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Diagnóstico clínico • Sinais (mensuráveis) e sintomas (subjetivo) • Origem • Etiologia • Natureza Diagnóstico laboratorial • Identificação agentes envolvidos em patologias • Suporte para o diagnóstico/tratamento clínico • Investigação epidemiológica • Investigação científica Microscopia Cultivo Provas bioquímicas Sorologia • Aglutinação • Fixação do complemento • ELISA Biologia Molecular Hibridização Amplificação Ac. nucléicos Diagnóstico definitivo Antibiograma Tratamento DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO Microscopia Cultivo Provas bioquímicas Sorologia • Aglutinação • Fixação do complemento • ELISA Biologia Molecular Hibridização Amplificação Ac. nucléicos Diagnóstico definitivo Antibiograma Tratamento DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO Aplicação das técnicas de diagnostico molecular Introdução de técnicas moleculares no laboratório • Qual organismo vai ser detectado? • Que amostras clínicas vão ser analisadas? • O teste é sensível, específico e de execução rápida e fácil? • Como padronizar a técnica? • É clinicamente útil? Introdução de técnicas moleculares no laboratório • Até recentemente, a execução dessas metodologias em laboratório clínico era considerada difícil e complexa... ... compreensão de princípios gerais básicos de biologia molecular ... disponibilidade de produtos para execução • A implantação de métodos moleculares se tornou-se acessível e de custo efetivo → a mesma infra-estrutura servirá para a pesquisa de diferentes agentes. • Sucesso da técnica → coleta da amostra clínica do paciente. • Qualquer amostras pode ser analisada. • A amostra mais adequada será colhida considerando o que se deseja investigar ou qual a suspeita clínica. Ex: • hepatite → sangue • Meningite → líquor Medida de prevenção de contaminação • Apesar da alta sensibilidade e especificidade → detectar qualquer agente infeccioso → aplicação na prática médica ainda é limitada. Resultados falsamente positivos e negativos. • Mesmo os laboratórios que executam os métodos de diagnóstico com máxima precisão → erros inerentes à tecnologia. Falsos Negativos e Positivos • Falsos Negativos → são decorrentes da falta de amplificação. Nesse caso, a amostra clínica analisada possui o agente infeccioso, mas não amplifica pois a amostra possui substancias conhecidas como inibidoras de reação de PCR (hemoglobina e heparina). • Inibidores → devem ser totalmente removidas para evitar resultados falso negativos. Repetição do procedimento de extração de DNA → resolve o problema. Ideal é realizar as análises sempre em duplicata → dificultado pela quantidade insuficiente de amostra. Nesse caso, recomenda-se que uma nova amostra do paciente seja solicitada. Falsos Positivos • Falso positivos → podem ocorrer principalmente em diagnósticos realizados com protocolos de PCR. Amplificação de um DNA diferente do DNA que se está pesquisando é a causa do erro. • Esse DNA pode ser resultado de uma contaminação cruzada e pertencer a outro paciente ou de DNA amplificado (amplicon) em reações anteriores. Os amplicons podem estar presentes → instrumentos, nas roupas, no ar, na pele e em outros objetos do laboratório. Esses problemas têm levado à elaboração de medidas de controle e protocolos de descontaminação que devem ser seguidos de forma rigorosa • Fluxo de trabalho → unidirecional (técnico inicia o trabalho pela preparação de reagentes, inclusive da reação de PCR, depois realiza a amplificação com o DNA extraído anteriormente em outra área e, por fim, processa a análise de DNA amplificado). • Manipulação das amostra do paciente - preparação de reagentes - análise de DNA → salas separadas que contenham seu próprio material (pipetas, tubos, reagentes, etc) e equipamentos. • Inclusive a limpeza dessas áreas deve ser realizada com material individual. Medidas de prevenção de contaminação • Descontaminação de superfícies de bancadas, capelas e equipamentos → hipoclorito de sódio a 10% ou etanol 70% para superfícies metálicas. • Todo processo deve ser realizado com material plástico descartável e ponteiras com filtro para micropipetas. • Autoclavar as soluções estoque, com exceção de enzimas e oligonucleotídeos. • Água, material descartável (ponteiras e tubos) → livres de DNA e RNA (dnase e rnase free). Medidas de prevenção de contaminação • O recomendado é utilizar quatro controles, dois positivos e dois negativos, na etapa de extração de DNA e na etapa de análise de produto amplificado. • O monitoramento correto da presença de inibidores só é possível se um controle interno for incluído durante o procedimento de amplificação de todas as amostras ou no mínimo, com as amostras que forem negativas em um PCR anterior. Validação de novos métodos de diagnóstico • Quando o teste a ser implantado no laboratório for comercial, os técnicos devem ser devidamente treinados pelo fabricante. • Método in house → manter protocolos bem escritos e detalhados → garantir a reprodutibilidade dos ensaios. • O ideal é estabelecer um programa de qualidade dentro do laboratório com objetivo de monitorar e avaliar os resultados constantemente. • Calibração de termocicladores, micropipetas e equipamentos que amplificam sequencias de DNA → crucial. Principais doenças infecciosas Tuberculose • É a doença crônica de maior morbidade e mortalidade, e continua sendo um sério problema de saúde pública, apesar da disponibilidade de tratamentos eficazes. • OMS estima que: 2002 a 2020: -1 bilhão de pessoas infectadas; - 150 milhões vão adoecer; - 36 milhões deverão morrer • Tuberculose pode envolver outros orgãos •Foco pulmonar inicial é a porção média ou inferior dos campos pulmonares Tuberculose miliar no fígado Doentes Baciloscopia positiva Sem confirm. baciloscópica Extra- pulmonares Extra- pulmonares 85% 15% 10% 15% Sem confirm. baciloscópica Baciloscopia positiva Formas pulmonares Maiores de 15 a Formas pulmonares Menores de 15 a 90% 85% 70% 30% 20% 80% Tuberculose no Brasil segundo a idade e a forma clínica Métodos de diagnóstico • Detecção da doença na sua fase inicial é de grande importância → tratamento efetivo, evitar utilização inadequada de medicamentos potencialmente tóxicos. • Diagnostico clínico precoce → complicado (saudáveis – não ocorre sintomas; associado a outras enfermidades – HIV, neoplasias, pós-transplantes ) • Estima-se que 40% dos indivíduos infectados por HIV são coinfectados por M. tuberculosis. • Baciloscopia e cultura • Moleculares Principais técnicas moleculares • Confirmação de isolados em cultura obtidos de amostras clinicas utilizando sondas de DNA. • Detecção direta de M. tuberculosis em amostras de escarro e outras amostras clínicas utilizando ensaios de amplificação de ácidos nucleicos. PCR para Mycobacterium tuberculosis • Escarro, lavado bronco alveolar, 1º urina da manhã, líquido pleural, secreção orofaringe, líquor, líquido ascítico, líquido sinovial e fragmento de biópsia. Critérios derejeição: • Material de secreção de orofaringe enviado em swab • Escarro com grande quantidade de saliva. • Líquido ascístico sanguinolento • Biópsia colhidas e conservadas em formol • Material sangue • Urina 24horas • Preço: R$ 113,30 • Preço particular: R$ 350,00 HPV • 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos → maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras → tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. Métodos de diagnóstico Captura Híbrida Hibridização com sondas PCR – Reação em Cadeia da Polimerase PCR Captura hibrida HIV • Doença que ataca o sistema imunológico devido à destruição dos linfócitos T CD4+. • Considerada um dos maiores problemas da atualidade pelo seu caráter pandêmico e sua gravidade. • Muitas pessoas com HIV desconhecem as infecções: Estigma Longos períodos de incubação Frequência dos testes • Cerca de 40% dos indivíduos que adquirem a infecção pelo HIV são diagnosticados tardiamente, desenvolvendo a AIDS dentro de um ano HIV Diagnóstico imediato é essencial por muitas razões: • Tratamentos → amenizam a queda de função do sistema imune → associados com a queda na mortalidade e morbidade associada ao HIV. • Pessoas infectadas apresentam maior risco para outras infecções (Pneumocystis jiroveci, toxoplasma, Mycobacterium avium complex , tuberculosis, pneumonia bacteriana) • Detecção precoce permite o encaminhamento do paciente para grupos educacionais e de apoio, prevenindo a transmissão para outras pessoas Métodos de diagnóstico • HIV caracteriza-se por ter como material genômico um RNA. • A infecção pode ser diagnosticada → por meio da detecção direta de componentes do vírus (antígeno p24, RNA viral) ou anticorpos. • Dependendo da fase da infecção → o HIV pode ser encontrado como RNA no sangue (como componente da partícula viral livre ou RNA intracelular). • RNA: • Qualitativo • Quantitativamente. Métodos de diagnóstico PCR qualitativo: Existência de infecção (resultado positivo ou negativo) • Identificação de indivíduos infectados durante a janela imunológica (antes da soroconversão); • Pacientes com sorologia positiva ou indeterminada; • Pacientes com antecedentes de uso de drogas endovenosas; • Profissionais de saúde após exposição ocupacional; • Crianças nascidas de mães HIV-1 positivas, já que os anticorpos maternos podem persistir de 5 a 14 meses em níveis detectáveis; • Pacientes imunossuprimidos. • Preço Particular: R$ 294,00 Métodos de diagnóstico PCR quantitativo: • Teste de amplificação de ácidos nucléicos in vitro destinado à quantificação do RNA do HIV no plasma humano Indicações clínicas do teste quantitativo são: • Avaliação do prognóstico de um paciente por determinação da carga viral inicial (artes do início do tratamento); • Avaliação da resposta viral à terapêutica antiretroviral, determinada através de alterações dos níveis plasmáticos de RNA do HIV durante o tratamento. Métodos de diagnóstico • Indivíduos com linhas basais de níveis de RNA de HIV abaixo de 5000 cópias/mL possuem menor risco; • Acima de 50000 cópias/mL possuem grande risco de progressão da doença. • Níveis de RNA de HIV podem auxiliar a estimar o início dos sintomas relacionados ao HIV que são preditivos de alto risco para a ocorrência de infecções oportunistas. • Preço Particular: R$ 399,00 • Níveis de RNA de HIV são os mais importantes fatores preditivos da progressão da doença. Hepatite B • Doença transmitida por vírus, uma vez dentro do organismo humano, o vírus ataca os hepatócitos – as células do fígado – e começa a se multiplicar, levando à inflamação do órgão. • No Brasil, estima-se que 15% da população já foi contaminada e 1% é portadora crônica da doença. • Sintomas de hepatite B surgem entre dois a quatro meses após o contato com o vírus, e sua intensidade varia de pessoa para pessoa → cerca de 5 a 10% evolui para forma crônica da doença no fígado → cirrose e câncer. Métodos de diagnóstico • A infecção crônica pelo vírus B apresenta diagnóstico complexo, seja pela diversidade de marcadores seja pela grande capacidade de mutação do vírus. • Análises moleculares → identificação qualitativa (PCR) e quantitativa (PCR tempo real) • PCR convencional → sensível, rápido e direto → capaz de detectar entre 10 -100 cópias do vírus por mililitro de soro/plasma. • Preço Particular: R$ 165,00 Métodos de diagnóstico • A quantificação do DNA viral é importante no monitoramento dos pacientes submetidos a tratamento com drogas antivirais. • PCR tempo real → fornece uma análise direta da quantidade de vírus circulante → informações sobre a progressão da doença (risco de progressão para doença hepática terminal). • Critérios de rejeição: amostra colhida em heparina • Preço: R$237,66 • Particular: R$469,00 Hepatite C • Doença viral que leva à inflamação do fígado e raramente desperta sintomas. • Maioria das pessoas não sabe que tem hepatite C → descobre através de uma doação de sangue ou exames de rotina, ou quando aparecem os sintomas de doença avançada do fígado, o que geralmente acontece décadas depois. • Fundo Mundial para a Hepatite da Organização das Nações Unidas → cerca de 500 milhões de pessoas no mundo está infectada com os vírus para hepatite B e C → 5% delas sabem que tem a doença. • Brasil → 1,5 milhão de pessoas infectadas pela hepatite C →, 70% das hepatites crônicas e 40% dos casos de cirrose Métodos de diagnóstico • Tempo médio para desenvolvimento de anticorpos após a infecção pelo vírus da Hepatite C → 8 a 12 semanas. • Neste período → o paciente apresenta grande quantidade de vírus circulante → assintomático e capaz de transmiti-lo. • Detecção do RNA viral → “padrão ouro” entre os métodos existente de identificação do HCV →permite a identificação do vírus 1 a 2 semanas após a infecção (janela imunológica). • Diagnóstico qualitativo → RT-PCR (reverse transcription) → necessário sintetizar uma fita de DNA complementar (cDNA) • Preço Particular: R$ 238,00 Métodos de diagnóstico • PCR em tempo real → RT-qPCR • Relevância clínica limitada para o prognóstico; • O HCV-RNA quantitativo → útil na determinação da probabilidade de resposta a tratamento antiviral. • Investigações recentes demonstraram que diminuições precoces (dentro de 2-12 semanas) dos níveis de RNA do HCV após o início do tratamento são altamente indicadores do resultado eficiente da terapia. • Preço: R$ 362,44 • Particular: R$399,00 Meningite bacteriana • Infecção severa do sistema nervoso central (SNC) e constitui uma das principais emergências médicas. • A infecção ocorre dentro do espaço subaracnoideo, e os sintomas mais comuns incluem a cefaleia, vômitos, febre, rigidez de nuca, sonolência e enjoos. • Consiste basicamente na inflamação das meninges e pode ser causada por agentes virais, fungos ou bactérias. • Meningite bacteriana (piogênica) → compromete o sistema nervoso e pode causar graves sequelas. Meningite bacteriana • Devido à gravidade dos casos → diagnóstico precoce → fundamental para o tratamento, a fim de se evitarem sequelas neurológicas e, nos casos mais graves, a evolução ao óbito do paciente. • Meningitebacteriana → problema de saúde pública → países em desenvolvimento. • Cerca de 5% a 40% das crianças ainda morrem → idade do paciente e do patógeno envolvido. • Sequelas neurológicas → ocorrem em 5% a 30% dos sobreviventes → retardo no estabelecimento do diagnóstico e no início do tratamento antimicrobiano eficaz. Métodos de diagnóstico • Streptococcus pneumoniae (pneumococo) • Neisseria meningitidis • Haemophilus influenzae • Listeria monocytogenes • Amostra: Líquor – colhido por punção lombar • Meningite bacteriana – aspecto purulento ou turvo PCR convencional PCR multiplex: • Streptococcus pneumoniae (pneumococo) • Neisseria meningitidis • Haemophilus influenzae Infertilidade • DST’s → são um grupo de doenças infecciosas responsáveis por 25% das causas de infertilidade – 15% para as mulheres e 10% para os homens. • Clamydia trachomatis • Neisseria gonorrhoeae • Ureaplasma urealyticum • Micoplasma genitalis • Micoplasma hominis • Clamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae → Infecções assintomáticas: 50% dos homens e 70 % das mulheres : • não detectada; • não tratada • não reportada Impacto no sistema reprodutivo feminino •25% infecções não tratadas levam à DIP •20% casos de DIP infertilidade •18% dor pélvica persistente •9% gravidez ectópica Métodos de diagnóstico • PCR qualitativo para cada microrganismo. • PCR Multiplex → capaz de detectar, em uma única reação, a maioria das bactérias associadas às infecções do trato genital: C. trachomatis, N.gonorrhoea, M.hominis, M. genitalis e U.urealyticum. É de grande valia no diagnóstico diferencial das uretrites, cervicites. • Amostra: urina 1º jato da manhã, secreção uretral, vaginal e endocervical • Preço: R$114,00 • Particular: R$ 350,00 ARTIGO Métodos convencionais e moleculares para o diagnóstico da tuberculose pulmonar: um estudo comparativo J Bras Pneumol. 2008;34(12):1056-1062 Mycobacterium tuberculosis • Bacilos aeróbios estritos • Parede celular rica em lipídios: Álcool-ácido-resistentes (Baar) Crescimento lento – tempo de geração de (15 a 20h) Resistentes à ação de detergentes e a antibióticos Incidência mundial da tuberculose (em 2008) Brasil: • 35 - 45 milhões de pessoas estão infectadas; • Cerca de 100 mil casos novos a cada ano; • 4 – 5 mil mortes ocorrem anualmente; • Últimos anos, o MS passou a considerar a TB como problema prioritário no Brasil . Perguntas • Qual a relevância do tempo para diagnosticar a doença? • Foi observado cultura positivo e PCR negativo, porque isso pode ter acontecido? • O PCR pode ser usado para o acompanhamento do tratamento? • Quais são as vantagens e desvantagens do uso do PCR para identificação da tuberculose? Técnicas de diagnóstico molecular, geralmente caras, não devem ser usadas no lugar de técnicas convencionais que são reconhecidamente rápidas, sensíveis, reprodutíveis e que possuem um alta relação custo benefício. A decisão por um diagnóstico molecular deve levar em consideração principalmente o impacto da nova técnica na prática clínica e a economia de gastos associados à intervenção e para o paciente. A detecção rápida de S. aureus ou M. tuberculosis multirresistente pode resultar em um isolamento mais rápido do paciente, terapia mais apropriada e diminuição da infecciosidade do paciente. Contenção do espalhamento da infecção diminuição do tempo de morbidade do paciente custo-benefício da utilização de técnicas moleculares para diagnóstico + = • Apesar de toda rapidez e sensibilidade, o diagnóstico molecular não pode substituir os métodos culturais e sorológicos convencionais em todos os momentos. • Os resultados do diagnóstico molecular e dos métodos culturais e sorológicos têm significado diferente. A detecção ou amplificação de ácidos nucléicos determinam se existe DNA ou RNA de um organismo particular em uma amostra biológica Não revela dados sobre a viabilidade do organismo Não diz se um microrganismo está envolvido em um processo infeccioso Permite avaliar a clonalidade dos diferentes organismos e permite avaliação de surtos e geração de conhecimento epidemiológico Contato: Juliana A. Resende ju.alves.resende@gmail.com