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FACULDADE ESTÁCIO DO PARÁ CURSO ADMNISTRAÇÃO BACHARELADO ADÉLIA IBERNON FEITOSA SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE: UMA ANÁLISE DOS FATORES QUE CONTRIBUEM E DIFICULTAM A IMPLANTAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO. Um estudo de caso na GESFLORA. Belém / PA Dezembro / 2014 FACULDADE ESTÁCIO DO PARÁ CURSO ADMNISTRAÇÃO BACHARELADO ADÉLIA IBERNON FEITOSA SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE: UMA ANÁLISE DOS FATORES QUE CONTRIBUEM E DIFICULTAM SUA IMPLANTAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO. Um estudo de caso na GESFLORA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da Faculdade do Pará – ESTÁCIO/FAP para obtenção do título de Bacharel em Administração. Área de Concentração: Gestão da Qualidade Orientador: Prof. Klêner Kleni Costa Bryto Belém / PA Dezembro / 2014 RESUMO A sociedade está mais exigente e atenta à qualidade dos serviços a ela oferecidos, sejam eles prestados pela iniciativa privada ou pelo Estado. É um processo que exige planejamento, controle e avaliação contínua, e envolve mudanças organizacionais e culturais. O presente estudo tem o objetivo de identificar e analisar os pontos mais relevantes, que podem possibilitar, ou mesmo, dificultar, a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ no serviço público. E para consecução do mesmo, além do referencial teórico, foi abordada a opinião do público usuário e dos servidores da Gerência de Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais – GESFLORA. Dificultam à implantação, as características próprias do serviço público, porque a essência de suas atividades não tem finalidade lucrativa, mas social; e a cultura organizacional, porque é muito difícil fazer com que gestores e servidores em geral, compreendam que a qualidade não é apenas uma técnica de mobilização para o bom atendimento, mas um estilo de gestão. O conceito e os princípios que regem o serviço público são os principais fatores que não só possibilitam, mas que determinam legalmente, de forma implícita, a existência da eficiência e da eficácia na gestão de todos os tipos de prestação de serviço público. Palavras Chaves: Sistema de Gestão da Qualidade. Serviço público. Eficiência. ABSTRACT Society is demanding and attentive to the quality of services offered to it, whether provided by the private sector or the state. It is a process that requires planning, control and continuous assessment, and involves organizational and cultural changes. This study aims to identify and analyze the most relevant points, which can allow, or even hinder the implementation of a Quality Management System - QMS in public service. And to accomplish that, besides the theoretical framework, addressed the opinion of the user public and servers Trading System Management and Transport of Forest Products - GESFLORA. Hamper the deployment, specific characteristics of public service, because the essence of its activities has non-profit purpose, but social; and the organizational culture, because it is very difficult to get managers and staff in general, understand that quality is not just a mobilization technique for good service, but a management style. The concept and principles governing public service are the main factors that not only possible, but that determine legally, implicitly, the existence of efficiency and effectiveness in the management of all types of public service. Key words: Quality Management System. Public service. Efficiency. 3 1 INTRODUÇÃO Devido a evolução tecnológica e a globalização de tudo que se produz, inclusive o conhecimento e a informação, a qualidade deixou de ser um atributo específico dos bens tangíveis, passando também a ser exigida nas prestações de serviços. Por essa razão é que muitos conceitos, técnicas e ferramentas desenvolvidas com o propósito de gerar qualidade tanto para os processos produtivos como para os produtos em si, foram adaptados para a aplicação, também, dos processos referente a prestação de serviços. Encontra-se facilmente em publicações de revistas e site especializados, exemplos bem sucedidos de organizações da iniciativa privada, que utilizam algum tipo de sistema voltado para gestão da qualidade, e que por isso, aumentam seus resultados financeiros e econômicos, destacando-se no mercado. Este fenômeno, no entanto, é raro quando se trata da Administração Pública, apesar, de alguns bons exemplos que até se inscrevem na categoria “Administração Pública”, da Fundação Prêmio Nacional da Qualidade – FNPQ. O que normalmente ocorre é que nem mesmo os princípios e/ou ferramentas de gestão da qualidade são utilizadas, para melhorar o desempenho produtivo e a imagem da instituição junto à opinião pública. E muito provavelmente pela falta, ou mesmo por conta de gestões pouco comprometidas com os resultados, existem muitas reclamações relativas à prestação de serviços realizados pelos mais diversos órgãos do setor público, sejam eles de serviços essenciais e generalizados – saúde, educação, segurança, ou de caráter mais individual e específico – licenças, alvará, certidões. É importante observar que os serviços oferecidos pelos órgãos públicos, possuem características próprias e são regidos por princípios prescritos na Lei, e, por conta destas especificidades é imprescindível, que as instituições ofereçam um serviço de qualidade para satisfação das necessidades do usuário. Para tanto é necessário planejamento, controle e avaliação dos serviços por elas oferecidos, primeiro, para evitar custos desnecessários com estruturas e recursos, e segundo, para agregar valor aos serviços, e assim, atender aos princípios que regem as atividades do serviço público. Com base no contexto apresentado surgem várias questões que precisam ser discutidas, tratadas e resolvidas, no entanto este artigo tem como foco principal o seguinte questionamento: Quais as possibilidades e dificuldades para implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) no serviço público? O presente estudo tem como objetivo geral, identificar e analisar os pontos mais relevantes, que podem possibilitar, ou mesmo, dificultar, a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ no serviço público. Para consecução do objetivo geral foram observados e analisados os seguintes itens, a título de objetivos específicos: a) Abordar os fundamentos conceituais da qualidade, e os princípios básicos para implantação e avaliação do Sistema de Gestão da Qualidade; b) Apresentar o conceito, as características e os princípios relativos ao serviço público; c) Sintetizar a evolução do tema qualidade no serviço público; d) Conhecer e analisar a opinião dos servidores e do público usuário, sobre alguns tópicos relacionados com o objetivo deste estudo. Para melhor desenvolver o tema deste trabalho científico e responder ao questionamento central, utilizou-se o caso concreto da GESFLORA - Gerência de Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais, que é responsável 4 pela análise dos pedidos de cadastros de empreendimentos que desejam explorar comercialmente, atividades que envolvem a extração, industrialização, comercialização e transporte de produtos florestais. Além do aprofundamento teórico sobre os conceitos, fundamentos e princípios de gestão da qualidade total e, do serviço público, este estudo é relevante para demonstrar que uma gestão comprometida com a qualidade, assim como pode melhorar a performance das organizações que prestam serviço no setor privado, podem também gerar oportunidades de melhoria na prestação dos serviçosoferecidos pelo setor público, e assim dar cumprimento aos princípios legais que os regem. Para o embasamento teórico deste estudo acadêmico, foram utilizadas obras referente a Administração Pública dos autores: LIMA (2007); MADEIRA (2010) e CARVALHO FILHO (2007); e sobre Gestão da Qualidade, os autores: JURAN (1991); CROSBY (1990); PALADINI (2009); OLIVEIRA (2008) entre outros. Também foi utilizada a ISO 9000:2005. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Planejando e sistematizando a qualidade A definição de qualidade tanto pode ser objetiva quanto subjetiva, dependendo do ponto de vista dos especialistas da área de gestão da qualidade. Para uns a qualidade está diretamente ligada às características do próprio produto (bens ou serviços), portanto é uma definição objetiva; para outros que se baseiam no usuário ou nos processos produtivos, ou seja, no planejamento, controle e avaliação dos processos e dos custos operacionais, o ponto de vista é subjetivo. Mas todos são unânimes em definir o porquê de cuidar da qualidade: a satisfação do cliente. Crosby (1990) diz que a qualidade é a conformidade às especificações, e que prevenir não-conformidades é mais barato que corrigir ou refazer o trabalho. Segundo Juran (1995), a qualidade é ausência de deficiências, adequação ao uso das necessidades dos clientes internos e externos de uma empresa, ou seja, todos aqueles que são afetados pelos processos de produção e pelo produto. Nota-se que a perspectiva de Crosby está na produção, nos processos utilizados para obter o produto, pois deixa claro que a qualidade é antes de tudo obter um produto final de acordo com as especificações planejadas, e que é necessário planejar o que se quer, pré estabelecendo medidas corretivas para os eventuais problemas, que podem ocorrer durante o processo produtivo, de forma a não onerar o custo final do produto e evitar gastos consertando o que ficou fora dos padrões. Enquanto que Juran tem uma visão mais voltada para a satisfação e adequação ao uso do cliente, seja ele interno – todos que participam do processo produtivo, ou externo – o consumidor final. Segundo sua visão, a qualidade é tanto uma variável mensurável do produto (características) que deve obedecer a padrões pré-estabelecidos, como também uma variável subjetiva, ou seja, a qualidade está diretamente ligada à satisfação das necessidades e desejos dos usuários e dos consumidores finais. 5 Juran (1995) propõe também a trilogia da qualidade, Figura 01, composta por três pontos básicos e críticos que são o planejamento, o controle e o aperfeiçoamento da qualidade. Figura 01: A trilogia Juran Fonte: JURAN, Joseph M. (1995, p. 13) O planejamento consiste em estabelecer objetivos referentes ao grau de qualidade desejável, e desenvolver planos com metas específicas para consecução desses objetivos. O controle por sua vez diz respeito à avaliação do desempenho operacional atual, a comparação com os objetivos esperados e a correção das deficiências, de forma continuada. E o aperfeiçoamento refere-se a manter a rotina de planejamento e monitoramento de todos os processos produtivos para alcançar um nível melhor de qualidade que o atual. Verifica-se que o autor, quando se refere ao planejamento, dá ênfase a estratégia que a organização deve adotar através de seus planos e da determinação dos objetivos e metas a serem alcançados. E o controle diz respeito a monitoração, análise, correção e aperfeiçoamento dos processos que estão interligados, e que tem como consecução a apresentação de um produto sem defeitos ou serviços sem deficiências. Além de ser um princípio básico, é com base no que foi planejado que a organização vai efetuar o controle dos processos utilizados e avaliar os resultados obtidos, tanto que Juran (1995) acrescenta que é fundamental, ainda no planejamento, mensurar de forma quantitativa determinadas informações sobre o processo produtivo, a estrutura, as tecnologias e outros afins, de forma a instrumentar os métodos avaliativos do controle e do melhoramento da qualidade. A luz dessas orientações conclui-se que o planejamento e o controle são essenciais para que a implementação de um SGQ obtenha o êxito esperado, assim como, a participação de toda a organização, do nível estratégico até o nível operacional, pois, não basta investir recursos financeiros em consultorias e softwares, gastar tempo com levantamentos, e adequar estruturas e ferramentas se não houver comprometimento de todos para atingir os objetivos planejados. Estes primeiros fundamentos desenvolvidos e disseminados ao longo da evolução da gestão da qualidade, inspiram até hoje gestores visionários e entidades como a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que através de versões brasileiras das normas da ISO – International Organization Standardization, as NBR’ s, orientam e disciplinam a gestão da qualidade de forma abrangente, alcançando empresas da iniciativa privada, independente do porte ou da atividade fim, assim como, as organizações da iniciativa pública. A NBR ISO 9000:2000 e, sua edição revisada, a NBR ISO 9000:2005, trata do Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ, descrevendo os fundamentos e estabelecendo suas terminologias. 6 A NBR ISO 9000:2005 define Sistema de Gestão da Qualidade como sendo um conjunto de “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização, no que diz respeito à qualidade”. E também estabelece oito princípios básicos, que os gestores devem adotar como premissas: Foco no cliente, Liderança, Envolvimento das pessoas, Abordagem de processos, Abordagem sistêmica para a gestão, Melhoria contínua, Abordagem factual para tomada de decisões e Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores. O conhecimento e aplicação destes princípios, ainda no planejamento, são vitais para o desempenho de qualquer organização que de fato queira entregar valor aos seus clientes/usuários, e, no caso dos serviços públicos, para dar cumprimento aos princípios legais que os regem. Todos estão interligados, e embora não se possa destacar um ou outro princípio como mais importante ou essencial, devido ao objetivo deste estudo, será enfatizado o Foco no cliente, o Envolvimento das pessoas, a Abordagem de processos e a Abordagem sistêmica para a gestão. Sobre o foco no cliente, a ISO 9000:2005, esclarece: “Organizações dependem de seus clientes e, portanto, convém que entendam as necessidades atuais e futuras do cliente, os seus requisitos e procurem exceder as suas expectativas”. Sem dúvida alguma o objetivo de qualquer negócio é o lucro, mas a razão de ser de qualquer organização, privada ou pública, com ou sem fins lucrativos, é o cliente ou o usuário. Seja como comprador de um produto ou como contratante de um serviço, suas necessidades devem ser atendidas de forma satisfatória, suas expectativas devem ser superadas, ele deve ser bem informado, bem atendido. As queixas de um cliente insatisfeito podem afastar muitos outros, além de prejudicar a imagem da organização. Mas é importante conhecer, entender, reconhecer e avaliar as reclamações dos clientes e usuários, pois estas trazem oportunidades de melhoria. Com relação ao envolvimento das pessoas, a ISO 9000:2005, salienta que: “Pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização, e seu total envolvimento possibilita que as suas habilidades sejam usadas para o benefício da organização”. Como já visto, nos conceitos e fundamentos da qualidade, os clientes/usuários de uma organização podem ser internos e externos. E são os internos que primeiramente devem ter suas necessidade e expectativas satisfeitas, pois são eles que irão vender o produto, o serviço e a imagem da organização para os clientes externos, e como poderão fazê-lo bem, se eles próprios tiverem restrições sobreo produto ou serviço, ou mesmo a forma como a organização o vê? É preciso valorizar cada profissional pelo que ele representa no processo produtivo, escutar e estudar suas sugestões e até mesmo suas reclamações, proporcionar treinamentos, especialização, recompensas. Referindo-se a abordagem de processos, a ISO 9000:2005, ressalta que: “Um resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados são gerenciados como um processo”. Oliveira (2006, p. 143) define processos como um “conjunto de ações ordenadas e integradas para um fim produtivo específico, ao final do qual serão gerados produtos e/ou serviços e/ou informações”. E com base nas diretrizes sobre Gestão de Sistema propostos pelo Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, o autor, também relaciona os procedimentos que os gestores devem adotar ao fazer a abordagem dos processos em uma organização, são eles: Identificar os diversos processos empresariais, ou seja, traduzir o negócio em processos; Visualizar e entender as interações com os agentes envolvidos; Definir indicadores que irão medir o desempenho produtivo através dos processos; Monitorar, avaliar e corrigir 7 os desvios ocasionais dos processos; Estabelecer padrões que gerem oportunidade de melhorias; Melhorar continuamente o desempenho dos processos (atividade e recursos). No tocante aos processos, verifica-se que é importante identificar e incluir na descrição destes, tanto as atividades em si como também os recursos necessários e disponíveis para sua execução. As atividades variam de empresa para empresa, pois estas estão diretamente ligadas a finalidade e aos objetivos de cada uma. Enquanto que os recursos quase sempre são os mesmos: pessoas, finanças, equipamentos, instalações, tecnologia. Constata-se também, que a padronização dos processos e seu controle, permitem avaliar, através de indicadores mensuráveis, a eficácia das ações gerenciais e operacionais objetivando a melhoria contínua dos processos que irão agregar valor ao produto, serviço ou informação, que tem como foco atender e satisfazer as necessidades do cliente/usuário. Para que os princípios acima expostos tenham real efetividade e eficácia na implantação de um SGQ, faz-se necessário, o atendimento do princípio referente à abordagem sistêmica para a gestão, sobre a qual, a ISO 9000:2005 faz a seguinte recomendação: “Identificar, entender e gerenciar processos inter-relacionados como um sistema contribui para a eficácia e eficiência da organização no sentido de atingir os seus objetivos”. Segundo Heilborn e Lacombe (2009), a visão sistêmica é a capacidade de conceber a organização como um conjunto integrado, percebendo as várias funções interdependentes e entendo como determinadas alterações afetam não apenas uma ou duas destas funções, mas todo o processo funcional. Implica também em conhecer e reconhecer as relações existentes entre o ambiente interno e o ambiente externo. A abordagem sistêmica consiste em olhar para todos os lados, de forma a conhecer tudo e todos que de alguma forma influenciam as atividades e os resultados da organização. É no mínimo um desperdício de tempo, trabalho e recursos, sair fazendo modificações aqui ou ali, sem antes ter feito um estudo avaliativo, identificando o que realmente precisa ser alterado para melhorar o desempenho produtivo e, consequentemente, alcançar resultados qualitativos e a satisfação dos usuários e clientes de uma organização. Neste sentido é importante salientar que após a implantação de um SGQ, faz-se necessário haver, periodicamente, processos avaliativos, que conforme destaca Paladini (2009), tão importante quanto produzir ou proporcionar qualidade é avaliar os meios que estão sendo utilizados para gerar qualidade e os resultados obtidos, conferindo viabilidade ao planejamento e ao próprio Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) escolhido. O autor aponta cinco elementos básicos que precisam ser avaliados: a satisfação dos clientes e usuários internos e externos, os objetivos da organização, os processos, a mão de obra e o suporte ao processo. Estas avaliações devem ser realizadas com base em indicadores, que segundo Paladini (2009, p. 38), é “um mecanismo de avaliação formulado em bases mensuráveis... são sempre expressos por números, ou seja, em valores associados a escalas contínuas”. Para o autor, existem três tipos básicos de indicadores que devem ser utilizados: indicadores de desempenho, indicadores de suporte e, indicadores da qualidade propriamente dita. Os indicadores de desempenho ou indicadores da produtividade servem para avaliar tanto as operações individuais, como também o gerenciamento integrado destas, evidenciando tanto às características potenciais como as fragilidades do ambiente interno da organização, fazendo também, relação com o 8 ambiente externo. Os indicadores avaliam o desempenho dos processos, inclusive, o elemento humano. Os indicadores de suporte são também conhecidos como indicadores das ações de apoio, e se referem à organização inteira. Aqui, o foco são as áreas que organizam as atividades essenciais da empresa, que desenvolvem os modelos gerenciais e atuam nas interfaces críticas das operações, tais como, serviços de manutenção, o recrutamento, seleção, treinamento e qualificação de pessoal, tecnologia, enfim, tudo que influencia, positivamente ou negativamente, o processo produtivo deve ser avaliado. Os indicadores da qualidade propriamente ditos servem para avaliar o desempenho estratégico da organização, suas decisões e ações; “refere-se à forma como a organização reage às mudanças do mercado, e como também a empresa possui capacidade de influenciar ou, até mesmo, criar tais mudanças”. (PALADINI, 2009 p.47) Com base nesses referenciais conclui-se que, a avaliação é essencial para manutenção e melhoria do SGQ, pois é através dela, que são verificadas a eficiência e eficácia do planejamento, do controle, da aplicação dos recursos e dos processos, permitindo à organização, reconhecer suas fragilidades e buscar formas de melhorar, corrigir eventuais desvios com relação às metas e objetivos planejados, identificar formas de aplicar melhor os recursos existentes, enfim, aperfeiçoar continuamente a rotina de planejamento, controle e avaliação dos processos produtivos, e assim, alcançar níveis melhor de qualidade que o atual. 2.2 Conhecendo as bases do serviço público O conceito de serviços públicos, segundo Madeira (2010), sofreu influência do tempo, do espaço, dos sistemas políticos, econômicos e sociais adotados pelo Estado, em decorrência da globalização. Desta forma, o autor, conceitua da seguinte forma os serviços públicos: “Toda atividade que a Administração efetua de forma direta ou indireta sob normas e controles estatais, visando a satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simplesmente conveniência do Estado, objetivando sempre um interesse geral, sobre regime jurídico total ou parcialmente de Direito Público.” (MADEIRA, 2010 p. 145) Ainda segundo o autor, este conceito possui quatro elementos básicos, que são: o elemento objetivo, quando se refere à necessidade de interesse geral; o subjetivo, quando se refere a quem vai executar o serviço, ou seja, o Estado ou seu delegatário; o elemento formal, que diz respeito ao regime de Direito Público e, o elemento finalidade, que refere-se a busca da eficiência com objetivo de satisfazer as necessidades da coletividade. Lima (2007) diz que a organização pública tem peculiaridades próprias, isto porque diferentemente das organizações privadas, ela não pode escolher em que ramo de negócio ou seguimento de mercado quer atuar e tão pouco qual o seu público alvo, pois tem a incumbência social, dentro de suas atribuições legais, de atendera todos sem distinção de tratamento. Observa-se que a visão destes autores, quando se referem ao elemento finalidade e atendimento dos serviços públicos, está em sintonia com a tendência globalizada, própria da iniciativa privada, que é de satisfazer de forma eficiente a 9 necessidade de quem busca um produto ou serviço. E no caso das organizações públicas, inexiste a questão de captar, manter e fidelizar clientes, pois os serviços por elas prestados devem atender indistintamente qualquer cidadão (usuário) de forma igualitária, uma vez que esta é uma de suas atribuições determinadas por lei. Cabe aqui ressaltar a especificidade inerente a determinados serviços prestados exclusivamente pelo Estado, que no conceito de serviço público, é tratado como “conveniência do Estado”. Estes serviços que são prestados pela União ou pelos seus federados, estados e municípios, não podem, segundo a Constituição Federal, ser delgado a outrem, pois é dever do estado legislar sobre a matéria, regular e fiscalizar sua prestação. Entre estes serviços encontram-se os relativos à segurança nacional, o controle do espaço aéreo, e o meio ambiente. Madeira (2010), explica que tendo atribuições determinadas por lei, os serviços prestados pelos órgãos públicos deverão atender, além dos princípios próprios relativos à sua atividade específica, os seguintes princípios genéricos: a Generalidade, que consiste em um serviço igual para todos que o solicitar; a Continuidade, que diz respeito a permanência da prestação do serviço, não podendo este sofrer interrupções; a Eficiência, que consiste em produzir o efeito ou alcançar a finalidade desejada, com o menor dispêndio possível, assim como, a atualização do serviço; a Modicidade, que faz referência a remuneração justa e módica, que deve ser cobrada dos usuários pelos serviços prestados. O autor faz o seguinte adendo a respeito da Eficiência: “Devem os serviços públicos, então, ser prestados com o melhor atendimento possível das finalidades expostas em lei, e sempre com a melhor qualidade possível.” (MADEIRA, 2010 p. 156); e, a respeito da Continuidade, Carvalho Filho (2007, p. 264), sugere que “... a continuidade deve estimular o Estado ao aperfeiçoamento e à extensão do serviço, recorrendo, quando necessário, às modernas tecnologias, adequadas à adaptação da atividade às novas exigências sociais”. Sob a luz das definições e da interlocução destes autores, pode-se dizer que os princípios, mesmo que de forma implícita, colocam a qualidade e a eficiência como fatores indispensáveis a consecução de suas competências, concebendo inclusive, a aplicação do conhecimento e das tecnologias normalmente utilizados pela iniciativa privada, isto porque, segundo Madeira (2010), a sociedade está mais exigente e atenta à qualidade dos serviços a ela oferecidos, sejam eles prestados pela iniciativa privada ou pelo Estado. Outro ponto essencial para o presente estudo é conhecer e entender, as características dos serviços públicos. Segundo Madeira (2010), são quatro os elementos que caracterizam os serviços públicos, sendo que um deles, a finalidade qualitativa dos serviços, não é tradicionalmente tratado na doutrina clássica, os outros três são: o elemento objetivo, que diz respeito ao interesse geral da sociedade para que a atividade exista; o elemento subjetivo, que se refere a presença direta ou indireta do Estado na prestação de serviço e, por último, o elemento formal, uma vez que a prestação de serviço se dá por meio de regime legal. Observa-se que o autor ao fazer referência ao elemento finalidade qualitativa, reforça que o mesmo não é tratado literalmente na legislação, no entanto, nota-se a presença do tema de forma implícita e subjetiva, tanto nos princípios quanto nas características inerente ao serviço público. Ficando, portanto subentendido, que a eficiência e a qualidade são uma obrigação legal, e que os servidores públicos devem considerar e atender, durante a execução de suas atividades, estas determinações legais. 10 2.3 Uma síntese da evolução do tema qualidade no serviço público Antes de criar programas específicos para tratar, orientar e avaliar a qualidade dos serviços públicos, a administração pública, passou por enumeras reformas, que no final das contas, não passaram de readequação ou criação de novos órgãos e cargos, que não contribuíram em nada para a transformação dos valores e das práticas do setor público, e por isso, falhando no principal: agregar valor aos serviços oferecidos à coletividade. Destas reformas, Lima (2007) destaca quatro: A reforma burocrática (1936-1938); a primeira simplificação burocrática (1956); a reforma desenvolvimentista (1967) e o Programa Nacional de Desburocratização (1979), sendo esta última mais conhecida do público. Estas reformas contribuíram, a seu modo e no seu tempo, para a desburocratização no seu sentido de eficiência, por meio da formalização das comunicações, padronização das rotinas e procedimentos, racionalização da divisão do trabalho e incentivo a competência técnica entre outros, e, para o sistema de ingresso no serviço público e reformulação do desenho estrutural do Estado, por meio da descentralização, delegação e o controle dos processos. Lima (2007) ressalta que, somente em 1990 foi criado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade – PBQP, que pretendia sensibilizar e mobilizar o setor produtivo nacional, em face às mudanças globais que tornaram o mercado mais competitivo e exigente. O autor destaca que a expectativa dos empresários era de que a mudança contribuísse para o aumento da competitividade global do país, reduzindo os altos tributos e a burocracia excessiva. Ressalta também, que o programa tinha como estratégia estimular e preparar tecnicamente os servidores, para chegar aos resultados esperados. Infelizmente, houve uma interpretação equivocada da estratégia, e acabou que tudo que era proposto e realizado, girava em torno da valorização do servidor e não do cidadão usuário. Em 1995 é estabelecido o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, e sobre ele, Lima (2007, p. 34) transcreve um dos objetivos: “Aumentar a governança do Estado, ou seja, sua capacidade administrativa de governar com efetividade e eficiência, voltando a ação dos serviços do Estado para o atendimento dos cidadãos”. A reforma proposta pelo Plano deveria ser realizada em três dimensões: institucional-legal, cultural e gerencial. Conforme destaca o autor, a dimensão institucional-legal nada acrescentou em termos de transformação, pois suas ações não eram muito diferentes da realizadas na época das reformas. No que se refere às dimensões cultural e gerencial, o ponto positivo foi que servidores que acreditam na proposta de qualidade, conseguiram fazer os reformadores compreender “a qualidade como um estilo e uma teoria de gestão e não apenas como técnica de mobilização para o bom atendimento” (LIMA, 2007 p. 35); mas, fazendo uma análise geral, o autor faz a seguinte constatação: A verdadeira transformação não aconteceu porque a reforma se locupletou de burocracia e legalismo, mexeu nas organizações, mas não conseguiu construir instituições, elaborou regras contratuais, mas não firmou compromissos de resultados, nem gerou capacidade e hábito de monitorá- los. (LIMA, 2007, p. 35) No ano de 1996 houve nova reformulação das estratégias e dos objetivos, dando origem ao Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública – QPAPA, que durante certo período também sofreu entraves, mas que, em dezembro 11 de 1996, por meio da parceria com a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade – FNPQ, conseguiu criar a categoria “Administração Pública”. Em 1997 houve a inscrição de seis organizações públicas, mas nenhuma delas levou o Prêmio. Esta síntese da evoluçãodo tema qualidade, no âmbito da administração pública, demonstra o quanto é difícil implantar um SGQ em seus órgãos prestadores de serviços. Primeiro, porque a essência da maioria das atividades exercidas pelo Estado, não possuem finalidades lucrativas, mas sim social; não atendem clientes, mas cidadãos usuários; não escolhe um seguimento para trabalhar, mas os serviços existem por causa das necessidades do coletivo. Segundo, porque a dificuldade principal não está em adaptar os conceitos, instrumentos e normas da ISO 9000:2005, às características e especificidades da atividade pública, mas está, em conseguir mudar a cultura organizacional, motivar e comprometer as pessoas, gestores e servidores em geral, para práticas de uma gestão voltada para a qualidade. 3 METODOLOGIA É essencial para um estudo científico definir os métodos que serão utilizados pelo idealizador da pesquisa, uma vez que estes, escolhidos de forma adequada e corente ao tema e a problematização, contribuirão para alcançar seus objetivos. Por essa razão o presente artigo, faz uso da taxonomia apresentada por Vergara (2014), que classifica o tipo da pesquisa utilizando dois critérios básicos, sendo o primeiro quanto aos fins e o segundo quanto aos meios. Quanto aos fins, tem propósito descritivo e explicativo. É descritivo, porque tem por objetivo expor fatores que podem possibilitar, ou mesmo, dificultar, a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ no serviço público, e explicativo porque se propõe a esclarecer, por meio de análise, porque estes fatores são importantes e podem contribuir, ou não, para a implantação de um SGQ. Quanto aos meios, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica, o estudo de caso e, a pesquisa de campo. Pesquisa Bibliográfica, porque, segundo Vergara (2014), parte da pesquisa foi realizada com base em material publicado em livros, cujos autores, são especialistas reconhecidos na área da Gestão da Qualidade e da Administração Pública; É um estudo de caso porque dará ênfase apenas a uma das gerências que funciona na Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado do Pará – SEMA/PA. Pesquisa de campo, porque se trata de uma “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispões de elementos para explicá-lo” (VERGARA, 2014 p. 43). O lócus escolhido para desenvolvimento do estudo é a GESFLORA – Gerência de Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais, primeiro, devido à proximidade com o fenômeno objeto desse estudo e, segundo, porque a idealizadora da pesquisa, há mais de dois anos, presta serviço na mesma, portanto, colabora, por meio de suas percepções, para alcançar os objetivos da pesquisa. O lócus doravante será chamado apenas de GESFLORA. Os sujeitos principais, que contribuem com informações e dados para esse estudo são 15 dos 16 técnicos que trabalham na gerência e a gerente, ficando de fora, três administrativos e três estagiários. Também são sujeitos, 15 usuários que responderam a pesquisa de opinião. 12 No que se refere aos instrumentos utilizados, para levantamento dos dados, houve a realização de duas pesquisas de opinião com perguntas fechadas de múltipla escolha, a primeira direcionada ao público usuário e, a segunda direcionada ao corpo técnico e a gerente do setor; também foi utilizada planilhas de controle específicas do setor, para complementar determinadas informações. A análise realizada é qualitativa porque trabalha com informações não mensuráveis, mas que utiliza a estatística para analise dos dados e explicação das variáveis. Os dados obtidos foram sistematizados usando planilhas, para apreciação das manifestações dos entrevistados e, verificação da incidência maior e menor das variáveis, que em seguida, puderam ser analisadas com base no problema e objetivos da pesquisa. 4 ESTUDO DE CASO 4.1 GESFLORA A GESFLORA - Gerência de Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais é uma das quatro gerências que integram a DGFLOR – Diretoria de Gestão Florestal, que por sua vez faz parte da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado do Pará – SEMA/PA. Ela é responsável pela análise dos pedidos de cadastros para obtenção de registro no CEPROF – Cadastro de Exploradores e Consumidores de Produtos Florestais do Estado do Pará, dos empreendimentos que desejam explorar atividade comercial, que envolva a extração, industrialização, comercialização e transporte de produtos florestais. É através do código do CEPROF, que estes empreendimentos poderão acessar o SISFLORA – Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais, e efetuar suas transações comerciais. A SEMA/PA, através das atividades desempenhadas pela GESFLORA, é a única que pode aprovar o registro no CEPROF em todo o estado do Pará, enquanto que o licenciamento para as diversas atividades, referente à extração, industrialização e consumo de produtos florestais, podem ser obtidas tanto na SEMA Estadual, como nas Secretárias Ambientais Municipais, das prefeituras que possuem registro para tal. 4.2 O caso GESFLORA Para desenvolver suas atividades, atualmente, a GESFLORA conta com o seguinte quadro de servidores: uma gerente, 16 técnicos distribuídos em quatro perfis, conferencia (7), cadastro (3), aprovação (2) e controle (4), quatro assistentes administrativos e três estagiários. Dos 16 técnicos, 10 trabalham em horário integral de 8 horas, os demais, trabalham 6 horas diariamente. Todos os assistentes administrativos, exceto um, também cumprem 6 horas diárias e, os estagiários apenas 4 horas diárias. Para cumprimento dos objetivos das atividades inerentes ao setor, são utilizados os seguintes suportes: dois sistemas de informação, disponibilizados via intranet, o SIMLAM – Sistema de Monitoramento e Licenciamento Ambiental, que possui uma versão específica para utilização do usuário chamado de SIMLAM 13 Público, e o CEPROF – Cadastro de Exploradores e Consumidores de Produtos Florestais do Estado do Pará; equipamentos de informática, linhas telefônicas; serviço de e-mail e dos Correios. E como instrumento de orientação é utilizado à legislação ambiental, composta pela Lei Estadual nº 5.887/1995 e algumas Instruções Normativas (IN). Todas as solicitações do público usuário são protocoladas e encaminhadas a GESFLORA, por meio de processos – novos pedidos de cadastro, ou documentos – recadastros anuais, alterações cadastrais, e outros. Os processos com novas solicitações de registro no CEPROF e os de recadastros anuais, passam por cada um dos perfis, podendo ainda, ser encaminhada para outros setores, para orientação jurídica, correção de documentos referente ao licenciamento, ou para vistoria in loco, devido ao tipo de atividade. As demais solicitações passam por três ou dois perfis, a algumas apenas pelo controle. As análise e demais procedimentos realizados na GESFLORA, exigem concentração, atenção e perícia para identificar possíveis erros involuntários dos usuários, ou mesmo fraudes intencionais, em documentos apresentados ou na movimentação dos créditos das espécies florestais, liberados através do licenciamento, no SISFLORA. Atualmente existem duas formas de atendimento ao usuário realizado pela GESFLORA: por telefone e pessoalmente. Existem muitas reclamações, por parte do público usuário, referente a prestação de serviços realizada pela GESFLORA, mas não existe nenhum procedimento interno para levantar, definir e analisar estas reclamações. Internamente também existem algumas queixas, muito embora algumas não sejam externadas para toda a equipe. A maioria delas está relacionada com a pressão exercida pelos procedimentos executados diariamente, a questão da grande demanda, e a exigência de celeridade nas análises e demaisprocedimentos. 5 ANÁLISE, RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Análise dos dados A primeira análise a ser feita é com relação ao atendimento. Foram realizadas perguntas sobre o tema, e aplicadas tanto para o público usuário, quanto para os servidores da GESFLORA, com a finalidade não só de constatar e avaliar a opinião de cada grupo, mas também para verificar a sintonia existente entre os grupos entrevistados. As duas primeiras perguntas para o público usuário foi sobre o grau de satisfação quanto ao atendimento da gerente, dos técnicos e dos administrativos, referente ao andamento e/ou pendências dos documentos/processos analisados no setor, e orientações técnicas. A primeira pergunta se refere ao atendimento realizado por telefone, e a segunda, referente ao atendimento realizado pessoalmente. Verifica-se, no Gráfico 1 e Gráfico 2, que a maioria dos usuários, média de 46%, considera o atendimento de todos os servidores bom, tanto por telefone (54%) quanto pessoalmente (38%); mas ao comparar, o grau de satisfação do atendimento feito pessoalmente com o realizado por telefone, constata-se que aumenta o número de usuários que considera o atendimento excelente, passando de 13% para 29%. Quanto ao atendimento, verifica-se que o público usuário tem preferência 14 pelo contato mais direto, ou seja, olho no olho, pois transmite maior confiabilidade, segurança e tranquilidade a cerca das informações e orientações que estão sendo repassadas pelo servidor. Gráfico 1: Atendimento por telefone Gráfico 2: Atendimento feito pessoalmente Igualmente perguntados sobre o atendimento, os servidores entrevistados fizeram uma autoavaliação, para responder o que achavam do seu atendimento junto ao público usuário, tanto por telefone quanto pessoalmente. A maioria, 69%, respondeu que considera bom seu atendimento. Constata-se, portanto, que os servidores têm consciência de sua capacidade técnica e da sua habilidade, para transmitir orientações e informações aos usuários. No que diz respeito aos servidores, verifica-se que existe uma margem considerável para melhorar. A próxima pergunta, realizada igualmente para o público usuário e para os servidores da GESFLORA, diz respeito aos motivos que levam o usuário a procurar atendimento. Foram apresentadas sete opções, das quais escolheriam três. A classificação e análise foram realizadas com base na maior incidência percentual, uma vez que a maioria dos entrevistados marcaram todas as opções. Dessa forma, conforme apresentado na Tabela 1, verifica-se que a maioria dos usuários, 75%, busca atendimento para solicitar maior celeridade na análise de suas solicitações, ou para que seja feita uma previsão de tempo para a conclusão da análise. Em seguida, com 63%, está a necessidade de orientações técnicas para solucionar algum tipo de problema, relacionado à GESFLORA, o que de certa forma, coincide com o item mais votado pelos servidores, os 62% referente a esclarecimentos sobre as notificações que solicitam complementação de documentos para dar continuidade às análises dos processos ou documentos protocolados pelos usuários. Do ponto de vista dos servidores, a demanda maior é para obter esclarecimentos sobre as notificações de pendências, com 62%, em segundo lugar, ficam empatados com 44% os itens 6 e 7. Tabela 1: Motivos para solicitar atendimento na GESFLORA Usuário Servidores 63% 62% 75% 44% 44% 44%Outros: receber notificação, receber chave e registros do CEPROF, etc. MOTIVOS PARA SOLICITAR ATENDIMENTO Orientação técnica sobre a forma de resolver determinados problemas Orientação técnica sobre a documentação para protocolar documentos/processos. Esclarecimentos sobre as notificações de pendências enviadas pelo técnico. Informar a impossibilidade temporária de atender totalmente as notificações Solicitar vistas ou cópia dos processos/documentos que estão sendo analisados Pedir prioridade na análise do sua solicitação ou previsão para a conclusão 15 A última parte da pesquisa, realizada com o público usuário, foi aplicada com base na escala Likert, na qual, o entrevistado especifica seu nível de concordância com uma afirmação: CT = Concordo Totalmente; CP = Concordo Parcialmente; D/NU = Desconheço/Não Utilizo; DP = Discordo Parcialmente ou DT = Discordo Totalmente. As afirmações são referentes aos instrumentos disponibilizados ao público usuário, para orientação, comunicação e acompanhamento dos serviços solicitados. Primeira afirmação: O SIMLAM Público é prático e fácil de utilizar, e permite acompanhar o andamento dos processos e documentos através do histórico de tramitação. Segunda afirmação: As Instruções Normativas, referente aos vários serviços prestados pela GESFLORA (Cadastro/recadastro no CEPROF, anulação de GF’s e DVPF’s, e outros) são de fácil leitura e entendimento, e proporcionam uma orientação clara e objetiva. Terceira afirmação: Os Chek List e Formulários, disponibilizados no site da SEMA/PA, que orientam sobre quais documentos são necessários para solicitar um serviço à GESFLORA, são uteis permitindo ao usuário protocolar requerimentos completos de forma a agilizar a análise técnica. Quarta afirmação: O agendamento eletrônico permite ao usuário esclarecer dúvidas e solicitar informações técnicas, sempre que necessário. Quinta afirmação: O aumento das linhas telefônicas para o contato com a GESFLORA, facilitou e melhorou o atendimento e a interação com o usuário. Sexta afirmação: Os serviços de e-mail e dos Correios utilizados pela GESFLORA são eficientes, permitindo ao usuário receber e atender em tempo hábil as notificações. E sétima afirmação: O registro de protocolo é suficiente para determinar a sequência de atendimento ou análise de processos/documentos, não havendo necessidade de outros parâmetros para estabelecer prioridades. Verifica-se, conforme apresentado na Tabela 2, que um expressivo percentual de usuários concorda parcialmente com as afirmações, uma média de 49%, exceto na afirmação sobre o número de linhas telefônicas disponíveis na GESFLORA, onde 38% concordam totalmente. Em todas as afirmativas, ao somar os que concordam parcialmente com os que discordam parcialmente e os que discordam totalmente, tem-se uma média de 62%, ou seja, a maioria do público tem algum tipo de restrição com relação aos instrumentos avaliados, sendo que alguns usuários mais que os outros. Observa-se também que os seguintes instrumentos, tem maior índice de usuários que fazem restrições a sua eficiência: com 75% estão as Instruções Normativas e o registro no protocolo; e, com 63%, o agendamento eletrônico e os serviços de e-mail e correios. Constata-se, portanto, que todos os instrumentos avaliados não atingem o grau de eficiência esperado, com relação a suas finalidades de orientação, comunicação e acompanhamento dos serviços solicitados. Tabela 2: Avaliação dos instrumentos disponibilizados para o público CT CP D/NU DP DT CP+DP+DT 44% 44% 6% 6% 50% 19% 63% 6% 13% 75% 38% 44% 6% 13% 56% 25% 44% 13% 13% 6% 63% 38% 25% 13% 25% 50% 25% 44% 13% 6% 13% 63% 25% 56% 6% 13% 75% Média = 62% INSTRUMENTOS Sobre o registro de protocolo Sobre o e-mail e os Correios Sobre as linhas telefônicas Sobre o agendamento eletrônico Sobre oChek List e Formulários Sobre as Instruções Normativas Sobre o SIMLAM Público 16 Com relação ao restante da pesquisa realizada junto aos servidores da GESFLORA, as perguntas tiveram como objetivo verificar a existência de controles de demanda e desempenho produtivo, e saber quais fatores mais contribuem para celeridade ou não das análises. Quanto perguntados sobre a existência de controle da quantidade de processos e documentos que recebe, analisa e encaminhapara a próxima etapa da análise mensalmente. A maioria, 56%, afirmaram que tem conhecimento e controla a quantidade real que recebe e encaminha; 31% não tem conhecimento e nem controla a quantidade real que recebe e encaminha; e, 13% tem apenas uma noção da quantidade que recebe e encaminha. Os que afirmaram ter controle informaram que este é feito por meio de planilhas de Excel. A próxima pergunta, baseada na resposta anterior, pedia para indicar a quantidade de processos e/ou documentos que cada um recebe mensalmente para analisar ou efetuar algum tipo de procedimento. Foi verificado que a maior demanda, por perfil, conforme demonstra o Gráfico 3, é dos conferencistas com 43%, e desse percentual, 32% da demanda diz respeito ao recadastro e/ou alterações cadastrais, cuja análise é realizada por quatro técnicos. O outro perfil com grande índice de demanda, 28%, é o controle. Os quatro técnicos deste perfil são responsáveis pelo bloqueio e desbloqueio, suspensão e ativação dos registros de CEPROF, levantamentos e controle da movimentação de créditos do banco de dados de cada empreendimento registrado e muitas outras atividades correlacionadas com as citadas. A demanda do perfil do cadastro com 17%, e do aprovador com 11%, é proporcional ao quantitativo de processos e documentos analisados e liberados pelos perfis anteriores, sendo que os três técnicos do cadastro, também recebem documentos para análise e procedimentos, sem passar pelos conferencistas. Gráfico 3: Controle de demanda A pergunta seguinte, ainda com base nas respostas anteriores, pedia para que fosse indicada, separadamente, a quantidade de procedimentos específicos (análise, notificação, encaminhamento) realizados por mês. Ela não foi respondida pelos servidores, primeiro porque 44%, não têm qualquer tipo de controle, e segundo porque, os 56%, que disseram ter controle real das quantidades, não puderam precisar a quantidade mensal, porque o controle que eles fazem, em planilhas do Excel, é acumulativo e independe do mês que deram entrada ou do mês que saiu de sua posse. Verifica-se, portanto, que não existe um controle real da produtividade, principalmente porque não existe parâmetro diário, semanal ou mensal, do que entra e do que sai da posse do técnico. A última pergunta foi referente aos fatores que mais contribuem para o 17 aumento do tempo médio entre a análise e a aprovação de uma solicitação realizada pelo público usuário. Foram apresentadas 10 alternativas, e as cinco mais importantes são destacadas na Tabela 4. Verifica-se que os três principais fatores estão correlacionados, uma vez que se o interessado não protocola o pedido com todos os documentos necessários, consequentemente, será notificado por e-mail e pelos Correios, para apresentá-los. Conforme determinação da IN 11/2006 e IN 22/2009, o prazo para apresentar a resposta é de 30 dias, sob pena de indeferimento e arquivamento da solicitação caso não haja resposta. Segundo os técnicos, muitos extrapolam este prazo, outros pedem prorrogação de 30 a 60 dias e alguns quando protocolam a resposta, novamente o fazem de forma incompleta, e são novamente notificados. O quarto fator diz respeito a procedimentos mais específicos, que demandam mais tempo para serem resolvidos, e o quinto é relativo a instabilidade do sistema CEPROF. Tabela 4: Fatores que prejudicam a celeridade processual 5.2 Resultados e discussão Ao comparar conceitos, fundamentos e princípios, tanto referente a gestão de qualidade, quanto dos serviços públicos, destacados no referencial teórico, com o estudo de caso e a análise das pesquisas de campo, verifica-se a existências de inúmeras divergências entre o discurso e a realidade. A primeira delas diz respeito ao foco no cliente, que é o princípio básico da gestão voltada para qualidade, conforme especificado na ISO 9000:2005. Muito embora exista a orientação para tratar o usuário com cordialidade, atenção, não entrar em atrito e ser o mais objetivo possível ao dar informações ou orientações técnicas, não existem mecanismos internos para dar voz ao usuário, seja para fazer reclamações, para dar sugestões ou emitir opinião. E fica constatado na análise da pesquisa de opinião com os usuários, que a insatisfação não está exatamente no atendimento dos servidores, com relação a prestar informações ou orientações, mas sim na operacionalidade dos serviços. Começando pela orientação das IN’s, cujo conteúdo não está em uma linguagem acessível a todos os usuários, e que acaba por causar a grande incidência de protocolos de processos e documentos incompletos; em seguida vem o registro no protocolo como único parâmetro que determina a sequência de análise, o que contribui para a grande incidência de usuários que solicitam prioridade no andamento de suas solicitações ou previsão para conclusão. Além destes, existem 1 2 3 4 5 FATORES QUE PREJUDICAM A CELERIDADE DAS ANÁLISES Algumas solicitações são mais complexas e necessitam de procedimentos específicos para análise e solução. (planilhamento, levantamentos de saldos, confirmação de autenticidade de documentos, vistorias, e outros procedimentos) Processos/documentos protocolados de forma incompleta. Os interessados que demoram a responder as notificações. Os interessados não responderem as notificações de forma integral. Instabilidade do sistema CEPROF, dificulta a realização dos procedimentos necessários. 18 outros instrumentos que estão a disposição dos usuários, mas que não cumprem seus objetivos com eficiência. Esta constatação diverge tanto do conceito referente a qualidade, que Juran (1995), estabelece, como ausência de deficiência e adequação ao uso das necessidades dos clientes internos e externos da organização, quanto do conceito de serviços públicos, que segundo Madeira (2010) destaca, é toda atividade controlada pelo Estado que tem como objetivo satisfazer as necessidades essenciais ou secundárias da coletividade. Somam-se aos problemas mencionados, algumas necessidades e deficiências internas da GESFLORA, e algumas destas foram mencionadas e avaliadas durante a pesquisa de campo, como por exemplo, a relação inversa entre demanda e oferta de serviço. Necessitando que estas, e outras não mencionadas no presente estudo, sejam mais bem avaliadas, tratadas e solucionadas, para que o setor possa melhorar seu desempenho global. É neste sentido que a ISO 9000:2005 orienta e estabelece como princípio, a abordagem sistêmica da gestão, que consiste em identificar, entender e gerenciar todos os processos existentes como um sistema único, para que dessa forma, possa ser realizado o planejamento e controle de ações, que irão contribuir para a eficiência da organização no sentido de atingir os seus objetivos. Outra questão é a abordagem dos processos, que conforme a ISO 9000:2005 esclarece, neles devem ser considerado tanto as atividades em si, quanto os recursos, referente a pessoas, equipamentos, instalações, tecnologia e outros, necessários ao desenvolvimento destas. Alguns destes recursos, que na pesquisa foram chamados de instrumentos, foram analisados e considerados ineficientes. E um desses recursos precisa ser destacado, trata-se do SIMLAM, enquanto instrumento para uso interno. Observa-se a falta de ferramentas ou a existência de ferramentas deficientes, que impedem ou dificultam o tratamento de informações gerenciais importantes, tais como criação e manutenção de indicadores quantitativos, relatórios analíticos e sintéticos relativos ao desempenho produtivo individual e do setor, e outros a fins. Como visto no referencial teórico, Os levantamentos referentes ao desempenho e os indicadores são a base para o processo avaliativo e para o planejamento das melhorias, tanto que Paladini(2009) ressalta, que tão importante quanto produzir ou proporcionar qualidade é avaliar os meios que estão sendo utilizados para gerar qualidade e os resultados obtidos. E por último, temos a questão do envolvimento das pessoas que fazem parte da GESFLORA, e que Juran (1995) descreve como clientes internos, que também são afetados pelos processos de produção e pelo produto. A GESFLORA tem um quadro funcional competente tecnicamente, e até certo ponto, coeso e colaborativo, é necessário que esta equipe seja motivada a se comprometer com os objetivos da organização, e sobre este tema, a ISO 2009:2005, salienta que: “pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização, e seu total envolvimento possibilita que as suas habilidades sejam usadas para o benefício da organização”. É necessário valorizar e investir nos profissionais que trabalham na organização, afinal, são eles que irão vender o serviço e a imagem da organização para o público usuário. 19 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como objetivo, identificar e analisar os pontos mais relevantes, que podem possibilitar, ou mesmo, dificultar, a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ no serviço público. E foi verificado por meio do referencial teórico, e constatado, através do estudo de caso da GESFLORA e da pesquisa de campo, que existem vários fatores que podem propiciar e outros que podem dificultar a implantação de um SGQ no serviço público. Alguns deles foram apresentados no referencial teórico, durante a análise dos dados da pesquisa de campo, e na apresentação dos resultados e discussões. Entre os fatores que dificultam destacam-se dois: Primeiro, as características próprias do serviço público, porque a essência de suas atividades não tem finalidade lucrativa, mas social; não atendem clientes, mas a coletividade; não escolhe seguimento de mercado, mas a atividade existe por causa das necessidades do coletivo. E segundo, a cultura organizacional, porque é muito difícil fazer com que as pessoas, gestores e servidores em geral, compreendam que a qualidade não é apenas uma técnica de mobilização para o bom atendimento, mas sim um estilo de gestão. E entre os fatores que podem possibilitar, destaca-se o regimento legal do serviço público, por meio do conceito e dos princípios que o regem. Eles são os principais fatores que não só possibilitam, mas que determinam legalmente, a existência da eficiência e da eficácia na gestão de todos os tipos de prestação de serviço público. A determinação está implícita, principalmente em dois princípios, o da Eficiência e o da Continuidade, uma vez que colocam a qualidade e a eficiência como fatores indispensáveis a consecução de suas competências, concebendo inclusive, a aplicação do conhecimento e das tecnologias normalmente utilizados pela iniciativa privada. Fica entendido que existem diferenças significativas entre as atividades da iniciativa privada e as da iniciativa pública, mas nada que impeça a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade, voltado para as necessidades e especificidades da prestação de serviço, realizada pelo setor público. Mesmo porque, já existem programas e sistemas desenvolvidos pela própria Administração Pública, para fomentar a conscientização e a ação de gestores nos mais diversos órgãos públicos, sejam eles a nível federal, estadual ou municipal. Inclusive existe a premiação na categoria “Administração Pública”, criada em 1996 pela Fundação Prêmio Nacional da Qualidade – FNPQ, que premia organizações públicas pela aplicação e desenvolvimento de modelos de excelência em gestão. Por fim, resta a expectativa que o conteúdo do presente estudo, contribua para novas e mais profundas pesquisas e avaliações, referente a implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade no âmbito das atividades do setor público, e em especial, dos serviços públicos, ou mesmo, que sirva para introduzir no universo da Gestão da Qualidade, possíveis servidores e gestores públicos que venham a ler este material. 20 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000:2005 Sistemas de gestão da qualidade: Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2005. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direitos administrativo. 17ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. CROSBY, Philip B. Qualidade, falando sério. São Paulo: McGraw-Hill, 1990. HEILBORN, Gilberto. LACOMBE, Francisco. Administração – princípios e tendências. 2ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2009. JURAN, Joseph M. Juran planejando para a qualidade. Tradução João Mário Csillag, Cláudio Csillag. 3ª ed., São Paulo: Pioneira, 1995. LIMA, Paulo Daniel Barreto. Excelência em gestão pública: a trajetória e a estratégia do gespublica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração Pública. Tomo II. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. OLIVEIRA, Saulo Barbará (organizador). Gestão por processos: fundamentos, técnicas e modelos de implementação: foco no sistema de gestão da qualidade com base na ISO 9000:2000. 2ª ed. – Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008. PALADINI, Edson Pacheco. Avaliação estratégica da qualidade. 1ª ed., São Paulo: Atlas, 2009. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 15.ed. São Paulo: Atlas, 2014.
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