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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU- UNINASSAU 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Carla dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reincidência Criminal: Um Panorama dos números da Justiça Penal no 
Estado de Alagoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió 
2018 
 
Ana Carla dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reincidência Criminal: Um Panorama dos números da Justiça Penal no 
Estado de Alagoas. 
 
 
 
 
Projeto de pesquisa apresentado como exigência 
parcial para elaboração do Trabalho de Conclusão de 
Curso de Direito no 10° período, noite, do Centro 
Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU). 
 
Orientadora: Me. Douglas de Assis Bastos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió 
2018 
 
 
Ana Carla dos Santos 
 
 
 
 
 
 
Reincidência Criminal: Um Panorama dos números da Justiça Penal no 
Estado de Alagoas. 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto de pesquisa apresentado como exigência parcial para 
elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de Direito no 
10° período, noite, do Centro Universitário Maurício de Nassau 
(UNINASSAU). 
 
Orientadora: Me. Douglas de Assis Bastos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Reincidência, do latim recider, significar recair, cair novamente sob o ponto de vista 
física ou oral. Reincidência é um conceito jurídico, aplicado ao direito penal, que 
significa voltar a praticar um delito havendo sido anteriormente condenado por outro, 
é circunstância que, via de regra, serve em geral, para o aumento da pena. A 
metodologia utilizada baseia-se em pesquisas método empírico documental. No 
primeiro capítulo, será abordado sobre reincidência criminal quanto a sua 
classificação e seus fundamentos e consequências causados no processo penal de 
um acusado que é visto como um reincidente. O segundo capítulo versará acerca da 
pena, com o objetivo principal elucidar os objetivos consecutivo da pronúncia de uma 
sentença condenatória em desfavor do agente causador de um crime. O terceiro 
capitulo será abordado sobre o programa de inclusão social de egressos do sistema 
prisional- presp, analisando o projeto estabelecido na lei estadual nº 18.401. 
 
Palavras-chave: Reincidência Criminal. Sistema Carcerário. Agravamento da Pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Recidivism, from Latin recider, means to fall back, to fall again from the physical or oral 
point of view. Recidivism is a legal concept, applied to criminal law, which means to go 
back to committing an offense having previously been convicted by another, is a 
circumstance that, as a rule, usually serves to increase the sentence. The methodology 
used is based on research empirical documentary method. In the first chapter, will be 
approached about criminal recidivism as to its classification and its foundations and 
consequences caused in the criminal proceedings of an accused who is seen as a 
repeat offender. The second chapter will deal with the penalty, with the main purpose 
of elucidating the consecutive objectives of pronouncing a conviction in violation of the 
agent causing a crime. The third chapter will be approached about the social inclusion 
program of ex-prisoners from the prison system, analyzing the project established in 
state law nº 18,401. 
 
Keywords: Criminal recidivism. Prison system. Aggravation of the Penalty. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 
1. DA REINCIDÊNCIA CRIMINAL ....................................................................... 9 
1.1 Conceito de Reincidência Criminal .................................................................. 9 
1.2 Classificação de Reincidência Criminal ........................................................... 12 
1.3 Efeitos jurídicos gerados pela reincidência criminal no sistema penal brasileiro 
 .......................................................................................................................... 14 
 
2. DAS PENAS ................................................................................................. 18 
2.1 Conceito de Pena ........................................................................................ 18 
2.2 As teorias da Pena ................................................................................................. 20 
2.2.1 Teorias Absolutas das Penas ...................................................................... 20 
2.2.2 Teorias Relativas ou da Prevenção .............................................................. 21 
2.2.3 Teoria mista, unificadora ou eclética ........................................................... 23 
2.3 Princípios da Pena ..................................................................................... 24 
2.4 Penas privativas de liberdade ....................................................................... 26 
 
3 O PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL DE EGRESSOS DO SISTEMA 
PRISIONAL – PRESP .................................................................................... 28 
 
4 REINCIDÊNCIA CRIMINAL NO ESTADO DE ALAGOAS ............................ 32 
4.1 O Sistema Prisional no Estado de Alagoas ................................................... 33 
4.2 Reincidência Criminal no Estado de Alagoas ................................................ 37 
4.3 A Reincidência criminal como consequência da precariedade e superlotação do 
sistema carcerário .................................................................................................. 42 
4.4 Socialização e Ressocialização ................................................................................ 44 
 
CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Reincidência criminal é um tema bastante importante para o Direito Penal, 
verifica-se O artigo 63 do Código Penal diz: "Verifica-se a reincidência quando o 
agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou 
no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Segundo os dados do Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ), a cada dez presos que deixam o sistema penitenciário 
Brasileiro voltam ao crime, em alagoas o percentual de Reincidência é de 75% e 80%. 
As penitenciárias surgiram como uma forma de punição pelo sujeito ter 
cometido algum crime, prevenindo de ter uma nova pratica. Com a lei n° 7.210 de 
1984, a pena passou a possuir, a finalidade de punição e prevenção, principalmente 
de ressocialização, o direito à liberdade está dentre os direitos, e é dever do Estado 
garantir a todos. 
A Reincidência está ligada as causas de agravamento de pena, a esse 
indivíduo é dado um tratamento diferenciado dos demais considerados “primários”, 
essa diferencia é dada pelo Código Penal. Um dos principais pontos a serem 
analisados, além da precariedade do sistema prisional, será o acompanhamento do 
poder executivo para os ex-detentos, pois assim que os indivíduos deixam o sistema 
penitenciário a maioria volta ao ambiente em que cometeu o crime 
Para estudar a reincidência criminal profundamente é necessário realizarmos 
um estudo preliminar, ainda que superficial, sobre os antecedentes. A reincidênciaé 
tida como uma espécie de gênero de antecedentes, já que ambos levam em 
consideração a vida pretérita do indivíduo. 
A importância desse tema justifica-se, pois é de grande importância a discussão 
desse assunto, no cenário atual a violência tem causado uma grande preocupação 
para a sociedade Alagoana, muitos dessas violências sendo cometida por autores que 
após terem vivido no cárcere presidiários retornam a pratica de crimes, escolhendo 
permanecer nessas atividades. 
Alguns estudos apontam que a taxa de Reincidência Criminal no Brasil chega 
a 70% dos presos e em Alagoas a cada dez presos que deixam o Sistema Prisional 
retornam ao mundo do crime. Diante desse fato, é necessário que se faça um estudo 
sobre o tema, facilitando o entendimento das principais causas que levam a cometer 
a reincidência. 
8 
 
Quanto a metodologia empregada, foi o método empírico documental, 
baseados em documentos, pesquisas historiográficas, extraem deles toda a análise, 
organizando-os e interpretando-os segundo os objetivos da investigação proposta. É, 
pois, o tratamento metodológico de documentos que destacarei neste trabalho, tendo 
como pano de fundo meu próprio percurso de pesquisa 
Assim, estrutura-se, o presente trabalho, em três capítulos principais, 
primeiramente, discorre sobre reincidência criminal quanto a sua classificação e seus 
fundamentos e consequências causados no processo penal de um acusado que é 
visto como um reincidente. 
O segundo capítulo versará acerca da pena, com o objetivo principal elucidar 
os objetivos consecutivo da pronúncia de uma sentença condenatória em desfavor do 
agente causador de um crime. 
O terceiro capitulo será abordado sobre o programa de inclusão social de 
egressos do sistema prisional- presp, analisando o projeto estabelecido na lei estadual 
nº 18.401. 
O último capítulo, por sua vez, é dedicado à exposição da reincidência criminal 
em Alagoas, trata-se de um panorama dos números da justiça penal no Estado de 
Alagoas. 
A presente monografia se encerra com as considerações finais, nas quais são 
apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à 
continuidade dos estudos e das reflexões sobre o tema abordado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
3. DA REINCIDÊNCIA CRIMINAL 
 
 
Neste capítulo será apresentado o conceito de reincidência criminal, quanto a 
sua classificação e seus fundamentos que são usados para a sua permanência no 
ordenamento jurídico e suas consequências causados no processo penal de um 
acusado que é visto como um reincidente. 
 
3.1 Conceito de Reincidência Criminal 
 
 Para que haja um melhor entendimento do tema, será abordado no presente 
momento o conceito de reincidência criminal, para que assim o leitor tenha uma maior 
facilidade em compreender as informações que adiante lhe serão fornecidos. 
 Reincidência, do latim recider, significar recair, cair novamente sob o ponto de 
vista física ou oral. Pela definição do dicionário Aurélio, reincidência é “ato ou efeito 
de reincidir; obstinação; pertinácia; teimosia”1. 
No direito romano, tal como o direito medieval, conforme Leonardo Isaac 
Yarochewsky, “a reincidência era contemplada, exclusivamente, em relação a 
determinados crimes, especialmente crimes de furtos, para agravar a pena ordinária 
e comutá-la para espécie mais grave, ou para imprimir, por si só, caráter delituoso a 
certos fatos2. 
 O Código Penal brasileiro atual não trouxe a definição correta, mas apenas as 
condições necessárias para sua configuração, quais sejam: tentativa de nova infração 
depois de transitada em julgada a condenação anterior e período inferior a cinco 
anos3. Nesse sentindo julgado do STJ: 
 
“Reincidente é todo aquele que, após o trânsito em julgado da condenação, 
independentemente do tipo de pena imposta, comete novo crime. (STJ – HC 
4.023 – SP – Rel. Min. EDSON VIDIGAL - 5ª T. – J. 18.12.95 – Un) (DJU n. 
38, 26.2.96, p.4.028) ” 
 
 A utilização, pelo Brasil, desse contexto que, se averiguado, sempre agravará 
a pena do sentenciado é facilmente notado no artigo 61, I, do Código Penal. 
 
1 YAROCHEWSKY, Leonardo Isaac. Da Reincidência Criminal. Belo Horizonte. Editora 
Mandamentos,2005. 
2 YAROCHEWSKY, Leonardo Isaac. Da reincidência criminal. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005, 
p. 25. 
3 BRUNONI, Nivaldo. Ilegitimidade do direito penal de autor à luz do princípio de culpabilidade, revista 
doutrina TRF4, edição 21,2007. 
10 
 
Retira-se do mencionado artigo: “São circunstâncias que sempre agravam a 
pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I – a reincidência; [...]”. 
 Greco salienta que, a “reincidência é a prova do fracasso do Estado em sua 
tarefa ressocializadora”, não conseguindo alcançar, com a ingerência estatal, o 
objetivo disposto no art. 59 do Estatuto Repressivo de “reprovação e prevenção do 
crime”. Nessa direção, mas desacreditado se mostra Falconi4 
 
Ora, com todo o respeito, se a primeira pena se mostrou “ineficaz”, não há de 
ser a exacerbação da segunda que a transformará em “eficaz”. Redundante 
é o equívoco de pensar que o agravamento da pena poderá, de alguma 
forma, intimidar o delinquente. Não é esta a melhor terapia. Aliás, tem-se 
mostrado pior. O sistema de penas tem-se mostrado refratário ao bom 
caminho da ressocialização. 
 
 Há ainda aqueles que lançam a tese da inconstitucionalidade do instituto, em 
suma, pela vedação constitucional implícita da dupla punição pelo mesmo fato (ne bis 
in idem), visto que o agente estaria sendo reprimido, em um segundo momento, em 
razão de fato decorrido já punido5. 
Apesar da tese ser defendida por inúmeros autores brasileiro, o Supremo 
Tribunal Federal já afastou no julgamento do Recurso Extraordinário 453000, em 
04/04/2013, por compreender que o instituto está em acordo com a Carta Magna em 
razão do princípio da individualização da pena e da isonomia (art. 5º, caput e inc. 
XLVI), procedimento a evitar tratamento igual em circunstâncias diferentes. 
 Desse modo, prevaleceu a corrente doutrinária e jurisprudencial de que “a 
exacerbação da pena se justifica plenamente para aquele que, punido, anteriormente, 
voltou a delinquir, demonstrando com sua conduta criminosa que a sanção 
normalmente aplicada se mostrou insuficiente para intimidá-lo ou recuperá-lo6” 
É importante observar que para se representar a reincidência o cometimento 
do novo crime deve se dar após trânsito em julgado da sentença que o tenha 
condenado anteriormente. Logo, não basta a simples existência de uma condenação 
transitada em julgado para que o condenado seja considerado reincidente. 
É o que esclarece o julgado do Supremo Tribunal Federal: 
(...) verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de 
transitar em julgado sentença condenatória de processo anterior, assim o que 
a conceitua é o cometimento do novo crime e não a existência da segunda 
 
4 FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2002. 423 p 
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
1285 p. 
6 MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral. 25. ed. São 
Paulo: Atlas, 2009. 464 p. 
11 
 
sentença condenatória passada em julgado. (STF – RHC 36.201 – Rel. Min. 
HENRIQUE D’AVILA – J. 24.9.58) (RF 189/272)7 
 
De acordo com Luiz Flávio Gomes8, “há reincidência quando o agente comete 
nova infração penal, depois de ter contra si condenação precedente com trânsito em 
julgado” 
Rogério Greco afirma9, ao analisar o artigo63 do Código Penal, que três são 
os fatos inevitável ao determinar a reincidência, sendo eles: 1º) prática de crime 
anterior trânsito em julgado da sentença condenatória; 3º) prática de novo crime, após 
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória 
 O transito em julgado da sentença dá origem ao que é uma expressão usada 
para uma decisão ou acórdão judicial da qual não se pode mais recorrer, seja porque 
já passou por todos os recursos possíveis, seja porque o prazo para recorrer terminou 
ou por acordo homologado por sentença entre as partes. 
 De acordo com Eugênio Pacelli de Oliveira: 
 
A coisa julgada, sabe-se, não é um efeito, mas uma qualidade da decisão 
judicial da qual não caiba mais recurso. É a imutabilidade da sentença, de 
modo a impedir a reabertura de novas indagações acerca da matéria nela 
contida. [...] normalmente, a autoridade da coisa julgada, ou a sua 
imutabilidade, é justificada em razão da necessidade de segurança jurídica 
decorrente da solução dos conflitos sociais resolvidos pela jurisdição 
estatal.10 
 
Cabe salientar que o artigo 5º, inciso LVII, da Constituição de 1988, considera 
todos os acusados inocentes das acusações que lhe são atribuídos até que ocorra o 
trânsito em julgado da sentença condenatória. 
Sobre o princípio da presunção de inocência cabe lembrar a lição de Gilmar 
Ferreira Mendes 
A constituição estabelece, no art. 5º, LVII, que ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, 
consagrando, de forma explícita, no direito positivo constitucional, o princípio 
da não-culpabilidade ou princípio da presunção de inocência (antes do 
trânsito de8 julgado da sentença penal condenatória). [...] é entendido como 
princípio que impede a outorga de consequências jurídicas sobre o 
investigado ou denunciado antes do trânsito em julgado da sentença criminal. 
 
 
7 AMARO, Mohamed. Código Penal na expressão dos Tribunais. São Paulo; Saraiva,2007. 
8 CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luís Flávio. Direito penal: parte especial. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2008. 
9 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. 10. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008, p. 568. 
10 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 9. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 
501. 
12 
 
Por esta razão não há a possibilidade de se considerar o acusado reincidente 
se não for sequer julgado em definitivo o crime que poderia ser adequado a gerar a 
situação agravante da reincidência. A doutrina, precisamente com Mirabete11, 
também confirma para ser considerado reincidência é necessário a comprovação 
anterior por documento hábil, estabelecendo a competente de cartório em que figure 
a data do trânsito em julgado. 
 
3.2 Classificação de Reincidência Criminal 
 
Segundo Francisco Bissoli Filho, a reincidência criminal pode ser classificado 
da seguinte forma: 
a) Quanto à identidade ou não dos fatos: reincidência genérica, específica 
e especialíssima 
 De acordo com Bissoli12, a diferença destes institutos fundamenta-se na 
identidade jurídica dos crimes praticados. Desse modo, a reincidência é genérica, 
general ou absoluta quando: 
 
[...] considera os fatos delituosos no interior de uma mesma definição 
jurídica básica, não se importando com as espécies. Não há a necessidade 
da identidade jurídica dos fatos criminosos, nem que sejam da mesma 
natureza, bastando, para a sua caracterização, que o autor tivesse recaído 
na prática de „um fato delituoso‟, 
 
 Quando o assunto é reincidência genérica, geral ou absoluta parece não haver 
dificuldades para descobrir se o agente é ou não reincidente, logo será considerado 
quando ficar certificado que no momento da ação no novo crime já havia uma 
condenação anterior, sendo indiferente a existência ou não de semelhança entre os 
dois fatos. A reincidência especifica é aquela em que os delitos praticados são da 
mesma natureza, embora, apresentam entre si algum tipo de identidade. 
 Pode ser dividida em dois modelos: absoluta ou relativa. De acordo com 
Bissoli, a absoluta, acontece quando os delitos praticados estiverem previstos no 
mesmo dispositivo legal, isto é, quando forem ao mesmo particular modelo do fato 
punível considerado em seu integral e específico conteúdo, apresentando os 
mesmos elementos que se enquadram na mesma figura típica13. 
 
11 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal: parte geral. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: 
Atlas,1997. 
12 FILHO, Francisco Bissoli. Estigmas da criminalização: dos antecedentes à reincidência criminal, 
p. 76 
13 BISSOLI FILO, Francisco. Estigmas de criminalização: dos antecedente a reincidência criminal. 
P.77 
13 
 
b) Quanto à obrigatoriedade ou não do reconhecimento: reincidência 
obrigatória e facultativa 
 
Questão que se questiona é a obrigatoriedade ou não do reconhecimento da 
reincidência criminal pelo juiz ao efetuar a pena. Desse modo Giuseppe Bettiol14 
dividiu a reincidência criminal em obrigatória, quando o juiz na presença de dois 
crimes, é obrigado a considerar o réu como reincidente para pôr um aumento de 
pena, ou facultativa quando o juiz ao contrário, tem a faculdade de descartar a 
reincidência criminal em certas situações. 
De acordo com Bissoli, essa classificação nos leva ao questionamento acerca 
da obrigatoriedade ou não do reconhecimento da reincidência quando da dosimetria 
da pena na sentença condenatória 
c) Quanto ao pressuposto de configuração: reincidência verdadeira e ficta 
 
A doutrina afirma existir duas categorias de reincidência: reincidência real ou 
própria, também designado como verdadeira15, que “exige novo crime depois de ter 
sido cumprida efetivamente a pena anterior16, ficta ou presumida, que requer novo 
fato punível depois da condenação anterior definitiva17. 
De acordo com Assis18 a reincidência será, real, verdadeira ou própria quando 
o agente realiza nova infração após cumprir, parcial ou totalmente, a pena 
determinada em razão do crime anterior. A prática de novo delito demostrará a 
ineficácia e a insuficiência do tratamento penal aplicado. No entanto, será tido como 
ficta, presumida ou imprópria quando houver uma sentença condenatória transida 
em julgado, inexistindo o comprimento da sanção penal. Em suma, basta apenas a 
realidade de sentença condenatória com trânsito em julgado, com o segundo crime 
realizado após a sua prolação, sendo desnecessário a execução da pena. 
 Com uma leitura aplicada no art.63 do Código Penal, verifica-se que o 
legislador optou por pela segunda modalidade, isto é, a presumida, que existe cm a 
simples condenação anterior, não havendo a necessidade de cumprimento, nem em 
parte, da reprimenda 
 
14 BETTIOL, Giuseppe. Direito penal. Tradução de Paulo José da Costa Júnior e Alberto Silva Franco. 
v. III. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1976, p. 18 
15 YAROCHEWSKY, Leonardo Isaac. Da reincidência criminal, p.7. 
16 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral, p. 738 
17 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral, p. 738 
18 ASSIS, Rafael Damaceno de. op. Cit, p.114 
14 
 
d) Quanto à temporalidade: reincidência perpétua e temporária 
 
Não se pode deixa de aborda a questão de duração da reincidência chamado 
por parte da doutrina como norma da reincidência19 ou período de depuração da 
reincidência20, que cuida da eficácia temporal da condenação anterior para 
consequência da reincidência. 
A dúvida a respeito do assunto é se a condenação irrecorrível deve possuir 
eficácia perpétua, procedimento a tomar descartávelo período decorrido entre seu 
trânsito em julgado e o cometimento do novo crime ou, contrariamente, se ela deve 
perder o efeito de proporcionar a caracterização da reincidência quando existir certo 
período de tempo entre o julgamento definitivo e a prática do novo crime. 
 No direito penal pátrio, adota-se a temporariedade, tendo em vista o lapso 
temporal exigível no artigo 64, I, do Código Penal. 
 
1.3 Efeitos jurídicos gerados pela reincidência criminal no sistema penal 
brasileiro 
 
 
A presente subdivisão da monografia é atribuída ao desenvolvimento dos 
efeitos da reincidência existentes na parte geral e na especial do Código Penal 
brasileiro. Cabe salientar que os efeitos da reincidência não se limitam ao Código 
Penal. Porém, uma vez que a presente monografia não tem como objetivo 
aprofundamento dos efeitos gerados pela reincidência, optou-se por abordar apenas 
aquelas existentes no Código Penal. 
O Código Penal ordena, por meio do artigo 33, §2, que as penas privativas 
de Liberdade deverão ser praticadas de forma sucessiva e segundo o mérito do 
condenado. De acordo com o referido artigo 33, §2º, parágrafo “b”, “o condenado 
não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda 8 (oito), 
poderá, desde o princípio, cumpri- lá em regime semiaberto”. 
Enquanto isso, colhe-se da alínea “c” do referido dispositivo legal que “o 
condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, 
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto”. 
 
 
 
 
19 YAROCHEWSKY, Leonardo Isaac. Da reincidência criminal, p. 34 
20 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral, p. 740. 
15 
 
Após averiguar os critérios imposto pelo Código Penal e que o juiz está 
obrigado a seguir, Cezar Roberto Bitencourt completa que “os fatores fundamentais 
para a determinação do regime inicial são: natureza e quantidade da pena aplicada 
e a reincidência21” 
 Para Fernando Capez se o condenado for reincidente inicia sempre em regime 
fechado, não importando a quantidade da pena imposta”22. No mesmo sentindo é a 
compreensão de Zaffaroni e Pierangeli23 que afirma que as alíneas do §2º do artigo 
33 do Código Penal estão a “indicar que o reincidente, sempre, deverá iniciar o 
cumprimento de sua pena em regime fechado 
 O artigo 44 do Código Penal especifica que os preceitos necessários e 
indispensável para que o juiz possa levar a efeito a mudança da pena privativa de 
liberdade pela restritiva de direitos. De acordo com Rogério Greco24, “são requisitos 
considerados cumulativos, ou seja, todos devem estar presentes para que se possa 
realizar a substituição” 
Indispensável, então, a transcrição do artigo 44 do Código Penal, in verbis: 
 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as 
privativas de liberdade, quando: 
I – Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o 
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, 
qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – O réu não for reincidente em crime doloso; 
III – A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade 
do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que 
essa substituição seja suficiente. 
§ 1o (VETADO) 
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita 
por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a 
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de 
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, 
desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente 
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática 
do mesmo crime. 
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade 
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No 
cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo 
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta 
dias de detenção ou reclusão. 
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, 
o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de 
aplica- lá se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 
 
21 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, p.448. 
22 CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral, p. 325. 
23 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro: parte 
geral. p. 683. 
24 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral, p. 532. 
16 
 
 
 Com a leitura do mencionado artigo é possível notar três disposições para que 
a pena privativa de liberdade possa ser modificada por restritiva de direitos, cujo “dois 
são de ordem objetiva e o terceiro de ordem subjetiva25” 
Como o presente trabalho é referente à reincidência criminal, abordar-se-á no 
momento apenas o requisito subjetivo da impossibilidade de substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos dos acusados reincidentes em crime 
dolosos. 
Cezar Roberto Bitencort adverte que somente a reincidência específica (art. 
44, §3º, in fine) constitui impedimento absoluto para a aplicação de pena restritiva de 
direitos em substituição à pena privativa de liberdade aplicada26. Assim, mais uma 
vez fica claro o tratamento diferenciado dado ao acusado reincidente que tem o 
benefício da substituição da pena privativa de liberdade ligado à consciência do 
magistrado, que pode compreender, ou não, que a medida seja socialmente 
sugerida, isso na melhor das possibilidades. 
Rogério Greco afirma ser necessário salientar que: 
 
O Código Penal não fornece um quantum para fins de agravação da pena, 
ao contrário do que ocorre com as chamadas causas de diminuição ou de 
aumento, a serem observadas no terceiro momento do critério trifásico 
previsto no artigo 68 do diploma repressivo. Para elas, o Código Penal 
reservou essa diminuição ou aumento em frações, a exemplo do que ocorre 
com o §1º do seu art. 155, quando diz que a pena será aumentada em um 
terço se o furto for praticado durante o repouso noturno27. 
 
Contudo, a falta de pressuposição de pena deve ser aumentada, não resta 
dúvida alguma que a constatação da reincidência agrava a situação do acusado. 
Luiz Flávio Gomes também salient sobre o quantum do aumento caso seja 
notado a reincidência do acusado. 
 
Pela reincidência, por exemplo, o juiz pode aumentar um mês, dois meses 
ou mais, aumentar em 1/3 etc. Cada caso é um caso. De qualquer maneira, 
o juiz não pode ignorar que a agravante não é uma causa de aumento de 
pena, muito menos qualificadora, que são muito mais sérias28. 
 
 Mencionado autor conclui o assunto demostrando a necessidade de 
ajustamento do aumento da pena às normas do Código Penal. 
 
25 GRECO, Rogerio. Curso de direito Penal: parte geral, p.52. 
26 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, p. 483. 
27 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral, p. 569. 
28 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral, p. 734 
17 
 
Como demostrou Rogério Greco, se o Código Penal prevê um aumento de 
pena 1/3 para o furto realizado no período de repouso noturno, não pode o magistrado 
aumentar a pena desse acusado no mesmo nível caso ele seja reincidente. 
Outro caso que a parte geral do código Penal se refere de forma diferenciada 
os acusados reincidentes dos não reincidentes foi em seu artigo 77, isto é, noespaço 
em que trata das determinações da suspensão da pena. Não há dúvida que existe o 
tratamento mais severo ao reincidente. 
De acordo com Cezar Roberto Bitencourt em relação ao assunto: 
 
Nem toda reincidência impede a concessão do sursis, mas tão-somente a 
reincidência em crime doloso. Isso quer dizer que a condenação anterior, 
mesmo definitiva, por crime culposo ou por simples contravenção, por si só, 
não é causa impeditiva da suspensão condicional da pena. Uma primeira 
condenação por crime doloso não impossibilita a obtenção posterior de 
sursis pela prática de um crime culposo e vice-versa29. 
 
A restrição então é dada apenas aos reincidentes que tenham realizado dois 
crimes dolosos. Caso um dos crimes seja culposo ou mesmo uma infração, o 
reincidente terá direito a benesse se a pena que pretende ser retido não ultrapasse 
dois anos. Os efeitos negativos da reincidência também se fazem presentes na parte 
especial do Código Penal, na qual os benefícios fornecidos aos acusados são 
impedidos aos reincidentes. Ao reincidente também é vedada o perdão judicial ou 
apenas da pena de multa quando é acusado do crime previsto no artigo 337-A do 
Código Penal, que especifica a conduta de sonegação de contribuição previdenciária, 
com pena que pode variar de 2 a 5 anos, e multa. Àureo Natal de Paula relatar os 
casos previstos no Código Penal em que a reincidência do acusado proíbe o 
reconhecimento do crime privilegiado: 
 
2 – Impedimento do reconhecimento de causas de diminuição de pena: e) 
furto privilegiado (art. 155, § 2º, do CP), porém não impede a aplicação do 
princípio da insignificância (RJDTACrimSP 38/121); f) estelionato 
privilegiado (art. 171, § 1º, do CP); g) fraude no comércio privilegiada (art. 
175, § 2º, do CP); h) receptação culposa privilegiada (art. 180, §§ 3º e 5º 
primeira parte, do CP); i)receptação dolosa privilegiada (art. 180, "caput" e 
§ 5º parte final, do CP); Por fim vejam que interessante: no artigo 170 está 
disposto: "Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no 
artigo art. 155, § 2º". 
Logo, sendo o capítulo no qual está o artigo 170 o V, DA APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA, que se inicia pelo artigo 168, teremos: a)apropriação indébita 
privilegiada (art. 168, c.c. art. 170, do CP); b)apropriação indébita 
previdenciária privilegiada (art. 168.A c/c art. 170, do CP); c)apropriação de 
coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza, privilegiadas (art. 
 
29 BITENCOURT, Cezar Roberto. Direito penal: parte geral, p.664. 
18 
 
169, "caput" c.c. art. 170, do CP); d)apropriação de tesouro privilegiada (artigo 
169, parágrafo único, I, c.c. artigo 170 do CP); e)apropriação de coisa achada 
privilegiada (art. 169, parágrafo único, II, c.c. art. 170, do CP)30 
 
 Referido os casos existentes na parte especial do Código Penal que vedam o 
reconhecimento de crime privilegiado quando realizado por reincidência, torna-se 
necessário, para melhor entendimento do assunto, conceituar o que vem ser o 
mesmo. Salienta Fernando Capez, “crime privilegiado é aquele que em virtude da 
presença de certas circunstâncias que conduzem à menor reprovação social da 
conduta da conduta, o legislador prevê uma causa especial de atenuação da pena31”. 
 Os casos mencionados até o momento no quais demostrou que, quando 
reconhecido, a reincidência realmente complica a situação dos acusados. 
 
2 DAS PENAS 
 
O presente capítulo tem como objetivo principal elucidar os objetivos 
consecutivo da pronúncia de uma sentença condenatória em desfavor do agente 
causador de um crime. Para o êxito dessa tarefa, será iniciado com a apresentação 
do conceito de pena e também com uma breve abordagem sobre seu deslocamento 
histórico e a dificuldade de precisar o momento de surgimento das sanções impostas 
pelo Estado. Além disso se abordará a importância da teoria da pena para análise 
da reincidência criminal. 
 
2.1 Conceito de Pena 
 
Inicialmente, cabe fazer o registro de que a escolha de expor em primeiro 
plano o conceito de pena dá-se da necessidade de fazer o leitor entender o seu 
significado no mundo jurídico. Efetuada a tarefa proposta, serão citadas as 
características das penas previstas no ordenamento jurídico brasileiro, 
possibilitando, assim, a leitura e o aprendizado do leitor. De acordo com Jesus32 
pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma 
infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um 
bem jurídico. 
 
30 PAULA, Áureo Natal de. Efeitos da reincidência de acordo com a doutrina. Jus Navegandi, 
Teresina, ano 7, n. 65. Maio de 2003. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4009>. Acessado em: 12 de novembro de 2018. 
31 CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte especial: dos crimes contra a pessoa a dos 
crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos (arts. 121 a 212), v. II. São Paulo: 
Saraiva, 2003, p. 31. 
32 JESUS, Damásio de.Direito penal. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2013 
19 
 
De acordo com Damásio33, a pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, 
mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato 
ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos. 
Acrescenta que a pena tem finalidade preventiva, geral e especial no sentido 
de evitar novos delitos. 
 
Na prevenção geral o fim intimidativo da pena dirige-se a todos os 
destinatários da norma penal, visando impedir que os membros da sociedade 
pratiquem crimes. Na prevenção especial a pena visa o autor do delito, 
retirando-o do meio social, impedindo-o de delinquir e procurando corrigi-lo34. 
 
O conceito fornecido por Damásio Evangelista de Jesus deixa claro que a 
pena é ao mesmo tempo uma retribuição a um mal causado e uma medida das quais 
a finalidade é evitar que o causador da pena ou qualquer outra pessoa que tenha 
conhecimento dos efeitos volte a cometer crimes. 
No sentido etimológico a palavra pena é derivada do latim poena, que possui 
o significado de castigo, vingança, punição, dor, penitência e sofrimento. Após a 
execução de uma pena o objetivo de retribuição, de ameaça de um mal contra o 
realizador da infração penal, porque se requer um mal ao infrator da lei penal. Possui 
também a característica de prevenção, dado que possui o objetivo de evitar a prática 
de crimes, como intimidação como pôr da sanção ou como privação ao autor do fato, 
obstruindo assim que ele volte a delinquir. 
Rogério Greco35 conceitua pena como sendo a consequência natural imposta 
pelo Estado quando alguém pratica uma infração penal. Quando o agente comete 
um fato típico, ilícito e culpável, abre-se a possibilidade para o Estado de fazer valer 
o seu ius puniendi. 
Porém, cabe esclarecer que os delitos têm múltiplas consequências jurídicas, 
mas a consequência no âmbito penal é mesmo a pena. Dessa forma, um roubo 
provocar uma pena (artigo 157 do Código Penal) e uma reparação (artigos 944 a 954 
do Código Civil), mas a única consequência penal é a primeira36. 
 
 
 
33 JESUS, Damásio Evangelista. Direito penal: parte geral, 2003, p. 519. 
 
34 JESUS, Damásio de.Direito penal. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. P.563 
35 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral, p. 485 
36 ZAFFARONI, Eugenio Raul; 
20 
 
As características que devem existir nas penas são fornecidas por Julio 
Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini, sendo elas as seguintes: legalidade, 
personalidade, proporcionalidade e inderrogabilidade37.Compreende-se que as características mencionadas pelos mencionados 
autores são os princípios que estão relacionados às penas. 
 
2.2 As teorias da Pena 
As teorias penais costumam ser diferentes em teorias absolutas, relativas e de 
união (ou unitárias ou ecléticas ou mistas)38. Assim, determina a presente subdivisão 
ao estudo de cada uma dessas teorias, demonstrando-se no decorrer deste espaço 
qual é o objetivo das penas no ponto de vista dos seus seguidores. 
 
2.2.1 Teorias Absolutas das Penas 
 
As chamadas teorias absolutas ou Retributivas, nasceram na época do Estado 
absolutista, onde na pessoa do rei concentrava-se não só o Estado, mais também 
todo poder legal e de justiça. De acordo com Raizmam39, essas teorias negam 
qualquer conteúdo empírico na fundamentação da pena, a pena seria uma retribuição 
como forma de garantir a justiça. 
 
Como primeiro marco, cabe relevar aquelas teorias que renunciam a todo 
conteúdo empírico ou programático: são as chamadas teorias absolutas, 
que tendem a retribuir para garantir a justiça ou o direito desde essa 
perspectiva, a pena é um dever do estado civil, como defesa e sustento 
deste, que encontra seu conteúdo e limite no Talião (Kant). Também, a pena 
fundamentava-se por meio do conceito de direito. O delito, como negação 
do direito, é cancelado com a pena como negação do delito (a negação da 
negação é afirmação) e, consequentemente, como afirmação do direito. 
 
Para o autor a pena é um dever do Estado, para a sua própria defesa e sua 
sustentação. Assim, a pena tem a finalidade de castigar aquele que tivesse cometido 
o mal, por isso essa teoria é conhecida também como Reribuitiva. Salienta o autor 
Greco40 acerca da teoria absoluta, sujeito ao caráter Retributivo da pena: 
 
A teoria da retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva de 
algum fim socialmente útil, senão em que mediante a imposição de um mal 
 
37 MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Fabbrini. Manual de direito penal: parte geral, p. 
246. 
38 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral, p. 662. 
39 RAIZMAN, Daniel Andrés. Direito Penal. parte geral: 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
40 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 4 ª ed. rev., atual e ampl. Rio de Janeiro: 
Impetus, v.1, 2011. 
21 
 
merecidamente se retribui equilibra e expia a culpabilidade do autor pelo fato 
cometido. Se fala aqui de uma teoria ‘absoluta’ porque para ela o fim da 
pena é independente, ‘desvinculado’ de seu feito social. A concepção da 
pena como retribuição compensatória realmente já é conhecida desde a 
antiguidade e permanece viva na consciência dos profanos com uma certa 
naturalidade [...] 
 
 É importante destacar que o Direito Penal não ataca a sociedade com 
respostas violenta, pois o direito é oposto com qualquer proposta de redução de 
garantias. 
 Estefam e Gonçalves41 salienta que esta fase, de retribuição penal, se apura 
no período das Escolas Clássicas, idealistas ou Primeira Escola, que iniciou na Itália 
e se espalhou por todo mundo, principalmente para Alemanha e França. Tendo como 
referência a publicação da obra Dos Delitos e das Penas, do Marques de Beccaria. 
 Entre os defensores das teorias absolutas ou retibucionistas da pena 
destacaram-se dois: Kante, cujas o conceito a respeito do tema foi manifesto em sua 
obra intitulada de A metafísica dos costumes, e Hegel, cuja obra em que expôs seu 
pensamento foi aquela denominada Princípios da Filosofia do Direito42. 
De acordo com Luiz Flávio Gomes, Kant parte da necessidade absoluta da 
pena, que derivaria de um imperativo categórico, de um mandamento de justiça e 
não admite exceções de nenhum gênero43. Continua o referido autor: a justiça da 
pena concreta, para Kant, só poderia ser alcançada mediante uma aplicação rigorosa 
da ‘lei do talião’, única capaz de determinar a qualidade e quantidade merecidas44. 
 
4.2.2 Teorias Relativas ou da Prevenção 
 
Ao contrário das teorias absolutas, as teorias relativas não possuem uma 
finalidade em si mesma. Estas teorias dão uma finalidade a pena prevenção e 
ressocialização. Esta teoria possui uma pretensão diversa da anterior, e têm por 
finalidade a prevenção de novos delitos, isto é, busca bloquear a realização de novas 
atuação criminosas e impedir que os condenados voltem a delinquir. 
De acordo com Masson: 
 
Para essa variante, a finalidade da pena consiste em prevenir; isto é, evitar a 
prática de novas infrações penais (punitur ne peccetur). É irrelevante a 
imposição de castigo ao condenado. Adota-se uma posição absolutamente 
contrária â teoria absoluta. Destarte, a pena não está destinada â realização 
 
41 ESTEFAN, André: GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado – parte geral – 
São Paulo: Saraiva, 2012. 
42 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, p. 83. 
43 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral, p. 664. 
44 GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral, p. 664. 
22 
 
da Justiça sobre a terra, servindo apenas para a proteção da sociedade. A 
pena não se esgota em si mesma. Despontando como meio cuja finalidade é 
evitar futuras ações puníveis45. 
 
Nesse momento a pena passa ser interpretada de forma bipartida, ou seja, 
contendo duas acepções, uma voltada para a sociedade e outra voltada para o 
cidadão. 
Para uns a prevenção se realiza por meio da retribuição exemplar e é 
prevenção geral, que é voltada a todos os membros da comunidade. Para outros, a 
prevenção deve ser especial, procurando com a pena agir sobre o causador, para que 
aprenda a conviver sem realizar ações que impeçam ou perturbem a existência 
alheia46. 
A teoria preventiva geral está direcionada à generalidade dos cidadãos, 
esperando que a ameaça de uma pena, e sua imposição e execução, por um 
lado, sirva para intimidar aos delinquentes potenciais (concepção estrita 
negativa da prevenção geral), e, por outro lado, sirva para robustecer a 
consciência jurídica dos cidadãos e sua confiança e fé no Direito, concepção 
ampla ou positiva da prevenção geral47. 
 
Com a prevenção geral por intimidação existe a esperança de que os demais 
membros da comunidade com objetivos criminosos possam ser persuadidos, por meio 
da resposta aceitável à violação do Direito, precedentemente anunciada, a 
comportarem-se de acordo com as regras estabelecidas, ou seja, conforme o Direito. 
Quanto à prevenção especial, Nery utiliza de fragmentos dos ensinamentos do 
Mestre Rerrajoli e Franz Von Liszt, que também está subdividida em positiva e 
negativa. 
A doutrina da prevenção especial, segundo FERRAJOLI, segue tendências, 
dentre elas, a "doutrina teleológica de la diferenciación de la pena" que 
FRANZ VON LISZT expõe em seu célebre Programa de Marburgo (1882). 
Segundo esta visão, a função da pena e a do Direito Penal é proteger bens 
jurídicos, incidindo na personalidade do delinquente através da pena, e com 
a finalidade de que não volte a delinquir. 
 
Assim, essa teoria tem por objetivo assegurar que o delinquente, ao ser preso, 
deixe de prejudicar e colocar em risco a sociedade. 
 
 
45 MASSON, Cleber Rogério. Direito Penal Esquematizado. parte geral. vol.1:4ª ed. rev, atual. e ampl. Rio de 
Janeiro: Forense: Método, 2011 
46 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro: 
parte geral. p. 95. 
47 NERY, Déa Carla Pereira. Teorias da Pena e sua Finalidade no Direito Penal Brasileiro. Universo 
Jurídico, Juiz de Fora, ano XI, 20 de jun. de 2005. Disponivel em: 
http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/2146/teorias_da_pena_e_sua_finalidade_no_direito_penal_brasileiro . Acesso em: 16 Nov 2018. 
23 
 
Portanto, esta é a característica da prevenção geral, em virtude de que o ato 
realizado pelo agente não vai de encontro com a coletividade. Isto é, o fato é 
conduzido a uma pessoa definida que no caso é o criminoso. 
Assim, retira-se o delinquente do seio da comunidade para que ali, pelo 
menos, não pratique novos delitos. Esse encarceramento não tem nenhuma outra 
finalidade, apenas a retirada de “circulação” daquele que cometeu um delito. 
 
4.2.3 Teoria mista, unificadora ou eclética 
 
Para a teoria mista ou eclética a pena é tanto uma retribuição ao condenado 
pela pratica de um delito, como uma forma de prevenir a realização de novos delitos, 
é uma junção entre as duas teorias anteriores, procedendo pena uma forma de 
penalidade ao criminoso. 
Colhe-se da doutrina de Cezar Roberto Bitencourt a seguinte lição: 
 
As teorias mistas ou unificadoras tentam agrupar em um conceito único os 
fins da pena. Esta corrente tenta recolher os aspectos mais destacados das 
teorias absolutas e relativas. Merkel, foi, no começo do século, o iniciador 
desta teoria eclética na Alemanha, e, desde então, é a opinião mais ou menos 
dominante48. 
 
Noronha49 também leciona que: 
 
As teorias mistas conciliam as precedentes. A pena tem índole retributiva, 
porém objetiva os fins da reeducação do criminoso e de intimidação geral. 
Afirma, pois, o caráter de retribuição da pena, mas aceita sua função 
utilitária 
 
Assim, essa teoria mista ou unificadora da pena é uma soma dos pontos 
positivos de cada uma das teorias já citada. Para seus defensores, a pena deve sim 
retribuir o mal causado com o crime, porem deve evitar que a sujeição do agente à 
execução da pena seja sem sentido, com a finalidade de procurar evitar o 
cometimento de novos delitos. 
Com isso, compreende que o objetivo principal dessa teoria é sempre a 
prevenção dos delitos, tanto na modalidade geral quanto na especial. Contudo, é 
inegável que há certo grau de retribuição ao mal causado nessa corrente doutrinária. 
 
 
 
48 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, p. 96. 
49 NORONHA, M. Magalhães, Direito Penal, volume 1, 35º edição, São Paulo: Saraiva, 2000, p. 223. 
24 
 
Em sua doutrina Inácio de Carvalho Neto assevera que a teoria absoluta tem 
por finalidade retribuir, tendo por característica a negação da negação do direito, 
ressaltando que os demais efeitos secundários da pena em nada influenciam em 
seu verdadeiro fim, que seria estritamente o de punir o criminoso. 
 
Pela teoria absoluta, a pena tem uma finalidade retribucionista, visando à 
restauração da ordem atingida. HEGEL assinalava que a pena era a 
negação da negação do direito. Já KANT disse que, caso um estado fosse 
dissolvido voluntariamente, necessário seria antes executar o último 
assassino, a fim de que sua culpabilidade não recaísse sobre todo o povo. 
Para esta teoria, todos os demais efeitos da pena (intimidação, correção, 
supressão do meio social) nada têm a ver com a sua natureza. O importante 
é retribuir com o mal, o mal praticado. Como afirma FERNANDO 
FUKUSSANA, a culpabilidade do autor é compensada pela imposição de 
um mal penal. Conseqüência dessa teoria é que somente dentro dos limites 
da justa retribuição é que se justifica a sanção penal50. 
 
Alguns autores mais modernos, traz o conceito que a pena não seria apenas 
prevenção do crime, mas também a prevenção de penas arbitrárias, impedindo 
desta forma o próprio Estado, no seu jus puniendi. 
Finaliza a explanação das teorias das penas, tal como demonstrado ao leitor 
que no Brasil optou-se por adotar a teoria mista ou unificadora, que busca bem como 
a prevenção quanto a reprovação dos delitos. 
 
4.3 Princípios da Pena 
 
São revestidos de força de normas, cujos quais guiam o interprete e o aplicador 
da lei no processo de individualização das penas51. Conforme Amaral 
Junior52conceituando acerca do princípio elucidando que é mais geral que a regra, 
permitindo avaliações flexíveis, quanto às regras, admite as exceções, uma vez que 
a regra é elaborada para ser aplicada há uma situação concreta. Desta maneira é 
elaborada para um específico número de atos ou fatos. 
Os princípios dão significados às normas presente, pelo seu elevado grau de 
abstração, sendo aplicado ao direito com o poder de tornar concreto. 
 
50 CARVALHO NETO, Inacio, Aplicação da Pena, Rio de Janeiro: Editora Forense, 1999, p. 16. 
51 SOARES, Samuel Silva Basílio. A execução penal e ressocialização do preso. {online} Disponível na 
internet. 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18393&revista_cadern
o =22. Acessado em 16 de nov de 2018 
52 AMARAL Júnior, A.; PERRONE-Moíses, C. (Org.). O Cinquentenário da Declaração Universal dos 
Direitos do Homem. São Paulo: Edusp, 1999. {online} Disponível na internet. 
http://www.revistapsicologia.ufc.br/ index.php?option=com_content&view=article&id=1%3Adireitos-
sociais-direitos&catid=29%3Aano-i-edicao-i&Itemid=54&limitstart=6 > Acessado em 16 de nov de 2018 
25 
 
Os princípios têm como base a o artigo 5º53 Constituição Federal e o artigo 
12125, parágrafo 5º do Código Penal. 
a) Personalidade ou responsabilidade pessoal 
Para este princípio tem como base o artigo 5º XLV26 da CF, que traz em sua 
redação que nem uma pena passará do condenado, não atingindo a outrem, ou seja, 
sendo ela personalíssimo do sujeito que cometeu o crime, desta maneira, apenas o 
delinquente pode ser responsabilizado pela pena. 
b) Princípio da Legalidade 
Não existe pena sem que mesma esteja estabelecida por lei, portanto para que 
seja crime, deve estar previsto em lei. Conforme consta no artigo 5º XXXIX da CF54. 
Não existe pena sem que mesma esteja estabelecida por lei, portanto para 
que seja crime, deve estar previsto em lei. Conforme consta no artigo 5º XXXIX da 
CF55. 
c) Princípio da Inderrogabilidade 
Provada a prática delitiva, a pena deve ser imposta devendo atingir sua 
eficácia sendo essencial o agente ser responsabilizado, o Estado Juiz deve aplicar e 
executar a pena ao sujeito que cometeu a inflação penal, tendo uma única exceção, 
o perdão judicial, com fundamento no artigo 121, parágrafo 5º do CP. 
d) Princípio da Proporcionalidade 
Com base no artigo 5º XLVI56 da CF, possui natureza mista contém 
características de princípio e regra em questão, sendo um instrumento de suma 
importância para a manutenção do valor moral da Constituição, com capacidade e 
equilibro, princípios e valores desta forma tendo como finalidade buscar meios para 
fatos descritos. Sendo assim deve-se existir um equilíbrio entre o crime e a 
penalidade, ou seja, a pena deve ser proporcional a gravidade do crime cometido. O 
juiz e o Ministério público devem ter essa noção. 
 
 
 
53 BRASIL. Lei n° 5º de 05 de outubro de 1988. Direitos e garantias fundamentais. Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil. Brasília. DF, P.01 – Seção 01 (Publicação Original). 
54 Artigo 5° XXXlX- CF. “Não há crime sem lei anteior que o defina, nem pena sem previa cominação 
legal” 
55 Artigo 5º XXXIX – CF. “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal” 
56 Artigo 5º XLV – CF “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores 
e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 
26 
 
O Direito Penal do Equilíbrio, segundo Greco, ocupa uma posição moderada 
em relaçãoaos movimentos extremistas do Direito Penal Máximo, tese defendida 
por Gunter Jakobs, que postula a expansão das leis penais, e o movimento 
Abolicionista, que tem como seu mais ilustre defensor o professor holandês Louk 
Hulsman. 
e) Princípio da Individualização da pena 
Conforme consta no artigo 5° XLVI57 da CF, a sanção aplicada a cada criminoso 
no concurso de agente, sendo assim cada pessoa envolvida no crime, poderá obter 
uma pena diferente, cada um pagará pelo crime que cometeu, ou seja, a pena deve 
ser aplicada individualmente devendo cada um responder de acordo e na medida da 
colaboração no crime. 
f) Princípio da Humanidade. 
Pode ser entendido como princípio da humidade, que as penas devem ser 
humanas com respeito a pessoa, a sua integridade física e moral, proíbe penas 
desumanas, dolorosas, não admitindo penas vexatórias, desta maneira quando o 
sujeito condenado e julgado no comprimento da sua pena, a ele deve ser preservado 
a sua física e moralmente, segundo o artigo 5° XLVII e XLIX da CF. 
 
4.4 Penas privativas de liberdade 
 
Atualmente, a pena privativa de liberdade constitui-se no centro do sistema 
penal. A partir do século XIX, quando a prisão se tornou na principal resposta penal, 
acreditava-se que esta seria o meio mais adequado para a “restauração” do 
delinquente. Atualmente, entretanto, é visível a descrença neste instituto por parte dos 
doutrinadores e estudiosos do tema. 
As penas relacionadas no Código Penal Brasileiro que privam a liberdade do 
sujeito são as de reclusão, de detenção, apresentadas, respectivamente, da seguinte 
forma no artigo 33: “A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-
aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo 
necessidade de transferência a regime fechado”58. 
 
57 Idem 29 
58 BRASIL. Lei 7.209 de 11 de julho de 1984. Altera dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal, e dá outras providências. Diário Oficial da república Federativa do 
Brasil. Brasília, DF, 12 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-
1988/L7209.htm. Acesso em: 16 de novembro de 2018 
27 
 
E a pena de prisão simples que está prevista no Decreto-Lei Nº 3.688/41 em seu 
artigo 6º da seguinte forma: “A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor 
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em 
regime semi-aberto ou aberto59”. 
O Sistema Normativo Brasileiro no seu artigo 32, define as penas em três 
modalidades: 
a) Privativas de Liberdade; 
b) Restritivas de Direitos; 
c) De multa. 
O inciso XLVII, do artigo 5º, da Constituição Federal, prevê, como garantia 
constitucional irrevogável (cláusula pétrea), que não haverá pena de morte (salvo em 
caso de guerra declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de 
banimentos, cruéis. 
As penas privativas de liberdade são procedentes de outras penas, durante 
aguardavam a execução, os condenados ficavam privados da liberdade, depois, a 
prisão passou a ser a própria pena, consequentemente, retira o delinquente de seu 
ambiente, confinando-o para o cumprimento da pena imposta pelo Estado, até que o 
mesmo possa ser reintegrado à sociedade. 
Para Leal60 a pena privativa de liberdade, é “uma medida de ordem legal, 
aplicável ao autor da infração penal, consistente na perda de sua liberdade física de 
locomoção e que se efetiva mediante seu internamento em estabelecimento 
prisional”. O regime inicia da pena deverá obedecer aos critérios do art.59 do CP, o 
Juiz aplicará a pena determinando o tipo de regime de cumprimento. 
O artigo 33 caput do Código Penal, prevê os tipos de pena privativa de 
liberdade: 
“A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- 
aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou 
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado”. 
 
 Já a prisão simples, possui previsão no 6° da lei de Contravenção Penais: 
 
Art.6°. A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciaria, 
em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime 
semi-aberto ou aberto. 
 
59 BRASIL. Decreto-Lei 3.688 de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções Penais. Diário Oficial 
da república Federativa do Brasil. Brasília, DF, 4 out. 1941. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3688.htm. Acesso em: 16 de novembro de 2018 
60 LEAL, João José. Direito Penal Geral. São Paulo . Editora : Atlas, 1998. p. 324. 
28 
 
§ 1º - O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos 
condenados à pena de reclusão ou de detenção. 
§ 2º - O trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) 
dias. 
 
O Código Penal da Parte Geral e a edição da Lei de Execução Penal, (LEP) em 
1984, valorizou o sistema progressivo e rejeitou a unificação do sistema prisional. 
Ordena assim o artigo 33 § 2º do Código Penal que: 
 
A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- 
aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou 
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas 
em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, 
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso: 
a) O condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar 
a cumpri-la em regime fechado; 
b) O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, 
cumpri-la em regime semi-aberto; 
c) O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior 
a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime 
aberto. 
 
É necessário registrar que no primeiro capítulo desta pesquisa foi realizado 
um estudo sobre a reincidência. Assim, nesse segundo se desenvolveu um estudo 
sobre as penas e a forma de sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. 
 Com isso, acredita-se que tenham sido repassadas informações 
suficientes para uma melhor compreensão do conteúdo do terceiro capítulo, no qual 
será iniciado um estudo sobre o Programa de Inclusão de Egresso do Sistema 
Prisional – PRESP. 
 
5 O PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL DE EGRESSOS DO SISTEMA 
PRISIONAL – PRESP 
 
 
O Projeto REGRESSO foi criado em 2009, por meio da parceria entre o 
Governo de Minas Gerais/SEDS e o Instituto Minas Pela Paz - IMPP. A efetuação do 
Projeto está estabelecida na Lei Estadual nº 18.401, de 28 de setembro de 2009, que 
autoriza o Poder Executivo a conceder subvenção econômica às empresas, no valor 
de dois salários mínimos por egresso do sistema prisional contratado formalmente, 
repassados trimestralmente, durante os primeiros vinte e quatro meses, contados a 
partir da celebração do Termo de Compromisso. 
29 
 
A história do PrEsp destina ao Ministério de Justiça o propósito de favorecer 
políticas de reinserção de presos na sociedade, e o projeto foi determinado por meio 
da edição da Resolução nº 4, feita em agosto de 2001 pelo Conselho Nacional de 
Política Criminal e Penitenciário (CNPCP), dispondo sobre a implementação de 
“Assistência ao egresso através de Patronatos Públicos ou Particulares”, resolvendo: 
 
“Art. 1º. Estimular as Unidades Federativas a dar continuidade aos programas 
que vêm sendo desenvolvidos no acompanhamento e Assistência ao 
Egresso, posto que o baixo índice de reincidência é demonstração inequívoca 
da ênfase que se deve imprimir a tal modalidade; Art. 2º. Apelar aos Estados 
que não dispõem de programas de atendimento que os viabilizem,adaptando-os às Resoluções editadas por este Conselho, de modo a que 
possam apresentar Projetos e, consequentemente, recursos para 
minimização dos problemas que afetam a questão penitenciária; Art. 3º. 
Conclamar os Conselhos Penitenciários Estaduais que façam inserir, em 
seus relatórios, tópico sobre o funcionamento dos patronatos ou organismos 
similares de assistência ao Egresso.” 
 
A política do estado de Minas Gerais de prevenção à criminalidade é composta, 
atualmente, pelos seguintes programas61: Programa de Controle de Homicídios Fica 
Vivo!; Programa Mediação de Conflitos (PMC); Programa Central de 
Acompanhamento de Penas e Medidas Alternativas (CEAPA); Programa de Inclusão 
Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp). 
Para o egresso ser destinado para as vagas de trabalho, o mesmo deve 
encontrar-se nas condições de livramento condicional, prisão domiciliar ou liberado 
definitivo e, ser devidamente inscrito no Programa de Inclusão Social de Egressos do 
Sistema Prisional – PrEsp. 
Desde a sua criação, a finalidade do PrEsp é o de beneficiar o acesso a direitos 
e gerar condições para inclusão social de pessoas egressas do sistema prisional, 
reduzindo as vulnerabilidades referente a processos de criminalização e agravadas 
pelo aprisionamento, conforme descrito no Portfólio da Política de Prevenção Social à 
Criminalidade. 
Assim o Estado, busca, na verdade, mediar os conflitos antes que virem um 
problema judicial. Apaziguar os problemas seria um meio de conter gastos. 
 
61 Nesse sentido, ver: http://www.seds.mg.gov.br/images/seds_docs/Prevencao/Portflio%20-%20 
Preveno%20 Social%20%20Criminalidade%202017.pdf, acesso em 09 de outubro de 2017 
30 
 
Bragatto62, faz crítica a essa Política, que é regida pela perspectiva de garantir 
acesso a alguns direitos para evitar que os usuários cometam crimes afim de reduzir 
custos, sendo que deveria, sim, enxergá-la os como sujeitos de direitos. 
O objetivo do PrEsp é possibilitar ao egresso do sistema prisional um 
atendimento psicossocial e jurídico para apresentação de demandas, tais como 
emissão de documentos, tratamentos de saúde, cursos profissionalizantes e vagas de 
trabalho, vale transporte, cestas básicas. 
Atualmente, o programa tem como objetivos os egressos, ou seja, “o liberado 
definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; e o liberado 
condicional, durante o período de prova. ” (Lei nº 7.210, Art. 26, incisos I e II). Porém, 
a política adotada pelo PrEsp é que o egresso permaneça em acompanhamento 
durante todo o seu tempo de prova (assinatura) ou pelo tempo que demandar, desde 
que espontaneamente. 
No primeiro contato, os analistas sociais fazem um tipo de atendimento inicial, 
realizando um cadastro contendo, os dados pessoais do egresso, trajetória prisional, 
informações sobre condição de saúde. É neste momento que se visa fazer à 
vinculação ao programa, como forma de acompanhar os indivíduos em seu novo rumo 
na retomada da vida em liberdade. 
Ele deve passar pelo analise das equipes, após estudos de caso e, se não há 
mais questões a serem trabalhadas, ele será desligado do programa. Em casos 
especial, os indivíduos em liberdade, as vezes até já desligados, recorrem ao 
programa com as mesmas solicitações anteriormente levadas, porém 
voluntariamente, sem estarem vinculados à nenhuma condicionalidade judicial. 
O PrEsp foi arquitetado em 2002, mas iniciada somente em 2003 pela Lei 
Delegada nº 49 de 02/01/2003 e pelo Decreto nº 43.295 de 29/04/2003. Desde a sua 
criação, a equipe do programa é composta por graduados em Direito, Serviço Social 
e Psicologia, sendo esses os analistas sociais do PrEsp. Somente a partir de 2005 foi 
recolhido os dados de atendimento dos sujeitos recém-saídos do sistema prisional, a 
começar pelos dados pessoais (nome completo, CPF, endereço, RG, telefone para 
contato), constituição familiar, pela situação jurídica, situação ocupacional. 
 
62 BRAGATTO, R. M. O trabalho do assistente social no Programa de Reintegração Social do Egresso 
do Sistema Prisional: Limites e possibilidades de efetivação do projeto ético político no terceiro setor. 
Brasília, 2010 
 
31 
 
 Atualmente, o programa tem como foco os egressos, isto é, “o liberado 
definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; e o liberado 
condicional, durante o período de prova. ” (Lei nº 7.210, Art. 26, incisos I e II). Porém, 
a política adotada pelo PrEsp é que o egresso seja acompanhado durante todo o seu 
tempo de prova ou pelo tempo que demandar, desde que voluntariamente. 
A LEP define quem é o egresso que constitui público alvo do PrEsp, conforme 
se vê: 
I – O liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do 
estabelecimento; 
II – O liberado condicional, durante o período de prova. Ampliando 
consideravelmente o disposto na lei e amparada por incorporação e 
adaptações da dinâmica sócio jurídica, o Programa de Reintegração Social 
de Egressos do Sistema Prisional passou a atender o seguinte público: - 
Liberados definitivos do sistema penitenciário; 
- Livramento Condicional a partir de acordos firmados com as Varas de 
Execuções Criminais em cada município; 
- Prisão Domiciliar, nos casos em que há alguma condição Imposta pelo juiz 
que viabilize a atuação do Programa; 
- Prisão Albergue nas mesmas condições do item anterior.63 
 
PrEsp tem como objetivo geral incluir seus usuários e familiares na Sociedade, 
distanciando-os das condições que possam vir a causar a reincidência criminal, o 
programa objetiva ir além das condições legais do Usuário, apesar de ele ter que 
seguir mínimas condições postas pela lei. De acordo com a LEP, a assistência ao 
egresso consiste em: 
Art. 25. A assistência ao egresso consiste: 
I – Na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; 
II – Na concessão, s e necessário, de alojamento e alimentação, em 
estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses; Parágrafo único. 
O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, 
comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de 
emprego64. 
 
O programa tem seu primeiro contato com o egresso do sistema prisional 
quando estes recebem o alvará de soltura e passam a cumprir o regime aberto, nas 
categorias de livramento condicional ou prisão domiciliar, e devem colher suas 
assinaturas regularmente nos livros ou termos oferecidos pela Vara de Execuções 
Criminais do município, dentre outras condicionalidades impostas pela justiça65. 
 
63 BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei nº 7210 de 11 de julho de 1984. 
64 BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei nº 7210 de 11 de julho de 1984.p .26 
65 Além da assinatura regular do livro, as pessoas em cumprimento de prisão domiciliar ou livramento 
condicional devem obter ocupação lícita, e tanto os prazos quanto a periodicidade das assinaturas 
podem variar, conforme determinação de cada juiz de execução; além disto, não podem mudar de 
residência sem autorização judicial prévia. 
32 
 
Em alguns municípios, são realizados pelas equipes do PrEsp grupos temáticos 
com os pré-egressos dentro das Unidades Prisionais, apresentando o programa, 
favorecendo o acesso quando de sua saída. 
De acordo com Leite66, as condições do PrEsp como possibilidade de 
equipamento pulico caso não haja Casas de Albergados nas comarcas. Assim, os 
juízes das Varas de Execução Criminais podem determinar que o sentenciado fique 
em condição de regime aberto e cumpra a pena em prisão domiciliar. 
Dessa forma,o objetivo do PrEsp é proporcionar ao egresso do sistema 
prisional um atendimento psicossocial e jurídico para apresentação de demandas, 
como emissão de documentos, cursos profissionalizantes, tratamento de saúde, vale 
transporte e vagas de trabalho. 
A ADPF 347 pede que o STF determine, em primeiro lugar à União Federal e 
posteriormente aos Estados da federação, a criação de um plano que estabeleça 
medidas objetivas, preveja metas e prazos para sua implementação, bem como 
reserve os recursos necessários para tanto, de modo a buscar o equacionamento de 
questões como a superlotação dos estabelecimentos prisionais, a precariedade das 
suas instalações, a carência e falta de treinamento adequado de pessoal nos 
presídios, o excesso do número de presos provisórios, a prática sistemática de 
violência contra os detentos, a falta de assistência material, de acesso à justiça, à 
saúde, à educação e ao trabalho dos presos, bem como as discriminações diretas e 
indiretas praticadas contra mulheres, minorias sexuais e outros grupos vulneráveis 
nas prisões67. 
 
6 REINCIDÊNCIA CRIMINAL NO ESTADO DE ALAGOAS 
 
O presente capítulo será dedicado à exposição da reincidência criminal em 
Alagoas, trata-se de um panorama dos números da justiça penal no Estado de 
Alagoas. Assim, antes de analisamos os dados sobre a reincidência em Alagoas, 
vamos destacar sua “vocação” para o sistema prisional, sendo o motivo pelo qual nos 
ocupamos de entender os fatores relacionados à reincidência especificamente nesta 
localidade. 
 
 
66 LEITE, Fabiana L Uma leitura das penas e medidas substitutivas no Brasil e em Minas Gerais. 
Revista As Penas Alternativas como Prevenção à Criminalidade. Expediente do Governo do Estado de 
Minas Gerais. 2009. 
67 Fonte: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10300665 
33 
 
 
4.1 O Sistema Prisional no Estado de Alagoas 
 
Atualmente o sistema penitenciário alagoano é composto por oito unidades 
penitenciárias em Maceió e uma no interior do Estado. 
A unidade é atribuída a presos condenados e possui capacidade de 768 vagas, 
o presidio se divide em 8 módulos, contendo um módulo de respeito, módulo COC 
(para os presos da segurança pública não militar, condenados ou provisórios) e um 
modulo especial (destinados a presos condenados ou provisórios que tenham diploma 
de curso superior). A Penitenciária Baldomero Cavalcanti de Oliveira é composta de 
mais de 62% dos seus integrantes com idade acima de 30 anos e os demais, entre 18 
e 29 anos, possuindo uma enfermeira para atendimento médico68. 
O Cyridião Durval, presídio masculino inaugurado em 26 de setembro de 2002, 
abriga reeducando que aguardam julgamento da justiça, e tem capacidade de acolher 
379 presos. Como a maioria dos presídios brasileiros, este também sofre o problema 
de superlotação, chegando a um total de 689 presos, O presídio conta com uma 
enfermaria para atendimento médico e de primeiros socorros; um abrigo, com 
banheiros, bancos e bebedouros foi construído para acomodar familiares enquanto 
esperam o momento da visita69. 
Essa unidade prisional é dividida em módulos, a equipe desenvolve as 
atividades no Módulo VII, nomeado como o Módulo Cristão por unir presos que dividi 
da mesma orientação religiosa, com lotação aproximada de 36 (trinta e seis) detentos. 
Este módulo tem uma população alterável, em razão da dinâmica de transferência 
inerente ao sistema, por se tratar de uma unidade prisional voltada para a população 
sub judice, com tempo de permanência relativamente curto. 
O Presídio Santa Luzia é a única unidade no Estado que abriga mulheres. A 
capacidade total é de 210 vagas. A política estabelecida na unidade permite que as 
reeducandas não fiquem com tempo disponível. 
 
68 Secretaria de Estado de Alagoas e Inclusão Social. SERIS. Disponível em: 
http://www.seris.al.gov.br/unidades-do-sistema/presidio-baldomero-cavalcanti-de-oliveira . Acesso em: 
23 de novembro de 2018. Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social 
69 Dados fornecidos pelo site de estatística da Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão 
Social. Disponível em: http://www.seris.al.gov.br/unidades-do-sistema/presidio-baldomero-cavalcanti-
de-oliveira . Acesso em: 23 de novembro de 2018. Secretaria d 
34 
 
Diariamente as custodiadas trabalham nas oficinas da Fábrica de Esperança: 
Pintura em tecido, filé, biscuit, corte e costura. Além das atividades laborais as 
reeducandas dedicam uma parte do dia para o estudo. 
O Estabelecimento Prisional Feminino Santa Luzia70 possui estrutura de 74 
vagas, para um montante de 233 reeducandas atualmente. Com esta superpopulação, 
houve a necessidade de separar em local improvisado as gestantes, nutrizes, 
senhoras acima de 45 anos, mulheres com doenças crônicas e deficientes físicas. 
Esta iniciativa foi bastante apropriado na questão do convívio, mas não resolveu o 
problema de superlotação, dado a demanda que é crescente. As celas dos Módulos 
continuam superlotadas. Dessas 233 (duzentas e trinta e três), apenas 49 (quarenta 
e nove) são sentenciadas, perfazendo um altíssimo número de reeducandas sub 
judice. 
Diante deste seguido aumento de população carcerária feminina, houve a 
necessidade de desenvolver mecanismos que servissem de ferramentas para instruir 
e direcionar estas pessoas para melhorar suas atitudes, oferecendo o discernimento 
necessário para alcançar uma nova vida, regrada nos princípios básicos de civilidade 
e disciplina. Contudo, a mudança de comportamento não é algo que define de uma 
hora para outra, é necessário a pessoa desejar e permanecer. 
Há mulheres que manifestam o desejo de sair deste caminho, mas é difícil o 
afastamento total do mundo do crime, muitas delas, são vitimadas e perseguidas pelo 
reflexo de suas próprias ações. 
Outro motivo é que muitas delas são viciadas pela adrenalina do crime, com 
isso não conseguem se afastar das pessoas que colocam elas neste mundo, voltando 
aos locais e procurando as pessoas que permite elas vivem nesse mundo, esta 
realidade em Alagoas se reflete da seguinte forma, a maioria não concluiu o ensino 
fundamental, nunca trabalhou com carteira assinada e entrou no crime para sair da 
extrema pobreza, pelo vício em drogas ou sobreviver da prostituição. A maioria tem 
entre 2 (dois) a 5 (cinco) filhos, sendo a maioria menor de idade71. 
O quantitativo de reincidentes diminuiu alguns pontos percentuais nos anos de 
2012 a 2014 permanecendo em 1.8%. 
 
70
 Presídio Feminino Santa Luzia. Disponível em: http://www.seris.al.gov.br/unidades-do-
sistema/presidio-feminino-santa-luzia. Acesso em: 23 de novembro de 2018 
 
 
35 
 
 E as reincidentes são mulheres que já estiveram no Santa Luzia nos anos entre 
2008 a 2010 e geralmente são presas pelo mesmo delito. O trabalho das egressas é 
garantido desde que as mesmas estejam interessadas e tenham aptidão para serem 
inseridas em serviços gerais, recepcionista, telefonista e apoio administrativo nos 
convênios da Casal, SERIS, SAP e UFAL, Corpo de Bombeiros, um montante de 30 
mulheres, todas recebendo um salário mínimo com passagens, café da manhã e 
almoço. 
A casa de Custódia da Capital é o local onde distribui os presos provisórios 
para o sistema Penitenciário possui parlatório, sala para advogados, enfermaria com 
gabinetes odontológicos e médico e espaço para práticas religiosas. 
Centro Psiquiátrico Judiciário “Pedro Marinho Suruagy72” a unidade 
foi inaugurada em dois de maio de 1978. Entre indivíduos privados de