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Prévia do material em texto

Crime impossível, crime doloso 
e crime culposo
Do crime impossível
Por definição do artigo 17 do Código Penal1 não será considerado punível 
o fato quando, por total ausência de condições do meio usado ou quando o 
objeto material do crime for absolutamente inconsistente e ineficaz para que o 
crime ocorra. É o chamado crime impossível, também chamado de quase-cri-
me, tentativa inidônea, tentativa impossível ou tentativa inadequada.
Em todos os casos do artigo 17, o agente se utiliza de meios e condições 
tendentes à prática de uma conduta inicialmente típica. Porém, os meios que 
utiliza ou a condição que emprega, ou até mesmo o “objeto” do tipo penal, 
são absolutamente imprestáveis.
O crime impossível é, na realidade, uma conduta (ação ou omissão) do 
agente, que tem a intenção deliberada de praticar um crime qualquer. Não 
obstante sua intenção e sua vontade deliberada para a prática do crime fal-
tam-lhe requisitos indispensáveis à sua conduta, que é exatamente o resul-
tado desejado.
Por mais que o agente tente, utilize os meios de que dispõe para a conse-
cução do seu crime, não haverá possibilidade de alcançá-lo porque o objeto 
material do crime é impróprio ou o meio que buscou para alcançá-lo é ina-
dequado. Tenta o agente, mas não há idoneidade em sua conduta. Se hou-
vesse, ou se fosse relativa, haveria crime.
Exemplo clássico da absoluta ineficácia do meio é aquele em que “A” quer 
matar “B”. “A” arma-se de revólver, encontra-se com “B”, saca a arma e dispara. 
Porém, percebe que não há qualquer bala no tambor do revólver. Não há 
condições de matar, embora fosse o desejo de “A”.
Exemplo clássico da absoluta impropriedade do objeto é aquele em que “A” 
tenciona matar “B”, seu desafeto, e o vê deitado numa cama. “A” desfere diver-
sas punhaladas em “B”, julgando tê-lo matado. Porém, o laudo de exame ne-
1 Art. 17. Não se pune 
a tentativa quando, por 
ineficácia absoluta do 
meio ou por absoluta im-
propriedade do objeto, é 
impossível consumar-se 
o crime.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
croscópico realizado provará que “B” já estava morto antes do ataque de “A” 
em decorrência de um infarto fulminante. Logo, não é crime matar um morto. 
Absolutamente impróprio o objeto material do crime, que é a vida.
É importante lembrar que o texto fala em ineficácia do meio e improprie-
dade do objeto, ambos de maneira absoluta, ou seja, se as espécies mencio-
nadas forem relativas haverá a tentativa punível.
Teorias do crime impossível
Há várias teorias que surgiram para classificar o quase-crime e sua punibi-
lidade, discutindo-se acerca de sua necessária persecução criminal a fim de 
que situações, aparentemente desvinculadas do fato, pudessem ter ligação 
com o crime. São aceitas as seguintes:
Teoria sintomática � , que diz que dever-se-ia aplicar pena no agente, 
em razão de sua periculosidade e indícios fortes e seguros de sua temi-
bilidade penal. Com a Reforma Penal de 1984 a medida de segurança 
deixou de existir para os “perigosos” sendo a mesma aplicada aos inim-
putáveis, nos termos do artigo 26 do Código Penal.
Teoria subjetiva � , considera-se a finalidade buscada pelo agente na 
condução de seu ato, motivo pelo qual deveria ser condenado pela 
mesma pena aplicada à tentativa do crime. Não obstante a adoção da 
teoria finalista da ação pelo nosso Código Penal torna-se impossível a 
aplicação da mesma pena ao agente porque não foi afetado um bem 
jurídico. Portanto, não se pode confundir tentativa perfeita ou imper-
feita com crime impossível.
Pela � teoria objetiva não haveria necessidade de reprimir a conduta 
do agente, mesmo porque não existiram os elementos que compõem 
a tentativa e o bem jurídico não corre risco algum.
	 No Brasil, até 1984, vigorou essa teoria, porém, a teoria objetiva tempe-
rada, em face do anterior regime da medida de segurança. Atualmente, 
o Brasil adotou a teoria objetiva pura no sentido de que não é punível a 
conduta quando houver a absoluta impropriedade do objeto ou a ab-
soluta ineficácia do meio, pois deixou de existir a medida de segurança 
para os agentes reconhecidamente perigosos.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
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Crime putativo
O crime putativo, também chamado de crime imaginário ou crime de 
ensaio, é aquele crime em que o agente imagina que está praticando uma 
conduta típica, mas, em verdade, o fato típico só existe na sua imaginação. 
Houve um erro de interpretação do agente, que se supõe um delinquente 
quando não o é, naquele caso.
Exemplo típico é o caso de “A” imaginar-se praticando um crime de inces-
to com sua irmã “B”, maior e capaz. Porém, não existe tal dispositivo em nossa 
legislação penal. Há o exemplo do agente que, tendo direito a uma parte da 
herança de seu pai, subtrai para si uma quantidade de bens, imaginando-se 
larápio. Porém, descobre-se que o mesmo tinha direito exatamente àquela 
quantia subtraída. Há a exclusão de ilicitude nos termos do artigo 156, §2.º, 
do Código Penal.
Por todos esses fatos percebe-se que o agente efetivamente praticou uma 
conduta, imaginando ser essa conduta criminosa. Ocorre que, em realidade, 
havia uma má interpretação das normas legais puníveis, havendo um “erro”. 
Não há dispositivo penal sobre o crime putativo.
Crime putativo provocado ou crime provocado
Chama-se crime provocado ou crime putativo provocado quando o agente 
é induzido, carregado, provocado, a praticar uma conduta típica, mas, em 
verdade, já existiu uma preparação anterior tornando-se impossível a reali-
zação do resultado esperado pelo agente. Cumpre diferenciar o crime provo-
cado do crime esperado.
O crime é provocado quando o agente, embora deliberado na prática da 
conduta, é induzido e levado a provocar a conduta típica como se fosse real. 
Porém, o resultado de sua conduta não se concretiza porque já existia uma 
predisposição para que o resultado efetivamente não se configurasse. Exem-
plo: a polícia deixa um veículo apreciado pelo gatuno no seu local desejado 
e diversos policiais à paisana no derredor do local, apenas esperando o mo-
mento em que o agente vai subtraí-lo. Ao adentrar no veículo, soando um 
dispositivo previamente instalado pela polícia, fica o mesmo trancado no 
automóvel, sem condições de fugir, sendo autuado em “flagrante”. Flagran-
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
te inexistente. Pela Súmula 145, do Supremo Tribunal Federal, não existe o 
crime no caso de preparação do flagrante por parte da polícia.
Já o crime esperado se dá quando a polícia sabe que o agente é delinquen-
te e está praticando condutas ou na iminência de praticá-las. Assim, procura 
aguardar o momento em que o agente irá agir para prendê-lo. A polícia não 
teve qualquer outra participação na conduta criminosa do agente, apenas 
aguardou o momento oportuno para que o mesmo praticasse sua delibera-
da e prévia ação, conseguindo prendê-lo. Aqui o flagrante é certo.
Não se pode confundir com o crime exaurido, principalmente quando a 
vítima ainda quer uma prova maior da corrupção ativa do agente público. 
Nesse caso, filma o momento em que entrega o dinheiro ao sujeito. Nesse 
caso já existiu a consumação do crime no momento em que o agente pediu 
a “propina”, sendo a entrega do dinheiro mero exaurimento do crime que 
não interfere na persecução do primeiro crime.
Crime doloso e crime culposo
A definição geral de ambos encontram-se nos artigos 18 e 19 do Código 
Penal Brasileiro, mas que devem ser analisados separadamente2.
Do crime doloso
O conceito de dolo é integrantedo elemento subjetivo do tipo penal, 
adotado pelo Código Penal. É que, em certos tipos penais não basta apenas 
que exista o dolo, há necessidade de se saber a verdadeira carga subjetiva 
da conduta, a fim de saber a extensão da finalidade da conduta do agente. 
Havendo intenção, há o dolo. Diante disso, a conduta passa a ser dolosa, fa-
lando-se, então, em ação ou omissão dolosa.
É o dolo a mais grave forma de culpabilidade, pois se trata da manifes-
tação da vontade do agente de desejar o resultado ou assumir o risco de 
produzi-lo. É a constituição do elemento subjetivo do tipo penal.
Sobre o dolo surgiram diversas teorias destacando-se:
Pela � teoria da representação o dolo seria a representação subjetiva da 
previsão do resultado danoso, sendo este considerado como possível.
2 Art. 18. Diz-se o crime:
I - doloso, quando o 
agente quis o resultado 
ou assumiu o risco de 
produzi-lo;
II - culposo, quando o 
agente deu causa ao re-
sultado por imprudência, 
negligência ou imperícia.
Parágrafo único. Salvo os 
casos expressos em lei, 
ninguém pode ser punido 
por fato previsto como 
crime, senão quando o 
pratica dolosamente.
Art. 19. Pelo resultado que 
agrava especialmente a 
pena, só responde o agente 
que o houver causado ao 
menos culposamente. 
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
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Pela � teoria do consentimento (volição) o dolo exigiria um consentimen-
to prévio tendente a causar um resultado danoso, devendo este ser 
considerado, também, como possível. Não há necessidade do agente 
querer o resultado, basta que dê sua aquiescência para a realização do 
resultado.
Pela � teoria da probabilidade (cognição) o dolo estaria presente na sim-
ples probabilidade de sua ocorrência, não mais na possibilidade de vir 
a ocorrer o evento danoso.
Pela � teoria da vontade o dolo é a intenção mais ou menos perfeita de 
praticar um fato que se conhece contrário à lei. Pela teoria da vontade, 
em realidade o dolo é mesmo a intenção dirigida para um determina-
do resultado, consciente o agente da natureza do fato e sua vontade 
destinada a causá-lo.
O nosso Código Penal adotou a teoria da vontade na primeira parte do 
artigo 18, inciso I (quis o resultado) e a teoria do assentimento na segunda 
parte do mesmo artigo (assumiu o risco de produzi-lo).
Elementos do dolo
São elementos do dolo:
Consciência, que é o conhecimento do fato e que constitui a ação tí- �
pica, sendo o elemento cognitivo ou intelectual, ou seja, a consciência 
da realização dos elementos objetivos do tipo penal;
Vontade, que é o elemento volitivo, intencional, desejo incondiciona- �
do à realização dos elementos objetivos do tipo penal. É a intenção e a 
vontade de praticar a conduta descrita no tipo.
Assim, o dolo é composto de duas fases distintas, sendo a primeira o ob-
jetivo que o agente pretende alcançar, aliado aos meios empregados e às con-
sequências de sua atuação. Há duas situações nessa primeira fase da condu-
ta: uma interna – que é o pensamento do agente. Ex.: propor-se a matar um 
inimigo (fim). A outra é externa, quando seleciona os meios para realizar essa 
finalidade (escolhe uma determinada arma, por exemplo).
A segunda fase é a exteriorização da conduta, ou seja, é a realização da 
atividade. Ex.: o agente pensou em liquidar seu desafeto e agora passa a 
agredi-lo. Como já escolheu a arma, desfere tiros contra a vítima.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
Espécies de dolo
A doutrina distingue as formas de dolo:
Dolo � direto ou determinado, quando estiver presente na ação ou omis-
são do agente a intenção, a vontade, o querer o resultado, o desejar 
que, de sua ação ou omissão, exista um resultado esperado. É a inten-
ção que move a conduta. No matar alguém, por exemplo, a intenção é 
matar, sendo assim o dolo é determinado, direto.
Dolo � indeterminado ou indireto, quando o elemento volitivo da condu-
ta não se dirige a um resultado certo e esperado.
Dolo será � alternativo quando, existindo uma conduta, o agente pouco 
se importa com qual dos resultados venha a alcançar. O exemplo clás-
sico é do agente que se dirige ao seu desafeto e desfere tiros contra 
ele, pouco se importando com o resultado alcançado. Para ele, tanto 
faz a morte como a lesão corporal. O fim alcançado é o dano à pessoa 
de seu desafeto.
Dolo � eventual, quando o agente assume o risco de produzir o resul-
tado, ou seja, sabendo ele que o resultado de sua conduta pode oca-
sionar dano, com ele pouco se importa, acabando por, efetivamente, 
causá-lo. É uma equiparação legal do artigo 18, II, 2.ª parte.
	 Com relação ao dolo eventual prevalece no nosso Direito Penal a teoria 
do assentimento, pois o agente tem a consciência exata de sua condu-
ta, sabe que dela advirá um resultado, mesmo assim, voluntariamente, 
prossegue nessa conduta, produzindo efetivamente o resultado.
	 Há uma linha divisória tênue entre o dolo eventual e a culpa conscien-
te, pois enquanto no dolo eventual o agente sabe da possibilidade da 
ocorrência de um resultado, preferindo arriscar-se a produzi-lo, ao in-
vés de renunciar à ação, na culpa consciente, ao contrário, o agente 
não admite a existência de resultado, repelindo-o, embora inconsidera-
damente, e empreende a ação na esperança ou persuasão de que este 
não ocorrerá.
Dolo � de dano é aquele em que o agente deseja atuar para causar um 
dano a outrem, podendo esse dano ser eventual ou diretamente vol-
tado para o resultado. O dano não tem a mesma significação que pre-
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
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juízo, frise-se. O dano poderá ser à pessoa ou ao bem móvel, como é o 
caso da subtração, como é o caso do estelionato, ou mesmo do homi-
cídio, onde o agente quer produzir um dano à vida.
D � olo de perigo é diverso, a intenção do agente não se destina ao maior 
mal, que é o dano, contentando-se o agente somente com a exposição 
ao perigo. É o caso, por exemplo, dos crimes previstos nos artigos 132, 
133 etc. Não quer o agente um mal maior, basta a ocorrência do perigo 
para que o agente com ele veja encerrada sua conduta, assumindo o 
risco da produção de um resultado ou produzindo-o dolosamente.
Dolo genérico � é aquele em que o agente simplesmente realiza a condu-
ta descrita na tipificação penal, sem indagar qualquer outro elemento 
que componha o tipo penal. A vontade do agente encontra-se previs-
ta na própria conduta, como está previsto na tipificação do homicídio, 
“matar alguém”, não especificando a norma qualquer outro elemento 
para a composição do tipo. A grande maioria dos tipos penais prevê a 
forma genérica de dolo.
Dolo específico � , ao contrário, exige, além da conduta, um especial fim 
de agir, uma finalidade voltada para a consecução do resultado, pre-
vista pelo agente no momento da realização do crime. Assim, no crime 
de perigo de contágio de moléstia grave, descrito no artigo 131, só 
existirá o delito se cometido com o fim de transmitir a doença. Entretan-
to, atualmente os doutrinadores afirmam não mais existir esse tipo de 
dolo, não obstante descrito nos diversos tipos penais.
Dolo geral � ou erro sucessivo é aquele em que o agente pratica nova 
ação, após já ter realizado uma outra conduta, sendo que a primeira 
conduta já havia produzido um evento lesivo. Porém, a segunda é que 
causou o evento desejado pelo agente. Ex.: “A” imagina ter matado “B”, 
em razão de ter desferido golpes de faca. Em seguida, joga “B” num rio, 
sendo que o exame necroscópico irá constatar que o crime de homicí-
dio deu-se em razão do afogamento,não em razão das facadas.
Do crime culposo
O legislador pátrio não fez uma definição própria da culpa, descrevendo 
somente suas modalidades.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
Cuidaremos da culpa em sentido estrito (strictu sensu). Ao contrário do 
que existe nos crimes dolosos, onde se faz o processo de adequação típica 
da conduta, no delito culposo não há essa possibilidade, eis que o crime cul-
poso não descreve a conduta. Define-se somente com o jargão “se o crime é 
culposo”, sem descrição da intenção do agente ou da sua vontade. Por isso, 
se diz que os crimes culposos são tipos penais abertos.
Na aferição do cuidado objetivo, deve-se atentar para o cuidado comum, 
do homem com discernimento e prudência, aquele cuidado que todo o 
homem comum (homus medium) deve ter.
Chama-se esse cuidado objetivo exigível ao homem médio de previsibi-
lidade objetiva. Além dessa previsibilidade objetiva, há também que se con-
siderar a capacitação do agente para a não realização do resultado. Essa é a 
previsibilidade subjetiva, que é a capacidade do agente de poder responder 
pelo resultado, em razão de suas aptidões pessoais e, dentro dessa capacita-
ção, a possibilidade de prever o resultado como possível.
Assim, o crime culposo é a falta de previsibilidade subjetiva do agente em 
relação à previsibilidade objetiva do homem médio.
Elementos do tipo culposo
O crime culposo se compõe de cinco elementos:
Conduta humana voluntária � , ação ou omissão do agente, não se 
questionando a vontade; apenas a conduta é um fator integrante da 
forma como o sujeito agiu.
Não observância do dever de cuidado � , que é comum a qualquer ho-
mem, conscientemente sabedor da obrigação de não causar dano a ter-
ceiros. O legislador se contenta com a falta de dever de cuidado objetivo.
Resultado involuntário � , consiste no fato de que o agente não dese-
ja que o resultado lesivo aconteça, havendo a modificação do mundo 
exterior.
Previsibilidade objetiva � eis que todo homem mediano sabe da pos-
sibilidade da existência de um perigo com a conduta descuidada, des-
de que tenha discernimento suficiente, compreendendo o seu ato.
Tipicidade � , que é a descrição do fato como infração penal.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
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Das modalidades da culpa
Chamam-se modalidades de culpa as formas como o crime culposo é co-
metido, estando explicitamente declaradas no artigo 18, inciso II, do Código 
Penal: imprudência, negligência e imperícia.
A imprudência consiste na ação do agente que atua precipitadamente, 
sem consideração, sem cautelas, deixando de usar os poderes que tinha 
para inibir a ação. É, geralmente, uma ação positiva. Por exemplo, o sujeito 
que continua na marcha de seu veículo, mesmo vendo uma pessoa saindo 
à rua para galgar o passeio público do outro lado. O exemplo típico é o 
sujeito que resolve limpar uma arma na proximidade de outras pessoas, 
vindo a disparar a arma contra uma delas.
A negligência é inércia psíquica, a falta de cautela necessária exigida para 
que o resultado não se realize. É a displicência, a indiferença, a falta de reali-
zação de outra conduta que, se fosse feita, impediria o resultado. É negativa. 
Exemplos típicos são os do agente que abre uma valeta na rua e deixa de 
sinalizá-la, vindo alguém a cair na mesma e o do agente que deixa o veículo 
estacionado sem acionar o comando de freio adequadamente.
A imperícia é a falta de aptidão ou de conhecimentos técnicos no exer-
cício de sua profissão ou arte, ou a falta de experiência ou o desleixo na 
realização de sua condição profissional, provocando o resultado, quando 
o agente se dispõe a fazê-la, mesmo sendo carecedor de conhecimento 
técnico, teórico ou prático para tanto, ou, ainda, fazendo-o sem se louvar 
desses conhecimentos. Ex.: o médico que não tem conhecimento apurado 
sobre cirurgia e assim mesmo a faz; o motorista profissional que não conse-
gue manter-se no leito carroçável da pista de rolamento, permitindo que, 
por sua imperícia, o veículo saia da pista e capote etc.
Nada impede que, num mesmo tipo culposo, exista a conjugação de mo-
dalidades de culpa, como a imprudência e a negligência, a imprudência e a 
imperícia, a imperícia e a negligência, ou todas ao mesmo tempo.
Questões para debates
1. Diferencie os tipos de dolo que existem.
2. Descreva o que é um crime impossível.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
3. Quais são as teorias sobre o crime impossível?
4. O que é um crime putativo?
5. Diferencie as modalidades de culpa.
6. Por que se diz que o crime culposo é um tipo penal aberto?
Atividade de aplicação
1. (FCC) Entre os elementos do crime doloso não se inclui a:
a) consciência do resultado.
b) noção da conduta.
c) imprudência, a imperícia e a negligência.
d) consciência do nexo causal entre conduta e resultado.
e) vontade de praticar a conduta e alcançar o resultado.
Dica de estudo
Sempre lembrar das diversas modalidades de dolo e de culpa existentes 
no sistema penal. O crime impossível é verdadeiro “balão de ensaio”.
Referências
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal – Parte Geral. 10. ed. Rio de 
Janeiro: Editora Forense, 1986.
GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. Volume 1, Tomo I. 4. ed. São Paulo: 
Ed. Max Limonad, 1958.
HUNGRIA, Nélson. Comentários ao Código Penal. Volume 1, Tomo I. Rio de Ja-
neiro: Forense, 1953.
JESUS, Damasio Evangelista de. Direito Penal. Volume I, Parte Geral. 31. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2010.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
63
MAGALHÃES NORONHA, Edgard de. Direito Penal. Volume I. 2. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1963.
MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal. Campinas: Bookseller, 
1997.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 24. ed. São Paulo: Atlas, 
2008.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume I, Parte Geral, arts. 
1.º a 120. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Derecho Penal – Parte General. Buenos 
Aires: Ediar, 1977.
Gabarito – Questões para debates
1. São tipos de dolo os seguintes: dolo direto ou determinado, quando es-
tiver presente na ação ou omissão do agente a intenção, a vontade, o 
querer o resultado, o desejar que, de sua ação ou omissão, exista um re-
sultado esperado. Dolo indeterminado ou indireto é quando o elemento 
volitivo da conduta não se dirige a um resultado certo e esperado. Dolo 
alternativo é quando, existindo uma conduta, o agente pouco se impor-
ta com qual dos resultados venha a alcançar. Dolo eventual é quando o 
agente assume o risco de produzir o resultado, ou seja, sabendo ele que o 
resultado de sua conduta pode ocasionar dano, com ele pouco se impor-
ta, acabando por, efetivamente, causá-lo. Dolo de dano é aquele em que 
o agente deseja atuar para causar um dano a outrem, podendo esse dano 
ser eventual ou diretamente voltado para o resultado. Dolo de perigo é 
diverso, a intenção do agente não se destina ao maior mal, que é o dano, 
contentando-se o agente somente com a exposição ao perigo. Dolo ge-
nérico é aquele em que o agente simplesmente realiza a conduta descrita 
na tipificação penal, sem se indagar mais qualquer outro elemento que 
componha o tipo penal. Dolo específico, ao revés, exige, além da condu-
ta, um especial fim de agir, uma finalidade voltada para a consecução do 
resultado, prevista pelo agente no momento da realizaçãodo crime. Dolo 
geral ou erro sucessivo é aquele em que o agente pratica nova ação, após 
já ter realizado uma outra conduta, sendo que a primeira conduta já havia 
produzido um evento lesivo.
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
2. Crime impossível é o “quase-crime”, “tentativa inidônea”, “tentativa im-
possível” ou “tentativa inadequada”, e se dá quando o agente tem a inten-
ção deliberada de praticar um crime qualquer, mas lhe faltam requisitos 
indispensáveis à conduta, que é exatamente o resultado desejado. Por 
mais que o agente tente, utilize os meios de que dispõe para a consecu-
ção do seu crime, não haverá possibilidade de alcançá-lo, ou porque o 
objeto material do crime é impróprio ou o meio que buscou para alcançá-
lo é inadequado.
3. As teorias sobre o crime impossível são as seguintes: a) Sintomática no 
sentido de que dever-se-ia aplicar pena no agente, em razão de sua pe-
riculosidade e indícios fortes e seguros de sua temibilidade penal. b) 
Teoria subjetiva, que se tem em mente a finalidade buscada pelo agen-
te na condução de seu ato. c) Teoria objetiva, que diz que não have-
ria necessidade de reprimir a conduta do agente, pois não existiram os 
elementos que compõem a tentativa e o bem jurídico não corre risco 
algum. No Brasil, até 1984, vigorou essa teoria, porém, a teoria objetiva 
temperada, em face do anterior regime da medida de segurança, mo-
dificando para a teoria objetiva pura no sentido de que não é punível a 
conduta quando houver a absoluta impropriedade do objeto ou a ab-
soluta ineficácia do meio, pois deixou de existir a medida de segurança 
para os agentes reconhecidamente perigosos.
4. O crime putativo é um “crime imaginário” ou “crime de ensaio”, ou seja, é 
aquele crime em que o agente imagina que está praticando uma conduta 
típica, mas, em verdade, o fato típico só existe na sua imaginação. Houve 
um erro de interpretação do agente, que se supõe um delinquente quan-
do não o é, naquele caso.
5. As modalidades de culpa são as seguintes: a) Imprudência consiste na 
ação do agente que atua precipitadamente, sem consideração, sem cau-
telas, deixando de usar os poderes que tinha para inibir a ação. É, geral-
mente, uma ação positiva. b) Negligência é inércia psíquica, a falta de cau-
tela necessária exigida para que o resultado não se realize. É a displicência, 
a indiferença, a falta de realização de outra conduta que, se fosse feita, 
impediria o resultado. É negativa. c) Imperícia é a falta de aptidão ou de 
conhecimentos técnicos no exercício de sua profissão ou arte, ou a falta 
de experiência ou o desleixo na realização de sua condição profissional, 
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Crime impossível, crime doloso e crime culposo
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provocando o resultado, quando o agente se dispõe a fazê-la, mesmo sen-
do carecedor de conhecimento técnico, teórico ou prático para tanto, ou, 
ainda, fazendo-o, sendo que o faz sem se louvar desses conhecimentos.
6. Se diz que o crime culposo é um tipo penal aberto porque depende da 
descrição da modalidade da culpa em que o agente tenha ocorrido para 
a configuração do delito, não bastando, como no crime doloso, mera des-
crição do fato típico. É necessário esclarecer de que forma agiu culposa-
mente o agente que se acusa.
Gabarito – Atividade de aplicação
1. C
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