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04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 1/21 Introdução O presente capítulo abordará os pilares da sociedade contemporânea, envolvendo os aspectos que são característicos das transformações ocorridas em nossa realidade histórica, na medida em que essas transformações instauraram novas estruturas e influenciaram drasticamente a vida do homem no mundo. Não podemos pensar a vida contemporânea alijada dos pilares que se constituíram, demarcaram e reconfiguraram a realidade social, econômica, política e cultural do homem contemporâneo. Para tanto, nosso primeiro enfoque recai sobre a sociedade pós-industrial, em uma visão retrospectiva, para que possamos compreender a própria dimensão do conceito “pós-industrial”. O segundo enfoque trata da questão do consumo, na medida em que este se configura como 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 2/21 consequência da sociedade pós-industrial, não somente o consumo em si mesmo, mas o elevado consumo a dirigir a vida de indivíduos e grupos. O terceiro enfoque aborda a informação e a comunicação, porque partindo destes podemos compreender o que se denomina de “espírito de época”, pois cada contexto histórico constitui formas específicas de manejo da informação e da comunicação. O quarto enfoque fala sobre a Globalização, na medida em que na contemporaneidade estamos convivendo com as consequências mesmas do processo de globalização ocorrido a partir do século passado (século XX). O quinto enfoque é trabalhado o ambiente cultural no sentido de demonstrarmos as novas sociabilidades que surgem a partir dos contextos social, histórico, econômico e cultural. O sexto enfoque aborda a sociedade de consumo, através da indústria do entretenimento e da influência da publicidade na busca de manutenção de elevado consumo por parte de indivíduos e grupos na atualidade e, por fim, aborda-se a questão do Estado na contemporaneidade, na medida em que não podemos mais compreender esta instituição centralizadora das relações de poder presentes nas sociedades da mesma forma que a compreendíamos no século passado. Buscamos sinalizar algumas de suas mudanças básicas. Sociedade Pós-Industrial A reflexão acerca dos pilares da sociedade contemporânea nos leva a fazermos uma breve retrospectiva sobre o conceito de sociedade pós- industrial. Esse conceito surgiu na década de 1960 e no início dos anos 1970, quando vários sociólogos buscaram refletir sobre a sociedade pós-industrial e formularam uma interpretação acerca deste período. A partir das constatações dos sociólogos dos períodos citados houve a busca de desenvolver uma teoria da sociedade pós-industrial. 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 3/21 Por que podemos dizer pós-industrial? Devemos considerar que o período do industrialismo estava pleno de dificuldades e apresentando inúmeras contradições que originaram novas concepções do que se pode compreender por sociedade industrial. O industrialismo pelo que estava a apresentar não poderia mais responder aos determinantes da sociedade capitalista em seu desenvolvimento no processo das relações de produção. Estavam a ocorrer inúmeras mudanças no que se compreendia anteriormente por fase industrial. Estas mudanças são atinentes à concentração de massas; ao predomínio dos trabalhadores na indústria; às descobertas de caráter científico em favor do processo produtivo; à intensa divisão social do trabalho, que estava a requerer cada vez mais trabalhadores especializados; à própria separação entre o lugar em que se vive e o lugar de trabalho, onde cada vez mais foram sendo criadas as chamadas cidades “dormitório”; ao aumento significativo da produção 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 4/21 em massa e consequente exacerbação do consumo; à mulher cada vez mais destacando-se no mercado de trabalho e por consequência no contexto social; à intensificação da tecnologia como forma de dirimir a fadiga física do trabalhador e um processo que se pode denominar de “deterioração intelectual”, na medida em que a lógica da produção mecanizada e intensificada pela tecnologia favorece também à busca da informação fácil e imediata que começa a se delinear pela intensificação da mídia, enquanto forma de estabelecer as demonstrações dos produtos e favorecer o consumo imediato de bens de consumo materiais e simbólicos. A sociedade industrial, que sucedeu a sociedade rural, é agora, num processo de transformação histórica, superada pela sociedade pós- industrial, porque devemos considerar que as transformações ocorridas no sistema informacional que envolveu novas tecnologias notadamente no campo da comunicação, colocou o industrialismo em pleno declínio, surgindo então a sociedade pós-industrial. Essa nova sociedade se caracteriza por ser a sociedade da informação, para a qual o conhecimento significa a grande riqueza a ser conquistada, na medida em que se constitui agora enquanto valor, valor de uso e valor de troca, esta é uma transformação marcante no contexto da sociedade da informação, no contexto mesmo do que podemos conceber enquanto o império da informação e, repetimos, do conhecimento enquanto valor. Como sinal dos novos tempos, Bauman (2001), em sua obra “Modernidade Líquida”, afirma que o capital é um viajante leve que possui apenas uma bagagem de mão, que envolve uma pasta, um telefone celular e um computador portátil. Desta forma podemos compreender a dimensão da sociedade da informação, ou seja, seu campo de abrangência. Devemos considerar o fato de que, no âmbito da sociedade capitalista, que tem na oferta e na procura o seu pilar, no âmbito da sociedade da informação que se instaura, há a intensificação deste binômio, no sentido de seu predomínio, para a fluidez das relações de produção da sociedade capitalista, agora alicerçada na informação de caráter 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 5/21 midiático e tecnológico, considerando-se o surgimento da Internet, marcando-se também o surgimento do mundo virtual. Uma característica marcante da sociedade pós-industrial se encontra no fato da descentralização, da pulverização de centros, estabelecendo-se novas formas de sociabilidade, na medida mesma em que não há mais a prevalência de um sujeito antagônico privilegiado, porque não possuímos mais os indivíduos nos lugares por eles ocupados no contexto das relações de produção, mas em termos das relações de gênero, da concepção de natureza, da concepção acerca do mundo e do homem, por exemplo. Novas sociabilidades estas que se instauraram a partir do predomínio da Internet, do avanço exacerbado dos dispositivos de comunicação móvel, que reconfigurou até mesmo nossa concepção anterior de privacidade. A Questão do Consumo 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 6/21 Devemos também considerar no âmbito da sociedade pós-industrial a questão do consumo, melhor dizendo, da intensificação do consumo, pois a mercadoria torna-se agora o essencial centro das práticas cotidianas. Invade o cotidiano através das estratégias de mídia, levando a intensificação do consumo de bens materiais e simbólicos, como elemento constituinte da vida do homem contemporâneo, tornando indivíduos e grupos aderentes às regras do consumo.Neste ínterim há também a intensificação da lógica atinente ao capitalismo de que todo o produto é vendável e visa ser efetivamente consumido. Ora, esta lógica concernente ao modo capitalista de produção, no contexto da contemporaneidade, envolve a satisfação de desejos que devem ser devidamente satisfeitos. Neste sentido o que podemos dizer é que o valor a ser pago depende diretamente da confiabilidade da promessa de satisfação e intensidade dos desejos. Quando há o desejo, há consequentemente o objeto de desejo, como traço estrutural marcante da relação entre consumidores 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 7/21 e objetos de consumo. Esse fato altera drasticamente o mundo produtivo. Essa alteração do mundo produtivo transforma a sociedade contemporânea na sociedade da informação, que por sua vez caracteriza a sociedade atual como a sociedade da comunicação e também do que na atualidade se denomina de mundo virtual. A Informação e a Comunicação A informação e a comunicação consistem em nossa compreensão, nos fundamentais pilares da sociedade contemporânea, na medida em que estabelecem alterações profundas no que concerne às sociabilidades em seus diversos campos e matizes. Há novas formas de sociabilidades que se instauram a partir do predomínio da informação e da comunicação. No entanto convém destacar que esta nova forma de ser coletiva surge a partir de profundas alterações nas estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, pois as estruturas transformadas, alteram realidades individuais e coletivas e estabelecem específicos repertórios de ações individuais e coletivas, que marcam e demarcam o que podemos denominar de “espírito de época”, no qual encontram-se novos paradigmas sociais. A Globalização Torna-se também significativo, dentro dos limites do presente capítulo, compreender a influência da Globalização nesta nova configuração social e produtiva, que experienciamos na contemporaneidade. A globalização envolveu a constituição desta sociedade da informação, da comunicação, na medida em que a partir dela encontraram-se eliminados os centros, as fronteiras entre países e reconfigura a concepção de identidade nacional, na medida em que esta torna-se 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 8/21 desintegrada enquanto resultado do processo de homogeneização cultural do “pós-moderno” global (HALL, 1998). Deve-se também destacar que estamos vivenciando a resistência à Globalização pelo reforço de identidades locais, bem como o surgimento de novas identidades híbridas, que estão paulatinamente tomando o lugar das anteriores identidades nacionais. Segundo Canclini (2001), as identidades estruturam-se pela lógica dos mercados, pela produção industrial da cultura, pela sua comunicação tecnológica e pelo consumo diferido e segmentação de bens, pois devemos compreender que o que temos na contemporaneidade são expressões transterritoriais e multilinguísticas que são perpassadas pelo aspecto comunicacional. Segundo Esperândio (2007), a Globalização na contemporaneidade envolve a ideia de abertura, mesmo que assimétrica, de territórios/espaços, bem como a não separação de mundos, com o processo de expansão da produção e circulação do conhecimento, o processo de abertura de territórios nacionais e subjetivos. Envolve ainda o que a autora denomina de não separação dos tempos: de trabalho e de não trabalho, no sentido de vida retribuída e vida não retribuída. A Globalização envolve o aberto enquanto modo de vida, pois tudo se encontra publicado na rede, onde encontramos um ambiente não definido. Segundo Bauman (2001), o que passa a ocorrer é uma redefinição da esfera pública, enquanto o palco de um grande teatro em que dramas privados se encontram encenados, publicamente expostos e também publicamente assistidos. Para Bauman (2001), há uma ressignificação da definição de “interesse público”, que é promovida pela mídia e amplamente aceita pela sociedade em todos os seus setores, sendo o dever de encenar tais dramas particulares em público e o direito do público de efetivamente assistir à encenação. Ora, sendo assim, o que percebemos como questões públicas são ressignificadas na atualidade enquanto problemas privados de figuras públicas. 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 9/21 O Ambiente Cultural – O Sujeito Contemporâneo Não há no contexto das sociedades contemporâneas, por parte de indivíduos e grupos, a crença nas metanarrativas, essencialmente no contexto do ambiente cultural, com a formação de leis de caráter universal, mas sim há agora a presença da articulação de propostas que conjuntamente passam a constituir um modelo de trabalho adequado a uma situação empiricamente verificável (GADEA, 2007). Podemos perguntar: há um certo retorno a uma concepção mais pragmática do mundo, alicerçada nas necessidades mais urgentes de indivíduos e grupos? Devemos compreender que na contemporaneidade o processo de constituição das subjetividades estabelece uma redefinição crítica do que foi a sociedade do século passado, século XX, e nunca um retorno nostálgico (GADEA, 2007). Contudo, se consideramos os próprios determinantes de um consumo imediato, pode-se constituir enquanto uma concepção mais pragmática do mundo e do homem, pois se origina uma nova forma de construção das identidades, destinada ao atendimento de impasses de caráter pessoal e não social, coletivo. As referências que dispunham os sujeitos no contexto das sociedades modernas, através da racionalidade que acompanhava a modernidade, caíram por terra, e agora o sujeito da sociedade contemporânea encontra-se entregue a si mesmo, sem os aportes necessários ao desenvolvimento de uma concepção de homem e de mundo que se paute pelo coletivo, mas por uma busca individualista pela resolução de problemas urgentes da vida pessoal. Daí também o processo de privatização das instituições, das crenças e dos valores que marcam nossa sociedade, pois a realidade cotidiana atravessa o processo de individualização, ainda mais quando estamos falando, e devemos falar, de uma sociedade que se pauta pelo elevado consumo e pela 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 10/21 fugacidade da informação, originando uma “subjetividade flexível”, da qual nos falará Esperandio (2007). Há uma nova forma de encarar o afetivo, o emocional, que gera por parte de indivíduos e grupos nova forma de concepção do contexto social vivenciado, com suas instituições, normas, regras e relações de poder, estabelecendo-se, como não poderia deixar de ser, um espaço de tensão entre os determinantes sociais institucionais e o império das vontades. A busca pelo sentido de existência no âmbito das sociedades contemporâneas, calcado na individualização, na privatização do público, envolve outro aspecto que consideramos significativo abordar, enquanto traço estrutural marcante destas sociedades, que é a deserção social. Este processo marca a desmobilização e também a despolitização de indivíduos e grupos, na medida em que este pode ser considerado como um traço característico típico do neoindividualismo que estamos a experienciar em nossa contemporaneidade. Evidentemente este processo se instaura pela ausência de uma ideologia clara a “ditar” os caminhos para indivíduos e grupos, mas ideologias claras não pertencem à estrutura das sociedades contemporâneas. Há e não há fronteiras em termos políticos, em termos de uma geopolítica, namedida em que se constitui a autoconsciência na ausência dos limites dos contornos culturais e sociais, uma vez que todo o processo envolve a vida nas sociedades atuais no contexto da impermanência das coisas (VATTIMO, 2007). Este mesmo processo de impermanência que se encontra presente nos leva para longe do controle e do autodomínio, porque nos encontramos submersos num campo de ação que desenvolve subjetividades de massas, as quais, por sua vez, possui como alicerce a fragmentação do eu (MAFESSOLI, 2004). Fronteiras e não fronteiras se misturam diante do processo de fragmentação do eu e todo esse processo origina-se enquanto característica típica do sujeito contemporâneo. 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 11/21 A Sociedade de Consumo – Industria do Entretenimento Neste momento consideramos necessário trabalharmos alguns elementos da sociedade de consumo. Na contemporaneidade, podemos dizer sociedade de elevado consumo. A sociedade de consumo é um traço estrutural marcante do que se usou denominar de Indústria do Entretenimento, que efetivamente é explorada pelos meios de comunicação. Esses meios têm na divulgação indiscriminada sua principal característica em que as mensagens são essencialmente diretas, fazendo com que a divulgação seja para todos, sem discriminações. 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 12/21 Há um ponto a ser considerado aqui. Se pensarmos o indivíduo consumindo sem crítica e reflexão para sentir-se pertencendo à sociedade, estamos de certa forma refletindo no indivíduo enquanto ainda cidadão. Na sociedade contemporânea, podemos perceber que esta relação de um mínimo de cidadania através do consumo se encontra inexistente, pois na contemporaneidade a categoria de cidadão encontra-se completamente obstaculizada pela categoria de consumidor. O consumismo presente não atende mais as especificidades das necessidades, mas essencialmente atende ao desejo, que é volátil e efêmero e não referencial, na medida em que tem a si mesmo como objeto constante. Cabe destacar que os consumidores guiados pelo desejo devem ser constantemente produzidos (BAUMAN, 2001). Agora o que podemos constatar é o fato do indivíduo ser exatamente relacionado com o seu ter. O ser cede lugar ao ter. “Eu tenho, logo, sou”. 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 13/21 As tecnologias da informação e da comunicação eletrônica permitem a compressão (ou supressão) da relação tempo-espaço e a ruptura com a concepção moderna de relação linear com o tempo. Sendo assim, a contemporaneidade pauta-se pela contingência, pela eventualidade, pela imediaticidade do aqui e do agora, que parece ser sem passado e sem futuro, pois a orientação temporal das condutas de indivíduos e grupos dirige-se ao presente determinado pela realidade cotidiana, que parece ter no elevado consumo de bens materiais e simbólicos seu próprio sentido. Deve-se destacar o fato de ser a sociedade contemporânea alicerçada na competição de mercados e, como dissemos anteriormente, no processo de aumento do consumo por parte de indivíduos e grupos. Para tanto se faz necessário algumas considerações a cerca da significação da mídia na sociedade contemporânea, pois a mídia necessita “informar” e “dirigir” aos consumidores os produtos que devem ocupar lugares em seus desejos e em suas mentes, enquanto estratégia de comunicação, que objetiva o efetivo consumo de 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 14/21 produtos que estão no mercado para ser adquiridos, dentro mesmo da lógica mercadológica da sociedade contemporânea. Mas que mídia? A mídia do rádio, do jornal, da televisão, da revista? Na sociedade contemporânea, vamos para além das mídias conhecidas, pois estamos no campo da multimídia, como forma mais eficiente de publicidade dos produtos a serem consumidos. Os recursos multimídia proporcionam maior visibilidade dos produtos, na medida em que este recurso de comunicação é mais abrangente em termos do consumidor-alvo. Coloca-o em relação direta com a imagem do produto, fazendo com que a visibilidade deste na medida em que é mais rápida e eficiente em sua técnica, ou recursos técnicos, possibilitam ao consumidor maior atratividade do produto. Os recursos multimídia permitem uma maior eficiência da publicidade em suas estratégias comunicacionais, que, podemos dizer, influem diretamente no próprio desejo do consumidor, gerando maiores possibilidades de consumo na medida em que atingem a um grupo 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 15/21 maior de indivíduos aptos a consumir os produtos anunciados. O uso em simultaneidade de vários meios de divulgação gera, com relação ao consumidor, maior índice de afinidade ou não com o produto a ser consumido. Este fato, por sua abrangência, envolve também a não seleção mais refletida por parte do consumidor, influindo no desejo e na mente dos indivíduos, pois há procedimentos mais imediatistas com relação a aquisição do produto anunciado. Devemos considerar que os recursos multimídia da publicidade na sociedade contemporânea efetivamente criam a moda, ou seja, o que se pode denominar o produto do momento. Criando a moda, cria-se efetivamente ações de consumo que dirigem o comportamento do consumidor em potencial. A moda origina efetivas práticas de consumo que se encontram diretamente relacionadas com a busca da sensação de pertencimento ao social, ao espaço social, pois iguala indivíduos e grupos a partir do produto consumido. Envolve a ausência de consequências. A moda estabelece padrões de comportamento a partir do status gerado pelo produto consumido. Isso se expressa enquanto significativo no contexto da sociedade contemporânea, uma vez que, sendo a sociedade de consumidores a ênfase dos recursos multimídia utilizados pela publicidade, abrange significativos segmentos sociais que tudo irão fazer, para encontrar-se inseridos nas próprias relações de mercado que se estabelecem, uma vez que há a ligação do consumo a uma forma de autoexpressão, pois o indivíduo passa a expressar a si mesmo através de suas posses (BAUMAN, 2001). A influência da moda, criada pelos recursos multimídia aplicados pelas estratégias da publicidade, transforma as identidades em voláteis e instáveis, pois se determinam pela capacidade de “ir às compras”, no que Bauman (2001) denomina de supermercado das identidades. Os recursos multimídia adotados pela publicidade na contemporaneidade envolvem pensarmos acerca do fato de que na sociedade de consumidores há a presença do traço característico típico de ser esta a sociedade de não produtores. Segundo Bauman 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 16/21 (2001), a vida que se organiza a partir do consumo, se constitui enquanto uma vida sem normas, pois se orienta pela sedução, criada pela moda das ações publicitárias multimídia, fomentando desejos, gerindo-se não mais por uma regulação normativa. A publicidade, alicerçada nos recursos multimídia, envolve a vida contemporânea e a do sujeito contemporâneo, na mediação das imagens eletrônicas. A não regulação de todas as imagens do mundo, ou jogos de linguagem, a partir das pessoas “multifuncionais” e das palavras “polissêmicas”, alicerçadasna legitimação das imagens do mundo, leva ao surgimento do que podemos denominar de fim das metanarrativas. A polissemia das palavras, o pluralismo e a fragmentação são então configurados como forma de uma realidade fragmentada, na qual a universalidade, enquanto forma de consenso, não mais existe. Podemos então perceber que este processo no campo comunicacional instaura uma nova forma de ser diante da realidade, pela diversificação dos contextos sociais e históricos, determinados pelo consumo, pela sociedade da informação, pelo advento da mídia de massa em sua dimensão multimídia, que são determinantes de padrões comportamentais de consumo no contexto do cotidiano do homem contemporâneo. Devemos compreender que a vida no século XXI é mediada por imagens eletrônicas que não nos permitem o não responder aos outros como “se suas ações e as nossas, estivessem sendo gravadas e transmitidas simultaneamente para uma audiência escondida, ou guardadas para serem assistidas mais tarde” (BAUMAN, 2001, p. 99). Este aspecto envolve diretamente as relações multimídia presentes em nossa realidade, bem como a vida na telinha, pois as imagens eletrônicas acabam por permitir um certo grau de “liberdade”, para não vivermos a vida vivida, na medida em que esta parece aproximar-se do irreal, como um videotape, que se constitui no apagável, sempre pronta para a substituição das velhas gravações pelas novas (BAUMAN, 2001). Este processo de “apagamento do real” é fomentado e potencializado pelas relações multimídia no campo efetivo da publicidade e consequente relações de mercado. Consideramos 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 17/21 significativas as palavras de Jeremy Seabrook, citado por Bauman, quando aponta que: O capitalismo não entregou os bens às pessoas; as pessoas foram crescentemente entregues aos bens; o que quer dizer que o próprio caráter e sensibilidade das pessoas foi reelaborado, reformulado, de tal forma que elas se agrupam aproximadamente.... com as mercadorias, experiências e sensações... cuja venda é o que dá forma e significado às suas vidas. (SEABROOK, apud BAUMAN, 2001, p: 100) Podemos então perceber a influência da publicidade multimídia presente em nossa realidade. Essa influência envolve diretamente as identidades individuais e coletivas. Há maior mobilidade e flexibilidade da identificação que caracterizam a vida determinada pelo “ir às compras” (BAUMAN, 2001) no atendimento aos desejos criados pela instauração da moda através dos meios de comunicação em suas múltiplas dimensões, essencialmente em sua dimensão multimídia. No entanto, enquanto consequência desse processo, o que se constata é que as tarefas que deveriam ser compartilhadas por todos, agora no contexto mesmo da sociedade de elevado consumo, deve ser realizada por cada um, este aspecto acaba por dividir as situações humanas e induz à uma competição mais voraz, não unificando a condição humana, antes inclinada a gerar cooperação e solidariedade (BAUMAN, 2001). Neste sentido a vida humana no mundo contemporâneo reveste-se de competitividade, onde cada um é responsável por si mesmo, no universo fragmentado das relações multimídia como forma determinante das identidades individuais e coletivas. O Estado na Contemporaneidade 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 18/21 Creative Commons - Nicola Algumas breves palavras sobre a questão do Estado, no contexto da contemporaneidade. Há a predominância do enfoque em termos dos direitos coletivos, que conhecemos enquanto os direitos sociais, que são classificados como direitos difusos ou também direitos de terceira geração. A instituição do Estado é no contexto atual um ente de direitos e deveres, direitos e deveres esses que muitas vezes podem também se confrontar com os interesses dos segmentos subalternos da população e também dos segmentos dominantes. O Estado assistencialista entrou em conflito com os próprios determinantes do capitalismo, na medida em que para que este mesmo capitalismo flua, se tornou necessária a acentuação da demanda de produtos. Neste mesmo sentido, o Estado contemporâneo, no âmbito de suas políticas, se rege pela proteção da “regra” capitalista da oferta e da procura, que se constitui enquanto os 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 19/21 fundamentais pilares do capitalismo. Este aspecto permite que possamos perceber que a nação, que anteriormente era a “outra face” do Estado e o principal instrumento de luta pela soberania, considerando-se o território e sua população, encontra-se na contemporaneidade divorciada deste mesmo Estado, pois há um processo de distanciamento entre nação e Estado. Segundo Bauman (2001), o Estado não é mais a ponte segura a recorrer. A liberdade da política e das relações de poder do Estado encontram-se de certa forma implodidas por novos poderes de caráter global, pois se torna cada vez mais difícil resgatar os serviços de certeza, segurança e garantias proporcionados pela instituição do Estado (BAUMAN, 2001). A instituição do Estado, na contemporaneidade, não encontra mais o potencial mobilizador da nação, na medida em que dele necessita cada vez menos, pois o que se apresenta em nossa realidade atual é a substituição pelas “unidades high tech elitistas, secas e profissionais, enquanto a riqueza do país é medida, não tanto pela qualidade, quantidade e moral de sua força de trabalho, quanto pela atração que o país exerce sobre as forças friamente mercenárias do capital global” (BAUMAN, 2001, p. 212). Essa afirmação de Bauman nos permite compreender a reconfiguração da instituição do Estado no contexto mesmo de uma sociedade globalizada, ou seja, não mais o Estado provedor dos benefícios sociais, mas alicerçado nos ditames do capital financeiro internacional, em termos de novos poderes globais. Pode-se perceber que no âmbito das sociedades contemporâneas houve profundas alterações em seus modos de existência como efeito mesmo da nova configuração do modo capitalista de produção, do capitalismo planetário, do avanço tecnológico e na necessidade de expansão dos mercados. Neste contexto originam-se novas subjetividades para dar conta das próprias exigências que foram impostas pela rearticulação do modo capitalista de produção, pois a vida passa a ser comercializada a partir deste novo modelo do capitalismo (ESPERÂNDIO, 2007). 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 20/21 Pilares da Sociedade Contemporânea 1. MUDANÇAS DRÁSTICAS DA FASE INDUSTRIAL 2. GLOBALIZAÇÃO 3. SOCIEDADE DE CONSUMO 4. A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – CONHECIMENTO = VALOR 5. CONSUMISMO – enquanto diversidade de produtos, de ofertas 6. INTENSIFICAÇÃO DOS RECURSOS MULTIMÍDIA + PUBLICIDADE 7. RECONFIGURAÇÃO DO PÚBLICO E DO PRIVADO 8. NOVAS FORMAS DE SOCIABILIDADE 9. INTENSIFICAÇÃO DE MODISMOS PARA MAIOR CONSUMO 10. RECONFIGURAÇÃO DO ESTADO-NAÇÃO BAUMAN, Zgmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2001. CANCLINI, Nestor G. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 5. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2001. ESPERÂNDIO, Mary R. G. Para Entender Pós-Modernidade. São Leopoldo: Sinodal, 2007. 04/04/2019 1. Pilares da Sociedade Contemporânea file:///C:/Users/Admin/AppData/Local/Temp/Rar$EXa0.806/SOCIEDADE_E_CONTEMPORANEIDADE_990102/aula_1.html 21/21 GADEA, Carlos A. Paisagens da Pós-Modernidade. Cultura, Política e Sociabilidade na América Latina. Itajaí: UnivaliEditora, 2007. HALL, Stuart. Identidades e Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. VATTIMO, G. O fim da modernidade. Niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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