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SP6 - HAS DEFINIÇÃO A HAS é definida como uma entidade clínica na qual o indivíduo apresenta níveis médios de PA que dão um significativo ↑ do risco de eventos CV, em curto ou longo prazo, justificando uma programação terapêutica. Sendo que são considerados valores médios de PA (aferidos em 2 ou mais consultas) maiores ou iguais a 140 x 90 mmHg. - Surgiram as novas recomendações da AHA/ACC no fim de 2017 quanto à definição da HAS ser considerada já 130/90. - Mas a ESC não seguiu os americanos e manteve os valores 140/90 mmHg. - na Europa continua HAS = PAS ≥ 140 e/ou PAD ≥ 90 mmHg. E a tendência é que a SBC siga esse padrão. ****Estudos tenham demonstrado que o risco de eventos CV podem surgir com níveis + ↓ (115/75) mas só pctes com > 140/90 se beneficiam do tto. - A ideia de HAS surgiu em 1913, quando a viram que a PA sistêmica estavam associados a um alto risco de eventos CV, como ICC, encefalopatia, insuficiência renal progressiva, AVE e morte precoce. EPIDEMIOLOGIA - É um problema de saúde pública mundial, além de ser subdiagnósticada até apresenta o 1º evento de AVE. - Prevalência mundial de 26%; no Brasil, 32,6%, mas só metade sabe do dx e, destes, - de 1/3 estão com a (PA) controlada. - ⅔ dos hipertensos estão nos países em desenvolvimento; - As doenças CV são as maiores causas de morte no Brasil e a HAS é o principal FR. - Mais de 60% da população idosa tem. - Cerca de 50% das mortes por doença CV no País tem a HAS como um fator presente direta ou indiretamente. - É frequentemente associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, agravada pela presença de múltiplos fatores de risco (FR): dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e DM. - Tem associação com desfechos CV e renais, fatais ou ñ fatais: morte súbita, AVE, IAM, IC, doença arterial periférica (DAP) e DRC. - Antes da menopausa as mulheres apresentam uma prevalência < de HAS que os homens, depois isso inverte, sugere efeito protetor do estrogênio. - Has é mais comum e mais grave em negro. FATORES DE RISCO IDADE: Associação direta entre envelhecimento e HAS, relacionada ao: i) ↑ da expectativa de vida da população brasileira, atualmente 74,9 anos; ii) ↑ na população de idosos ≥ 60 anos na última década (2000 a 2010), de 6,7% para 10,8%. SEXO E ETNIA: > entre mulheres e raça negra/preta (gene APOL1). - Estudo Corações do Brasil observou distribuição: 11,1% na pop. indígena; 10% amarela; 26,3% parda/mulata; 29,4% na branca e 34,8% na negra. - O estudo ELSA-Brasil: prevalências de 30,3% em brancos, 38,2% em pardos e 49,3% em negros. EXCESSO DE PESO/OBESIDADE: comparação entre 2006 e 2014, ↑ da prevalência de excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2), de 43% para 52,5%. INGESTÃO DE SAL: recomendação diária: 2g/dia. Ingestão no BR 56.000 casas: 4,7 g de sódio/pessoa/dia (ajustado p/ consumo 2.000 Kcal) → excede + de 2x consumo máximo recomendado. Problema: apenas 15,5% das pessoas entrevistadas reconhecem conteúdo alto ou muito alto de sal nos alimentos. INGESTÃO DE ÁLCOOL: Consumo crônico e ↑ de bebidas alcoólicas aumenta a PA de forma consistente. - 16 estudos comparou a intensidade de consumo entre abstêmios e bebedores: em mulheres, houve efeito protetor com dose inferior a 10g de álcool/dia e risco de HA com consumo de 30-40g de álcool/dia. Em homens, o risco ↑ de HA tornou-se consistente a partir de 31g de álcool/dia. SEDENTARISMO: associação significativa entre HA e idade, sexo masculino, sobrepeso, adiposidade central sedentarismo nos momentos de folga e durante o trabalho, escolaridade inferior a 8 anos e renda per capita < 3 salários mínimos. FATORES SOCIOECONÔMICOS: Adultos sem instrução ou fundamental incompleto tem a > prevalência de HA autorreferida (31,1%). GENÉTICA: Estudos mostraram forte impacto da miscigenação, dificultando ainda mais a identificação de um padrão genético para a elevação dos níveis pressóricos. CLASSIFICAÇÃO Normotensão - Qdo as medidas de consultório são ≤ 120/80 mmHg e as fora dele (MAPA ou MRPA) confirmam os valores considerados normais (fig 2). Pré-hipertensão - É Condição com PAS entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg. - A prevalência mundial variou de 21% a 37,7% em estudos de base populacional, com exceção do Irã(52,1%). Hipertensão - Quadro 4. - Controlada x não controlada → essa definida quando, mesmo com tto anti-hipertensivo, pcte permanece com PA ↑, no consultório e fora dele. - Têm níveis de anormalidade diferentes, há que se considerar os valores de anormalidade definidos para cada um deles para o dx. Efeito do avental branco - É a diferença de pressão entre as medidas no consultório e fora dele, igual ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD. - É o que causa na consulta, pessoa tem medo do médico; -Não muda o dx, ou seja, se o indivíduo é normotenso, permanecerá normotenso, e se é hipertenso, continuará sendo hipertenso; pode, contudo, alterar o estágio e/ou dar a falsa impressão de necessidade de adequações no esquema terapêutico. Hipertensão do avental branco - É a situação clínica caracterizada por valores anormais da PA no consultório, mas com valores considerados normais pela MAPA ou MRPA (fig 2). - Por exemplo, a pessoa com medo ou ansiedade em consulta médica → a PA sobe; - Prevalência global da HAB é de 13% (intervalo de 9-16%) e atinge cerca de 32% (intervalo de 25-46%) dos hipertensos Hipertensão mascarada - São valores normais da PA no consultório, mas com PA elevada pela MAPA ou medidas residenciais (Figura 2). - A prevalência da HM é de 13% (intervalo de 10-17%). Hipertensão sistólica isolada - É a PAS ↑ com PAD normal. - A hipertensão sistólica isolada (HSI) e a pressão de pulso (PP) são importantes fatores de risco CV (FRCV) em pacientes de meia-idade e idosos; Maligna HA controlada: quando, sob tratamento anti-hipertensivo, o paciente permanece com a PA controlada tanto no consultório como fora dele. ETIOLOGIA: - Ela é Multifatorial e heterogênea; - Distúrbio da autorregulação (resistência vascular reflexa e persistentemente crescente para acompanhar o aumento do débito cardíaco) - Excesso de ingestão de sódio através de vários mecanismos; - Retenção renal de sódio; - Desregulação do eixo renina-angiotensina-aldosterona, com ↑ atividade de renina plasmática (ARP); - Aumento do estímulo simpático (NA); - Aumento da resistência periférica; - Disfunção endotelial; - Perturbações no transportador da membrana celular; - Resistência insulínica/hiperinsulinemia; FISIOPATOLOGIA: - Em 95% dos casos a HAS a causa da HAS é desconhecida sendo chamada de HAS primária ou essencial. - Os de causa conhecida são as HAS secundárias (doença parenquimatosa renal e estenose de artéria renal-hipertensão renovascular, coarctação da aorta, sd de Cushing); Regulação da PA= DC x RVP (um dos 2 deve estar aumentado ou 2 em consequência do outro, principalmente o DC que ↑ a RVP por fazer vasocontrição ateriolar devido seu aumento); - DC: depende do volume sistólico e FC; - RVP: alterações anatomofuncionais das artérias → com o passar dos anos a RVP vai ↑ devido a liberação de susbtância tróficas que promovem proliferação e desarranjo celular da parede dos vasos, ocorrendo hipertrofia da camada muscular enquanto as arteríolas sofrem alterações proliferativas que reduzem seu lúmen. Genética (30-60%) - Mutações em diversos genes ⇒ causa alteração na reabsorção do sódio; - Sd. de Liddle ⇒ ativação dos canais de sódio → retenção de sódio; - Genes: APOL1 (negros) que confere maior proteção contra infecçõe tripanossômicas, tendo efeito colateral uma maior predisposição à HAS Volume intravascular (depende de NaCl): pelo ↑ da ingesta de sódio; - Expande com a ingestão de sal ⇒ ↑ DC ⇒ autorregulação ativada ⇒ ↑ da resistência vascular⇒ pra tentar normaliza DC ♥ Efeito do sódio é relacionado com o fornecimento e cloreto (NaCl) - “Fenômeno pressão-natriurese”: alta ingestão de sal ⇒ aumento da PA ⇒ aumento da excreção renal ⇒ mantém equilíbrio do sódio ♥ Com o tempo ⇒ redução da capacidade de excretar sódio ⇒ aumento da reabsorção tubular ⇒ maior PA para atingir o equilíbrio SNA Simpático: aumento da sua atividade; Função dos receptores - Receptores a-1 ⇒ vasoconstrição pela NA; ♥ No rim, ativação do a-1 aumenta reabsorção tubular de sódio - Receptores a-2 ⇒ feedback negativo (inibe liberação de noradrenalina); - Receptores b-1 ⇒ taxa e força de contração cardíaca (aumenta DC) + liberação de renina; Estímulo crônico ⇒ remodelamento vascular e hipertrofia do ventrículo E - Receptores b-2 ⇒ relaxamento do músculo liso → vasodilatação (ativado pela epi) Modulação da PA - Reflexo barorreceptor (seio e arco carotídeo) → redução do fluxo simpático → redução da PA ○ Tamponamento rápido da oscilação da PA ○ Se aumento contínuo da PA, ocorre readaptação do receptor, sendo ativado em PA + alta - Aumento do tônus simpático ⇒ aumento da PA; - Aumento do DC e RVP; - Retenção de volume; Sistema renina-angiotensina-aldosterona: ↑ da produção de hormônios; disfunção da renina Funções - Renina: produzida no aparelho justaglomerular das arteriolas aferentes renais ativa angiotensinogênio ♥ Estímulos: redução de NaCl na mácula densa, redução da pressão na arteríola aferente, estímulo simpático ♥ Aumento da PA: por exemplo no tumor de Wilms (secretor de renina), hipertensão renovascular; - Angiotensina II: substância vasopressora; ♥ Receptor AT1 ⇒ secreção de aldosterona + estímulo de crescimento do m. liso vascular e miócitos (excesso = aterosclerose, hipertrofia cardíaca) + vasoconstrição + aumento de reabsorção tubular de sódio + estímulo da sede + secreção de ADH ♥ Receptor AT2 ⇒ vasodilatação, excreção de sódio, inibição do crescimento celular - Aldosterona: aumenta reabsorção de sódio no ducto coletor (troca por potássio e hidrogênio) ♥ Causa fibrose vascular e cardíaca Vasos sanguíneos: a partir da deficiência de produção de substâncias reguladoras; - Raio do vaso + complacência arterial ⇒ determinam PA ♥ Alterado em: Arteriosclerose (maior rigidez arterial) ⇒ aumento da Ppulso - Transporte iônico pelo músculo vascular ♥ Troca Na/H, troca HCO3/Cl dependente de Na, troca HCO3/C → ↑ do Na → troca Na/Ca → ↑ de Caic → ↑ de contratilidade - Síntese de NO ♥ Causa vasodilatação, inibição da agregação plaquetária ♥ Em hipertensos ⇒ Inativado por EROs → comprometida na hipertensão Rim - Aumento de SRA e SNAS ⇒ doença renal subclínica, progressiva ⇒ vasoconstrição ⇒ isquemia ⇒ lesão renal crônica ⇒ hipertensão - Os rins respondem ao aumento da PA com uma maior natriurese, a retenção de sódio e água aumenta a volemia, e consequentemente o DC. QUADRO CLÍNICO - Ele é bem inespecífico, com mal-estar, fadiga, dor de cabeça nucal (ao acordar); - Vai sentir os sinais e sintomas das doenças acossiadas. Maioria assintomática - Cefaleia nucal (casos mais avançados); - Tonturas, indisposição geral; - Distúrbios visuais: escotomas e fosfinas; - Palpitação; Exame físico - Sinais vitais; - Medidas antropométricas: IMC; - Ausculta carotídea, palpação da tireoide; - Ictus visível deslocado lateralmente (hipertrofia VE), 2ª bulha hiperfonética (fechamento da valva aórtica), galope B4 (contração atrial contra VE não complacente), pode haver sopro de aorta; - Exame de fundo de olho: aumento do reflexo a luz, defeitos de cruzamento, hemorragias, exsudatos, papiledema - Ausculta pulmonar: estertores, roncos (congestão); - Palpação do rim; - Palpação dos pulsos periféricos; Lesão de órgãos-alvo - Complicações Lesão vascular: A HAS afeta basicamente 2 elementos: os vasos sanguíneos (especialmente as artérias e arteríolas) e o coração. - O comprometimento vascular está por trás das principais complicações da hipertensão. ****Provavelmente, a lesão do endotélio é o evento inicial que causa esse processo. - Uma série de fatores tróficos pode ser liberada, faz perder a integridade endotelial, pq o endotélio atua como um verdadeiro “protetor” vascular. - Vai causar um remodelamento vascular causa ↑ progressivo e permanente da RVP elevando a PA criando um ciclo vicioso. - As consequencias podem ser: arteriosclerose hialina (endurecimento da artéria), arteriosclerose hiperplásica, microaneurismas de Charcot-Bouchar e aterosclerose. ➢ Ateriosclerose: acomete artérias de grande (aorta) e médio claibre (coronárias,carótidas, mesentéricas, renais, femorais), em que ocorre formação na camada íntima das artérias, de placa contendo lipídio junto com células inflamatórias obstruindo o lumen artéria, determinando isquemia induzida pela maior demanda metabólica do órgão (anginas e claudicação intermitente), ou evoluir para trombo oclusivo (AVE isquemico da carotídea, IAM, isquemia mesentérica, gandrena de mmii), ou levar a uma fraqueza da parede arterial (formação de aneurismas arteriais). Cardíacas (cardiopatia hipertensiva) - Hipertrofia ventricular esquerda: o ↑ crônico da pós-carga ventricular vai causar sobrecarga sistólica ao VE, como resposta a sobrecarga, o miocárdio começa a se hipertrofiar, aumentando a sua massa. Sendo a repercussão cardíaca mais comum da HAS (presente em 50% dos HAS não tratados). - O fenômeno de isquemia miocárdica pode ser precipitado, mesmo na ausência de lesão obstrutiva nas coronárias epicárdicas, devido à baixa reserva coronariana associada ao aumento da demanda metabólica miocárdica. ○ Maior risco para DAC, AVC, ICC, morte súbita - ICC (disfunção diastólica): déficit de relaxamento ventricular. O pcte pode ser sintomático devido a congestção pulmonar 2ª ao aumento nas pressões de enchimento do lado esquerdo do coração (dispneia, ortopneia); - Disfunção diastólica: Cardiopatia dilatada (disfunção sistólica): refleta uma disfunção associada à dilatação ventricular - Anormalidade de fluxo por DAC aterosclerótica; Doença microvascular; Arritmias; Cerebrais - AVE; - Deficiência cognitiva (infartos por vasoclusão macro ou microvascular); - Encefalopatia por hipertensão maligna; ○ Perda da autorregulação do fluxo sanguíneo ⇒ vasodilatação e hiperperfusão ○ Cefaléia grave, vômitos em jato, sinais neurológicos focais, alteração do EEM Renal - Lesão vascular aterosclerótica, Ciclo vicioso; Arterial - Aterosclerose; - Retinopatia hipertensiva; - DAP: Claudicação intermitente. DIAGNÓSTICO 1º passo --> avaliação do paciente: 1. Medir corretamente a pressão arterial; 2. Pesquisar sinais de causas secundárias; 3. Anamnese, ex físico, exames; 4. Identificar os fatores de risco; 5. Estimar o risco cardiovascular; 6. Tb pode as lesões de órgão-alvo (LOA) e doenças associadas. Medição da PA No consultório: A PA deve ser medida em toda avaliação por médicos de qualquer especialidade e profissionais da saúde. - Recomenda-se, pelo -, a medição da PA de 2/2 anos p/ adultos com PA ≤ 120/80 mmHg, e anual para os com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg. Medição pode com esfigmomanômetros manuais, semi- automáticos ou automáticos. ∞ Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, medir nos MMII, com manguitos apropriados. ∞ Hipotensão ortostática (↓ da PAS > 20 mmHg ou da PAD > 10 mmHg) suspeitada em pctes idosos, diabéticos, disautonômicos e nos em uso de medicação anti- hipertensiva. – Então medir a PA com o paciente de pé, após 3 minutos. Recomenda-se várias medições: pcte sentado em ambiente calmo e confortável para melhorar a reprodutibilidade e aproximar os valores da PA obtidos no consultório àqueles fornecidos pela MAPA na vigília. - A medida em consultório: padrão. Simples↓ custo. * Exceto em grávidas, recomenda o uso de aparelhos automáticos ou semiautomáticos, oscilométricos, de braço, como referência para as medidas. - O ideal é medir nos 2 braços na 1ª consulta e usar maior valor. - Caso a diferença entre os membros seja > 15 mmHg, pesquisa doença arterial. - Em cada consulta, meça a PA 3x com 1-2 min de intervalo e utilize a médias das 2 últimas medidas como referência. - No HAS estágio 3, e/ou se houver lesão do órgão-alvo já instalada, não é necessária 2ª consulta, deve começar o tto de imediato. *Nos demais casos, repita as medidas em outro dia antes de iniciar o tratamento. - Quanto maior a PA basal, menor o intervalo entre tais consultas. - Além disso, mantém-se a recomendação para as medidas domiciliares, por MAPA ou pela MRPA, como forma de obtermos valores mais próximos da vida real, do dia a dia, bem como engajar o paciente no autocuidado e tratamento. Procedimentos recomendados para a medição da PA: Preparo do paciente: 1. Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso de 3 a 5 minds em ambiente calmo. - Instruir a não conversar durante a medição. Esclarecer ossíveis dúvidas antes ou depois. 2. Certificar-se de que o paciente NÃO: - Está com a bexiga cheia; - Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos; - Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos; - Fumou nos 30 minutos anteriores. 3. Posicionamento: - O paciente deve estar sentado, com pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado; - O braço deve estar na altura do coração, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e as roupas não devem garrotear o membro. 4. Medir a PA na posição de pé, após 3 minutos, nos diabéticos, idosos e em outras situações em que a hipotensão ortostática possa ser frequente ou suspeitada. Medição da PA fora do consultório: - Medição residencial da pressão arterial (MRPA), com protocolo específico, ou da MAPA de 24 horas. - Equipamento semi-automático do próprio paciente ou dos serviços de saúde. - As principais vantagens da medição da PA fora do consultório: • > número de medidas obtidas. • Refletem as atividades usuais dos examinandos. • Abolição ou sensível ↓ do efeito de avental branco (EAB). • > engajamento dos pacientes com o dx e o seguimento. - A MAPA e a MRPA são os métodos habitualmente utilizados para realizar as medições fora do consultório. - Fornecem informações semelhantes da PA, porém só a MAPA avalia a PA durante o sono. - O 2 estimam o risco CV, devendo ser consideradas aplicáveis para a avaliação da PA fora do consultório, respeitando-se as suas indicações e limitações. MAPA - É o método que permite o registro indireto e intermitente da PA durante 24h, enquanto o pcte realiza atividades habituais durante vigília e sono. - Consegue identificar as alterações circadianas da PA, sobretudo em relação às medições durante o sono, que têm implicações prognósticas. PA em crianças, gestantes, idosos e obesos - CRIANÇAS: * verificar PA 1x/ano em crianças com ≥ 3 anos. * Interpretação considerar idade, sexo e altura; - Se obesidade ou outras condições de alto risco, avaliar a PA em todas as visitas ao pediatra. - Além disso, ao contrário do adulto, em crianças o monitoramento doméstico não deve ser usado para diagnosticar hipertensão. - IDOSOS: Medição especial vem de alterações do envelhecimento > frequência do hiato auscultatório, que consiste no desaparecimento dos sons durante a deflação do manguito, causando valores falsamente ↓ para a PAS ou falsamente altos para a PAD. * Pseudo-hipertensão, que está associada ao processo aterosclerótico, pode ser detectada pela manobra de Osler, ou seja, a artéria radial permanece ainda palpável após a insuflação do manguito pelo menos 30 mmHg acima do desaparecimento do pulso radial. OBESO: Precisa de manguito mais longo e largo. * Em braços com circunferência > 50 cm, onde não há manguito disponível, pode-se fazer a medição no antebraço, devendo o pulso auscultado ser o radial (restrições: braço largo curto em forma de cone); GESTANTE: obter com mesmo método adulto, pode decúbito lateral esquerdo em repouso, não ver na posição sentada. * A hipertensão do avental branco (HAB) e a hipertensão mascarada (HM) são comuns na gravidez e, por isso, a MAPA e a MRPA podem constituir métodos úteis na decisão clínica.. EXAME FÍSICO - Fazer Palpação e ausculta do coração, das carótidas e dos pulsos, buscar sinais sugestivos de LOA e/ou de HA de causa 2ária (Q 2). - O exame de fundo de olho e o índice tornozelo-braquial (ITB), quando possível; EXAMES Exames já recomendados na diretriz anterior: ✓ Glicemia de jejum ✓ Colesterol total, HDL-col, LDL-col, triglicerídeos; ✓ Creatinina sérica (com estimativa da taxa de filtração glomerular) ✓ Potássio sérico ✓ Ácido úrico sérico ✓ Análise da urina (EAS ou tipo 1) ✓ Eletrocardiograma O que entrou 2018 ✓ Hemoglobina glicada ✓ Ureia; ✓ Sódio; ✓ Relação albumina/creatinina em amostra urinária ✓ Fundoscopia para HAS estágio 2 e 3. RFG-e calculado pela fórmula do CKD-EPI - A interpretação dos valores (estágios) para classificação de DRC é feita de acordo com a National Kidney Foundation (NKF RFG-e (ml/min/1,73m2) Estágio 1: ≥ 90 = normal ou alto; Estágio 2: 60-89 = levemente diminuído; Est 3a: 45-59 = leve a moderadamente ↓; Estágio 3b: 30-44 = moderada a extremamente ↓; Estágio 4: 15-29 = extremamente diminuído; Estágio 5: < 15= doença renal terminal (KDIGO). - Em situações clínicas especiais, outros exames complementares podem ser necessários: ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR - A estimativa do risco CV global deve ser feita em todos os hipertensos, pois influencia na decisão terapêutica e prognóstico. - Precisam ser reconhecidos hipertensos de > risco, pois estão mais sujeitos às complicações da doença; - A terapêutica deve ser mais precoce e agressiva. Como é mensurada? - Pelo somatório do risco associado de cada um dos FR + a potenciação causada pelo sinergismo entre eles. 2 estratégias para estimativa do risco CV nos hipertensos. 1. Estima o risco global diretamente relacionado à HA, com as variáveis analisadas: nível de PA, presença dos FR (Quadro 5), presença de LOA (Quadro 6) e DCV e/ou renal presentes (Quadro 7) e o indivíduo será classificado como de risco baixo, moderado ou alto (Tabela 1). - A identificação de DCV prévia, doença renal e/ou DM, vale destacar, ↑ mto o risco de eventos futuros, independente dos níveis de PA. 2. Na 2ª estratégia, objetivo determinar o risco de um indivíduo desenvolver DCV nos próximos 10 anos. - Pode ser realizada em qualquer indivíduo entre 30 e 74 anos, (Ñ É ESPECÍF P HIPERTENSO) mas vale ressaltar que a HA é o principal FRCV. - A 1ª etapa para estimativa do risco CV é: a identificação da presença de doença aterosclerótica, clinicamente evidente ou na forma subclínica, ou de seus equivalentes como DM e DRC11 (Tabela 5). - Se +, o indivíduo é imediatamente classificado como de alto risco, pois a chance de apresentar um primeiro ou um novo evento CV em 10 anos é superior a 20%. (GR: I; NE: A). Pctes não enquadrados risco muito alto ou risco alto: - Deverão ser avaliados pelo ERG e poderão ser considerados de risco intermediário, quando o ERG se situar entre 5-20% no sexo masculino e entre 5-10% no sexo feminino (GR: I; NE: A), ou quando forem diabéticos, sem os critérios de DASC ou ER. - No baixo risco, estarão os indivíduos com o risco em 10 anos <5%, em ambos os sexos, calculado pelo ERG (GR: I; NE: A).METAS PRESSÓRICAS DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Hipertensão induzida por drogas: simpatomiméticos; - Hipertensão secundária; - Eclâmpsia: excreção urinária de albumina; TRATAMENTO - As opções de tratamento estão mantidas, assim como a importância da adoção das medidas não farmacológicas. Mas um trecho muito destacado na diretriz são os dois fatores principais que atrapalham o controle da PA: 1. Má adesão ao tratamento. 2. “Inércia” do médico em reajustar a dose dos anti-hipertensivos. Para isso, pode-se fazer medidas simples, como: - Tentar combinações de fármaco. A má adesão é proporcional à qtdde de comprimidos, 10% em pacientes com 1 dose/dia a 40% com 3 tomadas. - Simplificar posologia. - Envolver o paciente no autocuidado e no tratamento. Reforça a importância de tomar a medicação mesmo com a PA controlada. - Preferir medicações de baixo custo. - As classes de fármacos para tratamento inicial são as mesmas, com destaque para o tripé iECA ou BRA + bloqueador canais cálcio (BCC) + diurético tiazídico, sendo os betabloqueadores mais importantes quando há cardiopatia estrutural, como isquemia e IC. - O Quadro 1 mostra resumidamente as recomendações da 7ª Diretriz brasileira de hipertensão arterial (7DBHA) para a decisão terapêutica. NÃO MEDICAMENTOSO - Perda de peso até o alcance de peso na faixa ideal: A recomendação IMC seja mantido entre 18-25 kg/m2, pois ↑ RCV; Padrão alimentar saudável: - A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) enfatiza o consumo de frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura; inclui a ingestão de cereais integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas; preconiza a redução da ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar. - Ela é rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras, e contém quantidades reduzidas de colesterol, gordura total e saturada. (GR: I; NE: A). - Dietas radicais resulta em abandono do tratamento. - O foco em apenas 1 único nutriente ou alimento tem perdido espaço para a análise do padrão alimentar total, que permite avaliar o sinergismo entre os nutrientes/alimentos. Dieta do Mediterrâneo também é rica em frutas, hortaliças e cerais integrais, mas possui quantidades ↑ de azeite de oliva (gorduras monoinsaturadas) e inclui o consumo de peixes e oleaginosas, além da ingestão moderada de vinho. - Apesar de poucos estudos, parece ter efeito hipotensor. (GR: IIa; NE: B). Dietas vegetarianas: consumo de alimentos de origem vegetal → frutas, hortaliças, grãos e leguminosas; excluem ou raramente incluem carnes; e algumas incluem laticínios, ovos e peixes. - Têm sido associadas com valores mais baixos de PA baixa ingestão de sal, ingestão moderada de álcool, atividade física regular, cessação do tabagismo e controle do estresse. (GR: IIa; NE: B). Consumo de sal: O ↑ do consumo está relacionado c/ ↑ da PA. Mas controverso: alguns estudos↓ consumo ↑ risco CV. Outros ↓ Na+ ↓ risco CV: Ácidos graxos insaturados: ômega-3 dos óleos de peixe (eicosapentaenoico – EPA e docosaexaenoico - DHA) associados c/ ↓ modesta da PA. - Estudos recentes: ingestão ≥ 2g/dia de EPA+DHA ↓ a PA. (GR: IIa; NE: B). Fibras: As solúveis: farelo de aveia, pectina (frutas) e pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha), e as insolúveis pela celulose (trigo), hemicelulose (grãos) e lignina (hortaliças). - A ingestão de fibras promove discreta ↓ da PA, destaca o beta glucano da aveia e da cevada. (GR: IIb; NE: B). Oleaginosas: Auxilia no controle de vários FRCV, mas poucos estudos relacionam esse consumo com a ↓ da PA. - Uma meta-análise concluiu que o consumo de diferentes tipos de castanha foi eficiente em diminuir a PA. (GR: IIb; NE: B) Laticínios e Vit. D: ingestão de laticínios, em especial os com baixo teor de gordura, ↓ a PA. - O leite contém vários componentes como cálcio, potássio e peptídeos bioativos que podem diminuir a PA. (GR: III; NE: B). Alho O alho possui inúmeros componentes bioativos, como a alicina (encontrada no alho cru) e a s-alil-cisteína (encontrada no alho processado). Discreta diminuição da PA tem sido relatada com a suplementação de várias formas do alho. (GR: IIb; NE: B). Café e chá verde O café, apesar de rico em cafeína, substância com efeito pressor agudo, possui polifenóis que podem favorecer a ↓ da PA. Estudos: consumo de café em doses habituais não associado c/ > incidência de HA nem com ↑ da PA. (GR: IIa; NE: B); Chocolate amargo: c/ pelo - 70% de cacau pode promover discreta ↓ da PA, devido às altas [ ] de polifenóis. (GR: IIb; NE: B). Atividade física refere-se a qualquer movimento que ↑ gasto energético: andar na rua, subir escada, trabalhos domésticos, práticas físicas de lazer. - O termo exercício físico refere-se à atividade física realizada de forma estruturada, organizada e com objetivo específico. Além disso, o comportamento sedentário, medido pelo tempo sentado, também tem implicações na saúde CV Exercícios aeróbicos O treinamento aeróbico ↓ a PA casual de pré-hipertensos e hipertensos. - Ele também reduz a PA de vigília de hipertensos44 e diminui a PA em situações de estresse físico, mental e psicológico. - É recomendado como forma preferencial de exercício para a prevenção e o tratamento da HA. (GR: I; NE: A). TRATAMENTO MEDICAMENTOSO São princípios gerais para a escolha de uma estratégia terapêutica farmacológica: • Ter demonstrado redução da morbidade e mortalidade cardiovascular; • Ser eficaz por via oral; • Ser bem tolerado; • Poder ser usado no menor número de tomadas por dia; • Ser iniciado com as menores doses efetivas; • Poder ser usado em associação; • Ser utilizado por um período mínimo de 4 semanas, antes de modificações, salvo em situações especiais; • Ter controle de qualidade em sua produção. HAS SECUNDÁRIA - É a presença de uma condição específica que causar hipertensão. - Ela pode ser a única causa para a hipertensão no indivíduo ou um fator que ajuda a agravar hipertensão primária pré-existente. - Quando vc suspeita tem consequências em relação à sua cura e aos gastos do sistema de saúde público ou privado. - Como construir uma árvore de decisão para não perder casos curáveis dentro de um custo/benefício suportável para a sociedade? - Na avaliação da hipertensão arterial é importante ter resposta para 4 questões: • A hipertensão é sustentada? • A hipertensão é primária ou secundária? • O paciente tem outros fatores de risco cardiovascular? • O paciente tem evidência de lesão de órgãos-alvo? - As 2 primeiras estão relacionadas ao dx da doença e as 2 últimas ao prognóstico, porém a 2ª questão está relacionada a ambos. - Quando é possível demonstrar uma causa secundária curável, o prognóstico também estará sendo alterado. Suspeitar secundária quando: tb HAS não hereditária; - Os AINH podem ↑ a PA pela diminuição da natriurese e causar retenção de líquidos. - Alcool: na dose diária maior que 30 g no homem e maior que 15 g na mulher, pode ser a causa da ↑ da pressão arterial. - Outro achado na anamnese e exame físico como causa secundária da HÁ: relato dos pacientes sobre a sua PA resistente, ou seja, não é controlada apesar do uso de medicação. - Hipertensão arterial resistente é a PA de consultório ≥140x90 mmHg em uso de 3 ou mais anti-hipertensivos, em doses e associações adequadas, sendo um deles um diurético, ou com PA controlada em uso de 4 ou mais fármacos. - Nos casos de HAR verdadeira, precisa investigação de causas secundárias, porém para a confirmação deste diagnóstico precisa ser afastada a pseudorresistência sendo asmais importantes: a não adesão ao tratamento e o efeito do jaleco branco - Síndrome de apneia/ hipopneia obstrutiva do sono (SAOS) tem elevada probabilidade de diagnóstico quando os questionários de Berlin e Epworth são positivos. - Esses questionários e outras escalas na pesquisa de SAOS devem ser aplicados para selecionar os pacientes que necessitam realizar polissonografia, um exame dispendioso e de acesso limitado. - A doença renovascular frequentemente se manifesta com um quadro de edema agudo de pulmão, muitas vezes em pacientes jovens sem outra causa senão a hipertensão arterial. Exames complementares de rotina: importantes para a suspeita de causas secundárias: ♯ Creatinina elevada e hipercalemia sugerem doença do parênquima renal. ♯ A hipocalemia, mesmo quando o paciente está em uso de diurético, deverá ser avaliada para a possibilidade de aldosteronismo primário ou doença renovascular. O aldosteronismo primário é causa prevalente em pacientes c HAR verdadeira. Dx é importante, pois muda a conduta terapêutica, apesar de a causa de adenoma produtor de aldosterona curável por cirurgia não ter sido frequente numa única grande série brasileira de casos. NÃO ADESÃO AO TTO: Os dados coletados por um formulario validado 359 pessoas AlfenasMG, com 26 questoes estruturadas e semi-estruturadas, aplicado em visita domiciliaria. - Os resultados: Verificou-se o predomínio das portadoras de HA de mulheres, casadas, com renda familiar de até 3 salarios minimos, baixo grau de escolaridade, do lar, com obesidades centripetas e submetidas ao tto + farmacológico. - Demonstraram desconhecimento em relação a patologia e as complicações decorrentes da hipertensao arterial. - Desafios: referem-se a necessidade de mudanca de comportamento dos sujeitos incorporando as medidas nao farmacológicas no cotidiano de vida. - Sugere para melhoria da adesao, o comprometimento dos profissionais de saude na implementação e no acompanhamento dos processos educativos que propiciem maior conscientização e interesse pelo autocuidado, o acompanhamento dos sujeitos quanto ao uso correto da medicacao e o envolvimento da familia para mudancas dos habitos de vida. - Harrison medicina interna; - VII diretriz HAS SBCO 2016 - Manual de HAS, da SOCERJ 2018 - Hipertensão arterial: desafios e possibilidades na adesão do tratamento. 2008 Rev. Mineira de Enferm.
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