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60015TRF1-Resumo-da-Aula-01-DCivil

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Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
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Sumário 
1. Responsabilidade Civil ............................................................................................ 3 
1.1 Responsabilidade Civil Contratual e Extracontratual ....................................... 3 
1.2 Elementos da Responsabilidade Civil ............................................................... 5 
1.3 Espécies de Dano .............................................................................................. 6 
1.3.1 Dano Material .............................................................................................. 6 
1.3.1.1 Pensionamento – artigo 950 do Código Civil ....................................... 6 
1.3.2 Dano Moral .................................................................................................. 7 
1.3.3 Dano Estético ............................................................................................... 8 
1.3.4 Perda da Chance .......................................................................................... 8 
1.3.5 Dano Reflexo ou Dano em Ricochete .......................................................... 9 
1.3.6 Dano Indireto ............................................................................................... 9 
1.3.7 Dano Bumerangue ....................................................................................... 9 
1.3.8 Dano Moral Coletivo .................................................................................... 9 
1.4 Juros de Mora e Correção Monetária ............................................................. 10 
1.5 Nexo de Causalidade ....................................................................................... 10 
1.5.1 Teorias Justificadoras da Causalidade ....................................................... 10 
1.6 Causas Excludentes da Responsabilidade ....................................................... 11 
1.6.1 Excludentes de Causalidade ...................................................................... 11 
1.6.1.1 Fortuito interno versus Fortuito externo ........................................... 11 
1.6.2 Excludentes de Ilicitude ............................................................................. 12 
1.6.3 Excludentes de Imputabilidade ................................................................. 12 
1.7 Responsabilidade por Ato de Terceiro ........................................................... 12 
1.8 Responsabilidade dos Pais pelos Atos Praticados pelos Filhos ...................... 16 
1.9 Responsabilidade pelo Fato da Coisa ............................................................. 17 
1.10 Casuística ..................................................................................................... 18 
1.11 Jurisprudência Selecionada ......................................................................... 19 
2. Direito das Coisas ................................................................................................. 20 
Direito Civil 
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2.1 Teorias Justificadoras da Posse ....................................................................... 21 
2.2 Conceito de possuidor e consequências ......................................................... 21 
2.3 Posse como instituto do Código Civil .............................................................. 22 
2.4 Teoria da função social da posse .................................................................... 22 
2.5 Desapropriação Judicial Indireta .................................................................... 23 
2.6 Detenção e questões especiais ....................................................................... 26 
2.7 Classificação da posse ..................................................................................... 27 
2.7.1 Posse direta e posse indireta ..................................................................... 27 
2.7.2 Posse Justa e Posse Injusta ........................................................................ 28 
2.7.3 Posse de boa fé e Posse de má fé .............................................................. 29 
2.7.4 Posse ad interdictam e posse ad usucapionem ......................................... 29 
2.8 Proteção Possessória ...................................................................................... 30 
 
 
 
Direito Civil 
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1. Responsabilidade Civil 
Observação: O Direito Civil é uma disciplina altamente positivada, sendo essencial a 
leitura do Código Civil e dos Enunciados das Jornadas de Direito Civil, realizadas pelo Conselho 
da Justiça Federal. 
A responsabilidade civil consiste na obrigação que incumbe a uma pessoa, física ou 
jurídica, o dever de reparar os danos causados a outrem, pela transgressão de uma norma 
jurídica pré-existente, podendo ser contratual ou extracontratual. 
Neste sentido, destaca-se o brocardo latino neminem laedere, ou seja, a ninguém é 
dado o direito de causar dano a outrem, sob pena de reparação. Esse é o brocardo que norteia 
toda a responsabilidade civil no direito brasileiro. Isso porque nosso ordenamento está 
repleto de deveres jurídicos e uma vez transgredidas tais normas, surge o dever de reparar o 
ilícito, surge uma norma sucessiva que leva a ter que reparar o dano causado. 
A responsabilidade civil está dentro do que se chama de norma sucessiva e que surge, 
pela doutrina tradicional, quando há a violação de uma norma jurídica primária, de um dever 
jurídico primário. 
No Código Civil observa-se duas espécies de responsabilidade civil: a Responsabilidade 
civil contratual e a Responsabilidade civil extracontratual. 
 
1.1 Responsabilidade Civil Contratual e Extracontratual 
A responsabilidade civil contratual advém do dever de reparação de violação de norma 
pré-existente, caracterizando uma mora automática. Na responsabilidade contratual o dever 
de reparar depende apenas da comprovação do inadimplemento. 
Importante observar os artigos 389 e seguintes e 395 e seguintes, todos do Código 
Civil. 
TÍTULO IV - Do Inadimplemento das Obrigações 
 CAPÍTULO I - Disposições Gerais 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários 
de advogado. 
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em 
que executou o ato de que se devia abster. 
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. 
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o 
contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, 
responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. 
Direito Civil 
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Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força 
maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos 
efeitos não era possível evitar ou impedir. 
CAPÍTULO II - Da Mora 
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que 
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. 
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, 
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, 
e honorários de advogado. 
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá 
enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. 
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. 
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de 
pleno direito em mora o devedor. 
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial 
ou extrajudicial. 
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, 
desde que o praticou. 
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa 
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o 
atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a 
obrigação fosse oportunamente desempenhada. 
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela 
conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-
la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar 
entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. 
Art. 401. Purga-se a mora: 
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos 
decorrentes do dia da oferta; 
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos 
efeitos da mora até a mesma data. 
Na responsabilidade civil extracontratual deve-se demonstrar a existência de todos os 
elementos da responsabilidade civil, quais sejam a conduta, o dano e o nexo causal. É o que 
ocorre nas hipóteses de ato ilícito, abuso de direito e desempenho de atividades de risco. 
 Ato ilícito 
Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
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Exemplo: O indivíduo está em sua casa e decide ouvir música no volume alto. Ele está 
usufruindo do seu direito de propriedade, mas está ultrapassando a razoabilidade deste 
direito, incomodando seus vizinhos, afrontando assim a função social da propriedade. 
 Abuso de direito 
Art. 187, CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
Cabe destacar o entendimento pela funcionalização dos direitos, segundo o qual 
devem ser observados o atendimento da comunidade ou coletividade, buscando o equilíbrio 
entre direitos individuais e coletivos. 
 Atividades de risco 
Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos 
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor 
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
O Código Civil não exemplifica o que é considerado atividade de risco de modo que 
não há consenso acerca do que são atividades de risco. A doutrina considera atividades de 
risco como um conceito indeterminado, devendo ser avaliado no caso concreto. 
Observação: Segundo a técnica tradicional, toda norma jurídica deve ter ao menos dois 
preceitos. O preceito primário, que especifica os deveres jurídicos, e o preceito secundário, 
que impõe a sanção cabível quando desrespeitado aquele dever jurídico. O legislador, no 
Código Civil de 2002, trouxe normas em aberto, o que resta exemplificado quando se trata de 
“atividade de risco”. 
Em regra, vige a responsabilidade subjetiva. Contudo, em diversos pontos do 
ordenamento há exemplos de responsabilidade objetiva. De fato, hoje, há um paradigma de 
transição para adoção da responsabilidade objetiva como regra. 
 
1.2 Elementos da Responsabilidade Civil 
São elementos essenciais da responsabilidade civil a conduta, o dano e o nexo causal. 
Além desses, tem-se a culpa e o dolo como elementos acidentais da responsabilidade civil. 
A conduta é toda manifestação humana voluntária, enquanto o dano consiste na 
violação de interesse juridicamente protegido. Segundo a doutrina tradicional não há 
responsabilidade civil sem dano. Se não há dano, não há o que ser reparado ou indenizado. 
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Logo, para que o dano seja indenizável consideram-se três requisitos: violação de um interesse 
juridicamente protegido; a certeza e determinação do dano; e a subsistência do dano. 
 
DANO INDENIZÁVEL 
Violação de um interesse juridicamente protegido 
+ 
Certeza e determinação do dano 
+ 
Subsistência do dano 
Exemplo: Inicialmente, a jurisprudência do STJ não entendia favoravelmente pela 
reparação de dano causado por pai ao filho em decorrência da ausência de afeto, pois 
entendia tratar-se de questão íntima do indivíduo. Contudo, o STJ mudou esse entendimento 
e passou a entender ser dever dos pais dar carinho aos filhos. 
 
1.3 Espécies de Dano 
 
1.3.1 Dano Material 
O dano material consiste no decréscimo material que suporta a vítima e enseja 
contraprestação que tenha natureza indenizatória, ou seja, a vítima deve retornar ao status 
quo. 
Exemplo: se a vítima perdeu X em decorrência do dano sofrido, tem direito a receber 
X de volta, tem direito a restituição daquilo que perdeu. 
 
1.3.1.1 Pensionamento – artigo 950 do Código Civil 
Art. 950, CC. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu 
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das 
despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão 
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que 
ele sofreu. 
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada 
e paga de uma só vez. 
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Com base neste dispositivo legal, o STJ construiu entendimento do direito de 
pensionamento à vítima de acidente ou a seus dependentes, em caso de morte. Antes, 
contudo, tal tema era tratado de modo arbitrário pela doutrina. Nesse sentido,foram 
definidas regras para o seu arbitramento. 
PENSIONAMENTO 
 Não é de livre arbitramento pelo juiz; 
 Legitimados para requerimento: ordem de vocação hereditária, em caráter simultâneo; 
 Direito a décima terceira parcela; 
 Cumulável com benefício previdenciário; 
 Direito potestativo da vitima de exigir o pagamento de parcela única. 
Assim, cabe destacar algumas peculiaridades. 
Enquanto na esfera previdenciária não há concorrência simultânea entre sucessores, 
na esfera civil todos podem pedir o pensionamento em caráter simultâneo. Além disso, o 
pensionado pode exigir do magistrado que seja arbitrado, com base em previsão, um valor 
único para adimplemento do pagamento civil. Contudo, essa última hipótese deve considerar 
a situação econômica do indivíduo. 
O pensionamento tem caráter de dano material e natureza jurídica de lucro cessante, 
pois trata da perda da renda familiar, sendo cumulável com indenização por dano moral. 
 
1.3.2 Dano Moral 
Com a objetivação do conceito de dano moral entende-se que o dano moral consiste 
em violação de um direito da personalidade e sua contraprestação tem natureza jurídica 
compensatória, e não indenizatória. 
Observação: Na segunda fase do concurso, sendo abordado o tema, não utilize a 
expressão “indenização por danos morais”, mas sim a expressão “compensação por danos 
morais”, a fim de demonstrar técnica. 
Na maioria dos casos o dano moral tem natureza in re ipsa, mas não em caráter 
absoluto, ou seja, é possível pedir a demonstração do dano moral em alguns casos. Isso 
porque por se tratar de elementos subjetivos, exigir a comprovação do dano moral em todos 
os casos seria hipótese de produção de prova diabólica. Assim, em regra, dispensa-se a 
comprovação do dano, devendo ser provado apenas o fato. 
Enunciado 455, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 944: Embora o reconhecimento dos danos morais se dê, em numerosos casos, 
independentemente de prova (in re ipsa), para a sua adequada quantificação, deve o juiz 
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investigar, sempre que entender necessário, as circunstâncias do caso concreto, inclusive 
por intermédio da produção de depoimento pessoal e da prova testemunhal em audiência. 
 Teoria do Livre Arbitramento 
O magistrado deve observar as circunstâncias do caso concreto para arbitrar o 
quantum indenizatório. 
 Método Bifásico do Montante Compensatório – STJ 
Tal método é dividido em dois momentos: 1º - jurisprudência de casos concretos para 
análise do montante arbitrado em casos análogos; 2º - o juiz analisará as questões específicas 
do caso concreto para majorar ou minorar o quantum inicialmente fixado. 
Exemplo: o magistrado analisa o tempo em que o nome do autor ficou inscrito nos 
cadastros de restrição de crédito para definir a proporcionalidade da indenização. 
Observação: O direito brasileiro recebe influxos do direito norte-americano, pela 
Teoria do Punitive Damage, segundo a qual o dano moral deve ter natureza retributiva e 
compensatória, tanto é que no Brasil adota-se a Teoria Pedagógica Mitigada. Contudo, ainda 
é uma teoria meramente acessória, uma vez que o aspecto pedagógico permanece mitigado. 
A natureza do dano moral no Brasil ainda é prioritariamente compensatória e não pedagógica. 
 
1.3.3 Dano Estético 
O dano estético causa sentimento de inferioridade, de rejeição. Para o STJ, abarca 
também aspectos funcionais, quando afeta a funcionalidade do corpo da vítima, pela perda 
de um membro ou sentido. 
 
1.3.4 Perda da Chance 
A perda da chance não se trata de dano material, moral ou estético. Consiste em 
classificação autônoma, que inclui danos patrimoniais, e tem natureza jurídica híbrida. Há 
duas hipóteses de perda da chance: 1ª - a frustração de uma situação que traria um 
incremento positivo; 2ª - a perda da chance de evitar um prejuízo. 
Enunciado 444, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 927: A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria de danos 
extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida 
pode apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial. A chance deve ser séria 
e real, não ficando adstrita a percentuais apriorísticos. 
Exemplo: Aprovado nas duas primeiras fases do concurso do TRF1, o indivíduo 
embarca no táxi a caminho de realizar a fase seguinte, mas o taxista erra o caminho e o 
Direito Civil 
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candidato não consegue realizar a prova. Cabe indenização porque o candidato deixou de 
fazer a prova, mas não porque não se tornou juiz. Será indenizado por dano direto, ou seja, a 
não realização da prova. 
Ao contrário do que se pensa, não há uma relativização do critério de certeza e 
determinação. Assim, promove-se uma redução equitativa do valor ou do montante a que 
faria jus a vítima caso tivesse êxito. 
Exemplo: Caso Show do Milhão: 
RECURSO ESPECIAL Nº 788.459 - BA (2005/0172410-9) 
RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇAO. IMPROPRIEDADE DE PERGUNTA FORMULADA EM 
PROGRAMA DE TELEVISAO. PERDA DA OPORTUNIDADE. 
1. O questionamento, em programa de perguntas e respostas, pela televisão, sem 
viabilidade lógica, uma vez que a Constituição Federal não indica percentual relativo 
às terras reservadas aos índios, acarreta, como decidido pelas instâncias ordinárias, 
a impossibilidade da prestação por culpa do devedor, impondo o dever de ressarcir 
oparticipante pelo que razoavelmente haja deixado de lucrar, pela perda da oportunidade. 
2. Recurso conhecido e, em parte, provido. 
 
1.3.5 Dano Reflexo ou Dano em Ricochete 
Exemplo: a dor causado nos parentes pela morte do individuo. 
 
1.3.6 Dano Indireto 
Exemplo: fazendeiro que compra um boi infectado por uma bactéria, e que logo vem 
a morrer. Contudo, antes da morte do boi, a bactéria se prolifera e atinge todo o gado. 
 
1.3.7 Dano Bumerangue 
Inovação apresentada pela Banca CESPE que consiste na reação ilícita da vítima em 
face de uma injusta provocação do agente causador do dano. Há uma exorbitação da legítima 
defesa, que ultrapassa a razoabilidade. 
 
1.3.8 Dano Moral Coletivo 
Não se trata de violação de direito da personalidade da coletividade, pois a 
coletividade não tem personalidade jurídica. Consiste sim na violação da esfera axiológica 
(valores) de determinada comunidade. Atualmente é comum seu arbitramento relacionado a 
danos ambientais. 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Mas nem sempre esse dano moral coletivo é reconhecido, como na hipótese de tempo 
de espera em filas de banco. Nesse caso, o STJ entende que não cabe dano moral coletivo, e 
tampouco dano moral individual. 
 
1.4 Juros de Mora e Correção Monetária 
 Juros de Mora Correção Monetária 
Responsabilidade 
Contratual 
Dano Material Citação Citação 
Dano Moral Citação Arbitramento 
Responsabilidade 
Extracontratual 
Dano Material Evento Danoso Evento Danoso 
Dano Moral Evento Danoso Arbitramento 
Na responsabilidade contratual os juros de mora sempreincidirão a partir da citação. 
Contudo, a correção monetária, será a partir da citação em caso de dano material, e a partir 
do arbitramento em caso de dano moral. A responsabilidade contratual aqui trata de perdas 
e danos. 
Já na responsabilidade extracontratual os juros de mora sempre incidirão a partir do 
evento danoso. Enquanto a correção monetária, incidirá a partir do evento danoso, em caso 
de dano material, e a partir do arbitramento em caso de dano moral. 
A data do arbitramento é a data de fixação do valor do dano moral, ou seja, a data da 
sentença ou do acórdão. 
 
1.5 Nexo de Causalidade 
Consiste no liame etiológico entre a conduta e o dano. Pode ter natureza jurídica 
física/natural, quando relacionado a condutas comissivas, ou natureza jurídica normativa, 
quando relacionado a condutas omissivas. 
 
1.5.1 Teorias Justificadoras da Causalidade 
 1ª - Teoria da equivalência dos antecedentes causais – Von Burli 
Não adotada por nosso ordenamento civil, pois possibilita o regresso ao infinito. 
Exemplo: Atribuir culpa à mãe que deu à luz ao indivíduo que causou o dano. 
 2ª - Teoria da causalidade adequada 
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Hipótese em que a causa é todo antecedente fático que abstrata e potencialmente 
tem condições de repercutir na produção do resultado. 
 3ª - Teoria da causalidade direta e imediata ou Teoria da interrupção dos 
antecedentes causais 
Nesta teoria, causa é todo antecedente fático que repercute diretamente no resultado. 
Existe embate acerca da adoção da segunda ou da terceira teoria. Contudo, deve-se 
considerar a terceira teoria. Inclusive, diversos precedentes do STJ e STF também defendem 
que é adotada a terceira teoria no sistema civilista. 
Art. 403, CC. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só 
incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem 
prejuízo do disposto na lei processual. 
 
1.6 Causas Excludentes da Responsabilidade 
 
1.6.1 Excludentes de Causalidade 
Hipóteses de fato da vítima, fato de terceiro (Súmula 187 do STF), caso fortuito e força 
maior. 
Súmula 187, STF 
A RESPONSABILIDADE CONTRATUAL DO TRANSPORTADOR, PELO ACIDENTE COM O 
PASSAGEIRO, NÃO É ELIDIDA POR CULPA DE TERCEIRO, CONTRA O QUAL TEM AÇÃO 
REGRESSIVA. 
O fato da vítima apenas reduz o quantum indenizatório, mas não exclui o dever de 
indenizar. 
 
1.6.1.1 Fortuito interno versus Fortuito externo 
Fortuito interno é o evento que se insere na cadeia de produção do bem ou de 
prestação do serviço, enquanto o fortuito externo é o que não se insere, ou seja, é alienígena 
a cadeia de produção. O fortuito interno não exime da responsabilidade, mas o fortuito 
externo exime. 
Exemplo: Instituições financeiras - responsabilidade da instituição quando o assalto 
ocorre no interior da agência (fortuito interno). Se o assalto ocorre na calçada do banco, não 
há responsabilidade (fortuito externo). 
O assalto em ônibus também é considerado fortuito externo. 
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Não é a natureza do evento danoso que define se tratar de fortuito interno ou externo, 
mas sim a natureza da atividade que define o tipo de fortuito. 
 
1.6.2 Excludentes de Ilicitude 
Hipóteses de exercício regular do direito, estrito cumprimento do dever legal, estado 
de necessidade, legítima defesa, anuência da vítima e cláusula de não indenizar (Súmula 402 
do STJ). 
A anuência da vítima, na maioria das vezes, se refere a direitos patrimoniais. Com 
relação a cláusula de não indenizar, é considerada lícita, conforme Súmula 402 do STJ. 
Súmula 402, STJ. 
O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula 
expressa de exclusão. 
Cuidado! A banca CESPE faz trocadilhos com os termos desta súmula. 
 
1.6.3 Excludentes de Imputabilidade 
Consiste nas causas de incapacidade civil em geral. 
CC, Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento 
para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
CC, Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
1.7 Responsabilidade por Ato de Terceiro 
Hipóteses em que terceiro é legalmente responsável. Nesse sentido, atentar para o rol 
exaustivo do artigo 932 do Código Civil. Em regra a responsabilidade por ato de terceiro é 
objetiva. 
Art. 932, CC. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
Direito Civil 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício 
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por 
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente 
quantia. 
O Código Civil de 1916 não adotava o sistema da responsabilidade objetiva, mas sim a 
modalidade de culpa presumida. Contudo, comprovada a ausência da culpa in eligendo e da 
culpa in vigilando, o sujeito não seria responsabilizado. O ônus da prova era do agente 
causador do dano. Com o advento do Código Civil de 2002, essa expressão foi abolida. 
Observação: A banca CESPE gosta de misturar essas expressões. Assim, desconfie 
quando essas expressões aparecerem na prova. 
Exemplo: responsabilidade dos pais sobre atos dos filhos. A despeito de se tratar de 
competência da justiça estadual, tais casos foram cobrados na prova da justiça federal. 
 Responsabilidade solidária entre os sujeitos 
Art. 942, CC. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam 
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos 
responderão solidariamente pela reparação. 
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as 
pessoas designadas no art. 932. 
Empregadores em relação aos empregados têm responsabilidade solidária. Ocorre a 
imputação de responsabilidade a mais uma pessoa, e não se exime o responsável direto. 
Atenção! Quando o Código Civil utiliza as palavras “empregador” e “empregado” 
abarca qualquer tipo de relação de trabalho e não somente relações celetistas. A 
interpretação a ser dada é a maisampla possível, inclusive quando se tratar de relação de 
trabalho gratuita. 
Exemplo: funcionário de uma empresa, no seu dia de folga, pega uma retro-
escavadeira para dirigir e coloca uma criança na concha frontal. A criança vai a óbito. 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.072.577 - PR (2008/0148222-2) 
RESPONSABILIDADE CIVIL. ATO DO PREPOSTO. CULPA RECONHECIDA. RESPONSABILIDADE 
DO EMPREGADOR. (ART. 1.521, INCISO III, CC/16; ART. 932, INCISO III, CC/2002). 
ATO PRATICADO FORA DO HORÁRIO DE SERVIÇO E CONTRA AS ORDENS DO PATRAO. 
IRRELEVÂNCIA. AÇAO QUE SE RELACIONA FUNCIONALMENTE COM O 
TRABALHO DESEMPENHADO. MORTE DO ESPOSO E PAI DOS AUTORES. CULPA 
CONCORRENTE. INDENIZAÇÕES POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DEVIDAS. 
Direito Civil 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. A responsabilidade do empregador depende da apreciação quanto à responsabilidade 
antecedente do preposto no dano causado - que é subjetiva - e a responsabilidade 
consequente do preponente, que independe de culpa, observada a exigência de o preposto 
estar no exercício do trabalho ou o fato ter ocorrido em razão dele. 
2. Tanto em casos regidos pelo Código Civil de 1916 quanto nos regidos pelo Código Civil de 
2002, responde o empregador pelo ato ilícito do preposto se este, embora não estando 
efetivamente no exercício do labor que lhe foi confiado ou mesmo fora do horário 
de trabalho, vale-se das circunstâncias propiciadas pelo trabalho para agir, se de tais 
circunstâncias resultou facilitação ou auxílio, ainda que de forma incidental, local ou 
cronológica, à ação do empregado. 
3. No caso, o preposto teve acesso à máquina retro-escavadeira - que foi má utilizada para 
transportar a vítima em sua "concha" - em razão da função de caseiro que desempenhava 
no sítio de propriedade dos empregadores, no qual a mencionada máquina estava 
depositada, ficando por isso evidenciado o liame funcional entre o ilícito e o trabalho 
prestado. 
4. Ademais, a jurisprudência sólida da Casa entende ser civilmente responsável o 
proprietário de veículo automotor por danos gerados por quem lho tomou de forma 
consentida. Precedentes. 
5. Pela aplicação da teoria da guarda da coisa, a condição de guardião é imputada a quem 
tem o comando intelectual da coisa, não obstante não ostentar o comando material ou 
mesmo na hipótese de a coisa estar sob a detenção de outrem, como o que ocorre 
frequentemente nas relações ente preposto e preponente. 
6. Em razão da concorrência de culpas, fixa-se a indenização por danos morais no valor de 
R$ 20.000,00 (vinte mil reais), bem como pensionamento mensal em 1/3 do salário 
mínimo vigente à época de cada pagamento, sendo devido desde o evento danoso até a 
data em que a vítima completaria 65 (sessenta e cinco) anos de idade. 
7. Recurso especial conhecido e provido. 
Ainda que o sujeito esteja em desvio de função, fora do horário de trabalho e 
alcoolizado, o simples fato dele ter usado a máquina já responsabiliza o empregador, uma vez 
que se não trabalhasse na empresa não teria acesso ao instrumento. 
Assim, não é necessário que o empregado esteja no horário de trabalho e no 
desempenho de determinada função. O empregado responde por atos próprios, sendo caso 
de responsabilidade subjetiva, enquanto o empregador responde pelos atos de terceiro, 
sendo caso de responsabilidade objetiva. A menos que reste comprovada alguma excludente. 
Questão (TRF5) 
Com relação à responsabilidade do empregador, assinale a opção correta. 
A Para que seja indenizada pelo dano, é imprescindível que a vítima faça prova da 
relação de preposição. 
Direito Civil 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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B Para responsabilização do empregador, não basta que o dano tenha sido causado 
em razão do trabalho. 
C O empregador é responsável pelos atos do preposto, ainda que a relação não tenha 
caráter oneroso. 
D Em relações regidas pelo Código Civil, ainda que o empregado não tenha atuado com 
culpa, o empregador será objetivamente responsável pelo dano por ele causado. 
E A aparente competência do preposto não se presta para acarretar a responsabilidade 
do comitente. 
Resposta: C. 
Comentários: 
A – a vítima não precisa comprovar a relação de trabalho, vigendo a teoria da 
aparência. Se aos olhos do homem médio, verificou-se que a vítima tinha todas as condições 
de crer que haveria uma situação de preposição, não há necessidade de comprovação. 
B – basta sim que o dano tenha sido causado em razão do trabalho. 
C – resposta correta. 
D – o empregador responde objetivamente pelos atos culposos, mas o empregado tem 
responsabilidade subjetiva. 
E – presta-se sim. 
Questão (TRF1) 
Considere que José, motorista de uma empresa de transporte de cargas, tendo obtido 
autorização para manter o veículo durante o horário de almoço, tenha causado, exatamente 
nesse período, acidente de trânsito com lesão a terceiro. Acerca dessa situação hipotética, 
assinale a opção correta. 
A A responsabilidade entre José e seu empregador será solidária. 
B A empresa não poderá ser cobrada isoladamente pela reparação dos danos. 
C O direito de regresso não existirá entre José e a empresa, caso esta arque com os 
prejuízos. 
D O lesado não poderá ajuizar ação conjunta contra José e seu empregador porque a 
natureza da responsabilidade do empregado e do empregador é diversa. 
E A empresa não responderá pelos danos porque o acidente ocorreu quando José não 
estava cumprindo ordem de seu empregador. 
Resposta: A. 
Direito Civil 
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Comentários: 
A – resposta correta, conforme artigo 942, §único do Código Civil. 
B – a empresa poderá ser cobrada isoladamente. 
C – direito de regresso existirá sim da empresa em face de José. 
D – poderá ajuizar ação conjunta, ainda que a natureza da responsabilidade seja 
diversa. 
E – responde a empresa simplesmente por ter vínculo com o empregado. 
Dica! Não se restrinja a analisar apenas o conteúdo da questão. Analise também a 
organização da questão. Observe a regularidade de como o examinador elabora as questões. 
 
1.8 Responsabilidade dos Pais pelos Atos Praticados pelos Filhos 
Hipótese de responsabilidade subsidiária, devendo ser observado o disposto no artigo 
928 do Código Civil. 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis 
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá 
lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. 
A vítima demandará inicialmente contra os pais. Os filhos responderão 
subsidiariamente. Os pais têm responsabilidade objetiva, enquanto os filhos têm 
responsabilidade subjetiva. O nexo somente será quebrado em caso de alguma excludente. 
As mesmas regras cabem para os tutores e curadores. 
Mais uma vez, cuidado com as expressões culpa in eligendo e culpa in vigilando, as 
quais já foram abolidas do ordenamento. 
Nesse contexto, atenção aos Enunciados 39, 40 e 41, das Jornadasde Direito Civil do 
Conselho da Justiça Federal. 
Enunciado 39, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 928: A impossibilidade de privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz 
um dever de indenização eqüitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção 
à dignidade da pessoa humana. Como conseqüência, também os pais, tutores e curadores 
serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de modo que a 
passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos os recursos do 
responsável, mas se reduzidos estes ao montante necessário à manutenção de sua 
dignidade. 
Enunciado 40, Jornada de Direito Civil, CJF 
Direito Civil 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Art. 928: O incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou 
excepcionalmente como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos 
adolescentes que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas socioeducativas ali previstas. 
Enunciado 41, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 928: A única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 
18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. 
I, do novo Código Civil. 
A responsabilidade dos filhos em regra é subsidiária, mas é possível a emancipação do 
menor, caso em que se questiona a responsabilidade dos pais. Nesse caso, o menor pode 
emancipar-se legalmente ou voluntariamente. As hipóteses legais estão dispostas no Código 
Civil, e os filhos passam a ser civilmente capazes para todos os efeitos, de modo que os pais 
não respondem mais por seus atos. 
Lembre-se, o menor emancipado não adquire maioridade penal, mas apenas a civil! 
Na hipótese de emancipação voluntária, para evitar que os pais se eximam de 
responsabilidade intencionalmente, o STJ entende que a responsabilidade permanece como 
subsidiária. 
No caso de pais separados, ambos respondem pelos atos dos filhos, pois permanecem 
com o poder dever familiar, ressalvado o direito de regresso de um em face de outro. 
Enunciado 450, Jornada de Direito Civil, CJF. 
Art. 932, I: Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados 
pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no 
exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, 
ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva 
de um dos genitores. 
 
1.9 Responsabilidade pelo Fato da Coisa 
Trata-se de responsabilidade objetiva. 
 Artigo 936, CC – detentor de animal 
Art. 936, CC. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não 
provar culpa da vítima ou força maior. 
Caso o animal esteja sob a guarda de outra pessoa, ainda assim o dono do animal 
responderá pelos danos. 
 Artigo 937, CC – ruína de prédio 
Art. 937, CC. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de 
sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. 
Direito Civil 
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Responsabilidade do dono do edifício independente de dolo ou culpa. Desde que 
comprovada manifesta necessidade de reparo do edifício. Não afasta responsabilidade 
subjetiva de pessoas que estejam envolvidas no acidente. 
 Artigo 938, CC – objeto lançado do edifício 
Art. 938, CC. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente 
das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. 
Responsabilidade do morador da unidade habitacional da qual foi lançado o objeto. A 
responsabilidade não é do proprietário, mas sim do habitante. Quando não se consegue 
identificar a unidade habitacional de onde proveio o objeto lançado, responsabiliza-se o 
condomínio, sem prejuízo de ação de regresso. 
Enunciado 557, VI Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 938: Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio 
edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio, 
assegurado o direito de regresso. 
 
1.10 Casuística 
Nos casos de empréstimo de veículo, trata-se de responsabilidade solidária entre 
quem emprestou (proprietário) e aquele que pegou o carro emprestado. Assim, a vítima 
poderá demandar ambos. Com relação a locação de veículo, há responsabilidade solidária 
entre locador e locatário do veículo, pelo fato da locadora ser proprietária da coisa. 
Súmula 492, STF 
A EMPRESA LOCADORA DE VEÍCULOS RESPONDE, CIVIL E SOLIDARIAMENTE COM O 
LOCATÁRIO, PELOS DANOS POR ESTE CAUSADOS A TERCEIRO, NO USO DO CARRO 
LOCADO. 
No caso de veículo alienado sem a devida regularização do registro, não há 
possibilidade de responsabilização do antigo proprietário, pois a transferência de bens móveis 
se opera com a tradição, de modo que a simples entrega do bem transfere a propriedade e 
também a responsabilidade civil. O que não se confunde com responsabilidades tributárias e 
administrativas. 
Súmula 132, STJ 
A AUSENCIA DE REGISTRO DA TRANSFERENCIA NÃO IMPLICA A RESPONSABILIDADE DO 
ANTIGO PROPRIETARIO POR DANO RESULTANTE DE ACIDENTE QUE ENVOLVA O VEICULO 
ALIENADO. 
 
Direito Civil 
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1.11 Jurisprudência Selecionada 
1 – Súmula 479 do STJ. 
Súmula 479, STJ 
As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito 
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações 
bancárias. 
2 – Resp 1.492.710-MG. Acórdão de abrangência coletiva. 
Resp 1.492.710-MG 
O consumidor faz jus a reparação por danos morais caso comprovada a existência de 
cadáver em avançado estágio de decomposição no reservatório do qual a concessionária 
de serviço público extraia água fornecida à população. 
3 – Rcl 12.062-GO. São indevidos danos sociais em ações individuais com efeito 
pedagógico. 
Rcl 12.062-GO 
É nula, por configurar julgamento extra petita, a decisão que condena a parte ré, de ofício, 
em ação individual, ao pagamento de indenização a título de danos sociais em favor de 
terceiro estranho à lide. 
4 – Resp 1.341.135-SP. 
Resp1.341.135-S 
 É cabível indenização por danos morais ao aluno universitário que fora compelido a 
migrar para outra instituição educacional pelo fato de a instituição contratada ter 
extinguido de forma abrupta o curso, ainda que esta tenha realizado convênio, com as 
mesmas condições e valores, com outra instituição para continuidade do curso encerrado. 
5 – Resp 1.254.883. 
Resp 1.254.883 
Prescreve em cinco anos a pretensão de correntista de obter reparação dos danos 
causados por instituição financeira decorrentes da entrega, sem autorização, de talonário 
de cheques a terceiro que, em nome do correntista, passa a emitir várias cártulas sem 
provisão de fundos, gerando inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito. 
6 – Resp 1.424.304-SP. 
Resp 1.424.304-SP 
A aquisição de produtode gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho, 
expondo o consumidor a risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não 
ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à compensação por dano moral. 
 
Questão (TRF5) 
Direito Civil 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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No que se refere à responsabilidade civil, assinale a opção correta. 
A A jurisprudência do STJ tem afastado a caracterização de assalto ocorrido em 
estabelecimentos bancários como caso fortuito ou força maior, mantendo o dever de 
indenizar da instituição bancária, já que a segurança é essencial ao serviço prestado. 
B É devida indenização por lucros cessantes aos dependentes, considerando-se a vida 
provável do falecido do qual dependam. Segundo a jurisprudência do STJ, a longevidade 
provável da vítima, para efeito de fixação do tempo de pensionamento, pode ser apurada, no 
caso concreto, por critério fixado livremente pelo próprio julgador. 
C O início do prazo para a fluência dos juros de mora, nos casos de condenação a 
indenização por dano moral decorrente de responsabilidade extracontratual, ocorre na data 
do ajuizamento da ação. 
D Quanto à sua origem, a responsabilidade civil pode ser classificada em contratual ou 
negocial e extracontratual ou aquiliana. Esse modelo binário de responsabilidades, embora 
consagrado de modo unânime pela doutrina e pela jurisprudência pátria, não está 
expressamente previsto no Código Civil, ao contrário do que ocorre no CDC. 
E Com base no Código Civil brasileiro, o abuso de direito pode ser conceituado como 
ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito sem a devida regularidade, 
acarreta um resultado ilícito. Na codificação atual, portanto, não foi mantida a concepção 
tridimensional do direito de Miguel Reale, segundo o qual o direito é fato, valor e norma. 
Resposta: A. 
Comentários: 
A – resposta correta. Trata-se de fortuito interno, como visto anteriormente. 
B – não pode ser fixado livremente pelo próprio julgador, mas deve sim observar 
critérios objetivos. 
C – ocorre da data do evento danoso, por se tratar de responsabilidade 
extracontratual. 
D – no Código Civil tem-se a responsabilidade contratual e a extracontratual expressas 
como regras gerais, tendo-se um modelo binário de responsabilidade, ao passo que no CDC 
as relações em regra consideram vícios e fatos dos produtos ou serviços. 
E – é observada sim a concepção tridimensional de Miguel Reale. 
 
2. Direito das Coisas 
O direito das coisas tratado no Código Civil é o direito dos objetos tangíveis, de modo 
que quando se fala em propriedade, trata-se de objetos materiais, o que difere do conceito 
Direito Civil 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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constitucional, o qual abarca tanto a propriedade material quanto a imaterial, como direitos 
autorais. Os direitos reais relativos ao Direito Civil têm um conceito mais restrito do que os 
relativos ao Direito Constitucional. 
 
2.1 Teorias Justificadoras da Posse 
 Teoria Subjetiva (Savigny) 
Para esta teoria a posse demanda a comprovação do corpus e do animus. Corpus 
significa a apreensão do objeto, e animus é a vontade de ser dono. Tal teoria não foi adotada 
no Código Civil, por colidir com o comodato e a usucapião. 
 Teoria Objetiva ou Teoria simplificada da posse (Ihering) 
Segundo esta teoria, basta o corpus, a apreensão do bem para que seja configurada a 
posse. Basta a affectio tenendi, ou seja, atuar como proprietário, tendo prerrogativas como 
tal, ainda que ciente de não o ser. O artigo 1196 do Código Civil abarca a teoria objetiva. 
Art. 1.196, CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou 
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
 
2.2 Conceito de possuidor e consequências 
Art. 1.228, CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito 
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o 
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e 
o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou 
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por 
necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso 
de perigo público iminente. 
A propriedade é o direito mais complexo do nosso ordenamento. Conforme se 
depreende do dispositivo legal acima, o proprietário tem os poderes de: usar (dar destinação 
econômica); gozar (dos frutos, naturais ou jurídicos, advindos do bem); dispor (alterar 
material ou juridicamente o bem); e reivindicar (retomar a propriedade). 
A posse é configurada pela presença de um ou mais desses poderes. O domínio é 
caracterizado pela presença dos quatro poderes, mas sem o título. Já a propriedade consiste 
na presença dos quatro poderes e mais o título. 
Direito Civil 
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2.3 Posse como instituto do Código Civil 
Somente bens materializáveis admitem posse. Não se pode falar de posse de bens 
imateriais. Bens incorpóreos não admitem posse e, portanto, não podem ser protegidos pelos 
interditos possessórios, mas sim por tutelas específicas. Bens incorpóreos também não 
admitem usucapião. Ora, se não tenho posse, não posso ter usucapião. 
Súmula 193, STJ 
O DIREITO DE USO DE LINHA TELEFONICA PODE SER ADQUIRIDO POR USUCAPIÃO. 
A Teoria Objetiva da Posse admite a composse, que significa a pluralidade de 
possuidores e a indivisibilidade de um bem. Os efeitos processuais estão dispostos no artigo 
10 do CPC. 
Art. 10, CPC. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações 
que versem sobre direitos reais imobiliários. 
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: 
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; 
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por 
eles; 
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução 
tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; 
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre 
imóveis de um ou de ambos os cônjuges. 
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é 
indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados. 
A composse pode ser diviso ou indiviso. Na composse diviso há uma divisão fática das 
parcelas de poder que cada pessoa exerce sobre o bem indivisível. Já na composse indiviso, 
há completa indivisão fática das parcelas de poder. 
O principal efeito processual da composse é a participação indispensável do cônjuge 
do autorou do réu nas ações possessórias. 
 
2.4 Teoria da função social da posse 
A posse não pode se restringir a discussão entre as teorias objetiva e subjetiva, mas 
precisa ser justificada socialmente, tendo em vista a complexidade das relações jurídicas entre 
os indivíduos. 
Não há no Código Civil dispositivo que traga de modo expresso a função social da 
posse, mas há menções indiretas na Exposição de Motivos, com base nos conceitos de posse-
trabalho e posse-moradia. 
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A função social da posse é o exercício da função social da propriedade por outra pessoa 
que não o proprietário. Assim, é vista como desdobramento da função social da propriedade. 
Art. 1.210, CC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, 
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser 
molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria 
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do 
indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de 
outro direito sobre a coisa. 
Em regra não se discute propriedade, mas apenas quem tem a melhor posse. Para 
discutir propriedade é necessária uma ação reivindicatória. 
Art. 1.238, CC. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como 
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; 
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o 
registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor 
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços 
de caráter produtivo. 
Art. 1.242, CC. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. 
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido 
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, 
cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua 
moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 
Quando o sujeito deu função social ao bem, por meio da moradia ou da utilização do 
bem, há redução de cinco anos nos prazos de usucapião. 
Enunciado 492, Jornada de Direito Civil, CJF. 
A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o 
aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais 
merecedores de tutela. 
 
2.5 Desapropriação Judicial Indireta 
Art. 1.228, CC. 
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir 
em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de 
considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou 
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico 
relevante. 
Direito Civil 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao 
proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em 
nome dos possuidores. 
Não se trata de usucapião, pois nesta não há pagamento de indenização, enquanto na 
desapropriação judicial indireta há o pagamento. 
A desapropriação indireta é assim denominada porque surgiu no bojo de ações 
reivindicatórias, apresentada inicialmente como defesa. Atualmente, se permite que haja 
ajuizamento de ação autônoma própria para aquisição deste direito, sendo cabível tanto para 
imóvel rural quanto para imóvel urbano. 
A indenização será paga em regra pelos interessados que querem adquirir a 
propriedade do bem, podendo ser paga pela Administração em caráter excepcional. 
O Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil dispunha que não era possível 
desapropriação judicial indireta de bens públicos. Contudo, o Enunciado 304 dispõe sobre a 
possibilidade de desapropriação judicial indireta sobre bens dominicais. 
Enunciado 83, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 1.228: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as 
disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil. (Alterado pelo 
Enunciado 304 – IV Jornada) 
Enunciado 84, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 1.228: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 
1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, 
eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização. 
Enunciado 304, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 1.228: São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às 
ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o 
Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais classificações dos 
bens públicos. 
Enunciado 305, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 1.228: Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do Código Civil, o 
Ministério Público tem o poder-dever de atuar nas hipóteses de desapropriação, inclusive 
a indireta, que encerrem relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens 
jurídicos envolvidos. 
Enunciado 307, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 1.228: Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz determinar a 
intervenção dos órgãos públicos competentes para o licenciamento ambiental e 
urbanístico. 
Enunciado 308, Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 1.228: A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial 
(art. 1.228, § 5º) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto 
das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de 
Direito Civil 
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baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. 
Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I 
Jornada de Direito Civil. 
Enunciado 496, Jornada de Direito Civil, CJF 
O conteúdo do art. 1.228, §§ 4º e 5º, pode ser objeto de ação autônoma, não se 
restringindo à defesa em pretensões reivindicatórias. 
 
Questão (TRF2) 
Com relação a posse, assinale a opção correta. 
A Nas ações possessórias, é indispensável a outorga uxória no pólo ativo, assim como 
o litisconsórcio é necessário no pólo passivo da demanda. 
B As teorias sociológicas da posse conferem primazia aos valores sociais nela 
impregnados, como um poder fático de ingerência socioeconômica concreta sobre a coisa, 
com autonomia em relação à propriedade e aos direitos reais. 
C Tanto na teoria subjetiva quanto na objetiva, a posse é caracterizada como a 
conjugação do elemento corpus com o elemento animus, caracterizando-seo animus, na 
primeira, como a vontade de ser dono, o animus domini, e, na segunda, referindo-se à própria 
coisa, o animus rem sibi habendi. 
D A natureza jurídica da posse é a de direito real, haja vista que uma de suas 
características é a oponibilidade erga omnes, inclusive contra o proprietário. 
E O direito de seqüela do possuidor é absoluto, cedendo apenas ante o direito de 
propriedade por meio da ação reivindicatória, bem como ante a boa fé de terceiros, o que se 
justifica pelo fato de não ser conferida à posse a mesma publicidade conferida à propriedade 
pelo registro ou tradição. 
Resposta: B. 
Comentários: 
A – Artigo 10 do CPC – a opção generaliza, quando na verdade somente é indispensável 
quando se tratar de composse ou atos por ambos praticados. 
B – Enunciado 492 da V Jornada de Direito Civil – resposta correta. 
C – Basta o elemento corpus na teoria objetiva. 
D – A natureza jurídica da posse não é de direito real. 
E – O direito de sequela do possuidor é relativo. No juízo possessório haverá a 
prevalência do melhor possuidor. 
 
Direito Civil 
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2.6 Detenção e questões especiais 
Detenção é a posse desqualificada juridicamente. Hipótese em que o sujeito tem todas 
as características fáticas de ser possuidor, mas o ordenamento jurídico especifica a não 
qualidade de possuidor. 
 Fâmulo da posse (gestor da posse) - artigo 1198 do Código Civil 
Art. 1.198, CC. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência 
para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou 
instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este 
artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o 
contrário. 
Exemplo: caseiro, motorista. 
 Atos de mera tolerância - artigo 1208 do Código Civil 
Art. 1.208, CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como 
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar 
a violência ou a clandestinidade. 
Exemplo: empréstimo de bem. 
A detenção pode se desmudar em posse, caso o motorista se aproprie do veiculo, por 
exemplo, através do abuso de confiança. 
 Permissão e concessão de uso de bem público 
Sujeito que invade bem público não pode adquiri-lo por usucapião, e com relação a 
benfeitorias, não cabe indenização, pois nunca teve a posse, mas sim mera detenção do bem. 
Desde o primeiro momento sabia da impossibilidade de ser proprietário do bem. 
RECURSO ESPECIAL Nº 881.270 - RS (2006/0187812-1) 
DIREITO CIVIL. USUCAPIAO. BEM MÓVEL. ALIENAÇAO FIDUCIÁRIA. AQUISIÇAO DA POSSE 
POR TERCEIRO SEM CONSENTIMENTO DO CREDOR. IMPOSSIBILIDADE. ATO 
DE CLANDESTINIDADE QUE NAO INDUZ POSSE. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.208 DO CC DE 
2002 . RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 
1. A transferência a terceiro de veículo gravado como propriedade fiduciária, à revelia do 
proprietário (credor), constitui ato de clandestinidade, incapaz de induzir posse (art. 1.208 
do Código Civil de 2002), sendo por isso mesmo impossível a aquisição do bem 
por usucapião. 
2. De fato, em contratos com alienação fiduciária em garantia, sendo o desdobramento 
da posse e a possibilidade de busca e apreensão do bem inerentes ao próprio contrato, 
conclui-se que a transferência da posse direta a terceiros porque modifica a essência do 
contrato, bem como a garantia do credor fiduciário deve ser precedida de autorização. 
3. Recurso especial conhecido e provido. 
Direito Civil 
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Aquele que adquiriu o bem de modo clandestino não pode alegar a posse em seu favor, 
pois adquiriu o bem de modo fraudulento. De fato, nunca teve posse, mas sim mera detenção, 
ainda que utilizado de modo ostensivo. 
 Constituto possessório (cláusula constituti) 
Consiste na celebração de contrato de compra e venda, seguido da celebração de um 
contrato de aluguel, tendo como inquilino o proprietário anterior. 
 Traditio brevi manu 
Consiste na celebração de contrato de compra e venda, após a celebração prévia de 
um contrato de aluguel, tendo como proprietário aquele que antes era o inquilino. 
 Autotutela da posse 
São características da autotutela da posse: legítima defesa, proporcionalidade e 
desforço incontinenti. O possuidor turbado, esbulhado ou ameaçado, para a doutrina, pode 
utilizar-se dos meios de autotutela da posse. 
Art. 1.210, CC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, 
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser 
molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria 
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do 
indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de 
outro direito sobre a coisa. 
Enunciado 495, Jornada de Direito Civil, CJF 
No desforço possessório, a expressão “contanto que o faça logo” deve ser entendida 
restritivamente, apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, 
cabendo ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses. 
 
2.7 Classificação da posse 
 
2.7.1 Posse direta e posse indireta 
A classificação da posse em direta ou indireta depende da relação jurídica negocial. 
Quando ocorre o desdobramento da posse, e não transferência da posse, onde quem 
possuía continua possuidor, mas outra pessoa também vai adquirir posse de direito e de fato, 
tem-se a posse indireta. Quando ocorre a transferência, ou seja, a passagem de modo integral, 
tem-se a posse direta. 
Questão (CESPE-2013) 
Direito Civil 
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Considere que Camila more em apartamento que tenha alugado de Caio. Nessa 
situação, 
A Caio continua sendo proprietário do imóvel, mas a posse sobre o bem foi transferida 
a Camila. 
B Se, por determinação do poder público, Caio tiver de realizar reparações urgentes e 
de grande monta no imóvel, o contrato de locação deverá ser desfeito. 
C Estipulado o contrato por prazo determinado, Camila poderá devolver o imóvel a 
Caio antes do término do contrato, sem pagamento de multa, caso tenha de se mudar de 
cidade por ter sido aprovada em concurso público. 
D Camila adquiriu uma posse derivada e poderá, em nome próprio, defendê-la contra 
terceiro que venha a esbulhá-la. 
E A locação não afasta a responsabilidade de Caio quanto a coisas que caírem da janela 
do imóvel e causarem dano a terceiros. 
Resposta: D. 
Comentários: 
A – a posse não foi transferida, mas sim desdobrada. 
B – o contrato poderá ser desfeito, e não deverá ser desfeito. 
C – em caso de remoção de servidor é possível isenção do pagamento da multa. 
D – resposta correta. 
E – a locação afasta a responsabilidade de Caio, pois será responsável o morador da 
unidade habitacional. 
 
2.7.2 Posse Justa e Posse Injusta 
A posseé classificada em justa ou injusta de acordo com seus vícios objetivos. 
A classificação da posse dependerá da existência ou não dos seguintes elementos: 
violência (força ou ameaça); clandestinidade (às ocultas, sem publicidade e ostensividade); 
precariedade (abuso de confiança). 
Exemplo: pega o caderno da amiga emprestado. Inicialmente, diz que irá devolver e 
fica com o caderno em casa (precariedade e clandestinidade). Depois, passa a usar o caderno 
publicamente. Essa posse será sempre injusta em relação a amiga, mas em relação a qualquer 
outra pessoa a posse será justa, ocorrendo a relatividade no exame da posse justa. 
Direito Civil 
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O manejo dos interditos possessórios demanda posse justa, sendo vedado seu manejo 
em caso de posse injusta. O vício objetivo da posse macula ad eterno a posse em face de quem 
atuou o sujeito com violência, clandestinidade e precariedade. 
Exemplo: A possui um imóvel. B, atuando de modo violento, expulsa A do imóvel. Num 
segundo momento, B exerce a posse do imóvel justa para todos, mas injusta para A. Mais 
tarde, C e A pretendem tomar o imóvel de B. Nessa situação, B poderá ajuizar interdito 
proibitório em face de C, mas jamais em face de A, contra quem ele exerceu violência para 
deter a posse. 
 
2.7.3 Posse de boa fé e Posse de má fé 
Tal classificação se dá quanto ao vício subjetivo. 
O conceito de justo título é intrínseco ao conceito de posse de boa fé. Aqui se trata de 
boa fé subjetiva. Analisa-se se no caso concreto o sujeito estava exercendo o poder de fato 
sobre o bem ignorando um vício pré-existente. O manejo dos interditos dispensa a boa fé. 
Art. 1.201, CC. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede 
a aquisição da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo 
prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
Enunciado 86, I Jornada de Direito Civil, CJF 
Art. 1.242: A expressão “justo título” contida nos arts. 1.242 e 1.260 do Código Civil 
abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, 
independentemente de registro. 
Exemplo: contrato de gaveta. O sujeito não tem propriedade, mas tem justo título para 
comprovar sua boa fé. Essa boa fé terá importância quando formos tratar de usucapião. 
 
2.7.4 Posse ad interdictam e posse ad usucapionem 
A primeira é a posse que permite o manejo dos interditos possessórios e a segunda 
está relacionada à teoria subjetiva e que demanda além do elemento corpus, a vontade de ser 
dono. 
Questão (TRF5) 
Acerca dos direitos possessórios, assinale a opção correta. 
A Segundo a jurisprudência do STJ, não é possível a posse de bem público, constituindo 
a sua ocupação sem aquiescência formal do titular do domínio mera detenção de natureza 
precária. Apesar disso, resguarda-se o direito de retenção por benfeitorias em caso de boa-fé 
do ocupante. 
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B Considere que dois irmãos tenham a posse de uma fazenda e que ambos a exerçam 
sobre todo o imóvel, nele produzindo hortaliças. Nesse caso, há a denominada composse 
prodiviso. 
C Na aferição da posse de boa-fé ou de má-fé, utiliza-se como critério a boa fé 
subjetiva, assim como ocorre em relação à posse justa ou injusta. 
D O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o 
direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo. 
E Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, somente as pessoas físicas e 
naturais, excluindo-se, portanto, os entes despersonalizados, como, por exemplo, a massa 
falida. 
Resposta: D. 
Comentários: 
A – não há direito de retenção por benfeitorias em bens públicos, segundo a 
jurisprudência pacífica do STJ. 
B – trata-se de composse pro indiviso. 
C – o requisito da posse justa ou injusta é a violência, a clandestinidade e a 
precariedade. 
D – resposta correta. 
E – o STJ entende ser possível reconhecer posse nos casos de entes despersonalizados, 
como condomínio ou massa falida. 
 
2.8 Proteção Possessória 
Os interditos possessórios devem considerar o aspecto da fungibilidade e seu caráter 
dúplice. 
A fungibilidade consiste na possibilidade do juiz deferir medida diferente da 
inicialmente solicitada no processo. No caso de ameaça, cabe o interdito proibitorio. No caso 
de turbação, cabe a manutenção da posse. No caso de esbulho, cabe reintegração. Entretanto, 
ao longo do processo, uma vez alterada a situação do bem, o juiz poderá deferir a tutela 
adequada naquele momento. 
O caráter dúplice indica que uma vez julgado improcedente o pedido de posse do 
autor, verifica-se como procedente o pedido do réu, e vice-versa. 
Destaque-se ainda a possibilidade de pedido contraposto nas ações possessórias. O 
pedido será feito no bojo da contestação, pois não cabe reconvenção nas ações possessórias. 
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Observação: Ação de imissão na posse não tem como causa jurídica o pedido de posse, 
mas sim o título de propriedade. Não é ação possessória típica.

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