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APOSTILA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL (UNIDADE 1)
PSICOLOGIA DO DESENVOLVILMENTO
A psicologia do desenvolvimento é um ramo da psicologia que se preocupa em responder como e por que as capacidades dos indivíduos vão se diferenciando ao longo da vida. Focaliza seus estudos nas mudanças e nas consistências (continuidades), na universalidade e na individualidade. Busca um entendimento sistemático da sequência de mudanças físicas, cognitivas, psicossociais e seus desdobramentos ao longo do ciclo vital. Portanto a psicologia do desenvolvimento se caracteriza como um ramo que tem a finalidade de estudar a interação dos processos físicos e psicológicos e às etapas de crescimento, a partir da concepção até ao final da vida de um sujeito. 
Esta área de conhecimento da psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social – desde o nascimento até a idade adulta. O desenvolvimento físico, cognitivo, social, afetivo tem continuidade durante todas as fases da vida de um sujeito e termina com a morte.
Tradicionalmente, os primeiros estudos referentes à psicologia do desenvolvimento faziam menção somente ao desenvolvimento da criança e do adolescente. Entretanto, esse foco vem mudando ao longo dos anos, e hoje, tem-se uma ideia que o estudo sobre o desenvolvimento humano deve abranger todo processo de ciclo vital, pois o estudo da psicologia do desenvolvimento traz uma compreensão sobre as transformações psicológicas que ocorrem no decorrer do tempo, com auxílio de algumas teorias e teóricos, bem como Jean Piaget, esses modelos se propõem em explicar como as mudanças ocorrem na vida do sujeito e de que modo podem ser compreendidas e descritas.
CICLO VITAL
O ciclo vital é o conjunto das fases da vida onde é suposto realizar-se uma série de transições e de superar uma série de provas e de crises. Este ciclo desenvolve-se através de um processo de socialização e de endoculturação, mediante os quais, em contacto com outros seres humanos e através da educação, uma criança passa de um modo gradual por diferentes idades e status, como ser capaz e consciente nas formas de uma cultura, até enfrentar a morte como a conclusão de sua existência pessoal.
Os indivíduos passam por diferentes etapas do ciclo de vida: a infância, a juventude, a maturidade, a velhice. A importância da idade ou do grupo de idades sempre foi elementar para a identificação social, juntamente com o sexo. Ao contrário deste, a idade vai-se modificando ao longo do tempo e é essa modificação, concretizada em ciclos de vida, que determina estatutos e funções diferentes para os indivíduos.
Estudar o ciclo vital significa admitir que o desenvolvimento humano ocorre durante a vida inteira e cada período é influenciado pelo que aconteceu antes e irá afetar o que virá depois. Sugere também que cada fase tem sua importância, características e valores especiais. 
FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO
Os fatores que influenciam o desenvolvimento humano são:
•	Hereditariedade: a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em que se encontra.
•	Crescimento orgânico: refere-se ao aspecto físico.
•	Maturação neurofisiológica: é o que torna possível determinado padrão de comportamento.
•	Meio: o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo.
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Aspecto físico-motor - refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica. Ex.: A criança que leva a chupeta à boca.
Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. Ex.: A criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está em baixo de um móvel.
Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto. Ex.: A vergonha que sentimos em algumas situações.
Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas. Ex.: Quando em um grupo há uma criança que permanece sozinha.
A FAMÍLIA: HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DA PESSOA
Considerando o conceito de família
Família pode ser definida como um grupo de indivíduos ligados por laços emotivos profundos, por sentimentos de pertencer a esse grupo, os quais se identificam como sendo “membros da família”.
A família é formada por pessoas que interagem por variados motivos, tais como afetividade e reprodução, dentro de um processo histórico de vida, mesmo não habitando o mesmo espaço físico. Desenvolve-se compartilhando uma relação social dinâmica, a partir de um sistema de crenças, valores e normas, estruturados na cultura da família, conforme a classe social na qual está inserida, (Patrício, 1994).
Família e a formação do cidadão
Compete à família assegurar aos seus membros, bem-estar material, emocional e espiritual além de convivência em ambiente agradável, como forma de garantir, a cada um, conforme os ditames da lei e da moral, formação adequada para que possam transmitir aos descendentes uma vida perfeitamente saudável. Isso implica em capacidade de amar e de sentir-se amado, amparado, útil e valorizado, nas diversas fases da vida. Esses valores morais, culturais, cívicos, materiais etc., precisam ser transmitidos não só, através da instrução, mas, principalmente, através da educação.
A cidadania é constituída, potencialmente de ação coletiva e individual em prol do bem comum e do gozo particular. É vital para o indivíduo, sentir-se valorizado, ter supridas suas necessidades, para não se envergonhar diante de si próprio, já que a vergonha bloqueia a ação e o pensamento, indo gerar a submissão. 
A não extensão dos direitos humanos às camadas mais pobres da população, resulta em uma não universalização das leis. Dessa circunstância resulta que a defesa da não violência é feita somente pelos que já adquiriram a sobrevivência econômica e social, (Cardia, 1994). 
Autonomia refere-se à independência, isto é, à condição de estar apto a tomar decisões acertadas, conforme os princípios da moral e da ética. Essas decisões devem estar de acordo com a vontade do indivíduo, seguindo seus padrões, seus valores e suas crenças. De igual forma, é importante também que reconheça e assuma as consequências presentes e futuras de suas ações. Isso implica em autocompreensão, cuidado e zelo, com repercussão para os demais.
O ser humano, na sua intimidade, rege sua conduta através de opções únicas e pessoais. No seu agir enfrenta conflitos que envolvem valores e interesses pessoais, conformados em normas e costumes sociais.
AS INFLUÊNCIAS PRÉ E PERINATAIS NO DESENVOLVIMENTO
Para alguns autores o nascimento do bebê marca o início do desenvolvimento da vida humana, mas outros acreditam que o verdadeiro início ocorre no momento da fecundação. 
A fecundação ocorre no momento em que um espermatozoide de um homem penetra em um óvulo de uma mulher para formar um único ovo ou zigoto e, então, inicia-se o processo de reprodução celular. As mudanças que ocorrem da fertilização ao nascimento constituem o desenvolvimento pré-natal.
 	O desenvolvimento pré-natal leva em média 38 semanas e é dividido em três estágios: o período germinativo ou zigótico, período embrionário e período fetal.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL
O estágio ou período germinativo ou zigótico.
Ocorre da fecundação até aproximadamente a segunda semana. A fertilização ocorre nas trompas uterinas.
Antes de completar uma semana, o zigoto chega ao útero. Ele penetra na parede uterina e estabelece conexões com os vasos sanguíneos da mãe, esse processo é chamado de implantação. 
O estágio ou período embrionário 
Ocorre da terceira à oitava semana aproximadamente. Esse estágio começa quando a implantação está completa; nesse momento, o zigoto passa a ser chamado de embrião. No estágio embrionário, as várias estruturas de sustentação sãoformadas e todos os principais sistemas de órgãos são definidos pelo menos de forma rudimentar. 
O estágio ou período fetal 
Ocorre por volta da oitava semana da gestação até o nascimento. Os órgãos formados no período anterior agora se diferenciam e se desenvolvem em termos anatômicos e funcionais, pode-se dizer que nessa fase há “os toques de acabamento”, ou seja, é um momento de crescimento e refinamento de todos os sistemas. Há o aparecimento das primeiras células ósseas e um crescimento muito rápido, de tal forma que se torna possível perceber os movimentos fetais. 
INFLUÊNCIA MATERNA NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL
A nutrição da mãe
A mãe é a única fonte de nutrição da criança em desenvolvimento, por isso uma dieta balanceada é fundamental. Quando uma mulher grávida não tem uma nutrição adequada, é provável que o bebê nasça prematuramente e abaixo do peso. A nutrição inadequada durante os últimos meses gestacionais pode afetar, sobretudo, o sistema nervoso, porque esse é um momento de crescimento muito rápido do cérebro.
Toda mulher grávida deve tomar suplementos alimentares para a garantia de que seus bebês nasçam mais saudáveis, ativos e alertas.
A idade da mãe.
Tradicionalmente, a maternidade tardia (mães mais velhas, acima de 35 anos) ou muito cedo (mães adolescentes) tem sido apontada pela literatura (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004) como um fator de risco para o desenvolvimento pré-natal. Entretanto, já é consenso que os riscos são grandemente reduzidos se a mãe goza de boa saúde e recebe cuidado pré-natal adequado.
Os riscos associados às mães mais velhas incluem a possibilidade de apresentar pressão arterial alta, sangramentos, maior probabilidade de aborto, parto prematuro, crescimento fetal retardado, natimortos e anomalias cromossômicas como a síndrome de Down. Em relação aos últimos riscos mencionados, há comprovadamente uma maior prevalência (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004).
Já as mães adolescentes associavam-se ao risco de terem bebês prematuros e/ou com baixo peso ao nascimento; entretanto, há controvérsias nas pesquisas (BEE, 1996; KAIL, 2004).
Estresse psicológico da mãe.
Embora as evidências ainda sejam insuficientes (por questões éticas, só há estudos correlacionais seria antiético submeter uma mulher grávida às condições de extremo estresse para a realização de um estudo), vários estudos têm encontrado uma associação entre estresse psicológico – prolongado e extremo – e complicações da gravidez. Os achados mais frequentes revelam que o estresse durante a gravidez está associado a parto prematuro e a baixo peso ao nascer (HEDEGAARD; HENRIKSEN; SABROES apud COLE; COLE 2003; COOPER et al. apud KAIL, 2004; PAARLBERG et al. apud KAIL, 2004).
Atividade física.
A atividade física é recomendada para a grávida desde que os exercícios sejam moderados e regulares. Evidentemente, devem-se considerar a condição física da mulher e também o condicionamento físico anterior à gestação. O trabalho, desde que dentro das condições de salubridade, não representa um risco especial no período gestacional (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Fatores teratogênicos: doenças, drogas e riscos ambientais.
Fatores teratogênicos são agentes ambientais que podem causar desvios no desenvolvimento e que podem conduzir a anormalidades, defeitos congênitos ou morte. Os efeitos dos fatores teratogênicos, sob o desenvolvimento pré-natal, dependem do período crítico, da intensidade da exposição, da interação com outros fatores, hereditariedade e vulnerabilidade.
A exposição à radiação, no caso de gestantes, pode causar mutações genéticas e, portanto, deve ser evitada neste período para evitar danos ao feto.
O uso por parte da gestante de drogas lícitas e/ou ilícitas podem trazer prejuízos para o desenvolvimento pré-natal. Entre as lícitas, destaca-se o uso de medicamentos, álcool, nicotina, cafeína. Como já foi dito, os riscos estarão associados ao período crítico ou sensível, à quantidade e à frequência do uso da substância e da interação com outros fatores.
O uso de cocaína por mulheres grávidas está associado ao maior risco de aborto, prematuridade, baixo peso natal e problemas neurológicos.
Doenças.
Algumas doenças contraídas pela mãe, em um determinado momento gestacional, podem afetar o desenvolvimento pré-natal principalmente por meio de três mecanismos: algumas doenças, principalmente os vírus, podem atacar a placenta; outras têm moléculas suficientemente pequenas que atravessam os filtros placentários; e, ainda, há outras em que a ação sobre o bebê ocorre durante o nascimento, na passagem pelo canal vaginal. 
INFLUÊNCIA PATERNA NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), diferentemente do que se acreditava até então, o pai pode transmitir defeitos ambientalmente produzidos.
O homem exposto ao chumbo, maconha, fumaça de cigarro, grandes quantidades de álcool, radiação, hormônio sintético dietilestilbestrol e certos pesticidas pode produzir espermatozoides anormais; assim como os pais que possuem uma dieta pobre em vitamina C têm uma maior probabilidade de terem filhos com defeitos congênitos e vulneráveis a desenvolver certos tipos de câncer. Filhos de pais fumantes podem apresentar baixo peso ao nascimento e têm duas vezes mais chances de contrair câncer quando adultos. O uso de cocaína pode predispor a defeitos congênitos.
O pai também pode transmitir defeitos produzidos ambientalmente, como através da exposição à chumbo, maconha, pesticidas ou grandes doses de álcool.
NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO RECÉM-NASCIDO
O processo do parto pode ser facilitado ou dificultado por fatores anatômicos, fisiológicos e psicológicos. A forma de realização do parto influencia a saúde física e mental do neonato. A possibilidade de complicações no parto ou lesões no bebê pode aumentar dependendo de diversas circunstâncias, como anoxia perinatal (falta temporária de oxigênio), assepsia inadequada do local do parto, assistência médica inadequada. As drogas dadas à mãe para reduzir a dor podem ter efeitos negativos sobre o bebê, tais como: afetar a responsividade e os padrões alimentares do mesmo.
Os bebês nascem com uma série de reflexos, que podem ser definidos como respostas físicas automáticas desencadeadas involuntariamente por um estímulo específico.
Destacam-se os reflexos adaptativos – reflexo de sugar e engolir, retraimento diante de um estímulo doloroso, abertura e fechamento da pupila do olho com as variações de luz, entre outros – e os reflexos primitivos, controlados pelas partes mais primitivas do cérebro, a medula e o mesencéfalo, dos quais se podem citar:
•	O reflexo de moro ou do susto (quando há um barulho alto ou o bebê é assustado, por exemplo, por meio da simulação de deixá-lo cair, ele estica os braços e arqueia as costas e depois junta os braços como se estivesse agarrando algo);
•	O reflexo de Babinski (quando a planta do pé do bebê é tocada, os dedos dos pés se abrem e depois se curvam);
•	O reflexo de agarrar (quando um dedo ou algum outro objeto é pressionado contra a palma da mão do bebê, seus dedos se fecham em torno dele);
•	O reflexo do passo (quando o bebê é segurado em posição ereta, realiza movimentos rítmicos com as pernas);
•	Entre outros.
HABILIDADES SENSORIAIS. 
No que diz respeito às habilidades sensoriais, o recém-nascido dispõe de todas as capacidades sensoriais básicas no nascimento, embora haja diferença nos níveis de desenvolvimento entre cada uma das habilidades (audição, visão, paladar, olfato e tato).
O DESENVOLVIMENTO FÍSICO-MOTOR DO RECÉM-NASCIDO.
Quanto ao desenvolvimento físico-motor do recém-nascido, é importante salientar que recém-nascido não dispõe de muitas habilidades motoras, seu desenvolvimento atenderá ao princípio céfalocaudal e próximo-distal. Sendo assim, quando nasce, ele não consegue segurar a cabeça ou coordenar o olhar. Um bebê a termo pesa cerca de 3000/3500 gramas e tem cerca de cinquenta centímetros. O corpo é desproporcional, pois a cabeçarepresenta um quarto da altura total. O desenvolvimento motor diz respeito ao desenvolvimento do movimento, descreve as mudanças na capacidade do indivíduo de realizar atividades físicas, como sentar, andar, correr, saltar etc. Essas habilidades surgirão muito gradualmente ao longo do desenvolvimento.
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO RECÉM-NASCIDO.
O desenvolvimento cognitivo diz respeito à forma como os indivíduos conhecem, como adquirem conhecimento. 
A capacidade dos bebês de aprenderem a partir da experiência está presente desde os primeiros dias de vida. Basta se observar as primeiras mamadas em relação às subsequentes, em poucos dias os reflexos de sucção e deglutição – que a princípio são descoordenados e, no geral, tornam a situação de amamentação caótica – transformam-se em comportamentos qualitativamente diferentes, que se desenvolvem por meio da reorganização dos vários reflexos e, assim, o bebê ajusta-se à mãe. 
O recém-nascido, em seu processo de construção do conhecimento, do saber e do agir, se utiliza da experiência, pela tentativa e erro, uma vez que nasce sem impressões nenhumas.
Algumas evidências indicam que os bebês pequenos podem exibir alguns tipos de imitação, tais como a protrusão da língua, a extensão do lábio e a abertura da boca (MOURA, 2004), mas parece improvável que a imitação seja um importante mecanismo da aprendizagem nos primeiros meses de vida. 
CONCLUSÃO
Com base nos tópicos anteriores em relação aos recém nascidos podemos afirmar que:
O desenvolvimento emocional do bebê se dá também a partir das frustrações que o ambiente oferece.
Um exemplo de habituação ocorre quando apresenta-­se ao bebê um estímulo visual inteiramente novo. Inicialmente, o bebê produz uma intensa reação de orientação, olhando longamente para o estímulo. À medida que o estímulo vai sendo repetido, o bebê ativa cada vez menos a atenção em direção a esse estímulo.
Após a instalação de uma completa habituação no bebê, é introduzida uma alteração significativa no estímulo visual. Ao detectar essa alteração no estímulo, o bebê reativará sua atenção. Este é o processo de desabituação.
Resultados de pesquisa, baseados em procedimentos de observação e mensuração mais precisos, mostram que a visão tradicionalmente mantida pelo senso comum subestima o bebê recém-nascido. Porque este demonstra estar preparado para a vinculação afetiva e interação social, o que evidencia na imitação de expressões faciais.
O apego seguro do bebê com o cuidador corresponde a maiores interações positivas, maior independência e iniciativa.
A mútua regulação de afeto entre bebê e cuidador compreende que o humor do cuidador afeta o humor da criança.
Quando um bebê é capaz de reconhecer pelo tato, um brinquedo que anteriormente apenas enxergou, dizemos que possui uma habilidade perceptual complexa, que é conhecida como transferência modal cruzada. Ter essa habilidade significa ser capaz de integrar informações visuais de várias fontes.
Em se considerar a substituição da pessoa, com quem o bebê estabeleceu as primeiras alianças afetivas, é imprescindível que a nova referência dê uma assistência de continuidade e consistência para a relação.
Desde o início da vida os vários aspectos do desenvolvimento afetam uns aos outros de forma inter-relacionada.
Do nascimento aos dois anos há mudanças significativas no desenvolvimento da criança. É uma fase de muitas aquisições. Assinale aquela que se relaciona com essa fase:
- O potencial de aprendizagem da criança é inato, portanto independe de um ambiente facilitador.
- A área motora se desenvolve primeiro. As outras áreas só podem ser observadas depois dos dois anos.
A imitação faz parte do desenvolvimento cognitivo e cultural da criança e é nas interações que elas se manifestam.  
A Primeira Infância - 0 A 2 ANOS
DESENVOLVIMENTO FÍSICO-MOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS.
Se cuidássemos 24 horas por dia de um bebê durante o primeiro mês e só voltássemos a reencontrá-lo um ano depois, provavelmente não o reconheceríamos. Isso porque as mudanças que ocorrem nos primeiros anos são drásticas, ou seja, as forças do crescimento e do desenvolvimento, nesse período, são muito poderosas.
O desenvolvimento é composto de uma série de fatores inter-relacionados com os demais aspectos desenvolvimentais: físicos, cognitivos e psicossociais. Considerando as habilidades de percepção, pode-se afirmar que se desenvolvem rapidamente nos primeiros dois anos de vida
Resumidamente, o desenvolvimento motor ocorre da seguinte forma: 
De reflexos simples para os mais deliberados (complexos); 
Da cabeça para os artelhos e do interior para o exterior; 
Contínua, dinâmica e multifatorial (interação bebê e o meio).
O marco inicial do desenvolvimento motor é: 
Erguer a cabeça (por volta dos 4 meses);
Engatinhar pelo chão (9/10 meses); 
Caminhar (12 meses).
Nos primeiros 24 meses de vida, os avanços físico-motores são impressionantes. Imagine um bebê recém-nascido que não consegue nem mesmo suportar a própria cabeça e a criança de dois anos que é capaz de correr. Pense em quantas habilidades intermediárias são necessárias para esse salto desenvolvimental. 
O desenvolvimento físico é marcado por um processo maturacional que vai gradativamente fazendo com que a criança adquira novas possibilidades. Quando o sistema nervoso central, os músculos e os ossos estão suficientemente maduros e o ambiente oferece oportunidades adequadas, os bebês não param de surpreender os adultos com as novas habilidades.
As habilidades motoras são desenvolvidas em uma sequência, a qual geralmente é considerada como geneticamente programada. As habilidades evoluem das simples para as complexas e de acordo com o princípio céfalocaudal e próximo-distal, como já mencionado anteriormente. No entanto, pesquisas recentes (THELEN, 1995 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006) indicam que se trata de um processo contínuo, dinâmico e multifatorial de interação entre o bebê e o ambiente. 
O desenvolvimento pode ser visto “enquanto uma série de adaptações imediatas às condições presentes, bem como enquanto um processo cumulativo no qual estágios sucessivos estão calcados sobre estágios anteriores” (KAPLAN; DOVE, 1987 in PAPALIA; OLDS, FELDMAN 2006).
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS
Para discutir a questão do desenvolvimento cognitivo, parece interessante iniciar falando um pouco sobre o que é cognição. A cognição é o pensamento em sentido mais amplo. Envolve inteligência e aprendizagem, memória e linguagem, fatos e conceitos, percepção e pressupostos. Bebês nascem com a capacidade de aprender a partir de suas experiências sensoriais, ou seja, daquilo que eles podem ver, ouvir, cheirar, degustar ou tocar, além de terem certa capacidade de lembrar o que aprenderam. Sendo assim, eles podem aprender por condicionamento, habituação ou imitação, coordenando as informações sensoriais. O bebê costuma ficar mais atento aos estímulos novos do que aos familiares; também repetem comportamentos que lhes são agradáveis; tendem a repetir uma ação aprendida anteriormente quando se lembram do seu conteúdo.
O bebê nasce com ferramentas básicas para a construção do conhecimento, sendo um ser ativo no seu desenvolvimento, naturalmente curioso, engajado na exploração do meio, buscando o entendimento, o conhecimento do mundo e buscando adaptar-se a ele.
Na psicologia há diferentes abordagens que estudam o desenvolvimento humano. No aspecto cognitivo podem-se destacar quatro principais abordagens, a saber, da aprendizagem, psicométrica, de processamento de informações e a piagetiana.
As teorias da aprendizagem estudam a mecânica básica da aprendizagem. Preocupam-se em como o comportamento muda em resposta à experiência. Os bebês nascem com muitos mecanismos que lhes permitem aprender a partir das experiências ambientais. Essa aprendizagem pode assumir várias formas tais como a habituação, o condicionamento clássico, o condicionamento operante e a imitação.
A habituação é a diminuição de resposta a um estímulo que se tornafamiliar. Quando um indivíduo é exposto a um estímulo forte ou desconhecido, ele apresenta reações como sobressalto, fixar os olhos no estímulo, alteração na taxa de batimentos cardíacos etc.; quando ocorre a habituação, o indivíduo deixa de reagir dessa forma. Por exemplo, se um bebê é colocado em um local onde tem um relógio que soa a cada hora, ele poderá se sobressaltar; entretanto, se ele for continuamente exposto a essa situação, ocorrerá à habituação.
No condicionamento clássico, um estímulo neutro provoca uma resposta originalmente produzida por outro estímulo. Por exemplo, os bebês sugam, por reflexo, água com açúcar quando é colocada em sua boca com um conta-gotas; se um som, repetidas vezes preceder a gota de água com açúcar, os bebês irão sugar quando ouvirem o som (LIPSITT, 1990 apud KAIL, 2004); e assim ocorre com inúmeras situações cotidianas do bebê, em que um estímulo neutro, como uma música, um som, um jeito específico de chamar o bebê, eliciam a mesma reação que um estímulo específico, como a amamentação ou a hora do banho, ou ainda, a hora de passear ao sol. Nesse caso, diz-se que o bebê foi condicionado ao estímulo.
O condicionamento operante se refere à relação entre as consequências do comportamento e a probabilidade de que este ocorra novamente. Skinner (1904-1990) adotou o termo reforço para designar qualquer evento que aumente a frequência de um comportamento.
A abordagem psicométrica tem como propósito medir as diferenças individuais em termos de quantidade de inteligência. Quanto mais alto o escore de uma pessoa em um teste de inteligência (QI = quociente de inteligência), mais inteligente presume-se que ela seja.
A abordagem do processamento de informações estuda os processos envolvidos na percepção e no processamento da informação, centra-se nas diferenças individuais quanto ao modo como os indivíduos usam sua inteligência, como manipulam símbolos e o que fazem com as informações que percebem.
E, por último, será apresentada a abordagem piagetiana. Jean Piaget (1896-1980), epistemólogo suíço, produziu uma das mais importantes teorias sobre o desenvolvimento cognitivo, um trabalho pioneiro que modelou o pensamento de várias gerações de psicólogos desenvolvimentais.
De acordo com Piaget (1967), o desenvolvimento cognitivo é marcado por estágios, cada um desses é caracterizado por uma forma distinta de pensar a respeito do mundo e de compreendê-lo. As idades indicadas são sempre aproximadas, há variações individuais de acordo com habilidades e experiência. A criança de zero a dois anos está no estágio sensório-motor, a criança representa o mundo pelas ações e baseia seus julgamentos nas sensações e percepções.
Piaget divide esse período em seis subestágios, cujas principais características estão resumidas a seguir:
1º subestágio (exercício dos reflexos – 0 a 1 mês):
Os comportamentos globais da criança estão determinados hereditariamente e apresentam-se sob a forma de esquemas reflexos.
2º subestágio (primeiros hábitos adquiridos ou reações circulares primárias – 1 a 4 meses):
Começam a aparecer as primeiras adaptações adquiridas. A aquisição de habilidades depende da repetição de ações prazerosas provocadas de forma casual. As organizações primárias (reações circulares primárias) dizem respeito ao segmento do próprio corpo. Por exemplo, o bebê chora, agita os braços/mãos; esbarra a mão na boca e começa a chupar o dedo; o dedo sai da boca e o bebê recomeça tentando reproduzir a ação; 
3º subestágio (intencionalidade; divisão meio-fim – 4 a 8 meses):
Aparecem as repetições de gestos que casualmente chegaram a produzir uma ação interessante sobre as coisas, isto é, reações circulares secundárias; o movimento é meio para outro ser fim, por exemplo, apertar um bichinho (de borracha com apito) é meio, e o barulho (do apito) é o fim.
4º subestágio (hierarquia de esquemas secundários – 8 a 12 meses):
Há a aplicação de meios já conhecidos para resolver situações novas. A criança domina realmente a intencionalidade para resolver cada situação, como puxar, afastar, apertar, bater etc.
5º subestágio (exploração ativa – 12 a 18 meses):
A criança faz experiências com os objetos do meio externo e descobre novos meios para resolver certas situações. Ela começa a conhecer o objeto por ele mesmo: o que o objeto faz. Vai ativamente ver o que acontece com as “coisas”. Por exemplo, depois de tanto jogar os objetos no chão, percebe que todos caem, rolam, ou seja, a criança generaliza.
6º subestágio (aparecimento da imagem mental/invenção – 18 a 24 meses):
Aparece a possibilidade da invenção de novos meios por combinação mental ou por combinação de ações. Esse estágio já prevê uma mudança qualitativa na organização da inteligência, que passa de sensória e motora à mental, isto é, representativa e interiorizada. A criança começa a visualizar a situação, o pensamento é altamente visual e difícil, a criança percebe que você não vê a mesma coisa que ela.
As investigações de Piaget (1967) mostram que a criança não percebe o universo em seu redor como se fosse construído por objetos substanciais, permanentes e de dimensões constantes; pelo contrário, ela se comporta como se estivesse frente a um mundo sem objetos no qual o próprio espaço constituísse um meio sólido. Trata-se de um mundo de quadros perceptivos, cuja única realidade é a própria criança e suas ações. Partindo da não distinção entre ela mesma e os objetos, a criança passa a distinguir progressivamente os objetos que estão em sua presença e, depois, começa a relacionar entre si os vários objetos que aparecem em espaços já diferenciados, ora presentes, ora ausentes.
DESENVOLVIMENTO PERCEPTIVO DA CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS
Antes dos dois meses, a criança já é capaz de diferenciar visualmente a mãe de um estranho e de esquadrinhar visualmente o ambiente para identificar os objetos (MOURA, 2004).
Aos seis meses, o bebê distingue expressões faciais, consegue perceber as diferenças entre várias expressões, como rostos felizes, surpresos e assustados (NELSON, 1987 apud BEE, 1996).
Os bebês diferem na velocidade ou eficiência dos processos perceptuais, como a habituação a estímulos repetidos. Essas variações estão correlacionadas a medidas posteriores de inteligência e à linguagem (ROSE et. al. apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
A percepção permite à criança aprender e explorar o ambiente.
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DA CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS
De acordo com BEE (1996) e PAPALAIA & OLDS (2006), a linguagem pode ser definida como um sistema arbitrário de símbolos que nos permite falar, e compreender, uma infinita variedade de mensagens. Ela é governada por regras e é muito criativa.
A fala pré-linguística, a qual precede a primeira palavra, inclui choro, arrulhos, balbucio e imitação de sons da língua. Os neonatos são capazes de distinguir os sons da fala: aos seis meses, os bebês já aprenderam os sons básicos de sua língua.
Antes de dizerem sua primeira palavra, os bebês usam gestos, que incluem apontar, gestos sociais convencionais, gestos representacionais e simbólicos.
Aos nove ou 10 meses, os bebês começam a compreender a fala com significado. Durante o segundo ano de vida, a criança já começa a falar a língua da cultura. A primeira palavra tipicamente aparece em algum ponto entre 10 e 14 meses, iniciando a fala linguística. As primeiras palavras isoladas podem ser holofrases, as quais expressam um pensamento completo numa única palavra (PAPALIA & OLDS, 2006).
Diferente da fala pré-linguística, a fala linguística não está diretamente ligada à idade cronológica. Uma “explosão de nomes” ocorre tipicamente em algum ponto entre 16 e 24 meses de idade.
Historicamente, duas teorias antagônicas acerca de como as crianças adquirem a linguagem são a teoria da aprendizagem (a qual enfatiza o papel do reforço e a imitação) e o inatismo (o qual sustenta que as pessoas têm uma capacidade inata para adquirir a linguagem). Atualmente, a maioria dos psicólogos do desenvolvimento afirma que as crianças têm uma capacidade inatapara aprender a linguagem e que ela é ativada e estimulada pela maturação, pelo desenvolvimento cognitivo e por certas experiências ambientais (PAPALIA & OLDS, 2006).
Influências específicas no desenvolvimento da linguagem incluem fatores genéticos, temperamento e interação social.
A comunicação entre cuidadores e crianças é essencial para o desenvolvimento da linguagem. O valor de ouvir uma linguagem direta e simples (fala dirigida à criança, ou “língua de mãe”) não está claro, embora os bebês mostrem preferência pela mesma. Perguntas e elaboração são mais eficazes do que a fala diretiva, tanto na conversação quanto na leitura em voz alta.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DA CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS
O desenvolvimento psicossocial é constituído pelo desenvolvimento da personalidade, isto é, o padrão singular e relativamente duradouro de uma pessoa sentir, reagir e se comportar, e pelo desenvolvimento social, que se refere às mudanças nos relacionamentos com os outros.
Estudar o desenvolvimento psicossocial das crianças de 0 a 2 anos implica descrever os principais passos do desenvolvimento da noção do eu e, em paralelo, a formação de relacionamentos significativos e efetivos com outras pessoas.
Observe a sequência em que aparece o autoconceito ou a emergência do senso de identidade na primeira infância (de bebê para criança):
Autorreconhecimento físico: começa por volta dos 18 meses, quando a criança olha no espelho ou numa foto sua, podendo reconhecer-se.
Autodescrição e auto avaliação: ocorre entre os 19 e 30 meses, a criança pode definir-se em termos descritivos, como, por exemplo: grande, pequeno, cabelo liso; ou em termos de avaliação: bom, bonito
Resposta emocional à má ação: por volta dos 20 meses, as crianças costumam ficar aborrecidas pela desaprovação dos pais e por algo que foi desaprovado e visto como mal.
Além desses eventos, percebe-se o crescimento das interações sociais, tanto em número quanto em complexidade, e as próprias brincadeiras aumentam.
Outro aspecto a enfatizar diz respeito à assistência diurna e seu impacto sobre o desenvolvimento da criança. Os novos estudos indicam que a assistência diurna de boa qualidade parece ter impacto positivo sobre o desenvolvimento emocional, social e cognitivo; parecem indicar também que a assistência diurna não é prejudicial, a menos que seja de má qualidade, instável ou extensiva e esteja combinada com uma educação insensível por parte da mãe.
A confiança é um acompanhamento natural para um forte relacionamento de apego com o pai ou a mãe que proporciona comida, calor e o conforto da proximidade física. Caso a confiança predomine, as crianças desenvolvem a “virtude da esperança”: a crença de que as suas necessidades serão atendidas quando forem manifestadas.
Mas, se uma criança for negligenciada, ou seja, não tiver suas necessidades básicas atendidas, poderá desenvolver uma sensação de desconfiança, insegurança e ansiedade. As crianças verão o mundo como hostil e imprevisível e terão dificuldade para formar relacionamentos íntimos.
Portanto, o desenvolvimento social tem início com o estabelecimento de um relacionamento emocional íntimo entre o bebê e seu principal cuidador. Esse relacionamento intenso e duradouro é chamado apego.
Os padrões de apego podem ter implicações de longo prazo sobre o desenvolvimento; por exemplo, as crianças seguramente apegadas parecem ser socialmente mais hábeis, curiosas e persistentes em novas tarefas. A partir das experiências iniciais, o indivíduo vai desenvolvendo modelos funcionais internos, ou seja, um modelo mental que as crianças usam para guiar suas interações sociais presentes e futuras.
A Segunda Infância (2 – 6 anos)
DESENVOLVIMENTO FÍSICO E MOTOR
 A velocidade das mudanças físicas é mais lenta nesse período em relação ao que ocorre nos dois primeiros anos de vida (mudanças de peso e altura são lentas).
 Em relação ao desenvolvimento motor são desenvolvidas as seguintes habilidades:  subir escadas, andar com equilíbrio, correr, saltar, pular, andar de bicicleta, usar lápis, tesoura, realizar colagens com coordenação, sobe e desce de móveis, chutar, pegar e arremessar bolas, pular corda, movimento de pinça. O ingresso na escola auxilia o desenvolvimento dessas habilidades uma vez que faz parte das atividades pedagógicas o exercício das funções físicas e motoras da criança (coordenação motora ampla e fina).
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
De acordo com Jean Piaget (1896¬1980), em relação ao desenvolvimento cognitivo, a criança encontra-se no estágio pré-operatório. 
O estágio pré-operatório ocorre no período entre 2 e 6 anos e é caracterizado pela construção da inteligência simbólica ou representativa. De acordo com Rappaport (1981), a criança usa “um objeto como se fosse outro (uma caixa de fósforos se transforma num carrinho para brincar), uma situação por outra (na brincadeira de casinha a criança estará representando situações da vida diária) ou ainda a criança usa um objeto, pessoa ou situação por uma palavra”. 
O pensamento da criança nesse período é caracterizado pelo pensamento egocêntrico. A criança pensa o mundo a partir de si mesma, utiliza a si mesma como referência para pensar as situações e fatos, caracterizando o egocentrismo dessa fase (por exemplo, enquanto ela está andando as nuvens estão seguindo-a).
Outra característica é o pensamento animista – a criança atribui vida a seres inanimados. Um exemplo clássico é quando a criança esbarra em um móvel cai e chora e a mãe ‘bate’ no móvel; a criança para de chorar, sentindo-se vingada. 
Em relação à linguagem observam-se dois tipos de comunicação oral: a linguagem socializada – diálogo com intenção de comunicação; e a linguagem egocêntrica – aquela em que a criança conversa consigo mesma, pois não tem a função de comunicação e sim de organização do pensamento. Esse tipo de linguagem, chamado de monólogo coletivo é observado em crianças que, embora estejam juntas conversando, não há continuidade nos diálogos – a criança fala sozinha enquanto brinca, mesmo estando com outras crianças. 
DESENVOLVIMENTO AFETIVO-EMOCIONAL
Nesse período ocorre a construção da personalidade pela criança (Wallon, 19791962). No início (entre 2 e 3 anos) refere se a sua pessoa pelo próprio nome ou utiliza a 3ª. pessoa (Mariana não quer / Ela não gosta). A partir dos três anos começa a empregar o pronome “eu” (Eu não gosto, Eu não quero), indicando a construção do eu psíquico. Seu nome adquire significado e auxilia no estabelecimento de si mesma. Suas roupas, brinquedos, objetos de uso pessoal auxiliam na construção de si mesma como alguém diferente dos demais.
A criança não separa o mundo real do mundo imaginário  interior e exterior se confundem em fortes situações emocionais. Exige que seus desejos sejam satisfeitos e quando contrariada, chora, esperneia ou grita. Muitos dos conflitos que os pais têm com os filhos nesse período surgem porque os pais precisam colocar limites ao filho, não apenas pela própria sobrevivência, mas para ensiná-lo a controlar seus impulsos. Pais que não controlam a impulsividade da criança fortalecerão o comportamento de desobediência e falta de limite.
Nesse sentido, é um período marcado por muitos conflitos pessoais: opõe-se ao não eu com comportamentos de confronto = ciúmes, tirania, agressividade. Além disso, há a disputa de brinquedos, não pelo objeto e sim, pelo sentimento de posse; o desejo de propriedade conta mais do que o próprio objeto. Existem dois momentos: idade da graça e a atividade de imitação. Portanto, há expulsão e incorporação do outro com movimentos complementares e alternantes no processo de formação do “eu”.
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Nesse período a criança está em processo de formação da consciência moral, o controle externo é substituído gradativamente pelo autocontrole. 
Em relação às regras, a criança é heterônoma, ou seja, governada pelo outro, influenciada inicialmente pelos pais, por meio da internalização das regras e valores dos familiares e, mais tarde, pelos amigose professores (escola), a criança vai formando conceitos de bem e mal, justiça, entre outros.
A escola e os professores têm um papel importante em relação a isso, pois podem orientar os pais em como lidar nessas situações e trabalhar as regras com as crianças, em grupo, no ambiente escolar. 
Os conceitos éticos da criança de 2 a 6 anos se baseiam na consequência das ações. Ela admite que os pais são poderosos e que deve obedecer-lhes por medo da punição e respeito à autoridade. Quando julga uma situação considerada errada, utiliza como referência a quantidade de erro cometido pelo sujeito e não a intencionalidade como fará crianças mais velhas.
CONCLUSÃO
Tendo como base os tópicos anteriores podemos afirmar que as crianças de 2 a 6 anos:
Sabem algo sobre suas emoções, mas tem muito que aprender sobre elas.
A partir da idade pré-escolar meninos agem mais agressivamente que as meninas, tanto física como verbalmente.
As crianças de 3 anos são capazes de subir escadas sem se apoiar, alternando os pés.
Há um grande avanço nas habilidades motoras. Nessa fase as crianças correm com facilidade; sobem escadas; andam de triciclo; usam tesoura; desenham; chutam e arremessam bolas grandes.
As habilidades motoras gerais, como correr e pular, envolvem músculos e maturação neurológica.
 As habilidades motoras refinadas, como abotoar camisas e desenhar figuras, envolvem coordenação entre mão e olho e pequenos músculos.
 As combinações de habilidades realizadas pelas crianças na segunda infância são conhecidas como sistemas de ação.
A terceira Infância (6 – 12 anos)
Plena transformação física e psicológica; 
Novos impulsos, novos sentimentos, novas ações, devido a modificações profundas no sistema nervoso;
Desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato;
Gosta de representar. Improvisa com seus brinquedos acidentes, combates, encarna as personagens dos filmes que viu ou dos livros que leu; 
Início dos processos de pensamentos hipotético-dedutivos;
Desenvolvimento de novas capacidades essenciais (ler, escrever, criar, competir em jogos, etc.);
As mudanças de humor são rápidas e de curta duração;
Avalia seus próprios resultados, pode ficar aborrecida ou apreensiva com suas ações (julgamento moral); 
Pode abandonar alguns interesses anteriores e, ao mesmo tempo, intensificar outros. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os conceitos que as crianças têm de amizade e sua forma de agir com os amigos mudam com a idade, refletindo os desenvolvimentos cognitivo e emocional.
As crianças de hoje só podem ser compreendidas a partir da especificidade histórico-cultural da época contemporânea.
Desemprego, divórcio, morte dos pais, pode afetar o desenvolvimento saudável da criança.
O brincar é o trabalho das crianças, contribuindo para todos os domínios do desenvolvimento. Brincando as crianças estimulam os sentidos, aprendem a usar os músculos, coordenam a visão com o movimento, adquirem domínio sobre seus corpos e novas habilidades. 
A linguagem é um fator básico de ajustamento social.
Os anos pré-escolares podem ser descritos como aqueles em que as habilidades sociais e da personalidade da criança se organizam, sendo significativos para as próximas fases da vida. Por isso:
-O primeiro modelo de apego é revisado, consolidado e estabelecido de maneira firme.
-Os padrões de relacionamento que se estabelecem nesta faixa etária influenciam nos próximos anos.
-A capacidade de partilhar, de suportar frustrações, do controle da agressividade e dos impulsos interfere nas relações vindo a facilitá-las ou dificultá-las.
ADOLESCENCIA
Para abordarmos o tema adolescência é preciso primeiro fazer a distinção entre puberdade e adolescência.
PUBERDADE
Puberdade corresponde ao componente biológico das transformações características da adolescência, compreendendo o período desde o aparecimento dos caracteres sexuais secundários até o desenvolvimento físico completo, parada do crescimento e aquisição de capacidade reprodutiva. A puberdade se dá, portanto, durante um período da adolescência que corresponde dos 12 aos 18 anos.
A puberdade esta ligada as modificações biológicas que passam nessa fase, assinalada por dois tipos gerais de mudanças físicas: o primeiro é relativo ao aumento no peso, na altura, na gordura e nos músculos corporais e o crescimento de seios nas meninas, entre outros. 
Um indicio de amadurecimento sexual na puberdade para os meninos é a produção de espermatozoide para as meninas é a menarca, isso ocorre em termos médios por volta dos 12 aos 15 anos.
O final da puberdade se caracteriza pelo amadurecimento gonodal e o fim do crescimento esquelético, que ocorre em torno dos 18 anos.
ADOLESCÊNCIA 
Os critérios de definição da adolescência podem variar em função do grupo cultural, gerando distintas transições da infância para a vida adulta. 
Adolescência diz respeito as transformações psicossociais que acompanham o processo biológico é um termo que se refere a um conceito amplo que caracteriza a passagem da infância para a vida adulta. É uma fase cheia de questionamentos e instabilidade, que se caracteriza por uma intensa busca de “si mesmo” e da própria identidade, os padrões estabelecidos são questionados, e há uma busca da liberdade e auto-afirmação. Por isso a adolescência é um período do ciclo vital que o indivíduo apresenta uma série de comportamentos diferenciados, como a busca para ser independente dos pais e a autonomia psíquica, para o surgimento de um novo papel social.
Ser adolescente é uma maneira nova de estar no mundo, em que o indivíduo apresenta comportamentos próprios desta fase, que podem trazer modificações em relação atitudes anteriores, em relação a família, a busca de amigos, etc.
Nessa fase o adolescente vive a perda de seu corpo infantil com a transformação brusca que sofreu na puberdade, mas sem ter ainda uma personalidade adulta.
O inicio da adolescência pode coincidir ou não com a puberdade. Há casos em que a puberdade antecede a adolescência, quando, por exemplo, um individuo tem o corpo completamente desenvolvido, mas ainda pensa e age como criança; ou contrario, há casos em que a adolescência antecede a puberdade, quando por exemplo, uma garota sofre intensamente porque já pensa como uma adolescente e age como adolescente, mas seu corpo é de menina, muitas vezes, acha que seus seios nunca se desenvolverão ou nunca menstruara etc.
O final da adolescência não é tão claramente demarcado porque está inter-relacionado com fatores socioculturais. 
De acordo com o Estatuto da criança e do adolescente (ECA), adolescente é o individuo entre 12 e 20 anos.
Psicológica e cronologicamente, a adolescência chega ao fim quando o indivíduo atinge certo grau de maturidade em quase todos os aspectos, sendo difícil determinar o que se considera por maturidade em termos sociais e culturais.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DOS ADOLESCENTES
Os teóricos da adolescência há muito tem concordado que a transição da segunda infância para a idade adulta é acompanhada pelo desenvolvimento de uma nova qualidade de mente, caracterizada pela forma de pensar sistemática, lógica e hipotética.
Segundo Piaget, o adolescente está no quarto estágio, do desenvolvimento cognitivo, que é o ESTÁGIO DE OPERAÇÕES FORMAIS, está fase que ocorre após os 12 anos, O PENSAMENTO FORMAL É HIPOTÉTICO-DEDUTIVO, não necessita mais da manipulação de objetos concretos, ele é capaz de deduzir suas conclusões de puras hipóteses, sem a necessidade de observação real. 
Para Piaget, as operações formais (pensamento hipotético-dedutivo), que emergem, fornecem um novo poder ao adolescente, permitindo ao jovem desenvolver as reflexões e formular, a seu modo, as teorias. Esta é uma das manifestações que distingue a adolescência da infância, ou seja, a reflexão espontânea e livre. Observa-se ainda um egocentrismo intelectual, manifesto pela crença onipotente do pensamento, como se o mundo devesse submeter-se aos seus sistemas e não estes, à realidade. Portanto Piaget afirma que o desenvolvimento cognitivo dessa fase é caracterizadopelas seguintes mudanças: de esquemas conceituais e operações mentais referentes a objetos e situações concretas para a formação de esquemas conceituais abstratos (amor, fantasia, justiça etc.) realizando com eles operações mentais formais ( o abstrato sem a necessidade do concreto).
Nesse estágio o adolescente constrói teorias e reflete sobre seu pensamento, o pensamento formal que é encontrado nos adolescentes, é explicado pelo fato de se poder estabelecer as coordenações entre os objetos que também originam-se de determinadas etapas da maturação deste sujeito e constitui uma reflexão da inteligência sobre si mesma, um sistema operatório de segunda potência, que opera com proposições, por isso essa fase é caracterizada pelo raciocínio hipotético-dedutivo que é o raciocínio que implica deduzir conclusões de premissas que são hipóteses, em vez de deduzir de fatos que o sujeito tenha realmente verificado. Durante essa fase o adolescente é capaz de tirar conclusões de puras hipóteses apresentando a lógica das proposições relacionando-a a estrutura de classes e das relações, por isso o pensamento formal é hipotético-dedutivo, não necessita mais da manipulação de objetos concretos, ele é capaz de deduzir suas conclusões de puras hipóteses, sem a necessidade de observação real.
Segundo Piaget o adolescente é um individuo que constrói sistemas e teorias, liga soluções de problemas por meio de teorias gerais, das quais se destaca o principio. Tem facilidade de elaborar teorias abstratas que transformam o mundo em um ponto ou em outro.
Concluindo um adolescente raciocina cientificamente, formulando hipóteses e comprovando-as, na realidade ou em pensamento. Enquanto o pensamento de uma criança mais nova envolve apenas objetos concretos, o adolescente já pode imaginar possibilidades. Quando tem por volta de 15 anos, o adolescente resolve problemas analisando-os logicamente e formulando hipóteses a respeito de resultados possíveis, a respeito do que poderia ocorrer."(BARROS, 2008, p.108,109).
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DO ADOLESCENTE
Redefinição da imagem corporal: (perda do corpo infantil e da consequente aquisição do corpo adulto)
Culminação do processo de individualização dos pais 
Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio
Virtude social desenvolvida: fidelidade/Lealdade
Aceitação dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao status adulto: Os rituais são manifestações sociais que ajudam na elaboração de diferentes momentos de transição do ciclo vital. Vários são os rituais que marcam a transição entre a infância e a vida adulta, em nosso meio podem-se destacar: a viagem da oitava série e da conclusão do Ensino Médio, o baile de debutantes, entre outros.
Assunção de funções ou papéis sexuais auto-outorgados, ou seja, consoantes a inclinações pessoais (homossexuais) independentemente das expectativas familiares e eventualmente até mesmo das imposições biológicas de gênero a que pertence
Tendência grupal: há uma busca de pautas de identificação no grupo de iguais: a busca de uniformidade é um comportamento defensivo que proporciona segurança e estima pessoal. O fenômeno grupal adquire uma importância extraordinária na adolescência, porque o indivíduo transfere para os pares parte da dependência que mantinha com a família. Assim, a dependência do adolescente aos valores do grupo é escravizante. Precisa de aplausos, julgando-se sempre conforme a sua aceitação exterior. Ele não pode perceber ainda que a busca da aprovação dos outros é a busca de sua própria aprovação. No início da adolescência, a turma é formada por companheiros do mesmo sexo, mas, na medida em que amadurecem, assumindo sua condição sexual, sentem-se mais livres para aproximar dos adolescentes do sexo oposto. 
Quando se pensa nas interações sociais que ocorrem nessa fase, é preciso salientar que na maioria dos casos há uma tendência para a dissolução dos grupos de meninas (Turma da Luluzinha) e meninos (Turma do Bolinha). Portanto, formam-se os grupos mistos e, posteriormente, no decorrer dessa fase, há a formação de casais. Como já mencionado, os grupos de amigos são muito importantes e exercem uma forte influência recíproca, podendo ser traduzida muitas vezes como uma “grande pressão sobre os companheiros
A turma constitui uma transição necessária no mundo externo para se alcançar a individuação adulta.
Frequentemente o adolescente transfere a relação fusionada que mantinha com os pais para os amigos ou namorado(a). Quer dizer, os adolescentes vivem as relações como se fossem uma só: um só desejo, uma só necessidade. Por isso, parecem ser comuns as explosões do adolescente por se sentir traído em suas relações afetivas ou com os amigos, como, por exemplo, quando um elemento de um grupo conversa com alguém que não faz parte desse grupo, isso pode ser interpretado como traição, provocando discussões ou brigas entre os membros do grupo.
Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta: estas condutas contraditórias são expressões da identidade adolescente, transitória ocasional e circunstancial.
Há uma recapitulação e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos – esta é a chamada crise da adolescência ou crise da identidade. Neste estágio a questão chave é: Quem sou eu?
Por CRISE entende-se um ponto conjutural necessário ao desenvolvimento , é o momento no qual o repertório que o individuo possuía entra em colapso, não é suficiente frente as novas demandas e então, é necessária uma mudança desenvolvimental qualitativa, os fatores que contribuem para essa crise de identidade são perda de laços familiares e falta de apoio no crescimento; expectativas parentais e sociais divergentes do grupo de pares; dificuldades em lidar com a mudança; falta de laços sociais exteriores à família que permitem o reconhecimento de outras perspectivas e o insucesso no processo de separação emocional entre a criança e as figuras de ligação. A IDENTIDADE é a consciência que o individuo tem de si mesmo como “um ser do mundo”. Traz o sentimento de pertinência (o individuo pertence á família X, que tem determinadas características; é brasileiro, o que lhe confere outras tantas características; torce pelo time z etc.) e diferenciação (apesar de ter características especificas por pertencer a vários grupos, tem características que o tornam único).
Atitude social reivindicatória: Grande parte da oposição que os adolescentes vivem com relação à família é transferida para o meio social, projetando no mundo externo as suas raivas, as suas rejeições e as suas condutas destrutivas. O adolescente pode sentir que ele não está mudando e que são os pais e a sociedade que se negam a ter com ele uma atitude provedora e protetora. Esta é a base da atitude social reivindicatória.
Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil, como por exemplo:
-Luto pelo corpo infantil: Com o advento da puberdade e todo o conjunto de modificações somáticas que a acompanham, o indivíduo percebe que, progressiva e inexoravelmente, vai-se transformando em adulto. Todo este processo, no entanto, é vivido de forma incoercível, como uma invasão agressiva, deixando o adolescente perplexo e impotente. A auto-imagem construída ao longo dos anos tem que ser, agora, reformulada a partir da construção de um novo esquema corporal e de novas modalidades relacionais consigo próprio e com o mundo. O sofrimento pela perda do corpo infantil fará o adolescente atuar de forma intensa a nível mental ou através da expressão motora pela ação. As suas idéias revolucionarias de reformas políticas ou sociais, os seus movimentos em defesa do meio ambiente e da ecologia nada mais são do que expressões de agressividade e protesto frente à frustração de se ver mudando sem ter sido consultado e de assistir impotente às próprias transformações.
-Luto pela identidade infantil: Durante a infância, os pais podem tudo pela criança. Na adolescência, o adolescente tem que aprender a poder tudo por ele mesmo. A dependência é a relação lógica e naturalda infância. O adolescente aspira pela autonomia, mas a dependência dos pais ainda é muito necessária, porque ele se sente imaturo. Na tentativa de elaborar o luto pela dependência infantil, o adolescente manipula a afetividade. Brigando, questionando, talvez seja mais fácil a separação, mas não menos dolorosa. Enfrentar os pais é enfrentar o mundo, conquistar um espaço seu, antes ocupado por eles. Trata-se de uma verdadeira revolução no meio familiar e social, criando um problema de gerações nem sempre bem resolvido.
-Luto pelos pais da infância Durante a infância, os pais podem tudo pela criança. Na adolescência, o adolescente tem que aprender a poder tudo por ele mesmo. A dependência é a relação lógica e natural da infância. O adolescente aspira pela autonomia, mas a dependência dos pais ainda é muito necessária, porque ele se sente imaturo. Na tentativa de elaborar o luto pela dependência infantil, o adolescente manipula a afetividade. Brigando, questionando, talvez seja mais fácil a separação, mas não menos dolorosa. Enfrentar os pais é enfrentar o mundo, conquistar um espaço seu, antes ocupado por eles. Trata-se de uma verdadeira revolução no meio familiar e social, criando um problema de gerações nem sempre bem resolvido.
-Luto pela bissexualidade: O adolescente tem que elaborar o luto pela bissexualidade, que consiste na definição de um papel sexual e no exercício da sexualidade com responsabilidade. O menino tem que renunciar de forma definitiva a seu desejo de ter um bebê e a menina tem que renunciar à onipotência materna. A evolução natural deste processo, que vai do auto-erotismo até a heterossexualidade, faz o adolescente reviver todas as etapas de sua sexualidade infantil. Inicialmente, o adolescente vive o amor sincrético, porque o seu objeto de amor é ele mesmo. Será preciso um longo caminho a percorrer para que a necessidade de ser amado se funda à necessidade de amar, que a necessidade de receber se funda à necessidade de dar, de forma que ele possa viver uma sexualidade amor que transborde na direção do outro como pessoa humana, com todas as conseqüências que advêm.
Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo: O processo de luto da adolescência é permeado pela depressão e ansiedade, substrato natural das alterações de humor dos adolescente.
MODIFICAÇÕES ORGÂNICAS OCORREM NA ADOLESCÊNCIA
- Desenvolvimento do aparelho reprodutor
- Desenvolvimento esquelético e muscular
- Crescimento pôndero-estatural
- Modificação na quantidade e distribuição de gordura corporal
- Desenvolvimento do sistema cárdio-respiratório e aumento da força e resistência
DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL DO ADOLESCENTE
O desenvolvimento psicossexual do adolescente apresenta características conforme sua fase de desenvolvimento físico e pode ser classificado em quatro etapas:
Dos 10 aos 13 anos: com o início das várias modificações físicas, geralmente há uma procura pelo mesmo sexo e inicia-se a prática da masturbação.
Dos 13 aos 15 anos: já há um domínio relativo sobre as mudanças corporais, uma procura por figuras de identificação não-parentais e canalização da energia sexual por meio de experiências homossexuais.
Dos 15 aos 17 anos: ocorre a afirmação da identidade sexual e relações entre ambos os sexos, com pouco compromisso. Nessa fase é comum o atual “ficar” dos adolescentes (namoro corporal, sem compromisso, que vai desde beijos e toques até a relação sexual).
Dos 17 aos 20 anos: a identidade sexual já está definida, há uma maior estabilidade emocional e inicia-se a busca por um parceiro amoroso único.
Na adolescência o estirão de crescimento e a maturação sexual (desenvolvimento das gônadas, órgãos de reprodução e caracteres sexuais secundários) são fenômenos desencadeados conjuntamente, iniciando-se mais cedo nas meninas, habitualmente entre os 8 e 13 anos, e uns dois anos mais tarde nos meninos. Em média, as meninas crescem até 8 cm por ano e os meninos de 10 a 12 cm por ano, durante o estirão. A maturação sexual é avaliada pelo estadiamento puberal de Tanner.
	
 A transformação do corpo coloca o adolescente diante da inevitabilidade das mudanças e da perda de sua condição de criança: “tenho de agir como um adulto, de acordo com o meu corpo”.
SÍNDROME DA ADOLESCÊNCIA NORMAL (SAN)
A SAN constitui um conjunto de características do desenvolvimento psico-emocional do adolescente que são normalmente esperadas durante essa fase da vida. São elas: busca de si mesmo, separação progressiva dos pais, tendência grupal, evolução da sexualidade, desenvolvimento de pensamento abstrato, capacidade de fantasiar, necessidade de intelectualizar-se, crises religiosas, vivência temporal singular, atitude social reinvidicatória, manifestações contraditórias de conduta e flutuações de humor.
ADULTO JOVEM- 20 AOS 40 ANOS
Essa fase compreende um período da vida que vai dos vinte aos quarenta anos de idade, caracterizando-se como uma etapa de muita força e vitalidade do ser humano. Porém, o indivíduo adulto jovem se encontra em um processo de afirmação e testagem de seu potencial, frente aos enfrentamentos sociais e pessoais.
DESENVOLVIMENTO FÍSICO DO ADULTO JOVEM
Na fase adulta jovem ou juventude, com relação aos aspectos físicos, a pessoa se encontra no auge das estruturas intelectuais e morais. Por volta dos 25 anos, há uma diminuição das mudanças fisiológicas, pois as funções do corpo já estão desenvolvidas. Na realidade pode se afirmar que as funções corporais se encontram plenas, a força muscular está no seu ponto máximo, bem como a agudeza sensorial. Quanto a estatura, os homens costumar atingir estatura máxima por volta dos 21 anos e as mulheres, em torno dos 18 anos.
O adulto jovem geralmente faz parte do grupo mais saudável da população. Por outro lado, as maiores causas da morte nesse período são principalmente acidentes e atos de violência, como homicídios ou suicídios. 
Se nessa fase ocorre o auge da vitalidade física, por que há tantos casos de infertilidade? Os estudos e as pesquisas sobre a vida adulta ainda são muito recentes, e, nesse sentido, já é notória a necessidade de uma ampliação dos mesmos. No entanto, pode-se afirmar que o estilo de vida (exercícios, alimentação, sono etc.), o avanço da medicina, a ausência de guerras, melhores condições sanitárias e políticas de natalidade são fatores que ao longo do desenvolvimento humano interferiram positiva e negativamente nos diferentes eixos do ciclo vital. Assim, parece-nos que a ampliação dos estudos e das pesquisas na fase adulta passa a ser cada vez mais importantes para a compreensão sobre os fenômenos que nela ocorrem, a fim de que se saiba a melhor maneira de intervir.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO ADULTO JOVEM 
O raciocínio sobre questões religiosas é um aspecto do desenvolvimento cognitivo adulto, que tem despertado interesse em alguns pesquisadores. Tal como a moralidade, a fé é mais do que um processo cognitivo: ela envolve a pregação e provém da experiência e da educação religiosa. E como todas as formas de raciocínio e análise, a fé não é estática, mas se modifica com a vida e com os valores, sofrendo transformações à medida que a experiência se acumula (BERGER, 2001, p. 321). 
Esse período se caracteriza pelo auge das estruturas intelectuais. Além disso, geralmente se dá o início do trabalho e dos estudos superiores. Nesse momento, muitas pessoas começam a modelar seu projeto de vida, sua vocação, colocando suas decisões à prova ou alterando seu plano de vida. Griffa e Moreno (2001) apresentaram um estudo longitudinal, em que acompanharam 300 estudantes com idades entre 25 e 35 anos. Os resultados apontaram para “uma tendência a se adaptar ao meio social, dedicar-se ao trabalho e à família”. Outro aspecto importante observado é que essas pessoas apresentaram “pouca autorreflexão” e dedicação às atividades individuais; por outro lado, tiveram “maior autoexigência e menor autossatisfação”. Percebe-se que a maioria dos adultos jovens tem a necessidade de impor-se, expandir-se, com vistas ao êxito, à ascensãosocial. Portanto, essa fase se caracteriza por um pensamento de natureza mais complexa, em que são feitas as escolhas profissionais e vocacionais. 
Apesar de Piaget (1967) apresentar o estádio operatório formal como o ápice da realização cognitiva, há outros estudiosos que afirmam que a cognição se estende para além dessa etapa. Sinnott (1984 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006) propõe que nessa fase o indivíduo desenvolve o pensamento pós-formal, apresenta-o como mais complexo que o pensamento formal descrito por Piaget. Argumenta, ainda, que as principais características desse pensamento são: a capacidade de lidar com incertezas, inconsistências, contradição, imperfeição e o compromisso. Trata-se de um pensamento mais flexível e adaptativo.
	
O pensamento pós-formal, estágio superior de cognição adulta, pode ser compreendido como muito mais rico e complexo do que as manipulações intelectuais abstratas descritas por Piaget.
Nesse caso, a capacidade do adulto de lidar com incerteza, inconsistência, contradição, imperfeição e tolerância se dá por meio de um pensamento maduro que se baseia na experiência subjetiva, na intuição e na lógica.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DO ADULTO DO JOVEM
Pode-se afirmar que os temas centrais da vida de um indivíduo dessa fase são: o amor, o trabalho e a ética. O adulto jovem não é mais onipotente como o adolescente, mas mantém muita energia em suas realizações, é uma idade de muitas produções. Ele adota uma ideologia e uma filosofia de vida; assume e responde pelas próprias escolhas e pelos seus compromissos.
De acordo com Erikson (1974), no sexto estágio psicossocial, as pessoas vivem o dilema intimidade versus isolamento. O autor sinaliza que durante esse período o indivíduo estabelece a sua independência e começa a atuar como adulto, assumindo um trabalho produtivo e estabelecendo relacionamentos íntimos – amizades íntimas e uniões sexuais. Na opinião de Erikson (1974), a intimidade não se limita a relacionamentos sexuais, mas engloba também carinho e compromisso.
Nesse caso, a capacidade do adulto jovem de lidar com a incerteza, inconsistência, contradição, imperfeição e tolerância se dá por meio de um pensamento maduro que se baseia na experiência subjetiva, na intuição e na lógica.
A intimidade pressupõe que o indivíduo possa expressar suas emoções abertamente, sem medo de “se perder no outro”, isto é, sem medo de perder o senso de autoidentidade. Lembre-se de que a árdua tarefa da adolescência foi definir a identidade, ou seja, o adulto jovem teme perder esse bem precioso. 
Um exemplo de frase típica da vivência desse dilema é: “... Eu amo meu namorado, quero ficar com ele, mas casar agora?! Não sei. Temo perder minha liberdade, ter que abrir mão de coisas que são importantes para mim...”. Essa frase ilustra que o indivíduo teme fundir a sua identidade com a de outra pessoa e, assim, ter que abrir mão da sua própria. Na intimidade supõe-se uma troca interpessoal sem que haja a dissolução das respectivas identidades.
Nas relações de intimidade, as pessoas desenvolvem a capacidade de estabelecer de forma integral compromissos emocionais, morais e sexuais com outras pessoas. Esse tipo de compromisso exige que o indivíduo renuncie a algumas preferências pessoais, aceite algumas responsabilidades e abra mão de algum grau de privacidade e independência.
Os indivíduos que não conseguem estabelecer relações de intimidade desenvolvem uma sensação de isolamento, isto é, a incapacidade de se vincular a outros de forma psicologicamente significativa. São pessoas que mantêm relações superficiais, evitam contatos sociais, rejeitam as outras pessoas e podem até se tornar agressivos em relação a elas; preferem ficar sós porque temem a intimidade, que veem como uma ameaça à identidade do seu ego. Mas isolamento não é sinônimo de estar só ou ser solteiro, diz respeito à capacidade de entrega em uma relação. Há pessoas que estão solteiras ou sós e têm relações de intimidade, ao passo que há uniões conjugais em que existe isolamento.
Portanto, como foi exposto anteriormente, a capacidade de amar é um tema central na vida do adulto jovem e é corroborada por uma expectativa social, no sentido de ele assumir alguns papéis sociais, como escolher um parceiro e casar-se.
O outro eixo central na vida do adulto jovem é o trabalho. Uma preocupação típica daqueles que estão nessa fase é estabelecer-se profissionalmente, buscar por uma estabilidade profissional, o que também é reforçado pela expectativa social. O indivíduo nessa fase tende a trabalhar muito, muitas vezes renuncia ao lazer e aos relacionamentos sociais a fim de se dedicar ao trabalho e/ou à carreira.
É a fase em que há uma alteração nas relações de amizade, as grandes turmas da adolescência são substituídas por grupos de casais que preferem trocar as grandes e onerosas festas por pequenas e acessíveis reuniões na casa dos amigos. O importante não é mais “pertencer a várias tribos ou ter muitos amigos”, e sim “ter poucos, mas bons amigos”, são relações de intimidade. E o terceiro eixo central é a ética, que acompanha os outros dois. O adulto jovem assume um compromisso com a própria vida e a repercussão de suas ações sobre a vida dos demais, tanto no âmbito do trabalho quanto no afetivo. Para Erikson (1974), a intimidade é a capacidade de “[...] entregarse a afiliações e associações concretas e de desenvolver a força ética necessária para cumprir esses compromissos, mesmo quando eles podem exigir sacrifícios significativos (p. 237)”.
Os indivíduos dos 20 aos 40 anos de idade atravessam períodos difíceis e estressantes porque precisam aprender uma série de papéis sociais e passam por muitas mudanças individuais, como casamentos, divórcios, nascimentos, busca de emprego etc., que demandam constantes adaptações. E, justamente, esse é um período no qual as pessoas são definidas por critérios externos (o que faz, o que conquistou, o que tem), além do que as pessoas se identificam a si mesmas de acordo com os papéis que desempenham, as exigências e os limites dos mesmos e se ocorreram ou não dentro do período de vida esperado, como, por exemplo, casar-se e ter filhos nessa fase de vida. 
O percurso da vida adulta é atrelado a uma série de marcadores socioculturais e familiares que coconstroem as expectativas em relação ao desenvolvimento. Quando a vida adulta não acompanha essa expectativa geralmente há sofrimento por parte do indivíduo. Por exemplo, uma mulher de 30 anos pode sofrer porque a maioria de suas amigas já se casou ou têm filhos e ela não. Sente-se à parte do desenvolvimento normativo.
 Já no final desse período (final dos 30 anos início dos 40 anos) há o fenômeno que Levinson (1996 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN 2006) denominou “destribalização”, o qual descreve o processo em que os adultos, depois de terem aprendido os papéis principais, começam a se libertar dos elementos limitadores, tem-se noção de como atender a vários compromissos e ainda manifestar a própria individualidade.
	
O relógio social é o conjunto de normas ou expectativas culturais para os momentos da vida em que certos eventos importantes, como casar, ter filhos, começar a trabalhar e aposentar-se, devem ocorrer.
Ao longo dos anos, o indivíduo se depara com desilusões que podem levar ao questionamento de regras, uma vez que segui-las e fazer o que se deve não trazem necessariamente quaisquer recompensas. Nem sempre, apesar de se ter trabalhado muito, consegue-se promoção, nem sempre se consegue um parceiro, mesmo tendo feito corretamente todas as coisas. Portanto, para Erikson (1987), a intimidade se dá por meio do compromisso com um relacionamento que exige concessões e sacrifícios. Para o homem, ela é possibilitada somente após encontrar sua própria identidade, ao passo que a mulher obtém sua identidade por meio da própria intimidade. Além da estabilização da vida afetiva e do início da vida matrimonial, alguns outros fatos são comuns nessa fase da vida: o ingresso na vida social plena; autossustento social, psicológicoe financeiro; e o trabalho. Elementos básicos para o amadurecimento das pessoas, tais fatos muitos vezes acabam sendo postergados em função das atuais exigências e normas culturais. As consequências de tais restrições podem levar à dependência familiar, flutuações afetivas, falta de experiências vitais, tendência a idealizar. Outros fatores que delimitam esse período dizem respeito ao encontro ou conflito de gerações, a modelagem do projeto de vida. As escolhas são colocadas à prova ou modificadas. Heinz Rempleim (apud GRIFFA; MORENO, 2001) afirma que na busca do êxito e da ascensão social há um desejo de impor-se, permeado de uma atitude otimista. Isso é mais intenso no sexo masculino. 101 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL Revisão: Leandro/Tatiane - Diagramação: Fabio - 22/09/11 - 2ª Revisão: Tatiane - Diagramação: Jefferson - 29/09/11 Segundo Levinson (1996 apud GRIFFA; MORENO, 2001), por volta dos 18 aos 24 anos se dá o primeiro estágio, a saída do lar, que permite ao jovem uma maior independência, o contato com instituições, que lhe outorga, por exemplo, status de estagiário. O segundo estágio é o ingresso no mundo adulto, em torno dos 24 aos 28 anos; nessa fase a pessoa permanece mais no mundo do que no lar. Dos 28 aos 33 anos é a época de reafirmar os compromissos e de alguma maneira se liberar dos afazeres diários para novas perspectivas de vida. Esse estágio é denominado transição para a quarta década. Como afirmado anteriormente, para Erik H. Erikson (1987), a questão central nessa etapa é a conquista da intimidade versus isolamento. Para o referido autor, a intimidade diz respeito à capacidade de se “entregar a afiliações e associações concretas e de desenvolver força ética necessária para cumprir esses compromissos, mesmo quando eles podem exigir sacrifícios significativos”. Tal capacidade permite ao adulto jovem enfrentar a perda do ego, atrelada às situações que exigem autoabandono, como nos casos de solidariedade entre amigos ou a união sexual; ou, por outro lado, sua ausência pode levar ao isolamento. A mutualidade do orgasmo representa para Erikson saúde sexual, e nesse caso a frustração não implicará regressão patológica. Portanto, um marco do final da adolescência é a capacidade da pessoa de manter uma relação de intimidade. Sendo esse aspecto o ponto central da crise nesse período, segundo Erikson, o trajeto a ser percorrido para a intimidade passa necessariamente por alguns níveis de relações interpessoais, ou seja, graus de comprometimentos. De acordo com Griffa e Moreno (2001), os três níveis são: • Nível 1 Tarefa. Por exemplo, quando dois adultos trabalham juntos na montagem de um motor. Nesse caso, não é preciso tentar conhecer o outro ou revelar-se, porque a tarefa é o principal ponto de contato e integração entre as pessoas. • Nível 2 Sistema de normas explícito ou implícito. As normas regulam o comportamento, facilitando a prevenção ou antecipação da cultura grupal. Por exemplo, nos grupos da escola, nos jogos com regras. Em ambos os casos, são supostos um maior compromisso pessoal, pôr-se no lugar do outro e um contato físico. Isso não ocorre no nível da tarefa. • Nível 3 Intimidade. Nessa situação, não há o predomínio da tarefa nem das normas. Os relacionamentos baseiam-se na criatividade de cada pessoa, para construí-lo. Portanto, há uma abertura pessoal para o conhecimento mútuo em profundidade, o questionamento das regras e normas e da formalidade do vínculo. Assim, ocorre uma reflexão permanente sobre o vínculo e emergem questões como: somos amigos ou somos noivos?
MEIA IDADE- 40 A 65 ANOS
O desenvolvimento na meia-idade (40-65 anos) pode ser ilustrado por um dito popular que diz: “Toda a pessoa na vida tem que plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”; essa é a essência da generatividade, deixar sua marca no e para o mundo.
DESENVOLVIMENTO FÍSICO NA MEIA IDADE
É uma fase que contempla alguns paradoxos. Geralmente, por um lado, poderá haver uma grande satisfação conjugal e profissional; mas, por outro lado, o declínio físico começa a ficar evidente.
Quanto à aparência física, os indivíduos tentam parecer mais jovens, embora a grande maioria aprenda a aceitar de maneira realista as mudanças que estão ocorrendo em si mesmos, como será discutido posteriormente junto com os aspectos psicossociais. 
Normalmente, as pessoas na meia-idade apresentam boa forma física, cognitiva e emocional (PAPALIA, OLDS; FELDMAN, 2006). Evidentemente, a forma física e as condições de saúde dependerão da história pregressa do indivíduo. Nessa fase, quanto mais o indivíduo se cuidar do ponto de vista físico, mais se beneficiará. 
O relógio biológico indica os primeiros sinais de envelhecimento: uso de óculos, cabelos brancos, pele com vincos, dificuldade em subir lances de escada (declínio da capacidade aeróbica), pessoas mais jovens o tratam como ”uma pessoa mais velha” (filhos adultos, colegas de trabalho jovens), a percepção da incapacidade dos pais leva a perceber a própria incapacidade futura. 
O relógio social indica a sensação de maior conhecimento e experiência, maior sensação de controle e escolha, há mais tempo e energia para outros papéis (esposo, esposa, avô, avó), para a aposentadoria.
Se, por um lado, muitos se sentem jovens e dispostos, o relógio biológico é implacável e o corpo começa a ficar mais lento. Quanto à aparência, os cabelos se tornam brancos e as rugas tendem a aumentar. Por volta dos 40 anos, também é muito frequente o aparecimento de pigmentações na pele e adiposidades. 
A acuidade visual tende a diminuir de forma gradual e ininterrupta; há uma perda gradual de audição (55 anos); diminui a sensibilidade ao gosto e ao cheiro. Além destes, a força e a coordenação diminuem gradualmente; há perda de massa muscular, que é substituída por gordura; diminuição de habilidades motoras complexas que envolvam muitos estímulos, respostas e decisões, mas que não resultam necessariamente em pior desempenho porque o conhecimento baseado na experiência pode mais do que compensar as mudanças físicas (PAPALIA; OLDS, FELDMAN, 2006; BEE, 1998).
Muitas pessoas com 50 anos optam por tarefas mais sedentárias e contemplativas em função de um decréscimo da capacidade física. Por exemplo, subir 20 andares é uma tarefa diferente para um jovem de 20 anos e para um adulto de 50 anos. Provavelmente, a maioria das pessoas com 50 anos, conseguirá subir as escadas de forma mais lenta e se cansará mais. Por outro lado, no que diz respeito ao trabalho, não há diferenças significativas. 
A maioria dos adultos médios/tardios, quando goza de plena saúde, escolhe o melhor momento para se aposentar. No entanto, quando a saúde está fragilizada ou quando ocorre, entre outros, casos de alcoolismo, a pessoa sente mais intensamente o envelhecimento, restando-lhe poucas escolhas e a maioria se aposenta mais cedo, muitas vezes com condições financeiras difíceis. 
A atividade sexual pode diminuir um pouco entre 40 e 50 anos, provavelmente devido a causas não fisiológicas, como monotonia num relacionamento, preocupação com negócios, fadiga, entre outros (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Por outro lado, algumas vezes os relacionamentos sexuais melhoram nesse período porque são desvinculados da capacidade reprodutiva e, portanto, livres do risco de gravidez (ibidem).
A menopausa aparece como um evento marcante no desenvolvimento físico na meia-idade. Ocorre tipicamente entre 45 e 55 anos. As pesquisas (DAN; BERNHARD, 1989 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006) revelam que a maioria das mulheres sente pouco ou nenhum desconforto na menopausa. Há maior probabilidade dos problemas psicológicos associados à menopausa serem causados principalmente pela visão negativa do envelhecimento por parte da sociedade. Outro aspecto que pode ser vivenciado de modo diferente nessa fase é a gravidez. Após os 40 anos, é muito mais frequente a mulher sofrer um aumento da pressão arterial em comparação com uma mulher de 25 anos. No entanto, após o parto, os órgãos de ambas tendem a funcionar igualmente.Já o climatério masculino tende a iniciar 10 anos mais tarde que do nas mulheres. Cerca de 5% dos homens sentem depressão, fadiga, menor impulso sexual, disfunções eréteis ocasionais e queixas físicas. As causas desses sintomas podem estar associadas a mudanças hormonais; causas psicológicas (adaptações às novas demandas como, por exemplo, a morte dos pais) e atitudes culturais em relação ao envelhecimento (WEG, 1989 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
A maior parte das pessoas de meia-idade possui boa saúde, os casos de morte ocorrem, com maior frequência, em virtude de derrame, câncer e doenças cardíacas (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). A remoção cirúrgica do útero, a histerectomia, costuma ocorrer em larga escala, nas mulheres, por volta dos 60 anos. Resumidamente, em termos de mudanças físicas, essa fase se caracteriza por uma lenta deterioração das capacidades sensoriais, da saúde, vitalidade e força física. Porém, é preciso destacar que são grandes as diferenças individuais. Em função das alterações hormonais, ocorre um lento declínio da excitação sexual.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA MEIA-IDADE (DE 40 A 65 ANOS) 
Pode-se afirmar que a cognição na fase adulta supera a rigidez em direção à flexibilidade, ou seja, nessa fase as pessoas compreendem que determinadas coisas podem ser de uma forma, mas que, em seguida, isso pode se modificar. Compreendem também, que não existe uma única resposta certa, e as opiniões podem não ser tão válidas, sendo relativas a determinado momento ou circunstância. Logo, as questões podem ter uma causalidade múltipla e mais que uma solução.
 É comum nesse período que as decisões e opiniões da maioria tenham um caráter mais pragmático, com vistas a uma solução mais prática e rápida.
Cabe destacar que a aceitação dos paradoxos está presente nas consciências das pessoas dessa faixa etária e, nesse sentido, a questão da atitude e suas consequências ou desdobramentos também está clara. 
Os adultos na meia-idade são capazes de integrar a lógica com a intuição e a emoção, integram fatos e ideias, e integram novas informações com o que já sabem. Filtram pela sua experiência de vida e aprendizagem prévia. Assim, tendem a ser bons para solucionarem os problemas. 
Isso significa que, nesse momento da vida, o adulto de meia-idade tem o incremento da sua inteligência cristalizada, da qual pode fazer uso, ela é a capacidade de lembrar e usar informações adquiridas durante uma vida inteira.
A INTELIGÊNCIA CRISTALIZADA é relacionada à educação e à experiência cultural. O conhecimento especializado é um exemplo desse tipo de inteligência. 
Quando se pensa na questão cognição e gênero, uma pesquisa (BEE, 1996) com 30 estudantes de cada sexo indica que as mulheres fazem uso de um conhecimento subjetivo (intuição), ao passo que os homens lançam mão de métodos de procedimentos (sistemática e análise). 
Em síntese, a capacidade mental na fase adulta média pode atingir um nível excelente. Principalmente, as habilidades relativas à área de especialização e à solução de problemas práticos se encontram muito desenvolvidas. 
A criatividade pode declinar, mas sua qualidade é melhor. Isso implica muitas vezes um grande sucesso na carreira, mas, por outro lado, pode ocorrer também um esgotamento ou mudança de carreira. É importante destacar que no aspecto neurológico é frequente o início da deterioração das respostas motoras complexas.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DA MEIA IDADE
A meia-idade é para muitos um período do auge da competência, produtividade e controle. É um momento no qual o indivíduo desenvolveu um grande senso de autoconfiança e autoestima — no percurso da vida já checou várias vezes suas capacidades e sua resiliência — de tal forma, que sente que é capaz de lidar e enfrentar todas as circunstâncias e questões que aparecem.
 Alguns autores (ROSA, 1994), fazendo analogia com uma peça teatral, dizem que as pessoas na meia-idade seriam os protagonistas, porque fazem parte da geração que está no comando. Ou, ainda, entendem que essa é uma “geração sanduíche” porque por um lado há os filhos, na maioria adolescentes, que ainda demandam cuidado e por outro há os pais envelhecendo, que também precisam de uma atenção especial. 
Segundo Erikson (1974), essa é a fase da maturidade, na qual os adultos precisam estar ativamente envolvidos no ensino e na orientação da próxima geração, é a necessidade de sentir-se útil, especialmente em relação às pessoas mais jovens. No entanto, essa necessidade de “sentir-se útil”, que Erikson denominou de generatividade, não se restringe ao fato de se ter filhos para cuidar, pelo contrário, pois não basta ter filhos ou não é preciso tê-los para alcançar essa capacidade, trata-se de uma preocupação ampla pelos outros, um compromisso para além de si mesmo, com a família, o trabalho, a sociedade e as gerações futuras. Manifesta-se na necessidade de ensinar ou guiar os mais jovens não só para ajudá-los, mas também para formar a própria identidade.
A CRISE DA MEIA-IDADE é caracterizada por um “balanço de vida”, que é balizado em função da finitude da vida. Esse é o primeiro momento do ciclo vital em que o indivíduo se depara com a morte enquanto uma possibilidade real. Alguns amigos da mesma geração morrem; os sinais de envelhecimento são encarados de uma forma realista; algumas metas traçadas no projeto de vida não foram alcançadas e o indivíduo percebe que está na metade da sua vida. É possível mudar, retomar metas, mas existe um tempo e um limite.
Nesse processo é comum o indivíduo adotar uma postura mais introspectiva a fim de se autoavaliar. É frequente o questionamento do sistema de valores que regeu sua existência, os objetivos de trabalho, sociais e econômicos, o uso que fez do seu tempo livre, dedicação à família e amizades, entre outros.
No final desse período, pode ocorrer uma transformação na dinâmica familiar, conhecida como “NINHO VAZIO”, que é o momento no qual os filhos saem da casa de seus pais e estes têm que se reorganizar frente à nova realidade. Alguns casais vivem essa fase como uma segunda lua de mel, agora livres dos encargos parentais; outros entram em crise pessoal e/ou conjugal, na maioria das vezes, porque o casal não se reconhece na conjugalidade, mantinham-se juntos apenas enquanto um casal parental, quando essa função é esvaziada, não há outro ponto de intersecção.
As AMIZADES nessa fase são especialmente importantes, atuando como uma rede de apoio frente à grande sobrecarga de funções que recaem sobre os adultos na meia-idade; no entanto, no geral, resta pouca energia para dedicar aos amigos. 
O relacionamento com as respectivas FAMÍLIAS de origem, exceto em épocas de necessidade, tende a diminuir de importância durante a idade adulta. Nessa fase, algumas pessoas tornam-se as cuidadoras dos pais, o que pode ser um fator de estresse no relacionamento com a família de origem e/ou com a família constituída, quando não há divisão nas tarefas.
VELHICE
Velhice refere-se a alguém de idade avançada ou algo antigo. A velhice faz referência à senilidade ou idade senil. 
A velhice também está relacionada com a categoria social que se conhece por terceira idade. As pessoas desta faixa etária, regra geral, estão reformadas (ou seja, já não trabalham e, por conseguinte, não fazem parte da população economicamente ativa) e, em muitos casos, já são avós.
DESENVOLVIMENTO NA VELHICE
 Um dos maiores objetivos da gerontologia é o envelhecimento bem-sucedido, ou seja, a meta é extrair mais da vida. Rosenthal comemorou seus 70 anos com um bar mitzvah – cerimônia do 13º ano judeu. Ele, que se aposentou aos 65 anos, afirmou que o fundamental na vida é “livrar-se de tudo o que não é importante e gastar tempo com o que interessa”.
As mudanças demográficas no Brasil apresentam, hoje, o aumento do número proporcional e absoluto de idosos na população (aumento na expectativa de vida, decréscimo nas taxas de mortalidade e de fecundidade). O país terá de enfrentar problemas ligados ao envelhecimento da população em uma situação paradoxal,pois o ritmo inesperado do fenômeno não dará tempo para superar problemas típicos do subdesenvolvimento (BARRETO, 1992). A velhice pode ser divida em três grupos: 
Idosos jovens (65 a 74 anos) ativos, cheios de vida e vigorosos. 
Idosos velhos (75 a 84 anos) maior tendência para a fraqueza e enfermidades; pode ter dificuldade para desempenhar atividades da vida diária. • Idosos mais velhos (85 anos ou mais) as mesmas características anteriores de maneira mais acentuada. 
De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006), uma classificação da velhice mais significativa é pela idade funcional: 
Envelhecimento primário: processo gradual e inevitável de deteriorização corporal que começa cedo na vida e continua ao longo dos anos. 
Envelhecimento secundário: é constituído pela consequência de doença, de abuso e de ausência de uso de medidas preventivas; alimentando-se bem e mantendo-se fisicamente em forma, é possível evitar os efeitos secundários do envelhecimento. 
Quanto à atitude social em relação à velhice, segundo Barreto (1992), é a de negar a velhice enquanto tal, valorizando-se a pessoa que consegue disfarçá-la física (“velhos bem conservados”) e/ ou psicologicamente (“velhos de espírito jovem”). Não há a valorização da velhice, “conserva-se uma norma que estabelece que os idosos devam ser respeitados, mas esse ‘objeto de respeito’ encontra-se desaparecido, ‘disfarçado de jovem’, física, moral e psicologicamente” (p. 23).
DESENVOLVIMENTO FÍSICO NA VELHICE
A maioria das pessoas na velhice é razoavelmente saudável principalmente se tem um estilo de vida que incorpore exercícios e boa nutrição. Entretanto, é comum apresentarem problemas crônicos, tais como: artrite, hipertensão, problemas cardíacos. 
A grande maioria também tem boa saúde mental. A depressão e muitos problemas, inclusive alguns tipos de demência, podem ser revertidos com tratamento adequado; outras, aquelas ocasionadas pelo mal de Alzheimer, mal de Parkinson ou derrames múltiplos, são irreversíveis (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Problemas visuais, combinados com coordenação e tempo de reação mais lenta, podem afetar certas habilidades. O treinamento pode melhorar a força muscular e o tempo de reação. 
Muitas pessoas idosas são sexualmente ativas, embora o grau de tensão sexual e a frequência e a intensidade de experiência sexual geralmente sejam mais baixos do que para adultos mais jovens (GRIFFA; MORENO, 2001). 
Outras mudanças físicas podem ocorrer, como a perda de pigmentação, textura e elasticidade da pele, os pelos tornam-se mais finos e brancos, há a diminuição da estatura, rarefação dos ossos e tendência a dormir menos (ibidem). 
As modificações corporais são mais notórias entre os 75 e 80 anos de idade. Essas mudanças podem provocar no indivíduo sentimentos de inferioridade frente a uma sociedade que nega a velhice e cultiva o corpo jovem.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA VELHICE
Os estereótipos sociais sugerem que na velhice o indivíduo tem uma queda na função intelectual, na memória e na aprendizagem. Entretanto, segundo Gerrig e Zimbardo (2005), há poucas evidências para sustentar a ideia de que as capacidades cognitivas gerais declinem entre os idosos saudáveis. As pesquisas apontam (GERRIG; ZIMBARDO, 2005) que os adultos mais velhos que buscam altos níveis de estimulação ambiental tendem a manter altos níveis de capacidade cognitiva. Tudo indica que o desuso, e não o declínio, pode ser responsável pelas deficiências no desempenho intelectual. 
Outra questão que se levanta diz respeito às diferenças qualitativas, e não quantitativas, inclusive em relação ao ato de pensar, entre o idoso e o jovem em seus desenvolvimentos e conquistas.
A aprendizagem requer mais tempo na velhice, o material precisa estar mais organizado e menos complexo do que no período anterior de desenvolvimento. Para aprender, o idoso precisa apresentar uma disposição interna para captar e reter.
Na velhice a memória mais afetada pela perda é a memória secundária, aquela que recupera um dado vários minutos ou horas depois de ser apresentado às pessoas, e não a memória primária, a qual permite recordar um dado pouco depois de ter sido informado. Já a memória terciária é completamente preservada, que é a que conserva a informação do acontecido muitos anos antes. Por essa razão, o idoso é capaz de contar histórias do seu passado ricas em detalhes e não é capaz de responder se tomou o seu remédio pela manhã.
	
O idoso sente dificuldade para mudar de uma tarefa ou função para outra, como dirigir um carro, em que várias funções cognitivas e de percepção precisam ser acionadas ao mesmo tempo.
A sociedade contemporânea tende a idealizar a adolescência, a juventude e tudo o que é novo. Como consequência, rejeita o idoso e desvaloriza tudo o que considera velho. Por essa razão, os idosos correm risco de ser desvalorizados e marginalizados pela sociedade e pela família, que é seu apoio afetivo essencial.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA VELHICE
Erikson (1974) se debruça sobre a personalidade, dentro de uma perspectiva psicossocial e propõe a velhice como a oitava crise. Nela, ou seja, no último estágio psicossocial, o indivíduo se depara com uma opção entre a integridade do ego e o desespero ou a desesperança e a partir dela avaliará a própria vida.
 É muito comum nessa etapa da vida que a maioria das pessoas examine, reflita e faça um último “balanço” sobre a própria vida. Se diante dessa análise o indivíduo sentir-se satisfeito com a vida que viveu, estiver em paz consigo mesmo, ou seja, apresentar um sentimento de realização e satisfação, achando que lidou de maneira adequada com os acertos e erros da vida, pode-se dizer que ele tem a integridade do ego e conquistou a virtude da sabedoria, aceitando o seu lugar e o seu passado.
 Por outro lado, se o indivíduo se depara com um sentimento de frustração, aborrecido porque perdeu oportunidades e arrependido de erros que não pode corrigir, não há mais tempo para corrigi-los, então há a desesperança. Os indivíduos ficam desgostosos consigo mesmos, ranzinzas, ficam amargos em relação ao que poderiam ter sido, criticam e são intolerantes com as novas gerações.
Segundo Erikson (1987), as pessoas idosas precisam fazer mais do que refletir sobre o passado. Elas precisam continuar ativas, participantes vitais, buscando desafios e estímulos no seu ambiente. É importante que se envolvam com as tarefas concernentes a avós, voltem a estudar e desenvolvam novas habilidades e interesses. O apoio da família é fundamental nesse sentido para que o idoso se sinta útil, feliz e amado. 
A força básica, como afirmado anteriormente, associada a essa fase final do desenvolvimento é a sabedoria, que, derivada da integridade do ego, é expressa na preocupação desprendida com o todo da vida. Ela é transmitida às próximas gerações em uma integração de experiências que é mais bem descrita pela palavra “herança”. 
Outro aspecto a ser destacado é que muitos idosos param de se preocupar com uma série de convenções sociais. Nessa etapa é possível permitir que a máscara social – quer dizer, os disfarces sucessivos que são adotados para garantir uma aceitação social – caiam aos poucos. Muitos idosos param de se preocupar com uma série de convenções sociais, com as repercussões do que “pensa, fala, sente e faz”, e muitos afirmam que isso é algo permitido nessa idade. Sentem-se livres para escolher roupas que muitas vezes não combinam e não se preocupam com as repercussões de suas falas em um determinado contexto. Há uma frase típica entre os idosos que explicita essa questão: “Minha idade me permite...”.
 Ocorre uma libertação da busca por conquistas, como a dos bens materiais e do status, desacelera-se a corrida por ascensão e o ego preenche-se com o que está próximo, no presente, sem urgências.
A MORTALIDADE/IMORTALIDADE é o grande tema existencial da velhice. A angústia existencial frente à morte é muito forte, pois existe uma consciência mais vívida de que a morte é um acontecimento concreto e próximo. Entretanto,se o indivíduo estiver em paz consigo mesmo (integridade de ego), o medo diante da morte é atenuado. Do contrário, o indivíduo entra em desespero, pois constata que agora o tempo é curto para alcançar a integridade.
MORTE E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Desde os tempos remotos o homem se intriga com a morte e busca vencê-la. A partir da consciência de sua mortalidade, de sua finitude, o homem tenta encontrar meios para conseguir a vida eterna, ou melhor, a juventude eterna. A imortalidade, por outro lado, também é alvo de heróis, artistas etc.
Outras formas de lidar com a morte podem ser os mecanismos de defesa: negação, deslocamento, racionalização. E há pessoas que já estão mortas estando vivas, é a chamada morte em vida. 
Ao nascer, já se morre um pouco; quando, por exemplo, a mãe se afasta, a morte é concebida como ausência, perda, separação. 
Para a criança, definir a morte é algo complexo, porque ao mesmo tempo em que ela percebe o não movimento, a possibilidade de reversão está presente. Tal fantasia também está no imaginário de outras pessoas, exemplo disso são os jovens ou adolescentes que tentam o suicídio acreditando poder morrer só um pouco. Somente entre 5 e 7 anos a criança entende que a morte é irreversível – que uma pessoa, animal ou flor não voltarão a viver –, percebem também que ela é universa.
Na fase adulta, alguns motivos de morte são os ataques cardíacos fulminantes e, na fase seguinte, no balanço de ganhos e perdas emerge a possibilidade de “minha morte” que neste momento pode engendrar ressignificação da vida.
Na terceira idade, com as perdas corporais, financeiras, separações etc., há que fazer uma escolha: a ênfase será na vida ou na morte.
O PROCESSO DE LUTO
Quando este tópico de estudo é iniciado, as reações variam entre a repulsa e o humor, as “piadinhas” aparecem, entre elas: “Morte, credo! Vamos pular essa parte”; ou “A próxima aula será no cemitério?”. Tanto em uma reação como na outra evidencia-se ansiedade diante da morte. É muito interessante notar a gama de sentimentos que esse tema provoca.
Paradoxalmente, a vida é permeada por muitas mortes – a morte de um ente, outras mortes em vida, como separações, doenças, situações limite, transição das diferentes fases do ciclo vital e eventos específicos, como viagens, casamento, nascimento de filho, mudança de emprego, entre outros. 
Se por um lado a morte se associa com sentimentos como dor, tristeza, medo, perda, ruptura, por outro permite que a pessoa entre em contato com a sua potência, capacidade de amar, de se vincular e estar vivo. 
Além disso, pode ser também que a possibilidade de transformação e da morte façam emergir uma nova vida, como, por exemplo, ocorre na transição entre a infância e a adolescência. Como foi estudado, o adolescente tem que elaborar uma série de lutos, é um processo doloroso, mas dele emerge uma nova possibilidade de ser no mundo.
O grande historiador francês Philippe Ariès, mencionado por Kovács (2002), descreveu várias representações da morte:
• MORTE DOMADA: em que há o lamento da vida, a busca do perdão dos companheiros e a absolvição sacramental. 
• MORTE DE SI MESMO: O medo com o que vem após a morte, inferno, castigo eterno, entre outros caracterizam a morte de si mesmo.
• VIDA NO CADÁVER OU VIDA NA MORTE: Com o avanço da medicina, emergem questões como os segredos da vida e da morte do cadáver, que providencia matéria-prima para alguns remédios, fertiliza a terra e transmite vida, é a chamada vida no cadáver ou vida na morte.
• MORTE DO OUTRO: A morte do outro representa a possibilidade de evasão, liberação, fuga para o além, mas também a ruptura insuportável e a separação.
• MORTE INVERTIDA: A morte invertida, é a morte como fato que não deve ser percebido, é vergonhoso e representa o fracasso.
O LUTO INFANTIL
Quanto ao luto infantil, Kovács (2002) afirma que a criança sofre as influências do processo de luto dos adultos e também do nível de informação que ela recebe. Informações sonegadas e confusas, como dizer que a pessoa foi morar no céu ou que a fada veio buscar, atrapalham o processo de luto. Respostas que escamoteiam o caráter de permanência da morte, como, por exemplo, dizer que a pessoa foi viajar, acaba por não permitir que a elaboração da perda ocorra, porque a criança vai esperar a volta do morto. Outro aspecto a ser destacado é o fato de alguns pais esconderem os seus sentimentos para não entristecer a criança. Isso pode causar mais problemas, pois ela sente que também não deve manifestar seus sentimentos. 
A criança passa pelas mesmas fases do luto que o adulto, conforme elucidado anteriormente:
• fase de torpor ou aturdimento;
• fase de saudade e busca da figura perdida;
• fase de desorganização e desespero;
• fase de alguma organização.
A MORTE NA CONCEPÇÃO DOS ADULTOS 
De acordo com Kovács (2002), os adultos têm diferentes concepções sobre a morte no decorrer do seu desenvolvimento, conforme será discutido a seguir:
 O adulto jovem despende muitas energias na construção dos seus principais papéis sociais e da consolidação da intimidade afetiva. Não há como pensar em morte em uma fase de realizações, como casar-se, ter filhos etc. Assim, o espaço da morte na consciência ainda é muito distante nessa fase. 
Na meia-idade, a morte não se configura mais como algo que acontece somente aos outros, é a primeira vez no ciclo vital que o indivíduo se depara com a finitude da sua vida. A possibilidade da própria morte traz um novo significado para a vida: o limite está lá, para ser conhecido e admitido. 
Na velhice é importante verificar onde é colocada a ênfase da existência: na vida ou na morte. Para a autora, o indivíduo pode se preparar para a morte vivendo intensamente, sem, contudo, negá-la, mas conviver com ela em busca de seu significado. A morte como limite pode ajudar a crescer, mas a morte vivenciada como limite também é dor, perda, solidão e tristeza.
A MORTE EM VIDA 
SEPARAÇÕES
 A separação é uma experiência universal que todos conhecem e vivem desde a infância, mas nem por isso é uma vivência fácil. Na separação dos casais uma das maiores dificuldades é elaborar o divórcio emocional, ou seja, é preciso matar o outro dentro de si e aceitar que morreu dentro do outro. Envolve vários sentimentos ambivalentes, como amor e ódio. Além disso, há uma série de mortes presentes e lutos a serem elaborados, como alteração no padrão social e econômico, eventual mudança de residência, alteração na rede social, alteração de identidade, entre outros. 
Segundo Kovács (2002), alguns mecanismos de defesa podem ser acionados em caso de separação, tais como: agressividade (ódio, raiva, desvalorização), indiferença (pouco importa), fuga para adiante (mantendo várias atividades profissionais, de lazer ou sociais), estoicismo (conformação, resignação).
 O luto precisa ser elaborado no processo de separação, do contrário, o casal não consegue se separar de fato e, muitas vezes, passam a viver a morte em vida, já que ficam estagnados e não se reorganizam frente à nova situação. Muitas disputas judiciais, na área de família, são alicerçadas em lutos não resolvidos.
DOENÇA 
Uma doença pode propiciar o contato do indivíduo com a sua finitude, embora nem sempre corresponda com a realidade. A morte pode aparecer enquanto diminuição das funções, dificuldade para a realização de atividades ou interrupção de carreira (KOVÁCS, 2002). 
A morte social pode ser vivida a partir do afastamento dos amigos, que por não saberem conviver com uma determinada limitação se afastam. 
A hospitalização, por si só, pode ser sentida como uma morte ligada ao afastamento da casa, da família e sentida como uma invasão de privacidade e solidão. 
É importante destacar que a expressão de sentimentos, desidentificação e reinvestimento quando ocorrem num ambiente acolhedor, como a psicoterapia, pode contribuir grandemente com o processo de experiências com a morte. 
Concluindo, a morte é constatada em cada fase de desenvolvimento. O ego tem que abdicar do poder da fase anteriorpara iniciar uma nova. Tem que haver a morte do antigo para não haver estagnação, paralisia ou rigidez.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
PIAGET
BIOGRAFIA
Nasceu Suíça em 1896. Morreu aos 84 anos.
Pai-experimentador: Observação sistemática de seus 3 filhos (de 0 a 2 anos). Em alguns momentos modificou alguma condição ambiental relevantes com situações problemas.
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE PIAGET 
Estuda o processo de desenvolvimento cognitivo (inteligência) desde o nascimento até a adolescência.
Experimentação e observação
Defende que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento da sua inteligência.
Desenvolvimento relacionado com a idade, porém sofrem influência do meio físico e social
Comportamento é construído em uma interação entre o meio e o indivíduo. Processo dinâmico e contínuo.
“É pela troca do organismo com o meio, ou seja, e, para tanto, é necessária a interação adequada com o ambiente para que essa estrutura manifeste-se e, dessa forma, possa ser utilizada em sua máxima capacidade.”
ESTÁGIOS = ESTRUTURA COGNITIVA
1º período: SENSÓRIO-MOTOR (NASCIMENTO ATÉ 2 ANOS):
A criança não representa mentalmente os objetos
A exploração manual e visual do ambiente;
A experiência obtida com ações (a imitação);
A inteligência prática (através de ações);
Ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar;
As ações ocorrem antes do pensamento;
Período anterior à linguagem.
Movimentos reflexos: sucção, preensão palmar
A partir dos quatro meses e meio, em média, o bebê já tem a coordenação entre a visão e a preensão. Por exemplo, o bebê tem a tendência a agarrar e manipular tudo o que vê próximo a si.
As construções efetuam-se, exclusivamente, apoiadas em percepções e movimentos, ou seja, por meio de uma coordenação sensório-motora das ações, sem que intervenha a representação ou o pensamento.
Nesse período, predomina uma forma de inteligência empírica, exploratória, não verbal. É uma inteligência iminentemente prática. A criança soma conhecimentos pela experiência, examinando e experimentando com os objetos ao seu alcance.
No fim do período sensório-motor, a criança já é capaz de encontrar novos meios para suas ações, diminuindo, para tanto, os tateios. Assim, a criança já é capaz de reconstruir a posição do objeto que havia desaparecido de seu ângulo de visão.
2º período: PRÉ-OPERACIONAL (2 anos até 7 anos)
É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação, esta substituição é possível, conforme Piaget, graças à função simbólica. Neste estágio a criança já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado, é importante ressaltar o carácter lúdico do pensamento simbólico. 
Com a aquisição da linguagem, aparecem novas relações sociais que enriquecem o pensamento do indivíduo; objetos da percepção ganham a representação por palavras.
Desenvolvimento da capacidade simbólica, tendo início a interiorização dos esquemas de ação e representação
Uso de símbolos: imagens, palavras ou ações que se colocam em lugar de outras (período da fantasia)
Egocentrismo: não egoísta, pensa (pressupõe) que todos vêem o mundo à sua maneira. 
A criança também é incapaz de reconstruir uma cadeia de raciocínios que acaba de seguir para resolver um problema.
A linguagem, nesse período, caracteriza o monólogo. Quando em grupo, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. É um monólogo coletivo. 
A socialização, embora dentro do coletivo, é vivida de forma isolada. Não há liderança, e os pares são constantemente trocados.
Conservação: as crianças ainda são prisioneiras da aparência da mudança, não focalizando o aspecto subjacente e imutável. Até os 5 anos elas ainda não desenvolveram o conceito de conservação. Ex.: Dois lápis iguais colocados em posições diferentes, a criança conclui que é diferente. A criança não compreendeu que a massa e o tamanho são conservados. Classificação: Aos 4 anos, as crianças começam a evidenciar uma seleção mais sistemática e um agrupamento de objetos, utilizando primeiro uma dimensão (forma) e mais tarde duas ou mais dimensões (tamanho e forma). Atualmente, verificou-se em crianças de 2 anos, um primitivo conceito e classificação em tarefas muito simples.
3º período: OPERAÇÕES CONCRETAS (7 anos até 12 anos)
No estágio de operações concretas a criança utiliza o raciocínio.
É capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do número, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora representados, sua flexibilidade de pensamento permite um sem número de aprendizagens.
Se baseiam diretamente nos objetos, e não ainda nas hipóteses enunciadas verbalmente.
Reversibilidade: a compreensão de eu ambas as operações mentais e as ações físicas podem ser invertidas. Ex. A é maior que B, então B é menor que A.
Ela consegue resolver problemas de conservação, consolidando as conservações de número, substância, volume e peso.
Nesse estágio, as primeiras operações lógicas ocorrem possibilitando ao indivíduo a capacidade de classificar objetos conforme suas semelhanças ou diferenças.
O jovem necessita participar de grupos para seu desenvolvimento intelectual, mesmo porque, se a lógica deriva de um intercâmbio entre pessoas, o pensamento somente chegará a seu nível mais alto de abstração se este for facilitado.
As intuições articulam-se e agrupam-se operatoriamente levando a criança a ser cada vez mais apta à cooperação. Assim, a cooperação aparece claramente como um elemento necessário à constituição e desenvolvimento da lógica.
4º período: OPERAÇÕES FORMAIS (12 anos até 15 anos)
Torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre proposições em que não acredita, ou que ainda não acredita, que ainda considera puras hipóteses. 
Tem início os processos de pensamento hipotético-dedutivos.
O adolescente pensa sobre opções e possibilidades, imagina-se em papeis diferentes, é capaz de pensar em consequências futuras.
O jovem é capaz de raciocinar prevendo as relações que poderiam ser válidas, procurando determinar qual dessas relações possíveis tem, realmente, validade. Esse processo advém de experimentação e análise.
O período das operações formais é o ápice do desenvolvimento da inteligência. 
A capacidade de simbolizar torna o pensamento do adolescente muito mais flexível do que o da criança. Dessa forma, as palavras podem ter duplo sentido, pois carregam mais significados, já é possível a compreensão de metáforas. Assim, as caricaturas políticas, inclusive, não são compreendidas antes dessa fase.
O adolescente vê, agora, muitas alternativas às diretivas paternas e repugna-lhe aceitar estas sem discussão. Ele não se contenta em saber qual é a posição dos pais, também quer saber o porquê dessa posição, e está pronto a debater as virtudes da alternativa paterna em comparação com a escolhida por si e seus companheiros.
O adolescente, pela primeira vez, avalia a si mesmo pela perspectiva de terceiros, a partir do exterior. Avalia sua personalidade, inteligência e aparência.
JUVENTUDE: PROJETO DE VIDA: A personalidade começa a se formar no final da infância, entre 8 a 12 anos. Na idade adulta não surge nenhuma nova estrutura mental, e o indivíduo caminha então para um aumento gradual do desenvolvimento cognitivo.
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DE ERIK ERIKSON
A teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma vertente negativa. As duas vertentes são necessárias, mas é essencial que se sobreponha a positiva. A forma como cada crise é ultrapassada ao longo de todos os estágios influenciará a capacidade para se resolverem conflitos inerentesà vida. Esta teoria concebe o desenvolvimento em 8 estágios, um dos quais se situa no período da adolescência:
ESQUEMA DE DESENVOLVIMENTO DE ERIK ERICKSON
1. CONFIANÇA X DESCONFIANÇA (ATÉ UM ANO DE IDADE)
A criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não lhe der amor e não responde às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios, sentimentos de desconfiança que poderão vir a refletir-se nas relações futuras. Se a relação é de segurança, a criança recebe amor e as suas necessidades são satisfeitas, a criança vai ter melhor capacidade de adaptação às situações futuras, às pessoas e aos papéis socialmente requeridos, ganhando assim confiança.
O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo. 
Virtude social desenvolvida: esperança.
2. AUTONOMIA X VERGONHA E DÚVIDA (SEGUNDO E TERCEIRO ANO)
Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma, provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a dependência. 
Esse estágio é caracterizado por uma contradição entre a vontade própria (os impulsos) e as normas e regras sociais que a criança tem que começar a integrar. É altura de explorar o mundo e o seu corpo e o meio deve estimular a criança a fazer as coisas de forma autônoma, não sendo alvo de extrema rigidez, que deixará a criança com sentimentos de vergonha. A atitude dos pais aqui é importante, eles devem dosear de forma equilibrada a assistência às crianças, o que vai contribuir para elas terem força de vontade de fazer melhor. De facto, afirmar uma vontade é um passo importante na construção de uma identidade. -Manifesta-se nas "birras"; nos porquês; querer fazer as coisas sozinho.
Virtude social desenvolvida: desejo.
3. INICIATIVA X CULPA (QUARTO E QUINTO ANO)
É o prolongamento da fase anterior mas de forma mais amadurecida: a criança já deve ter capacidade de distinguir entre o que pode fazer e o que não pode fazer. Este estágio marca a possibilidade de tomar iniciativas sem que se adquira o sentimento de culpa: a criança experimenta diferentes papéis nas brincadeiras em grupo, imita os adultos, têm consciência de ser “outro” que não “os outros”, de individualidade. Deve-se estimular a criança no sentido de que pode ser aquilo que imagina ser, sem sentir culpa. Neste estágio a criança tem uma preocupação com a aceitabilidade dos seus comportamentos, desenvolve capacidades motoras, de linguagem, pensamento, imaginação e curiosidade. Questão chave: serei bom ou mau?
Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud) entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade “sexual” e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos.
Virtude social desenvolvida: propósito.
4. CONSTRUTIVIDADE X INFERIORIDADE (DOS 6 AOS 11 ANOS)
Neste período a criança está sendo alfabetizada e freqüentando a escola, o que propicia o convívio com pessoas que não são seus familiares, o que exigirá maior sociabilização, trabalho em conjunto, cooperatividade, e outras habilidades necessárias. Caso tenha dificuldades o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a inferioridade em vez da construtividade. 
Virtude social desenvolvida: competência.
Vertente negativa nesse desenvolvimento: formalismo, a repetição obsessiva de formalidades sem sentido algum em determinadas ocasiões.
5. IDENTIDADE X CONFUSÃO DE PAPÉIS (DOS 12 AOS 18 ANOS)
O quinto estágio ganha contornos diferentes devido à crise psicossocial que nele acontece, ou seja, Identidade Versus Confusão. Neste contexto o termo crise não possui uma acepção dramática, por tratar-se de a algo pontual e localizado com pólos positivos e negativos.
É neste estágio que se adquire uma identidade psicossocial: o adolescente precisa de entender o seu papel no mundo e tem consciência da sua singularidade. Há uma recapitulação e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos – esta é a chamada crise da adolescência. Fatores que contribuem para a confusão da identidade são: perda de laços familiares e falta de apoio no crescimento; expectativas parentais e sociais divergentes do grupo de pares; dificuldades em lidar com a mudança; falta de laços sociais exteriores à família (que permitem o reconhecimento de outras perspectivas) e o insucesso no processo de separação emocional entre a criança e as figuras de ligação. Neste estágio a questão chave é: Quem sou eu?
Virtude social desenvolvida: fidelidade/Lealdade
Vertente Positiva: Socialização
Vertente negativa: O fanatismo
6. INTIMIDADE X ISOLAMENTO (JOVEM ADULTO)
Nesse momento o interesse, além de profissional, gravita em torno da construção de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Caso ocorra uma decepção a tendência será o isolamento temporário ou duradouro. 
A tarefa essencial deste estágio é o estabelecimento de relações íntimas (amorosas, e de amizade) duráveis com outras pessoas. A vertente negativa é o isolamento, pela parte dos que não conseguem estabelecer compromissos nem troca de afectos com intimidade. Questão chave deste estágio: Deverei partilhar a minha vida ou viverei sozinho?
Virtude social desenvolvida: amor
7. PRODUTIVIDADE X ESTAGNAÇÃO (MEIA IDADE)
É caracterizado pela necessidade em orientar a geração seguinte, em investir na sociedade em que se está inserido. É uma fase de afirmação pessoal no mundo do trabalho e da família. Há a possibilidade do sujeito ser criativo e produtivo em várias áreas. Existe a preocupação com as gerações vindouras; produção de ideais; obras de arte; participação política e cultural; educação e criação dos filhos. A vertente negativa leva o indivíduo à estagnação nos compromissos sociais, à falta de relações exteriores, à preocupação exclusiva com o seu bem estar, posse de bens materiais e egoismo.
Pode aparecer uma dedicação à sociedade à sua volta e realização de valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico e material. 
Virtude social desenvolvida: amor
8. INTEGRIDADE X DESESPERANÇA (VELHICE)
É favorável uma integração e compreensão do passado vivido. É a hora do balanço, da avaliação do que se fez na vida e sobretudo do que se fez da vida. Quando se renega a vida, se sente fracassado pela falta de poderes físicos, sociais e cognitivos, este estágio é mal ultrapassado. Integridade - Balanço positivo do seu percurso vital, mesmo que nem todos os sonhos e desejos se tenham realizado e esta satisfação prepara para aceitar a idade e as suas consequências. Desespero - Sentimento nutrido por aqueles que considerem a sua vida mal sucedida, pouco produtiva e realizadora, que lamentem as oportunidades perdidas e sentem ser já demasiado tarde para se reconciliarem consigo mesmo e corrigir os erros anteriores. Neste estágio a questão chave é: Valeu apena ter vivido?
Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e desesperança.
Virtude social desenvolvida: sabedoria.
Observação: Erik Erikson considera as 4 primeiras fases freudianas psicossexuais (Oral, anal, fálica e latência) e acrescenta mais 4, completando o ciclo do desenvolvimento humano.
INTELIGÊNCIAA inteligência é uma característica do ser humano. É a capacidade global do indivíduo para pensar racionalmente e agir no seu ambiente e inclui todas as habilidades da mente. Por isso são muitas as competências intelectuais que adquirimos ao longo da vida. Dentre elas estão, a expressão e a compreensão verbal, o manuseio de objetos, a flexibilidade de pensamento, a criatividade, o raciocínio lógico, a formação de conceitos abstratos, a formação de opinião, a indução, a inferência, a capacidade de estimativa, de julgamento, a de lidar com números, atenção, percepção e memória. 
Assim a inteligência pode ser definida também como a maneira como nós pensamos sobre algo e como conhecemos as coisas, nossa habilidade para apreender significados, fatos e verdades, lembrar de experiências, entender o mundo social, as regras, entender também a si mesmo e a maneira de governar a vida. Inteligência significa nossos processos mentais, é considerada a base da aprendizagem e envolve a memória.
Todas as capacidades que adquirimos desde a infância e na adolescência vão se aperfeiçoando ao longo da vida e seu ápice ocorre na vida adulta. A inteligência muda ao longo da vida. Mudanças que ocorrem nos comportamentos, geram outros comportamentos que costumamos chamar de inteligentes. Cada vivência do mesmo tipo de situação, leituras, conversas e desafios experenciados são atualizados e ou reformulados a todo o momento, o que implica o crescimento de nosso conhecimento de mundo, nossos conhecimentos episódicos, lingüísticos, procedurais (agir em situações particulares), etc... Por isso é que inteligência é uma construção, o mundo não nos é dado pronto e acabado, construímos o nosso mundo. E essa construção sofre influência das nossas convicções, crenças, atitudes diante da situação, bem como de todos os nossos conhecimentos prévios armazenados, por isso é que envolve memória.
TIPOS DE INTELIGÊNCIA
A INTELIGÊNCIA CRIATIVA refere-se à atividade inventiva, a capacidade do indivíduo criar algo que não existe para sua sobrevivência, significa ter um pensamento original. A criatividade se exprime de diferentes maneiras e uma das mais importantes na etapa adulta, é a capacidade de dar diferentes respostas perante às situações da vida.
A INTELIGÊNCIA TECNOLÓGICA compreende a utilização de ferramentas para usar no seu ambiente. 
A INTELIGÊNCIA REPRODUTIVA significa saber lidar com esquemas seqüenciais, com algarismos. 
A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL é saber lidar com suas próprias emoções e de outrem e saber orientar pensamentos e ações na vida social, envolve empatia, autoconhecimento, automotivação e autovalorização. Inteligência social é ter capacidade de conhecer as regras sociais, saber como os comportamentos devem ser.
A INTELIGÊNCIA FLUÍDA que é a capacidade da pessoa resolver problemas, sobretudo problemas novos. Inclui o raciocínio lógico e a formação de conceitos. É a capacidade de resolver problemas não necessitam de instruções e de fatores sócio-culturais. Seu funcionamento é influenciado por mecanismos biológicos.
A INTELIGÊNCIA CRISTALIZADA envolve conhecimentos que a pessoa adquiriu durante a vida. A pessoa é capaz de resolver problemas com base em experiências e conhecimentos existentes. Tanto problemas de origem práticas ou morais. É influenciada pelas questões sócio-culturais e podem desenvolver-se com a idade. Podem apresentar progressos. É fruto das nossas práticas culturais. São formas de pensamentos complexos e sofisticados que a pessoa aprimorou ao longo da vida. Podemos chamar de sabedoria.
A sabedoria se desenvolve numa vida rica em estímulos e experiências em associação com elementos motivacionais, sociais e de personalidade. A inteligência cristalizada e a sabedoria dependem da integração de funções biológicas e de experiência sociocultural. O aumento de "estoque" de conhecimento pode facilitar o desempenho intelectual na vida adulta e na velhice. 
A possibilidade de viver uma velhice normal, saudável e alcançar sabedoria é descrita em termos de poder vivê-la bem. Consiste em obter melhores resultados das capacidades que se tem. Porém, envelhecer bem depende das chances do indivíduo usufruir de condições adequadas de educação, urbanização, habitação, saúde e trabalho durante todo o seu curso de vida. É evidente que essa adequação é relativo às estruturas e valores vigentes numa sociedade. Portanto, mudanças no desenvolvimento intelectual na velhice podem ocorrer de modo diferente para diferentes pessoas. Deve-se na medida do possível dar continuidade às habilidades intelectuais ao longo da vida, recuperando os déficits, otimizando os talentos e compensando capacidades para preservar o potencial para o desenvolvimento.

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