Buscar

Direitos Fundamentais na Constituição para Polícia Federal

Prévia do material em texto

DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 1 – Direitos Fundamentais – parte 1: Teoria Geral dos 
Direitos Fundamentais e Direitos e Garantias em espécie 
Olá! 
Seja bem-vinda (ou bem-vindo) ao nosso curso. Aqui, iremos estudar 
com afinco o Direito Constitucional para a Polícia Federa! A cada quinze 
dias, apresentarei uma aula (veja o cronograma no site), com um assunto 
diferente, seguindo aquele conteúdo programático proposto na aula zero. 
Abordarei os aspectos mais relevantes para fins de concurso, fazendo o 
possível para tentar deixar cada assunto o mais claro possível. Mas, sem 
me estender demais naquilo que tem pouca incidência em concursos. 
Então, após passar a teoria, apresentarei como as questões do Cespe 
têm abordado o tema, o que facilitará a sua memorização. 
Em alguns casos, utilizarei a própria questão para aprofundar num tema 
tratado durante a apresentação da teoria (ou para mencionar algo ainda 
não comentado). 
Deixemos de blá, blá, blá... Vejamos nosso conteúdo de hoje. 
1 – Teoria Geral dos Direitos e Garantias Fundamentais 
1.1 – Direitos e Garantias Fundamentais na CF/88 
1.2 – Tratados e convenções internacionais 
1.3 – Limitações dos Direitos Fundamentais 
2 - Direito à Vida 
3 - Princípio da igualdade 
4 - Direito à liberdade 
4.1 – Liberdade de Expressão e de Pensamento 
4.2 – Liberdade de exercício profissional 
4.3 – Liberdade de consciência e de crença 
4.4 – Liberdade de reunião 
4.5 – Liberdade de associação 
5 - Princípio da legalidade 
5.1 - Princípio da Legalidade e Reserva Legal 
5.2 – Princípio da Legalidade Penal e da retroatividade da lei penal mais 
favorável 
6 - Direito à Intimidade e à Privacidade 
6.1 – Sigilo bancário 
6.2 – Inviolabilidade domiciliar 
6.3 – Inviolabilidade das correspondências e comunicações 
7 - Direito à Propriedade 
8 - Segurança Jurídica 
9 - Direitos de Caráter Judicial e Garantias Constitucionais do Processo 
9.1 – Princípio da inafastabilidade da jurisdição 
9.2 – Devido processo legal e princípio da razoabilidade 
9.3 – Princípios do contraditório e da ampla defesa 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 2
9.4 – Duplo grau de jurisdição 
9.5 – Celeridade processual e Publicidade dos atos processuais 
9.6 – Princípio do juiz natural 
9.7 – Júri popular 
9.8 – Vedação à Prova ilícita 
10 – Direito de informação 
11 – Direito de petição 
12 – Direito de certidão 
13 – Assistência jurídica gratuita e gratuidade do registro civil de nascimento e da 
certidão de óbito 
14 - Crimes constitucionalizados 
15 - Princípio da individualização das penas; penas admitidas e penas vedadas 
16 - Princípio da presunção da inocência 
17 - Hipóteses constitucionais em que é admitida a prisão 
18 - Excesso de prisão e indenização por erro judiciário 
19 - Prisão civil por dívida 
20 – Extradição 
21 – Ação privada subsidiária da pública 
22 – Defesa do consumidor 
23 – Exercícios de fixação 
Prepare-se, pois são muitos os assuntos... Um mais interessante que o 
outro! 
Antes de começar, quero dizer que, nesta aula, mais do que nunca, é 
importante que você vá acompanhando com a sua Constituição, aberta 
especificamente no art. 5°. Uma dica: grife os detalhes mais importantes 
na sua Constituição. 
1 – Teoria Geral dos Direitos e Garantias Fundamentais
Para entrarmos no clima da nossa aula, preciso que você imagine uma 
situação em que o Estado exerce seu poder sem limites. Ou seja, nessa 
hipótese, o Estado pode tudo. 
Quem estiver “de fora” desse Estado, estará sofrendo interferências não 
só na sua atividade econômica como também em sua vida particular. 
Assim, para que os indivíduos pudessem viver em paz, foi necessário 
que se estabelecessem formas de proteção contra esse poder, antes 
ilimitado. 
Nessa linha, podemos observar que foi com o desenvolvimento das 
Constituições escritas que se deu também a evolução do 
estabelecimento de direitos para o indivíduo, exatamente com a 
finalidade de protegê-lo dessa atuação estatal. 
Observe como funciona o sistema democrático: os cidadãos delegam o 
poder a seus representantes, entretanto, esse poder não é absoluto. Ele 
conhece limitações (como é o caso da previsão de direitos e garantias 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 3
fundamentais). Por decorrência, junto à noção de democracia, o governo 
pelo povo deve estar associado à limitação do poder estatal. 
Naquela época, há alguns séculos atrás, o que a pessoa queria era que 
o governo estivesse bem longe dele, que aquele Estado não o 
atrapalhasse. Podemos dizer: ele exigia uma abstenção, um não-fazer 
por parte do Estado. 
Assim, você deve ter em mente que os direitos fundamentais originaram-
se a partir da necessidade de se garantir uma esfera irredutível de 
liberdades aos indivíduos em geral frente ao Poder estatal. 
Ok. Mas, nesse momento, você já deve ter pensado que os direitos vão 
além da mera defesa do indivíduo contra o Estado, não é mesmo? 
Afinal, os direitos sociais e econômicos refletem uma atuação do 
Estado para melhorar a vida da população. Se você abrir sua 
Constituição no art. 6°, isso ficará bem claro: “São direitos sociais a 
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” 
E é isso mesmo. Inicialmente, os direitos fundamentais funcionavam 
apenas como limites ao poder do Estado (a chamada natureza 
negativa). Mas, modernamente, é também exigida uma atuação 
comissiva do Estado, a fim de corrigir as desigualdades criadas pelo 
sistema econômico vigente. Daí se falar em diferentes gerações ou 
dimensões de direitos. 
Nesse sentido, os direitos fundamentais surgem como direitos negativos 
(de abstenção), a exemplo do direito à vida, à liberdade, à propriedade, à 
liberdade de expressão dentre outros. 
Somente no século XX, com o crescimento do Estado Social, passa-se a 
exigir uma atitude comissiva do Estado, uma atuação estatal em favor do 
bem-estar do indivíduo. 
Com isso, podemos classificar os direitos fundamentais em três 
dimensões (ou gerações). 
Na primeira geração, consolidada no final do séc. XVIII, temos os 
direitos ligados aos ideais do Estado liberal, de natureza negativa 
(exigindo um não fazer), com foco na liberdade individual frente ao 
Estado (direitos civis e políticos). 
Na segunda dimensão, surgida no início do séc. XX, temos os direitos 
ligados aos ideais do Estado social, de natureza positiva, com foco na 
igualdade entre os homens (direitos sociais, culturais e econômicos). 
Há ainda a terceira dimensão, também reconhecida no séc. XX, em que 
temos os direitos de índole coletiva e difusa (pertencentes a um grupo 
indeterminável de pessoas), com foco na fraternidade entre os povos 
(direito ao meio ambiente, à paz, ao progresso etc.). 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 4
Outros aspectos importantes a serem mencionados: 
1 – As expressões direitos e garantias não se confundem. Enquanto 
os direitos são os bens em si mesmo considerados (principal), as 
garantias são instrumentos de preservação desses bens (acessório). Por 
exemplo, para proteger o direito de locomoção, a Constituição prevê a 
garantia do habeas corpus. 
2 – Se inicialmente os direitos fundamentais surgiram tendo como 
titulares as pessoas naturais, hoje já se reconhece direitos 
fundamentais em favor das pessoas jurídicas ou mesmo em favor 
do estado. Por exemplo, o direito de requisição administrativa previsto 
do art. 5°,XXV da CF/88, é um direito fundamental que tem como 
destinatário o Estado. 
3 – Embora originalmente visassem regular a relação indivíduo-estado 
(relações verticais), atualmente os direitos fundamentais devem ser 
respeitados mesmo nas relações privadas, entre os próprios 
indivíduos (relações horizontais). Por exemplo, o direito de resposta 
proporcional ao agravo, no caso de dano material, moral ou à imagem 
(CF, art. 5°, V) 
4 – Os direitos fundamentais não dispõem de caráter absoluto, já que 
encontram limite nos demais direitos previstos na Constituição (Princípio 
da relatividade ou da convivência das liberdades públicas). Assim, esses 
direitos não podem ser utilizados como escudo protetivo da prática de 
atividades ilícitas. A título de exemplo: (i) a garantia da inviolabilidade das 
correspondências não será oponível ante a prática de atividades ilícitas; 
(ii) a liberdade de pensamento não pode conduzir ao racismo – e assim 
por diante. Ademais, a própria Constituição apresenta situações em que 
alguns direitos fundamentais poderão ser afastados, como nas hipóteses 
excepcionais de estado de defesa (CF, art. 136, § 1º) e estado de sítio 
(CF, art. 139). 
5 – No caso concreto poderá haver colisão entre diversos direitos (por 
exemplo, liberdade de comunicações x inviolabilidade da intimidade). O 
intérprete deverá então realizar uma harmonização entre esses 
direitos em conflito, tendo em vista a inexistência de hierarquia e 
subordinação entre eles, evitando o sacrifício total de um perante o outro. 
Assim, conforme as peculiaridades da ocasião, prevalecerá um direito, 
prevalecendo o outro numa nova situação. 
6 – Não se admite a renúncia total de um direito fundamental por parte 
do indivíduo. Ou seja, é característica deles serem irrenunciáveis. 
Todavia, modernamente, admite-se que deixem de ser exercidos pelos 
seus titulares temporariamente em determinadas situações. 
Vamos ver como o Cespe tem cobrado isso nos seus últimos concursos. 
Começando por uma prova aplicada em janeiro de 2011... 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 5
1) (CESPE/ANALISTA/TRE/ES/2011) Os direitos fundamentais 
considerados de primeira geração compreendem as liberdades 
clássicas, negativas ou formais. 
Os direitos fundamentais de primeira geração enfocam as liberdades 
clássicas ou formais do indivíduo, de natureza negativa. 
Item certo. 
2) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Os direitos e as 
garantias fundamentais consagrados constitucionalmente não são 
ilimitados, uma vez que encontram seus limites nos demais direitos 
igualmente consagrados na mesma Carta Magna. 
De fato, os direitos fundamentais não são absolutos, pois encontram 
limites em outros direitos. É o caso da liberdade de expressão, que 
poderá ceder frente à inviolabilidade da intimidade e da imagem do 
indivíduo. 
Item certo. 
3) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/2009) Os direitos de 
primeira geração ou dimensão (direitos civis e políticos) — que 
compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais — 
realçam o princípio da igualdade; os direitos de segunda geração 
(direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identificam com 
as liberdades positivas, reais ou concretas — acentuam o princípio 
da liberdade; os direitos de terceira geração — que materializam 
poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as 
formações sociais — consagram o princípio da solidariedade. 
Podemos classificar os direitos fundamentais em dimensões (ou 
gerações). 
1ª geração → Estado Liberal → Natureza negativa → LIBERDADE 
2ª geração → Estado Social → Prestações positivas → IGUALDADE 
Portanto, há um erro na questão que inverteu os conceitos. 
Há ainda a terceira dimensão, que se relaciona aos direitos de índole 
coletiva e difusa, com foco fraternidade. 
Item errado. 
4) (CESPE/PROCESSO SELETIVO/MS/2008) Atualmente, não se 
reconhece a presença de direitos absolutos, mesmo que se trate de 
direitos fundamentais previstos na CF e em textos de tratados e 
convenções internacionais em matéria de direitos humanos. Os 
critérios e métodos da razoabilidade e da proporcionalidade se 
afiguram fundamentais nesse contexto, de modo a não permitir que 
haja prevalência de determinado direito ou interesse sobre outro de 
igual ou maior estatura jurídico valorativa. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 6
Ótima oportunidade para você fixar o que eu já disse: não existem 
direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta. Lembre-se 
ainda de que não há relação de hierarquia (subordinação) entre eles, 
possuindo todos a mesma dignidade. 
Item certo. 
5) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E 
VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) O direito 
fundamental à vida é hierarquicamente superior a todos os demais 
direitos humanos, estejam eles previstos na CF ou na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. 
Não há hierarquia entre direitos fundamentais, o que implica em afirmar 
que não haverá direitos que sempre prevalecerão sobre outros em 
qualquer situação. Aliás, como veremos o próprio direito à vida sofre 
restrição autorizada na CF. É o caso da autorização para pena de morte 
no caso de guerra declarada. 
Item errado. 
6) (CESPE/AUXILIAR DE TRÂNSITO/SEPLAG/DETRAN/DF/2008) O 
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado 
direito fundamental de terceira geração. 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF, art. 225) 
constitui típico interesse difuso de terceira dimensão (ou geração). 
Item certo. 
7) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) A garantia ao direito 
de herança é um direito fundamental, que não pode ser restringido 
pela legislação infraconstitucional. 
Não existem direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta. 
Portanto, assim como outros direitos, a garantia ao direito à herança 
pode ser restringida por norma infraconstitucional, desde que na 
imposição das restrições seja preservado o núcleo essencial dessa 
garantia e observado o postulado da razoabilidade. 
Item errado. 
8) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) As violações a direitos 
fundamentais ocorrem somente no âmbito das relações entre o 
cidadão e o Estado, inexistindo nas relações travadas entre pessoas 
físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais 
assegurados pela CF vinculam diretamente os poderes públicos, 
estando direcionados apenas de forma indireta à proteção dos 
particulares em face dos poderes privados. 
Modernamente, os direitos fundamentais vinculam não só as relações 
indivíduos-Estado, mas também as relações privadas (“negócios 
privados”), tanto entre pessoas físicas quanto entre pessoas jurídicas 
privadas. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 7
Item errado. 
9) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) De acordo com o posicionamento 
majoritário na doutrina, os direitos sociais integram os denominados 
direitos fundamentais de segunda geração. 
Os direitos sociais integram a segunda dimensão (ou geração) dos 
direitos fundamentais, que se caracterizam por exigir do Estado 
prestações positivas em respeito ao princípio da igualdade. 
Item certo. 
1.1 – Direitos e Garantias Fundamentais na CF/88
Vale a pena revisar como a Constituição Federal de 1988 disciplinou os 
direitos e garantias fundamentais. 
Os direitos e garantias fundamentais estão disciplinados no Título II (arts. 
5º a 17), por isso denominado “catálogo dos direitos fundamentais”. 
Nesse Título II, os direitos e garantias fundamentais foram divididos em 
cinco grupos, a saber: 
a) direitos e deveres individuaise coletivos (art. 5º); 
b) direitos sociais (arts. 6º a 11); 
c) direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13); 
d) direitos políticos (arts. 14 a 16); 
e) direitos de existência dos partidos políticos (art. 17). 
Mas, nem todos os direitos e garantias fundamentais presentes na nossa 
Constituição estão enumerados nesse catálogo próprio. Há, também, 
diversos direitos fundamentais presentes em outros dispositivos da nossa 
Constituição, que são, por esse motivo, denominados “direitos 
fundamentais não-catalogados” (fora do catálogo próprio). O direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, por exemplo, é um direito 
fundamental de terceira geração não-catalogado, pois está previsto no 
art. 225 da Constituição Federal. 
Nesse sentido, o constituinte foi expresso (CF, art. 5º, § 2º): 
“Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou 
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil 
seja parte.” 
Assim, é bom lembrar que a enumeração constitucional dos direitos e 
garantias fundamentais não é limitativa, taxativa, haja vista que outros 
poderão ser reconhecidos ulteriormente, seja por meio de futuras 
emendas constitucionais (EC) ou mesmo mediante normas 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 8
infraconstitucionais, como os tratados e convenções internacionais 
celebrados pelo Brasil (CF, art. 5º, § 2º). 
Veja como esse assunto foi cobrado em concurso recente. 
10) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA/TRE/MT/2010) Os 
direitos e garantias fundamentais estão previstos de forma taxativa 
na CF. 
Ora, como comentei, os direitos e garantias não estão previstos de forma 
taxativa. Na verdade, configuram uma enumeração aberta, que é 
constantemente complementada por outras normas. 
Item errado. 
Bem, vejamos outros aspectos... 
I) Nem todos os direitos e garantias fundamentais foram expressamente 
gravados como cláusula pétrea. Nos termos da CF/88, só são cláusulas 
pétreas “os direitos e garantais individuais” (CF, art. 60, § 4º, I), 
constantes do art. 5º e outros dispersos na Constituição, como, por 
exemplo, a garantia da anterioridade tributária (uma das limitações ao 
poder de tributar do art. 150). 
II) As normas que consagram os direitos e garantias fundamentais têm, 
em regra, aplicação imediata (CF, art. 5º, § 1º). Entretanto, há 
exceções: direitos fundamentais consagrados em normas de eficácia 
limitada (dependentes de regulamentação). 
III) Em situações excepcionais (estado de defesa e estado de sítio), são 
admitidas restrições e até mesmo suspensões de diversos direitos e 
garantias fundamentais. 
IV) Nos termos do § 4º do art. 5°, o Brasil se submete à jurisdição de 
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 
Bem, são vários aspectos, eu sei. A fim de auxiliá-lo na memorização dos 
principais deles, peço licença para apresentar um esquema que formulei 
para os cursos online ministrados aqui no Ponto. 
Sintetizando: 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 9
Para memorizar essas informações só tem um jeito: exercícios, 
exercícios e mais exercícios... 
11) (CESPE/MANUT. ARMAMENTO LEVE/PM/DF/2010) Segundo a 
CF, as normas constitucionais que prescrevem direitos e garantias 
fundamentais têm eficácia contida e dependem de regulamentação. 
As normas que consagram os direitos e garantias fundamentais têm, em 
regra, aplicação imediata (CF, art. 5º, § 1º), não dependendo de 
regulamentação para a produção de seus efeitos essenciais. 
Item errado. 
12) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/AM/2008) 
Embora o art. 5.º da CF disponha de forma minuciosa sobre os 
direitos e as garantias fundamentais, ele não é exaustivo e não 
exclui outros direitos. 
Nem todos os direitos e garantias fundamentais presentes na nossa 
Constituição estão enumerados em catálogo próprio. Há diversos direitos 
fundamentais presentes em outros dispositivos da nossa Constituição 
(direitos fundamentais não-catalogados). 
Item certo. 
13) (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ/AL/2008) O estado de 
defesa autoriza a restrição ao direito de reunião, ainda que exercida 
no seio das associações, ao sigilo de correspondência e ao sigilo de 
comunicação telegráfica e telefônica. 
Estabelece a Constituição Federal (CF, art. 136, § 1º) que o decreto que 
instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, 
especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 10
da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre elas, restrições aos 
direitos de: 
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; 
b) sigilo de correspondência; 
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. 
Item certo. 
14) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª 
REGIÃO/2009) O Brasil se submeterá à jurisdição de Tribunal Penal 
Internacional a cuja criação manifestar adesão. 
A assertiva está de acordo com a letra da CF/88. Estabelece o § 4º do 
art. 5º da Constituição Federal que o Brasil se submete à jurisdição de 
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 
Item certo. 
15) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO - CE/2008) A 
anterioridade tributária não é cláusula pétrea da Constituição 
Federal de 1988. 
Como comentado, os direitos e garantias individuais não se restringem 
ao art. 5° da CF/88. Assim, de acordo com a jurisprudência do STF, o 
princípio da anterioridade tributária – previsto no art. 150, III, “b”, da 
Constituição Federal – é cláusula pétrea, por representar uma garantia 
individual do contribuinte (CF, art. 60, § 4º, IV). 
Item errado. 
1.2 – Tratados e convenções internacionais
Inicialmente, você deve se lembrar do teor do art. 5°, § 3° da CF/88, 
segundo o qual os tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, 
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, 
serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Esse parágrafo é importante, tendo em vista a evolução jurisprudencial 
recente sobre esse assunto. 
Até o ano de 2008, os tratados internacionais poderiam alcançar status 
de emenda constitucional (como visto acima) ou status de lei ordinária 
caso não se enquadrassem nessa regra do art. 5°, § 3° da CF/88. 
Mas, em dezembro de 2008, o STF alterou o seu entendimento quanto à 
situação situação hierárquica dos tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos celebrados pelo Brasil. 
Desde então, passou a entender que esses tratados sobre direitos 
humanos têm status de supralegalidade, quando incorporados pelo rito 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 11
ordinário, isto é, mediante aprovação de decreto legislativo por maioria 
relativa das Casas do Congresso Nacional. 
Ou seja, esses tratados situam-se abaixo da Constituição, mas acima 
das demais leis do ordenamento jurídico. 
Diante disso, podemos considerar que os tratados e convenções 
internacionais celebrados pelo Brasil poderão assumir três diferentes 
posições hierárquicas ao serem incorporados ao nosso ordenamento 
pátrio, a saber: 
Status que podem assumir os tratados internacionais: 
a) emenda constitucional → tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos incorporados pelo rito especial do § 3º do art. 5º da 
Constituição Federal (CF, art. 5°, §3°); 
b) lei ordinária federal → demais tratados e convenções internacionais 
que não tratam de direitoshumanos; 
c) supralegalidade → tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos incorporados pelo rito ordinário. 
É importante você guardar agora a informação mais avançada sobre 
isso: independentemente do status de sua incorporação, os tratados e 
convenções internacionais submetem-se a controle de 
constitucionalidade, tanto na via abstrata quanto na via incidental. 
16) (CESPE/MANUT. ARMAMENTO LEVE/PM/DF/2010) Se o 
Congresso Nacional aprovar, em cada uma de suas casas, em dois 
turnos, por três quintos dos seus votos dos respectivos membros, 
tratado internacional que verse sobre direitos humanos, esse tratado 
será equivalente às emendas constitucionais. 
E aí, um tratado internacional aprovado pelo Congresso Nacional 
assume qual posição hierárquica no nosso ordenamento jurídico: status 
de lei ordinária? Status de emenda constitucional? Ou nenhuma das 
duas? 
Bem, vamos memorizar.... 
I) emenda constitucional → tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos incorporados pelo rito especial do § 3º do art. 5º da 
Constituição Federal (CF, art. 5°, §3°); 
II) lei ordinária federal → demais tratados e convenções internacionais 
que não tratam de direitos humanos; 
III) supralegalidade → tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos incorporados pelo rito ordinário. 
Assim, de fato, terão status de emenda constitucional os tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos incorporados pelo rito 
especial do § 3º do art. 5º da Constituição Federal. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 12
Item certo. 
17) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/RELAÇÕES 
INTERNACIONAIS/MS/2008) Os tratados internacionais firmados 
pela República Federativa do Brasil devem ser aprovados no 
Congresso Nacional por decreto legislativo para fins de 
incorporação. 
Os tratados internacionais são aprovados definitivamente pelo 
Congresso Nacional, mediante decreto legislativo (CF, art. 49, I), ato que 
não se sujeita à sanção ou veto do chefe do Poder Executivo. 
Item certo. 
18) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJ/CE/2008) De acordo com o 
texto da CF, tratado internacional que verse sobre direitos humanos, 
ainda que incorporado com o quorum de emenda à CF, não pode a 
ela ser equiparado, devido à ausência de iniciativa dos legitimados 
para alteração constitucional. 
Nos termos do parágrafo 3° do art. 5° da CF/88, os tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos serão equivalentes 
às emendas constitucionais se forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 
respectivos membros. 
Item errado. 
1.3 – Limitações dos Direitos Fundamentais 
Este assunto vem sendo aos poucos cobrado pelas bancas 
examinadoras. 
Bem, sei que você está cansado de saber que os direitos e garantias 
fundamentais não são absolutos e que seu exercício poderá resultar em 
conflito com outros direitos igualmente previstos na Constituição. 
Assim, esses direitos sofrem limitações. Ao longo da CF/88, constatamos 
diversos exemplos dessas limitações, como restrições legais. Nesse 
sentido, o sigilo das comunicações poderá ser afastado por ordem 
judicial, “nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal” (CF, art. 5°, XII). Ou 
seja, trata-se de limitação do direito ao sigilo mediante lei ordinária 
aprovada com fundamento na norma constitucional. 
Outras vezes, a Constituição apresenta diretamente as restrições, na 
própria definição daquele direito. Veja o caso do direito de reunião, que 
só está assegurado se realizado pacificamente e sem armas (CF, art. 5°, 
XVI). Ou seja, a limitação vem estabelecida na definição do direito. 
Assim, fica claro que direitos e garantias são passíveis de limitação ou 
restrição. O que você precisa entender é que essas restrições, também 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 13
são limitadas. É dizer, os limites (ou restrições) também sofrem 
limitações. 
Não entendeu nada? 
Na verdade, trata-se da “teoria dos limites dos limites”. Veja como é 
fácil: admite-se a restrição de direitos fundamentais. Mas essa 
restrição não pode ser ilimitada, pois ela deve se razoável. 
Isso porque há necessidade de proteção de um núcleo essencial de um 
direito fundamental, no que tange à proporcionalidade das restrições 
impostas a ele. 
Assim, essa teoria foi concebida para atuar como uma barreira à fixação 
de limites legais ao exercício dos direitos fundamentais. Com isso, evita-
se que o legislador ordinário consiga esvaziar o conteúdo daquele direito. 
Ou seja, o que se pretende é proteger um núcleo essencial daquele 
direito. 
Em suma: 
I) sabemos que não existem direitos e garantias fundamentais de 
natureza absoluta; 
II) compete ao legislador a imposição de limites ao exercício desses 
direitos e garantias; 
III) mas esse limite não é ilimitado, tendo em vista que se deve preservar 
o núcleo essencial desses direitos, considerando o princípio da 
proporcionalidade. 
Concebeu-se essa teoria como forma de se evitar o esvaziamento do 
direito fundamental por ação desarrazoada do legislador. 
De qualquer forma, sabemos que não há na ordem constitucional 
brasileira disciplina expressa sobre a proteção do núcleo essencial dos 
direitos fundamentais. A teoria dos limites dos limites cumpre esse papel, 
mas se trata de construção doutrinária e jurisprudencial que tem 
aplicação entre nós. 
Por fim, vale comentar sobre os dois modelos sobre a proteção do núcleo 
essencial dos direitos fundamentais: teoria absoluta e teoria relativa. 
Em resumo, os adeptos da teoria absoluta entendem o núcleo essencial 
dos direitos fundamentais como unidade substancial autônoma, que 
independentemente de qualquer situação concreta, estaria a salvo de 
eventual decisão legislativa. 
Os adeptos da teoria relativa entendem que os contornos do núcleo 
essencial só podem ser estabelecidos em cada caso concreto 
(considerando, inclusive, o aspecto da proporcionalidade). 
Vamos resolver uma questão? 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 14
19) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) A teoria dos limites dos limites 
serve para impor restrições à possibilidade de limitação dos direitos 
fundamentais. 
A “teoria dos limites dos limites” impõe o seguinte: “o poder da lei de 
impor limites ao exercício de direitos e garantias constitucionais se 
sujeita, por sua vez, a limites, haja vista que a limitação imposta só será 
válida se respeitar o núcleo essencial de tais institutos e, também, o 
princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade”. 
Item certo. 
A partir de agora passarei a abordar os direitos e garantias fundamentais 
em espécie. Ou seja, veremos cada um dos direitos e garantias previstos 
no art. 5º. 
Antes de entrar na análise de um a um dos direitos em espécie, vale a 
pena observar o teor do caput do art. 5º. 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes (...) 
Embora o caput do art. 5º da Constituição diga textualmente que os 
direitos e garantias fundamentais são garantidos aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país, a jurisprudência entendeu de forma 
diversa. 
Assim, a expressão “estrangeiros residentes no País” deve ser entendida 
como “estrangeiros sob as leis brasileiras”. Ou seja, aplica-se a 
estrangeiros residentes ou não-residentes, enquanto estiverem sob o 
mantodo nosso ordenamento jurídico. 
Mas, observe, não é que todos os direitos são destinados a estrangeiros. 
A ação popular, por exemplo, é garantia que não poderá ser estendida a 
estrangeiros em geral, pois apenas o cidadão é legitimado ativo. 
Vamos a mais uma questão. 
20) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/2009) Considere que o 
estrangeiro Paul, estando de passagem pelo Brasil, tenha sido preso 
e pretenda ingressar com habeas corpus, visando questionar a 
legalidade da sua prisão. Nesse caso, conforme precedente do STF, 
mesmo sendo estrangeiro não residente no Brasil, Paul poderá 
valer-se dessa garantia constitucional. 
A expressão “estrangeiros residentes no País” deve ser entendida como 
“estrangeiros sob as leis brasileiras”. Ou seja, aplica-se a estrangeiros 
residentes ou não-residentes, enquanto estiverem sob o manto do nosso 
ordenamento jurídico. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 15
Item certo. 
2 - Direito à Vida
O direito à vida está previsto no caput do art. 5° e talvez seja um dos 
mais basilares dos direitos fundamentais. Esse direito deve ser sempre 
interpretado em conjunto com o fundamento da dignidade da pessoa 
humana. 
É importante mencionar que o direito à vida não se resume à mera 
existência física. Abrange também o direito a uma existência digna, 
tanto no aspecto espiritual quanto no material. 
Ademais, nossa Constituição protege a vida de forma geral, incluindo a 
vida intra-ulterina (e não só a extra-uterina); 
Ainda quanto ao direito à vida, vale mencionar importante jurisprudência 
atualizada. Segundo o STF, não ofende o direito à vida e, portanto, é 
legítima a realização de pesquisas com a utilização de células-
tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por 
fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento. 
Por fim, lembre-se sempre de que apesar de sua importância, nem 
mesmo o direito à vida é absoluto, uma vez que sofre restrição 
autorizada na CF. É o caso da autorização para pena de morte no caso 
de guerra declarada (CF, art. 5°, XLVII, “a”). 
21) (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Segundo posição 
majoritária do Supremo Tribunal Federal (STF), a realização de 
pesquisas em células-tronco embrionárias ofende o direito à vida, 
assim como o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Como comentado, o STF decidiu que não ofende o direito à vida e, 
portanto, é legítima a realização de pesquisas com a utilização de 
células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos 
por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento. 
Item errado. 
3 - Princípio da igualdade
Expressamente previsto no caput e no inciso I do art. 5º, o princípio da 
igualdade é uma das bases do princípio republicano e da democracia. 
Esse princípio deve ser interpretado de forma que seja dado tratamento 
equivalente aos iguais, mas que sejam desigualmente tratados os 
desiguais, na medida das suas desigualdades. 
Segundo o texto constitucional, homens e mulheres são iguais em 
direitos e obrigações (CF, art. 5º, I). Apesar disso, a lei poderá sim criar 
distinções entre homens e mulheres, desde que haja razoabilidade para 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 16
o critério eleito para a discriminação. Por exemplo: determinado concurso 
público poderá ser restrito a mulheres, desde que as atribuições do cargo 
justifiquem essa discriminação (concurso para agente penitenciário em 
uma delegacia feminina, por exemplo). 
No mesmo sentido vai a Súmula 683 do STF: “O limite de idade para 
inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º , XXX , 
da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das 
atribuições do cargo a ser pretendido”. 
Ou seja, pode haver determinadas distinções por critério de idade, desde 
que haja justificativa e razoabilidade. 
Um detalhe importante é que, nesses casos de concursos, essas 
distinções devem estar previstas em lei. Apenas a previsão no edital não 
é suficiente. 
Também decorre do princípio da igualdade a proibição ao racismo e a 
qualquer forma de discriminação. Lembrando que o STF firmou 
entendimento de que o conceito constitucional de racismo não está 
adstrito às discriminações ligadas propriamente às diferentes raças 
(branco, negro, amarelo etc.), mas também a outras espécies de 
discriminações (de índole religiosa, por exemplo). 
Por fim, cabe mencionar que, segundo orientação do STF, o princípio da 
isonomia não autoriza o Poder Judiciário a estender vantagem a 
indivíduos não contemplados pela lei. 
Por exemplo, uma lei concede certa vantagem a determinada categoria 
de servidores; não poderá o Judiciário estendê-la a outros servidores 
apenas por considerar esse tratamento mais isonômico, ainda que tais 
servidores estejam em isonomia com os da primeira categoria (em 
termos de regime jurídico, funções e cargos). 
22) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) Homens e mulheres 
são iguais em direitos e obrigações, nos termos da CF, não podendo 
a lei criar qualquer forma de distinção. 
De fato, segundo o texto constitucional, homens e mulheres são iguais 
em direitos e obrigações (CF, art. 5º, I). Todavia, a lei poderá sim criar 
distinções entre homens e mulheres, desde que haja razoabilidade para 
o critério eleito para a discriminação. 
Item errado. 
23) (CESPE/AGENTE DE INTELIGÊNCIA/ABIN/2008) Considere a 
seguinte situação hipotética. Um romancista famoso publicou, no 
Brasil, um livro no qual defende a tese de que as pessoas que 
seguem determinada religião seriam menos evoluídas do que as que 
seguem outra religião. Nessa situação, tal afirmação poderia ser 
enquadrada como racismo, embora, tecnicamente, religião não 
constitua raça. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 17
O STF firmou entendimento de que o conceito constitucional de 
racismo não está adstrito às discriminações ligadas propriamente 
às diferentes raças (branco, negro, amarelo etc.), mas inclui também 
outras espécies de discriminações (de índole religiosa, por exemplo). 
Item certo. 
4 - Direito à liberdade
Em sua acepção mais ampla, o direito à liberdade está assegurado no 
caput do art. 5°. Como vimos, representa o cerne da ideologia liberal e do 
qual decorrem diversos direitos fundamentais de primeira geração. 
A liberdade física, de locomoção, é expressamente assegurada no art. 
5°, XV (“é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, 
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou 
dele sair com seus bens”). A violação a esse direito poderá ensejar a 
impetração de habeas corpus, remédio constitucional a ser estudado na 
próxima aula. 
De se observar que abrange não só a liberdade física, mas a de 
pensamento, de crenças e convicções, de expressão, de reunião, de 
associação etc. Direitos fundamentais também assegurados aos 
indivíduos e que passaremos a analisar. 
4.1 – Liberdade de Expressão e de Pensamento
Podemos dizer que também a liberdade de expressão decorre da 
adoção, entre nós, do regime democrático. 
Veja o teor dos incisos constitucionais que asseguram a liberdade de 
expressão: 
É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato (CF, art. 
5º, IV); 
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença (CF, art. 5º, IX); 
Assim, fica assegurada a manifestação do pensamento e a liberdade de 
expressão. Entretanto, é vedado o anonimato. 
Essa vedação tem por finalidade possibilitar a responsabilização de 
quem cause danos a terceiros. Afinal, a liberdade de expressão não é 
absoluta, pois a Constituiçãotambém assegura o direito de resposta, 
proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou 
à imagem (CF, art. 5°, V). 
Assim, veiculada expressão indevida de juízos e valores é cabível o 
direito de resposta – acumulável com a indenização por danos morais 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 18
e materiais – aplicável tanto às pessoas físicas e quanto às jurídicas
que sejam ofendidas. 
Ainda sobre o anonimato, essa vedação impede a admissão de 
denúncias anônimas. De se destacar que o STF entende que a 
instauração de persecução criminal por parte do Ministério Público não 
poderia ser instaurada unicamente com base em escritos apócrifos 
(anônimos). 
Nada impede, entretanto, que, provocado por denúncia anônima, o Poder 
Público passe a adotar medidas investigativas informais visando a apurar 
os fatos e buscar novos elementos que possam, aí sim, possibilitar a 
instauração da persecutio criminis. 
Em suma, em regra, escritos apócrifos não podem ser o único elemento 
a justificar a abertura da persecução criminal. Entretanto, eles podem ser 
usados para que o MP busque outros elementos que confirmem aquela 
hipótese. 
Outro detalhe que deve ser observado é que a manifestação do 
pensamento e a liberdade de expressão independem de censura. 
É importante você ter em mente que essas garantias não se revestem de 
natureza absoluta. Por conseqüência, por exemplo, a liberdade de 
expressão não pode conduzir ao racismo. 
Por fim, cabe apresentar o inciso XIV do art. 5°, segundo o qual é 
assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da 
fonte, quando necessário ao exercício profissional. 
Esse dispositivo assegura a todos o acesso às informações de interesse 
geral, mas se direciona principalmente aos profissionais de jornalismo ao 
possibilitar a preservação da fonte, quando necessária ao exercício 
profissional. 
Ainda sobre o direito de informação, vale lembrar que o STF decidiu que 
a CF não recepcionou o art. 4º, V, do Decreto-lei 972/69, o qual exige o 
diploma de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão de 
jornalista. 
Com essa decisão, nossa Corte Maior posicionou-se no sentido de que, 
se por um lado a liberdade de expressão não é direito absoluto, por outro 
lado, é inadmissível que a legislação crie embaraços à liberdade de 
informação, como poderia ocorrer com a exigência do referido diploma. 
24) (CESPE/AUFC – CLÍNICA MÉDICA/TCU/2009) Ao tratar dos direitos 
e garantias fundamentais, a CF dispõe expressamente que é 
assegurado a todos o acesso à informação, vedado o sigilo da fonte, 
mesmo quando necessário ao exercício profissional. 
Segundo o inciso XIV do art. 5°, é assegurado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional. 
Item errado. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 19
25) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) Conforme entendimento 
do STF, com base no princípio da vedação do anonimato, os 
escritos apócrifos não podem justificar, por si sós, desde que 
isoladamente considerados, a imediata instauração da persecutio 
criminis, salvo quando forem produzidos pelo acusado, ou, ainda, 
quando constituírem eles próprios o corpo de delito. 
Escritos apócrifos são aqueles de autoria não identificada (anônima). 
Eles não poderão servir de fundamento único e exclusivo para iniciar o 
processo de persecução penal ou a instauração da ação penal, a cargo 
do Ministério Público. A ressalva da questão diz respeito aos documentos 
ou provas produzidas pelo acusado ou ao caso em que aqueles 
documentos apócrifos são o que comprova a existência do crime (por 
exemplo, o bilhetes de resgate no delito de extorsão mediante seqüestro, 
ou como ocorre com cartas que evidenciem a prática de crimes contra a 
honra, ou que corporifiquem o delito de ameaça). 
Item certo. 
4.2 – Liberdade de exercício profissional
O inciso XIII do art. 5° assegura a liberdade de atividade profissional. 
Assim, é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
Observe que o direito ao livre exercício profissional é pleno, a princípio. É 
dizer: qualquer pessoa pode exercer, a princípio, qualquer ofício ou 
profissão, antes de ser editada lei regulamentando o assunto. 
Posteriormente, a lei poderá vir a restringir esse direito, caso venha a 
estabelecer requisitos para o desempenho de determinada profissão. A 
partir de então, só poderão exercer uma profissão aqueles que 
cumprirem aqueles requisitos. 
4.3 – Liberdade de consciência e de crença 
Desde o advento da República, o Brasil é um país laico (leigo ou não 
confessional), o que significa que aqui não há religião oficial. Assim, o 
art. 5° traz três incisos referentes à liberdade de crença, convicção 
política e filosófica. 
- É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o 
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias (CF, art. 5º, VI); 
- É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva (CF, art. 5º, VII); 
- Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 20
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei (CF, art. 5º, VIII); 
Desses dispositivos, o mais relevante é o último, que consagra a 
chamada escusa de consciência (objeção de consciência ou alegação 
de imperativo de consciência). 
Nesse sentido, o art. 5°, VIII estabelece dois requisitos para a privação 
de direitos em virtude de crença religiosa ou convicção filosófica ou 
política: (i) não cumprimento de uma obrigação a todos imposta; e (ii) 
descumprimento de prestação alternativa fixada em lei. 
Assim, o indivíduo pode não cumprir obrigação a todos imposta e não ser 
privado de direitos, desde que cumpra prestação alternativa fixada 
em lei. 
Especificamente sobre o direito ao livre exercício de cultos, o Supremo já 
decidiu que a garantia de liberdade de culto seguramente não alcança a 
prática de atos que, sem embargo de sua roupagem mística, são 
tipificados pela lei penal. 
Observe que essa decisão se relaciona com aquela máxima de que, não 
obstante sua relevância, os direitos fundamentais não dispõem de 
caráter absoluto. 
26) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E 
VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) O Brasil, por ser 
um país laico, não tem religião oficial, sendo assegurada 
constitucionalmente a inviolabilidade da liberdade de consciência e 
de crença, bem como o livre exercício dos cultos religiosos. 
Observe que a questão cobrou o conhecimento do inciso VI do art. 5° da 
CF/88. 
Item certo. 
4.4 – Liberdade de reunião
O direito de reunião (assim como ocorre com o direito de associação, 
visto a seguir) liga-se à liberdade de expressão e ao sistema democrático 
de governo. Podemos dizer que é uma forma coletiva de exercício da 
liberdade de expressão, uma vez que consiste no direito de 
determinados agrupamentos de pessoas reunirem-se temporariamente 
para a livre manifestação dos seus pensamentos (por exemplo, num 
comício, numa passeata). Ademais, é também direito individual, pois 
assegura a qualquer indivíduo a livre opção de participar ou não de 
determinada reunião. 
Está assegurado no art. 5°, XVI: 
Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao 
público, independentemente de autorização, desde que não frustremoutra 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 21
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido 
prévio aviso à autoridade competente; 
Objetivamente, observe que não é necessária a autorização do Poder 
Público para o exercício do direito de reunião, sendo exigido apenas: (i) 
aviso prévio; (ii) fins pacíficos; (iii) ausência de armas; (iv) locais 
abertos ao público; e (v) não-frustração de outra reunião 
anteriormente marcada para o mesmo local. 
Assim, o estado tem o dever de assegurar aos indivíduos o livre exercício 
do direito de reunião, protegendo-os, inclusive, contra aqueles que 
são contrários à assembléia. 
Ademais, a liberdade de reunião protege ainda o direito de não se 
reunir a outros. 
Interessante salientar que esse não é um direito absoluto. Assim, a 
própria CF/88 admite a restrição excepcional desse direito nos casos de 
estado de defesa (art. 136, § 1°, I, “a”) e estado de sítio (art. 139, IV). 
Agora a pergunta mais complicada: seria o habeas corpus instrumento 
jurídico adequado para a tutela do direito de reunião? A resposta é não. 
No caso de lesão ou ameaça ao direito de reunião, o indivíduo deve 
recorrer ao mandado de segurança. 
27) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E 
VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO / SEJUS / ES / 2009) 
Independentemente de aviso prévio ou autorização do poder 
público, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais 
abertos ao público, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local. 
Segundo o inciso XVI do art. 5°, não é necessária a autorização do 
Poder Público, mas é exigido aviso prévio. 
Item errado. 
4.5 – Liberdade de associação
A liberdade de associação é plena e também se relaciona ao exercício 
da liberdade de expressão. Diferencia-se, entretanto, do direito de 
reunião; porque a associação reveste-se de caráter de permanência, de 
continuidade (ao contrário da natureza ocasional e temporária da 
reunião). 
A Constituição assegura a liberdade de associação para fins lícitos, 
mas veda a associação de caráter paramilitar (CF, art. 5°, XVII). Essa 
liberdade inclui os seguintes aspectos: 
I) para a criação (de associações, bem como de cooperativas) não é 
necessária autorização do Poder público (CF, art. 5°, XVIII); 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 22
II) é vedada a interferência estatal em seu funcionamento (CF, art. 5°, 
XVIII); 
III) além do direito de associar-se, é também assegurado o direito de 
não se associar ou não se manter associado (CF, art. 5°, XX); 
Sobre a liberdade de associação, o dispositivo mais importante (mais 
cobrado em concursos) é o art. 5°, XIX: 
- As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter 
suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no 
primeiro caso, o trânsito em julgado (CF, art. 5°, XIX). 
A suspensão ou dissolução das associações são temas que exigem 
reserva de jurisdição. Ou seja, a Constituição protege o direito de 
associação contra a atuação administrativa ou mesmo a atuação do 
poder legislativo. 
Assim, a associação poderá ter suas atividades suspensas ou ser 
dissolvida por determinação judicial. Mas, atenção! Como o caso de 
dissolução é mais gravoso, ele (somente a dissolução compulsória) 
exige trânsito em julgado. 
28) (CESPE/AUFC – CLÍNICA MÉDICA/TCU/2009) A administração 
pública, no exercício do seu poder de fiscalização, quando estiver 
diante de uma ilegalidade, poderá, independentemente de decisão 
judicial, dissolver compulsoriamente ou suspender as atividades das 
associações. 
A suspensão ou dissolução das associações são temas que exigem 
reserva de jurisdição. A associação poderá ter suas atividades 
suspensas ou ser dissolvida por determinação judicial. Como a 
dissolução compulsória é mais grave, ela exige trânsito em julgado. 
Item errado. 
29) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª 
REGIÃO/2009) A CF veda a interferência do Estado no 
funcionamento das associações e cooperativas. 
A Constituição Federal veda expressamente a interferência estatal no 
funcionamento das associações (CF, art. 5º, XVIII). 
Item certo. 
Representação Judicial e Substituição Processual
Segundo a Constituição Federal, as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados judicial ou extrajudicialmente (CF, art. 5º, XXI). 
Trata-se de hipótese de representação judicial, em que é possível que 
um terceiro ajuíze ação em nome de determinada pessoa. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 23
Ou seja, o indivíduo pode outorgar às associações a função de 
representá-lo judicialmente ou extrajudicialmente. 
Assim, desde que expressamente autorizada, uma associação poderá 
ajuizar ação judicial em nome de um indivíduo, no interesse dele (trata-se 
de ação em nome alheio e na defesa de interesse alheio). Nesse caso, a 
associação é mera representante do indivíduo interessado. 
A representação judicial não se confunde com a substituição 
processual. A substituição processual ocorre na impetração do MS 
coletivo em nome próprio, em defesa de interesse alheio, em que a 
associação atua como substituta processual (CF, art. 5°, LXX). 
De se destacar que, ao regulamentar o mandado de segurança coletivo, 
a Constituição não repetiu aquela exigência de autorização expressa dos 
associados. Assim, nesse caso, é dispensada a autorização expressa 
e específica dos associados, bastando para a impetração as 
autorizações genéricas constantes dos estatutos de constituição da 
entidade. 
Sintetizando: 
Representação 
Judicial 
(CF, art. 5°, XXI) → 
I) Necessária autorização expressa 
II) Defesa de interesse alheio em ações em geral 
Substituição 
Processual 
(CF, art. 5°, LXX) → 
I) Desnecessária autorização expressa 
II) Defesa de interesse alheio em MS coletivo 
30) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) As entidades 
associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade 
para representar seus filiados judicialmente, mas não no 
contencioso administrativo. 
Segundo a Constituição Federal, as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados tanto judicial quanto extrajudicialmente (CF, art. 5º, XXI). 
Item errado. 
5 - Princípio da legalidade
O princípio da legalidade visa a proteger o indivíduo frente a atuação 
arbitrária do Estado. Nesse sentido, ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (CF, art. 5°, II). 
Assim, só por meio das espécies normativas devidamente elaboradas 
conforme a Constituição podem-se criar obrigações para o indivíduo, pois 
expressam a vontade geral. 
Vale apresentar a diferença da força do princípio da legalidade para os 
particulares e para os agentes públicos. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 24
Aos particulares é lícito fazer tudo aquilo que a lei não proíba. Não é 
necessária uma lei autorizando determinado comportamento, basta que 
não exista uma norma que o proíba. 
Por outro lado, para os agentes públicos, o princípio da legalidade tem 
outra conotação. Com efeito, o agente público somente pode agir 
conforme o estabelecido em lei. Significa dizer que se não houver 
previsão legal para determinada atuação, não há possibilidade de o 
poder público proceder daquela forma. 
5.1 - Princípio da Legalidade e Reserva Legal
O Cespe adora esse assunto! A diferença doutrinária entre os princípios 
da legalidade e da reserva legal.Pois bem, embora esses princípios sejam tratados por muitos como 
sinônimos, o fato é que a doutrina estabelece distinção entre o princípio 
da legalidade (mais amplo) e o princípio da reserva legal (mais estrito). 
O princípio da legalidade estabelece que qualquer comando jurídico 
impondo comportamentos forçados há de provir de uma das espécies 
normativas existentes na nossa ordem constitucional. Daí o teor do inciso 
II do art. 5° da CF/88: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei.” 
Ou seja, ele opera de maneira geral, sendo que todos os 
comportamentos humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade. 
Ao contrário, a reserva legal restringe-se a determinados campos 
materiais especificados na Constituição, que devem ser disciplinados por 
lei formal. É dizer: a reserva legal aplica-se a determinadas matérias 
da Constituição. 
Assim, não faça confusão: não é que algumas matérias estão 
submetidas à legalidade e outras à reserva legal. Não é isso! O princípio 
da legalidade aplica-se aos comportamentos do Poder Público de forma 
geral. E a reserva legal, sim, aplica-se a algumas matérias para as quais 
a Constituição expressamente estabelece essa relação. 
Perceba ainda que quando a Constituição Federal submete certa matéria 
ao princípio da legalidade, tal matéria poderá ser disciplinada por lei, ou 
mediante atos administrativos expedidos com fundamento na lei (decreto 
regulamentar, por exemplo). 
Assim, quando a Constituição, no inciso II do art. 5º, estabelece que 
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei”, tem-se, aí, o princípio da legalidade, pois, nessa 
expressão, a palavra “lei” está empregado no seu sentido amplo, 
alcançando não somente lei em sentido estrito, mas, também, atos 
administrativos expedidos com fundamento em lei. Por isso, se dizer que 
o princípio da legalidade tem maior alcance (alcança um maior número 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 25
de matérias constitucionais), mas menor densidade (pois pode ser 
satisfeito não só por meio de lei, mas também pela expedição de atos 
administrativos). 
Por outro lado, quando a Constituição submete certa matéria ao princípio 
da reserva legal, está ela a exigir, exclusivamente, lei em sentido estrito 
ou ato normativo com força de lei. 
Assim, quando a Constituição estabelece que a remuneração dos 
servidores públicos somente poderá ser fixada por lei (CF, art. 37, X), 
temos, aqui, o princípio da reserva legal, pois a palavra “lei” está 
empregado em sentido estrito, alcançando somente lei formal (elaborada 
pelo Legislativo, com a participação do chefe do Executivo) ou ato 
normativo com força de lei. 
Por isso, diz-se que o princípio da reserva legal tem menor alcance 
(alcança um menor número de matérias constitucionais), mas maior 
densidade (já que impõe que tais matérias sejam disciplinadas, 
necessariamente, por lei formal). 
Guarde essas informações. Utilizarei uma questão logo à frente para 
apresentar mais um detalhe. 
Sintetizando: 
I) Princípio da Legalidade 
a) Não só atos com status de lei, mas também atos administrativos 
infralegais editados nos limites destes; 
b) Maior alcance; 
c) Menor densidade de conteúdo; 
II) Reserva Legal 
a) Tratamento exclusivo por lei formal ou ato hierarquicamente 
equivalente; 
b) Menor alcance; 
c) Maior densidade de conteúdo; 
31) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) De acordo com o 
princípio da legalidade, apenas a lei decorrente da atuação 
exclusiva do Poder Legislativo pode originar comandos normativos 
prevendo comportamentos forçados, não havendo a possibilidade, 
para tanto, da participação normativa do Poder Executivo. 
Perceba que quando a Constituição Federal submete certa matéria ao 
princípio da legalidade, tal matéria poderá ser disciplinada por lei, ou 
mediante atos administrativos expedidos com fundamento na lei (decreto 
regulamentar, por exemplo). Daí, errada a questão. 
Item errado. 
32) (CESPE/ANALISTA/TRE/ES/2011) O princípio da legalidade não se 
confunde com o da reserva legal: o primeiro pressupõe a submissão 
e o respeito à lei; o segundo se traduz pela necessidade de a 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 26
regulamentação de determinadas matérias ser feita 
necessariamente por lei formal. 
Nesta questão (de janeiro de 2011), o Cespe cobrou algo, no mínimo, 
polêmico. Entretanto, estou trazendo a questão para que possamos 
discuti-la e te preparar... 
Considerou que essa assertiva estava correta, apesar de ela atribuir 
necessariamente à lei formal o tratamento de assuntos protegidos por 
reserva legal. 
Segundo José Afonso da citado por Alexandre de Moraes: 
“tem-se, pois, reserva de lei, quando uma norma constitucional 
atribui determinada matéria exclusivamente à lei formal (ou a atos 
equiparados, na interpretação firmada na praxe), subtraindo-a, 
com isso, à disciplina de outras fontes, àquela subordinada”. 
Conclui-se que os assuntos protegidos por reserva legal podem ser 
tratados por “atos equiparados” à lei formal. Só não podem ser tratados 
por meio de outras fontes, infralegais (subordinadas à lei, como descrito 
no final da frase). 
Ademais, o próprio Alexandre de Moraes termina o tópico de seu livro 
“Princípios da legalidade e da reserva legal” da seguinte forma: 
“Saliente-se, ainda, que o texto constitucional, apesar de reservar a 
primazia, não concede o monopólio da função normativa ao Poder 
Legislativo, e estabelece outras fontes normativas primárias, tanto 
no Executivo (medidas provisórias, decretos autônomos), quanto no 
Judiciário (poder normativo primário do Conselho Nacional de 
Justiça).” 
O mais estranho é que, na prática e segundo a lógica, os atos 
equiparados à lei podem tratar dos assuntos reservados à lei, exceto se 
forem impedidos de versar sobre aqueles temas. 
Ou seja, qualquer tema que deve ser obrigatoriamente tratado por lei 
pode ser tratado, por exemplo, por medida provisória, exceto se constituir 
algum assunto vedado a esta espécie, nos termos do art. 62, § 1° da 
CF/88. 
Diante disso, entendo que a redação da assertiva não ficou adequada, 
pois afirmou que a reserva legal deve ser tratada necessariamente por lei 
formal. 
Bem, para seu concurso então, fique atento! Se cair algo semelhante 
você já sabe como o Cespe pensa. 
Item certo 
33) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) Segundo a doutrina, a 
aplicação do princípio da reserva legal absoluta é constatada 
quando a CF remete à lei formal apenas a fixação dos parâmetros 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 27
de atuação para o órgão administrativo, permitindo que este 
promova a correspondente complementação por ato infralegal. 
Esta questão é um pouco mais aprofundada. Vou usar ela para 
apresentar mais detalhes sobre esse assunto. 
Para a doutrina, o princípio da reserva legal pode ser absoluto ou 
relativo. Haverá a reserva legal absoluta nos casos em que a 
Constituição exige do legislador o esgotamento do tema, não deixando 
espaço para a atuação discricionária dos agentes públicos. A reserva 
legal relativa ocorre quando houver espaço para a complementação da 
norma por parte do seu aplicador. Ainda há a necessidade de lei, mas 
esta estabelecerá apenas as bases ou parâmetros. Ou seja, nesse último 
caso (reserva legal relativa), caberá à administração esmiuçar e detalhar 
o alcance da lei, por meio de atos infralegais. 
A questão está errada por apresentar a definição de reserva legal 
relativa. 
Item errado. 
Bem, algumas questões de outras bancas (do Cespe eu ainda não vi) 
têm cobrado aindaa definição de reserva legal qualificada, relacionada 
com a limitação dos direitos fundamentais (já estudada lá atrás). 
Esse assunto é pouco cobrado em concursos, mas vou mencioná-lo 
aqui. Como eu disse, relaciona-se às restrições aos direitos 
fundamentais. 
Assim, se por um lado há direitos fundamentais não sujeitos 
expressamente a restrição legal (por exemplo, o art. 5°, X, que trata da 
inviolabilidade da imagem), há direitos submetidos à reserva legal 
simples e há aqueles submetidos à reserva legal qualificada. 
A reserva legal simples ocorre quando o constituinte limita-se a 
autorizar a intervenção legislativa sem fazer qualquer exigência quanto 
ao conteúdo ou à finalidade da lei. 
No caso da reserva legal qualificada, eventual restrição deve ser feita 
tendo em vista determinado objetivo ou o atendimento de 
determinado requisito expressamente definido na Constituição. 
Observe o art. 5°, XV, ao tratar do direito de locomoção: 
“é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo 
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair 
com seus bens.” 
Esse caso a doutrina classifica como sendo de reserva legal simples. Ou 
seja, a Constituição exige apenas que eventuais restrições sejam 
previstas em lei (“nos termos da lei”). 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 28
Situação diferente é estabelecida para a inviolabilidade das 
comunicações telefônicas (CF, art. 5°, XII), por exemplo, em que há 
condições especiais e fins a serem perseguidos para a restrição do 
direito, observe: 
“é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último 
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer 
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” 
Ou seja, o legislador ordinário não tem plena liberdade para 
estabelecer os casos de restrição da inviolabilidade das comunicações 
telefônicas. Eventual restrição só se concretizará mediante ordem judicial 
e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
Assim, na reserva legal qualificada, o dispositivo constitucional exige 
condições especiais para que seja possível a restrição ao direito. 
Sei que são muitos detalhes. Assim, um esquema pode facilitar sua 
memorização dessas classificações. 
Sintetizando: 
5.2 – Princípio da Legalidade Penal e da retroatividade da lei penal 
mais favorável
De acordo com o art. 5°, XXXIX da CF/88, não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 
Assim, além da exigência de lei formal para tipificar crimes e cominar 
sanções penais, esse princípio exige que a lei tenha sido publicada antes 
da prática do ato para que possa ser aplicável a ele. 
Esse inciso se complementa com o inciso XL do art. 5° da CF/88, 
segundo o qual, a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Trata-se de um princípio composto de dois mandamentos: 
I) Regra Geral: a irretroatividade da lei penal; 
II) Regra Específica: a retroatividade da lei penal mais favorável. 
Assim, a lei penal sempre retroagirá se for para beneficiar o réu, mesmo 
que ele já esteja cumprindo pena. A lei benéfica poderá, por exemplo, 
reduzir a pena ou mesmo deixar de considerar crime determinada 
conduta. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 29
De outro lado, a lei desfavorável só se aplicará às condutas praticadas 
após o início da sua vigência. 
O STF tem súmula relevante sobre o assunto (Súmula 711): 
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
da permanência.” 
Diferenciar o crime continuado do permanente não tem muita importância 
para o direito constitucional. Mas para os mais curiosos, vale mencionar 
que: 
I) crime continuado é aquele composto por uma série de atos seguidos 
de mesma espécie, configurando, ao final, um único crime (como seria o 
caso de diversos assaltos a diferentes lojas de um shopping center, na 
mesma tarde); e 
II) crime permanente é um ato único, mas que se prolonga no tempo 
(como um seqüestro, que pode durar dias ou semanas, por exemplo). 
34) (CESPE/137 Exame de Ordem/OAB-SP/2009) É correto afirmar que 
a lei penal 
A não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
B retroagirá, salvo disposição expressa em contrário. 
C não retroagirá, salvo se o fato criminoso ainda não for conhecido. 
D retroagirá, se ainda não houver processo penal instaurado. 
Questão relativamente fácil do Cespe, já que cobrou a literalidade. A lei 
não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Gabarito: A 
6 - Direito à Intimidade e à Privacidade 
Os direitos à intimidade e à preservação da própria imagem formam 
a proteção constitucional à vida privada, funcionando como salvaguarda 
de uma esfera íntima intransponível por intromissões externas. 
Segundo o art. 5°, X da CF/88, são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 
Para a reparação por dano moral não é necessário que tenha havido 
dano material. Mas o STF já definiu que essas indenizações podem ser 
concomitantes e que, ademais, a reparação por dano moral não 
exige ofensa à reputação do indivíduo (o mero desconforto causado 
pela publicação de uma foto não autorizada já geraria direito à 
reparação). 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 30
Cabe destacar ainda que as pessoas jurídicas também estão 
protegidas pela inviolabilidade da honra e da imagem. 
Também relacionada ao direito à intimidade é a decisão do STF no 
sentido da não admissão da coação do possível pai para realizar o 
exame de DNA em ação de investigação de paternidade. Isso porque tal 
medida implicaria ofensa a diversas garantias constitucionais, tais como 
a preservação da dignidade humana, da intimidade e da intangibilidade 
do corpo humano. 
35) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJ/RJ/2008) O direito fundamental 
à honra se estende às pessoas jurídicas. 
Como comentei, segundo a jurisprudência do STF, o direito à 
inviolabilidade da honra e da imagem, prevista no inciso X do art. 5º da 
Constituição Federal, é extensível às pessoas jurídicas. 
Item certo. 
36) (CESPE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/ARACAJU/2007) Admite-
se a condução coercitiva do réu em ação de investigação de 
paternidade para que seja submetido a exame de DNA a fim de 
saber se é o pai de criança. 
A jurisprudência do STF é no sentido da não admissão da coação do 
possível pai para realizar o exame de DNA em ação de investigação de 
paternidade. Isso porque tal medida implicaria ofensa a diversas 
garantias constitucionais, tais como a preservação da dignidade humana, 
da intimidade e da intangibilidade do corpo humano. 
Item errado. 
6.1 – Sigilo bancário
Integrante do direito à privacidade, o sigilo bancário é assunto bastante 
cobrado em concursos. A propósito, você sabe quem pode quebrar o 
sigilo bancário? Pois é... Vamos resumir isso aí... Essa garantia só pode 
ser atingida (quebra do sigilo) nos seguintes casos: 
I) por determinação judicial; 
II) por determinação do Plenário da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal; e 
III) por determinação de CPI. 
Além dessas autoridades, vale comentar os casos do Ministério Público e 
dos agentes fiscais tributários. 
Quanto ao Ministério Público, a jurisprudência do STF muitas vezes 
resistiu a que o MP pudesse determinar a quebra do sigilo diretamente, 
por falta de autorização específica. Contudo, há precedente do Supremo 
confirmando a possibilidadede acesso do MP aos dados sigilosos em se 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 31
tratando de requisição de informações e documentos para instruir 
procedimento administrativo instaurado em defesa do patrimônio 
público (MS 21.729, Rel. p/ o ac. Min. Néri da Silveira, 5-10-95). 
No que se refere às autoridades e agentes fiscais tributários da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a Lei 
Complementar 105/2001 permite o acesso dessas autoridades aos 
dados sigilosos quando houver processo administrativo instaurado ou 
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados 
indispensáveis pela autoridade administrativa competente. 
Entretanto, em dezembro de 2010, no âmbito de um Recurso 
Extraordinário - RE 389808 - o STF negou a possibilidade de quebra de 
sigilo bancário de empresa pelo Fisco sem ordem judicial. 
Assim, por cinco votos a quatro, os ministros da Suprema Corte 
entenderam que não pode haver acesso a esses dados sem ordem do 
Poder Judiciário. 
Por fim, vale comentar jurisprudência recente do STF, frequentemente 
cobrada em questões do Cespe: o TCU não dispõe de competência 
para quebra de sigilo bancário de seu investigado. 
37) (CESPE/AUFC/TCU/2009) O STF entende que a atividade de 
fiscalização do TCU não confere a essa corte poderes para eventual 
quebra de sigilo bancário dos dados constantes do Banco Central do 
Brasil. 
Essa questão versa sobre a garantia de sigilo bancário. Interessante 
como o Cespe vem cobrando os posicionamentos mais recentes do STF. 
Conforme jurisprudência da Suprema Corte, o TCU não dispõe de 
competência para quebra de sigilo bancário de seu investigado. 
Item certo. 
6.2 – Inviolabilidade domiciliar
Lembre-se de que os direitos fundamentais surgem como proteção do 
indivíduo contra o poder estatal. Imagine se o Estado fosse todo 
poderoso e seus agentes pudessem entrar nas casas dos cidadãos a 
qualquer hora, por sua livre iniciativa. Isso afetaria completamente a 
nossa liberdade, individualidade e tranqüilidade, concorda? 
Pois bem, por isso, a Constituição garante a chamada inviolabilidade 
domiciliar, nos seguintes termos: 
A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial (CF, art. 5º, XI). 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 32
Assim, como regra, é inviolável o domicílio, mas a própria CF admite 
exceções: 
1 – Flagrante delito ou desastre; 
2 – Prestação de socorro; 
3 – Durante o dia, por determinação judicial. 
Muita gente faz confusão quanto a isso! Mas, quero que você observe 
que, apenas no caso de determinação judicial, é que se exige que a 
entrada na residência, sem o consentimento do morador, se dê durante 
o dia. Essa regra não vale para os casos de flagrante delito, desastre ou 
socorro. 
Assim, não deixe guardar o seguinte: 
a) por determinação judicial, só será possível penetrar na residência 
sem o consentimento do morador durante o dia; mas 
b) no caso de flagrante delito ou desastre ou para prestar socorro não é 
necessário que a ação ocorra durante o dia; 
Cabe comentar que, para a doutrina, o conceito de dia corresponde a 
todas as horas compreendidas entre o nascer e o pôr-do-sol. Ou, de 
forma mais poética, entre “a aurora e o crepúsculo”....rsrs 
Segundo o STF, essa inviolabilidade não alcança somente “casa”, 
residência do indivíduo. Alcança, também, qualquer recinto fechado, 
não aberto ao público, ainda que de natureza profissional (escritório do 
advogado, consultório do médico, dependências privativas da empresa, 
quarto de hotel etc.). 
Há novidades na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto a 
esse assunto. O STF considerou válido provimento judicial (oriundo de 
Ministro do próprio STF) que autorizou o ingresso de autoridade policial 
em recinto profissional durante a noite, para o fim de instalar 
equipamentos de captação acústica (escuta ambiental). 
De início, observou-se que tal medida (instalação de equipamentos de 
escuta ambiental) não poderia jamais ser realizada com publicidade, sob 
pena de sua frustração, o que ocorreria caso fosse praticada durante o 
dia, mediante apresentação de mandado judicial. 
Ou seja, ponderou-se, nesse caso concreto, os bens jurídicos em conflito 
e admitiu-se o procedimento, tendo como pano de fundo os valores da 
proteção à intimidade, à privacidade e da dignidade da pessoa humana. 
Segundo esse entendimento, a instalação de escuta ambiental em 
escritórios vazios não se sujeitaria estritamente aos mesmos limites da 
busca em domicílios stricto sensu (em que haveria pessoas habitando). 
Diante disso, desde que existente a autorização judicial, poderia ser 
admitida essa atuação do Estado, seja para execução durante o dia, seja 
para execução durante a noite. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 33
38) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 17ª 
REGIÃO/2009) Caso um escritório de advocacia seja invadido, 
durante a noite, por policiais, para nele se instalar escutas 
ambientais, ordenadas pela justiça, já que o advogado que ali 
trabalha estaria envolvido em organização criminosa, a prova obtida 
será ilícita, já que a referida diligência não foi feita durante o dia. 
O Supremo Tribunal Federal considerou válido provimento judicial 
(oriundo de Ministro do próprio STF) que autorizou o ingresso de 
autoridade policial em recinto profissional durante a noite, para o fim de 
instalar equipamentos de captação acústica (escuta ambiental). 
Assim, não caracterizaria invasão de domicílio a escuta ambiental e 
exploração de escritório para instalação de equipamentos de captação 
de sinais óticos e acústicos. Todavia, o ingresso da autoridade policial, 
no período noturno, para instalação de equipamento deve estar 
autorizado por decisão judicial. 
Item errado. 
39) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Se um indivíduo, 
ao se desentender com sua mulher, desferir contra ela inúmeros 
golpes, agredindo-a fisicamente, causando lesões graves, as 
autoridades policiais, considerando tratar-se de flagrante delito, 
poderão penetrar na casa desse indivíduo, ainda que à noite e sem 
determinação judicial, e prendê-lo. 
Tem gente que faz uma confusão danada sobre esse inciso do art. 5° e 
acha que só se pode entrar na casa durante o dia. Não é assim... Vamos 
a um exemplo, digamos, cinematográfico... 
Imaginemos uma situação hipotética em que três Agentes da Polícia 
Federal – Nascimento, Matias e Neto – adentrem na residência de 
Baiano sem seu consentimento no meio da noite, sem mandado judicial, 
e no momento em que ele está vendendo cocaína a várias pessoas. 
Houve desrespeito à Constituição por parte dos agentes? Não! Pois no 
caso de flagrante delito não é necessário que a ação ocorra durante o 
dia. Guarde esses detalhes. 
É como o caso dessa questão. Segundo a Constituição Federal, em caso 
de flagrante delito, pode-se entrar no domicílio a qualquer hora do dia ou 
da noite, sem necessidade de autorização judicial (CF, art. 5º, XI). 
Item certo. 
6.3 – Inviolabilidade das correspondências e comunicações
Segundo a Constituição de 1988, art. 5°, XII, é inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ POLÍCIA FEDERAL (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 34
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal

Continue navegando

Outros materiais