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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 Rodrigo da Cunha Lima Freire Instagram: @ProfRodrigodaCunha Facebook e Youtube: Rodrigo da Cunha Lima Freire PILARES DO CPC DE 2015 CONTRADITÓRIO SUBSTANCIAL BOA-FÉ OBJETIVA COOPERAÇÃO EFETIVIDADE RESPEITO AO AUTORREGRAMENTO DA VONTADE 1. CONTRADITÓRIO SUBSTANCIAL Art. 5º. LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditó- rio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; CPC Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processu- ais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. CONTRADITÓRIO FORMAL: BINÔMIO INFORMAÇÃO E REAÇÃO Informação: ciência bilateral de todos os termos e atos do processo Reação: possibilidade de reagir contra os atos considerados prejudiciais CONTRADITÓRIO SUBSTANCIAL: BINÔMIO INFLUÊNCIA E NÃO SURPRESA Influência: poder das partes de participarem ativamente, influenciando o resultado do processo; Não surpresa: o juiz não pode decidir sem submeter a matéria ao prévio debate. Consequências do Contraditório Substancial 1.1. Não se pode decidir contra alguém sem que a pessoa seja previamente ouvida CPC Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701. Contraditório e tutela de evidência do art. 311 do CPC Art. 9o Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; www.cers.com.br 3 Art. 311. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. Não é possível tutela de evidência liminar Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. É possível Tutela de Evidência Liminar Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamen- to de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa Primeira Turma do STJ “PROCESSUAL CIVIL. SESSÃO DE JULGAMENTO. PEDIDO DE PREFERÊNCIA. VOTO-VISTA. PROCLAMA- ÇÃO DE ADIAMENTO. POSTERIOR RETOMADA E PROCLAMAÇÃO DO RESULTADO FINAL NA MESMA AS- SENTADA. NULIDADE. 1. O Novo Código de Processo Civil trouxe várias inovações, entre elas um sistema cooperativo processual – nor- teado pelo princípio da boa-fé objetiva –, no qual todos os sujeitos (juízes, partes e seus advogados) possuem responsabilidades na construção do resultado final do litígio, sendo certo que praticamente todos os processos devem ser pautados, inclusive aqueles com pedido de vista que não forem levados a julgamento na sessão sub- sequente, nos termos do art. 940, §§ 1º e 2º, do CPC/2015. 2. O objetivo de tais mudanças é dar maior transparência aos atos processuais, garantindo a todos o direito de participação na construção da prestação jurisdicional, a fim de evitar a surpresa na formação das decisões (princí- pio da não surpresa) 3. Os princípios da cooperação e da boa-fé objetiva devem ser observados pelas partes, pelos respectivos advo- gados e pelos julgadores. 4. É dever do Órgão colegiado, a partir do momento em que decide adiar o julgamento de um processo, respeitar o ato de postergação, submetendo o feito aos regramentos previstos no CPC/2015. 5. Hipótese em que há nulidade no prosseguimento do julgamento, pois, com a informação prestada aos advoga- dos de que a apresentação daquele feito seria adiada - o que provocou a saída dos patronos do plenário da Pri- meira Turma -, tornou-se sem efeito a intimação para aquela assentada. 6. Recurso provido para anular o julgamento dos agravos regimentais realizado na sessão do dia 19/04/2016.” (STJ – Primeira Turma, EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.394.902, rel. Min. Gurgel de Faria, J. 4.10.2016). 1.2. O juiz tem o dever de consultar previamente às partes sobre qualquer fundamento de decisão, até mesmo quando se tratar de matéria cognoscível de ofício CPC Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. www.cers.com.br 4 Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. § 1o Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes se manifestem especificamente. § 2o Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que toma- rá as providências previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos julgadores. CJF 60: É direito das partes a manifestação por escrito, no prazo de cinco dias, sobre fato superveniente ou ques- tão de ofício na hipótese do art. 933, § 1º, do CPC, ressalvada a concordância expressa com a forma oral em ses- são. FPPC 595: (art. 933, §1º) No curso do julgamento, o advogado poderá pedir a palavra, pela ordem, para indicar que determinada questão suscitada na sessão não foi submetida ao prévio contraditório, requerendo a aplicação do §1º do art. 933. Segunda Turma do STJ PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. JULGAMENTO SECUNDUM EVENTUM PROBATIONIS. APLICAÇÃO DO ART. 10 DO CPC/2015. PROIBIÇÃO DE DECISÃO SURPRESA. VIOLAÇÃO. NULIDADE. 1. Acórdão do TRF da 4ª Região extinguiu o processo sem julgamento do mérito por insuficiência de provas sem que o fundamento adotado tenha sido previamente debatido pelas partes ou objeto de contraditório preventivo. 2. O art. 10 do CPC/2015 estabelece que o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fun- damento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 3. Trata-se de proibição da chamada decisão surpresa, também conhecida como decisão de terceira via, contra julgado que rompe com o modelo de processo cooperativo instituído pelo Código de 2015 para trazer questãoaventada pelo juízo e não ventilada nem pelo autor nem pelo réu. 4. A partir do CPC/2015 mostra-se vedada decisão que inova o litígio e adota fundamento de fato ou de direito sem anterior oportunização de contraditório prévio, mesmo nas matérias de ordem pública que dispensam provo- cação das partes. Somente argumentos e fundamentos submetidos à manifestação precedente das partes podem ser aplicados pelo julgador, devendo este intimar os interessados para que se pronunciem previamente sobre questão não debatida que pode eventualmente ser objeto de deliberação judicial. 5. O novo sistema processual impôs aos julgadores e partes um procedimento permanentemente interacional, dialético e dialógico, em que a colaboração dos sujeitos processuais na formação da decisão jurisdicional é a pe- dra de toque do novo CPC. 6. A proibição de decisão surpresa, com obediência ao princípio do contraditório, assegura às partes o direito de serem ouvidas de maneira antecipada sobre todas as questões relevantes do processo, ainda que passíveis de conhecimento de ofício pelo magistrado. O contraditório se manifesta pela bilateralidade do binômio ciên- cia/influência. Um sem o outro esvazia o princípio. A inovação do art. 10 do CPC/2015 está em tornar objetiva- mente obrigatória a intimação das partes para que se manifestem previamente à decisão judicial. E a consequên- cia da inobservância do dispositivo é a nulidade da decisão surpresa, ou decisão de terceira via, na medida em que fere a característica fundamental do novo modelo de processualística pautado na colaboração entre as partes e no diálogo com o julgador. 7. O processo judicial contemporâneo não se faz com protagonismos e protagonistas, mas com equilíbrio na atua- ção das partes e do juiz de forma a que o feito seja conduzido cooperativamente pelos sujeitos processuais princi- pais. A cooperação processual, cujo dever de consulta é uma das suas manifestações, é traço característico do CPC/2015. Encontra-se refletida no art. 10, bem como em diversos outros dispositivos espraiados pelo Código. 8. Em atenção à moderna concepção de cooperação processual, as partes têm o direito à legítima confiança de que o resultado do processo será alcançado mediante fundamento previamente conhecido e debatido por elas. Haverá afronta à colaboração e ao necessário diálogo no processo, com violação ao dever judicial de consulta e www.cers.com.br 5 contraditório, se omitida às partes a possibilidade de se pronunciarem anteriormente "sobre tudo que pode servir de ponto de apoio para a decisão da causa, inclusive quanto àquelas questões que o juiz pode apreciar de ofício" (MARIONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo código de processo civil comen- tado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 209). 9. Não se ignora que a aplicação desse novo paradigma decisório enfrenta resistências e causa desconforto nos operadores acostumados à sistemática anterior. Nenhuma dúvida, todavia, quanto à responsabilidade dos tribu- nais em assegurar-lhe efetividade não só como mecanismo de aperfeiçoamento da jurisdição, como de democra- tização do processo e de legitimação decisória. 10. Cabe ao magistrado ser sensível às circunstâncias do caso concreto e, prevendo a possibilidade de utilização de fundamento não debatido, permitir a manifestação das partes antes da decisão judicial, sob pena de violação ao art. 10 do CPC/2015 e a todo o plexo estruturante do sistema processual cooperativo. Tal necessidade de abrir oitiva das partes previamente à prolação da decisão judicial, mesmo quando passível de atuação de ofício, não é nova no direito processual brasileiro. Colhem-se exemplos no art. 40, §4º, da LEF, e nos Embargos de Declaração com efeitos infringentes. 11. Nada há de heterodoxo ou atípico no contraditório dinâmico e preventivo exigido pelo CPC/2015. Na eventual hipótese de adoção de fundamento ignorado e imprevisível, a decisão judicial não pode se dar com preterição da ciência prévia das partes. A negativa de efetividade ao art. 10 c/c art. 933 do CPC/2015 implica error in proceden- do e nulidade do julgado, devendo a intimação antecedente ser procedida na instância de origem para permitir a participação dos titulares do direito discutido em juízo na formação do convencimento do julgador e, principalmen- te, assegurar a necessária correlação ou congruência entre o âmbito do diálogo desenvolvido pelos sujeitos pro- cessuais e o conteúdo da decisão prolatada. 12. In casu, o Acórdão recorrido decidiu o recurso de apelação da autora mediante fundamento original não cogi- tado, explícita ou implicitamente, pelas partes. Resolveu o Tribunal de origem contrariar a sentença monocrática e julgar extinto o processo sem resolução de mérito por insuficiência de prova, sem que as partes tenham tido a oportunidade de exercitar sua influência na formação da convicção do julgador. Por tratar-se de resultado que não está previsto objetivamente no ordenamento jurídico nacional, e refoge ao desdobramento natural da controvérsia, considera-se insuscetível de pronunciamento com desatenção à regra da proibição da decisão surpresa, posto não terem as partes obrigação de prevê-lo ou advinha-lo. Deve o julgado ser anulado, com retorno dos autos à instância anterior para intimação das partes a se manifestarem sobre a possibilidade aventada pelo juízo no prazo de 5 (cinco) dias. 13. Corrobora a pertinência da solução ora dada ao caso o fato de a resistência de mérito posta no Recurso Es- pecial ser relevante e guardar potencial capacidade de alterar o julgamento prolatado. A despeito da analogia realizada no julgado recorrido com precedente da Corte Especial do STJ proferido sob o rito de recurso represen- tativo de controvérsia (REsp 1.352.721/SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ de 28/4/2016), a extensão e o alcance da decisão utilizada como paradigma para além das circunstâncias ali analisa- das e para "todas as hipóteses em que se rejeita a pretensão a benefício previdenciário em decorrência de ausên- cia ou insuficiência de lastro probatório" recomenda cautela. A identidade e aplicabilidade automática do referido julgado a situações outras que não aquelas diretamente enfrentadas no caso apreciado, como ocorre com a con- trovérsia em liça, merece debate oportuno e circunstanciado como exigência da cooperação processual e da con- fiança legítima em um julgamento sem surpresas. 14. A ampliação demasiada das hipóteses de retirada da autoridade da coisa julgada fora dos casos expressa- mente previstos pelo legislador pode acarretar insegurança jurídica e risco de decisões contraditórias. O sistema processual pátrio prevê a chamada coisa julgada secundum eventum probationis apenas para situações bastante específicas e em processos de natureza coletiva. Cuida-se de técnica adotada com parcimônia pelo legislador nos casos de ação popular (art. 18 da Lei 4.717/1965) e de Ação Civil Pública (art. 16 da Lei 7.347/1985 e art. 103, I, CDC). Mesmo nesses casos com expressa previsão normativa, não se está a tratar de extinção do processo sem julgamento do mérito, mas de pedido julgado "improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova" (art. 16, ACP). 15. A diferença é significativa, pois, no caso de a ação coletiva ter sido julgada improcedente por deficiência de prova, a própria lei que relativiza a eficácia da coisa julgada torna imutável e indiscutível a sentença no limite das provas produzidas nos autos. Não impede que outros legitimados intentem nova ação com idêntico fundamento, mas exige prova nova para admissibilidade initio litis da demanda coletiva. 16. Não é o que se passa nas demandas individuais decidas sem resolução da lide e, por isso, não acobertadas pela eficácia imutável daautoridade da coisa julgada material em nenhuma extensão. A extinção do processo sem julgamento do mérito opera coisa julgada meramente formal e torna inalterável o decisum sob a ótica estritamente endoprocessual. Não obsta que o autor intente nova ação com as mesmas partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir, inclusive com o mesmo conjunto probatório, e ainda assim receba decisão díspar da prolatada no processo anterior. A jurisdição passa a ser loteria em favor de uma das partes em detrimento da outra, sem meca- nismos legais de controle eficiente. Por isso, a solução objeto do julgamento proferido pela Corte Especial do STJ www.cers.com.br 6 no REsp 1.352.721/SP recomenda interpretação comedida, de forma a não ampliar em demasia as causas sujei- tas à instabilidade extraprocessual da preclusão máxima. 17. Por derradeiro, o retorno dos autos à origem para adequação do procedimento à legislação federal tida por violada, sem ingresso no mérito por esta Corte com supressão ou sobreposição de instância, é medida que se impõe não apenas por tecnicismo procedimental, mas também pelo efeito pedagógico da observância fiel do devi- do processo legal, de modo a conformar o direito do recorrente e o dever do julgador às novas e boas práticas estabelecidas no Digesto Processual de 2015. 18. Recurso Especial provido. (STJ – Segunda Turma, REsp 1676027 / PR, rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, DJe 11/10/2017). Algumas Observações a) O juiz não pode deixar de ouvir previamente a parte porque acredita que a manifestação desta não poderá in- fluenciar o resultado do julgamento. ENFAM 3: É desnecessário ouvir as partes quando a manifestação não puder influenciar na solução da causa. b) O dever de consulta abrange as matérias de ordem pública (v.g., incompetência absoluta); ENFAM 4: Na declaração de incompetência absoluta não se aplica o disposto no art. 10, parte final, do CPC/2015. c) O dever de consulta abrange os fundamentos de fato e DE DIREITO; ENFAM 1: Entende-se por “fundamento” referido no art. 10 do CPC/2015 o substrato fático que orienta o pedido, e não o enquadramento jurídico atribuído pelas partes. d) A parte não é obrigada a apresentar fundamentação legal, mas para decidir com fundamento em texto normati- vo diverso, é preciso consultar as partes. FPPC 282: (arts. 319, III e 343) Para julgar com base em enquadramento normativo diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe observar o dever de consulta, previsto no art. 10. ENFAM 6: Não constitui julgamento surpresa o lastreado em fundamentos jurídicos, ainda que diversos dos apre- sentados pelas partes, desde que embasados em provas submetidas ao contraditório. Quarta Turma do STJ “O "fundamento" ao qual se refere o art. 10 do CPC/2015 é o fundamento jurídico - circunstância de fato qualifica- da pelo direito, em que se baseia a pretensão ou a defesa, ou que possa ter influência no julgamento, mesmo que superveniente ao ajuizamento da ação - não se confundindo com o fundamento legal (dispositivo de lei regente da matéria). A aplicação do princípio da não surpresa não impõe, portanto, ao julgador que informe previamente às partes quais os dispositivos legais passíveis de aplicação para o exame da causa. O conhecimento geral da lei é presunção jure et de jure.” (STJ – Quarta Turma, EDcl nos EREsp 1280825, rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI, j. 27.6.2017) Questão 01. Assinale a alternativa correta: A) A garantia do contraditório participativo impede que se profira decisão ou se conceda tutela antecipada contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida (decisão surpresa) E) Será possível, em qualquer grau de jurisdição, a prolação de decisão sem que se dê às partes oportunidade de se manifestar, se for matéria da qual o juiz deva decidir de ofício 1.3. Ao aplicar o precedente, o juiz deve submetê-lo ao debate prévio CPC Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; www.cers.com.br 7 III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julga- mento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. § 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com funda- mento neste artigo. 1.4. A prova emprestada deve ser precedida do contraditório CPC Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que con- siderar adequado, observado o contraditório. CJF 30: É admissível a prova emprestada, ainda que não haja identidade de partes, nos termos do art. 372 do CPC. FPPC 52: “Para a utilização da prova emprestada, faz-se necessária a observância do contraditório no processo de origem, assim como no processo de destino, considerando-se que, neste último, a prova mantenha a sua natu- reza originária”. 1.5. A desconsideração de personalidade jurídica deve ser precedida do contraditório Antes do CPC de 2015 “Nos termos da jurisprudência consolidada desta Corte, sendo a desconsideração da personalidade jurídica um incidente processual o qual pode ser deferido nos próprios autos, faz-se desnecessária a prévia citação dos só- cios da pessoa jurídica cuja personalidade foi superada, visto que plenamente cabível e suficiente para perfectibi- lizar o contraditório a apresentação da defesa posteriormente, de forma diferida.” (STJ – Quarta Turma, AgInt no AREsp 918295 / SP, rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, DJe 21/10/2016) CPC Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 1.6. Na fundamentação da sentença, o juiz é obrigado a enfrentar todos os argumentos da parte vencida CPC Art. 489. “§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:” IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adota- da pelo julgador; Questão 02. Considerando o sistema e as normas específicas do Novo Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 13.105/2015, assinale a alternativa correta. D) Basta ao juiz explicitar as justificativas que conduziram à conclusão exposta no dispositivo da sentença, não lhe sendo necessário rebater de forma específica os fundamentos contrários a essa conclusão deduzidos pelas partes. www.cers.com.br 8 1.7. O juiz precisará ouvir o réu em quinze dias, ou prazo maior, quando este concordar com a alteração da causa de pedir ou do pedido NCPC Art. 329. O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, asse- gurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facul- tado o requerimento de prova suplementar. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir. 1.8. O recorrente deverá ser ouvido em cinco dias para adaptar as razões quando houver fungibilidade entre os embargos de declaração e o agravo interno CPC Art. 1.024. § 3o O órgão julgador conhecerá dos embargosde declaração como agravo interno se entender ser este o recur- so cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, comple- mentar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o. 2. BOA-FÉ OBJETIVA CPC Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. Condutas CORRETAS, LEAIS e COERENTES de TODOS os sujeitos do processo. Art. 322. § 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. NCPC Art. 489. § 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformida- de com o princípio da boa-fé. CONCRETIZAÇÕES DA BOA-FÉ Nemo potest venire contra factum proprium Supressio Tu quoque 2.1. Nemo potest venire contra factum proprium ou proibição ao comportamento contraditório, à conduta incoeren- te. 2.2. Supressio ou “perda de poderes processuais em razão do seu não exercício por tempo suficiente para incutir no outro sujeito a confiança legítima de que esse poder não mais seria exercido. NULIDADE DE ALGIBEIRA Nesse sentido, o STJ possui diversos julgados inadmitindo a chamada “nulidade de algibeira,” quando a matéria é propositadamente omitida para ser utilizada convenientemente em momento posterior. Ex. demora excessiva para www.cers.com.br 9 a arguição de uma nulidade processual ou para o exercício, pelo juiz, do poder de controlar a admissibilidade do processo.” 2.3. Tu quoque (origem: “Tu quoque, Brutus, fili mi!”) ou proibição ao comportamento surpreendente ou inovador, que rompe a legítima confiança, deixando a parte em situação de desvantagem. Ex. a distribuição do ônus da prova na sentença ou no âmbito recursal. ALGUNS JULGADOS DO STJ SOBRE AS CONCRETIZAÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA NO PROCESSO CIVIL Primeira Turma do STJ “PROCESSUAL CIVIL. SESSÃO DE JULGAMENTO. PEDIDO DE PREFERÊNCIA. VOTO-VISTA. PROCLAMA- ÇÃO DE ADIAMENTO. POSTERIOR RETOMADA E PROCLAMAÇÃO DO RESULTADO FINAL NA MESMA AS- SENTADA. NULIDADE. 1. O Novo Código de Processo Civil trouxe várias inovações, entre elas um sistema cooperativo processual – nor- teado pelo princípio da boa-fé objetiva –, no qual todos os sujeitos (juízes, partes e seus advogados) possuem responsabilidades na construção do resultado final do litígio, sendo certo que praticamente todos os processos devem ser pautados, inclusive aqueles com pedido de vista que não forem levados a julgamento na sessão sub- sequente, nos termos do art. 940, §§ 1º e 2º, do CPC/2015. 2. O objetivo de tais mudanças é dar maior transparência aos atos processuais, garantindo a todos o direito de participação na construção da prestação jurisdicional, a fim de evitar a surpresa na formação das decisões (princí- pio da não surpresa) 3. Os princípios da cooperação e da boa-fé objetiva devem ser observados pelas partes, pelos respectivos advo- gados e pelos julgadores. 4. É dever do Órgão colegiado, a partir do momento em que decide adiar o julgamento de um processo, respeitar o ato de postergação, submetendo o feito aos regramentos previstos no CPC/2015. 5. Hipótese em que há nulidade no prosseguimento do julgamento, pois, com a informação prestada aos advoga- dos de que a apresentação daquele feito seria adiada – o que provocou a saída dos patronos do plenário da Pri- meira Turma –, tornou-se sem efeito a intimação para aquela assentada. 6. Recurso provido para anular o julgamento dos agravos regimentais realizado na sessão do dia 19/04/2016.” (STJ – Primeira Turma, EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.394.902, rel. Min. Gurgel de Faria, J. 4.10.2016). Terceira Turma do STJ “Não se deve desconstituir a penhora de imóvel sob o argumento de se tratar de bem de família na hipótese em que, mediante acordo homologado judicialmente, o executado tenha pactuado com o exequente a prorrogação do prazo para pagamento e a redução do valor de dívida que contraíra em benefício da família, oferecendo o imóvel em garantia e renunciando expressamente ao oferecimento de qualquer defesa, de modo que, descumprido o acordo, a execução prosseguiria com a avaliação e praça do imóvel. De fato, a jurisprudência do STJ inclinou-se no sentido de que o bem de família é impenhorável, mesmo quando indicado à constrição pelo devedor. No entanto, o caso em exame apresenta certas peculiaridades que torna váli- da a renúncia. Com efeito, no caso em análise, o executado agiu em descompasso com o princípio nemo venire contra factum proprium, adotando comportamento contraditório, num momento ofertando o bem à penhora e, no instante seguinte, arguindo a impenhorabilidade do mesmo bem, o que evidencia a ausência de boa-fé. Essa con- duta antiética deve ser coibida, sob pena de desprestígio do próprio Poder Judiciário, que validou o acordo cele- brado. Se, por um lado, é verdade que a Lei 8.009/1990 veio para proteger o núcleo familiar, resguardando-lhe a mora- dia, não é menos correto afirmar que aquele diploma legal não pretendeu estimular o comportamento dissimulado. Como se trata de acordo judicial celebrado nos próprios autos da execução, a garantia somente podia ser consti- tuída mediante formalização de penhora incidente sobre o bem. Nada impedia, no entanto, que houvesse a cele- bração do pacto por escritura pública, com a constituição de hipoteca sobre o imóvel e posterior juntada aos autos com vistas à homologação judicial. www.cers.com.br 10 Se tivesse ocorrido dessa forma, seria plenamente válida a penhora sobre o bem em razão da exceção à impe- nhorabilidade prevista no inciso V do art. 3º da Lei 8.009/1990, não existindo, portanto, nenhuma diferença subs- tancial entre um ato e outro no que interessa às partes. Acrescente-se, finalmente, que a decisão homologatória do acordo tornou preclusa a discussão da matéria, de forma que o mero inconformismo do devedor contra uma das cláusulas pactuadas, manifestado tempos depois, quando já novamente inadimplentes, não tem força suficiente para tornar ineficaz a avença. Dessa forma, não se pode permitir, em razão da boa-fé que deve reger as relações jurídicas, a desconstituição da penhora, sob pena de desprestígio do próprio Poder Judiciário.” REsp 1.461.301-MT, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/3/2015, DJe 23/3/2015. Quarta Turma do STJ “AGRAVO REGIMENTAL. NULIDADE. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA.. INOVAÇÃO RECURSAL. PROCESSO UTILIZADO COMO DIFUSOR DE ESTRATÉGIAS. IMPOSSIBILIDADE DO MANEJO DA CHAMADA "NULIDADE DE ALGIBEIRA". AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DO SEGURADO. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA.. CABIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A suposta nulidade absoluta somente foi trazida pela parte recorrente em agravo regimental, após provido o recurso especial da parte recorrida, constituindo inovação recursal. Prece- dentes. 2. "A alegação de que seriam matérias de ordem pública ou traduziriam nulidade absoluta não constitui fórmula mágica que obrigaria as Cortes a se manifestar acerca de temas que não foram oportunamente arguidos ou em relação aos quais o recurso não preenche os pressupostos de admissibilidade"(REsp 1439866/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 24/04/2014, DJe 6/5/2014). 3. "A jurisprudência do STJ, atenta à efetividade e à razoabilidade, tem repudiado o uso do processo como instrumento difusor de estratégias, vedando, assim, a utilização da chamada "nulidade de algibeira ou de bolso"" (EDcl no REsp 1424304/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 26/08/2014). 4. "A mera alegação de que o segurado se omitiu em informar enfermidade preexistente não é bastante para afastar o pagamento da indenização securitária se, no momento da contratação,a seguradora não exigiu atestados comprobatórios do estado do segurado nem constatou sua má-fé" (AgRg no AREsp 353.692/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 11/06/2015). 5. Agravo regi- mental não provido.” (STJ - Quarta Turma, AgRg na PET no AREsp 204145 / SP, rel. Ministro LUIS FELIPE SA- LOMÃO, DJe 29/06/2015). 3. COOPERAÇÃO CPC Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Todos os sujeitos devem cooperar para o resultado do processo. DEVERES DECORRENTES DA COOPERAÇÃO 3.1. Dever de lealdade processual: as partes e o juiz não podem agir de má-fé (v.g., arts. 80; 81; 142; 143); 3.2. Dever de esclarecimento: o juiz deve esclarecer seus próprios prounciamentos e, na mesma medida, pode exigir esclarecimentos das partes quanto as suas posições, alegações e pedidos (v.g., arts. 77, § 1º; 321, caput, parte final; e 379, I); 3.3. Dever de proteção: não se pode causar danos aos demais participantes do processo (v.g., arts. 77, VI; 448, I; 495, § 5º; 520, I e IV; 521, parágrafo único; 525, § 6º e 776); 3.4. Dever de prevenção: o juiz tem o dever de indicar as insuficiencias, os defeitos e as irregularidades das pos- tulações das partes, para que possam ser supridos, sanados ou superados (v.g., arts. 321 e 932, parágrafo único); 3.5. Dever de consulta: o juiz não pode resolver ou decidir questão ou matéria sobre a qual ainda não se pronun- ciou, sem a oitiva prévia das partes, ainda que a matéria seja cognoscível de ofício (v.g., arts. 10; 493, parágrafo único e 933). www.cers.com.br 11 DEVER DE ESCLARECIMENTO E EMENDA DA INICIAL CPC Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. QUESTÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO 03. Assinale a alternativa correta: C) O princípio da cooperação atinge somente as partes do processo que devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva 04. Considerando o sistema e as normas específicas do Novo Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 13.105/2015, assinale a alternativa correta. A) O juiz não poderá prestar auxílio a qualquer das partes, nem prevenir a extinção do processo por motivos me- ramente formais, pois, se assim o fizer, estará violando seu dever de imparcialidade. B) O juiz não está obrigado a oportunizar a manifestação prévia das partes em relação a questões de direito, ape- nas em relação às questões de fato que efetivamente integrem o mérito da causa. C) É lícito ao juiz, independentemente da fase em que se encontra o processo, pronunciar a prescrição ou a de- cadência sem a oitiva prévia das partes, por se cuidar de matéria que lhe é dado decidir de ofício. 4. EFETIVIDADE CF Art. 5º XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; CPC Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. EFETIVIDADE Razoável duração do processo Máxima coincidência Razoável duração do processo: art. 5º, LXXVIII da Constituição Federal ("a todos, no âmbito judicial e administra- tivo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”) Máxima coincidência: o processo deve dar a quem tem direito tudo aquilo e precisamente aquilo a que faz jus. “Il processo deve dare per quanto è possibile praticamente a chi ha un diritto tutto quello e proprio quello ch’egli ha diritto di conseguire”(Chiovenda) INSTRUMENTOS PARA A RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO a) representação por excesso de prazo, com a possível perda da competência do juízo em razão da demora (art. 235, CPC); b) mandado de segurança contra omissão judicial, cujo pedido será a cominação de ordem para que se profira a decisão; www.cers.com.br 12 c) se a demora injusta causa prejuízo, ação de reparação de danos contra o Estado, com possibilidade de ação regressiva contra o juiz; d) “não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não pode devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão” (alínea “e” ao inciso II do art. 93 da CF/88) MÁXIMA COINCIDÊNCIA: ADAPTAÇÃO DO PROCEDIMENTO As partes e o juiz devem se libertar de esquemas processuais pré-moldados para, conforme o caso, adaptarem as técnicas processuais adequadas aos diferentes perfis dos direitos materiais e aos sujeitos. NCPC Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: VI – dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessi- dades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular. ENFAM 35: Além das situações em que a flexibilização do procedimento é autorizada pelo art. 139, VI, do CPC/2015, pode o juiz, de ofício, preservada a previsibilidade do rito, adaptá-lo às especificidades da causa, ob- servadas as garantias fundamentais do processo. NCPC Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para asse- gurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; ENFAM 48: O art. 139, IV, do CPC/2015 traduz um poder geral de efetivação, permitindo a aplicação de medidas atípicas para garantir o cumprimento de qualquer ordem judicial, inclusive no âmbito do cumprimento de sentença e no processo de execução baseado em títulos extrajudiciais. 5. RESPEITO AO AUTORREGRAMENTO DA VONTADE Direito que qualquer pessoa tem de regular juridicamente seus interesses, ou seja, de fazer suas próprias es- colhas (negociar, criar, estipular, se vincular etc.) CLÁUSULA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL CPC Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. NEGÓCIOS TÍPICOS E ATÍPICOS Exemplos de negócios processuais típicos: eleição de foro; calendário processual; suspensão do processo; modi- ficação do réu; escolha consensual do perito; convenção sobre o ônus da prova etc. Exemplos de negócios processuais atípicos: pacto de impenhorabilidade; pacto para não se executar provisoria- mente; pacto de exclusão da caução em execução provisória; pacto de mediação obrigatória ou de exclusão da mediação; legitimação extraordinária ativa e litisconsórcio necessário negociais etc. www.cers.com.br 13 VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL FPPC 403: (art. 190;art. 104, Código Civil) A validade do negócio jurídico processual, requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. DIRETRIZES PARA A VALIDADE DO OBJETO a) não pode afrontar os direitos e as garantias fundamentais do processo ou do devido processo legal b) não pode afastar os deveres inerentes aos princípios da boa-fé e da cooperação; c) não pode alterar normas cogentes (imperativas, impositivas ou proibitivas) d) não pode ser celebrado em processo cuja solução não possa se dar por autocomposição e) não pode versar sobre matéria de reserva legal NEGÓCIO PROCESSUAL E FAZENDA PÚBLICA CJF 17: A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos do art. 190 do CPC. HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL CPC Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imedia- tamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial. www.cers.com.br 14 GABARITO 01 B 02 B 03 B 04 E www.cers.com.br 15