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Princípios Processuais Penais e Constitucionais

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PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS E CONSTITUCIONAIS:
a) princípio da verdade real: o juiz deve investigar a verdade real ou material, sempre em busca da justiça. Após o trânsito em julgado da sentença absolutória, não pode haver a reformatio em pejus. 
== Situações que ressalvam a verdade real (art. 208, 479 e 621 do CPP, além do art. 5°, LVI, da CF).
Não seria uma resconstrução dos fatos?
 b)	princípio ne procedat judex ex officio ou da iniciativa das partes: 
 O processo penal só pode ser instaurado por meio da iniciativa das partes. Mas alguns doutrinadores sustentam a inconstitucionalidade do reexame necessário previsto no art. 574, incisos I e II, e art. 746 do Código de Processo Penal.
 c) princípio do devido processo legal: 
 Consagrado no art. 5°, LIV e LV, da CF/88.
 
Qualquer dispositivo que viole à plenitude de defesa constitucionalmente assegurada não pode ser aplicado. Exemplo: Aplicabilidade do art. 595 do CPP restou prejudicada pela edição da Súmula 347 do STJ, encontrando-se, agora, tacitamente revogado pelo art. 387, parágrafo único, do CPP. 
d) princípio da vedação à utilização de provas ilícitas: 
 
 O art. 157 do Código de Processo Penal, alterado pela Lei n° 11.690/08, definiu provas ilícitas como sendo as obtidas mediante violação a normas constitucionais ou legais (art.5, XII, CF). Obs: A doutrina e a jurisprudência majoritárias consideram possível a utilização das provas ilícitas em favor do réu, quando se trate da única forma de absolvê-lo ou, então, de comprovar um fato importante à sua defesa. Aplica, para tanto, o princípio da proporcionalidade, também chamado de sopesamento, o qual parte da consideração de que nenhum direito reconhecido pela Constituição pode revestir-se de caráter absoluto. (ver art. 157, caput e §3°, do CPP). Ex. interceptação telefônica sem ordem judicial que descobre a ÚNICA prova para absolvição.
 e) princípio da presunção de inocência ou de não-culpabilidade: 
 Decorre da regra inscrita no art. 5°, LVII, da CF. Discussão sobre a constitucionalidade de certas previsões determinadas pela legislação infraconstitucional, tais como: 
=== consideração, para efeitos de dosimetria da pena, de registros criminais perpetrados pertinentes a processos a que responde o acusado sem trânsito em julgado de decisão condenatória (para os Tribunais Superiores não podem ser valorados).
=== exigência de prisão do condenado como condição para apelar, prevista no art. 393, inciso I, do CPP. Na atualidade está absolutamente superada a controvérsia, pois o art. 594 do CPP encontra-se expressamente revogado pelo art. 3° da Lei n° 11.719/08. Por outro lado, quanto ao art. 393, inciso I, do CPP, que reproduz, praticamente, a norma do citado art. 594, restou tacitamente revogado pelo art. 387, parágrafo único, do CPP.
 f) princípio da obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais: 
 
 Inscrito no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal e no art. 381 do CPP. 
 O princípio guarda correspondência com o sistema do livre convencimento do juiz (art. 155, caput, do CPP). 
 g) princípio da publicidade:
 Tal princípio reforça as garantias da independência, imparcialidade e responsabilidade do juiz. Mecanismos para recebimento de informações o habeas data (art. 5°, LXII, da CF) e mandado de segurança (art.5°, LXIX e LXX, da CF). 
 RESTRIÇÕES AO PRINCÍPIO:
=== publicidade restrita para resguardar a intimidade ou interesse social (art. 5°, LX, e art. 93, IX, da CF e art. 201, §6°, art. 485, §2°, art. 792, §1°, do CPP). 
 h) princípio da imparcialidade do juiz: 
 Visa a garantir a imparcialidade, estabeleceu-se ao magistrado as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (art. 95 da CF), proibindo juízo ou tribunais de exceção (art. 5°, XXXVII, da CF). 
 Existem casos em que a lei presume a parcialidade do magistrado, impondo-lhe o afastamento da causa:
=== impedimento (art. 252 do CPP)
=== suspeição (art. 254 do CPP).
 Ambos devem ser reconhecidos ex officio pelo juiz, afastando-se voluntariamente da causa, encaminhando-se o processo ao substituto, sob pena de fazê-lo o prejudicado (art. 112 e 254 do CPP).
 i) princípio da isonomia processual:
 Constitui desdobramento da garantia constitucional assegurada no art. 5°, caput, da CF.
 Não obstante, os tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a Constituição Federal quando verificada a existência de uma finalidade razoavelmente proporcional ao fim visado. Atenção para atos do Inquérito Policial!?!
Exemplo: princípio favor rei, cristalizado, por exemplo, no art. 386, VII, e art. 621, do CPP. 
 === Discussão sobre o foro privilegiado (benéfico ou não ao agente).
 j) princípio do contraditório:
 Sintoniza-se com a garantia constitucional que assegura a ampla defesa (art. 5°, LV, da CF). Mitigação na hipótese de pronunciamento judicial inaudita altera pars, tais como decretação de prisão preventiva (art. 312 do CPP) e seqüestro de bens (art. 125 do CPP). Existe corrente no sentido contrário!
 k) princípio da ampla defesa: 
 Consagrado no art. 5°, LV, da CF. 
 Garantias processuais decorrentes: ter conhecimento claro da imputação; poder apresentar alegações contra a acusação; poder acompanhar a prova produzida e fazer contraprova; ter defesa técnica por advogado, poder recorrer das decisões desfavoráveis. Necessidade de apresentar defesa escrita (art. 396-A, §2°, do CPP), sob pena de nulidade absoluta em face da presunção de prejuízo resultante ao acusado, pois seus argumentos poderão conduzir à absolvição sumária (art. 397 do CPP), além do que é o momento para a defesa acostar o rol de testemunhas. Igual providência deverá adotar o juiz- nomeação de defensor dativo – quando o advogado, embora intimado, não apresentar razões ao recurso oralmente interposto pelo réu ao ser intimado da sentença condenatória.
 l) princípio do duplo grau de jurisdição: 
 
 Necessidade de possibilitar-se a revisão, por meio de recursos, de causas decididas em primeiro grau de jurisdição. Implícito nas regras de competência do Poder Judiciário (art. 102, II e III, e art. 105, II e III, da CF). Tem sido utilizado largamente como fundamento para sustentação de inconstitucionalidade de dispositivos incorporados à legislação processual comum ou especial. (Ex: edição da Súmula 347 do STJ em 29.04.08).
 m) princípio do juiz natural:
 
 Previsto no art. 5°, LIII, da CF. Nulidade dos atos realizados por juízo competente (art. 564, I, do CPP).
 n) princípio do promotor natural: 
 Igualmente previsto no art. 5°, LIII, da CF. Evita que a nomeação de promotor ad hoc. Na hipótese do art. 28 do CPP, o agir do Chefe da Instituição não tem em vista afastar o promotor de justiça titular, mas tão-somente harmonizar a garantia de independência funcional com o interesse público maior que resulta da propositura da ação penal em hipótese na qual considera possível esse ajuizamento.
n) princípio da persuasão racional e do livre convencimento: 
Art. 155, CPP. O processo é o mundo do juiz e ele deve julgar de acordo com este mundo, de forma racional.
 
O sistema da livre convicção é quando o juiz sopesa as provas, mas deve fundamentar e explicar o seu raciocínio.
 OUTROS PRINCÍPIOS QUE INFORMAM O PROCESSO PENAL:
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 1) princípio da legalidade ou obrigatoriedade: 
 Tratando-se de crimes de ação penal pública incondicionada ou condicionada (presente a representação) a autoridade policial deverá instaurar inquérito/termo circunstanciado e o Ministério Público, presentes indícios de autoria e materialidade, deverá ajuizar ação penal.
 2) princípio da oficiosidade: desdobra-se do anterior, devendo a autoridade policial e Ministério Público agir de ofício para apuração de crimes de ação penal pública.
 3) princípio do impulso oficial: uma vez instaurado o processo criminal, o juiz, de ofício, deve encerrar cada
etapa procedimental, passando à seguinte, independentemente de requerimento das partes.
 4) princípio da oficialidade: impõe que os órgãos encarregados da investigação e persecução penal sejam oficiais ou públicos, só sofrendo exceção no que tange à ação penal privada comum ou subsidiária. (polícia – art. 144 da CF; ação penal pelo Ministério Público – art. 129, I, da CF). 
 5) princípio da indisponibilidade: a ação penal é indisponível após sua instauração. O MP não pode desistir da ação penal proposta (art. 42 do CPP e art. 576).
 6) princípio da identidade física do juiz: consiste na vinculação obrigatória do juiz aos processos cuja instrução tivesse iniciado, de sorte que não poderia o feito ser sentenciado por magistrado distinto. Restou introduzido, em nível infraconstitucional, por meio do art. 399, §2°, do CPP, com redação introduzida pela Lei n° 11.719/08. 
 Crítica: (férias do magistrado, remoção, aposentadoria, e etc.).
 7) princípio do in dubio pro reo ou favor rei: 
 
 Havendo dúvidas quanto à responsabilização penal do acusado, impõe-se a absolvição (ex: art. 386, VII, CPP). Na fase de pronúncia, a dúvida resolve-se in dubio pro societate (art. 415 do CPP). Júri, sua decisão é soberana. Ainda que se contraponha a prova dos autos, um novo julgamento sob esse motivo poderá ser determinado apenas uma vez (art. 593, §3°, do CPP), sendo vedado ao Tribunal de Justiça, por exemplo, absolver em grau de recurso, réu condenado pelo júri.
 8) princípio do prazo razoável no processo penal: 
 Encontra arrimo no art. 5°, LXXXVIII, CF: 
 A discussão que se trava agora é acerca da extensão, limites e conseqüências de descumprimento da garantia. Dúvidas aplica-se a fase pré-processual (inquérito) e o termo final da contagem (deverá ser o trânsito em julgado).
 No procedimento do júri, com a reforma operada pela Lei n° 11.689/90, ao menos a primeira fase (iudicium accusationis), o procedimento deverá ser concluído no prazo máximo de 90 dias (art. 412 do CPP). O art. 801 do CPP prevê sanção pecuniária ao juiz e ao promotor que deixar de observar os prazos definidos em lei.
 9) princípio da correlação entre acusação e sentença: 
 
 Ao juiz fica vedado julgar a causa fora do que foi pedido. Tal norma está prevista no CPC e também impera no CPP. Deve haver correlação entre acusação e sentença, não podendo o juiz condenar o réu por roubo se foi imputado furto na denúncia. Para tal, é necessário o aditamento da inicial, aplicando-se o art. 384 e parágrafo único do CPP.
 10) princípio da oralidade: 
 
 Necessidade da coleta de declarações e depoimentos orais, defluindo daí os corolários da concentração, imediatidade e da identidade física do juiz. Na primeira fase do júri, adota-se, agora, a oralidade (art. 411, §4°, do CPP, com redação determinada pela Lei n° 11.689/08).

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