo e logística. ¹viés de memória: o entrevistado esquece ou maqueia respostas. ²viés de grupo-controle inadequado: o pesquisador pode manipular resultados. As pessoas do grupo-controle não são pareadas. I.B.1.3 Estudo Analítico Observacional Coorte - O estudo é gerado a partir da exposição e busca a exposição no futuro; - Análise da associação da causa à doença; - Possui uma força de evidência maior, pois consegue anular muitos vieses; - Pode ser realizado para toda a sorte de questão clínica; - Sua desvantagem se dá em relação ao seu correspondente experimental, porque o Coorte Observacional não determina intervenção. - Também é passível de ser realizado um Estudo Analítico Observacional Coorte Histórico: feito a partir de base de dados (comum), onde parte-se da exposição no passado e busca o desfecho no presente. I.b.2. Estudo Analítico Experimental - Como cursam os estudos experimentais? A) Comparabilidade de População Quem recebe ou não a intervenção deve ser decidido de forma aleatória. B) Comparabilidade do Tratamento (placebo) Os participantes não devem ser capazes de distinguir se estão recebendo a intervenção ou não. C) Comparabilidade de Avaliação (cegamente) Os avaliadores não devem saber quais pacientes participam do grupo-controle e do grupo que recebeu a intervenção. - Duas principais distorções: A) Estudo em animais como sinônimo de estudo experimental. B) Estudos falsamente randomizados. (convenientes para o pesquisador) I.b.2.1. Estudo Analítico Experimental Ensaio Clínico ou Coorte Experimental - O pesquisador determina a intervenção dos grupos; - Possui o melhor grau de evidência clínica, pois consegue-se controlar quantitativamente e qualitativamente a intervenção; Exemplo: O uso de inibidor colinesterase se mostra eficiente no tratamento do Mal de Alzheimer? (Indicador: Inibidor de Colinesterase. Grupo-controle: placebo). - Pode parecer redudante, porém o Indicador deve ser sempre o melhor medicamento conhecido pela literatura. Ver: Conselho de Genebra (sobre a regulamentação cientifíca, a Segunda Guerra Mundial e as atrocidades cometidas contra a população hebraíca). - O Ensaio Clínico pode ser dividido em dois subgrupos: Randomizados (totalmente aleatório) e de Outra Alocação. I.b.2.2 Estudo Analítico Experimental Revisão Sistemática - Topo da escala de força de evidência; - Junção sistemática de Ensaios Clínicos (avaliação criteriosa e síntese dos artigos); - Apresenta reprodutibilidade da evidência; I.b.2.3. Estudo Analítico Experimental Revisão Narrativa - São amplas e eficazes para iniciar a discussão sobre determinado assunto; - Sem grande rigor metodológico, por vezes não informam os critérios de busca e seleção de trabalhos. Outros Conceitos: - Metanálise: uma técnica estatística especialmente desenvolvida para integrar os estudos de dois ou mais estudos independentes, sobre uma questão clínica. - Força de evidência: quanto maior a força da evidência, menor os seus vieses. - Estudo Ecológico: estudo da população Grau de Recomendação (Geral) A 1.A. Revisão Sistemática de Estudo 2 1.B. Coorte Experimental ou Ensaio Clínico (Randomizado) 1.C. Estudo do Tipo "Tudo ou Nada" B 2.A. Revisão Sistemática de Estudo 5 ou 6 2.B. Coorte histórico 2.C. Transversal ou Ecológico 3.A. Revisão Sistemática de Estudo 8 3.B. Caso-controle C 4. Relato de Caso D 5. Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos ou modelos animais.
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