Buscar

Resenha crítica do texto justiça social de André Franco Montoro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

IESB Disciplina: Introdução ao Direito Professor (a): Neide Malard Aluno (a): Maria Thamyres de Souza Almeida
Assunto: Resenha crítica do texto: A justiça social de André Franco Montoro
 
 André Franco Montoro nasceu em São Paulo foi um importante político brasileiro, governador de São Paulo e também uma figura importante na luta pela redemocratização no país, foi também um importante jurista, professor e filósofo escrevendo duas importantes obras relacionadas ao Direito e a filosofia, em seu livro, introdução à ciência do Direito ele aborda, o tema da justiça social, onde trata dos diversos conceitos relacionados a essa justiça apontando a sua relação com a sociedade, bem como suas denominações e aplicações. Seguem-se alguns dos principais conceitos abordados em seu texto.
 Segundo ele a justiça social é o meio pela qual: ''Os membros de uma sociedade dão a esta sua contribuição para o bem comum, observada uma igualdade proporcional'', questiona a posição do autor Eduardo Lustosa de que ''a justiça social não é unívoca e independente, mas, invade o campo das duas espécies de justiça: a geral e a particular, sem ser absorvida totalmente por elas (...)'' para Montoro, a justiça social realmente abrange atos das demais virtudes, mas tem objeto próprio real e inconfundível comum e também o objetivo da justiça. 
Segundo o autor, a justiça social, como as demais espécies de justiça possui as virtudes ligadas ao conceito de justiça como a alteridade, o devido e a igualdade. A alteridade é uma espécie de relação em que o ''particular'' é a pessoa obrigada e a ''sociedade'' a pessoa moral ou entidade beneficiária. Cada particular dá à sociedade sua cooperação para o bem comum e para ele, afirmam-se cada vez mais as obrigações de rigorosa justiça impostas aos membros da sociedade em nome do bem comum e em sentido estrito, a justiça social aplica-se apenas à sociedade civil, em suas diferentes modalidades que vão desde o município, a província, o estado, as comunidades continentais, até a sociedade internacional. Considera-se particular primeiro os homens considerados individualmente como membros da sociedade civil e segundo como entidades ou grupos sociais intermediários.
Levanta a seguinte questão: Na justiça social, existe esse ''devido rigoroso'' exigível pela sociedade ou apenas um dever moral (debitum morale)? Segundo Adam Smith ''Procurando o próprio interesse, os homens realizam normalmente o da sociedade melhor do que se o procurassem realizar diretamente. '' Montoro discorda dessa posição, para ele o que se verifica na luta pelos interesses, é o domínio do mais forte, por isso a necessidade de uma lei que tenha como objetivo o interesse do bem comum. 
Porém o autor não menciona a pouca aplicabilidade da justiça social, na sociedade cada um contribui com o que pode em tese o objetivo é o bem comum, mas, na prática não é o que vemos, aqueles que mais contribuem tem maior influência frente aos órgãos do poder que usam sua força para fazer prevalecer o interesse dessa classe dominante. Por isso, faz-se necessário em nossos dias atuais uma busca pela aplicação da justiça social em toda a sua abrangência. 
Montoro divide a justiça em dois aspectos, a justiça em sentido lato e estrito: No sentido lato, o homem precisa de uma série de sociedades, onde em cada uma delas prevalece o interesse do bem comum. Em sentido estrito essa sociedade compreende apenas o bem da sociedade civil, que de certa forma, abrange o de todas as comunidades, propõe assim duas formas de se manifestar a justiça social, em uma sociedade pequena como a família, escola, empresa, etc. e toda a sociedade civil, o autor não menciona qual entre as duas justiças prevalecerá caso ocorra conflito de interesses. Mas, apesar da grande influência de grupos organizacionais, visto que, o interesse final é sempre o bem comum, sem dúvidas prevalecerá o interesse da sociedade civil. 
Segundo São Tomás de Aquino, podemos distinguir no conteúdo do bem comum, três espécies de bens: a vida dignamente humana da população; o necessário a existência dessa vida digna, como alimentos, habitação, vestuário, meios de transporte, etc. e a paz que segundo ele seria aquele mínimo de tranquilidade e segurança sem o qual é impossível à própria existência da sociedade. Montoro é tomista nessa concepção de que a justiça social é o mínimo que a população precisa para ter uma boa qualidade de vida, segundo ele, realiza-se o bem comum numa quando o povo vive humanamente, isto é, pode desenvolver suas faculdades naturais e exercer as virtudes humanas, entre as quais se inclui a amizade, a cultura, em seus diferentes aspectos, a vida familiar etc. Numa sociedade de grande conforto material pode haver uma vida desumana. E numa aldeia primitiva, a população pode viver humanamente. 
O que o autor pretende dizer ao falar que em uma aldeia primitiva pode haver o essencial a realização da justiça social e em uma sociedade de grande conforto material pode não haver? Ele pretende dizer que não só os bens materiais são necessários a uma vida digna, pois a doutrina tomista é mais exigente em relação à justiça social do que as doutrinas de inspiração materialista. Porque conforme o pensamento tomista, uma sociedade só realiza o bem comum quando assegura à sua população não apenas a suficiência de bens materiais, mas também aquele mínimo de liberdade e condições culturais para o exercício de uma vida humana digna.
Portanto, essa seria a justiça social ideal, que dificilmente se realiza em todos esses aspectos, podemos assim dizer que na concepção tomista, se apenas existe uma dessas virtudes, não existe a justiça social em si, mas, apenas, uma pequena parte dela, por isso a justiça social dificilmente ocorre em toda a sua completitude. 
Para Montoro, essa participação de todos no bem comum se realiza nas relações entre os membros da sociedade, desde a compra e venda de um imóvel através de uma relação interindividual determinada por contrato até a relação deste indivíduo com o Estado e de todos em um objetivo comum pela sociedade. 
Dessa forma, todos são responsáveis direta ou indiretamente pela concretização desse bem comum, mas Montoro não menciona o fato de que, nem todos desfrutam dessa justiça geral, em geral os herdeiros dessa justiça são os que menos precisam dela, por já possuírem grande quantidade de recursos necessários a uma boa qualidade de vida.
Montoro fala dos problemas entre o bem comum e o individual, citando S. Tomás que diz: ''O bem comum é o bem de uma comunidade real, isto é, de um ''todo'' do qual a pessoa é ''parte''. E a pessoa está para a comunidade como a parte para o todo''. Mas o homem não é ''apenas'' uma parcela desse todo. Ele não é totalmente subordinado à comunidade''. Na concepção do autor: '' O homem não está subordinado à sociedade civil, em todas aquelas coisas que se referem ao caráter absoluto de sua personalidade, àquele núcleo interior independente. Assim as concepções científicas artísticas ou religiosas não podem depender da sociedade civil''. 
O autor não menciona a influência da sociedade civil nas escolhas culturais do homem, as pessoas crescem dentro de certos costumes, que podem ser fundamentais em suas vidas dentro da sociedade civil, então mesmo que essas concepções não dependam da comunidade, a influência desta nessas concepções é muito comum.
Ao falar da igualdade, Franco Montoro fala do princípio de igualdade proporcional de que: ''Todos os membros da sociedade-indivíduos ou instituições, governantes e governados- têm o deverde cooperar para o bem comum. Segundo o autor, no tocante à justiça social, a obrigação de concorrer para o bem comum tudo é absolutamente igual no caso de um simples empregado, de um chefe de empresa, de um legislador ou de um governante. Todos têm o dever de contribuir para o bem comum. Mas esse dever é proporcional à respectiva função e responsabilidade na vida social. Uma distinção feita por Aristóteles é a de que à autoridade compete, como um arquiteto, planejar as normas ou leis para o bem comum. E, aos cidadãos, respeitar e executar esses planos. Segundo Montoro, com o desenvolvimento da democracia no mundo moderno é cada vez maior a participação do povo nas decisões governamentais o que também amplia a sua responsabilidade social.
Porém, o autor não menciona de que forma pode se dar essa participação de cada um nas decisões sociais. Apesar do poder dos cidadãos ter aumentado, infelizmente ainda existe grande número pessoas excluídas de tais decisões, seja por não terem acesso aos meios de poder ou por falta de conhecimento de sua importância na sociedade, essas pessoas em geral não tem acesso à educação, saúde, habitação. E também não tem consciência de sua capacidade de buscar mudanças em sua situação social. Por isso, ainda que exista essa participação, é notável que não prevaleça o interesse dos mais necessitados. 
Segundo Montoro, a justiça social não é o conjunto das virtudes, como pretendem alguns autores levados pela denominação clássica de justiça ''geral'', mas é sua característica orientar ''todas'' as virtudes para o bem comum. Para ele, a justiça social acrescenta uma nova perfeição a atos das demais virtudes, na medida em que os dirige para o bem comum. Ao julgar com exatidão, o juiz pratica um ato de justiça distributiva em relação às partes, e de justiça social, em relação à coletividade, por cooperar, com seu ato para o bem comum da sociedade. No caso de um furto, homicídio ou calúnia, há a violação de um duplo direito, o do particular e o da sociedade. E, consequentemente, a possibilidade de uma dupla ação: a ação civil de indenização ou reparação do dano, que pode ser intentada pela vítima ou sua família, e a ação penal, movida pelo promotor público em nome da sociedade. 
Para Montoro, toda ação cível mesmo que seja em favor de um particular, contribui de alguma forma para o bem comum, ele coloca, portanto a justiça comutativa como uma virtude para se obter a justiça social, ou seja, a justiça social possui atos de todas as outras espécies de justiça, condição para obtenção do bem comum é a realização de todos os meios necessários ao bem estar da sociedade, os órgãos judiciais constituem essa ponte entre a sociedade e a justiça em todas as suas formas, contribuindo assim para obtenção do bem comum.
Ao falar das aplicações da justiça social, o autor fala que ela deve estar presente na elaboração de qualquer lei, porque toda norma jurídica tem por finalidade a promoção do bem comum. Também fala da solidariedade, representada pelas exigências do bem comum que se impõe à consciência de cada homem, independentemente de determinação legal. Essa exigência segundo ele é cada vez mais reconhecida e proclamada. Para Oliveira Vianna, as novas ciências sociais dão hoje um grande e fundamental papel, na determinação das normas jurídicas, à atividade elaboradora da própria sociedade, espontaneamente desenvolvida fora e independente da atividade técnica dos corpos legislativos oficiais. O direito que surge desta atividade espontânea da sociedade é o direito-costume, o direito do povo-massa, que as elites, em regra, desconhecem, ou mesmo desdenham conhecer, embora às vezes, sejam obrigadas a reconhecê-lo e legalizá-lo. 
No plano internacional, segundo Montoro, as exigências da solidariedade e da justiça social impõe-se cada dia com mais veemência ao reconhecimento do direito moderno, para Clóvis Beviláqua, ''não a soberania, princípio do direito interno, mas a solidariedade, fenômeno social de alta relevância, pelo qual devemos considerar a consciência de que as nações têm interesses comuns. Sua tendência é estender-se a todos os povos da terra, para proteger os fracos e atrasados, e a conferir a plenitude dos direitos aos que se organizarem regularmente. Mais do que se imagina comumente, o sentimento de solidariedade, que é uma das formas em que se concretiza a ideia de justiça, vai dominando nas relações internacionais. '' 
A solidariedade de que Montoro e Clóvis falam é não só a união das pessoas em prol do bem social, mas também, a força pela qual a sociedade pode buscar os seus direitos, nesse ponto os dois autores têm pontos de vistas semelhantes, mas, Montoro fala de uma lei e Clóvis de uma união necessária à busca dessa lei.
Porém, a solidariedade pode ser vista também como uma forma de doação onde uma parte da sociedade busca ajudar uma camada menos favorecida, através dessa solidariedade se estabelece a união entre diferentes classes sociais, e também a luta pela justiça social, que segundo o autor tem sido cada vez mais exigida nas constituições modernas, dando maior poder à sociedade na luta pelos seus direitos.

Outros materiais