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Apostila Interpretação e Produção de Textos

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Prévia do material em texto

Interpretação e produção de texto
 
2013
1
SUMÁRIO
Unidade I – A importância da Leitura....................................................03
Unidade II - As diferentes linguagens: verbal, não verbal......................09
Unidade III - Noções de texto: unidade de sentido...............................14
Unidade IV - Textos orais e escritos...................................................... 16
Unidade V - Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, 
técnico, literário, publicitário entre outros...............................................20
Unidade VI - Interpretação de textos diversos e de assuntos da 
atualidade.................................................................................................28
Unidade VII - Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e 
correção gramatical;..................................................................................35
Unidade VIII - Complemento gramatical................................................43
2
UNIDADE I: A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento
 Antigamente se acreditava que o conhecimento era transmitido, que passava de uma
pessoa para outra. É claro que, por mais que se esforçasse, talvez nosso professor de
Português não tivesse conseguido nos transmitir as regras da colocação pronominal.
(Sabe aquele papo de próclise, mesóclise e ênclise? Não? Fique calmo, quase ninguém
se lembra...) O caso é que fizemos a prova e tiramos a nota, mas hoje precisamos
escrever uma carta comercial ou um artigo para a revista, mandar um e-mail,
procuramos dentro de nós e... onde foi parar? Com certeza, não é um conhecimento
disponível no presente. Não aprendemos de fato, pois uma das características da
aprendizagem é ser aplicável: não apenas saber, mas poder usar o que se sabe. Agora,
aquela música dos Incríveis... aquela você nunca mais esqueceu! Às vezes se pega
cantarolando era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones.
Gostando ou não gostando, ela ficou. Por que a música permaneceu e a mesóclise foi
pro espaço? - Porque a música era fácil. – Alguém diz. Acontece que outras coisas eram
muito mais fáceis e você esqueceu, como o telefone da sua cunhada, enquanto reteve
inúmeros dados difíceis, como um vocabulário de centenas de palavras e expressões em
Inglês. Mesmo sem entrar presentemente na relação entre memória e aspectos
emocionais/sentimentais, ainda assim podemos entender o que acontece, com a ajuda de
modernas teorias da aprendizagem. Elas consideram o conhecimento como sendo uma
construção íntima de cada ser, uma elaboração da mente, construindo, desmontando e
reconstruindo estruturas de pensamentos, sempre a partir do que percebeu e
experimentou. Há, certamente, os fatores externos, as possíveis estimulações, que são
recursos que podem despertar o interesse do aluno para um determinado tema, numa
atitude de curiosidade e atenção. Mas a realidade é que ninguém controla o modo como
o outro aprende, ou quando chegará a aprender o que pretende ensinar. A prova disso é
que aprendemos muito com nossos pais (e não apenas do que esperavam que
aprendêssemos!), mas há certas áreas em que eles nunca conseguiram modificar nosso
jeito de pensar. E assim também acontece com as nossas crianças. Dizer que cada
criança é um mundo parece clichê, mas é a mais pura verdade. 
Tudo o que ela já viveu, tudo o que já fez, descobriu, percebeu, intuiu e pensou; os
filmes que assistiu, as conversas que ouviu, as histórias que leu; tudo participa do seu
modo de ver o mundo e de aprender. Que conceitos adquiridos entram na formação de
suas conclusões sobre as coisas? Nunca saberemos totalmente. Mas o que se sabe é que
as informações e os exemplos a que se expõe sempre podem influenciá-la mais ou
menos intensamente - o que é a porta de entrada, dos educadores, neste seu mundo tão
particular. O que se pode fazer é criar um meio propício, é oferecer, à inteligência, a
argamassa, o material de construção em quantidade e qualidade suficientes para que a
criança construa suas estruturas de pensamento da melhor maneira, com o melhor tipo
de informação e os melhores exemplos possíveis. E aqui chegamos à importância dos
livros e da leitura neste processo. Ler é saber. O primeiro resultado da leitura é o
aumento de conhecimento geral ou específico. Ler é trocar. Ler não é só receber. Ler é
comparar as experiências próprias com as narradas pelo escritor, comparar o próprio
ponto de vista com o dele, recriando ideias e revendo conceitos. Ler é dialogar. Quando
lemos, estabelecemos um diálogo com a obra, compreendendo intenções do autor.
Somos levados a fazer perguntas e procurar respostas. Ler é exercitar o discernimento.
3
Quando lemos, colocamo-nos de modo favorável ou não aos pontos de vista, pesamos
argumentos e argumentamos dentro de nós mesmos, refletimos sobre opções dos
personagens ou sobre as ideias defendidas pelo autor. Ler é ampliar a percepção. Ler é
ser motivado à observação de aspectos da vida que antes nos passavam despercebidos.
Ler bons livros é capacitar-se para ler a vida. 
Texto 2: 
Texto 3: 
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) serviu para os fascistas, representados pelas
Falanges de Francisco Franco (1892-1975), como uma preliminar da II Guerra Mundial.
Às 16:40 horas do dia 26 de abril de 1937, os bombardeiros alemães Heinkel e Junker,
da Legião Condor, foram testados durante três horas na destruição da cidade basca de
Guernica, ao norte da Espanha. Cerca de 2500 pessoas foram mortas nesse que foi o
primeiro ataque aéreo da história feito a uma localidade desmilitarizada. Ao todo, 600
mil pessoas morreram durante os três anos dessa guerra civil que contou com a
ingerência estrangeira de 40 mil voluntários das Brigadas Internacionais, em apoio aos
republicanos, e outros 60 mil que lutaram ao lado dos nacionalistas de Franco. O painel
de Pablo Picasso havia sido encomendado pelo governo da República Espanhola em
janeiro de 1937, mas os primeiros croquis de Guernica só começaram a ser feitos a
primeiro de maio, em seu ateliê de Paris, sendo apresentado na Exposição Mundial de
Paris, em junho. Muitos consideraram o quadro excessivamente abstrato e de difícil
compreensão, mas o tom de denúncia era claro e só comparado com a fase negra de
outro espanhol, Francisco Goya.
ALFABETIZAÇÃO OU LETRAMENTO?
LETRAMENTO: Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura
e escrita. O estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais 
Observação importante: ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e
a escrever: aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em
4
língua escrita e de decodificar a língua escrita; apropriar-se da escrita é tornar a escrita
"própria", ou seja, é assumi-la como sua "propriedade”. 
Retomemos a grande diferença entre alfabetização e letramento, entre alfabetizado e
letrado: um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado;
alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o
indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever,
mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita,
responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita. 
Letramento definido num poema, uma estudante norte-americana, de origem asiática,
Kate M. Chong, ao escrever sua história pessoal de letramento, define-o em um poema: 
Texto 4: O QUE É LETRAMENTO? 
Letramento não é um gancho
em que se penduracada som enunciado, 
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática. 
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol. 
São notícias sobre o presidente 
O tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo. 
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
de velhos amigos. 
É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos. 
É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido. 
Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é, 
e de tudo que você pode ser. 
5
O poema mostra que letramento é muito mais que alfabetização. Ele expressa muito
bem como o letramento é um estado, uma condição: o estado ou condição de quem
interage com diferentes portadores de leitura e de escrita, com diferentes gêneros e tipos
de leitura e de escrita, com as diferentes funções que a leitura e a escrita desempenham
na nossa vida. Enfim: letramento é o estado ou condição de quem se envolve nas
numerosas e variadas práticas sociais de leitura e de escrita. 
ATIVIDADE:
1. Entre no poema de Kate e coloque mais 05 considerações suas do que é
Letramento.
2. Faça o jogo inverso e coloque 05 considerações do que não é Letramento,
procure fazê-lo em tom semelhante ao do poema.
Texto 5 : Poucos brasileiros entendem o que leem. Não passam de 25% segundo
pesquisa recente do Ibope. Vale dizer que maioria da população mantém-se nos limites
de uma deficiência instrumental que torna sombrio o prognóstico quanto ao futuro da
nação. A leitura é um dos últimos recantos da liberdade intelectual. Quem lê cria tanto
ou mais que o autor. Com a imaginação solta, o leitor elabora mentalmente os cenários,
compõe o perfil dos personagens, interpreta diálogos, identifica afinidades pessoais e
vive, a seu modo, o prazer e a infinitude das emoções potencialmente contidas no texto.
Quem lê não recebe imagens prontas, coloridas, acabadas. Tem de construí-las pelo
processo do entendimento e interpretação.
Suas emoções não são pautadas pelas vinhetas da mídia eletrônica que padronizam as
emoções do telespectador sempre passivo , para modelar a opinião pública que
interessa aos produtores. O leitor nunca é passivo. Exercita, o tempo todo, os
mecanismos psicodinâmicos que fundamentam, estruturam e aperfeiçoam a consciência.
Por isso, desenvolve a criatividade, refina a percepção, aprimora o senso crítico e fica
imune às manipulações que a comunicação pela imagem veicula como ingredientes de
dominação.
A leitura é problematizadora, induz à reflexão, suscita hipóteses, faz pensar. Já a
comunicação pela imagem, ao ser utilizada como ferramenta de controle da opinião
pública, é a negação do pensamento. Não passa de show visual cheio de efeitos
especiais que despertam a sensação do fantástico, do extraordinário, do instantâneo e
promovem a preguiça mental do expectador por meio do deslumbramento programado.
E o deslumbrado não pensa, admira. Não critica, assimila. Não forma sua opinião,
repete a que recebe. Não reage, absorve. Não cria, consome. Não resiste, deixa-se
aculturar. Não se afirma, submete-se.
Não por acaso, as sociedades menos desenvolvidas e mais dominadas são justamente as
que menos leem. São aquelas que admitem o analfabetismo com naturalidade, se é que
suas elites não o perpetuam deliberadamente. Aliás, um dos indicadores de
desenvolvimento usados na atualidade é o número de televisores difundidos pelo país.
Não é o número de livros publicados ou lidos pelo cidadão. Os grupos dominantes
sabem muito bem que a palavra escrita é incontrolável e, portanto, libertadora, enquanto
a imagem pode ser cientificamente editada para inibir a liberdade de pensamento. Nesse
6
sentido, a palavra pertence à sintaxe da revolução, enquanto a imagem é a fonte da
ilusão conservadora.
A Santa Inquisição não queimava apenas as bruxas e os hereges. Incinerava montanhas
de livros em praça pública para que não fossem lidos. Da mesma forma, em nosso país,
agentes dos governos militares invadiam casas de subversivos, apreendiam e destruíam
livros cujos títulos e autores integravam a lista dos proscritos do regime. Os jornais
escritos foram duramente censurados, quando não empastelados. Em vez de criarem
escolas para alfabetização e estímulo à leitura, optaram pela rede de televisão concebida
como monopólio destinado a subjugar o povo, impondo-lhe novos padrões de consumo
e dependência externa.
Nos primeiros momentos houve necessidade de recurso às tropas para sufocar a
resistência das gerações ainda formadas pela leitura. Mas, com o passar dos anos, a
estratégia de controle pela mídia eletrônica produziu os resultados projetados. As
gerações educadas pelos shows domingueiros e pela Xuxa de todas as manhãs foram se
distanciando do hábito de ler e se desinteressando da palavra, do pensamento crítico, do
vernáculo. A invasão cultural não tardou a nos americanizar, transformando-nos em
consumidores da Disney, da violência enlatada, ou dos Big-Macs que já têm o sabor dos
novos tempos.
A comunicação pela imagem eletrônica é a tropa de ocupação dos tempos modernos.
Sua eficiência é indiscutível. O império mais violento da história da humanidade é
mantido e ampliado por meio das imagens cuidadosamente montadas que nos chegam
via satélite. O último recanto da liberdade intelectual vai sendo assim tomado de assalto
pela ditadura eletrônica. O pensamento humano tornou-se prisioneiro de telas e cabos.
Contudo, nos piores momentos de repressão, nunca se deixou de escrever e ler. Ainda
que clandestinamente. E foi, quase sempre, na clandestinidade que se produziram os
textos e leituras que transformaram a história do homem.
O escritor e o leitor dos dias atuais não são espécies em extinção, mas militantes da
resistência libertária empurrados para a clandestinidade. Vivem nas catacumbas do atual
império, mantendo, com a palavra escrita e a leitura, a réstia de luz transformadora que
emana do ato de pensar para iluminar os rumos do futuro.
 Dioclécio Campos Júnior (É médico, professor titular de pediatria da UnB e vice-
presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria )
Texto 6
UMA HISTÓRIA DE LEITURA
 Profa. Ms. Ivani Vecina Abib
_ Maria, apaga essa luz!
Mas era difícil fechar o livro! Apagava a luz e acendia o lampião, pouco se
importando se esse cúmplice da noite seria o delator da manhã. O rosto sonolento, sujo
de fuligem denunciaria que apagara a luz, mas continuara lendo. 
Essa história de minha mãe sempre me encantou. E, mesmo sem a cumplicidade
do lampião, eu também lia à noite. Muitas vezes, confesso, eram livros que Dona Célia,
bibliotecária do colégio proibia: “ainda não é hora!”, dizia ela. E Júlio Ribeiro, Adelaide
7
Carraro eram substituídos por José de Alencar, Machado e tantos outros. A tudo isso se
acrescente o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Alan Kardec que lia todas as noites,
depois do jantar, para meus avós. E eu lia, cheia de importância, afinal “ela sabe ler tão
bonito”, diziam eles orgulhosos da neta.
Entretanto, foram tempos difíceis os da minha infância, não fui criada entre
intelectuais, nem bibliotecas, mas descendente de imigrantes espanhóis que valorizavam
acima de tudo o trabalho. O estudo nos era dado como um presente, aquilo que eles não
puderam ter e por isso afirmavam orgulhosos: “fazemos questão de formar nossos
filhos”.
A época da minhainfância coincidiu com a construção de Brasília, foram anos
difíceis. Meu pai, empreiteiro de obras, perdeu tudo o que possuía, pois o material de
construção desapareceu do mercado e o que estava disponível era absurdamente caro e
dessa forma, não conseguiu cumprir com os contratos assinados.
Nossa vida mudou radicalmente, da casa própria onde morávamos, confortável e
bonita, mudamos para uma casa velha que alugamos de um parente distante. Um dia, à
noite, ouvi meus pais conversando e minha mãe falou com uma voz que eu nunca ouvira
antes. Mostrava preocupação e lágrimas contidas:
_Amanhã, não temos dinheiro nem para a mistura!
Meu irmão e eu ouvimos tudo aquilo, do quarto ao lado, apesar da pouca idade,
sentimos o peso da responsabilidade. Ele tomou a decisão e para isso precisava da
minha ajuda. Abriria uma banca de revistas e livros usados.
Foi nesse momento que a leitura entrou na minha vida. Enquanto meu irmão saía
para comprar livros e revistas, eu tomava conta da banca e lia... lia e escondia aqueles
que eu não tinha lido ainda, recusando-me a vendê-los. Perguntavam os fregueses:
_Chegou novidade? Algum livro? Alguma revista nova?
_Não, hoje nada, ainda...
E, a irmãzinha mais nova sentada no caixote-esconderijo era a cúmplice que me
ajudava a ocultar aquelas preciosidades, pois à noite, ao som da minha voz, dramatizava
aquelas histórias, ela adormecia sonhando com o Pimpinela Escarlate, sua personagem
favorita.
Assim eram nossos dias, quando à tarde, contávamos o dinheiro das vendas, e
este não era suficiente para as despesas, todos os olhos se voltavam para mim.
_Desse jeito não dá! Primeiro você vende, depois, se der você lê.
E eu respondia, indignada:
_Mas, hoje, você vendeu aquele, e eu já tinha passado da metade, estava quase
no final.
_ A mistura é mais importante, diziam todos.
E revoltada eu ia para o meu quarto, criava um final para as minhas histórias,
princesas, heróis, bruxas, cujo destino eu determinava. Eles povoavam os meus sonhos e
eu sempre lhes dava um final feliz, casava moças solitárias, premiava os bons e
regenerava os maus.
Um dia, à mesa do café, antes de irmos para a escola, minha mãe sorriu,
estendeu sua mão e tocou a de meu pai com carinho e firmeza. Então falou:
_ Esta situação que estamos vivendo logo vai passar. Tenham paciência... ela
gosta de ler, ela vai ser professora...
_ Menina, não apague essa luz!
Sobre os textos lidos:Escreva em seu caderno o assunto de cada texto.Escolha dois
textos e faça o seu comentário. 
8
 UNIDADE II – As diferentes linguagens: VERBAL E NÃO-VERBAL
Texto 1: 
Texto 2: Os retirantes 
Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos
Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos
Doloridos como fagulhas de carvão aceso
Candido Portinari
Os corpos esqueléticos castigados pela fome de uma família desesperada que
leva tudo o que possui para buscar uma vida melhor. Essa seria uma das possíveis
definições a serem dadas a respeito da série Retirantes, pintada por Candido Portinari na
década de 40. Porém, atrás das pinceladas que criam o quadro há uma pessoa como
outra qualquer, que possui anseios, desejos e vontades.
A acentuada força dramática da Série Retirantes nasceu das visões de Portinari
ainda menino. Desde pequeno, assistia da janela de sua casa ao vaivém das sofridas
famílias que fugiam da seca do Nordeste à procura de trabalho. Eram famílias inteiras
em estado de grande pobreza, imagens que marcaram a vida do menino e do pintor. Ser
humano sensível denunciou através do pincel a degradação de uma parcela significativa
de homens e mulheres, brasileiros trabalhadores e sofredores. Por meio de sua arte, o
artista consegue com uma abrangente visão crítica, fazer um documento visual da nossa
realidade. Um grande artista plástico e uma bela denúncia aos problemas da seca, que
estão presente até hoje no contexto brasileiro.
Texto não-verbal: Para Platão & Fiorin, 2007, quando nos referimos a texto ou
linguagem, pensamos sempre em textos verbais, ou seja, na capacidade humana ligada
ao pensamento que se materializa numa determinada língua e se manifesta por meio de
palavras. Há outras formas de linguagem, ao longo dos tempos, o homem tem
9
manifestado diferentes formas de se comunicar, por exemplo, por meio da pintura, da
mímica, da dança, da música e outras mais. O homem ao fazer uso dessas atividades
representa o mundo, exprime seus pensamentos, comunica-se, denuncia, chama a
atenção em relação a determinado tópico e também é capaz de influenciar os outros. 
Os sentidos podem ser expressos de duas formas, tanto a linguagem verbal
quanto a não verbal e, para isso, utilizam-se de signos. Porém, caro aluno, convém que
se ressalte que os signos representativos da linguagem verbal e não verbal aparecem de
forma diversa. Na linguagem verbal, os signos são constituídos de sons da língua, ao
passo que na linguagem não verbal se exploram outros signos, como as formas, a cor, os
gestos, os sons musicais etc. Esses signos, constitutivos das linguagens verbal e não
verbal combinam-se entre si, de acordo com regras próprias e obedecem a mecanismos
de organização que são próprios da linguagem que representam.
Semelhanças e diferenças: A linguagem verbal é linear. Isto significa que seus signos
e os sons que a constituem não se superpõem, ou seja, são pronunciados ou escritos um
de cada vez, ou seja, eles se sucedem destacadamente um depois do outro no tempo da
fala ou no espaço da linha escrita. Isto significa dizer que com isso é que cada signo e
cada som são usados em momentos distintos, a linguagem não-verbal, ao contrário da
linguagem verbal, vários signos podem ocorrer simultaneamente. É dessa forma que
percebemos os sons musicais, os movimentos e a expressão da dança, as cores e os
traços de um quadro e mesmo uma fotografia. Se na linguagem verbal é impossível
conceber palavras encavaladas umas nas outras, na pintura e outras expressões
artísticas, por exemplo, podem-se ter várias figuras ao mesmo tempo.
.
Em relação ao texto não-verbal, podemos dizer que a princípio é considerado
predominantemente descritivo, pois representa uma realidade singular e concreta, num
ponto estático do tempo. Pensemos, em uma foto. Somente uma foto pode ser
descritiva, no sentido que nos apresenta nos descreve determinado evento realizado num
espaço de tempo. Mas, a sucessão de fotos pode ser uma narrativa, como podemos
observar nos quadrinhos do reizinho na imagem apresentada anteriormente. Podemos
ainda interpretá-las a partir da nossa visão de mundo. No entanto há um limite para a
interpretação de cada um, ela não pode chegar ao absurdo da extrapolação, o que
descaracterizaria totalmente o texto. Vejamos a imagem abaixo:
10
Atualmente, há inúmeros recursos com relação à fotografia, propaganda, cinema,
televisão, o que nos levar a crer que o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade. 
Porém, como sabemos essa impressão não é verdadeira. Para citar exemplo da
fotografia, observe a capa da revista Claudia com a atriz Taís Araújo. Sabemos também
que esta atriz é linda, mesmo assim, o fotógrafo lançou mão de recursos tecnológicos
disponíveis hoje, para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento etc. 
Bem, e os textos verbais, será que estes textos também devem ser interpretados
ao pé da letra? Será que retratam fielmente a realidade? Para Platão & Fiorin, 2007, os
textos verbais podem ser figurativos, ou seja, reproduzem elementos concretos,
produzindo um efeito de realidade. Caro aluno, leia o texto abaixo, “O homem e a
galinha”, de Ruth Rocha, www.portalimpacto.com.br e poderemos esclarecer o que na
realidade o figurativo representa no texto.
O homem e a galinhaRuth Rocha
Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher:
- Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente:
- Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava
mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava sorvete. E todos os dias a galinha botava
um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
- Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló... Muito
menos sorvete! Então a mulher falou:
- É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro! O marido não quis conversa:
- Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo. Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim! – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai
que o marido disse:
- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer
milho.
11
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim! – o marido respondeu.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo
de ouro. Vai que o marido disse:
- Pra que esse luxo de dar milho para a galinha? Ela que cate o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro? – a mulher perguntou.
- Bota sim! – o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias
a galinha botava um ovo de ouro. Um dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi
embora e não voltou mais. Dizem, eu não sei, que ela agora está numa casa onde tratam
dela a pão-de-ló.
Reflita: De que trata o texto? Estará a autora falando de galinha? Preocupada com a
sua alimentação? Ou esses são elementos figurativos e se referem ao homem e às
relações humanas? Quantos exemplos na nossa própria vida podem comparar ao
descrito no texto? É disso que falamos em relação a elementos figurativos. Porém, há
também textos que podem ser temáticos, aqueles que exploram temas abstratos.
Vejamos como tratar o texto “O homem e a galinha” do ponto de vista temático. Muitas
vezes o homem não se dá conta da importância que têm as pessoas em suas vidas, por
vezes as exploram ou não lhes dão o devido valor. Mas, o tempo pode levar aquele que
não é reconhecido ou que é explorado a ter seu valor reconhecido por outra pessoa. Só
então, aquele que explorou verá o erro que cometeu.
►Textos não verbais: Os textos não-verbais podem também ser dominantemente
figurativos (as fotos, a escultura clássica) ou não-figurativos e abstratos. Neste caso não
pretendem simular elementos do mundo real.
Caro aluno vejamos as especificidades da leitura de texto verbal e não-verbal.
O texto verbal: a palavra e suas figuras: aliteração, rima, ritmo, assonância, a escolha
lexical etc. Veja a poesia que concretiza uma Maria fumaça, tente perceber, caro aluno,
a maneira como as palavras estão dispostas e a clara intenção dos autores em trazer a
nossa lembrança o som, a imagem de um trem e o percurso que ele faz.
12
Trem de ferro (fragmento)
Café com pão
 Tom Jobim e Manuel Bandeira
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força.
Vamos agora as especificidades do texto não verbal. As imagens que seguem são
do genial Charles Chaplin, que provavelmente você conhece e também a sua
personagem Carlitos. Essas imagens podem levá-lo ao contexto de sua época, mas
também pode possibilitar que você faça outras comparações, que recorra ao seu arquivo
mental, seu repertório e seu conhecimento de mundo. 
Dessa forma você já percebeu que podemos nesse texto não verbal fazer
diferentes leituras, mas provavelmente elas terão algo em comum.
13
UNIDADE III: NOÇÕES DE TEXTO: UNIDADE DE SENTIDO
Considerações sobre texto.
A revista Veja de 1º de junho de 1988, em matéria publicada nas páginas 90 e
91, traz uma reportagem sobre um caso de corrupção que envolvia, como suspeitos,
membros ligados à administração do governo do Estado de São Paulo e dois cidadãos
portugueses dispostos a lançar um novo tipo de jogo lotérico, designado pelo nome de
“Raspadinha”. Entre os suspeitos figurava o nome de Otávio Ceccato, que, no momento,
ocupava o cargo de Secretário de Indústria e Comércio e que negava a sua participação
na negociata. 
O fragmento que vem a seguir, extraído da parte final da referida reportagem,
relata a resposta de Ceccato aos jornalistas nos seguintes termos:
Na sua posse como secretário de Indústria e Comércio, Ceccato, nervoso foi
infeliz ao rebater as denúncias. “Como São Pedro, nego, nego, nego”, disse a um grupo
de repórteres, referindo-se à conhecida passagem em que São Pedro negou conhecer
Jesus Cristo três vezes na mesma noite. Esqueceu-se de que São Pedro naquele
episódio, disse talvez a única mentira de sua vida. (Ano 20, 22:91.) 
Como se pode notar, a defesa do secretário foi infeliz e desastrosa, produzindo
efeito contrário ao que tinha em mente. 
A citação, no caso, ao invés de inocentá-lo, acabou por comprometê-lo. Ao citar
a passagem bíblica, o acusado esqueceu-se de que ela fez parte de um texto e, em
qualquer texto, o significado das frases não é autônomo. 
Desse modo, não se pode isolar frase alguma do texto e tentar-lhe conferir o
significado que se deseja.
Primeira consideração: O texto não é um aglomerado de frases
Observe agora o seguinte texto:
No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckey Jr. Entrou
numa loja de armas de Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo com
endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com a Saturday Night Special – nome
criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e de baixa
qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou
uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz,
James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso a uma
cadeira de rodas. (...)
Seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento
contra o risco de vender arma para qualquer pessoa indiscriminadamente.
Para comprovar essa constatação, basta pensar que os fabricantes de revólveres,
se pudessem, não permitiriam a veiculação dessa notícia. 
O exemplo escolhido deixa claro que qualquer texto, por mais objetivo e neutro
que pareça, manifesta sempre um posicionamento frente a uma questão qualquer posta
em debate.
Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro de um
debate de escala mais ampla.
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Conclusão:
a) Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos isolados do texto,
já que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto
dentro do qual se encaixam.
b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento
contido por trás do texto, já que sempre se produz um texto para marcar
posição frente a uma questão qualquer.
Leia o texto abaixo e considere as possíveis leituras:
Urubus e sabiás - Rubem Alves
"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus,
aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo
contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram
escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir
diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais
importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles
organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho,
instrutor eminício de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos
chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da
hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos
tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos
urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos,
sabiás e canários para um inquérito.
— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam
perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam
passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram
um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...
— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.
E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem
alvarás...
MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."
O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos
Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81.
15
UNIDADE IV: TEXTOS ORAIS E TEXTOS ESCRITOS
Textos orais e textos escritos
A interação pela linguagem materializa-se por meio de textos, sejam eles orais
ou escritos. É relevante, no entanto, reconhecer que fala e escrita são duas modalidades
de uso da língua que, embora se utilizem do mesmo sistema linguístico, possuem
características próprias. 
As duas não têm as mesmas formas, a mesma gramática, nem os mesmos recursos
expressivos. Para a compreensão dos problemas da expressão e da comunicação verbais,
é necessário evidenciar essa distinção.
Para dar início às suas reflexões, leia o texto de Millôr Fernandes, a seguir:
A vaguidão específica
“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago específica.”
 (Richard Gehman)
- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com
elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou
para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a
entrada e ele reclama como na outra noite.
- Está bem, vou ver como.
FERNANDES, Millôr. Trinta anos de mim mesmo. São Paulo, Círculo do Livro, 1976,
p.77.)
No texto, o autor revela ironia ao atribuir às mulheres o falar de modo vago e por meio
de elipses. No entanto, tais características são próprias do texto oral, em que a interação
face a face permite que os interlocutores, situados no mesmo tempo e espaço,
preencham as lacunas ali existentes, já que ambos, ancorados em dados do contexto e no
conhecimento partilhado que possuem, são capazes de compreender e produzir sentido
ao que se diz. 
Em nossa sociedade, fundamentalmente oral, convivemos muito mais com textos
orais do que com textos escritos. Todos os povos, indistintamente, têm ou tiveram uma
tradição oral e relativamente poucos tiveram ou têm uma tradição escrita.
16
No entanto, isso não torna a oralidade mais importante que a escrita. Mesmo que
a oralidade tenha uma primazia cronológica sobre a escrita, esta, por sua vez, adquire
um valor social superior à oralidade.
A escrita não pode ser tida como representação da fala. Em parte, porque a
escrita não consegue reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade, tais como a
prosódia, a gestualidade, os movimentos do corpo e dos olhos, entre outros. Ela
apresenta, ainda, elementos significativos próprios, ausentes na fala, tais como o
tamanho e o tipo de letras, cores e formatos, sinais de pontuação e elementos pictóricos,
que operam como gestos, mímica e prosódia graficamente representadas. 
Observe a transcrição de um texto falado, retirado de uma aula de História
Contemporânea, ministrada no Rio de Janeiro, no final de década de 70. 
Procure ler o texto seguinte como se você estivesse “ouvindo a aula”.
... nós vimos que ela assinala... como disse o colega aí,,, a elevação da sociedade
burguesa... e capitalista... ora... pode-se já ver nisso... o que é uma revolução... uma
revolução significa o quê? Uma mudança... de classe... em assumindo o poder... você vê
por exemplo... a Revolução Francesa... o que ela significa? Nós vimos... você tem uma
classe que sobe... e outra classe que desce... não é isso? A burguesia cresceu... ela ...a
burguesia possuía... o poder... econômico... mas ela não tem prestígio social... nem
poder político... então... através desse poder econômico da burguesia... que controlava o
comércio... que tinha nas mãos a economia da França... tava nas mãos da classe
burguesa... que crescera... desde o século quinze... com a Revolução Comercial... nós
temos o crescimento da classe burguesa... essa burguesia quer... quer... o poder...ela
quer o poder político... ela que o prestígio social... ela quer entrar em Versalhes... então
nós vamos ver que através... de uma Revolução...ela vai... de forma violenta... ela vai
conseguir o poder... isso é uma revolução porque significa a ascensão de uma classe e a
queda de outra... mas qual é a classe que cai? É a aristocracia... tanto que... o Rei teve a
cabeça cortada... não é isso?
(Dinah Callou (org.). A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro – materiais
para seu estudo. Elocuções formais. Rio de Janeiro, Fujb, 1991, p. 104-105) 
É possível notar que o texto é bastante entrecortado e repetitivo, apresenta
expressivas marcas de oralidade e progride apoiando-se em questões lançadas aos
interlocutores, no caso, aos alunos. Isso não significa que o texto falado é, por sua
natureza, absolutamente caótico e desestruturado. Ao contrário, ele tem uma
estruturação que lhe é próprio, ditada pelas circunstâncias sócio-cognitivas de sua
produção. 
No entanto, tais características, próprias do texto oral, são consideradas
inapropriadas para o texto escrito. E por quê? Para entender essa questão, inicialmente,
faz-se necessário observar a distinção entre essas duas modalidades de uso da língua,
proposta por Marcuschi (2001:25). Para o autor a fala seria uma forma de produção
textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral. 
É caracterizada pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente
articulados e significativos, bem como os aspectos prosódicos e recursos expressivos
como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mímica. Já a escrita, por sua vez,
seria um modo de produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas
especificidades materiais e se caracterizaria por sua constituição gráfica, embora
envolva também recursos de ordem pictórica e outros. 
17
Pode manifestar-se, do ponto de vista de sua tecnologia, por unidades alfabéticas
(escrita alfabética), ideogramas (escrita ideográfica) ou unidades iconográficas. Trata-se
de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.
De modo geral, discute-se que ambas apresentam distinções porque diferem nos
seus modos de aquisição, nas suas condições de produção, na transmissão e recepção,
nos meios através dos quais os elementos de estrutura são organizados.
Para Koch (2002), entre ascaracterísticas distintivas mais frequentemente
apontadas entre as modalidades falada e escrita estão as seguintes:
Fala Escrita
1. Contextualizada. 1. Descontextualizada.
2. Não-planejada. 2. Planejada.
3. Redundante. 3. Condensada.
4. Fragmentada. 4. Não-fragmentada.
5. Incompleta. 5. Completa.
6. Pouco elaborada. 6. Elaborada.
7. Predominância de frases curtas,
simples ou coordenadas. 7. Predominância de frases complexas,
 com subordinação abundante.
8. Pouco uso de passivas. 8. Emprego frequente de passivas.
9. Pouca densidade informacional. 9. Densidade informacional.
10. Poucas nominalizações. 10. Abundância de nominalizações.
11. Menor densidade lexical. 11. Maior densidade lexical.
Vamos esclarecer passo a passo essas diferenças entre a fala e a escrita,
lembrando sempre que a linguagem escrita e a oral não são modalidades prontas,
estanques, estão em constante evolução. Mas não se pode desconsiderar as
particularidades de cada uma. A oralidade possui recursos diferentes da escrita, como
veremos a seguir. É certo que ninguém escreve exatamente como fala, são processos
diferentes em condições de produção diferentes. Devemos ter em mente que aspectos
como: o contexto, o assunto tratado e a intenção de quem produz o texto, seja ele oral
ou escrito são diferentes, mas ambas, oralidade e escrita são parte da linguagem humana
e da necessidade de comunicação que acompanha o homem desde sua origem.
1.Contextualizada/descontextualizada: durante a conversa existe um contexto que é
do conhecimento do falante, eles se entendem até mesmo pelo olhar, quanto à escrita, se
esta não for clara o leitor provavelmente não entenderá o que o autor quis dizer.
2.Não planejada/planejada: a fala tem a característica da espontaneidade, de poder
dizer novamente se algo ficou ambíguo ou mal entendido. Quanto à escrita, precisa ser
planejada, pode se fazer a reescrita caso algum enunciado não fique claro, pois, depois
que o texto está nas mãos do leitor é impossível desfazer o que foi escrito, salvo pelas
ERRATAS que muitas vezes vemos em trabalhos, revistas ou jornais.
3.Redundante/condensada: na oralidade um fato comum é a ênfase que muitas vezes
leva os falantes à repetição. Porém, na escrita, o texto precisa ser mais enxuto, não deve
ser repetitivo e as idéias necessariamente expostas com clareza.
4.Fragmentada/não fragmentada: a oralidade se caracteriza por frases entrecortadas,
espaçamentos entre as ideias, a escrita exige uma linearidade textual e o uso dos sinais
de pontuação, como as reticências, exclamações para passar para o leitor a intenção do
seu texto.
18
5.Incompleta/completa: a fala pode ser muitas vezes incompleta pela própria
cumplicidade que existe entre os falantes, muitas vezes sem dizer eles sabem o que seu
interlocutor está pensando. Quanto à escrita, já sabemos da necessidade da clareza na
exposição das ideias e do dos fatos.
6.Pouco elaborada/elaborada: devido ao caráter informal da fala, esta não necessita de
excessivos cuidados com a norma culta da língua, salvo em situações de formalidade
como: palestra, discurso, entre outras. A escrita deve, obrigatoriamente seguir a norma
culta, a gramática, porém existem situações como cartas familiares, bilhetes que podem
abrir mão da formalidade. 
7.Predominância de frases curtas, simples ou coordenadas/predominância de
frases complexas, com subordinação abundante: na oralidade predomina o período
coordenado pois possui como característica uma ordenação de idéias sem muita
inversão das orações, diferente do que acontece no período subordinado.
8.Pouco uso de passivas/emprego frequente de passivas: a voz usada na oralidade
tem a predominância dos tempos simples da voz ativa enquanto que os tempos
compostos, usos de auxiliares são características mais comuns na voz passiva e,
portanto, mais freqüentes na escrita.
9.Pouca densidade informacional/densidade informacional: como já foi explicado, o
que caracteriza a oralidade é o seu caráter informal e o fato de os interlocutores
partilharem o conhecimento, enfim, saberem do que estão falando. Já a escrita precisa
ser densa no que diz respeito às informações, porque não existe a situação face a face da
oralidade, na escrita o seu interlocutor está distante e você muitas vezes não o conhece.
10.Poucas nominalizações/abundância de nominalização: a ocorrência da
nominalização se dá no vocabulário, é comum na escrita não repetir palavras ou
estruturas sintáticas, fato que na oralidade se dá com muita frequência.
11.Menor densidade lexical/maior densidade lexical: na oralidade, praticamente, não
existe a preocupação da variedade do vocabulário, porém, devemos lembrar sempre do
grau de formalidade que envolve a conversação. Na escrita existe uma preocupação com
o vocabulário variado e conservador, também, dependendo do grau de formalidade do
texto. 
Façamos agora, caro aluno, uma reflexão. Essas diferenças nem sempre
distinguem as duas modalidades. Isso porque se verifica, por exemplo, que há textos
escritos muito próximos ao da fala conversacional (bilhetes, recados, cartas familiares,
por exemplo), e textos falados que mais se aproximam da escrita formal (conferências,
entrevistas profissionais, entre outros). Atualmente, pode-se conceber o texto oral e o
escrito como atividades interativas e complementares no contexto das práticas culturais
e sociais.
Nesse sentido, a oralidade e escrita são práticas e usos da língua com
características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas
linguísticos distintos. Ambas permitem a construção de textos coesos e coerentes, a
elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais e informais, variações
estilísticas, sociais e dialetais.
Cabe lembrar, finalmente, que em situações de interação face a face, o locutor
que detém a palavra não é o único responsável pelo seu discurso. Trata-se, como bem
mostra Marcuschi (1986), de uma atividade de co-produção discursiva, visto que os
interlocutores estão juntamente empenhados na produção do texto.
19
UNIDADE V: Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico,
literário, publicitário entre outros;
TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS
 1.TEXTO NARRATIVO
 O texto narrativo é o mais conhecido e universalmente apreciado – todos ouvimos
histórias, contamos histórias, conhecemos romances e novelas, livros policiais e de
aventura.
 Pense nos textos narrativos mais usados nos primeiros anos da escola – a história do
Pequeno Polegar, Branca de Neve, da Emília no Sítio do Picapau Amarelo, a fábula do
Lobo e o Cordeiro ou ainda a lenda sobre a origem da lua, das estrelas ou da mandioca.
 O texto narrativo pode ser literário ou não-literário. Ele é literário quando se
aproxima da função expressiva – embora o valor literário do texto possa ser maior ou
menor.
 Mas um texto narrativo também pode ser não literário, como no caso de notícias,
cartas pessoais, bilhetes etc. O texto deixa de ser literário quando se aproxima da função
informativa.
1.1 Gênero Conto Tradicional
 Os contos tradicionais, ou populares, são antigos gêneros literários orais, de origem
popular. Eles não têm autores, pois surgiram de pessoas comuns e foram contados ou
recontados por pessoas diversas, em lugares e épocas diferentes.
 Estrutura:
 Situação inicial: Era umavez... o conto tradicional apresenta o personagem
principal (herói) e o conflito que esse personagem vai viver na história. 
 Conflito: os problemas ou dificuldades a serem superados. 
 Enredo: o personagem precisa vencer obstáculos e enfrentar situações de perigo
para conseguir resolver o conflito. 
 Tendência à magia: para resolver o conflito, o personagem esbarra com
elementos mágicos, representados por fadas madrinhas, varinhas de condão,
maçãs envenenadas,etc. 
 Desfecho: E viveram felizes para sempre... 
 O Conto Tradicional deve:
- ser de tradição oral (não tem autor);
- tratar de temas universais;
- apresentar tempo e lugar indeterminados;
- ter um herói (ou heroína) que enfrenta perigos;
- ter um final feliz.
1.2 Gênero Conto de Fadas
 A palavra “fada” é originária do latim “fatum”, que por sua vez vem do grego e
significa “coisa que brilha”. A característica mais importante das fadas é o
encantamento. Foi esse encantamento que transformou os contos populares em um tipo
de texto pertencente ao reino maravilhoso. Isto é, o conto de fadas é um tipo de conto
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popular, porém com características predominantemente fantásticas, que rompem com o
real e utilizam elementos mágicos.
 Estrutura
 Espaço: as situações reproduzidas nessas narrativas acontecem num espaço regido
por leis sobrenaturais, comumente bosques e florestas.
 Tempo: o tempo é irrelevante, pois tudo acontece de repente e a duração dos
acontecimentos não é medida.
 Personagens: esse é um mundo dos seres maravilhosos: fadas, anões, magos, bruxas,
gigantes, gênios, duendes e outros criados pela imaginação e atribuído à natureza.
 Enredo: os conflitos são provocados por uma intenção maldosa contra uma pessoa
de bem e só se resolvem pelo encantamento.
 Desfecho: no final da história, a virtude triunfa e o ser malévolo é impiedosamente
castigado. Assim, tudo termina num final feliz.
 A diferença entre os contos populares, é que, nos contos de fadas, a solução do
conflito é provocada por uma ação mágica.
 O Conto de Fadas deve:
- ser de tradição oral (não tem autor);
- tratar de temas universais;
- acontecer num espaço regido por leis sobrenaturais;
- apresentar tempo indeterminado;
- ter um herói (ou heroína) que enfrenta seres malévolos;
- ter um final feliz.
 1.3 Gênero Fábula
 As fábulas pertencem ao grupo de histórias criadas pela tradição oral – junto com os
contos de fadas, lendas e mitos. As fábulas são histórias curtas, geralmente utilizam o
diálogo entre os personagens. Os personagens geralmente são animais. Toda fábula tem
uma moral. 
 
ESTRUTURA 
 Histórias curtas: há um só conflito; isso resulta numa narrativa concisa e sóbria.
 Diálogo: no que se refere à linguagem, a fábula é objetiva. Daí ter pouca descrição e
muito diálogo.
 Personagens: os animais são usados como personagens. Eles representam virtudes,
defeitos e características dos seres humanos.
 Moral: as fábulas terminam sempre com a apresentação de uma moral, que resume a
ideia principal da história.
 A Fábula deve:
- tratar de temas universais;
- ser uma história curta;
- ter animais como personagens (que simbolizem virtudes humanas);
- ter o predomínio de diálogos;
- terminar com uma moral (geralmente na forma de um provérbio). 
A fábula é das mais antigas narrativas, coincidindo seu aparecimento, segundo alguns
estudiosos, com o da própria linguagem. No mundo ocidental, o primeiro grande nome
da fábula foi Esopo, um escravo grego que teria vivido no século VI a.C.
Modernamente, muitas das fábulas de Esopo foram retomadas por La Fontaine, poeta
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francês que viveu de 1621 a 1695. O grande mérito de La Fontaine reside no apurado
trabalho realizado com a linguagem, ao recriar os temas tradicionais da fábula. No
Brasil, Monteiro Lobato realizou tarefa semelhante, acrescentando, às fábulas
tradicionais, curiosos e certeiros comentários dos personagens que viviam no Sítio do
Picapau Amarelo. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula
recebe a denominação de apólogo
1.4 Gênero Lenda 
 A característica das lendas é a mistura entre algo real - um acontecimento sobre a
vida de uma pessoa ou de um povo – e o fantástico, uma explicação fantasiosa,
milagrosa ou imaginária usada para explicar e valorizar o fato ou personagem da lenda.
 ESTRUTURA
Tradição oral: por isso tem autor desconhecido.
Tempo: geralmente, não fazem referência a um tempo, exceto para situar o contexto
(gregos, fundação de Roma, povos indígenas).
Histórias curtas: escritas em linguagem direta e simples.
Personagem: diferentemente do conto popular e da fábula, os seres humanos são os
protagonista.
 Enredo: o ponto central de interesse é o caráter explicativo – o que se quer contar sobre
uma pessoa, animal ou fenômeno – e qual a natureza a explicação. A lenda sempre está
relacionada a algo real – origem da mandioca, do trovão etc.
 A Lenda deve ser:
- de tradição oral (não tem autor);
- uma história curta;
- explicativa (explicar a origem das coisas);
- contada com linguagem simples e direta.
 1.5 Gênero Mitos Brasileiros
 A palavra mito significa crença. Mas não se trata de qualquer crença. Trata-se de
uma crença usada para entender e explicar o mundo, o que acontece na natureza. E,
geralmente, são explicações baseadas em eventos sobrenaturais ou seres extraterrenos,
como deuses, pessoas ou animais com poderes mágicos.
 ESTRUTURA
Tradição oral: por isso tem autor desconhecido.
Tempo: não fazem referência a um tempo.
Histórias curtas: escritas em linguagem direta e simples.
Personagem: o ponto central de interesse é o personagem em si, que se reveste de
importância, pois mostra a imaginação popular e sua criatividade no que se refere à
criação da ficção.
 Enredo: diferentemente de outras narrativas tradicionais de origem oral, esses textos
destacam personagens fantásticos, dotados de poderes sobrenaturais para o bem ou para
o mal, que despertem medo nas pessoas; não raro, esses seres desempenham um papel
importante na natureza.
O Mito deve:
- ser de tradição oral (não tem autor);
- ter seres fantásticos com poderes sobrenaturais;
- ser uma história curta;
- descrever os personagens;
- ter personagens que desperte medo nas pessoas;
- ter linguagem simples e direta.
22
 1.6 Gênero Conto Moderno
 O conto – contar uma história – é a forma mais tradicional e popular de escrita. Há
vários tipos de conto. Uma forma é classificá-los em modernos e tradicionais.
 Os contos modernos, ou literários, começaram a ser escritos a partir do século XIV.
Essa tendência começou com um escritor chamado Boccaccio, que escreveu os contos
de Decamerão.
 Diferentemente dos contos tradicionais, o conto moderno tem um autor, não é fruto
da imaginação coletiva, a linguagem é própria do autor e o estilo varia de acordo com o
autor.
 ESTRUTURA
 Personagens: são, em geral, em número reduzido e suas características são pouco
detalhadas.
 Conflito: é o motivo pelo qual o(s) personagem(s) encontra(m)-se em determinada
situação. 
Ambiente: nesse gênero, a história costuma acontecer num ambiente único.
 O Conto Moderno deve ter:
- um autor;
- um narrador na 1ª ou 2ª pessoa;
- curta duração (ser uma história pequena);
- uma linguagem econômica;
- poucos personagens;
- o predomínio de diálogos.
 1.7 Gênero Crônica
 A popularização da crônica como gênero literário é relativamente recente no Brasil.
Data da segunda metade do século XIX.
 ESTRUTURA
 A crônica possui características gerais de um texto narrativo, mas tem características
próprias:
Introdução: por ser inspirada em acontecimentos reais, a crônica apresenta uma situação
do cotidiano, que passadespercebida pelo cidadão comum.
Enredo: muitas crônicas exploram bastante o humor, mas um tipo de humor baseado em
situações banais, porém tensas. Há sempre um conflito, uma situação embaraçosa,
inesperada que cria uma perplexidade na pessoa envolvida.
Desfecho: a crônica termina, em geral, com um final surpreendente.
 Narrador: normalmente, a crônica é narrada na 1ª pessoa, ou seja, a história é contada
por algum personagem.
 A crônica deve ter;
- um autor;
- curta duração;
- poucos personagens;
- uma situação real do cotidiano;
- um narrador na 1ª pessoa (na maioria das vezes);
- uma linguagem econômica, situada entre a linguagem oral e literária;
- linguagem mesclada de seriedade, crítica e humor;
- um final surpreendente.
Exemplo de crônica:
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Para Que Ninguém A Quisesse.
Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a
bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção,
e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos
altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as jóias. E vendo que,
ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e
tosquiou-lhe os longos cabelos.
Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum
se interessava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava
sair. 
Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que
fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da
mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.
Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do
bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.
Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe
agradar. Largou o tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela
casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.
(Colasanti, Marina. Para que ninguém a quisesse. In: Contos de Amor Rasgados, Rio 
de Janeiro, Rocco, 1986. p. 111-2.) 
 2- TEXTO INFORMATIVO.
 Um texto informativo fornece informações, fatos e dados a respeito de um
determinado assunto. Eles nos dão informações a respeito de aspectos da vida ou do
mundo. Textos informativos são essenciais para desenvolvermos o conhecimento das
coisas, do mundo, das disciplinas científicas, dos assuntos tratados na escola.
 2.1- Gênero Definição 
 Definições constituem um dos tipos de conhecimento mais importantes no currículo
escolar. É por meio de conceitos precisos que o aluno pode adquirir novos
conhecimentos, estabelecer relações entre diversos objetos ou conceitos.
 Definir é dizer as características essenciais e específicas de alguma coisa, de modo que
a torne inconfundível com outra.
 Uma definição pode ser:
 - Dizer o que é;
 - Descrever (dizer como é);
 - Dizer a função;
 - Sinônimo;
 - Antônimo.
 2.2- Gênero Descrição
 A descrição constitui tarefa entre as mais importantes no contexto escolar e também
em nosso cotidiano.
 ESTRUTURA
 Espacial: os elementos são organizados no espaço. Por tanto é necessário usar locuções
que indicam a localização: ao lado, abaixo, acima etc.
 Temporal: os elementos são organizados no tempo. Assim é muito comum utilizar
termos como: primeiro, segundo, depois etc.
 Uma Descrição deve ter:
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 - uma organização espacial ou temporal;
 - uma linguagem com: substantivos precisos; muitos adjetivos.
 2.3 – Gênero Informativo:
 Todo texto é informativo, pois sempre informa alguma coisa ao leitor. Contudo, há
um gênero de texto que é mais especificamente voltado para o objetivo de informar com
precisão. O texto informativo apresenta muitas e variadas informações sobre um objeto,
um acontecimento ou aspecto da realidade.
 Distinções Importantes:
 Texto Informativo e texto instrucional: a diferença básica entre esses dois gêneros
está no objetivo. Enquanto um tem por objetivo informar o outro vai além: informa
e ensina. 
 Texto informativo e notícia: a diferença básica entre esses dois gêneros está em que
a notícia é um relato de fatos e acontecimentos atuais, de interesse e importância
para a comunidade e fácil de ser compreendido pelo público. 
 Texto informativo e texto de ficção: a diferença básica entre esses dois gêneros está
no fato de o texto informativo ter estreita relação com a realidade, enquanto os de
ficção não têm esse compromisso. 
 Texto informativo e texto descritivo: no texto informativo há informações sobre os
vários aspectos do objeto ou acontecimento, ao passo que no texto descritivo a
ênfase é na apresentação do COMO é um objeto, pessoa ou paisagem. 
 Um texto Informativo deve ter:
- um conteúdo bem organizado;
- uma organização cronológica, lógica ou por importância;
- uma linguagem clara e precisa;
- gráficos, ilustrações e referências relevantes;
- vocabulário de acordo com o público a que se destina;
- informações sobre o quê, quem, quando, onde, como e por quê.
 3- TEXTO PERSUASIVO.
 Textos persuasivos, também chamados de argumentativos, são muito comuns em
nosso dia a dia. O texto persuasivo é aquele cuja intenção é persuadir, ou seja,
convencer.
 3.1- Folheto:
 Os folhetos são usados para apresentar uma ideia, convencer alguém sobre alguma
coisa, para levar as pessoas a mudar de atitude ou comportamento sobre hábitos de
higiene, prevenção de doenças etc. ou para decidir onde passar as férias.
 Um Folheto deve ter:
 - um público alvo bem definido;
 - um objetivo bem definido (convencer alguém de algo);
 - um formato próprio (pequeno, muitas vezes dobrável);
 - uma linguagem que ajuda a convencer, persuadir;
 - se possível ou adequado: figuras e ilustrações.
 3.2 – Anúncio:
 Um anúncio é um texto que utiliza palavras, imagens, música, recursos audiovisuais
e efeitos sonoros e luminosos para atrair o consumidor, comunicando-lhe a existência,
as qualidades e os supostos ou reais benefícios de um determinado produto ou serviço.
 Um Anúncio deve ter:
 - um público alvo bem definido;
 - um objetivo bem definido (convencer alguém de algo);
 - um slogan;
25
 - uma linguagem atrativa, que ajuda a convencer, persuadir;
 - uma linguagem adequada ao público alvo;
 - ilustrações: desenhos ou fotos.
4- TEXTO DE PROCEDIMENTO.
 Um texto de procedimento explica como proceder, como fazer. O texto de
procedimento é um texto com função diretiva, ele tem uma intenção comunicativa clara:
dizer o que fazer e orientar sobre a maneira de fazer algo, realizar uma determinada
tarefa.
4.1- Gênero Formulários;
 Formulários são textos destinados a recolher e armazenar informações específicas.
 Um Formulário deve: 
 - recolher e armazenar informações;
 - ter um roteiro a ser seguido;
 - ter campo a serem preenchidos;
 - ter uma linguagem clara e precisa;
 - ser esquemático, com as informações bem organizadas.
 4.2 – Gênero Instruções:
 Instruções, orientações, modos de uso, bulas, receitas, regras e procedimentos –
esses são alguns dos muitos exemplos do gênero “instruções”.
 Uma Instrução deve ter:
 - ordenação passo a passo;
 - uma linguagem clara e precisa;
 - verbos no infinitivo ou imperativo;
 - um formato organizado em tópicos;
 - às vezes, outras informações: material necessário, descrição do objeto.
 A instrução para JOGOS deve ter:
 - objetivo, regras, descrição do material, número e tipo de participantes.
 4.3 – Gênero Normas e Combinados:Normas e combinados são um tipo de regra, pois determinam princípios a serem
seguidos em situações específicas. Todos eles têm a função de regular o funcionamento
de alguma coisa ou as atitudes de alguém.
 As Normas e Combinados devem ter:
 - Caráter regulador;
 - Linguagem: clara e objetiva; genérica, que possa abarcar o maior número de
situações.
 5 – TIPO POESIA.
 A poesia é o tipo mais elaborado de textos literários. E também a mais difícil de ser
incluída em qualquer tipologia de classificação. Em tudo pode haver poesia – num
bilhete, numa carta, num acróstico, numa descrição, ou até mesmo numa foto, expressão
facial ou num gesto. O poema é apenas uma das formas de expressão da poesia.
 5.1 – Poema:
 O poema é considerado a semente de toda a literatura, ou seja, tudo indica que a
literatura começou em forma de poema; pois é o gênero mais antigo de que se tem
notícia.
 ESTRUTURA
 Verso: cada linha do poema. Dependendo do número de sílabas métricas, os
versos recebem nomes especiais, como por exemplo, os versos de cinco sílabas
métricas, conhecidos como redondilhas menores, ou os de sete, conhecidos
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como redondilhas maiores, ou ainda os de doze sílabas, os famosos
alexandrinos. 
Estrofe: cada bloco dos versos. 
 Forma fixa: dependendo do número e do tipo de estrofes, os poemas recebem
nomes especiais. O soneto é a forma fixa mais conhecida, na língua portuguesa
foi imortalizado por Camões. O soneto é um poema cuja forma consiste em dois
quartetos e dois tercetos, nessa ordem. 
 Mas além dos sonetos, houve muitas composições de forma fixa que fizeram
grande sucesso durante longo tempo, são exemplos: acalantos, acrósticos,
baladas etc.
 Métrica: o número de sílabas métricas de cada linha ou verso obedece a algumas
regras. 
 Rima: recurso que consiste em usar palavras que terminam de forma semelhante,
quase sempre no final dos versos. As rimas podem ser paralelas, quando
aparecem seguidas (geralmente em versos seguidos) ou intercaladas, quando
aparecem alternadas com outras rimas. 
 
 Exemplo de poesia:
 Soneto do amor total
 
 Amo-te tanto meu amor... não cante
 O humano coração com mais verdade...
 Amo-te como amigo e como amante
 Numa sempre diversa realidade.
 Amo-te enfim, num calmo amor prestante
 E te amo além, presente na saudade.
 Amo-te, enfim, com grande liberdade
 Dentro da eternidade e a cada instante.
 
 Amo-te como um bicho, simplesmente
 De um amor sem mistério e sem virtude
 Com um desejo maciço e permanente.
 
 E de te amar assim, muito e amiúde
 É que um dia em teu corpo de repente
 Hei de morrer de amar mais do que pude.
 (Vinícius de Moraes)
Texto extraído e adaptado do livro: Usando textos na sala de aula: Tipos e Gêneros
textuais – João Batista Araújo e Oliveira; Juliana Cabral Junqueira de Castro.
27
UNIDADE VI: Interpretação de textos diversos e de assuntos da atualidade;
As questões a seguir são retiradas do ENADE 2008 e 2006.
QUESTÃO 1
O escritor Machado de Assis (1839-1908), cujo centenário de morte está sendo celebrado no
presente ano, retratou na sua obra de ficção as grandes transformações políticas que
aconteceram no Brasil nas últimas décadas do século XIX.
O fragmento do romance Esaú e Jacó, a seguir transcrito, reflete o clima político-social vivido
naquela época.
Podia ter sido mais turbulento. Conspiração houve, decerto, mas uma barricada não faria mal.
Seja como for, venceu-se a campanha. (...) Deodoro é uma bela figura. (...)
Enquanto a cabeça de Paulo ia formulando essas ideias, a de Pedro ia pensando o contrário;
chamava o movimento um crime.
— Um crime e um disparate, além de ingratidão; o imperador devia ter pegado os principais
cabeças e mandá-los executar.
ASSIS, Machado de, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Esaú e Jacó In Obra completa 1979. v. 1,
cap. LXVII (Fragmento
Os personagens a seguir estão presentes no imaginário brasileiro, como símbolos da Pátria.
I. 
 
Disponível em:
www.morcegolivre.vet.br
II.
 
III.
IV.
LAGO, Pedro Corrêa do; 
BANDEIRA, Júlio. Debret
e o Brasil: Obra completa 1816-
1831. Rio de Janeiro: Capivara, 
2007, p. 78.
V.
 
LAGO, Pedro Corrêa do; 
BANDEIRA, Júlio. Debret
e o Brasil: Obra completa 1816-
1831. Rio de
Janeiro: Capivara, 2007, p. 78.
28
QUESTÃO 2
CIDADÃS DE SEGUNDA CLASSE?
As melhores leis a favor das mulheres de cada país-membro da União Européia estão
sendo reunidas por especialistas. O objetivo é compor uma legislação continental capaz
de contemplar temas que vão da contracepção à equidade salarial, da prostituição à
aposentadoria. Contudo, uma legislação que assegure a inclusão social das cidadãs deve
contemplar outros temas, além dos citados.
São dois os temas mais específicos para essa legislação:
A aborto e violência doméstica.
B cotas raciais e assédio moral.
C educação moral e trabalho.
D estupro e imigração clandestina.
E liberdade de expressão e divórcio.
QUESTÃO 3
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), talvez o pensador moderno mais
incômodo e provocativo, influenciou várias gerações e movimentos artísticos. O
Expressionismo, que teve forte influência desse filósofo, contribuiu para o pensamento
contrário ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, através do embate entre a
razão e a fantasia.
As obras desse movimento deixam de priorizar o padrão de beleza tradicional para
enfocar a instabilidade da vida, marcada por angústia, dor, inadequação do artista diante
da realidade.
Das obras a seguir, a que reflete esse enfoque artístico é:
a)
 
Homem idoso na poltrona
Rembrandt van Rijn – Louvre, Paris.
Disponível em: http://www.allposters.com
B) 
Figura e borboleta
Milton Dacosta
Disponível em: http://www.unesp.br
C)
O grito – Edvard Munch – Museu Munch, Oslo
Disponível em: http://members.cox.net
D) 
Menino mordido por um lagarto
Michelangelo Merisi (Caravaggio)
National Gallery, Londres
Disponível em: http://vr.theatre.ntu.edu.tw
E)
 
Abaporu – Tarsila do Amaral
Disponível em: http://tarsiladoamaral.com.br
QUESTÃO 4: INDICADORES DE FRACASSO ESCOLAR NO BRASIL
Observando os dados fornecidos no quadro, percebe-se:
 (A) um avanço nos índices gerais da educação no País, graças ao investimento aplicado
nas escolas.
(B) um crescimento do Ensino Médio, com índices superiores aos de países com
esenvolvimento semelhante.
(C) um aumento da evasão escolar, devido à necessidade de inserção profissional no
mercado de trabalho.
(D) um incremento do tempo médio de formação, sustentado pelo índice de aprovação
no Ensino Fundamental.
(E) uma melhoria na qualificação da força de trabalho, incentivada pelo aumento da
escolaridade média.
QUESTÃO 5
O tema que domina os fragmentos poéticos abaixo é o mar. Identifique, entre eles,
aquele que mais se aproxima do quadro de Pancetti.
(A) Os homens e as mulheres
adormecidos na praia
que nuvens procuram
agarrar?
(MELO NETO, João Cabral de. Marinha.Os melhores poemas. São Paulo: Global,
1985.p. 14.)
(B) Um barco singra o peito
rosado do mar.
A manhã sacode as ondas
e os coqueiros.
(ESPÍNOLA, Adriano. Pesca. Beira-sol. Rio de Janeiro: TopBooks, 1997. p. 13.)
(C) Na melancolia de teus olhos
Eu sinto a noite se inclinar
E ouço as cantigas antigas
Do mar.
(MORAES,Vinícius de.Mar Antologia poética.25 ed. Rio de Janeiro:José
Olympio,1984.p. 93.)
(D) E olhamos a ilha assinalada
pelo gosto de abril que o mar trazia
e galgamos nosso sonosobre a areia
num barco só de vento e maresia.
(SECCHIN, Antônio Carlos. A ilha. Todos os ventos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2002. p. 148.)
(E) As ondas vêm deitar-se no estertor da praia larga...
No vento a vir do mar ouvem-se avisos naufragados...
Cabeças coroadas de algas magras e de estrados...
Gargantas engolindo grossos goles de água amarga...
(BUENO, Alexei. Maresia. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. p.
19.)
QUESTÃO 6
Tendo em vista a construção da idéia de nação no Brasil, o argumento da personagem
expressa:
(A) a afirmação da identidade regional.
(B) a fragilização do multiculturalismo global.
(C) o ressurgimento do fundamentalismo local.
(D) o esfacelamento da unidade do território nacional.
(E) o fortalecimento do separatismo estadual.
QUESTÃO 7
A formação da consciência ética, baseada na promoção dos valores éticos, envolve a
identificação de alguns conceitos como: “consciência moral”, “senso moral”, “juízo de
fato” e
“juízo de valor”. A esse respeito, leia os quadros a seguir:
Quadro I - Situação
Helena está na fila de um banco, quando, de repente, um indivíduo, atrás na fila, se
sente mal. Devido à experiência com seu marido cardíaco, tem a impressão de que o
homem está tendo um enfarto. Em sua bolsa há uma cartela com medicamento que
poderia evitar o perigo
de acontecer o pior.
Helena pensa: “Não sou médica devo ou não devo medicar o doente? Caso não seja
problema cardíaco o que acho difícil ele poderia piorar? Piorando, alguém poderá dizer
que foi por minha causa uma curiosa que tem a pretensão de agir como médica. Dou ou
não
dou o remédio?Oque fazer?”
Quadro II - Afirmativas
1-O “senso moral” relaciona-se à maneira como avaliamos nossa situação e a de nossos
semelhantes, nosso comportamento, a conduta e a ação de outras pessoas segundo
ideias como as de justiça e injustiça, certo e errado.
2-A “consciência moral” refere-se a avaliações de conduta que nos levam a tomar
decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas
perante os outros.
Qual afirmativa e respectiva razão fazem uma associação mais adequada com a situação
presentada?
(A) Afirmativa 1- porque o “senso moral” se manifesta como consequência da
“consciência moral”, que revela sentimentos associados às situações da vida.
(B) Afirmativa 1- porque o “senso moral” pressupõe um “juízo de fato”, que é um ato
normativo enunciador de normas segundo critérios de correto e incorreto.
(C) Afirmativa 1- porque o “senso moral” revela a indignação diante de fatos que
julgamos ter feito errado provocando sofrimento alheio.
(D) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” se manifesta na capacidade de deliberar
diante de alternativas possíveis que são avaliadas segundo valores éticos.
(E) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” indica um “juízo de valor” que define o
que as coisas são, como são e por que são.
QUESTÃO 8
Samba do Approach
Venha provar meu
brunch
Saiba que eu tenho
approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat
Eu tenho savoir-faire
Meu temperamento é
light
Minha casa é hi-tech
Toda hora rola um
insight
Já fui fã do Jethro Tull
Hoje me amarro no
Slash
Minha vida agora é cool
Meu passado é que foi
trash
Fica ligada no link
Que eu vou confessar,
my love
Depois do décimo drink
Só um bom e velho
engov
Eu tirei o meu green
card
E fui pra Miami Beach
Posso não ser pop star
Mas já sou um nouveau
riche
Eu tenho sex-appeal
Saca só meu
background
Veloz como Damon
Hill
Tenaz como Fittipaldi
Não dispenso um happy
end
Quero jogar no dream
team
De dia um macho man
E de noite uma drag
queen.
(Zeca Baleiro)
I - “(...) Assim, nenhum verbo importado é defectivo ou simplesmente irregular, e todos
são da primeira conjugação e se conjugam como os verbos regulares da classe.”
(POSSENTI, Sírio. Revista Língua. Ano I, n.3, 2006.)
II - “O estrangeirismo lexical é válido quando há incorporação de informação nova, que
não existia em português.” (SECCHIN, Antonio Carlos. Revista Língua, Ano I, n.3,
2006.)
III - “O problema do empréstimo linguístico não se resolve com atitudes reacionárias,
com estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à entrada de palavras e expressões
de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do
povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e
tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero
usuário de criações alheias.” (CUNHA, Celso. A língua portuguesa e a realidade
brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1972.)
IV - “Para cada palavra estrangeira que adotamos, deixa-se de criar ou desaparece uma
já existente.” (PILLA, Éda Heloisa. Os neologismos do português e a face social da
língua. Porto Alegre: AGE, 2002.)
O Samba do Approach, de autoria do maranhense Zeca Baleiro, ironiza a mania
brasileira de ter especial apego a palavras e a modismos estrangeiros. As assertivas que
se confirmam na letra da música são, apenas,
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) II e IV.
(E) III e IV.
UNIDADE VII; Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e
correção gramatical;
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS1
INTRODUÇÃO 
Nos quadrinhos acima, imagens e palavras são articuladas para compor a
unidade do texto. O leitor percebe que: 1) as imagens completam o sentido das palavras
e vice-versa; 2) há uma sequência do primeiro para o segundo quadrinho; 3) propõe-se
um conceito de família partilhado por muitas pessoas.
Trata-se de um texto misto - com imagens e palavras - que apresenta continuida-
de de sentido: a primeira colocação, "ser pai é... é.., será completada pelo quadrinho
final, em que o conceito de paternidade se traduz tanto pela fala da personagem, "...é ser
feliz", quanto pela imagem do pai com os filhos no colo, envoltos em pequenos co-
rações, num cenário doméstico em que a mãe, com expressão feliz, contempla o carinho
entre os membros da família.
Para compreender uma história em quadrinhos, ou HQ, o leitor tem de saber ler
e entender o que está escrito nos balões e, ao mesmo tempo, compreender a relação do
texto com as imagens. Além disso, deve ter um repertório ou conhecimento de mundo
que o leve a compreender as situações retratadas - no caso acima, um conceito de
família.
Como qualquer texto, a HQ deve apresentar lógica interna e coerência. A coe-
rência consiste na continuidade de sentido do texto, ou seja, para haver coerência, o
assunto tratado deve ser conduzido do início ao fim de modo progressivo, dando
unidade ao conjunto. A coerência não depende apenas do texto, mas também da in-
teração entre texto, autor e leitor, isto é, do conhecimento de mundo compartilhado
entre os interlocutores.
Alguns textos mesclam tipos diversos de linguagem, como as histórias em
quadrinhos, enquanto outros são compostos apenas por palavras: os textos verbais. O
texto verbal pode ser oral ou escrito e ter um ou mais de um autor. Mistos ou verbais,
os textos circulam em um contexto envolvendo interlocutores em permanente
interação, que travam um "diálogo' Esse diálogo pode ocorrer tanto entre interlocutores
que vivenciam algo no mesmo momento, por exemplo, conversam sobre um filme a
que acabaram de assistir; como também entre interlocutores situados em momentos
1 Texto extraído de GOLDSTEIN, Norma, LOUZADA, Maria Silvia e IVAMOTO, Regina. O texto sem 
mistério: leitura e escrita na universidade. 2010. São Paulo: Editora Ática, p 19 e ss – com adaptações. 
Destina-se exclusivamente para fins didáticos. 
diferentes, por exemplo, alguém que lê um livro (no momento presente) escrito por um
autor do passado.
Levando em conta essa interação entre os interlocutores, fala-se em discurso,

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