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Otopatias em pequenos animais

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Aula de Otopatias em pequenos animais
A maioria das doenças dermatológicas refletem nas orelhas, pois seu epitélio de revestimento é o mesmo que o da pele. Sendo assim, grande parte otopatias são de origem dermatológica.
A classificação das otites são nomeadas de acordo com a sua localização anatômica, sendo assim, o termo anatômico correto é ORELHA, e não OUVIDO. 
 
Orelha Externa - se inicia no pavilhão auricular (cartilagem externa da orelha), conduto/canal vertical e horizontal, e termina na membrana timpânica ou membrana timpânica externa.
Pavilhão auricular > canal vertical > canal horizontal > membrana timpânica.
*A membrana timpânica é o que divide orelha externa de orelha média*
Orelha Média – se inicia na membrana timpânica ou membrana timpânica interna, cavidade timpânica, e ossículos da audição (martelo, bigorna e estribo) que tem como objetivo de transmitir e ampliar as vibrações da membrana timpânica, e tuba auditiva, que é um tubo que se conecta à cavidade timpânica e possui conexão com a nasofaringe, sua função é equalizar/amenizar a pressão atmosférica durante um bocejo ou deglutição (ex: durante a mudança de altitude como andar de avião ou descer a Serra, temos uma sensação incômoda de pressão, como se o “ouvido” estivesse estourando).
Membrana timpânica(interna) > cavidade timpânica > ossículos da audição > tuba auditiva.
*Em gatos, é comum ocorrer otite média primária, principalmente em raças com distúrbios respiratórios como o Persa, por causa da conexão nasofaríngea ser mais curta*
Orelha Interna – Vestíbulo > Canais semicirculares > Cóclea.
Resumidamente, esses três canais acima formam o labirinto ósseo, que juntamente à outros componentes anatômicos, possuem várias funções relacionadas com o equilíbrio em relação a posição rotacional da cabeça. Isso significa que qualquer alteração no sistema vestibular, apresenta sinais neurológicos, principalmente relacionadas à falta de equilíbrio.
Migração epitelial 
Assim como a pele do corpo possui sua descamação para remoção de células mortas, as células da orelha também fazem esse mesmo processo para a cera. Ou seja, as células migram da membrana timpânica e, direção ao pavilhão auricular (expulsam as células mortas de dentro para fora), e junto com elas levam a cera, ocorrendo assim a eliminação do cerúmen (debris celulares, secreção sebácea). 
Otite Externa – afeta orelha externa, e os sintomas podem variar de acordo com o grau de evolução, mas no geral apresentam: Prurido, meneio encefálico, otorreia, odor fétido/pútrido e disacusia. 
Prurido – o animal coça demais a região da orelha.
Meneio encefálico – chacoalhar a cabeça demonstrando incômodo com a região.
Otorréia – secreção cerosa, geralmente acastanhada.
Discusia – alteração da audição, podendo ter perda auditiva que pode ou não ser momentânea.
Ainda dentro das Otites externas, podemos classifica-las como:
Otite ceruminosa – é aquela onde há excesso de produção de cerúmen, e esse excesso acaba irritando o canal e causando uma inflamação. 
*Qual a causa base para excesso? 
- Genética: algumas raças possuem pré-disposição, por produzirem naturalmente em excesso, como o Labrador chocolate, Cocker americano e o Sharpei. (raças de que possuem orelha pendular).
- Erro de manejo: A limpeza inadequada e/ou excesso da mesma, pode desencadear/estimular a produção excessiva pois devemos lembrar que a cera/cerúmen é uma proteção natural.
- Presença de corpo estranho: qualquer coisa dentro do canal pode causar o excesso de produção seguida de uma inflamação, pois o corpo interpreta como um agressor. Pode ser um fiapo de linha ou pêlos, água, grama, medicação, neoplasias.
- Parasitas: como o ácaro Otodectes cynotis, ou Demodex que parasita a região de orelha externa, se alimenta de cerúmen e fica andando pelo canal, causando a irritação (comum em filhotes e em gato, 50% das otites em felinos são causadas por ácaros/sarna).
- Seborreia: Animais que possuem problemas de seborreia na pele, também vão tão ter alterações de produção sebácea na orelha. (endocrinopatias como HAC)
Presença de Malassezia?
A Malazessia faz parte da microbiota da pele do cão, sendo comensal. Lembramos que ela, é uma levedura oportunista, e quando há aumento do cerúmen, ocorre um desequilíbrio e sua população também aumenta, causando assim uma infecção SECUNDÁRIA, ela é uma CONSEQUÊNCIA, não a causadora. E quando não trata adequadamente, evolui pra uma Otite de origem bacteriana.
Otite Eczematosa – Possui esse nome porque a presença de eczema e eritema é bem presente, principalmente no pavilhão auricular. Isso ocorre porque diferente da Ceruminosa, aqui ocorre primeiro a inflamação/irritação e consequentemente a produção excessiva de cerúmen. 
*Esse tipo de otite tem origem alérgica, tende a ser crônica, é aquela otite persistente que trata e ela sempre volta ou nunca cura, pois sua causa base geralmente é causada por alguma alergopatia, geralmente alimentar ou atopica.
Sinais clínicos: Prurido, meneio encefálico, otorreia, odor fétido/pútrido e disacusia, eritema, eczema.
*O eritema e eczema (vermelhidão + bolinhas) costumam aparecer primeiro.
 No exame de inspeção indireta (com auxilio de um otoscópio) é possível observar formações sólidas, semelhantes á sagu ou caviar no canal da orelha externa. 
Otite Bacteriana – É a evolução das anteriores, geralmente decorrente de processos crônicos, onde há proliferação de bactérias oportunistas, geralmente por stphylococcus Streptococcus, e Pseudomonas.
Sinais clínicos: Presença de pús ou secreção purulenta, com odor fétido forte característico.
Em casos mais graves, pode evoluir para uma otite média, e/ou ter estreitamento do canal, e essa estenose na maioria das vezes é irreversível, sendo necessária intervenção cirúrgica.
Relato de casos que evoluíram para carcinoma.
Otite Média e Interna - É secundária á otite externa, ocorre quando há perfuração ou ruptura do tímpano, tendo contaminação da cavidade timpânica e possuem sintomas mais graves.
Sinais clínicos: Desvio do eixo cranial, dificuldade em abrir a boca e ingerir alimentos rígido com a ração, andar em círculos e em caso mais graves de otite interna posso ter encefalite e Sinais neurológicos como head tilt e nistagmo (movimento involuntário dos globos oculares). Quando observamos a membrana timpânica, ela deve ser translúcida a ponte de se observar o cabo do martelo do outro lado. Em caso de otites média ou interna, essa membrana fica opaca pois a cavidade timpânica fica preenchida por um secreção mucosa, bem pegajosa que precisa ser drenada. (realização de uma Miringotomia para drenagem)
*Ao examinar o animal, os exames devem ser feitos sob efeito de anestesia, pois trata-se de m processo inflamatório extremamente doloroso.
 Diagnóstico 
Anamnese – embora os sinais clínicos sejam parecidos, é importante colher informações como idade, sexo e raça devido a pré-disposições.
Exame físico – inspeção direta: avaliar coloração do pavilhão auricular, se há alteração daquele epitélio, se há presença de secreção ou material sendo expulso, se há edema, sensibilidade a dor, etc.
Inspeção indireta: uso do otoscópio é essencial, numa otoscopia bem feita pode-se examinar mais profundamente a orelha externa, porém as vezes não conseguimos nem chegar até a membrana timpânica com ele.
Exames complementares: 
Citologia – SEMPRE pedir uma citologia do cerúmen para analisar os microrganismos presentes. Ele me diz os agentes e sua quantidade, assim tem como saber o que está alterado, diferente da cultura que só me indica o agente presente (muitos microrganismos fazem parte da microbiota, saber a quantidade dele ali me mostra se há alteração da população como no caso as Malassezia) assim posso tratar adequadamente. 
Parasitológico de cerúmen: Deve ser feito principalmente em otites de origem ceruminosas, onde a suspeita seja sarna ou ácaros (animais jovens e gatos).
Tomografia x RX de crânio: Antigamente usava-se muito o raio-X,hoje em dia o mais indicado para observar conteúdo presente na cavidade timpânica, é a tomo, assim consigo observar perfeitamente se há ou não conteúdo na cavidade timpânica ou em demais partes.
Fibro-otoscopia: É o melhor exame quando o objetivo é examinar da membrana timpânica em diante, Embora seja um procedimento caro, é muito eficaz para procedimentos onde preciso ir 
além da membrana timpânica e coletar material para amostra.
Tratamento 
Retirar a causa base – após identificar a causa base, temos que trata-la em conjunto.
Limpeza adequada: precisa retirar todo excesso de cerúmen de forma adequada, fazendo uso de um ceruminolítico (são a base de ácido salicílico) que ajudam a quebra da cera. Deve-se aplicar de forma que preencha totalmente os condutos, massagear bem e depois remover/limpar com gaze ou algodão umedecido somente a parte externa da orelha, sem uso de cotonete (senão você empurra a cera que ficará acumulada no fundo, causando mais irritação ainda). Aplicar pelo menos 1x ao dia durante 3/5 dias antes de aplicar o medicamento.
Lavagem ótica: Feita em caso de otites bacterinas graves com muita secreção, esse procedimento é muito doloroso e longo (pode durar horas), sendo indicado o uso de anestésicos para dor. Deve ser feito com fluído/água morna, nunca com água gelada para não ltrapassar orelha externa caso tenha perfuração de tímpano. Pode se fazer com solução com flumicil 10%, 1 a 3x durante 5/7 dias antes de fazer o tratamento.
Tratamento tópico – O ideal seria tratar de acordo com agente encontrado, mas os medicamentos otológicos geralmente possuem mais de uma associação. Tem ação 20x mais potente que a sistêmica. Duração: 20 a 30 dias no mínimo.
Origem bacteriana: ATB - Gentamicina ou Ciprofloxacina 
Antifúngicos: Nistatina, Clotrimazol, cetaconazol 
Antiparasitários: Tiabendazol 
Corticoides (AIE): Dexametasona ou betametasona ou DMSO (AINE)
Aceponato de hipocortisona – (EASOTIC) é pouquíssimo absorvido, ideal para para pacientes que não podem fazer uso de corticoides, como portadores de HAC.
Tratamento sistêmica – Feito somente em casos de Otopatias de orelha média/interna, pois existe risco de desenvolver uma encefalite. Muito usado em forma de colírio, por ser uma soliação aquosa e não se misturar, assim não ultrapassa a membrana timpânica. 
*Uso de ATB + AI*

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