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9. INTERPRETAÇÃO JURÍDICA Prof. Anna luisa Santana daniele 9.1 Conceito Interpretar significa fixar o sentido de alguma coisa Interpretar a norma jurídica é fixar seu alcance, de modo que se deixe patente a que situações ou pessoas a norma jurídica interpretada se aplica O intérprete lança mão de regras técnicas para fixar o alcance e o sentido da norma. Ele se utiliza dos princípios descobertos e fixados pela Hermenêutica. Hermenêutica é a teoria científica da interpretação e seu objeto é o próprio ato interpretativo. “In claris cessat interpretativo” – quando a norma jurídica é clara não há interpretação? 9.2 Ordenamento jurídico Normas jurídicas nunca existem isoladamente, mas sempre num contexto com relações entre si, chamado ordenamento jurídico. Para Miguel Reale: Sistema de normas jurídicas in acto, compreendendo as fontes de Direito e todos os seus conteúdos e projeções. Ele é formado pelas diversas fontes do Direito e não só pelas leis. O sistema jurídico não pode deixar sem solução qualquer litígio, por isso precisa ele mesmo suprir as lacunas deixadas pelas fontes do Direito. - Princípio da plenitude do ordenamento jurídico 9.2 Ordenamento jurídico O ordenamento jurídico é formado pela totalidade das normas vigentes, e estas devem estar ajustas entre si e conjugadas à Constituição Federal. Teoria tridimensional de Reale - o ordenamento jurídico é, sem dúvida, normativo, mas não é apenas um conjunto gradativo de normas e muito menos um sistema de proposições lógicas. As normas representam o momento culminante de um processo que é, essencialmente, inseparável dos fatos que estão a sua origem e dos valores que constituem sua razão de ser. O ordenamento jurídico é um sistema correlacionado, isto é, seus elementos formam um todo uniforme e sistemático. A norma deve ser sempre interpretada como parte do todo. 9.2 Ordenamento jurídico Subordinados ao ordenamento jurídico de um país, formam-se vários ordenamentos menores: conjunto de normas das organizações desportivas, conjunto de normas dos sindicatos e grupos profissionais. Nosso ordenamento jurídico é constitucionalista, uma vez que o sistema de legalidade brasileiro é do tipo em que a Constituição Federal preside a todo ordenamento jurídico. Nosso ordenamento é federalista: formado pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e DF. União se organiza pelas Constituição Federal e depois mediante edição de leis federais. Estados se organizam pelas Constituições Estaduais e posteriormente por sua própria legislação. Municípios se auto-organizam por meio da Lei Orgânica Municipal e pela edição de leis municipais 9.2 Ordenamento jurídico No sistema jurídico os elementos são as normas jurídicas e sua estrutura é formada pela hierarquia, pela coesão e pela unidade. A hierarquia vai permitir que a norma jurídica fundamental (a Constituição Federal) determine a validade de todas as demais normas jurídicas de hierarquia inferior. A coesão demonstra a união intima dos elementos (normas jurídicas) com o todo (sistema jurídico), apontando, por conexão, para ampla harmonia e importando em coerência. A unidade dá um fechamento no sistema jurídico como um todo que não pode ser dividido: qualquer elemento interno (norma jurídica) é sempre conhecido por referência ao todo unitário (o sistema jurídico) 9.3 Espécies de interpretação Quanto à origem ou fonte que emana: Autêntica: quando emana do próprio poder que fez a ato. Lei interpretativa. -Judicial: Resultante das decisões emanadas da Justiça. Administrativa: A Administração publica por meio de pareceres, despachos, portarias realiza a interpretação. Doutrinária: realizada cientificamente pelos doutrinadores e juristas em suas obras e pareceres. 9.3 Espécies de interpretação Quanto à natureza: Literal ou gramatical: Toma como ponto de partida o exame do significado e alcance de cada uma das palavras da norma jurídica. Processa-se no campo linguístico. Lógica-sistemática: Busca descobrir o sentido e o alcance da norma, situando-a no conjunto do sistema jurídico. Considera a unidade e a coerência do sistema. Histórico: Indaga as condições e o momento de elaboração da norma. Teleológica: Busca os fins, os valores que a norma jurídica tenciona tutelar. 9.3 Espécies de interpretação Quanto aos efeitos ou resultados: Extensiva: ocorre quando o teor literal da lei é demasiado estrito e alarga-se seu campo de aplicação a casos não literalmente abrangidos. Restritiva: o intérprete restringe o sentido da norma ou limita sua incidência Declarativa ou especificadora: quando se limita a declarar o pensamento expresso na norma 9.4 Processo uno e complexo O processo interpretativo é composto de vários momentos e não deve haver a supremacia absoluta de algum método (gramatical, sistemático, histórico, teleológico) e a exclusão dos demais. Eles também não ocorrem numa ordem sucessiva, mas abrange a realidade normativa como um todo, procurando desvendar tudo quanto existe na letra e no espírito da lei. Momento literal, gramatical ou filosófico: Nesse momento procura-se estabelecer o sentido objetivo da lei com base em sua letra: no valor e significado das palavras, no exame da linguagem dos textos e sua função gramatical, na consideração do significado técnico do termo, etc. A lei se utiliza da linguagem e deve ser estudada do ponto de vista gramatical, mas constitui apenas um ponto de partida. Pois existem palavras vagas e pode acontecer que o legislador tenha dito mais ou menos do que pretendia dizer. Por si ela é insuficiente. 9.4 Processo uno e complexo Momento Lógico-sistemático: Nesse momento busca-se descobrir o sentido e o alcance da lei, situando-a no conjunto do sistema jurídico. Não se interpreta isoladamente uma norma, deve-se procurar compreendê-la em sua correlação com todas as que com ela se articulam logicamente. Supremacia da Constituição – qualquer dispositivo que se queira interpretar deve respeitar o que disponha a Constituição. Momento histórico-evolutivo: O momento histórico permite apreender as ideias e os interesses dominantes por ocasião da elaboração da lei: como surgiu, porque surgiu, quais os motivos que levaram a sua aprovação. 9.4 Processo uno e complexo Momento teleológico: Em razão da própria consciência axiológica do Direito toda lei pretende garantir um determinado valor. A interpretação teleológica visa à descoberta dos valores que a lei tenciona servir. Art. 5º da LINDB ” Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Cláusulas abertas: permitem um alto nível de discricionariedade. Função social do contrato
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