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Fundamentos da Bioética Profª Mariangela Batista Colaboração: Profª Luciene Assaf O termo bioética foi utilizado pela primeira vez em 1927 por Fritz Jahr “obrigações éticas, não apenas com relação ao ser humano, mas para com todos os seres vivos”. Em 1971 o termo foi posto em circulação com o título do livro do oncologista americano Van R. Potter “Bioethics, bridge to the future.” Em sua concepção alargada passou a designar os problemas éticos gerados pelos avanços nas ciências biológicas e médicas, pelo o poder do homem interferir de forma eficaz nos processos de nascimento e morte, que até então apresentavam "momentos“ ainda não "dominados”. Enciclopédia de Bioética de 1978: "estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e do cuidado da saúde, quando esta conduta se examina à luz dos valores e dos princípios morais", constituindo, portanto, um setor da "ética aplicada“. Van. R. Potter Bioética Eugenia Eugenia – Melhoria da raça Francis Galton, em 1883, criou o termo “eugenia”. Ele imaginava que o conceito de seleção natural de Charles Darwin – que, por sinal, era seu primo – também se aplicava aos seres humanos. Seu projeto pretendia comprovar que a capacidade intelectual era hereditária, ou seja, passava de membro para membro da família e, assim, justificar a exclusão dos negros, imigrantes asiáticos e deficientes de todos os tipos. Eugenia Movimento Eugênico – Melhoria da raça EUA: esterilizavam pessoas, a maioria contra sua vontade, por serem consideradas delinquentes ou retardados mentais. Alemanha: melhoria da raça ariana – armas biológicas. Eugenia no Brasil Diversos intelectuais eram adeptos ao movimento (Ex: Monteiro Lobato) Nos primeiros anos do século XX, no Rio, então capital brasileira, acreditavam que as epidemias brasileiras eram culpa do negro, recém- liberto com a abolição da escravatura. Imigração japonesa era vista com maus olhos. Em 1934 implementaram um artigo na Constituição da época que controlava a entrada de imigrantes no Brasil Concurso de Eugenia As “vencedoras” do concurso eram todas garotas, brancas, que foram classificadas como “boas procriadoras”. Estudo Tuskegee De 1932 a 1972 o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos da América realizou uma pesquisa, cujo projeto escrito nunca foi localizado, que envolveu 600 homens negros, da cidade de Macon, no estado do Alabama, sendo 399 com sífilis e 201 sem a doença,. O objetivo do Estudo Tuskegee, nome do centro de saúde onde foi realizado, era observar a evolução da doença, livre de tratamento. Vale relembrar que em 1929, já havia sido publicado um estudo, realizado na Noruega, a partir de dados históricos, relatando mais de 2000 casos de sífilis não tratado. Não foi dito aos participantes do estudo de Tuskegee que eles tinham sífilis, nem dos efeitos desta patologia. O diagnóstico dado era de “sangue ruim”. Esta denominação era a mesma utilizada pelos Eugenistas norte-americanos, no final da década de 1920, para justificar a esterilização de pessoas portadoras de deficiências. A partir da década de 50 já havia terapêutica estabelecida para o tratamento de sífilis, mesmo assim, todos os indivíduos incluídos no estudo foram mantidos sem tratamento. Todas as instituições de saúde dos EEUU receberam uma lista com o nome dos participantes com o objetivo de evitar que qualquer um deles, mesmo em outra localidade recebesse tratamento. Os resultados parciais do estudo foram aceitos para apresentação em congressos científicos e não mereceram qualquer restrição por parte da comunidade científica. Em 1969, a imprensa noticiou a confirmação de que já tinham ocorrido 28 mortes no estudo. O historiador James H. Jones, tomou contato, por acaso, com documentos relativos ao experimento também em 1969, mas pensou que o mesmo já havia sido descontinuado. Somente quando a repórter Jean Heller, da Associated Press, publicou no New York Times, em 26/7/72, uma matéria denunciando este projeto foi que houve uma forte repercussão social e política sobre o mesmo. Após 40 anos de acompanhamento dos participante, ao término do projeto, somente 74 sobreviveram. Mais de 100 participantes morreram de sífilis ou de complicações da doença. Princípios da bioética Autonomia: respeito às pessoas por suas opiniões e escolhas, segundo valores e crenças pessoais; Beneficência/Não Maleficência: obrigação de não causar dano e de extremar os benefícios e minimizar os riscos; Justiça ou imparcialidade na distribuição dos riscos e dos benefícios, não podendo uma pessoa ser tratada de maneira distinta de outra, salvo haja entre ambas alguma diferença relevante. Referências -Barbosa HH. Princípios da Bioética e do Biodireito. Bioética. 2000; 8(2):209-216. - Goldim JR. Bioética: origens e complexidade. Rev HCPA 2006; 26(2):86-92. - Junqueira CR. Bioética: conceito, fundamentação e princípios. Especialização em Saúde da Família. Modalidade à distância. UNIFESP, 2011.
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