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Introdução a analise transacional

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2.1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE TRANSACIONAL
Segundo Woolans e Brown (1979) a Análise Transacional é muitas coisas, considerando que é em primeiro lugar uma filosofia; em segundo lugar uma teoria sobre o desenvolvimento da personalidade, do funcionamento intrapsíquico e do comportamento interpessoal; e em terceiro lugar um sistema de técnicas que propõe ajudar as pessoas por meio das mudanças de sentimento s e comportamentos. 
É chamada de Transacional por estudar e analisar as trocas de estímulos e respostas, isto é, as transações, entre as pessoas. O autor da abordagem interessava-se mais pelo o que acontecia entre os indivíduos do que pelo que acontecia em seu interior. (KERTÉSZ, 1987, apud PASSOS, 2009).
Segundo Serra (1979, apud BURKHARD, 2009), o modelo desta teoria dá ao indivíduo o poder de decisão entre permanecer com as velhas decisões, ou seguir novas, tendo como base sua idéia de indivíduo que mantém gravado em sua memória fatores que aconteceram em sua infância e que influenciam seus atos durante a vida. Isto quer dizer que o plano de vida pode ser modificado a qualquer momento desde que desejado e feito pelo próprio indivíduo, porém as gravações não são perdidas, apenas substituídas.
A Análise Transacional é focada nas relações humanas e bem-estar pessoal, sendo também entendida como um conjunto de técnicas que propõem ajudar as pessoas a se compreenderem melhor, para assim modificar seus sentimentos e comportamentos, reaprendendo e redecidindo sobre si mesmas. (SERRA, 1979, apud BURKHARD, 2009).
A filosofia da Análise Transacional é positiva, humanística, e promove diretamente a mudança, além de ser útil em muitas aplicações. A filosofia geral desta abordagem presume que somos todos OK, o quer dizer que todos temos força e o desejo de crescimento e autorealização. 
A Análise Transacional parte do princípio mais fundamental de sua teoria e de sua prática: Eu sou OK e Você é OK. O que significa que todos nós temos um núcleo básico estimável, com a força e o desejo de crescimento e autorealização. Todas as partes de cada um de nós têm uma intenção positiva, e essas partes são importantes e úteis para nós. (WOOLAMS & BROWN, 197). 
Considerando que as pessoas são OK, as mesmas merecem carícias positivas simplesmente por existirem. Estas carícias recarregam as energias, mesmo assim, a maioria das pessoas não aprende métodos eficientes de consegui-las. Em contrapartida, acabam acariciando as partes que acreditam valer a pena e ignoram as partes que não amam. Se ocorrer uma aceitação e essas partes rejeitadas da personalidade forem acariciadas, mostram-se mais dispostas a mudar e a cooperar com as partes já aceitas. (WOOLAMS & BROWN, 1979). 
2.2 ERIC BERNE E A HISTORIA ANÁLISE TRANSACIONAL
Eric Berne é o criador e principal incrementador da Análise Transacional. Escreveu oito livros e publicou diversos artigos. Estudou psiquiatria e psicanálise, porém nunca se tornou um analista profissional (WOOLLANS, BROWN, 1979).
Nasceu em Montreal, no Canadá, em 1910. Era o primeiro filho do casal David Hillel Bernstein e Sarah Gordon Bernstein e foi chamado de Eric Lennard Bernstein, que veio a modificar mais tarde. Sua família era judia e havia imigrado da Rússia e da Polônia algumas gerações antes. O pai de Eric era médico e trabalhava como clínico geral além de ser general da ativa. Sua mãe era jornalista e escritora profissional (COBRA, 1998, apud CASTRO, 2003).
O pai veio a falecer cedo, aos 38 anos, de tuberculose. Portanto, sua mãe educou e sustentou Berne e a irmã. Seguiu a carreira de médico, como o pai, vindo a se formar em 1935 na universidade de McGill. Trabalhou como estagiário interno no Hospital Eglanwood em Nova Jersey, nos EUA, antes da guerra. Mais tarde, atuou como residente na clínica de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Yale. Aproximadamente quatro anos após sua formação naturalizou-se americano e mudou o seu nome para Eric Berne, como é conhecido atualmente.
Em 1941 começou a estudar Psicanálise no Instituto de Psicanálise de Nova York e até o ano de 1943 trabalhou como assistente clínico em psiquiatria no Mt. Sion Hospital, na cidade de Nova York, e depois foi trabalhar no exército americano como médico, onde permaneceu até o ano de 1946 para suprir a deficiência de médicos psiquiatras durante a II Guerra Mundial (PASSOS, 2009).
Gostava de psicanálise, mas achava a teoria lenta, complexa e rígida. Levando isso em consideração criou a AT, a fim de levar a psicoterapia a todas as classes sociais e culturais e obter resultados mais rápidos em comparação a Psicanálise (WOOLLANS, BROWN, 1979).
Kertész (1987, apud PASSOS, 2009) afirma que Berne elaborou sua teoria conforme o que ouvia e via de seus pacientes e da população em geral. Observava muito do que diziam e faziam, usando assim dados concretos, e nãidéias que não podiam ser demonstradas.
Segundo Woollans e Brown (1979) suas primeiras teorias sobre Análise Transacional surgiram em 1949 e em apenas nove anos quase todas já haviam sido expostas. Em 1958 Eric Berne iniciou o primeiro seminário em AT chamado de Seminário de Psiquiatria Social de São Francisco, No total, seis pessoas participaram do seu primeiro Seminário. No ano seguinte, este seminário foi dividido em um curso introdutório, chamado 101, e em um seminário avançado. A quantidade de membros aumentou rapidamente. Para manter os membros atualizados iniciou em 1962 a publicação trimestral do Transacional Analysis Bulletin. 
A primeira conferência anual de verão de AT foi realizada em 1963. No ano seguinte já haviam membros dos cinquenta Estados. A partir disso formou-se a Associação Internacional de Análise Transacional (AIAT), em sinal de reconhecimento ao grande número de Analistas Transacionais de fora dos Estados Unidos da América. A Associação publica um jornal, um boletim informativo para seus membros, realiza duas conferências anuais e promove a AT como área de especialização (WOOLLANS; BROWN, 1979).
 De 1960 a 1970, ano de sua morte, Berne continuou a desenvolver suas teorias da AT. Seus livros que tratam de grupos (The Scructure and Dynamics of Organizations and Groups, 1963), jogos (Games People Play, 1964), e roteiros (What Do you Say Afeter You Say Hello?, 1972) são obras importantes utilizadas como pontos de referência na teoria (WOOLLANS; BROWN, 1979).

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